Curso Gestão Patrimonial - Módulos I e II
Curso Gestão Patrimonial - Módulos I e II
Curso Gestão Patrimonial - Módulos I e II
Contextualização e conceito
No decorrer da história brasileira, percebe-se a ênfase do setor público no
controle orçamentário e financeiro, ficando a gestão patrimonial pouco valorizada.
Contudo, com a publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e das edições das
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCTSP), resultado do
processo de convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor
Público, emitidas pela International Federation of Accountants (IFAC) e outras editadas
por necessidades locais, sem equivalentes internacionais, nos tempos atuais, a visão
mudou e o país vem resgatando o real objeto da ciência contábil – o patrimônio. Ele
passa a ser importante a compreensão da lógica dos registros patrimoniais para o
entendimento da formação, composição e evolução do patrimônio, de modo a
possibilitar o exercício da cidadania no controle do patrimônio dos governos federal,
estadual, distrital e municipal.
No estudo e acompanhamento de seu objeto – o patrimônio público –, a
Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve evidenciar as variações patrimoniais,
sejam elas independentes ou resultantes da execução orçamentária. O atendimento do
enfoque patrimonial da contabilidade compreende o registro e a evidenciação da
composição patrimonial do ente público, em observância aos arts. 85, 89, 100 e 104 da
Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Nesse aspecto, devem ser atendidos as normas
contábeis voltadas para o reconhecimento, mensuração e evidenciação de ativos e
passivos e suas variações patrimoniais, contribuindo para o processo de convergência às
normas internacionais, respeitada a base legal nacional.
Assim, o Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou
intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou
utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de
benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração
econômica por entidades do setor público e suas obrigações, conforme conceituação
trazida pela Resolução CFC nº 1.129/2008 (Aprova a NBC T 16.2 – Patrimônio e Sistemas
Contábeis).
Segundo Silva (2009), o patrimônio representa o detalhamento do conjunto
do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, de modo a determinar sua evidenciação nas
demonstrações contábeis da entidade e, também, identificar:
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dos atos e fatos administrativos no âmbito da Administração Pública, a gestão
patrimonial ganhou mais atenção dos gestores públicos e dos Tribunais de Contas, que
passaram a fiscalizar de forma mais frequente a área de patrimônio, e, por conseguinte,
informações prestadas à sociedade que possibilita o exercício da cidadania no controle
dos bens públicos.
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Os Bens de Uso Especial são bens destinados à execução dos serviços
públicos, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias
e fundações, bem como os móveis e materiais indispensáveis ao seu funcionamento. Os
bens do patrimônio administrativo têm as seguintes características:
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Figura 1 – Balanço Patrimonial
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A classificação dos elementos patrimoniais em Ativo (recurso controlado no
presente pela entidade como resultado de evento passado) e em Passivo (obrigação
presente, derivada de evento passado, cuja extinção deva resultar na saída de recursos
da entidade), considera a segregação em “circulante” e “não circulante”.
O Ativo deve ser classificado como “Circulante” quando satisfizer a qualquer
dos seguintes critérios, conforme Resolução nº 2018/NBCTSP11 (Aprova a NBC TSP 11 -
Apresentação das Demonstrações Contábeis):
• espera-se que esse ativo seja realizado, ou pretende-se que seja mantido com a
finalidade de ser vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional
da entidade;
• o ativo está mantido essencialmente com a finalidade de ser negociado;
• espera-se que o ativo seja realizado em até doze meses após a data das
demonstrações contábeis; ou
• o ativo seja caixa ou equivalente de caixa (conforme definido na NBCTSP 12), a
menos que sua troca ou uso para pagamento de passivo se encontre vedada
durante pelo menos doze meses após a data das demonstrações contábeis.
Os demais ativos devem ser classificados como “Não Circulante”.
Conforme Resolução CFC nº 2016/NBCTSP04 (Aprova a NBC TSP 04 –
Estoques), os estoques são ativos:
• pelo valor realizável líquido, dos dois o menor, exceto quando o disposto nos
itens 16 ou 17, se aplicar;
• quando os estoques tiverem sido adquiridos por meio de transação sem
contraprestação, o custo deve ser mensurado pelo seu valor justo na data do seu
recebimento;
• pelo menor valor entre o custo e o custo corrente de reposição quando são
mantidos para: distribuição gratuita ou por valor irrisório e consumo no processo
de produção de bens a serem distribuídos gratuitamente ou por valor irrisório.
Segundo Resolução CFC nº 2017/NBCTSP07 (Aprova a NBC TSP 07 - Ativo
Imobilizado), o ativo imobilizado representa um agrupamento de ativos de natureza e
uso semelhantes nas operações da entidade. São exemplos: terrenos; edifícios
operacionais; estradas; maquinários; redes de transmissão de energia elétrica; navios;
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aeronaves; equipamentos militares especiais; veículos motorizados; móveis e utensílios;
equipamentos de escritório; e plataformas de petróleo.
A mensuração do imobilizado que atenda aos critérios para reconhecimento
como ativo deve ser mensurado pelo seu custo ou por meio de transação sem
contraprestação, por exemplo, terrenos podem ser doados ao governo sem pagamento
ou por valor irrisório, seu custo deve ser mensurado pelo valor justo na data da
aquisição.
Em complementação, a avaliação dos elementos patrimoniais na
Administração Pública será regida nos termos do art. 106 da Lei na 4.320 de 1964, a
seguir:
Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá
às normas seguintes:
I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo
seu valor nominal, feita a conversão, quando em moeda
estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço;
II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo
custo de produção ou de construção;
III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das
compras.
§ 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos,
quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das
correspondentes importâncias em moeda nacional.
§ 2º As variações resultantes da conversão dos débitos,
créditos e valores em espécie serão levadas à conta
patrimonial.
§ 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e
imóveis.
Os passivos devem ser classificados como “Circulante” quando satisfizer a
qualquer dos seguintes critérios (Resolução nº 2018/NBCTSP11):
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Os demais passivos são classificados como “Não Circulante”.
Já o patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de
deduzidos todos seus passivos.
Em suma, as demonstrações contábeis no setor público devem proporcionar
informação útil para subsidiar a tomada de decisão, a prestação de contas e a
responsabilização da entidade quanto aos recursos que lhe foram confiados,
envolvendo, também, a gestão de bens patrimoniais, tão necessária para a sociedade.
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Módulo II - Almoxarifado
Conceito
Almoxarifado é o local destinado à guarda, localização, segurança e
preservação dos materiais de consumo e de permanente adquiridos, adequados à sua
natureza, a fim de suprir as necessidades das unidades integrantes das estruturas
organizacionais dos órgãos e entidades da Administração Pública, com uso de técnicas
apropriadas e controles específicos na gestão de bens patrimoniais, em observância à
Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, e normas próprias de cada ente federado.
Vale destacar, inicialmente, que o termo material representa a designação
genérica de equipamentos, componentes, sobressalentes, acessórios, veículos em geral,
matérias-primas e outros itens empregados ou passíveis de emprego nas atividades das
organizações públicas federais, independentemente de qualquer fator, bem como,
aquele oriundo de demolição ou desmontagem, aparas, acondicionamentos,
embalagens e resíduos economicamente aproveitáveis, conforme Instrução Normativa
da SEDAP/PRES nº 205, de 8 de abril de 1988.
Assim, a necessidade da segregação conceitual de material de consumo e de
permanente, levando em consideração o seu uso corrente, em observância ao art. 2º da
Portaria nº 448, de 13 de setembro de 2002, a seguir transcrito:
Art. 2º - Para efeito desta Portaria, entende-se como material
de consumo e material permanente:
I - Material de Consumo, aquele que, em razão de seu uso
corrente e da definição da Lei n. 4.320/64, perde
normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização
limitada a dois anos;
II - Material Permanente, aquele que, em razão de seu uso
corrente, não perde a sua identidade física, e/ou tem uma
durabilidade superior a dois anos.
Na classificação da despesa serão adotados os seguintes parâmetros
excludentes, tomados em conjunto, para a identificação do material permanente:
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principal. Pode ser utilizado para a constituição de novos bens, melhoria ou
adições complementares de bens em utilização (sendo classificado como
4.4.90.30), ou para a reposição de peças para manutenção do seu uso normal
que contenham a mesma configuração (sendo classificado como 3.3.90.30); e
• Critério da Transformabilidade: se foi adquirido para fim de transformação.
Ademais, a Portaria nº 448 de 2002 traz de forma exemplificativa o
detalhamento das naturezas de despesa, 339030 - Material de Consumo e 449052 -
Equipamentos e Material Permanente, para fins de utilização pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, com o objetivo de auxiliar, em nível de execução, o
processo de apropriação contábil da despesa que menciona.
Para a realização de seus objetivos, o setor de almoxarifado utiliza das
atividades de recebimento, armazenamento, distribuição e controle dos bens
patrimoniais na Administração. Assim sendo, a administração de materiais nos órgãos e
entidades deve primar pelo princípio da eficiência na gestão dos recursos públicos, a fim
de maximizar seu uso e evitar desperdícios dos bens adquiridos com recursos oriundos
da sociedade.
Atividades do Almoxarifado
As atividades de Almoxarifado na Administração Pública – recebimento,
armazenamento, distribuição e controle dos bens patrimoniais – serão descritas a seguir.
Recebimento
Os bens patrimoniais são incorporados mediante compra, doação,
transferência patrimonial, permuta, cessão, produção interna e outros ingressos ao
patrimônio dos órgãos e entidades. Os registros de incorporação, a seguir
exemplificados, devem ser precedidos do recebimento definitivo e análise da
documentação legal.
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A Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021 (Lei de Licitações e Contratos
Administrativos), define os casos de utilização dos recebimentos provisório e definitivo
dos bens patrimoniais, de acordo com o objeto contratado:
Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a
expectativa de consumo anual e observar o seguinte:
[...]
§ 1º O termo de referência deverá conter os elementos
previstos no inciso XXIII do caput do art. 6º desta Lei, além das
seguintes informações:
[...]
II - indicação dos locais de entrega dos produtos e das regras
para recebimentos provisório e definitivo, quando for o caso;
[...]
Art. 140. O objeto do contrato será recebido:
[...]
II - em se tratando de compras:
a) provisoriamente, de forma sumária, pelo responsável por
seu acompanhamento e fiscalização, com verificação
posterior da conformidade do material com as exigências
contratuais;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela
autoridade competente, mediante termo detalhado que
comprove o atendimento das exigências contratuais.
§ 1º O objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em
parte, quando estiver em desacordo com o contrato.
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não excluirá a
responsabilidade civil pela solidez e pela segurança da obra
ou serviço nem a responsabilidade ético-profissional pela
perfeita execução do contrato, nos limites estabelecidos pela
lei ou pelo contrato.
§ 3º Os prazos e os métodos para a realização dos
recebimentos provisório e definitivo serão definidos em
regulamento ou no contrato.
§ 4º Salvo disposição em contrário constante do edital ou de
ato normativo, os ensaios, os testes e as demais provas para
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aferição da boa execução do objeto do contrato exigidos por
normas técnicas oficiais correrão por conta do contratado.
[…].
Em complementação ao tema, a Instrução Normativa da SEDAP/PRES nº 205
de 1988 traz a definição de recebimento provisório: "o ato pelo qual o material
encomendado é entregue ao órgão público no local previamente designado, não
implicando em aceitação. Transfere apenas a responsabilidade pela guarda e
conservação do material, do fornecedor ao órgão recebedor". Já o aceite caracteriza-se
pelo recebimento definitivo do bem, por meio de declaração formal de que ele satisfaz
às especificações contratadas, equivalendo ao estágio da liquidação da despesa pública.
O material recebido ficará dependendo, para sua aceitação, de conferência
e, quando for o caso, de exame qualitativo, que poderá ser feito por técnico
especializado ou por comissão especial.
A Figura 2 mostra o fluxograma de recebimento de bem patrimonial,
evidenciando procedimentos e melhores práticas de gestão, e para conhecimento a
Resolução Administrativa nº 13, de 26 de julho de 2022, que dispõe sobre a gestão dos
bens patrimoniais no âmbito do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE/CE).
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Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Ceará (2023)
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Armazenagem
É a execução de um conjunto de métodos e técnicas de guarda, localização,
segurança, preservação e disposição racional do material, a fim de suprir
adequadamente as necessidades operacionais das unidades integrantes da estrutura do
órgão ou entidade.
A Figura 3 mostra as áreas envolvidas com a etapa de armazenagem.
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Distribuição
Nenhum material poderá ser distribuído antes de sua inclusão nos registros
analíticos do órgão ou entidade, e sua movimentação deverá ser procedida sempre de
registro no competente instrumento de controle à vista dos documentos pertinente a
cada caso. O Quadro 2 apresenta o tipo de distribuição e o documento legal associado.
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Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Ceará (2023)
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Já a cessão, doação, permuta ou outras formas de transferências legalmente
permitidas representam a movimentação de bens de um órgão ou entidade para outro,
com autorização da autoridade competente.
A Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021 (Lei de Licitações e Contratos
Administrativos), define as regras sobre alienação de bens móveis da Administração
Pública:
Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública,
subordinada à existência de interesse público devidamente
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
[...]
II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na
modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos
casos de:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
interesse social, após avaliação de oportunidade e
conveniência socioeconômica em relação à escolha de outra
forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
observada a legislação específica;
d) venda de títulos, observada a legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por
entidades da Administração Pública, em virtude de suas
finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos sem utilização
previsível por quem deles dispõe para outros órgãos ou
entidades da Administração Pública.
[…].
Ademais, ressaltar o § 10 do art. 73 da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de
1997, que trata dos procedimentos ligados ao ano eleitoral, inclusive no tocante às
doações, conforme transcrição:
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não,
as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de
oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
[…]
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VI - nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos
Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena
de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos
destinados a cumprir obrigação formal preexistente para
execução de obra ou serviço em andamento e com
cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de
emergência e de calamidade pública;
[...]
§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a
distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte
da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade
pública, de estado de emergência ou de programas sociais
autorizados em lei e já em execução orçamentária no
exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá
promover o acompanhamento de sua execução financeira e
administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006).
Conforme Orientação Normativa CNU/CGU/AGU nº 002, de 28 de junho de
2016, torna-se possível a doação de bens entre órgãos de esferas diferentes de governo
até três meses antes da eleição, bem como, logo após o encerramento do processo. Já
na mesma esfera de governo não há vedação durante todo o ano eleitoral. Contudo, no
caso de doações para instituições privadas, a proibição contínua em todo o ano eleitoral.
A Lei nº 13.476, de 20 de maio de 2004, define as condições para a
Administração Pública Estadual do Ceará doar bens móveis a entidades públicas e
privadas. Conforme § 1º do art. 3º desta lei, a doação de bens servíveis ou inservíveis
para as autarquias, fundações, empresas públicas prestadoras de serviço público,
instituições de assistência social sem fins lucrativos e municípios, será feita por termo
próprio do qual constarão os requisitos abaixo, sob pena de serem revertidos ao
patrimônio do Estado do Ceará:
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Vale ressaltar, que o Decreto nº 9.373, de 11 de maio de 2018, regulamenta
a alienação, a cessão, a transferência, a destinação e a disposição final ambientalmente
adequadas de bens móveis no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
Ainda, de acordo com o decreto citado, o material considerado
genericamente inservível, para o órgão ou entidade que detém sua posse ou
propriedade, deve ser classificado como:
• ocioso: bem móvel que se encontra em perfeitas condições de uso, mas não é
aproveitado;
• recuperável: bem móvel que não se encontra em condições de uso e cujo custo
da recuperação seja de até cinquenta por cento do seu valor de mercado ou cuja
análise de custo e benefício demonstre ser justificável a sua recuperação;
• antieconômico: bem móvel cuja manutenção seja onerosa ou cujo rendimento
seja precário, em virtude de uso prolongado, desgaste prematuro ou
obsoletismo; ou
• irrecuperável: bem móvel que não pode ser utilizado para o fim a que se destina
devido à perda de suas características ou em razão de ser o seu custo de
recuperação mais de cinquenta por cento do seu valor de mercado ou de a
análise do seu custo e benefício demonstrar ser injustificável a sua recuperação.
Destaca-se que, quando verificada a impossibilidade de alienação de bens,
em decorrência de sua inutilização, a autoridade competente determinará sua baixa
patrimonial e sua destinação ou disposição final ambientalmente adequada, conforme
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
Cabe ressaltar, ainda, as regras a respeito da preservação do patrimônio
público expressas nos artigos 44, 45 e 46 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a seguir
transcritos:
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da
alienação de bens e direitos que integram o patrimônio
público para o financiamento de despesa corrente, salvo se
destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e
próprio dos servidores públicos.
Art. 45. Observado o disposto no § 5º do art. 5º, a lei
orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos
projetos após adequadamente atendidos os em andamento e
contempladas as despesas de conservação do patrimônio
público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias.
Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará
ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de
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diretrizes orçamentárias, relatório com as informações
necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual
será dada ampla divulgação.
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de
imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no §
3º do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do
valor da indenização.
Portanto, as regras previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal surgiram com
o fito de disciplinar e coibir o descaso com o patrimônio público.
Controle
A atividade do controle, amparada no Parágrafo Único do art. 70 da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, contempla a prestação de contas
de “qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”.
A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, evidencia, em seus artigos 94, 95 e
96, a seguir transcritos, os registros analíticos e sintéticos dos bens patrimoniais, com a
caracterização e valor de cada bem, recepcionados pelo Código de Contabilidade do
Estado do Ceará.
Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter
permanente, com indicação dos elementos necessários para
a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes
responsáveis pela sua guarda e administração.
Art. 95 A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens
móveis e imóveis.
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá
por base o inventário analítico de cada unidade administrativa
e os elementos da escrituração sintética na contabilidade.
Na administração pública, o Inventário Anual é obrigatório e materializa um
instrumento de controle pelo qual se torna possível a verificação analítica da existência
dos bens, bem como sua localização, estado de conservação e confirmação dos
responsáveis pela sua guarda, em observância dos princípios, conforme o Quadro 3.
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Fonte: Fortes (2005)
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Ademais, é importante destacar o Decreto Estadual nº 27.786, de 2 de maio
de 2005, que elenca as informações mínimas obrigatórias nos Inventários de Bens,
conforme o Quadro 5.
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Em complementação, ressalta-se informações do Decreto Estadual nº
27.786, de 2 de maio de 2005, que elenca as informações mínimas obrigatórias no Termo
de Responsabilidade, conforme o Quadro 7.
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Em destaque a função educativa do TCE/CE, por meio do Instituto Escola
Superior de Contas e Gestão Pública Ministro Plácido Castelo, mediante publicações e
realização de cursos na temática gestão patrimonial. Em seguida, a função judicante
evidenciada em seus atos decisórios sobre o adequado controle patrimonial e contábil
dos bens patrimoniais, in verbis:
ACÓRDÃO Nº 0572/2018
ACORDA A PRIMEIRA CÂMARA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO CEARÁ, por unanimidade de votos, em julgar
regular com ressalvas a Prestação de Contas Anual [...]
recomendar [...] que, nas próximas contas de gestão da […],
verifique se [...] procedeu à regularização das
desconformidades existentes no seu controle
patrimonial [...]. (Grifo nosso)
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