Experimento 2

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Experimento 2 – Medidas de massa e volume; calibração e erro

1.1 Objetivos

- Identificar, manusear, realizar medidas básicas de massa e volume e calibrar algumas vidrarias do
laboratório.
- Estimar o erro associado a algumas vidrarias utilizadas no laboratório.

1.2 Introdução

A calibração é um importante procedimento laboratorial que permite estimar o erro de medida


da vidraria. Essa metodologia visa verificar a confiabilidade dos valores fornecidos pelo fabricante do
volume de pipetas, buretas e balões. Todo material de vidro, volumétrico ou graduado, é calibrado pela
medida da massa do líquido contido no recipiente, geralmente, se utiliza água destilada ou deionizada
e tomando-se a densidade tabelada, na temperatura em que o experimento foi realizado. Nos ANEXOS,
encontra-se Tabela 1.1, com valores da densidade da água no intervalo de temperatura entre 10 e 29
ºC.
Para se determinar a pesagem de uma vidraria é indispensável a utilização de uma balança
analítica, pois, desta forma, é possível a obtenção de massas com maior exatidão e precisão.
Durante a manipulação de uma balança e na calibração da vidraria, algumas precauções devem
ser tomadas para evitar erros nas medições, tais como:
✓ Observar e compreender o mecanismo da balança (consulte o professor);
✓ Para sucessivas pesagens, no decorrer da prática, usar sempre a mesma balança;
✓ Ajustar a balança analítica ou semi-analítica (consulte o professor);
✓ Centralizar o peso do recipiente no prato de forma correta;
✓ Evitar contato direto com o recipiente para não o contaminar com umidade ou gordura das
mãos; use luvas ou papéis para segurar objetos secos;
✓ Evitar a formação de bolhas nos recipientes;
✓ Controlar a velocidade de escoamento da pipeta ou bureta durante os ensaios;
✓ Anotar a temperatura do laboratório e da água usada no experimento;
✓ Evitar erro no ajuste do menisco (erro de paralaxe).

Erros de paralaxe são medições incorretas que se faz por observação errada na escala
de graduação de vidrarias, como: buretas, provetas, pipetas etc. Dessa forma, acontecem devido a um
erro no ângulo de visão do observador. Por exemplo, quando é necessário medir um volume na proveta,
se você não observar o menisco de uma altura que o faça ficar exatamente na altura dos seus olhos,
você poderá ter uma medida errada e, portanto, um erro de paralaxe, podendo obter uma medida maior
ou menor do que a correta, dependendo do ângulo de observação.
Para uma leitura correta do menisco é indicado posicionar o olho em relação à altura do menisco
do líquido de forma que a linha de visão fique sempre no mesmo nível da superfície do líquido, conforme
apresentado na Figura 1.1.
Observar, ao pipetar líquidos, o volume correto; para os translúcidos, o menisco deve ficar acima
da graduação desejada.
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Figura 1.1 - Forma correta da leitura do menisco: linha de visão no mesmo nível da superfície do líquido.

É útil ter conhecimento de quão grande foi o erro obtido no experimento em relação à medida.
Em geral, para estimar o erro de medida da vidraria são calculados o desvio padrão (s), correspondente
ao erro absoluto (ou limite de erro), isto é, à incerteza associada às medidas, e o desvio padrão relativo
(ou desvio aleatório), também conhecido como coeficiente de variação (CV).
O desvio padrão (s) baseia-se nos desvios dos dados individuais em relação à média, como
expresso pela Equação 1.

s
_ CV = 100
(x −x)2
i x
i=1
s=
N−1
(Equação 1) (Equação 2)

Onde: xi = valor medido


_
x = média dos valores medidos
(N – 1): “N” é o número total de medidas realizadas e “N - 1” é o número de graus de liberdade,
ou seja, o número de medidas independentes.

A unidade do desvio padrão é a mesma da grandeza que está sendo medida, sendo, muitas vezes,
indicada como a precisão da medida. O coeficiente de variação (CV), por sua vez, corresponde à fração
que o desvio padrão representa do valor medido ou da média dos valores medidos e indica até que
ponto os valores medidos em várias medições aproximam-se uns dos outros. Comumente, ele é
expresso como porcentagem, sendo calculado por meio da Equação 2.
Além disso, o termo "Limite de Erro" (LE) é usado como sendo a variação máxima aceitável entre
o volume real medido (Vreal) e o volume nominal da vidraria (Vnominal), de forma que uma vidraria se
encontrará dentro dos limites aceitáveis de calibração quando LE ≥ │Vreal - Vnominal│.

Neste experimento, esses parâmetros serão utilizados para verificar o erro associado às vidrarias
utilizadas no laboratório.

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1.3. Materiais, Reagentes e Equipamentos

- Balança analítica ou semianalítica


- 1 Pipeta graduada de 5 ou 10 mL
-1 Pipeta volumétrica de 5 ou 10 mL - Pisseta com água destilada
- 1 Pesa filtro ou frasco de 50 mL com tampa
- 1 Balão volumétrico de 100 mL - Termômetro
- 1 Proveta de 50 mL

- 1 Pipetador de três vias (pera)

1.4. Parte Experimental

ATENÇÃO: antes de executar o procedimento de calibração, é necessário que as vidrarias


sejam lavadas adequadamente com água e sabão e que estejam secas e limpas para a obtenção de
resultados confiáveis. O correto é deixar a vidraria secar naturalmente (~ 24 h) e, após secagem,
realizar o procedimento de calibração. Entretanto, como na aula prática não se dispõe desse tempo,
deve-se usar uma pisseta de etanol ou acetona para a secagem rápida das vidrarias que serão
calibradas.

1.4.1. Calibração de pipetas graduada e volumétrica


Existem duas formas de pipetas: volumétrica (A) e graduada (B), ambas de capacidades
variadas, desde 0,1 mL até 100 mL. Para evitar erros de medidas, no momento de dispensar o líquido,
deve-se verificar, na parte superior da pipeta, se ela contém uma ou duas faixas. Pipeta com uma faixa,
Figura 1.2 (A), significa que a medição é exata, de apenas uma quantidade específica do líquido e,
portanto, não deve ser escorrida completamente (uma gota restará na ponta da pipeta). Já a pipeta que
apresenta duas faixas na parte superior, exemplo da Figura 1.2 (B), foi calibrada de tal maneira que
sua capacidade total é atingida quando a última gota escorrer completamente para fora.

(A) (B)

Figura 1.2 – Tipos de pipetas: em (A), uma pipeta volumétrica de uma faixa (medição exata, sem o
escorrimento total); e, em (B), uma pipeta graduada de duas faixas (esgotamento total).

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Para pipetar um líquido, será utilizado o pipetador de três vias de borracha, mais conhecido
como “pera de sucção”. Seu funcionamento pode ser visto na Figura 1.3. Esse aparato possui três
válvulas para passagem do ar: A, S e E. Ao ser pressionada a válvula A, ela se abre, permitindo retirar
o ar do bulbo (fazer vácuo). Uma vez evacuado o bulbo, ao ser pressionada a válvula S, consegue-se
succionar o volume desejado do líquido para dentro da pipeta. Em seguida, esse volume pode ser
transferido, isto é, a pipeta pode ser esvaziada, pressionando-se a válvula E.

Válvula A – Expulsa o ar

Válvula S – Aspira o líquido

Válvula E – Despeja o líquido

Detalhe da ponta
Retirada do líquido/ da pipeta
enchendo a pipeta

Figura 1.3 - Utilização do pipetador de três vias de borracha.

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Orientações Iniciais: Utilizar uma pipeta volumétrica e uma pipeta graduada de “volumes iguais”;
Fazer 3 repetições do mesmo procedimento para cada pipeta;
Fazer as pesagens em uma balança semianalítica ou analítica.

Procedimento:

1. Pese um frasco com tampa, limpo e seco, em uma balança e anote sua massa.
2. Utilize a pipeta a ser calibrada e pipete água destilada até a marca do volume total (observar
na Figura 1.2 e 1.3 a maneira correta de usar o pipetador e a pipeta).
ATENÇÃO: ajuste o menisco como ilustrado na Figura 1.1
3. Transfira o volume para o frasco anteriormente pesado e feche-o com a tampa.
4. Pese o frasco com tampa contendo a água destilada.
5. Determine a massa da água destilada transferida a partir da diferença das duas pesagens.
6. Verifique a temperatura da água com o auxílio de um termômetro.
7. Repita o mesmo procedimento para a outra pipeta a ser calibrada.
8. Calcule o volume real da pipeta para cada replicata de acordo com a Equação 3 (consultar a
Tabela 1.1 para verificar a densidade da água correspondente a da temperatura encontrada no
experimento).

M H 2Otrans.
V=
dH 2O (Equação 3)

Onde: V = volume da pipeta calibrada


MH2O trans. = massa da água transferida
dH2O = densidade da água na temperatura observada

9. Estime o desvio padrão (Equação 1) e o coeficiente de variação (Equação 2) da vidraria


calibrada. Verifique, na Tabela 1.2, se os valores encontrados para o volume real aferido estão
em acordo com o limite de tolerância da capacidade da pipeta graduada e volumétrica.

OBSERVAÇÃO: Este mesmo procedimento pode ser utilizado na calibração de buretas.

1.4.2 Calibração de balão volumétrico

Orientações Iniciais: Fazer 3 repetições do mesmo procedimento;


Fazer as pesagens em uma balança semianalítica ou analítica.

Procedimento:
1. Pese o balão volumétrico seco, com sua respectiva tampa, e anote sua massa.
2. Encha o balão com água destilada até o nível da marca da sua capacidade volumétrica.
ATENÇÃO: ajuste do menisco como ilustrado na Figura 1.1.
3. Pese o balão com a água destilada e verifique se a parte externa está completamente seca.
4. Determine a massa de água pela diferença entre as duas pesagens.
5. Verifique a temperatura da água com o auxílio de um termômetro.
6. Calcule o volume do balão volumétrico, em acordo com a Equação 3.

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7. Estime o desvio padrão (Equação 1) e o coeficiente de variação (Equação 2). Verifique, na Tabela
1.2, se os valores encontrados para o volume real aferido estão em acordo com o limite de
tolerância da capacidade da pipeta graduada e volumétrica.

1.4.3 Calibração de proveta

Orientações Iniciais: Fazer 3 repetições do mesmo procedimento;


Fazer as pesagens em uma balança semianalítica ou analítica.

Procedimento:
1. Pese a proveta e anote sua massa.
2. Preencha a proveta com água destilada até o nível indicado da capacidade.
3. Pese a proveta preenchida com a água destilada.
ATENÇÃO: ajuste do menisco como ilustrado na Figura 1.
4. Determine a massa de água a partir da diferença das duas pesagens e verifique sua
temperatura.
5. Calcule o volume da proveta calibrada, segundo a Equação 3.
6. Estime o desvio padrão (Equação 1) e o coeficiente de variação (Equação 2). Verifique, na Tabela
1.2, se os valores encontrados para o volume real aferido estão em acordo com o limite de
tolerância da capacidade da pipeta graduada e volumétrica.

1.5 Resultados e Discussões (para as turmas que adotam o Relatório)

a) Monte uma tabela contendo: o volume de referência, o estimado pela calibração, o desvio
padrão e o coeficiente de variação de cada vidraria.
b) Discuta os resultados e explique quais vidrarias são mais apropriadas para a medida de volumes
e preparo de soluções.
c) Identificar as principais fontes de erro no experimento e apresentá-las na Discussão dos
resultados.

Referências
➢ Skoog, D.A.; West, D.M.; Holler, F.J.; Crouch, S.R. Fundamentos de Química Analítica. São
Paulo: Cengage Learning, 2008.
➢ Powlowsky, A.M.; Lemos de Sá, E.; Messerschmidt, I.; Souza, J.S.; Oliveira, M.A.; Sierakowski,
M.R.; Suga, R. Experimentos de Química Geral. Curitiba: Ed. da UFPR, 1994.
➢ Lide, D.R. Handbook of chemistry and physics. CRC PRESS, 84TH Edition 2003-2004.
➢ Mendham, J.; Denney, R.C.; Barnes, J.D.; Thomas, M.J.K. Vogel Análise Química quantitativa.
Rio de Janeiro: LTC, 2008.
➢ Chrispino, A.; Faria, P. Manual de Química Experimental. Campinas, SP: Editora Átomo, 2010.
➢ Harris, D.C. Análise Química Quantitativa. Editora LTC, 6º Edição, 2005.
➢ Silva, R. R. da; Bocchi, N.; Rocha-Filho, R. C.; Machado, P. F. L. Introdução à Química Experimental. São
Carlos: Editora da Universidade Federal de São Carlos (EDUFSCar), 2ª Edição, 2014.

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ANEXOS

Tabela 1.1 - Valores da densidade da água em diferentes temperaturas.


T (ºC) Densidade (g/cm3) T (ºC) Densidade (g/cm3)
10 0,999700 20 0,998203
11 0,999605 21 0,997992
12 0,999498 22 0,997770
13 0,999377 23 0,997538
14 0,999244 24 0,997296
15 0,999099 25 0,997044
16 0,998943 26 0,996783
17 0,998774 27 0,996512
18 0,998595 28 0,996232
19 0,998405 29 0,995944
Lide, D.R., 2003-2004.

Tabela 1.2 – Tolerância (ou limite máximo de erro - LE) de algumas vidrarias de Classe
A*.
Limite de erro (mL)**
Capacidade
Pipeta Pipeta Balão
(mL) Proveta
volumétrica graduada volumétrico
0,5 0,006 - - -
1 0,006 0,01 0,02 -
2 0,006 0,01 0,02 -
3 0,01 - 0,015 -
4 0,01 - 0,02 -
5 0,01 0,02 0,02 0,02
10 0,02 0,03 0,02 0,02
15 0,03 - - -
20 0,03 - 0,03 -
25 0,03 0,05 0,03 0,03
50 0,05 - 0,05 0,05
100 0,08 - 0,08 0,10
250 - - 0,10 -
500 - - 0,12 -
1000 - - 0,20 -
Mendham, J.; et al., 2008 e Harris, D.C. 2005.
*Classe A designa sempre o mais alto grau de exatidão de uma vidraria.
**Comparar os dados obtidos no experimento com os da Tabela 1.2 verificando se:

LE ≥ │Volumereal - Volumenominal│.

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Muitas vezes, o limite de erro vem identificado na própria vidraria.

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