CIV225 - Aula2 - Orificios e Bocais

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ESCOLA DE MINAS/UFOP

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL


CIV225 – HIDRÁULICA II

Prof. Gilberto Queiroz da Silva

ESTUDO DOS ORIFÍCIOS E BOCAIS


2013
1. INTRODUÇÃO: definição
ESCOAMENTOS DOS FLUIDOS ATRAVÉS DOS
ORIFÍCIOS E BOCAIS (Foronomia)
Foronomia:
É o estudo do escoamento dos fluidos através dos orifícios e
bocais.

Baseia-se em fundamentos teóricos simples, acompanhados de


resultados experimentais.
Assunto de grande importância na Hidráulica
1. INTRODUÇÃO: usos
Aplicações:
Assunto de grande importância na Hidráulica

Controle de vazão em geral (medidores de vazão de água,


de efluentes industriais e de cursos d´água).
Tomadas d´água em sistemas de abastecimentos.
Projetos de irrigação e drenagem.
Bacias de detenção para controle de cheias urbanas.
Projetos hidrelétricos;
Estações de tratamento de água e de esgotos;
Amortecedores de choques em carros e aviões e nos
mecanismo de recuo dos canhões.
Sistema de alimentação de combustíveis de veículos
automotores;
Queimadores industriais e em fogões domésticos
Irrigação por aspersão
Definições: Orifício e Vertedor
ORIFÍCIO
Toda abertura, de perímetro
fechado, de forma geométrica
definida, praticada na parede,
fundo de um reservatório ou
conduto sob pressão, que
contenha um líquido ou gás,
através do qual se dá o
escoamento.
Definições: Orifício e Vertedor
VERTEDOR
Estrutura análoga ao
orifício na qual a abertura
atinge a superfície livre do
líquido contido no
reservatório.
Definições: Comporta e Adufa
COMPORTA
É uma peça adaptada aos
orifícios, com um dos lados sujeito
a um escoamento livre e com
abertura variável.

ADUFA
São orifícios com contração
incompleta, abertos em
reservatórios, barragens ou
canais, cuja abertura ou
fechamento podem ser graduados
através de superfície móvel.
Bocal
Peça adaptada à parede ou ao fundo do recipiente ou do tubo.
1,5d < L < 5d
Bocal: exemplo de aplicação
ESQUEMA GERAL DE UM ORIFÍCIO:

Princípio do escoamento:
ENERGIA POTENCIAL ENERGIA CINÉTICA

H = carga sobre o orifício


d = dimensão vertical, diâmetro ou
altura da abertura que forma o
orifício
e = espessura da parede do orifício
NA = nível do líquido sob pressão
atmosférica
O jato que deixa o orifício se
denomina veia líquida,
líquida, tendo a
forma de uma parábola.
2. CLASSIFICAÇÃO: forma, dimensões e
orientação
FORMA GEOMÉTRICA:
Simples: Circular, triangular,
retangular, Quadrado,
elíptico, etc
Composto: mais de uma forma geométrica

DIMENSÕES:
Pequenas dimensões: d ≤ H/3
todas as partículas que atravessam o orifício estão sujeitas à
mesma carga h e têm a mesma velocidade v.
Grandes dimensões: d > H/3
h é considerado variável e as partículas que atravessam a abertura têm
velocidade distintas.

ORIENTAÇÃO
Horizontal
Vertical
Inclinados
2. CLASSIFICAÇÃO: natureza da parede
NATUREZA DA PAREDE:
Parede delgada (fina): e < 0,5d
• Contato do jato apenas segundo uma linha de contorno
(perímetro) do orifício
Parede espessa (grossa): 0,5d ≤ e ≤ 1,5d
• Contato do jato segundo uma superfície que forma a
parede do orifício (aderência do jato)
Bocais: 1,5d < e ≤ 5d
• Peça adaptada à parede para dirigir o jato.
Orifício: parede fina e parede espessa

Orifício de parede delgada Orifício de parede espessa


e < 0,5d 0,5d ≤ e ≤ 1,5d

Jato toca o orifício apenas jato toca o orifício segundo


Segundo uma linha uma superfície: aderência
Orifício parede delgada, parede espessa
e bocal
Parede
em bisel
Orifício: Tipo de Escoamento
Livre:
O escoamento do jato se dá
para um ambiente sujeito á
pressão atmosférica

Afogado ou submerso:
O escoamento do jato se dá
para um ambiente ocupado
pelo fluido que está
escoando.
Os orifícios afogados têm
coeficientes aproximadamente
iguais aos de descarga livre.
Orifício: Carga
Constante: d ≤ h/3
d é pequeno
h é considerado constante
Velocidade é praticamente
constante ao atravessar o
orifício

Variável: d > H/3


d grande
H varia sobre o orifício
Velocidade é variável ao
atravessar o orifício
Bocal
Constante: L > 1,5d
e L < 5d
Seção contraída: Ac < A
Veia contraída
3. Orifício de pequenas dimensões em
parede delgada
d < h/3 e e < 0,5d
h = carga sobre o orifício
d = dimensão do orifício
Vt = velocidade do
escoamento ideal
V0 = velocidade na superfície
do reservatório
V2 = velocidade na saída
(seção contraída)
Vr = velocidade real
A0 = área do reservatório
A = área do orifício
A2 = Ac = área da seção
contraída
po = pressão na sup. do
líquido no reservatório
p2 = pressão na veia
contraída
patm = pressão atmosférica
Qt = vazão teórica
Q = vazão real
Contração da veia fluida
Veia líquida: jato que deixa o
orifício
Veia líquida contraída: veia fluida
sofre uma diminuição de
seção após atravessar o
orifício
convergência dos filetes
fluidos que ocorre dentro do
reservatório continua após
passar pelo orifício.
Veia contraída ou vena
contracta: parte do jato que
sofreu contração, onde os
filetes fluidos volta a ser
paralelos: A2 = Ac < A;
Ac / A pode chegar a 62%
Veia fluida contraída
Contração completa Contração incompleta
Coeficiente de contração
A área da veia contraída é menor que área do orifício, por
onde o fluido escoa.
Define-se coeficiente de contração: Cc
Cc = Ac / A
Coeficiente de contração depende de:
Forma do orifício;
Paredes do reservatório
Tipo da contração
Em geral varia entre 0,60 e 0,64
Exemplos:
Orifícios retangulares longos em parede delgada:
Cc = π / (2+π) = 0,611
Orifício circular em parede delgada com contração
completa a d/2: Cc = 0,61
Variação de Cc
Gráfico de Cc x h para
vários d
Cc diminui com h
Cc diminui com
aumento de d

Gráfico de Cc x Re
para um dado d
Cc diminui com Re
Variação de Cc
Observação:
se a contração é incompleta Cc aumenta.
Determinação de Cc:
1. Método direto:
medir A e Ac
Cc = Ac / A
2. Método indireto:
Através da determinação de outros
parâmetros conforme será visto à frente
Exemplo de valores para Cc
Tabela de Cc para orifícios circulares em parede delgada, segundo Azevedo Neto em seu
livro Manual de Hidráulica

Carga h Diâmetro do Orifício, em centímetros


(m) 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,20 0,685 0,656 0,625 0,621 0,617
0,40 0,681 0,646 0,625 0,619 0,616
0,60 0,676 0,644 0,623 0,618 0,615
0,80 0,673 0,641 0,622 0,617 0,615
1,00 0,670 0,639 0,621 0,617 0,615
1,50 0,666 0,637 0,620 0,617 0,615
2,00 0,665 0,636 0,620 0,617 0,615
3,00 0,663 0,634 0,620 0,616 0,615
5,00 0,663 0,634 0,619 0,616 0,614
10,00 0,662 0,633 0,617 0,615 0,614
Cálculo da vazão através do orifício
Aplicação da equação de Bernoulli entre a superfície do líquido e a
seção contraída:
Com perda de carga
Sem perda de carga (fluido ideal)
Equação: ver desenvolvimento no quadro

Vo ≅ 0 já que Ao >> A
Equação de Vt Vt = 2 gh eq. Torricelli
Vazão teórica: Qt
Qt = A.Vt ou
Qt = A 2 gh
Coeficiente de velocidade
Vt = velocidade teórica com que o fluido deixa o orifício

V2 = Vr = velocidade real de saída do fluido (considerando


fluido real e efeito de parede).

V2 < Vt
Define-se: Cv = Vr / Vt
Obs: Cv = 1 para fluido ideal.

Em geral varia entre 0,970 e 0,985


Variação do Coeficiente de velocidade
Variação de Cv com h Variação de Cv com Re

Cv aumenta com h Cv aumenta com Re


Cv aumenta com d Cv tende para uma assíntota em 1,0
Exemplo de valores para Cv
Tabela de Cv para orifícios circulares em parede delgada, segundo Azevedo Neto em seu
livro Manual de Hidráulica

Carga h Diâmetro do Orifício, em centímetros


(m) 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,20 0,954 0,964 0,973 0,978 0,984
0,40 0,956 0,967 0,976 0,981 0,986
0,60 0,958 0,971 0,980 0,983 0,988
0,80 0,959 0,972 0,981 0,984 0,988
1,00 0,958 0,974 0,982 0,984 0,988
1,50 0,958 0,976 0,984 0,984 0,988
2,00 0,956 0,978 0,984 0,984 0,988
3,00 0,957 0,979 0,985 0,986 0,988
5,00 0,957 0,980 0,987 0,986 0,990
10,00 0,958 0,981 0,990 0,988 0,992
Velocidade real
Velocidade com que o jato deixa o orifício, considerando-
se escoamento de fluido real, efeito de parede e na seção
contraída da veia fluida.
Vr = V2
Vr = Cv . Vt Vr = Cv 2 gh

Mas Q = A.V Q = Ac.Vr vazão real através do orifício


Q = Cc. A.Cv 2 gh ou Q = Cc.Cv. A. 2 gh

Fazendo Cd = Cc.Cv coeficiente de descarga


Q = Cd . A. 2 gh Lei dos orifícios

Lembrete: Como Qt = A. 2 gh Cd = Q / Qt
Variação de Cd
Cd varia com: h Cd diminui com aumento de h
d Cd aumenta se d aumenta
forma do orifício
posição
Obs: em geral Cd varia entre 0,61 e 0,65

Variação com h Variação com Re


Determinação de Cv
É feita experimentalmente
Jato livre como projétil lançado no centro da seção contraída
Equação da trajetória
Equação da velocidade
Valor de Cv e métodos de determinação
Determinação de Cv
Desenvolvimento no quadro
Determinação de Cd
É feita experimentalmente
Mede-se Q por um método direto: Q = Vol / t

Calcula-se a vazão teórica: Qt = A 2 gh

Calcula-se Cd = Q / Qt

RESUMO:
Se Re 0: Cc 1 e
Cd Cv

Se Re infinito: Cv 1e
Cd Cc
Exemplo de valores para Cd
Tabela de Cd para orifícios circulares em parede delgada, segundo Azevedo Neto em seu
livro Manual de Hidráulica

Carga h Diâmetro do Orifício, em centímetros


(m) 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,20 0,653 0,632 0,609 0,607 0,607
0,40 0,651 0,625 0,610 0,607 0,607
0,60 0,648 0,625 0,610 0,607 0,608
0,80 0,645 0,623 0,610 0,607 0,608
1,00 0,642 0,623 0,610 0,607 0,608
1,50 0,638 0,623 0,610 0,607 0,608
2,00 0,636 0,622 0,610 0,607 0,608
3,00 0,634 0,622 0,611 0,607 0,608
5,00 0,634 0,622 0,611 0,607 0,608
10,00 0,634 0,621 0,611 0,607 0,609
Exemplo de valores para Cd
Tabela de Cd para orifícios circulares em parede delgada, segundo Armando Lencastre em
seu livro Hidráulica Geral

Carga Diâmetro do Orifício, em milímetros


h
(m) 6 9 12 15 21 30 36 45 60 120 180 240 300
0,12 0,637 0,631 0,624 0,618 0,612 0,606

0,15 0,634 0,633 0,627 0,621 0,615 0,610 0,605 0,600 0,596 0,592

0,30 0,644 0,631 0,623 0,617 0,612 0,608 0,605 0,603 0,600 0,598 0,595 0,593 0,591

0,60 0,632 ,0621 0,614 0,610 0,607 0,604 0,601 0,600 0,599 0,599 0,597 0,596 0,595

0,90 0,627 0,617 0,611 0,606 0,604 0,603 0,601 0,600 0,599 0,599 0,598 0,597 0,597

1,20 0,623 0,614 0,609 0,605 0,603 0,602 0,600 0,599 0,599 0,598 0,597 0,597 0,596

1,50 ,0621 0,613 0,608 0,605 0,603 0,601 0,599 0,599 0,598 0,598 0,597 0,596 0,596

3,00 0,611 0,606 0,603 0,601 0,599 0,598 0,598 0,597 0,597 0,597 0,596 0,596 0,595

6,00 0,601 0,600 0,599 0,598 0,597 0,596 0,596 0,596 0,596 0,596 0,596 0,595 0,594

15,00 0,596 0,596 0,595 0,595 0,594 0,594 0,594 0,594 0,594 0,594 0,594 0,593 0,593
Exemplo de valores para Cd
Tabela de Cd para orifícios retangulares em parede delgada, com 30 cm de largura, segundo
Armando Lencastre em seu livro Hidráulica Geral

Carga Altura do Orifício, em milímetros


h

(m) 38 75 150 225 300 450 600 1200


0,12 0,625 0,619 --- --- --- --- --- ---
0,15 0,624 0,618 0,615 --- --- --- --- ---
0,30 0,622 0,616 0,611 0,608 0,605 0,608 --- ---
0,60 0,619 0,614 0,609 0,606 0,604 0,605 0,609 ---
0,90 0,616 0,612 0,608 0,605 0,603 0,605 0,607 0,609
1,20 0,614 0,610 0,607 0,604 0,603 0,604 0,606 0,608
1,50 0,612 0,609 0,605 0,603 0,602 0,604 0,605 0,606
3,00 0,606 0,604 0,602 0,601 0,601 0,601 0,602 0,603
6,00 0,607 0,604 0,602 0,601 0,601 0,601 0,602 0,603
15,00 0614 0,607 0,605 0,604 0,602 0,603 0,606 0,609
Orifício Livre sob Pressão
Coeficientes iguais aos correspondentes dos orifícios com
descarga livre.

 pa 
Q = C d A 2 g  h + 
 γ 
Orifícios Afogados
Um orifício é denominado afogado quando a veia fluida passa para o
interior de um líquido. Aqui também ocorre o fenômeno da contração da
veia fluida.
Coeficientes ligeiramente inferiores aos dos jatos livres, entretanto a
diferença não é significativa, de forma que pode se adotar os coeficientes
correspondentes dos orifícios com descarga livre.

h = h1 − h2

Q = Cd A 2 gh
Orifícios sob pressão Afogados
Coeficientes aproximadamente iguais aos correspondentes
dos orifícios com descarga livre.

h = h1 − h2

 p − p2 
Q = Cd A 2 g  h + 1 
 γ 
Observações:
1. Comportas e adufas são consideradas como orifícios.
2. Comporta com contração completa:
Cd = 0,61
3. Comporta com contração incompleta:
0,65 < Cd < 0,70 (em média Cd = 0,67)
4. Adufas:
Cd = 0,70
Perda de carga através dos orifícios:
É igual à diferença entre a carga cinética relativa ao fluido
ideal e aquela relativa ao fluido real em escoamento.

V V
2 2
 1  V
2

hp = 2gt − 2gr ou h p =  2 − 1 2gr pois C = Vr ∴V = Vr


Cv v t
Vt Cv

Se hp = K Vr2 /2/g K = 1/C2V – 1

hp = 1 − C ( 2
v )h
Obs: Para Cv = 0,707 hp = V2r /2/g
Em média: Cd = 0,707 * 0,985 = 0,70 Q = 0,70 A 2 gh
Fenômeno da inversão do jato
Fenômeno que ocorre com a seção transversal dos jatos que passam
por estágios sucessivos, alterando a sua forma original, à partir da
seção contraída..
Jato circular
O jato circular tende a manter a sua forma circular em toda a veia
fluida que forma o jato.

Jato elíptico
Um jato de um orifício de forma elíptica na seção contraída tem a
forma elíptica semelhante à do orifício. Entretanto, à medida em que o
escoamento acontece, a seção vai se aproximando da forma circular,
em seguida vai novamente se tornando elíptica, porém com o seu eixo
maior em correspondência com o eixo menor da seção inicial.

Jato triangular

Jato quadrado
Outras formas de jato podem ser vistas no fig. 5.6 do livro do Azevedo
Neto.
Orifícios de grandes dimensões
Nesse caso: d > h/3
A velocidade v dos filetes de fluido que atravessam o orifício varia
com a carga h;
Parede delgada: e < d;
Admite-se, neste caso, o grande orifício é formado por pequenos
orifícios compostos por faixas horizontais de altura infinitesimal.
A carga h varia conforme a posição que se considere no orifício;
Orifícios de grandes dimensões (cont.)
Orifício de forma genérica;
h varia desde h1 até h2;
l varia com h.
dA = l.dh
Vazão na área
elementar. dA:

ou

Eq. Diferencial do
escoamento no
orifício de
área dA
Orifícios de grandes dimensões (cont.)
Orifício de forma genérica;
h varia desde h1 até h2;
l varia com h.
A vazão no orifício
de área A:

A integral pode ser


calculada desde
que se conheça
a variação de l
com h
Orifício retangular de grandes dimensões
Orifício de forma retangular;
h varia desde h1 até h2;
d = h2 – h1; l = constante e dA = l.dh.

Vazão no orifício retang. de


área A:

Eq. da vazão em orif. Retang.


de grandes dimensões
Orifício retangular de grandes dimensões
Como d = h2 – h1 e A = l.d = l.(h2 – h1 ).
l = A / (h2 – h1 )

Equação da vazão através de um orifício retangular de grandes


dimensões de área A e parede delgada.
Contração incompleta da veia fluida
Dependendo da posição do orifício, quando existe superfícies próximas, a
contração da veia pode ser afetada, ficando desigual:
as vazões são obtidas com a lei dos orifícios;
corrigir o coeficiente de descarga.

Contração completa: orifício distante de paredes ou fundo do reservatório.


Se a distância for igual ou superior a 2.d não há influência
na contração.
O procedimento correto, no caso
de supressão parcial ou total da
contração:
utilizar um coeficiente de
descarga corrigido,
denominado C´d na equação
geral dos orifícios.
C´d = f (Cd)
Orifícios Retangulares
C´d = Cd (1+0,15 k)
k = (perímetro em que ocorreu a supressão da contração) / (perímetro
total do orifício)

k = a / (2(a+b)) k = (a+b) / 2(a+b) k = (2b+a) / 2(a+b)


Orifícios Circulares
C´d = Cd (1+0,13 k)
k = 0,25 para orifícios junto à parede lateral
k = 0,25 para orifícios junto ao fundo
k = 0,50 para orifícios junto ao fundo e a uma parede lateral
k = 0,75 para orifícios junto ao fundo e a duas paredes laterais
Vórtice
Quando o escoamento se dá através de um orifício instalado no fundo
de um reservatório de pequena profundidade, forma-se uma espécie de
redemoinho, de forma que o líquido do tanque passa a girar (no sentido
horário no caso do hemisfério sul), provocando um abaixamento da
superfície livre do líquido.
Em alguns casos o abaixamento chega a atingir o orifício, provocando
entrada de ar na veia fluida.
O vórtice sempre será formado quando a carga sobre o orifício for
pequena, geralmente inferior a 3 vezes a dimensão vertical do orifício.
O vórtice é uma fenômeno que deve ser evitado já que arrasta ar no
escoamento, diminui a vazão, provoca ruídos indesejáveis, podendo
prejudicar equipamentos eventualmente instalados após o orifício

Ver esquema geral e figura no qudro.


Esvaziamento de Reservatórios
Escoamento com nível variável

VER DESENVOLVIMENTO NO QUADRO


Exemplo 1:
Um orifício de parede delgada descarrega um jato d´água para fora de
um reservatório cilíndrico, de nível constante, conforme mostra a
figura. Se o diâmetro do orifício é de 1,0 cm, determinar a vazão
quando a carga for 3,00 m. Adotar o coeficiente de descarga igual
a 0,62.

Resposta:
Q = 0,374 l/s
Exemplo 2:
Um orifício de parede delgada descarrega um jato d´água para fora de um
reservatório cilíndrico, de nível constante, conforme mostra a figura. O
orifício tem diâmetro igual a 1,0 cm, coeficiente de descarga igual a 0,62,
coeficiente de velocidade 0, 98 e está sujeito a uma carga de 1,50 m.
Determinar a altura em que o jato d´água irá atingir uma parede vertical
instalada a 1,20 m de distância do orifício.

Resposta:
Y = 0,250 m
Exemplo 3:
Em uma fábrica existe uma instalação com dois tanques construídos em
chapas metálicas, de pequena espessura, comunicando-se entre si
através de um orifício de diâmetro d. Qual o maior valor de d para que
o segundo tanque não transborde? Adotar Cd = 0,61.

Resposta: Q = 25,84 l/s e d = 92,8 mm (não há supressão da contração)


Exemplos: 4
Em uma estação de tratamento de água existem dois decantadores medindo 5,50 m
por 16,5 m por 3,50 m de profundidade. Para limpeza e reparos, qualquer uma
das unidades pode ser esvaziada através de uma comporta de fundo de seção
quadrada com 30 cm de lado. As paredes do decantador têm 25 cm de
espessura. Determinar a vazão inicial através da comporta e o tempo
necessário para esvaziamento de um dos decantadores.

Resposta: Q = 0,4596 m3/s t = 22,05 min


Exemplos: 5
Calcular a força no bocal e o torque total desenvolvido por um distri-
buidor rotativo de água composto por quatro braços giratórios de 60
cm de comprimento, com bocais de 1 cm de diâmetro, trabalhando
com uma pressão efetiva de 20 mca, conforme figura. Adotar Cd =
0,61.

Resposta:
R = 11,5 N
M = 27,6 N.m
Exemplo 5:
Um orifício destinado a medir vazão em uma tubulação de água de 3
polegadas de diâmetro tem diâmetro de 40 mm conforme indicado na
figura. Esse orifício é de parede delgada e está afogado. A pressão
antes do orifício é de 26 mca e após 23 mca. Adote um valor para o
coeficiente de descarga do orifício e calcule a vazão através da
tubulação.

Resposta:
Q = 0,00627 m3/s
Q = 6,27 l/s
Bocais - Definição
Bocais:
São peças tubulares, de comprimento L, que adaptam-se às paredes
ou ao fundo de reservatórios, destinadas a dirigir o jato.
O escoamento através destes dispositivos tem o mesmo fundamento
teórico do escoamento através dos orifícios.

1,5 d < L < 5 d

Tubo muito curto: 5 d < L < 100 d


Tubo curto: 100 d < L < 1 000 d
Tubo longo: L > 1000 d
Bocais: exemplos
Tipos de peças adaptadas a parede de um reservatório
Bocais – Usos e classificação
• Usos
• Combate a incêndio
• Operação de limpeza
• Serviços de construção em geral
• Irrigação (aplicações agrícolas)
• Tratamento de águas
• Máquinas hidráulicas
• Desmonte hidráulico
• Injetores
• Queimadores industriais
• Medição de vazão

Classificação:
• Cilíndricos:
• internos (ou reentrantes)
• externos
• Cônicos:
• convergentes
• Divergentes
Bocais – leis e tipos
Bocais: O escoamento através destes dispositivos tem o mesmo
fundamento teórico do escoamento através dos orifícios.
Cd = coeficiente de descarga para bocais
Q = Cd A 2 gh
Bocais cilíndricos: vazão maior que nos orifícios de mesmo D

Bocal Padrão: L = 2,5 d

Bocal cilíndrico externo


A peça é adaptada ficando
externamente à parede do
reservatório.
Há formação de seção contraída
que fica no interior do bocal

Ac = área da seção contraída


Bocal cilíndrico Externo
Obs:
Cd médio = 0,82
Cd varia ligeiramente com L/d
Coeficiente de descarga para bocal cilíndrico externo

L/d 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 5,0

Cd 0,60 0,75 0,78 0,79 0,80 0,82 0,79

Bocal Cilíndrico Interno:


A peça adaptada às paredes do reservatório fica para o lado
de dentro do reservatório, formando uma saliência.
Nesse caso a vazão é menor que num orifício de mesmo
diâmetro.
Propicia um jato líquido bastante regular
• Se L = 2,5 d bocal de borda (Cc = 0,52, Cv = 0,98, Cd = 0,51)
• Se L < 2,5 d Cd aumenta
Bocal cilíndrico interno
Pode ou não haver efeitos da
contração do jato.

A veia fluida pode ser livre,


contraída ou aderente.

Lâmina livre não enche


completamente o tubo,
permitindo uma região externa,
dentro do bocal, onde ocorre
pressão atmosférica.

Lâminas contraída ou aderente


promove o enchimento completo
do bocal
Coeficientes médios para bocais cilíndricos
Tipo Cc Cv Cd Obs.

Orifício 0,62 0,985 0,61 Orifício de parede delgada


Bocal cilíndrico interno 0,52 0,98 0,51 Veia livre
Bocal cilíndrico interno 1,00 0,75 0,75 Veia aderente
Bocal cilíndrico externo 0,62 0,985 0,61 Veia livre
Bocal cilíndrico externo 1,00 0,82 0,82 Veia aderente
Bocal cilíndrico externo 1,00 0,98 0,98 Borda arredondada

Tabela compilada de Azeveto Neto e G. A. Alvarez


Bocais oblíquos
α = ângulo do eixo do tubo com a horizontal, ou da parede do reservatório
com a horizontal, no caso do tubo ser horizontal

α 0º 10º 20º 30º 40º 50º 60º

Cd 0,815 0,779 0,782 0,764 0,747 0,731 0,719


Bocal Cônico
A peça que forma o bocal tem uma forma cônica que pode ser
convergente ou divergente.
A vazão vazão é ligeiramente maior que nos demais bocais, para um
mesmo diâmetro.
Nos bocais convergentes a descarga máxima ocorre quando o ângulo θ for
13º 30´: Cd = 0,94
Os tubos divergentes que possuem uma pequena seção inicial convergente
são denominados de tubo de Venturi.
Para o tubo de Venturi, os mais altos coeficientes de descarga ocorrem
quando o ângulo de divergência é de 5º, para um comprimento de nove
vezes o diâmetro da seção estrangulada.
Bocais usados nas instalações de combate a incêndio normalmente têm
o diâmetro de saída de 1” a 1 1/2 ”.
Tipos de bocais cônicos
Convergente Divergente Bocal Venturi

Cd para bocal cônico convergente Cd para bocal cônico divergente


θ 0º 11,5º 22,5º 45,0º 90º Aresta viva: Cd = 1,40
Cd aresta 0,97 0,94 0,92 0,85 Aresta arredondada: Cd = 2,00
viva Ângulo máximo para o qual a veia
Cd aresta 0,97 0,95 0,92 0,88 0,75 fluida enche o tubo é 16º.
arredondada Vazão máxima: L = 9d e θ=10º
Tipos de bocal convergente
Bocais usualmente empregados:
Cd variando entre 0,95 e 0,98
Bocais: valores de Cd
Valores médios dos coeficientes para os diversos tipos de
bocais:
TIPO Cc Cv Cd
Cilíndrico interno:
0,5.d < L < d 0,51 a 0,52 0,98 0,5 a 0,51

2,0.d < L < 3,0.d 1,0 0,75 0,75


Cilíndrico externo:

2,0.d < L < 3,0.d 1,0 0,82 0,82

Cônico
convergente: - - 0,947
L = 2,5.d
θótm.= 130 30’
Cônico divergente:
L = 9,0.d 1,0 - 1,40
θótm.= 50 5’
Bocal comum x bocal com entrada arredondada

Bocal cilíndrico comum: Cv = 0,82


hp = (1/Cv2 – 1).V2/2/g = 0,50.V2/2/g

Bocal arredondado: Cv = 0,98


hp = (1/Cv2 – 1).V2/2/g = 0,04.V2/2/g

Forma ideal para os bocais: FORMA DE SINO


Experiência de Venturi

Bocal externo aumenta a vazão em relação


ao orifício de mesmo diâmetro.
Tubo Curto com Descarga Livre
Estrutura destinada ao escoamento de água com pequena
carga e comprimento entre 5d e 1000d.
Tubo muito curto: 5d < L < 100d
Tubo curto: 100d < L < 1000d
Tubo longo: L > 1000d

Utiliza-se a lei dos


escoamentos em orifícios
com Cd adaptado.
Fórmulas para tubulações
longas se aplicam para
L > 100d
Perda de carga na entrada
H = V2 /(2g) + ∆h carga sobre o orifício/bocal
Com ∆h = K.V2/(2g) perda de carga
Cv = 1/raiz(1 + K)
∆h = (1/Cv2 – 1).V2/(2g)
K = 1/Cv2 – 1
∆h = K.V2/(2g)
Se Cv = 0,82 ∆h = 0,5.V2/(2g)
Perda de carga em trechos retos
N entrada das tubulações, o escoamento desenvolvido só é atingido
após um certo percurso inicial, X. Como o trecho inicial é de difícil
equacionamento, uso do Cd é mais indicado.
6D < X < 50D sendo X = 0,8.Re0,25.D

h = ∆h + V2/(2g) + hp = (1/Cv2 – 1).V2/(2g) + V2/(2g)


hp = f . L/D . V2/(2g)
h = 1/Cv2 .V2/(2g) + f . L/D .V2/(2g) = (1/Cv2 + f . L/D . V2/(2g)

V = raiz(2gh / (1/Cv2 + f . L/D)) = 1/raiz(1/Cv2 + f . L/D).raiz(2gh)


Q = A.V Q = (1/raiz(1/Cv2 + f.L/D)) . A . Raiz(2.g.h)
Logo: Cd = 1 / (raiz(1/Cv2 + f.L/D))
Q = Cd.A.raiz(2gh) com h = altura entre a sup. Livre e a linha de
centro da seção de saída.
Cd tabelado: ver pg. 371 Livro Rodrigo (pg. 372)
Coeficiente de descarga para tubos curtos
Valores de Cd para tubos de ferro fundido de 0,30m de diâmetro,
segundo o Manual de Hidráulica do Azevedo Neto

Valores do coeficiente de descarga, Cd.


L/D 10 15 20 30 40 50 60 70 80 90 100 150

Cd 0,77 0,75 0,73 0,70 0,67 0,64 0,62 0,60 0,58 0,56 0,55 0,48
Valores de Cd para condutos circulares de concreto, com entrada
arredondada, segundo Manual de Hidráulica do Armando Lencastre.
D(m) 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 1,50 1,80
L(m)
3 0,77 0,86 0,89 0,91 0,92 0,92 0,93 0,93 0,94 0,94
6 0,66 0,79 0,84 0,87 0,89 0,90 0,91 0,91 0,92 0,93
9 0,59 0,73 0,80 0,83 0,86 0,87 0,89 0,89 0,90 0,91
12 0,54 0,68 0,76 0,80 0,83 0,85 0,87 0,88 0,89 0,90
15 0,49 0,65 0,73 0,77 0,81 0,83 0,85 0,86 0,88 0,89
18 0,46 0,61 0,70 0,75 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87 0,88
21 0,44 0,59 0,67 0,73 0,77 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87
24 0,41 0,56 0,65 0,71 0,75 0,78 0,80 0,82 0,84 0,86
27 0,39 0,54 0,63 0,69 0,73 0,76 0,78 0,80 0,83 0,85
30 0,38 0,52 0,61 0,67 0,71 0,74 0,77 0,79 0,82 0,84
33 0,36 0,50 0,59 0,65 0,70 0,73 0,76 0,78 0,81 0,83
36 0,35 0,49 0,58 0,64 0,68 0,71 0,74 0,77 0,80 0,82
39 0,34 0,47 0,56 0,62 0,67 0,70 0,73 0,76 0,79 0,82
42 0,33 0,46 0,55 0,61 0,66 0,69 0,72 0,75 0,78 0,81
Valores de Cd para condutos circulares de concreto, com entrada
arredondada, adaptado do Manual de Hidráulica do Armando Lencastre.

L/D Cd L/D Cd L/D Cd L/D Cd


2 0,94 12 0,86 50 0,66 140 0,44
2,5 0,93 14 0,85 55 0,65 160 0,41
3 0,92 15 0,84 60 0,62 180 0,39
4 0,91 17,5 0,83 65 0,61 200 0,38
5 0,91 20 0,81 70 0,60 220 0,36
6 0,90 25 0,79 75 0,58 240 0,35
7 0,90 30 0,76 80 0,56 260 0,34
8 0,89 35 0,74 90 0,54 280 0,33
9 0,88 40 0,70 100 0,51
10 0,87 45 0,69 120 0,48
Obs: Valores válidos para L até 42 m e D entre 0,15 e 1,80 m
Valores de Cd para condutos circulares de concreto, com entrada em
aresta viva, segundo Manual de Hidráulica do Armando Lencastre. Pg 372
D(m) 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 1,50 1,80
L(m)
3 0,74 0,80 0,81 0,80 0,80 0,79 ,078 0,77 0,76 0,75
6 0,64 0,74 0,77 0,78 0,78 0,77 0,77 0,76 0,75 0,73
9 0,58 0,69 0,73 0,75 0,76 0,76 0,76 0,75 0,74 0,74
12 0,53 0,65 0,70 0,73 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74 0,73
15 0,49 0,62 0,68 0,71 0,72 0,73 0,73 0,73 0,73 0,72
18 0,46 0,59 0,65 0,69 0,71 0,72 0,72 0,72 0,72 0,72
21 0,43 0,57 0,63 0,67 0,69 0,70 0,71 0,71 0,71 0,71
24 0,41 0,54 0,61 0,65 0,68 0,69 0,70 0,70 0,71 0,71
27 0,39 0,52 0,60 0,64 0,66 0,68 0,69 0,70 0,70 0,70
30 0,37 0,51 0,58 0,62 0,65 0,67 0,68 0,69 0,70 0,70
33 0,36 0,49 0,56 0,61 0,64 0,66 0,67 0,68 0,69 0,69
36 0,35 0,48 0,55 0,60 0,63 0,65 0,66 0,67 0,68 0,69
39 0,33 0,46 0,54 0,59 0,62 0,64 0,65 0,66 0,68 0,68
42 0,32 0,45 0,53 0,58 0,61 0,63 0,65 0,66 0,67 0,68
Valores de Cd para condutos circulares de concreto, com entrada em aresta
viva, adaptado do Manual de Hidráulica do Armando Lencastre.

L/D Cd L/D Cd L/D Cd L/D Cd


2 0,78 12 0,74 50 0,62 140 0,44
2,5 0,78 14 0,73 55 0,61 160 0,41
3 0,78 15 0,73 60 0,59 180 0,39
4 0,77 17,5 0,72 65 0,58 200 0,37
5 0,77 20 0,72 70 0,56 220 0,36
6 0,77 25 0,70 75 0,55 240 0,34
7 0,76 30 0,68 80 0,54 260 0,33
8 0,76 35 0,67 90 0,52 280 0,32
9 0,76 40 0,65 100 0,50
10 0,75 45 0,63 120 0,47

Obs: Valores válidos para L até 42 m e D entre 0,15 e 1,50 m


Determinação aproximada da vazão
Utilizar a lei geral dos orifícios: Q = Cd.A.raiz(2gh)
Orifícios de parede delgada: L/d < 0,5 Cd = 0,61
Para bocais: 1,5 < L/D < 5 Cd = 0,82
Nesse caso ver questão da entrada
Para tubos muito curtos, segundo Eytelein e para tubos
de ferro fundido, tem-se:

L/D Cd
10 0,77
20 0,73
30 0,70
40 0,66
60 0,60
Exercícios de Aplicação
Um bombeiro está usando uma mangueira de incêndio com um bocal normal de
2,0 cm de diâmetro para apagar um incêndio que se encontra a 30,0 m de
distância do bocal. O objetivo do bombeiro é resfriar um ponto que se encontra
a 11,45 m de altura medida em relação ao bocal. Para alcançar o objetivo o
bombeiro inclina o eixo do bocal de 45º com a horizontal. Determinar a
pressão estimada na entrada do bocal em mca e a vazão que deverá ser
atendida pelo hidrante conectado à mangueira de incêndio. Adotar Cd = 0,621
e Cv = 0,985

Resposta:
V = 21,813 m/s
h = 23,536 m
Q = 1,05 l/s

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