Dispêndio Terceiro
Dispêndio Terceiro
Dispêndio Terceiro
Cidadania e
Controle Social
das Contas Públicas
democracia, direitos e participação
CIDADANIA E CONTROLE SOCIAL DAS CONTAS PÚBLICAS
ISBN 978-65-998100-2-2
Apresentação ...................................................................... 5
Apresentação
Caro(a) aluno(a)
Este livro foi escrito para você. Ele trata de assuntos mui-
to relevantes para o exercício da cidadania numa sociedade de-
mocrática, o direito e o dever que o cidadão tem de fiscalizar os
recursos públicos, por meio do controle social.
Para facilitar a compreensão sobre o funcionamento dos
mecanismos de controle social, o livro foi dividido em três par-
tes. Na primeira, é apresentado o Estado brasileiro: organiza-
ção e controle e nele você vai entender a origem dos recursos
públicos, como é feito o orçamento público, os tipos de con-
trole que se fazem presentes na legislação brasileira e quais os
órgãos de controle existentes no Brasil. Você também vai ser
apresentado aos Tribunais de Contas da União, dos estados e
dos municípios, ao Ministério Público Especial que atua junto
aos Tribunais Contas e às Escolas de Contas. Essas últimas são
instituições criadas com o propósito de oferecer formação con-
tinuada para os agentes públicos no sentido de prepará-los para,
cada vez mais, exercer um cargo público com competência e
compromisso com a res publica.
A segunda parte do livro é dedicada ao Controle Social,
políticas públicas e cidadania e nela você vai tomar conhecimen-
to sobre a origem e o papel do cidadão no exercício do controle
social, como um gestor público deve atuar e quais suas respon-
sabilidades, o significado e os requisitos básicos para a prestação
de contas dos recursos públicos. Esta parte também aborda sobre
a importância dos mecanismos de controle para a democracia e
como a participação popular é importante para a concepção e
gestão das políticas sociais, com destaque para a educação.
A terceira parte refere-se ao Acesso à informação, trans-
parência e participação. Nas sociedades democráticas, os avan-
ços das tecnologias de informação e comunicação, especialmen-
te com o advento da internet, têm criado condições favoráveis
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Cidadania e controle social das contas públicas
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Parte 1
O Estado
brasileiro:
organização e
controle
Capítulo 1
Objetivos do capítulo
Introdução
Como o próprio nome diz, recursos públicos são aqueles
arrecadados da população brasileira para suprir as necessidades
da máquina estatal, revertendo em benefício de todos, sejam
eles contribuintes ou não. Eles são necessários para que União,
estados, Distrito Federal e municípios possam desempenhar
suas funções e atribuições legalmente previstas, tais como, for-
necer serviços de saúde, educação, segurança, dentre outros.
Em outras palavras, os recursos públicos se destinam a
manter em funcionamento todo o aparato estatal em todas suas
esferas de atuação, inclusive, no pagamento dos seus servidores
efetivos ou não, pensionistas, enfim, todos que desempenham
ou desempenharam alguma espécie de serviço público.
Mas de onde se originam os recursos públicos? A maioria
deles é fruto da arrecadação de tributos, sendo mais conhecidos
os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria.
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Atividades
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Democracia, direitos e participação
Capítulo 2
Objetivos do capítulo
O Plano Plurianual
O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento de planeja-
mento orçamentário em médio prazo, que deve ser instituído
por Lei, e que deve orientar a elaboração dos demais planos e
programas de governo, bem como o orçamento anual.
De acordo com o disposto no artigo 167, §1º, da Consti-
tuição Federal de 1988, todos os investimentos, cuja execução
ultrapasse um exercício financeiro, devem, obrigatoriamente,
integrar o Plano Plurianual (PPA).
Conforme previsto no artigo 165, § 1º, da Constituição Fe-
deral de 1988, a lei que instituir o Plano Plurianual deve conter,
de forma regionalizada: as diretrizes, objetivos e metas da ad-
ministração pública, para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para os programas de duração continuada.
As despesas de capital, segundo a classificação da Lei nº
4.320/64, são as destinadas aos investimentos do governo, nas
quais se destacam as obras públicas e a aquisição de equipa-
mentos, além do aporte de capital em empresas públicas.
As despesas decorrentes das despesas de capital são aque-
las necessárias à manutenção e funcionamento dos equipamen-
tos públicos, após a conclusão da obra.
No tocante aos programas de duração continuada, consi-
derando que todos os investimentos, após a sua conclusão, de-
mandam recursos para a sua manutenção, o que lhes dá o cará-
ter de continuidade, o PPA terminaria por contemplar todas as
despesas de funcionamento do governo.
Todavia, diante da ausência de regulamentação sobre o
tema, tem sido adotada como prática pela União e pelos es-
tados a inclusão no PPA de despesas continuadas de natureza
finalística, entendidas como àquelas relativas à entrega de bens
e serviços ao cidadão. As demais despesas de caráter perma-
nente, afetas ao custeio da administração, tais como pessoal e
encargos e custeio administrativo constam apenas da Lei Orça-
mentária Anual (LOA).
O PPA é elaborado pelo Poder Executivo no primeiro ano
do mandato governamental. Sua vigência é de quatro anos,
contados do segundo ano de mandato do Chefe do Poder Exe-
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Democracia, direitos e participação
Atenção
O PPA pode sofrer revisões durante a sua execução. É
comum, principalmente num processo de ruptura política,
que ao assumir o mandato, o novo governante precise fazer
uma revisão do PPA elaborado pelo seu antecessor. Esta re-
visão é possível, desde que seja submetida à aprovação do
Poder Legislativo.
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Elaboração, discussão
Execução e aprovação da Lei
Orçamentária Orçamentária Anual
- LOA
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Atenção
A sessão legislativa não será interrompida sem a apro-
vação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme dispos-
to no Art. 57, § 2º, da Constituição Federal.
Atividades
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Democracia, direitos e participação
Capítulo 3
Objetivos do capítulo
Introdução
Qualquer pessoa que tenha visto um orçamento público
pode perceber que sua análise é uma tarefa difícil. Por isso,
existem mecanismos de controle que buscam evitar a prática
de atos ilegais, abusivos e imorais à coletividade e que possam
garantir que o dinheiro público seja convertido em benefícios
para a sociedade.
Para que o orçamento público seja bem administrado, é
importante que ele seja fiscalizado e é para isso que foram cria-
dos sistemas de controle que abrangem todos os atores envolvi-
dos com as receitas e despesas públicas.
A Administração Pública tem como principal objetivo a
satisfação do interesse público e a implantação de um sistema
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Controle Social
Sistema de
controle Interno
Poder Executivo Controladoria
Atividades
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Capítulo 4
Objetivos do capítulo
Introdução
A atividade de controlar, falando de maneira bem resu-
mida, significa verificar se alguém está agindo conforme um
determinado padrão e, caso não esteja, buscar conduzi-lo ao
parâmetro estabelecido.
Quando se fala em controle da Administração Pública,
esse alguém é o gestor público (Presidente, Governador, Pre-
feito, Ministro, Secretário de estado ou de município, diretores
de órgãos públicos como hospitais, escolas, museus, bibliote-
cas etc.). O parâmetro segundo o qual os gestores devem se
guiar é o conjunto de normas que rege a Administração Públi-
ca, especialmente a Lei Maior, que é a Constituição Federal
de 1988 (CF/88).
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Curiosidade
Você sabia que, desde a redemocratização, dois Presi-
dentes sofreram impeachment? Foram eles: Fernando Collor
de Melo e Dilma Roussef. O primeiro, além de afastado do
cargo, ficou impossibilitado de exercer função pública por
oito anos. Dilma, apesar de afastada do cargo, não sofreu
a pena de inabilitação para o exercício de função pública.
Ministério Público
Classificado como instituição essencial ao funcionamen-
to da Justiça, cabe ao Ministério Público a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indi-
viduais indisponíveis (Art. 127 da CF/88).
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Cidadania e controle social das contas públicas
Curiosidade
Você sabia que no estado do Ceará existe uma delega-
cia especializada em combate à corrupção (Decor)? 7 7
Disponível em: https://www.
policiacivil.ce.gov.br/conta-
tos/especializadas/. Acesso
em: 27/12/2022.
Atividades
Objetivos do capítulo
Introdução
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo primeiro,
que o Brasil é uma república, ou seja, não é uma monarquia;
que é uma federação, portanto, o Estado não é unitário; que é
uma democracia, com suas características que vão sendo deli-
neadas ao longo da Carta, como eleições periódicas e liberdade
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Art. 1º A República Federativa de associação e de expressão, e que o Estado é de direito, no
do Brasil, formada pela união sentido que a lei, incluindo a Lei Maior, que é a Constituição e
indissolúvel dos estados e
está acima de todos, portanto, o governo é das leis e não o go-
municípios e do Distrito Fe-
deral, constitui-se em Estado verno dos homens, evitando-se arbitrariedades, pessoalidades e
Democrático de Direito e tem idiossincrasias8.
como fundamentos: I - a so-
berania; II - a cidadania; III - a Ser uma federação implica que há mais de um nível de go-
dignidade da pessoa huma- verno. No Estado unitário, ao contrário, há apenas um nível de
na; IV - os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa; V governo, embora as atribuições possam ser descentralizadas por
- o pluralismo político. delegação. Na federação, a Constituição Federal elenca compe-
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Para um exame mais deta-
nicípios, ficando as contas dos gestores estaduais a cargo dos
lhado do papel dos Tribunais Tribunais de Contas dos Estados. Por fim, há os Tribunais de
de Contas, ver, por exemplo: Contas do Município do Rio de Janeiro e do Município de São
LIMA, E. C. P. Curso de Finan-
ças Públicas, uma aborda- Paulo, órgãos municipais. Examinemos mais de perto cada es-
gem contemporânea. Editora pécie de Tribunal de Contas10.
Atlas. 2015.
Tribunal de Contas da União
A Constituição Federal fixa, entre outras providências, as
competências, a forma de composição e o número de minis-
tros. São nove ministros, responsáveis por todas as deliberações
do TCU. O artigo 71 traz as atribuições gerais do Tribunal de
Contas da União, mas há outras estabelecidas pelas leis, como
a Lei de Responsabilidade Fiscal. Há ainda auditores que sub-
stituem os ministros em seus impedimentos e um Ministério
Público especial, distinto do Ministério Público da União, que
oficia exclusivamente no TCU, e um corpo de auditores, analis-
tas e técnicos que realiza diretamente as auditorias e inspeções
e auxilia os ministros em suas atribuições.
Entre essas funções, destacam-se a apreciação anual das
contas do Presidente da República, em que o TCU emite um
parecer que será apreciado pelo Congresso Nacional. Nesse
documento, os principais indicadores do desempenho do gov-
erno federal são analisados, incluindo os limites de gastos de
pessoal, de endividamento, o nível dos investimentos públicos,
o cumprimento das regras fiscais, a execução do orçamento
público, entre diversos outros indicadores. Como conclusão, o
TCU emite opinião pela aprovação ou rejeição das contas do
principal mandatário do País.
Quando o TCU identifica uma irregularidade que não é
de sua atribuição, um indício de crime cometido por um gestor
público, ele deve representar ao Poder competente, neste caso
ao Ministério Público Federal.
A Lei de Responsabilidade Fiscal determina, por exemplo,
que cabe ao TCU fiscalizar se o Banco Central está cumprindo
a determinação de que só lhe cabe comprar diretamente títulos
emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fed-
eral que estiver vencendo na sua carteira, o que é uma forma
de proibição para o Banco Central financiar despesas públicas.
Além disso, traz uma prescrição geral de que qualquer cidadão,
partido político, associação ou sindicato é parte legítima para
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Atividades
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Capítulo 6
Objetivos do capítulo
Introdução
O Ministério Público de Contas (MPC) é o verdadeiro
representante da lei, atuando, opinando e fiscalizando a lega-
lidade e a formalidade de todos os processos submetidos aos
Tribunais de Contas (TC).
A Carta Magna Federal (CF/88) e o Estado Democrático
de Direito apontam que “Todo o poder emana do povo, que
o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição” (Art. 1º, Parágrafo Único, da
CF/88). É com essa autorização legal que o povo concede para
a Administração Pública a obrigação de administrar seus per-
tences, com a responsabilidade de bem gerir e comprovar isso
nas prestações de contas.
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Nos termos do Art. 2º da
minadas de Procedimento Investigativo de Contas (PIC)12 e de
Resolução nº 01/2017, do Notícia de Fato (NF)13.
Colégio de Procuradores de
Contas do MPC/TCE-CE, “o Exemplos de algumas irregularidades que podem ser facil-
Procedimento Investigativo mente detectadas pelo cidadão e, por conseguinte, ser objeto de
de Contas (PIC) consiste em
denúncias perante os Tribunais de Contas e o Ministério Públi-
um procedimento interno de
investigação, de iniciativa co de Contas são:
dos próprios Procuradores
do Ministério Público de Con- • prática de nomear parentes para o exercício de cargo em co-
tas, com objetivo de apurar missão ou de confiança e exercício de função gratificada;
possíveis irregularidades, no
âmbito da Administração Pú- • contratações potencialmente direcionadas às empresas cujos
blica, e identificar elementos
para embasar uma eventual
sócios são parentes das autoridades contratantes;
Representação junto ao Tri-
• não realização de processo licitatório, nos casos previstos na
bunal de Contas do Estado
do Ceará (TCE-CE)”. Lei de Licitações;
13
Já a Notícia de Fato, por sua • obras inacabadas (construção de praças, escolas, viadutos,
vez, “consiste em qualquer calçamento de ruas etc.) sem justo motivo;
demanda dirigida ao Minis-
tério Público de Contas, seja • inexecução ou execução irregular do objeto/obra;
por pessoas físicas ou jurídi-
cas, em que se relata possí- • realização de pagamentos irregulares a fornecedores de bens
veis irregularidades, no âmbi- e serviços, a exemplo do pagamento por merenda escolar, ma-
to da Administração Pública,
para a apuração pelo MPC/ terial de estudo e uniforme que não foram entregues;
TCE-CE”, conforme Art. 3º da
supracitada Resolução. Para
• contratação/nomeação irregular de pessoal (ingresso sem
a admissibilidade da Notícia concurso público ou contratação temporária, conforme pre-
de Fato, a qual, ressalte-se, visto na CF/88);
pode ser encaminhada por
qualquer cidadão ao Serviço • concessão/realização de pagamentos indevidos a servidores,
de Protocolo e Distribuição
do MPC/ TCE-CE, por via seja porque não fazem jus a determinados auxílios/gratifica-
postal, ou eletronicamente, ções, seja porque correspondem a servidores fantasmas, que
mediante o e-mail institu-
nunca compareceram ao trabalho;
cional: mpc@tce.ce.gov.br,
não se impõem requisitos • desvios de dinheiro público e finalidade da realização da despesa.
formais específicos e ou res-
tritivos, de modo que, para A Figura a seguir ilustra como se dá a relação e as atri-
tanto, considerando que são
buições entre o Ministério Público de Contas, os Tribunais de
admitidas inclusive de for-
ma anônima, basta que em Contas e a Administração Pública.
uma análise superficial se
verifique indícios materiais
mínimos de configuração
de irregularidade ou dano ao
erário que mereçam a devida
investigação.
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Democracia, direitos e participação
Ressalta-se que, embora não se imponham requisitos formais específicos e ou restritivos, mostra-
-se adequado que o denunciante, na medida do possível, exponha os fatos com linguagem clara e
objetiva; indique os prováveis responsáveis; informe sobre o ano ou data em que ocorreram os fatos;
apresente os indícios dos atos ou fatos denunciados e, quando possível, junte provas que indiquem
a existência de irregularidades ou ilegalidades praticadas.
Atividades
Capítulo 7
Objetivos do capítulo
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Atividades
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Parte 2
Controle social,
políticas públicas
e cidadania
Capítulo 8
Objetivos do capítulo
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Capítulo 9
Objetivos do capítulo
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Atividades
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Capítulo 10
Objetivos do capítulo
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rá, também diz que as contas dos administradores e responsáveis por re-
cursos públicos, ou seja, toda e qualquer pessoa física, órgão ou entidade
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais o estado ou o município responda serão
anualmente submetidas ao julgamento do Tribunal.
Isso quer dizer que, qualquer pessoa física ou jurídica que te-
nha recebido dinheiro público para administrar terá que apresen-
tar as contas referentes ao valor que recebeu ao Tribunal de Contas
competente por fiscalizá-lo, ou seja, qualquer pessoa considerada
gestor público (qualquer um que recebeu recurso público) deve
disponibilizar aos Tribunais de Contas e, consequentemente, aos
cidadãos, todos os registros que comprovem exatamente como foi
que ele gastou o dinheiro que recebeu. Justamente para que a po-
pulação possa entender e avaliar o que aconteceu com os tributos
pagos pela sociedade.
E, por que é importante saber o que aconteceu com o dinhei-
ro público? Vale a pena aprender um pouco mais sobre a utilidade
da prestação de contas!
Para que serve a prestação de contas?
Na prestação de contas de um gestor público deve constar todos
os registros orçamentários, financeiros e contábeis sobre a movimen-
tação dos recursos públicos recebidos por ele, ou seja, todas as infor-
mações sobre os gastos realizados com o dinheiro arrecadado devem
ser apresentadas aos Tribunais de Contas, a fim de que suas equipes
possam avaliar o que aconteceu com esses recursos.
Desta forma, se os gestores públicos tiverem gasto os recursos de
maneira diferente da que estava descrita no orçamento, os Tribunais
de Contas e, consequentemente, os cidadãos saberão que os gestores
não estão fazendo o que tinha sido combinado com a sociedade.
É importante lembrar que o gestor público tem liberdade para
escolher as melhores soluções para os problemas e necessidades da
população. Porém, tudo o que ele fizer, precisa estar autorizado em
lei e, sempre que tiver que fazer algo diferente do combinado no orça-
mento, será necessário explicar a razão da mudança e pedir autoriza-
ção ao Poder Legislativo (formado por representantes do povo).
Por esse motivo, as contas públicas devem conter informações
verdadeiras e compreensíveis, porque é por meio delas que o gestor
público comunica às pessoas o que tem feito com o dinheiro público.
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der se foi feito um bom uso do recurso. Assim, quanto mais infor-
mações estiverem disponíveis sobre o assunto, maiores as chances
de os cidadãos compreenderem o que foi realizado com o dinheiro.
Por isso, cabe ao gestor público disponibilizar informações
claras e compreensíveis, no intuito de facilitar a participação dos
cidadãos nas decisões que influenciam a coletividade. Pessoas
bem-informadas e cientes de seus direitos e deveres têm maior
poder de decisão sobre os aspectos cotidianos de sua vida.
Em uma sociedade cujos recursos públicos são limitados e
devem ser utilizados para o bem de todos, estar ciente de seus
direitos e deveres é a melhor forma de solicitar aos gestores ações
que transformem a realidade que precisamos. Pois, cada vez que
desperdiçamos dinheiro público, seja por falta de conhecimento,
seja por vontade intencional de utilizá-lo para interesses parti-
culares, perdemos uma oportunidade de melhorar o nosso país.
Todas as vezes que um gestor público, que deveria cuidar
muito bem desse dinheiro, descuida-se ou desvia o recurso, dei-
xamos de ter dinheiro para saúde, educação e segurança pública
A má gestão inviabiliza o trabalho de médicos, professo-
res, policiais ou quaisquer pessoas que atendam às necessidades
da população no geral, que ficarão desamparadas e sem a oferta
de serviços importantes. Observar as informações disponíveis
nas prestações de contas e em outros documentos públicos tor-
nou-se instrumento importante para o cidadão entender como
os gestores utilizam o dinheiro público e, principalmente, ava-
liar se estão realizando um bom trabalho.
Se um gestor público tiver dinheiro disponível, mas não
estiver resolvendo os problemas da população, os cidadãos po-
derão observar as informações de suas contas para entender o
que exatamente estava sendo feito com o dinheiro. E, caso os
cidadãos avaliem que o gestor não estava gastando o dinheiro
público como deveria, poderão, inclusive, repensar se querem
votar neste governante na próxima eleição.
É sabido que nem todo gestor público tem origem em uma
eleição. Mas, tendo em vista que o direcionamento das ações
advém dessas posições, escolher outras pessoas para ocupar
esses cargos é suficiente para que o cidadão envie a mensagem
de que não estava gostando do que estava acontecendo. Ainda
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Capítulo 11
As políticas sociais e os
mecanismos de controle:
democracia e participação
Patrícia Lúcia Mendes Saboya
Objetivos do capítulo
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Outra crítica é de que este poderia ser usurpado como uma fer-
ramenta política transformando uma promissora política social
em vazio artifício eleitoreiro.
Não existem caminhos óbvios para superar estes e outros
problemas que inevitavelmente são gerados por qualquer políti-
ca social concreta. Por este motivo, é de fundamental importân-
cia que a sociedade reflita e discuta sobre o futuro das políticas
sociais em busca do aperfeiçoamento e realinhamento. Afinal,
como defende Fleury (2003), cuja atuação direciona-se no sen-
FLEURY, Sônia. Políticas so-
tido de “aumentar as capacidades e recursos técnicos e políticos ciais e democratização do po-
dos setores mais marginalizados, permitindo-lhes participar do der local. In: VERGARA, Sylvia
jogo político em condições menos desvantajosas”. Constant; CORRÊA, Vera Lucia
de Almeida (Orgs.). Propostas
Nesse contexto, deve-se enfatizar a importância dos diversos para uma gestão pública mu-
mecanismos existentes nas estruturas governamentais que levam à nicipal efetiva. Rio de Janeiro:
participação e ao controle social. São os chamados mecanismos para FGV, 2003. p. 91-115.
a sociedade exercer o controle cidadão, a exemplo dos citados pela
CGE/MG (2021): Acesso à informação e transparência pública; Au-
diência Pública; Controle social por meio das novas tecnologias de in-
formação comunicação; Conferência de Políticas Públicas; Conselho
de Políticas Públicas; Ouvidoria Pública. E, não menos importante,
o orçamento participativo que representa poderoso mecanismo de
participação e controle social na gestão de políticas sociais; o cumpri-
mento à Lei de Acesso à Informação que regulamenta o direito dos ci-
dadãos às informações públicas; o Portal da Transparência, importante
ferramenta de controle social desenvolvida para permitir que a socie-
dade acompanhe o uso dos recursos públicos e tenha uma participa-
ção ativa na discussão das políticas e no uso do dinheiro público.
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Capítulo 12
Objetivos do capítulo
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Atividades
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Parte 3
Acesso à
informação,
transparência e
participação
Capítulo 13
Objetivos do capítulo
Introdução
A segunda metade do século XX é marcada por mudanças
tecnológicas que vão alterar as formas de organização social, de
trabalho, de comunicação e de saúde. Conhecida pela tríade ener-
gia nuclear, nanotecnologia e informática, esses avanços atingem
as sociedades humanas de maneira não uniforme. Assim, o sécu-
lo XXI começou marcado pela existência de países ricos em que
são assegurados bens e direitos a todos os seus habitantes e países
pobres, para os quais os direitos básicos de cidadania ainda são
negados, como educação, saúde e segurança.
Mesmo em cenário tão desigual de riquezas, é possível
afirmar que se vive numa aldeia global, porque os modelos de
comunicações forjados com o advento da revolução informá-
tica conectam a todos, possibilitando o acesso a informações
praticamente em tempo real. Esse mundo hiperconectado tem
vantagens e desvantagens, riscos e desafios, perigos e soluções.
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Atividades
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Capítulo 14
Ouvidoria e Portal da
Transparência como canais de
acesso para o cidadão
Virgílio Freire do Nascimento Filho
Objetivos do capítulo
O que é Ouvidoria?
O serviço de ouvidoria se constitui num canal de comuni-
cação para defender e representar os direitos e deveres do cida-
dão. A instituição pública, ao fortalecer este serviço, contribui
para um novo modelo de gestão, possibilitando ao usuário se
relacionar com o serviço público de forma objetiva.
Conforme a Lei nº 13.460/2017, o objetivo de uma ouvi-
doria é garantir os direitos dos usuários, ao possibilitar um ca-
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Capítulo 15
Objetivos do capítulo
Introdução
A Lei de Acesso à Informação (LAI), Lei nº 12.527, de
2011, entrou em vigor no dia 16 de maio de 2012, como um
novo instrumento de cidadania em cumprimento ao manda-
mento constitucional que assegura aos cidadãos o direito de 18
Informação são dados, pro-
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse parti- cessados ou não, que podem
cular ou coletivo e geral. ser utilizados para produção
e transmissão de conheci-
A LAI tem como objetivo garantir o direito fundamental mento, contidos em qualquer
de acesso à informação18, tendo como regra principal a publici- meio, suporte ou formato.
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Atividades
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Capítulo 16
Objetivos do capítulo
Governo Digital
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O ecossistema empreen- A transformação digital no setor público propicia a criação
dedor ou de inovação é um do governo digital, que por sua vez se refere ao uso de tecnologias
ambiente amigável para o digitais, como parte integrante das estratégias de modernização
surgimento de novas em-
presas. Ele é formado pelos dos governos, para criar valor público. O valor público consiste em
mais diversos agentes do um ecossistema30, composto por atores governamentais, organiza-
empreendedorismo sobre a ções não governamentais, empresas, associações de cidadãos e in-
influência dos mecanismos
regulatórios ou característi- divíduos, que apoia a produção e o acesso a dados, serviços e con-
cas de mercado, buscando o teúdos por meio de interações com o governo (OLIVEIRA, 2017).
desenvolvimento do negócio.
Com isso, torna-se imprescindível buscar novas aborda-
OLIVEIRA, A. C. de (coord.). O
gens em que o governo deixe de tentar antecipar todas as ne-
controle da administração pú- cessidades de cidadãos e empresas, e passe a permitir que estes
blica na era digital. 2. ed. Belo participem efetivamente da identificação e do atendimento de
Horizonte: Fórum, 2017. 460 p.
suas próprias demandas, em parceria com o estado. Muito além
das questões tecnológicas, pode-se dizer que essa mudança de
postura é a principal característica que impulsiona a transição
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WEB 1.0 > E-Gov 1.0 WEB 2.0 > E-Gov 2.0 WEB 2.0 > E-Gov 3.0
Orientado para o Governo Orientado para o Cidadão Serviços para indivíduos
Interatividade restrita Interativo Colaborativo
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Atividades
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Democracia, direitos e participação
Sobre os organizadores
Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior: bacharel em Direito, em Ciências Contá-
beis e em Administração de Empresas, pela Universidade de Fortaleza. Tem espe-
cialização em Análise de Sistemas, pela IBM – Brasil. Conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado do Ceará, atualmente é diretor-presidente do Instituto Plácido
Castelo e ouvidor do Tribunal de Contas do Estado do Ceará.
Sobre os autores
Aloisio Barbosa de Carvalho Neto: graduado em Direito pela Universidade de
Fortaleza, com atuação como advogado no estado do Ceará e no território nacio-
nal, incluindo Tribunais Superiores. Foi Secretário de Finanças do município de
Fortaleza, ocupou outros cargos no âmbito da Administração Pública estadual e
federal. Secretário de Estado Chefe da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado.
Eliana Nunes Estrela: mestre em Gestão e Avaliação Pública pelo CaED. Atuou
como professora, gestora escolar e coordenadora de gestão na rede pública esta-
dual de ensino. Doutoranda em Educação no Programa de pós-graduação em
Educação da Universidade Estadual do Ceará. Secretária da Educação do Estado
do Ceará, desenvolve pesquisas na área de política educacional, gestão educacio-
nal e escolar.
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Cidadania e controle social das contas públicas
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N
uma iniciativa pioneira, o Tribunal
de Contas do Estado do Ceará se
associa à Secretaria de Educação para
ofertar uma disciplina eletiva para
os alunos matriculados nas escolas
públicas de Ensino Médio em Tempo
Integral (EMTI). Essa experiência
fortalece a formação para a cidadania,
ampliando a participação dos jovens
como protagonistas na construção de
uma sociedade democrática, em que a
gestão pública passe a ser vista como um
compromisso intrínseco das lideranças
políticas, baseada na ética, na competência
técnica, na equidade e na sustentabilidade.
ISBN978-65-998100-2-2
ISBN 978-65-998100-1-5
99 786599
786 599 81002
81 00125