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CURSO DE ZOOTECNIA
CURITIBA
2015
NAYARA OSTAPECHEN CARNEIRO
CURITIBA
2015
DEDICATÓRIA
Dedico
AGRADECIMENTOS
À minha família
Ao meu noivo Leandro Saran Chagas
Aos amigos
À Universidade Federal do Paraná
Aos professores, em especial ao meu orientador João Ricardo Dittrich
Aos médicos veterinários Erika Weber e Joaquín Lopez de Alda
EPÍGRAFE
Helmut Meyer
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1. BAIAS DE ANIMAIS DA DOMA NA ÁREA DOIS DO HARAS SANTA MARIA DE ARARAS
DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS .................................................................................... 52
TABELA 11. MANEJO DE ARRAÇOAMENTO ALIMENTAR DOS ANIMAIS DO HARAS SANTA MARIA
DE ARARAS .......................................................................................................... 56
TABELA 13. QUANTIDADES DOS ALIMENTOS, AJUSTADOS PELA MATÉRIA SECA E SUAS
CONTAGENS DE PROTEÍNA BRUTA, CÁLCIO E FÓSFORO, FORNECIDOS AOS ANIMAIS DE
TABELA 14. COMPARATIVO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS PARA A RAÇA P.S.I COM AS
QUANTIDADES DE NUTRIENTES FORNECIDOS NO HARAS SANTA MARIA DE ARARAS..... 57
LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
2 OBJETIVO(S) .............................................................................................................. 15
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 16
3.1 A RAÇA PURO SANGUE INGLÊS........................................................................ 16
3.1.1 Histórico da raça no mundo .............................................................................. 16
3.1.2 Histórico da raça no Brasil ................................................................................ 17
3.2 DIVISÃO DAS CATEGORIAS DE POTROS EM CRESCIMENTO DA RAÇA P.S.I.
18
3.2.1 Manejo geral de criação de animais de sobreano ............................................. 19
3.2.2 Taxa de crescimento em potros do desmame até a idade adulta ..................... 22
3.2.3 Doma e adestramento ...................................................................................... 23
3.3 MANEJO ALIMENTAR DE POTROS COM MAIS DE UM ANO ............................. 26
3.4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE POTROS DE SOBREANO ....................... 27
3.4.1 Água ................................................................................................................. 27
3.4.2 Energia ............................................................................................................. 28
3.4.3 Proteínas .......................................................................................................... 31
3.4.4 Minerais ............................................................................................................ 33
3.4.5 Vitaminas.......................................................................................................... 37
3.5 BASE ALIMENTAR DE POTROS DE SOBREANO............................................... 40
3.5.1 Volumosos........................................................................................................ 41
3.5.2 Alimentos concentrados utilizados na formulação de suplementos................... 44
3.6 PRÁTICA ALIMENTAR DOS POTROS DE SOBREANO ...................................... 48
4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ......................................................................................... 50
4.1 PLANO DE ESTÁGIO ................................................................................................ 50
4.2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ......................................................................... 50
4.2.1 Origem do Haras Santa Maria de Araras .......................................................... 50
4.2.2 O haras Santa Maria de Araras em São José dos Pinhais ............................... 51
4.2.3 Manejo de animais do desmame ao sobreano ................................................. 51
4.2.4 Manejo de animais do pós-campanha .............................................................. 54
4.3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS ................................................................ 55
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 56
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 58
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61
RESUMO
A raça Puro Sangue Inglês se apresenta como uma das principais raças criadas
em todo mundo e o Brasil ocupa o segundo lugar em sua criação na América
Latina. Na produção de cavalos, a categoria de potros é a que necessita de
maiores cuidados nutricionais e de manejo, obtendo destaque dentro do ciclo de
produção de equinos, pelo grande retorno financeiro que traz a propriedade. As
técnicas de manejo apresentadas à categoria de potros de sobreano são de
fundamental importância para o sucesso da atividade. Atividades como doma,
manejo profilático, alimentar e nutricional são as bases da formação de novos
atletas. As possibilidades nutricionais e de manejo para potros mantidos em
haras são grandes. Assim, o objetivo desse trabalho foi descrever as diferentes
interações das práticas da criação de potros com mais de um ano, comparando
com o que foi visto no estágio curricular no haras Santa Maria de Araras em São
José dos Pinhais – PR realizado no período de 05 de agosto a 19 de outubro
para assim fazer uma análise da importância do estágio de conclusão do curso
de Zootecnia para a futura vida profissional do aluno.
1 INTRODUÇÃO
A raça Puro Sangue Inglês (P.S.I) se apresenta como uma das principais
raças criadas em todo mundo. O Brasil ocupa o segundo lugar na criação do P.S.I
na América Latina, perdendo apenas para a Argentina na colocação (CURY, 2012).
Na criação de cavalos, a categoria de potros é a que necessita de maiores
cuidados nutricionais e de manejo. Os potros são o futuro da propriedade,
responsáveis pela entrada financeira anual e pela reposição do plantel de
reprodutores dentro dos centros de produção.
A equinocultura, como qualquer outra cultura animal, apresenta êxito quando
apoiada no conhecido tripé da zootecnia: genética-manejo-nutrição. O ganho
genético tem aumentado muito com o decorrer dos anos e com ele a intensificação
das exigências nutricionais e de manejo pelos animais. O potencial genético do
animal só é expressado quando o mesmo está em seu melhor estado nutricional. O
cavalo nutrido adequadamente apresentará bom desempenho de trabalho, saúde
reprodutiva, além de longevidade (SANTOS 1997).
O conhecimento do ambiente de criação como o solo, clima e espécies
vegetais presentes, faz com que o planejamento para alimentar e nutrir potros em
crescimento seja completo. O sucesso dessa criação depende de informações do
comportamento alimentar, das necessidades nutricionais e da fisiologia digestiva da
espécie equina (DITTRICH, 2011).
O conhecimento da fisiologia do aparelho digestivo do animal, como também
a bromatologia dos alimentos é de fundamental importância para evitar deficiências
ou transtornos digestivos nos cavalos. Saber a composição química e os valores de
digestibilidade dos alimentos facilita a formulação de rações mais ajustadas às
exigências em nutrientes e energia dos animais, maximizando o desempenho e
reduzindo os custos.
O manejo adequado é o que respeita a natureza do cavalo, e quando se
respeita a fisiologia do animal este nos recompensa com bom aproveitamento dos
alimentos que lhe são ofertados, explorando o seu potencial genético,
desempenhando assim, sua função atlética dentro das pistas (CINTRA, 2011).
A alimentação dos equinos em haras representa de 70 a 80% dos custos de
criação, e por isso é fator determinante para o sucesso da atividade (QUADROS, et
al., 2004).
14
2 OBJETIVO(S)
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nos equinos essa fase inicial é de importância singular dentro do ciclo de produção,
onde será formada a base para o desempenho futuro do animal.
A criação de potros em haras é destacada como o escopo da produção de
equinos. De acordo McGreevy e McLean (2010), quando se deseja desfrutar o
máximo dos cavalos de esporte e de trabalho, precisa-se levar em conta sua idade e
seu estado fisiológico para ajustar adequadamente os manejos com o
desenvolvimento do animal.
3.2.1.1.1 Vacinação
A vacinação é de fundamental importância para manter a saúde do rebanho.
“A Vacina é a indução de imunidade (produção de anticorpos) em um animal
saudável, através da inoculação de vírus inativo, parte do vírus ou bactéria ou o
vírus atenuado” (CINTRA, 2011).
O calendário de vacinação (tabela 1) deve ser iniciado a partir do 4° mês de
vida do animal e devem-se usar vacinas completas que previnam doenças
exclusivas da espécie equina, de notificação obrigatória, além de zoonoses.
Respeitar o calendário de vacinação diminui prejuízos na produção animal, pois
gasta menos prevenindo do que curando o animal de uma grave enfermidade.
21
3.2.1.1.2 Casqueamento
O casco do cavalo é responsável por sua sustentação física e funcional,
sendo assim de fundamental importância para o sistema locomotor e merecedor de
cuidados. A limpeza dos cascos deve ser feita regularmente, e iniciada o quanto
antes, esta prática prolonga a vida do casco e aumenta a probabilidade de detectar
problemas previamente, serve ainda para facilitar o manejo futuro no casqueamento.
De acordo com Torres e Jardim (1977) pés com desvios de aprumos sofrem
desgastes prematuros, prejudicam no andamento e diminuem a resistência dos
equinos.
Parker (2008) cita uma particularidade dos potros: É comum os potros
apresentarem os membros anteriores ligeiramente voltados para fora, em torno de
10 a 15 graus. Porém, conforme o animal cresce, ocorre o desenvolvimento do tórax
e as escápulas vão se distanciando e aprumando os membros para frente até que
estes fiquem retos. Segundo Lins et al. (2008) a correção natural dos membros pode
ocorrer até os quatro meses de idade.
Observar a necessidade de realizar o casqueamento é parte fundamental do
manejo, segundo Cintra (2011) durante a fase de crescimento que se identificam a
22
Porém, não é isso que acontece, os animais dessa raça entram em campanha com
dois anos e aos quatro a sua vida atlética provavelmente já tenha terminado.
Tabela 2. Crescimento (do nascimento até os quatro anos) de potros da raça Puro
Sangue Inglês
Idade em meses Estatura (cm) Peso (kg)
altura de cernelha
0 106,1 66,9
1 112,0 98,6
6 135,0 247,1
12 147,1 350,7
18 153,8 447,9
Fonte: Adaptado de Body weight, wither height and growth rates in thoroughbred raised in America,
England, Autralia, New Zealand and India – CLARISSA G, BROWN DOUGLAS E JOE D. PAGAN
(2009).
treinamento porque deverão correr nas raias dos jóqueis clubes com
aproximadamente dois anos e meio de idade.
Sondergaard e Jago (2010) citaram que a doma gentil ou racional é uma
etapa importante na formação futura do cavalo, porém cuidados devem ser tomados
para que não ocorra esforço excessivo durante o treinamento, ela deve ser feita de
acordo com a aptidão física adequada para a idade de desenvolvimento do potro.
3.4.1 Água
A água é de fundamental importância para os seres vivos, ela é responsável
por processos metabólicos dentro do corpo do animal. Segundo Lewis (1985) a
quantidade necessária de água para um cavalo é de 42 a 50 ml/kg. É importante
28
fornecer água limpa, fresca e de boa qualidade aos animais, o consumo diário pelo
animal é variável, e depende do seu estado físico e fisiológico.
As formas mais frequentes de eliminação de água pelo animal são pelo suor,
pelas fezes e por secreções lácteas em éguas em lactação. A eliminação da água
pela pele através do suor chega a ser maior do que 5 litros/100kg de peso vivo por
dia em trabalho intenso (MEYER, 1995).
3.4.2 Energia
Energia não é nutriente, mas sim o produto da oxidação dos nutrientes, ela é
utilizada como matéria prima para construção de tecidos e sínteses de nutrientes.
Todos os nutrientes orgânicos estão envolvidos em transferência de energia e ela é
de fundamental importância na dieta de cavalos atletas, possui o carboidrato
proveniente do amido e da celulose como sua principal fonte na alimentação dos
equinos. A necessidade em energia de potros em crescimento está diretamente
associada ao ganho de peso esperado, ao peso atual e à idade em meses do animal
(CINTRA, 2011).
De acordo com Lewis (1985) do total consumido pelo animal, 80 a 90% são
usados para suprir a carga energética diária do mesmo, e a porcentagem necessária
diariamente é dependente do estado fisiológico e da intensidade de trabalho no qual
o cavalo está submetido.
A falta ou o excesso de energia na dieta é facilmente percebido observando o
estado físico do animal (abaixo ou acima do peso). Segundo Carvalho & Haddad
(1987), a forma prática para se avaliar a condição corporal dos equinos é passando
as pontas dos dedos sobre as costelas no sentido longitudinal do corpo, e quando o
animal está com a condição corporal boa o observador sente as costelas no tato,
mas não consegue vê-las.
A energia é a única variável facilmente visualizada nos animais, a deficiência
energética na alimentação de potros normalmente é o primeiro fator limitante ao
crescimento.
29
3.4.2.1. Lipídeos
Os lipídeos são a fonte de energia de mais alta digestibilidade podendo
alcançar 90% ou mais (MEYER, 1995). Evans et al. (1979) afirmam que os lipídeos
apresentam alta digestibilidade e alta aceitação entre os equinos, tornando-se boas
fontes de energia para esses animais. A adição de lipídeos como fonte energética na
alimentação de cavalos atletas tem sido cada vez mais cotada por proprietários e
profissionais da área equestre (DITTRICH et al., 2000).
A utilização de dietas mais energéticas que contem gordura de origem animal
ou vegetal pode melhorar o desempenho de cavalos de corrida durante provas de
curtas distâncias e alta intensidade, pois o fornecimento de lipídeos na dieta melhora
a capacidade anaeróbica dos equinos (HARKINS et al., 1992; EATON et al., 1995;
citado por DITTRICH et al., 2000).
O uso de carboidratos na alimentação de equinos faz com que o músculo
tenha glicogênio armazenado para uso, porém a utilização de glicogênio aumenta a
fadiga muscular causada pela geração de lactato pelo músculo, o que é ruim em
provas de resistência. Porém com dietas com adição de gordura o organismo tem
prontamente ácidos graxos de cadeia curta no tecido adiposo e no fígado que
podem ser usados rapidamente pelo animal quando este libera adrenalina durante o
exercício físico (VELBERG, 1996, citado por DITTRICH et. al 2000).
3.4.2.2. Carboidratos
Carboidratos na dieta dos equinos são provenientes principalmente de
volumosos (celulose) e grãos (amido).
Os açucares contidos nos alimentos são, se solúveis ou prensados
para fora do alimento, digeridos e absorvidos no intestino delgado. Os
30
3.4.3.1. Lisina
A lisina é considerada um aminoácido essencial para os animais, que ao
contrário das plantas não possuem a capacidade de sintetiza-lo e necessitam
absorve-lo por meio da alimentação. Para a espécie equina, a lisina é também o
aminoácido limitante sendo requerida em quantidades que os ingredientes da dieta
33
3.4.4 Minerais
Os minerais são divididos em dois grupos, os macrominerais e os
microminerais. Os macrominerais são aqueles que possuem a necessidade diária é
maior que 100 mg. Tem como principais funções a estrutura e formação dos ossos,
regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas. Os microminerais
apresentam requerimentos inferior a 100mg por dia e estão relacionadas à reações
bioquímicas, ao sistema imunológico e ação antioxidante. Os macro e microminerais
estão descritos na tabela 7, assim como as necessidades desses elementos para
potros em crescimento.
Equinos destinados ao esporte necessitam de maior quantidade de matéria
mineral nos ossos, pois esta determinará a resistência quanto ao estresse físico em
que estarão sujeitos. A qualidade óssea de animais da raça Puro Sangue Inglês é
proveniente da genética. Porém, é bastante influenciada pelo ambiente. O manejo
de criação, alimentação, suplementação e profilaxia contra doenças podem
influenciar no desenvolvimento de potros.
34
comum o crescimento dos ossos faciais, processo conhecido como cara inchada. O
excesso de cálcio é bem tolerado pela espécie equina dentro dos limites de até três
vezes a mais a suplementação normal (MEYER, 1995).
Mesmo com a ração apresentando todas as exigências de cálcio, certa
quantidade inadequada será absorvida, levando a uma deficiência desse mineral.
Por esse motivo Lewis (1985) cita a importância de deixar o sal mineral disponível
para o consumo pelos equinos.
O fósforo normalmente é encontrado em quantidades satisfatórias em
alimentos para equinos, a sua insuficiência é encontrada em pastagens pobres em P
quando as mesmas estão velhas e lignificadas.
3.4.5 Vitaminas
Vitaminas são compostos orgânicos indispensáveis para crescimento
saudável dos potros. A necessidade de vitaminas em equinos jovens pode depender
da quantidade de exercício, qualidade de alimento fornecido, e da síntese
microbiana realizada pelo intestino de cada animal em particular.
As vitaminas lipossolúveis e a vitamina D necessitam ser fornecidas na dieta,
pois não são sintetizadas pelo animal, já as vitaminas hidrossolúveis e a vitamina K
são sintetizadas pelo organismo através da digestão microbiana produzida pelo
intestino grosso dos equinos. A dificuldade (distúrbios) na digestão de lipídeos pode
reduzir a absorção de vitaminas lipossolúveis assim como vitaminas hidrossolúveis
podem ter a síntese comprometida com qualquer distúrbio digestivo apresentado
pelo animal (MEYER, 1995).
Os equinos que passam boa parte do dia em pastagens verdes e de boa
qualidade diminuem a probabilidade de apresentarem sintomas de avitaminoses, em
contrapartida a deficiência de vitamina pode ocorrer em potros estabulados ou que
passem pela baixa estação forrageira sem suplementação adequada (CINTRA,
2011).
A síntese intestinal de vitaminas pode ser pouco desenvolvida em animais
jovens ou que estejam sendo submetidos a excesso de trabalho.
38
3.4.5.1. Vitamina A
As provitaminas A são substâncias do grupo dos carotenoides e seu principal
precursor, o beta-caroteno, é encontrado em grandes quantidades em forragens
verdes e alimentos de coloração alaranjada como é o caso da cenoura.
A vitamina A não está presente nos comuns alimentos para equinos, estes
tem que sintetizar essa vitamina por meio do beta-caroteno.
A principal função da vitamina A é a proteção de mucosas de tecido epitelial,
e a falta dela pode causar diminuição de secreção pelas glândulas das mucosas
diminuindo a resistência das mesmas.
O requerimento da vitamina A em potros é alto e mostrado na tabela 8.
Alimentos com altos teores de nitratos podem prejudicar a transformação do beta-
caroteno em vitamina A (MEYER, 1995).
3.4.5.2. Vitamina D
As formas de utilização da vitamina D pelos equinos são as D2 e D3, a
primeira é encontrada nas plantas e em maiores quantidades em folhas secas por
ser formada pela irradiação ultravioleta, a segunda é formada na pele a partir de um
precursor formado pelo organismo por irradiação solar (MEYER, 1995).
A necessidade de vitamina D em animais de crescimento é de em torno de 15
UI/kg PV/dia (tabela 8), três vezes maior do recomendado para equinos adultos.
A vitamina D em sua forma ativa é necessária para a absorção de cálcio pelo
intestino e para a formação óssea. A deficiência dessa vitamina pode provocar no
animal incapacidade de absorção de cálcio e ineficiência de utilização do mesmo,
39
3.4.5.3. Vitamina E
A principal ação da vitamina E nos animais é atuar como antioxidante
protegendo as membranas das células de compostos oxigenados reativos. Essa
vitamina é indispensável para o bom funcionamento da musculatura cardíaca e
esquelética e a sua deficiência leva a distúrbios da permeabilidade de membrana e a
aumento no consumo de oxigênio pelo corpo (Meyer, 1995).
A vitamina E está presente em grandes quantidades na alimentação natural
do equinos, sendo encontrado em maiores proporções em volumosos, grãos de
cereais e principalmente nos óleos extraídos do germe dos cereais, sendo o óleo de
germe de trigo muito utilizado para suplementar a vitamina E em rações comerciais
(LEWIS, 1985).
O uso de selênio adicionado a vitamina E vêm sendo usado no tratamento de
miopatias de esforço e espasmos musculares, já que a deficiências destes podem
causar danos musculares principalmente em animais jovens em treinamento
(LEWIS, 1985).
3.4.5.4. Vitamina K
A vitamina K é sintetizada pelos microorganismos do intestino grosso dos
equinos em quantidades satisfatórias para sua sobrevivência. Em potros lactantes,
que não possuem o trato gastrointestinal completo a vitamina K é ingerida por meio
do leite materno (MEYER, 1995).
Grande responsável pela coagulação sanguínea, a vitamina K é encontrada
em grandes quantidades em alimentos verdes, e sua deficiência é causada
exclusivamente pela ingestão de seus antagonistas como o dicumarol que é
produzido por um fungo que aparece em fenos de trevo doce, e pode causar
diarreias sanguinolentas, hemorragia nasal e hematomas (LEWIS, 1985).
40
3.5.1 Volumosos
O cavalo é um herbívoro monogástrico, portanto sua dieta deve ser
constituída principalmente de alimentos volumosos. De acordo com Cotta et al.
(1988), os volumosos possuem composição que varia em função da espécie, do
estado de vegetação, e da adubação em que foi submetida.
Alimentos volumosos possuem porcentagem de fibra bruta >18% e FDN>35%
são compostos por pastos, capineiras e conservados (feno e silagem).
A utilização de forragens conservadas tem sido a principal fonte de volumoso
ofertada aos animais em haras de criação e em centros de treinamentos, sendo
disponibilizada em cocheiras ou nas áreas destinadas a pastagem. Esse manejo
alimentar é utilizado principalmente pela falta de área disponível para o pastejo e
pela falta de manejo adequado das pastagens (SINGER, 1999).
O menor tempo disponível para o cavalo escolher e colher seu alimento pode
determinar alterações no comportamento alimentar do mesmo alterando assim o seu
bem estar, isso pode ser comprovado pela maior frequência de estereotipias em
equinos estabulados (JOHNSON et al., 1998).
Com o crescente uso de dietas concentradas há o aumento das mudanças no
ecossistema gastrointestinal dos equinos, o que pode levar a alterações na
digestibilidade dos alimentos e a graves consequências fisiológicas nos animais
(MIRAGLIA et al., 2006).
O aporte de fibra na dieta em quantidades satisfatórias favorece uma
fermentação microbiana adequada no trato intestinal, enquanto dietas ricas em
concentrado com inadequado teor de fibras deprimem a fermentação dos equinos.
Brandi e Furtado (2009) citam que a adição segura (em torno de 50%) de
concentrado na dieta favorece a digestibilidade do volumoso.
3.5.1.1. Pastagem
A pastagem é a principal fonte alimentar dos herbívoros, e para os equinos a
forma mais barata de alimentação. Uma área com diversidade de pastagens de
qualidade e com quantidade suficiente permite aos animais a seleção, o que
42
promove melhor qualidade da dieta consumida (DITTRICH et al., 2007). Animais que
possuem acesso a pastagens apresentam características comportamentais que
influenciam na eficiência de criação e na qualidade de vida.
O uso de áreas de pastagem tem como objetivo garantir alimentação contínua
e uniforme aos animais, além de fornecer espaço para movimentação e exercício,
sendo que pequenas áreas de pasto são inapropriadas para cavalos (MEYER,
1995).
O conteúdo nutritivo das forragens utilizadas na nutrição de equinos é
bastante variável de acordo com a espécie, fase de crescimento e estação do ano.
Juntamente a programação de pastagens deve ser considerada a utilização de um
programa de suplementação quando houver baixa na qualidade e na quantidade das
forrageiras.
Uma boa área de pastagem é composta por uma ou mais gramíneas com
uma ou duas leguminosas, o pasto misto tem melhores índices nutricionais, pois
atende vários requerimentos dos animais e sofre menos com a variação climática.
A área de pastagem recomendada por peso vivo de equinos é dada na tabela
9, assumindo que em média um cavalo de dois anos consome 2,5% do seu peso em
matéria seca por dia.
3.5.1.2. Feno
Fenação é o processo de conservação de forragens por meio da
desidratação. Neste processo, o teor de umidade é reduzido de 70 a 80 % para 12 a
15 % por meio da exposição solar. A produção de feno é altamente dependente das
condições climáticas as quais são frequentemente instáveis no período de sua
produção.
A forrageira colhida mais cedo produz um feno de melhor qualidade
nutricional e maior digestibilidade, sendo indicado para a alimentação de potros. A
palatabilidade do material produzido depende de sua composição e do grau de
dessecação atingido, sendo que quanto mais seco for o feno maior será sua
aceitação pelos animais independente de outras características (MEYER, 1995).
A utilização de fenos na alimentação de equinos é muito comum no período
de seca, pela facilidade de armazenamento e fornecimento. Contudo a qualidade do
44
feno a ser fornecido é de suma importância para manter a saúde dos animais. Fenos
poeirentos e com mofo resultam em hipersensibilidade pulmonar podendo
desenvolver a doenças respiratórias, cólicas e alergias. (SOUZA E CARDENA,
2012).
Fenos apresentam baixo teor de caroteno, este já diminui na dessecação a
menos de 10% do valor inicial e segue caindo durante todo o armazenamento. No
entanto a quantidade de vitamina D presente em fenos secados ao sol aumenta.
A quantidade a ser ofertada aos animais deve ser de até 2kg de feno/100 kg
PV/dia. Porém se este for fornecido a animais de trabalho e composto de alfafa ou
de trevo a quantidade deve ser diminuída a 0,5 kg/100 kg PV/dia para evitar maior
ingestão de proteínas e cálcio causando efeitos negativos sobre a digestão
(MEYER, 1995).
3.5.1.3. Capineiras
Capineira é a suplementação de alimento verde fornecido no cocho. Possui
área de cultivo intensivo e o tempo de corte depende da forrageira utilizada. Cintra
(2011) cita que as capineiras devem ser fornecidas ao animal de forma íntegra, sem
que passem pelo processo de diminuição de tamanho de partícula, isso estimula a
mastigação do animal, fundamental para o processo digestivo e evita que o cavalo
ingira talos grosseiros e secos que podem causar cólicas.
As espécies mais utilizadas são capins elefantes, napier e colonião, porém a
melhor espécie a ser utilizada depende da região em que esta inserida a criação de
equinos, no sul do Brasil o azevém é utilizado para esse fim.
A altura de corte depende da espécie utilizada, no capim napier a altura ideal
de corte é de 1,70 metros para a alimentação de equinos. Atrasos no corte causam
perdas nutritivas de até 45%. Apesar do decréscimo da utilização de capineiras com
o maior uso de fenos, esta ainda é uma boa prática de manejo de forragens, sendo
que o uso do capim verde e fresco tem alta aceitabilidade pelos animais (CINTRA,
2011).
concentrados possuem teor de fibra bruta <18% e são compostos por grãos de
cereais, farelos de oleaginosas e suplementos minerais. Os grãos de cereais são
pobres em cálcio, sódio e potássio e ricos em fósforo e magnésio apresentando
baixa relação Ca:P (menor que 1:1) (MEYER, 1995).
Segundo Lewis (1985) os concentrados nunca poderiam compor mais do que
50% da dieta total diária de um cavalo. Ainda de acordo com o mesmo autor,
cuidados devem ser tomados na ingestão de grande carga energética, pois a pausa
e depois o recomeço de ingestão de concentrado pode acarretar problemas como
laminite e azotúria.
Olsson (1976) sugere a taxa de 67% de concentrados na matéria seca para
rações para animais jovens, porém a carga energética excessiva é uma das causas
de epifisite em potros em crescimento.
Dittrich et al. (2010) citam que o uso de concentrados é adotado na maioria
dos haras de criação de equinos, devido a facilidade de aquisição, armazenamento
e disponibilidade desse material em centros comerciais.
3.5.2.5. Melaço
O melaço é rico em açúcares, cálcio, magnésio, potássio, niacina e ácido
pantotênico, e é pobre em tiamina, riboflavina e vitaminas lipossolúveis, e apresenta
57% de nutrientes digestíveis totais sendo considerada uma boa fonte energética
extremamente palatável. A presença de nitrato e o excesso de potássio é uma
limitação do uso de melaço que podem causar diarreia e nefrite (AMICHETTI, 2014).
É encontrado na forma líquida ou em pó, comunmente usado em misturas de
concentrados para aumentar a palatabilidade, diminuir poeira e abrir o apetite dos
animais. Existem diferentes tipos de melaço no mercado, podendo ter composição
oriunda de citros, madeira, amido, cana de açúcar e beterraba (LEWIS, 1985).
4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO
De volta do leilão, os animais que não foram vendidos voltam aos piquetes
em grupos de 10 a 15 animais amadrinhados por uma égua mais velha para facilitar
o manejo e melhorar o bem estar dos potros. O manejo no qual esses animais são
submetidos são o casqueamento mensal, o cabresteamento para se alimentarem
(Figura 2) individualmente e passam um dia da semana em baias (Figura 1).
Casqueamento:
O casqueamento dos animais jovens é feito a cada 30-40 dias e tem como
objetivo a correção de aprumos e manutenção dos cascos. Este processo é feito por
dois funcionários do haras com o auxilio do médico veterinário da propriedade, o
qual anota os desvios de aprumos dos animais que precisam ser corrigidos
facilitando o trabalho dos casqueadores.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 11. Manejo de arraçoamento alimentar dos animais do haras Santa Maria de
Araras
Horário Tipo de alimento
00:00 Volumoso
04:00 Concentrado
16:00 Volumoso + Concentrado
Tabela 13. Quantidades dos alimentos, ajustados pela matéria seca (MS) e seus
nutrientes estimados em proteína bruta (PB), cálcio (Ca) e fósforo (P), fornecidos
aos animais de sobreano do haras Santa Maria de Araras.
Quant.
Alimento Fornecida PB Ca (g) P (g)
(MS) (kg) (g)
Feno de Azevém (kg) 3,52 774,4 24,3 10,2
Azevém in natura (kg) 0,92 202,4 19,3 2,76
Feno de Alfafa (kg) 1,78 391 12,3 5,16
Aveia em grão integral (kg) 4,4 528 2,64 15,4
Conc. 21% (kg) 0,88 184,8 26,4 17,6
Turfsport (kg) 0,88 114,4 8,8 6,16
Núcleo 350 (kg) 0,44 154 13,2 4,84
Carbonato de cálcio (kg) 0,049 0 18,13 0
Kromium (suplemento mineral) (kg) 0,049 0 6,37 3,675
Total 12,918 2349 131,44 65,795
Fonte dos alimentos não industrializados (CINTRA, 2011)
Tabela 14. Comparativo das necessidades nutricionais para a raça P.S.I com as
quantidades de nutrientes fornecidos no Haras Santa Maria de Araras
MS (kg/dia)* PB (g/dia) Ca (g/dia) P (g/dia)
NRC (2007) 11,60 888 36,7 20,4
Haras Sta. Maria de Araras 12,918 2.349 131,4 65,8
*2,5% do PV = 464 kg x 2,5%
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização do estágio obrigatório faz com que o aluno tenha maior relação
com a futura vida profissional, com responsabilidades que diferem muito do
ambiente universitário.
A experiência adquirida com o estágio é o inicio da formação de um bom
profissional zootecnista que precisa aprender a tomar decisões, ter bom
relacionamento com funcionários e com superiores e conviver em um grupo de
pessoas diferentes do que estamos acostumados dentro da universidade. Aprender
a conviver sozinho, em outra cidade e passando por diversas experiências agrega
ao aluno maior confiança para enfrentar o mercado de trabalho.
59
é realizada nem mesmo para alimentos comprados de fora como é o caso da aveia e
do feno de alfafa.
Com esse manejo a economia com alimentos e vermífugos no haras seria
certa, e na zootecnia o que se busca é qualidade do produto final com menor custo
de produção. As sugestões feitas ao haras Santa Maria de Araras tem como objetivo
otimizar a criação e manter a qualidade dos animais lá produzidos.
A oferta de uma dieta equilibrada é o mínimo que podemos fazer aos animais.
Mantê-los presos em baias, ou ate mesmo em piquetes faz com que seu
comportamento natural de buscar alimentos de qualidade e que supram suas
necessidades diárias seja restrito. Deve-se balancear corretamente a ração diária
dos equinos para que os mesmos não sofram com problemas que nós causamos a
eles por excesso de cuidados, fornecendo mais do que precisam. O aumento da
massa muscular, buscado por muitos criadores, depende da genética do animal,
então aumentar a carga diária proteica não aumentará a massa muscular de um
cavalo que não tenha propensão a isso, pelo contrário, o excesso desse nutriente
causa diversas enfermidades a esses animais. Por esse motivo o manejo nutricional
merece maior acompanhamento dentro das propriedades de criação de equinos e o
zootecnista tem o papel de apresentar dieta de qualidade sem faltas nem excessos
de nutrientes garantindo assim melhor convívio dos cavalos junto aos homens.
61
7 REFERÊNCIAS
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ANEXOS
Anexo 1.Termo de compromisso
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