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Teorias de Karl Popper e Thomas Kuhn

Filosofia (Agrupamento de Escolas D. Dinis - Santo Tirso)

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2- CIÊNCIA E CONSTRUÇÃO-VALIDADEE VERIFICABILIDADE DAS


HIPÓTESES
O PROBLEMA DA DEMARCAÇÃO
A ciência permitiu ao ser humano chegar a lugares nunca antes pensados
na antiguidade, constituindo um grande avanço em relação a formas
anteriores de adquirir conhecimento. Através dela que conseguimos,
atualmente, prever e controlar de forma bastante e昀椀caz o comportamento
da natureza. Temos o exemplo da ciência na medicina por exemplo, doenças
que, ao passar do tempo, foram descobertas a sua cura. Muitos são os
exemplos que poderíamos dar e que sustentam a nossa con昀椀ança no poder
da ciência e nos seus recursos.

O carácter metódico e rigoroso do conhecimento cientí昀椀co não é su昀椀ciente


para fornecer um critério geral e seguro que NOS permita distinguir o
conhecimento cientí昀椀co de outros tipos de investigação, isto é, aquilo que é
cientí昀椀co do que não é cientí昀椀co. Qual é o critério de cienti昀椀cidade que NOS
permite distinguir uma teoria cientí昀椀ca de uma teoria não cientí昀椀ca? Este
problema 昀椀cou conhecido como “o problema da demarcação” e pode ser
formulado do seguinte modo:

o que distingue as teorias cientí昀椀cas das teorias não cientí昀椀cas?

A relevância deste problema reside no facto de haver na sociedade


atividades que sabemos serem fraudulentas e que se pretendem fazer
passar por cientí昀椀cas quando, na realidade, não são- a chamada
pseudociência. Estas atividades tiram dividendos em nome de uma suposta
credibilidade cientí昀椀ca. É como objetivo de não sermos levados por tal
engodo que existe a necessidade de um critério de demarcação que nos
permita distinguir, de forma relativamente segura, a ciência da não ciência.

SENSO COMUM
CONHECIMENTO CIENTÍFICO

 Baseia-se na experiência da  trata-se de um saber que


vida e tradições envolve investigações com
alguma complexidade e que
não pode ser adquirido
apenas com base na
experiência da vida;
 é um saber essencialmente  envolve uma sistemática
prático; preocupação com o rigor e a
justi昀椀cação de a昀椀rmações;
 pode variar de pessoa para  caracteriza-se pela procura
pessoa e é utilizado sem uma das causas dos fenómenos e
preocupação sistemática de pela tentativa de construir
rigor e justi昀椀cação; um conjunto organizado e
coerente de conhecimentos;
 inclui, também, algumas
superstições, como, por
exemplo, acreditar que o
número 13 dá azar;

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VERIFICAÇÃO

Os filósofos defensores do positivismo lógico começaram por considerar que uma


teoria só é científica se for constituída por afirmações empiricamente
verificáveis. Ou seja, se só o seu valor de verdade puder ser determinado a partir
de observações. Quando se pode conceber experiências que estabeleçam
conclusivamente a sua verdade ou falsidade. - CRITÉRIO DE VERIFICABILIDADE.

Ex:

1. Esta barra de ferro dilatou quando a aquecemos.


2. Existe vida em Marte.
3. Existe uma aura à volta da cabeça de certas pessoas.

No 1, temos uma preposição que pode ser verificada através da observação prática
do dia a dia, já que a tecnologia nos permite verificar a veracidade da afirmação. É
uma preposição com significado factual.

Na 2, não a podemos verificar na prática, uma vez que não dispomos da tecnologia
suficiente para isso, não deixa de ser uma preposição genuína e empiricamente
verificável, na medida em que podemos indicar as condições empíricas para
determinar o seu valor de verdade. É verificável em princípio e é significativa,
podendo, por isso, pertencer ao domínio científico.

O 3 não é empiricamente verificável, nem na prática nem em princípio e, como tal,


não pode fazer parte do conhecimento científico.

CONFIRMAÇÃO

Devido às objeções apontadas ao critério de verificabilidade, outros filósofos


positivistas – nomeadamente Carnap – apresentam um critério de cientificidade
alternativo: a confirmação.

Se uma teoria é científica, então é empiricamente confirmável. Ou seja, pode


acumular-se um número significativo de evidências empíricas a favor de uma
hipótese. Se assim for, esta pode ser considerada verdadeira e tomada como lei
científica. Contudo, o número de casos será sempre finito.

Se uma teoria é científica, então é empiricamente confirmável. Ou seja, pode


acumular-se um número significativo de evidências empíricas a favor de uma hipótese.
Se assim for, esta pode ser considerada verdadeira e tomada como lei científica.
Contudo, o número de casos será sempre finito.

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A PERSPETIVA INDUTIVISTA DO MÉTODO

De acordo com esta perspetiva, o cientista começa por um amplo número de


observações do mundo, de forma imparcial, rigorosa, isenta de pressupostos
teóricos – por exemplo, observando que as barras de cobre dilatam sempre que as
aquecemos. A partir daí, recolhe um grande número de dados baseados nessa
observação e, de seguida, cria uma teoria que explica esse padrão de dados
observados – por ex., que “todo o metal dilata quando é aquecido”. Esta teoria, sendo
boa, explica, simultaneamente, o que está a acontecer no presente e também nos
fornece uma previsão de que é provável que aconteça no futuro. Dado existir uma
grande regularidade na natureza, as previsões científicas são, na sua maioria,
extremamente precisas.

Assim, de acordo com a perspetiva indutivista do método científico, a ciência


começa pela observação. Contudo, quando analisamos a dilatação dos metais,
observamos necessariamente casos particulares (descritos através de enunciados
singulares) e não um fenómeno universal (descrito através de um enunciado geral).
Todavia, a passagem de enunciar os singulares, que descrevem aquilo que
observámos, para enunciar gerais, que correspondem às leis da natureza, não está
isenta de problemas e levanta uma importante questão: n como podemos partir
denunciados singulares, resultantes de observação, e inferir enunciar gerais,
que são característicos do conhecimento científico?

O QUE É QUE A PERSPETIVA INDUTIVISTA DIZ?

À medida que as observações se vão tornando cada vez mais abrangentes, vamos
alcançando um conhecimento mais geral, que corresponde às leis científicas. Desta
forma, as sucessivas inferências indutivas permitem-nos progredir de leis menos
gerais até de leis mais gerais e, assim, as contínuas observações de metais que
dilatam quando aquecidos permitem nos chegar ao conhecimento da lei geral de que
todo metal dilata quando é aquecido. Porém, para que este raciocínio indutivo
funcione sem contradições, é necessário que que respeitem algumas condições
necessárias:

1. O número de enunciados singulares observados, e que constituem a base


de uma generalização, devem corresponder a uma amostra ampla.
2. As observações devem repetir-se numa ampla variedade de
circunstâncias.
3. Nenhum anunciado singular aceite deve entrar em contradição com uma
lei universal derivada.

Ora, é através do raciocínio indutivo que podemos concluir enunciados gerais,


como leis e teorias científicas. Portanto, o método indutivo como método
científico baseia-se no princípio da indução e após a expressar-se da seguinte
forma:

Se numa ampla variedade de condições, se observa


uma grande quantidade de P, e se todos os P
observados possuem sem exceção a propriedade Q,
então todos os P têm a propriedade Q.
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O conhecimento científico estrutura-se por meio da indução, a partir de


observações ponto neste contexto, a ciência tenho como objetivo explicar e
prever os fenómenos, encontrando factos particulares que confirmem a
teoria ou a lei universal. Caso a teoria seja confirmada pela experiência, ou seja,
se as previsões forem bem-sucedidas ver gula por exemplo, se observarmos que
os diferentes tipos de metais de facto delatam quando aquecidos, então os
cientistas têm a teoria confirmada num grau elevado. Assim de, para os defensores
da perspetiva indutivista, A ciência evolui de modo linear, por uma
aproximação progressiva e cumulativa à verdade.

OBJEÇÕES À CONCEÇÃO INDUTIVISTA DA CIÊNCIA

OBJEÇÃO À 1ª ETAPA- O PAPEL DA OBSERVAÇÃO

-A observação não é o ponto de partida para a ciência- a ciência não é


imparcial

É impossível fazer observações de forma completamente imparcial e isenta de


preconceitos e pressupostos teóricos. A verdade é que, quando partimos para uma
observação, dispomos já de expectativas prévias que vão condicionar ou
influenciar as nossas observações e interpretação dos factos. Ou seja, não existe
uma observação pura e imparcial dos fatos

-Algumas teorias científicas referem-se a objetos que não podem ser


observados

Muitas teorias científicas referem-se a entidades ou objetos que não são


observáveis e nos quais nunca tivemos observação direta, ex: ADN, moléculas…
o método indutivo parte do pressuposto de que as teorias científicas advêm de
generalizações formadas a partir da observação de casos particulares.
Contudo, uma vez que existem objetos que não são observáveis muitas das
melhores teorias científicas da atualidade deixariam de ser consideradas ciência,
visto que não têm por base generalizações indutivas.

OBJEÇÃO À 2ª ETAPA- O PROBLEMA DA INDUÇÃO

-As inferências indutivas não são racionalmente justificáveis

Outra crítica é o facto de a ciência se apoiar na indução e não na dedução.


Mesmo considerando um grande número de casos observados não temos
uma justificação para inferir uma lei geral. Não por nunca termos visto um cisne
preto que só existem cisnes brancos. Podemos sempre encontrar um preto
amanhã. Nunca teremos justificação racional para acreditar que essas
regularidades irão manter no futuro.

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OBJEÇÃO À 3ª ETAPA- O PROBLEMA DA VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES


CIENTÍFICAS

-A lógica subjacente à verificação experimental é falaciosa

Assumiremos: Todos os metais dilatam quando aquecidos.

Uma vez que nunca teremos a oportunidade de aquecer todos os metais para
verificar se estes dilatam ou não quando aquecidos, a única hipótese que temos de
pôr à prova este enunciado é extrair dele uma previsão diretamente
observável: Se todos os metais dilatam quando aquecidos (T), então o
próximo pedaço de metal que eu aquecer também irá dilatar (P).

Confie no indutivista entenderia a observação desta previsão como uma prova


conclusiva de que o enunciado inicial é verdadeiro. Mas Karl Popper chama a
atenção para o Caráter falacioso da lógica subjacente a este raciocínio.

FALSIONISMO DE POPPER- MÉTODO DAS CONJETURAS E REFUTAÇÕES

Popper afirma que A ciência, se tem o objetivo de ser racional e objetiva, deve
abdicar totalmente do recurso à indução.

Popper defende que ver gula nas ciências da natureza, os cientistas utilizam o
método crítico ou o método das conjeturas e refutações:

1. Problema
2. Conjetura
3. Refutação

1ª ETAPA- PROBLEMA

O verdadeiro ponto de partida para a ciência é o problema, uma inquietação que é


levantada por uma observação que entra em confronto com as nossas teorias, os
nossos interesses e as nossas expectativas prévias. Sem problema, não há
investigação.

2ª ETAPA- CONJETURA/ HIPÓTESE

Compete ao cientista avançar com uma teoria/hipótese que permita explicar os factos
observados. Uma suposição arrojada e imaginativa, mas devidamente
fundamentada para explicar os factos observados.

3ª ETAPA- REFUTAÇÃO

A última etapa é confrontar o problema com a experiência. Para Popper, as hipóteses


científicas não são suscetíveis de verificação; são apenas suscetíveis de
falsificação. Por maior que seja o número de casos que confirme uma hipótese,
bastará aparecer um caso que a contrarie para que esta seja completamente
posta em causa.

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Se as conjeturas resistirem às tentativas de falsificação, são corroboradas. As


teorias que não resistem (pois foram provadas falsas) são refutadas.

DISTINÇÃO ENTRE TEORIAS CIENTÍFICAS E NÃO CINENTÍFICAS: O


FALSIONISMO DE POPPER

Popper defendeu que o método indutivo e o critério da verificabilidade não


servem à ciência. Na sua opinião, isto justifica-se por 2 bons motivos: a ciência, se
pretende ser racional e objetiva, tem de abdicar do recurso à indução, e ao
admitir a verificabilidade como critério de demarcação, acabaríamos por admitir
como científicas teorias que sabemos serem irrefutáveis e pseudocientíficas.

Esta situação leva Popper a concluir que uma teoria que seja irrefutável não é
genuinamente científica, pois não pode verdadeiramente ser posta à prova através
de testes experimentais.

Com Isso, surgiu o critério da falsificabilidade.


Uma teoria é cientí昀椀ca só se é, à partida, empiricamente
falsi昀椀cável, isto é, se, a partida, somos capazes de conceber um
teste experimental que seja capaz de demonstrar que essa teoria
é falsa.

Assim, de acordo com Popper, uma teoria só é científica se for possível refutá-la pela
experiência. Contudo, se não for possível uma observação que refuta uma teoria, e se
esta apenas for confirmada como apoio cumulativo de evidências constantes, então
em teoria pseudocientífica.

1. Uma teoria que garante apenas confirmações ou verificações, e que ignora


possíveis refutações, não pode ser concebida ou mostrada como falsa
2. Se uma teoria é científica, então faz afirmações ou previsões que poderiam ser
concebidas ou mostradas como falsas.
3. Logo, uma teoria que só garante verificações ou confirmações, e que ignora
possíveis refutações, não é científica.

GRAUS DE FALSIFICABILIDADE

O conteúdo empírico de uma teoria a informação que ela nos proporciona acerca
do mundo. Como tal, as melhores teorias são exatamente aquelas que nos
fornecem mais informações sobre o mundo e, consequentemente, fazem a
ciência progredir.

1. Choverá ou não choverá no próximo ano.


2. Choverá no próximo ano.
3. Choverá em Portugal no próximo ano.
4. Choverá no Porto na próxima semana.

O enunciado 4 tem a vantagem de ter maior conteúdo empírico do que os outros,


por isso, podemos afirmar que é o mais informativo. isto significa que afirmar que
“choverá no Porto na próxima semana” é mais falsificável, ou seja, é mais possível de
vir a ser falsificado do que afirmar que “choverá no próximo ano”, pois este enunciado
apresenta um baixo grau de falsificabilidade, uma vez que a probabilidade de
chover no próximo ano, num qualquer dia, é praticamente garantida. Deste modo, a

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previsão do enunciado como 4 corre mais riscos de vir a ser revelada falsa do que
a previsão do enunciado como o 2.

OBJEÇÕES AO FALSIFICACIONISMO DE POPPER

-Nem todas as teorias científicas são falsificáveis

A falsificabilidade não constitui uma condição necessária para que uma dada teoria
possa ser considerada científica, já que algumas teorias se referem a objetos que
não são diretamente observáveis (ex: protões e neutrões). Como tal, nestes
casos, não é inteiramente claro que, à partida, seja possível conceber um teste
experimental, ou uma observação direta, que seja capaz de mostrar a falsificabilidade
da teoria. Contudo, isto não garante que essas teorias tenham forçosamente de
ser encaradas como não científicas, pois estas apresentam um papel importante
no desenvolvimento da ciência.

-O falsificacionismo não está de acordo com a prática científica

A atividade científica não consiste em tentativas de refutação das teorias aceites. Os


cientistas trabalham com o objetivo de confirmar as suas teorias, preocupando-se
com uma demonstração da precisão e do alcance das mesmas, e continuam a
defendê-las mesmo quando as suas previsões não se confirmam

perante uma observação o teste experimental, cujo resultado não esteja de acordo
com a teoria, os cientistas mais facilmente colocam em casa o teste aos
procedimentos do que a própria teoria em si. Não é por se encontrar um caso que
contraria a teoria, que a teoria é falsificada.

-Falsificações inconclusivas

Segundo pop, para concluir uma teoria científica é falsa, basta um único caso que
refute a teoria. Assim, uma proposição como “todos os metais dilatam como calor”
pode ser refutada por uma única observação de um metal que não dilate com calor.
Porém, os críticos desta teoria como Thomas Kuhn dizem que o facto de um
procedimento experimental não decorrer de acordo com o previsto numa dada teoria
ou hipótese, não é suficiente para estabelecer, de um modo conclusivo, a sua
falsidade- o problema para o insucesso empírico pode estar no teste (no
processo de falsificação) e não na teoria.

-Subestima a importância das confirmações no progresso científico

Não podemos ignorar que algumas teorias científicas possibilitaram grandes


avanços tecnológicos, o que pode significar que temos justificação para
acreditar que elas são verdadeiras e não apenas conjeturas por refutar. Por
exemplo, se tudo o que podemos dizer acerca da viabilidade das vacinas é que elas
foram feitas de acordo com teorias que ainda não foram reputadas, dificilmente seria
razoável acreditar na sua eficácia na prevenção de doenças.

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2-A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E A QUESTÃO DA OBJETIVIDADE


O PROBLEMA DA EVOLUÇÃO E DA OBJETIVIDADE DA CIÊNCIA

O sucesso da ciência na compreensão, explicação e previsão da natureza e do mundo


é atribuído ao facto da ciência nos oferecer explicações bastante precisas. É essa
objetividade que nos permite afirmar que hoje estamos mais próximos da verdade do
que estávamos há uns séculos atrás.

HÁ PROGRESSO CINENTÍFICO? SERÁ A CIÊNCIA OBJETIVA?

A PERSPETIVA DE POPPER: O PROGRESSO CIENTÍFICO ENQUANTO


APROXIMAÇÃO IRREGULAR À VERDADE

Popper considera que a ciência se desenvolve através do processo de


substituição das teorias falsificadas por novas teorias e que isso proporciona
um acréscimo de conhecimento.

As novas teorias proporcionam explicações mais adequadas do que as anteriores,


pois são mais completas e conseguiram ultrapassar as tentativas de refutação dos
rigorosos testes empíricos a que estiveram submetidas. Por isso, fornecem
explicações dos fenómenos mais aproximadas da realidade.

Uma teoria cientí昀椀ca/conjetura é mais verosímil do que outra


quando implica um menor número de falsidades e permite
explicar o maior número de fenómenos do que a sua antecessora
ou o concorrente.
Segundo Popper, as teorias científicas atuais possuem um maior grau de
verossimilhança do que aquelas que já foram empiricamente refutadas e, por
conseguinte, estamos hoje mais perto de conhecer a realidade tal como ela
objetivamente é do que estávamos há alguns séculos.

SELEÇÃO NATURAL DAS TEORIAS

Em termos biológicos, a sobrevivência dos seres vivos depende da capacidade de


estes se adaptarem ao meio natural, modificando gradualmente os seus organismos
de forma a conseguirem viver num determinado meio ambiente.

Popper considera que o mesmo acontece com as teorias científicas:


apenas sobrevivem as que resistem às tentativas de falsificação dos testes
empíricos, as mais aptas, portanto.

Contudo, os testes podem corroborar a teoria sobrevivente, mas nunca provar a


sua verdade: as teorias são sempre conjeturas.

Segundo Popper, a verdade é um ideal que deve orientar a prática dos cientistas.
Ainda que as teorias sejam criações humanas que não correspondem inteiramente à
realidade, a eliminação dos erros faz com que os cientistas consigam alcançar
representações cada vez mais corretas dos fenómenos.

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A CIÊNCIA PARA POPPER É OBJETIVA?

Sim, pois este filósofo considera que a escolha das teorias é feita de modo imparcial e
impessoal. Popper reconhece que fatores de natureza individual, social ou política
podem por vezes afetar a atividade de certos cientistas. No entanto, pensa que esses
fatores não interferem na avaliação crítica das teorias. A escolha destas depende
dos resultados dos testes empíricos realizados e da discussão crítica.

OBJEÇÕES A POPPER

De acordo com a perspetiva falsificacionista, a ciência tem-se desenvolvido através da


eliminação de teorias erradas.
Embora exista um progresso no sentido de uma maior aproximação à verdade, as
teorias são sempre conjeturais, nunca estamos em condições de garantir que são
verdadeiras.
Ora, se as ideias de Popper fossem corretas, não teríamos motivos racionais para
acreditar na ciência.
Pensaríamos que muitas explicações e instrumentos que usamos resultam de
teorias que podem vir a ser falsificadas e que, portanto, não são inteiramente
fiáveis.

De facto, uma teoria ter resistido até agora às tentativas de refutação não é
uma justificação plausível. Precisamos de outro tipo de razões que a teoria de
Popper não nos proporciona.

A PERSPETIVA DE KUHN: A ESTRUTURA DAS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS


Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência é uma sucessão descontinuada e não
cumulativa de períodos de relativa estabilidade e consenso alargado em relação
aos aspetos fundamentais de uma disciplina científica, interrompidos por processos
de trabalho revolucionário (insatisfação e desacordo).

PRÉ-CIÊNCIA (PERÍODO PRÉ-PARADIGMÁTICO)

Do ponto de vista de Kuhn, o período anterior ao surgimento das ciências chama-


se pré-ciência. A fase pré-científica é marcada pela existência de várias escolas e
investigadores rivais, que apresentam diferentes perspetivas sobre a natureza do
seu campo de investigação, teorias, métodos, instrumentos e técnicas a utilizar virgula
bem como o tipo de fenómenos a investigar. Este desacordo entre os
investigadores impossibilita A chegada a um consenso entre os mesmos de uma
forma concertada.

PARADIGMA

É um modelo teórico adotado por uma comunidade científica, que orienta toda a
investigação feita nesse domínio e que inclui um determinado conjunto de regras,
instruções, pressupostos teóricos e metafísicos, metodologias e instrumentos de
trabalho.

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E o aparecimento de um paradigma que origem a passagem da fase pré-científica


para a investigação científica propriamente dita. Um paradigma consiste numa teoria
amplamente aceite e com grande poder explicativo, que põe fim aos desacordos
existentes entre os investigadores, favorecendo a constituição de uma comunidade
científica.

CIÊNCIA NORMAL (CIÊNCIA PARADIGMÁTICA)

Depois da emergência de um paradigma, os cientistas ocupam-se daquilo a


que Kuhn chama ciência normal.
Esta fase corresponde à atividade rotineira dos cientistas e consiste em aplicar um
paradigma na resolução de enigmas ou puzzles.
Na ciência normal, o objetivo dos cientistas é utilizar o paradigma para
explicar o maior número possível de fenómenos, tornando-o mais abrangente e
consolidando-o.
O cientista adota assim uma atitude conservadora e não um ponto de vista
crítico em relação à tradição vigente, sendo esta ausência de debate e de crítica
que, aos olhos de Kuhn, permite que exista neste período progresso cumulativo.

ANOMALIAS

Por vezes, surgem fenómenos para os quais não existe uma explicação à luz do
paradigma aceite. Kuhn chama-lhes anomalias. Na ciência normal, uma atitude
frequente relativamente às anomalias é ignorá-las. Outras vezes, os cientistas julgam
que existiram, provavelmente, erros nas observações e, por isso,
as anomalias não são consideradas como contraexemplos capazes de falsificar
o paradigma.

Porém, o acumular de anomalias irá minar a confiança dos especialistas, levando-os


a questionar os pressupostos teóricos e práticos do paradigma aceite e a procurar
modelos explicativos alternativos. Instala-se, então, uma crise: o paradigma deixa
de ser consensual na comunidade e perde credibilidade.

CRISE

Nada mais nada menos que acontecimentos que o paradigma vigente não é capaz
de explicar adequadamente o que não estão de acordo com aquilo que se
observa na natureza. Algo TOTALMENTE IMCOMPATÍVEL com a imagem do
funcionamento da natureza fornecida pelo paradigma.

Segundo Kuhn, as crises podem terminar de três maneiras diferentes:

- A ciência normal pode conseguir lidar com o problema que a provocou


através de reajustamentos do paradigma aceite.

- Em outros momentos, o problema não é resolúvel e os cientistas podem concluir que


atualmente não possuem meios para o resolver, remetendo as tentativas de solução
para as gerações futuras.

- Finalmente, a crise pode terminar com o surgimento de um paradigma alternativo e


com um processo que levará à sua aceitação pela comunidade científica:
uma revolução científica.

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CIÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
Kuhn chama ciência extraordinária ao período em que o paradigma vigente passa
a ser discutido, contestado e confrontado com as novas ideias de um paradigma
alternativo.
Neste período há competição entre o paradigma emergente e o
paradigma dominante. Neste momento, os acordos intersubjetivos estabelecidos
entre os cientistas desaparecem, e a comunidade científica divide-se em 2 lados: os
conservadores (defendem o velho paradigma), e os revolucionários (defensores do
novo).
 Os conservadores recusam-se a abrir mão do velho paradigma, mantendo a
sua confiança no mesmo, tentando procurar soluções para as falhas
encontradas dentro desse modelo de investigação.
 Os revolucionários procuram uma revisão completa dos fundamentos do seu
campo de estudo, de modo a traçar um novo paradigma capaz de solucionar
as anomalias anteriormente detetadas.

REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

De várias propostas apresentadas, uma delas acabará por ser suficientemente


apelativa para reunir novamente o consenso da comunidade científica e
substituir o velho paradigma na orientação da investigação. A atividade científica
para de ser extraordinária e passa a ser normal. A esta mudança de abandono do
velho paradigma e adoção do novo, chama-se “revolução científica”.

A TESE DA INCOMENSURABILIDADE DOS PARADIGMAS

Kuhn utiliza o conceito de incomensurabilidade (a ausência de uma base comum)


para dar conta da natureza incompatível dos paradigmas entre si.
As revoluções científicas introduzem um corte ou descontinuidade ao nível das teorias,
das metodologias, da linguagem, dos problemas e das soluções.

O novo paradigma não é comparável ao anterior. Ora, se os paradigmas são


incomensuráveis, não é possível compreender a linguagem do novo paradigma a
partir da linguagem do anterior e não se consegue descrever os factos de forma
neutral, independentemente da interpretação teórica.
Por conseguinte, não se pode comparar os paradigmas oponentes e perceber
qual deles oferece soluções preferíveis para explicar os fenómenos.

ARGUMENTO BASEADO NA INSUFICIÊNCIA DOS CRITÉRIOS OBJETIVOS

Kuhn reconhece a existência de valores comuns que são partilhados pelos cientistas
de épocas e de paradigmas diferentes e que lhes permitem reconhecer uma boa
teoria científica. Estes valores são aceites pelos membros de uma dada comunidade
e fornecem critérios objetivos para avaliar a adequação de uma teoria.

EXATIDÃO CONSISTÊNCIA ALCANCE SIMPLICIDADE FECUNDIDADE

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