fichamento texto o labirinto da solidão

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“No fundo da psique humana existem realidades encobertas pela história e pela vida moderna.

Realidades ocultas mas presentes. Um exemplo é nossa imagem da autoridade política. É


evidente que nela há elementos pré-colombianos e também restos de crenças hispânicas,
mediterrâneas e muçulmanas. Por detrás do respeito ao senhor presidente está a imagem
tradicional do pai de família que é uma realidade muito poderosa...” Orelha do livro.
O texto busca encontrar nos intelectuais suas reflexões sobre a revolução, ele Paz começa
mencionando Vasconcelos, que enxerga que a revolução iria ressignificar a educação
mexicana, que seria baseada no “sangue, na língua e no povo” p. 136 O autor concebe o
ensino como participação viva, mesmo ocorrendo a criação de escolas e missões culturais, era
uma inteligência/educação voltada para o povo.
Da mesma forma que essa filosofia era muito original ela padecia de ideias, não se sustentava,
e como a revolução não os permiti retornar para o catolicismo ou ao liberalismo, havia a falta
de uma ideia nova que preenchesse esse espaço.
Cadernas com sua ideia de educação socialista, sua própria concepção deste conceito, propõe
uma educação que faltava com soluções para os problemas causados pela revolução, além de
criar um alvo fácil para críticas de oposições.
“Mas, como integrar a propriedade comunal da terra no seio de uma sociedade que inicia a sua etapa
capitalista e que de repente se vê lançada ao mundo das contendas imperialistas? O problema era o
mesmo que se colocava para escritores e artistas: encontrar uma solução orgânica, total, que não
sacrificasse as particularidades do nosso ser à universalidade do sistema, como ocorrera com o
liberalismo, e que também não reduzisse a nossa participação à atitude passiva, estática, do crente ou
do imitador.” P. 140
“qual o sentido da tradição mexicana e qual o seu valor atual? qual o programa de vida que as nossas
escolas oferecem aos jovens? As respostas a estas perguntas não podem ser obra de um homem. Se
não as respondemos, é porque a própria história não resolveu este conflito.” P. 140

A ação revolucionária tomou ajuda dos intelectuais para suas atitudes, ou seja, a classe média
participou deste processo revolucionário, essa “inteligência” seria o conselheiro de um
general analfabeto, poetas estudaram economia, romancistas estudaram diplomacia, entre
outros, participaram de projetos educacionais, e tais ações geraram frutos de novas gerações
de intelectuais. Entretanto, essa “inteligência” que já havia se estabelecido passou a buscar
sua estabilidade nesses cargos, tanto na materialidade quanto na ideologia, gerando assim um
distanciamento, antes não existente, da população, passaram e defender o Estado, e assim
valendo a provocação do autor, não teriam eles deixado de ser a “consciência crítica do
povo?”
Esse distanciamento não agradou a alguns participantes do poder, certos intelectuais se
desvencilharam, e criaram organizações de oposição, alguns se alinharam ao marxismo, pois
era a linha que propunha soluções necessárias ao quadro e fornecia um universalismo junto ao
proletariado mundial.
Outros foram por um caminho revisionista, a revolução havia descoberto o rosto do mexicano,
e Samuel Ramos tentava descobrir seus traços, ele encontra uma atitude de se esconder
quando se expressa, um ser fechado e inacessível.
“A verdadeira tradição do México não continua, mas sim nega a colonial, pois é uma livre escolha de
certos valores universais: os do racionalismo francês”... “Os modelos de nossa poesia, como os que
inspiram os nossos sistemas políticos, são universais e indiferentes ao tempo, ao espaço e à cor local:
implicam numa idéia do homem e tendem e realizá-la, sacrificando nossas particularidades nacionais.
Constituem um Rigor e uma Forma. Assim, nossa poesia não é romântica nem nacional, a não ser
quando desmaia ou se atraiçoa. O mesmo acontece com o resto de nossas formas artísticas e
políticas.” P. 143

Já Cuesta visa inserir essas particularidades mexicanas num panorama universal, porém,
segundo o autor, comete o erro de relacionar esse universalismo com a ideologia francesa,
contudo, o radicalismo mexicano é diferente do francês.
Daniel Cosío Villegas cria o Fondo de Cultura Económica, com o intuito de difundir
pensadores desde Smith até Marx, depois se torna uma editora que financiava obras de
filosofia, sociologia e história que revitalizaram a vida intelectual dos países de língua
espanhola.
“Solidão e comunhão, mexicanidade e universalidade,”

“A Independência, a Reforma e a Ditadura são diferentes. contraditórias fases de uma mesma


vontade de dilaceramento. O século XIX deve ser visto como ruptura total com a Forma. E,
simultaneamente, o movimento liberal se manifesta como uma tentativa utópica, que provoca a
vingança da realidade. O esquema liberal se transforma na simulação do positivismo. Nossa história
independente, desde que começamos a ter consciência de nós mesmos, noção de pátria e de ser
nacional, é ruptura e busca. Ruptura com a tradição, com a Forma. E busca de uma nova forma, capaz
de conter todas as nossas particularidades e aberta para o futuro.

Nem o catolicismo, fechado ao futuro, nem o liberalismo. que substituía o mexicano concreto por
uma abstração unânime, podiam ser esta forma buscada, expressão de nossos desejos particulares e
de nossos anseios universais. A revolução foi uma descoberta de nós mesmos e um regresso às
origens, primeiro; em seguida, uma busca e uma tentativa de síntese, várias vezes abortada; incapaz
de assimilar nossa tradição e oferecer-nos um novo projeto salvador, finalmente foi um compromisso.
Nem a revolução foi capaz de articular toda a sua explosão salvadora numa visão de mundo, nem a
"inteligência" mexicana resolveu o conflito entre a insuficiência da nossa tradição e a nossa exigência
de universalidade.” P. 149

“Uma filosofia da história do México seria, pois, apenas uma reflexão sobre as atitudes que
assumimos diante dos temas que a história universal nos propôs: contra-reforma, racionalismo,
positivismo, socialismo. Em suma, a meditação histórica nos levaria a responder esta pergunta: como
os mexicanos viveram as idéias universais?” p. 150

“As circunstâncias atuais do México transformam assim o projeto de uma filosofia mexicana na
necessidade de pensar por nós mesmos em alguns problemas que já não são exclusivamente nossos,
e sim do todos os homens. Isto é, a filosofia mexicana, se realmente o for, será clara e simplesmente
filosofia, sem mais.” P. 152

“A crise contemporânea não se apresenta, conforme dizem os conservadores, como a luta entre duas
culturas diferentes, mas sim como uma cisão no seio da nossa civilização. Uma civilização que já não
tem rivais e que confunde o seu futuro com o do mundo. O destino de cada homem já não é
diferente do destino do Homem. Portanto, qualquer tentativa de resolver nossos conflitos a partir da
realidade mexicana deverá possuir validade universal ou estará de antemão condenada à
esterilidade.” P. 153
“Vivemos, como o resto do planeta, uma conjuntura decisiva e mortal, órfãos do passado e com um
futuro a ser inventado. A história universal já é tarefa comum. E o nosso labirinto, o de todos os
homens.”

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