64

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 70

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE ZOOTECNIA

NAYARA OSTAPECHEN CARNEIRO

MANEJO DE CRIAÇÃO DE POTROS DE SOBREANO (1 – 2 ANOS) DA RAÇA


PURO SANGUE INGLÊS

CURITIBA
2015
NAYARA OSTAPECHEN CARNEIRO

MANEJO DE CRIAÇÃO DE POTROS DE SOBREANO (1 – 2 ANOS) DA RAÇA


PURO SANGUE INGLÊS

Trabalho de Conclusão do Curso de


Gradação em Zootecnia da Universidade
Federal do Paraná, apresentado como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Zootecnia.

Supervisor: Prof. Dr. João Ricardo Dittrich

Orientador do Estágio Supervisionado:


Med. Vet. Erika Weber e
Joaquín Lopez de Alda

CURITIBA
2015
DEDICATÓRIA

A Deus, por não me deixar desistir nos momentos difíceis.


A Atena Trouble Ket, Bocaina Bruby Doc e a Itaúna, minhas éguas e
inspirações para este trabalho.

Dedico
AGRADECIMENTOS

À minha família
Ao meu noivo Leandro Saran Chagas
Aos amigos
À Universidade Federal do Paraná
Aos professores, em especial ao meu orientador João Ricardo Dittrich
Aos médicos veterinários Erika Weber e Joaquín Lopez de Alda
EPÍGRAFE

“Quem não cuida e não alimenta seu cavalo não o merece”.

Helmut Meyer
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. BAIAS DE ANIMAIS DA DOMA NA ÁREA DOIS DO HARAS SANTA MARIA DE ARARAS
DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS .................................................................................... 52

FIGURA 2. POTROS SE ALIMENTANDO INDIVIDUALMENTE .................................................. 52

FIGURA 3. MANEJO DE DOMA EM REDONDEL E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA ESSE


ADESTRAMENTO. .................................................................................................. 54
LISTA DE TABELAS

TABELA 1. PRINCIPAIS DOENÇAS QUE ACOMETEM POTROS E SUAS VACINAÇÕES ................ 21

TABELA 2. CRESCIMENTO (DO NASCIMENTO ATÉ OS QUATRO ANOS) DE POTROS DA RAÇA


PURO SANGUE INGLÊS .......................................................................................... 23

TABELA 3. QUANTIDADE DE CONCENTRADO NO ALIMENTO PARA UMA TAXA DE CRESCIMENTO


ÓTIMA* ................................................................................................................. 27

TABELA 4. VALORES DIÁRIOS DE ENERGIA DIGESTÍVEL PARA POTROS EM CRESCIMENTO, EM


MCAL................................................................................................................... 29

TABELA 5. METABÓLITOS DO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS, LIPÍDEOS E PROTEÍNAS NO


PLASMA SANGUÍNEO DOS EQUINOS. ........................................................................ 31

TABELA 6. NECESSIDADES DIÁRIAS DE PROTEÍNA BRUTA EM GRAMAS/DIA PARA POTROS DA


RAÇA PURO SANGUE INGLÊS EM CRESCIMENTO ...................................................... 32

TABELA 7. NECESSIDADES DIÁRIAS DE MINERAIS PARA POTROS EM CRESCIMENTO EM


GRAMAS/DIA OU MG/DIA CONFORME O MINERAL E A IDADE, SEGUNDO O NRC, 2007 ... 34

TABELA 8. RECOMENDAÇÃO PARA A SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA A POTROS. ................... 38

TABELA 9. ÁREA DE PASTAGEM NECESSÁRIA PARA EQUINOS EM DIFERENTES PESOS ......... 42

TABELA 10. PRINCIPAIS ESPÉCIES FORRAGEIRAS USADAS NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS ... 43

TABELA 11. MANEJO DE ARRAÇOAMENTO ALIMENTAR DOS ANIMAIS DO HARAS SANTA MARIA
DE ARARAS .......................................................................................................... 56

TABELA 12. VALORES NUTRICIONAIS DOS ALIMENTOS UTILIZADOS NA DIETA DE POTROS DE


SOBREANO NO HARAS SANTA MARIA DE ARARAS ..................................................... 56

TABELA 13. QUANTIDADES DOS ALIMENTOS, AJUSTADOS PELA MATÉRIA SECA E SUAS
CONTAGENS DE PROTEÍNA BRUTA, CÁLCIO E FÓSFORO, FORNECIDOS AOS ANIMAIS DE

SOBREANO DO HARAS SANTA MARIA DE ARARAS. .................................................... 57

TABELA 14. COMPARATIVO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS PARA A RAÇA P.S.I COM AS
QUANTIDADES DE NUTRIENTES FORNECIDOS NO HARAS SANTA MARIA DE ARARAS..... 57
LISTA DE ABREVIATURAS

a.C - antes de cristo


C – carbono
Ca - cálcio
cm - centímetros
dl - decilitro
DOD – doenças ortopédicas do desenvolvimento
Fe – ferro
g – gramas
GDP – ganho de peso diário
GP – grande prêmio
H - hidrogênio
ha – hectare
kg – quilo gramas
l – litros
ml - mililitros
mmol – milimole
mg – miligrama
MS – matéria seca
N – nitrogênio
NRC – National Research Council
O – oxigênio
P – fósforo
PR – Paraná
P.S.I – Puro Sangue Inglês
PV – peso vivo
R$ - reais
S – enxofre
> - maior
< - menor
% - porcentagem
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
2 OBJETIVO(S) .............................................................................................................. 15
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 16
3.1 A RAÇA PURO SANGUE INGLÊS........................................................................ 16
3.1.1 Histórico da raça no mundo .............................................................................. 16
3.1.2 Histórico da raça no Brasil ................................................................................ 17
3.2 DIVISÃO DAS CATEGORIAS DE POTROS EM CRESCIMENTO DA RAÇA P.S.I.
18
3.2.1 Manejo geral de criação de animais de sobreano ............................................. 19
3.2.2 Taxa de crescimento em potros do desmame até a idade adulta ..................... 22
3.2.3 Doma e adestramento ...................................................................................... 23
3.3 MANEJO ALIMENTAR DE POTROS COM MAIS DE UM ANO ............................. 26
3.4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE POTROS DE SOBREANO ....................... 27
3.4.1 Água ................................................................................................................. 27
3.4.2 Energia ............................................................................................................. 28
3.4.3 Proteínas .......................................................................................................... 31
3.4.4 Minerais ............................................................................................................ 33
3.4.5 Vitaminas.......................................................................................................... 37
3.5 BASE ALIMENTAR DE POTROS DE SOBREANO............................................... 40
3.5.1 Volumosos........................................................................................................ 41
3.5.2 Alimentos concentrados utilizados na formulação de suplementos................... 44
3.6 PRÁTICA ALIMENTAR DOS POTROS DE SOBREANO ...................................... 48
4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ......................................................................................... 50
4.1 PLANO DE ESTÁGIO ................................................................................................ 50
4.2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ......................................................................... 50
4.2.1 Origem do Haras Santa Maria de Araras .......................................................... 50
4.2.2 O haras Santa Maria de Araras em São José dos Pinhais ............................... 51
4.2.3 Manejo de animais do desmame ao sobreano ................................................. 51
4.2.4 Manejo de animais do pós-campanha .............................................................. 54
4.3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS ................................................................ 55
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 56
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 58
7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61
RESUMO

A raça Puro Sangue Inglês se apresenta como uma das principais raças criadas
em todo mundo e o Brasil ocupa o segundo lugar em sua criação na América
Latina. Na produção de cavalos, a categoria de potros é a que necessita de
maiores cuidados nutricionais e de manejo, obtendo destaque dentro do ciclo de
produção de equinos, pelo grande retorno financeiro que traz a propriedade. As
técnicas de manejo apresentadas à categoria de potros de sobreano são de
fundamental importância para o sucesso da atividade. Atividades como doma,
manejo profilático, alimentar e nutricional são as bases da formação de novos
atletas. As possibilidades nutricionais e de manejo para potros mantidos em
haras são grandes. Assim, o objetivo desse trabalho foi descrever as diferentes
interações das práticas da criação de potros com mais de um ano, comparando
com o que foi visto no estágio curricular no haras Santa Maria de Araras em São
José dos Pinhais – PR realizado no período de 05 de agosto a 19 de outubro
para assim fazer uma análise da importância do estágio de conclusão do curso
de Zootecnia para a futura vida profissional do aluno.

Palavras-chaves: cavalos de corrida, equinos, manejo nutricional


13

1 INTRODUÇÃO

A raça Puro Sangue Inglês (P.S.I) se apresenta como uma das principais
raças criadas em todo mundo. O Brasil ocupa o segundo lugar na criação do P.S.I
na América Latina, perdendo apenas para a Argentina na colocação (CURY, 2012).
Na criação de cavalos, a categoria de potros é a que necessita de maiores
cuidados nutricionais e de manejo. Os potros são o futuro da propriedade,
responsáveis pela entrada financeira anual e pela reposição do plantel de
reprodutores dentro dos centros de produção.
A equinocultura, como qualquer outra cultura animal, apresenta êxito quando
apoiada no conhecido tripé da zootecnia: genética-manejo-nutrição. O ganho
genético tem aumentado muito com o decorrer dos anos e com ele a intensificação
das exigências nutricionais e de manejo pelos animais. O potencial genético do
animal só é expressado quando o mesmo está em seu melhor estado nutricional. O
cavalo nutrido adequadamente apresentará bom desempenho de trabalho, saúde
reprodutiva, além de longevidade (SANTOS 1997).
O conhecimento do ambiente de criação como o solo, clima e espécies
vegetais presentes, faz com que o planejamento para alimentar e nutrir potros em
crescimento seja completo. O sucesso dessa criação depende de informações do
comportamento alimentar, das necessidades nutricionais e da fisiologia digestiva da
espécie equina (DITTRICH, 2011).
O conhecimento da fisiologia do aparelho digestivo do animal, como também
a bromatologia dos alimentos é de fundamental importância para evitar deficiências
ou transtornos digestivos nos cavalos. Saber a composição química e os valores de
digestibilidade dos alimentos facilita a formulação de rações mais ajustadas às
exigências em nutrientes e energia dos animais, maximizando o desempenho e
reduzindo os custos.
O manejo adequado é o que respeita a natureza do cavalo, e quando se
respeita a fisiologia do animal este nos recompensa com bom aproveitamento dos
alimentos que lhe são ofertados, explorando o seu potencial genético,
desempenhando assim, sua função atlética dentro das pistas (CINTRA, 2011).
A alimentação dos equinos em haras representa de 70 a 80% dos custos de
criação, e por isso é fator determinante para o sucesso da atividade (QUADROS, et
al., 2004).
14

Nos equinos, fatores como composição dos alimentos, quantidade


consumida, grau de moagem, quantidade de água e fibra contida, velocidade do
trânsito do alimento pelo trato digestivo, condição fisiológica de cada individuo e as
intensidades de trabalho podem afetar na digestão do alimento pelo animal (HINTZ,
1969). A necessidade de observar o cavalo como um único indivíduo é importante
para suprir suas necessidades nutricionais e de manejo e assim lhe oferecer uma
melhor condição de vida.
Ressalta-se a importância de tratar os equinos como herbívoros propiciando o
acesso destes a alimentos volumosos. A inclusão de forragens a dieta dos animais
propicia o bom funcionamento do trato digestivo, assim como cultivo maior de micro-
organismos no intestino grosso. Os fenos de gramíneas ou de leguminosas compõe
a principal origem da fibra dentro da formulação de rações destinadas a equinos
dentro de centros de treinamentos. Os fenos de leguminosas, geralmente, possuem
maiores valores nutricionais quando comparados aos de gramíneas. Porém estes
apresentam menor custo de produção, sendo mais utilizado em haras comerciais
(LEWIS, 1985).
As possibilidades nutricionais e de manejo para potros de sobreano mantidos
em haras são grandes. Assim, o objetivo desse trabalho foi descrever as diferentes
interações das práticas da criação de potros com mais de um ano, ressaltando a
importância da nutrição adequada para essa categoria e evidenciando a contribuição
desses animais dentro do ciclo de produção.
15

2 OBJETIVO(S)

Reunir conhecimentos técnicos sobre forma de revisão bibliográfica que


abordem a criação de potros de sobreano da raça Puro Sangue Inglês alojados em
haras, com intuito de compor a nota parcial de trabalho de conclusão do curso de
Zootecnia e assim obter o título de bacharela em Zootecnia.
16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 A RAÇA PURO SANGUE INGLÊS (P.S.I)

3.1.1 Histórico da raça no mundo


A raça Puro Sangue Inglês (P.S.I) é, sem dúvida, uma das principais raças
de cavalos criadas no mundo. Sua importância se deve ao grande público que ainda
lota jóqueis-clubes para apostar no turfe.
Conhecido também como Puro Sangue de Carreira, Inglês de Corrida e
Thoroughred, o P.S.I apresenta seu primeiro registro genealógico no famoso Stud
Book no ano de 1791, este instituído e publicado pela família Weatherby.
Escriturações antigas mostram que a raça vinha sendo aperfeiçoada desde o fim do
século XVI, porém a raça só foi batizada com o nome de Puro Sangue Inglês no
início do século XIX (TORRES E JARDIM, 1977 e MARQUES, 2010).
Evans et al. (1977) citam que a raça foi composta inicialmente por cruzamento
de cavalos nativos da Inglaterra com éguas rápidas de origem espanhola, turca e
italiana. De acordo com os mesmos autores, no final do século XVIII foram
importados animais das raças Árabe e Bérbere com a finalidade de aumentar a
velocidade do já popular cavalo de carreira. Dentre os animais importados três
garanhões tornaram-se famosos por sua contribuição na raça: Byerley Turk (1684), o
Darley Arabian (1704) e o Gogolphin Arabian, que foram cruzados com as éguas
inglesas e algumas ibéricas. Atualmente, é considerado puro da raça P.S.I o animal
que apresenta no mínimo oito gerações de ancestrais registrados no Stud Book
oficial (CINTRA, 2011).
Como característica desfavorável, o Puro Sangue Inglês tem o temperamento
nervoso como sua principal dificuldade de manejo. Personalidade essa que não
passou por melhoramento genético, já que nesta raça a velocidade é a característica
almejada na seleção dos animais. Com o aumento da velocidade e desempenho na
corrida vem o aumento das necessidades nutricionais pelos futuros atletas, isso se
deve ao regime de criação (artificial) no qual são submetidos.
Com o título da raça mais veloz do mundo, nas distâncias de 800 a 3000
metros, a corrida é sua principal aptidão. Porém, o salto e uso para adestramento
17

também são habilidades cobiçadas entre os criadores, especialmente para os que


utilizam a raça para melhoramento de raças mistas.

3.1.2 Histórico da raça no Brasil


O Brasil ocupa o segundo lugar na criação do cavalo Puro Sangue Inglês na
América do Sul, ficando atrás da Argentina em número de animais. Segundo Cury
(2012) a qualidade dos animais produzidos no Brasil e na Argentina se equivalem, o
que o segundo tem de maior é a produção de novos animais que chega a ser mais
que o triplo da produção brasileira.
O número de exportações de cavalos da Raça Puro Sangue Inglês no Brasil
tem aumentado com o passar dos anos. A qualidade dos animais brasileiros tem
atraído cada vez mais compradores internacionais. Os principais países para qual o
Brasil exporta são os do Mercosul, os Estados Unidos, a África do Sul e os Emirados
Árabes, o ultimo com cada vez mais destaque. No ano de 2014 a exportação de
cavalos para a Dubai superou a para os Estados Unidos, país que normalmente é o
segundo maior comprador de P.S.I brasileiro.
De acordo com Torres e Jardim (1977) todos os cavalos que corriam no turfe
eram utilizados na reprodução, sem qualquer escolha de melhoramento, e isso
mudou a partir do ano 1950. A partir desse ano a preocupação com o melhoramento
genético começou a existir, assim como melhorias no sistema de criação com
assistências veterinárias nas propriedades.
O primeiro Jockey Club brasileiro foi fundado pelo Barão de Caxias e pelo
Conde d’Eu no Rio de Janeiro, e chamava-se Fluminense. No ano de 1871
começara a criação de Puro Sangue Inglês no então Jockey com a égua “Primavera”
que foi também a ganhadora do primeiro título oferecido pelo Fluminense (TORRES
e JARDIM,1977). Ainda de acordo com os autores, no ano de 1970 havia no Brasil
31 espaços para corridas e nove federações hípicas estaduais.
A partir do ano 1875 foi fundado o Jockey Club de São Paulo, e este
contribuiu para a expansão do esporte no país. Em 1932 foi fundado no Rio de
Janeiro o então Jockey Club Brasileiro, este produzido com a junção dos dois clubes
promotores de corridas de cavalos do estado, o Derby Club e o Jockey Club. O
primeiro presidente do então Hipódromo da Gávea foi o Dr. Lineu de Paula
Machado, promotor do turfe no Rio de Janeiro. O primeiro Grande Prêmio Brasil foi
realizado em agosto do ano de 1933, desde então o GP Brasil tem sido a mais
18

importante prova do turfe nacional, reconhecida mundialmente (JOCKEY CLUB


BRASILEIRO, 2015). Atualmente no Brasil não há espaço para cavalos de média
qualidade nos leilões, pois, o custo de criação de potros é alto chegando a R$15 mil
por animal (CURY, 2012).

3.2 DIVISÃO DAS CATEGORIAS DE POTROS EM CRESCIMENTO DA RAÇA


P.S.I.
A categoria de potros é subdividida em lactentes, desmamados, de ano e de
sobreano até irem para o jóquei-clube. A faixa de animais lactentes é do nascimento
a 5 - 7 meses de idade dependendo do manejo de cada propriedade. O manejo com
esses animais é pequeno, já que estes estão ao pé da égua e se alimentam de leite
e de pequenas frações do alimento fornecido a mãe. Porém em algumas
propriedades esses animais já passam por manejos profiláticos como
casqueamento, escovação, vacinação e vermifugação (Tabela 1). Buide (1986)
explica que mesmo que os potros nasçam isentos de parasitas, podem se
contaminar com doenças e infecções nas primeiras semanas de vida, e por isso
devem ser tomadas medidas profiláticas para essa categoria de potros.
O potro desmamado possui em torno de seis meses de idade e apresenta
manejos de separação em lotes uniformes amadrinhados por éguas mais velhas. O
desmame geralmente é traumático tanto para o potro quanto para égua. Porém é
importante para o desenvolvimento do potro, que pode apresentar problemas de
aprumos ou de articulações pelo ato de mamar de mãos abertas ou com os joelhos
dobrados, prática comum em potros desenvolvidos mamando em éguas de baixa
estatura (LEWIS, 1985).
Os animais de um ano podem ser mantidos juntos em lotes de machos e
fêmeas em pastagens amplas para que tenham espaço para se locomoverem e
brincarem a vontade. Apresentam dentro do ciclo de produção animais de pouco
manejo, porém a suplementação proteica e de minerais em animais mantidos
somente em pastagens deve ser realizado afim de promover a eles suficiente
ingestão de nutrientes responsáveis pelo crescimento saudável (MEYER, 1995).
Na categoria de potro de sobreano (1 a 2 anos) na raça do Puro Sangue
Inglês, já começa a ser iniciada a doma de baixo, e assim inicia-se um maior contato
intelectual com o homem tornando o seu manejo mais fácil.
19

Nos equinos essa fase inicial é de importância singular dentro do ciclo de produção,
onde será formada a base para o desempenho futuro do animal.
A criação de potros em haras é destacada como o escopo da produção de
equinos. De acordo McGreevy e McLean (2010), quando se deseja desfrutar o
máximo dos cavalos de esporte e de trabalho, precisa-se levar em conta sua idade e
seu estado fisiológico para ajustar adequadamente os manejos com o
desenvolvimento do animal.

3.2.1 Manejo geral de criação de animais de sobreano


Após o estresse acometido aos potros de desmame, estes necessitam de
cuidados e um manejo específico. O principal manejo que deve ser seguido a essa
categoria é a soltura em piquetes com outros animais da mesma idade, e quando
não for possível um grupo grande, os animais devem ser soltos com pelo menos um
de mesma idade ou amadrinhado por éguas mais velhas. Os equinos são animais
sociáveis que vivem em bando, e quando sozinhos demonstram comportamento
triste e irrequieto.
O manejo de soltar em piquetes os potros após o desmame deve ser mantido
até que tenham atingido a idade adulta (após 36 meses) ou até que esses estejam
sujeitos a trabalho excessivo de treinamento em jóquei, como é o caso da raça em
questão, o Puro Sangue Inglês. Manter os potros em cocheira pode causar danos ao
desenvolvimento muscular e esquelético do animal, além de problemas de aprumos,
elasticidade e qualidade de cascos (TORRES E JARDIM, 1977).
Os piquetes utilizados para a criação de potros em crescimento devem ser os
melhores da propriedade, munido de boas forrageiras e de preferência de relevo
plano para evitar quedas e torções pelos animais. Deve se evitar cercas de arame
farpado nos potreiros, pois aumentam o risco de cortes e feridas.
É nessa fase que começa a chamada “doma de baixo” que necessariamente
é a iniciação dos potros ao convívio humano. Torres e Jardim (1977) indicam como
manejos iniciais o recolhimento dos potros pelo menos uma vez por semana em
baias, a escovação do pelo, o uso de cabresto e o casqueamento mensal.
No Puro Sangue Inglês os animais são enviados ao jóquei em torno de os 24
meses de idade e lá submetidos a treinamentos excessivos e a um manejo diferente
do que estão acostumados nos haras de criação, por isso a importância do inicio da
doma ou doma de baixo (ver item 3.2.3.1), especialmente para essa raça.
20

3.2.1.1 Manejo sanitário


O manejo sanitário nada mais é do que práticas de higiene e limpeza do
animal e de suas instalações e tem como objetivo a profilaxia de possíveis doenças.
O manejo profilático deve ser usado na manutenção de baias e equipamentos, no
armazenamento e fornecimento de ração além do uso de ferramentas como vacinas
para diminuir o risco de afecções nos equinos. O manejo sanitário deve ser rotina
dentro de uma propriedade para potencializar a criação animal.
O primeiro manejo sanitário dentro de um haras de criação é a compostagem
de resíduos. Prática essencial para uma produção sustentável, a técnica de
compostagem é utilizada para estimular a decomposição de produtos orgânicos pela
ação de organismos heterótrofos aeróbios, com a finalidade de obter material rico
em minerais e substâncias húmicas. Utilizada como adubação orgânica essa prática
pode acarretar economias dentro do ciclo de produção.
O controle coproparasitológico é de fundamental importância dentro do
manejo de criação de animais. Tem como objetivo saber quais vermes devem ser
combatidos com o uso de vermífugos.
Torres e Jardim (1977) citam como manejo geral de haras, a primeira
vermifugação de potros com 30 dias de idade, iniciando assim o manejo profilático
contra ecto e endoparasitas desses animais. Essa primeira dose deve ser repetida a
cada 60 dias até os 12 meses de idade para uma proteção completa.

3.2.1.1.1 Vacinação
A vacinação é de fundamental importância para manter a saúde do rebanho.
“A Vacina é a indução de imunidade (produção de anticorpos) em um animal
saudável, através da inoculação de vírus inativo, parte do vírus ou bactéria ou o
vírus atenuado” (CINTRA, 2011).
O calendário de vacinação (tabela 1) deve ser iniciado a partir do 4° mês de
vida do animal e devem-se usar vacinas completas que previnam doenças
exclusivas da espécie equina, de notificação obrigatória, além de zoonoses.
Respeitar o calendário de vacinação diminui prejuízos na produção animal, pois
gasta menos prevenindo do que curando o animal de uma grave enfermidade.
21

Tabela 1. Principais doenças que acometem potros e suas vacinações

Doenças 1° Vacinação Reforço Reforço


Tétano A partir 4° mês Após 30 dias Anual
Influenza A partir 4° mês Após 30 dias Anual
Encefalomielite A partir 4° mês Após 30 dias Anual
Herpes Vírus A partir 4° mês Após 30 dias Anual
Raiva A partir 4° mês Anual Anual
Garrotilho A partir 4° mês A cada seis meses A cada seis meses
Fonte: Adaptado de Cintra (2011).
Manter os animais em piquetes é uma boa forma de diminuir infecções e
aumentar a resistência dos animais, isso é confirmado por Cintra (2011) que cita que
os animais mantidos em piquetes na maior parte do tempo apresentam maior
resistência quando comparados a animais criados em baias, principalmente
tratando-se de doenças que atingem o sistema respiratório.

3.2.1.1.2 Casqueamento
O casco do cavalo é responsável por sua sustentação física e funcional,
sendo assim de fundamental importância para o sistema locomotor e merecedor de
cuidados. A limpeza dos cascos deve ser feita regularmente, e iniciada o quanto
antes, esta prática prolonga a vida do casco e aumenta a probabilidade de detectar
problemas previamente, serve ainda para facilitar o manejo futuro no casqueamento.
De acordo com Torres e Jardim (1977) pés com desvios de aprumos sofrem
desgastes prematuros, prejudicam no andamento e diminuem a resistência dos
equinos.
Parker (2008) cita uma particularidade dos potros: É comum os potros
apresentarem os membros anteriores ligeiramente voltados para fora, em torno de
10 a 15 graus. Porém, conforme o animal cresce, ocorre o desenvolvimento do tórax
e as escápulas vão se distanciando e aprumando os membros para frente até que
estes fiquem retos. Segundo Lins et al. (2008) a correção natural dos membros pode
ocorrer até os quatro meses de idade.
Observar a necessidade de realizar o casqueamento é parte fundamental do
manejo, segundo Cintra (2011) durante a fase de crescimento que se identificam a
22

maior parte das alterações de conformação e aprumos do sistema locomotor dos


cavalos.
De acordo com Parker (2008) o casqueamento é necessário em potros a
partir do segundo mês de vida, e se tem utilizado cada vez mais o casqueamento
corretivo na criação desses animais. Porém de acordo com Canto et al. (2006) o
simples acompanhamento e a utilização da grosa nos cascos desde os primeiros
dias de vida consegue evitar o casqueamento corretivo em potros. As alterações no
sistema locomotor do potro são determinantes para sua futura vida esportiva e suas
consequências podem dar origem a enfermidades graves, podendo comprometer no
seu desempenho (PAGANELA et al., 2010).
O casqueamento em animais jovens vem ganhando espaço entre os
criadores de equinos nos últimos vinte anos, a conformação deficiente nos membros
de potros ocasiona aumento na incidência de lesões musculoesqueléticas em
animais atletas, causando grande perda econômica (SANTSCHI, 2003).
Paganela et al. (2010) sugerem que casqueamento dos animais seja feito a
cada pelo menos 30 dias em potros normais, e a cada 14 dias em potros com
desvios de aprumos, até estes atingirem a forma ideal.

3.2.2 Taxa de crescimento em potros do desmame até a idade adulta


O período de crescimento na espécie equina pode ser dividido em antes e
depois do desmame, que normalmente acontece entre o sétimo e oitavo mês de vida
do potro.
De acordo com Torres e Jardim (1977) cinco anos é a idade considerada
normal em que o cavalo passa para a fase adulta, porém algumas raças precoces
atingem o ápice de sua estatura com quatro anos, como é o caso do Puro Sangue
Inglês. Segundo os mesmos autores, as fêmeas normalmente, apresentam estatura
e peso inferiores aos dos machos.
O puro sangue inglês apresenta maior taxa de crescimento até dois anos de
idade quando comparado a outras raças de cavalos (mestiços e europeus). Como é
considerada uma raça precoce, o maior desenvolvimento do P.S.I se dá até o
segundo ano de vida, obtendo maior porcentagem de crescimento do nascimento a
um ano, conforme mostra a tabela 2. O Puro Sangue Inglês apresenta sua altura
definitiva antes mesmo dos quatro anos de idade, estando completamente
desenvolvido e pronto para o uso em competições (TORRES E JARDIM, 1977).
23

Porém, não é isso que acontece, os animais dessa raça entram em campanha com
dois anos e aos quatro a sua vida atlética provavelmente já tenha terminado.

Tabela 2. Crescimento (do nascimento até os quatro anos) de potros da raça Puro
Sangue Inglês
Idade em meses Estatura (cm) Peso (kg)
altura de cernelha
0 106,1 66,9
1 112,0 98,6
6 135,0 247,1
12 147,1 350,7
18 153,8 447,9
Fonte: Adaptado de Body weight, wither height and growth rates in thoroughbred raised in America,
England, Autralia, New Zealand and India – CLARISSA G, BROWN DOUGLAS E JOE D. PAGAN
(2009).

3.2.3 Doma e adestramento


A doma é parte fundamental no manejo de equinos em haras, principalmente
naqueles que comercializam o animal pronto. Domar significa amansar o animal, e
torna-lo apto a monta.
O exercício de adestramento auxilia no desenvolvimento de músculos,
articulações e nervos do potro, e deve ser iniciado a partir de um ano de idade de
maneira moderada.
“A doma e a educação exercem uma influência considerável sobre a
utilização posterior dos equinos. Um bom cavalo pode se tornar, se não
inutilizado, pelo menos pouco útil quando mal domado, enquanto outros,
possuindo qualidades relativamente bem inferiores, podem transformar-se
em animais valiosos, desenvolvendo ao máximo suas possibilidades inatas
(genéticas).” (TORRES E JARDIM, 1977 p 415).

O adestramento na espécie equina incide na aplicação do termo “Ginástica


funcional”, que nada mais é do que o exercício progressivo e ordenado
principalmente dos sistemas nervoso e locomotor do animal. Na ginástica funcional o
animal é submetido a exercícios que não sobrecarreguem sua capacidade corporal,
a importância do cuidado para que não ocorram excessos se deve porque um potro
em atividade física superior a sua competência pode ter lesões que poderia inutiliza-
lo pelo resto da vida.
24

O objetivo geral da doma e do adestramento é auxiliar o cavalo a desenvolver


a capacidade de executar todos os seus movimentos naturais, tornando-o um animal
flexível, calmo, atento ao cavaleiro e, portanto, agradável de montar.

3.2.3.1. Doma de baixo


Também conhecido como amansamento inicial do potro, trata-se de iniciá-lo
ao convívio junto ao homem. Quando o cavalo é “manso de baixo” deixa-se
encabrestar e ser puxado sem reação negativa, atende ao chamado do tratador,
aceita carinhos e escovações em seu pelo e ainda oferece as patas quando lhe é
pedido.
Para conseguir bons resultados com a doma de baixo, o domador precisa ter
calma e paciência, pois potros são animais assustados e necessitam de cuidados
especiais no inicio de seu contato junto ao homem. Deve ser evitado o uso de outros
animais, como o cachorro, para garantir a tranquilidade do potro.
A doma de baixo, já iniciada desde os primeiros dias de vida do potro, auxilia
muito quando esse animal entra na fase de exercício, a ligação homem-animal já
estará estabelecida diminuindo transtornos durante o treinamento.
Schmidek et al. (2011), ao avaliarem a influência da doma de baixo em potros
desde o nascimento observaram significativas diferenças comportamentais após os
sete meses de idade ao iniciarem o manejo de cabresteamento. Segundo os
mesmos autores, animais conduzidos desde as primeiras semanas de vida com
manejos sanitários e alimentares, apresentaram benefícios na relação com o
homem, melhorando o bem estar do animal.

3.2.3.2. Doma de cima


A doma de cima é caracterizada pelo inicio da monta do cavaleiro sobre o
animal. Só deve ser realizada a doma de cima, quando o animal já tiver passado
pelo processo da doma de baixo, facilitando o manejo e diminuindo riscos para o
treinador e para o animal.
De acordo com Torres e Jardim (1977) a doma de cima ou doma de sela pode
ser realizada quando o animal está com idade suficiente para aguentar o peso dos
equipamentos e do treinador, e isso se dá com três anos e meio a quatro anos e
meio, dependendo da raça. Em cavalos de corrida a doma de cima inicia-se antes
mesmo do animal completar dois anos, são mantidos em um sistema diferente de
25

treinamento porque deverão correr nas raias dos jóqueis clubes com
aproximadamente dois anos e meio de idade.
Sondergaard e Jago (2010) citaram que a doma gentil ou racional é uma
etapa importante na formação futura do cavalo, porém cuidados devem ser tomados
para que não ocorra esforço excessivo durante o treinamento, ela deve ser feita de
acordo com a aptidão física adequada para a idade de desenvolvimento do potro.

3.2.3.3. Doma racional x Doma violenta


Cada vez mais o bem estar tem sido uma preocupação no manejo de criação
animal. De acordo com Dittrich et al. (2010) a busca pelo bem estar animal pode
está relacionada a uma obediência as novas leis de proteção aos animais como
também pode ser movida pela conscientização de que os métodos antigos de
adestramento estão perdendo espaço para o respeito e a paciência da doma
racional.
De acordo com Beck (1985) a doma racional já apresentava relatos desde o
ano 380 a.C em estudos sobre equitação realizado pelo grego Xenofonte, sendo
imprescindível na formação e no desenvolvimento equino influenciando assim no
seu desempenho futuro.
A doma violenta é ainda encontrada em criações extensivas de equinos, é
empregada quando o animal já está perto da idade adulta e não teve durante a fase
de potro nenhum manejo “de baixo”. Essa doma torna-se perigosa, tanto para o
animal quanto para o treinador que se arrisca montar em cavalos jamais tocados.
Diferente do procedimento rústico e atrasado, a doma racional mostra-se
completamente satisfatória nos processos de educação do animal. Com um manejo
gentil o cavalo torna-se um companheiro de trabalho exibindo o seu máximo
desempenho com o mínimo de trabalho para o treinador (BECK, 1985).
Realizada por meio de uma sequência lógica de exercícios executados com
princípios de repetição, continuidade, pressão e alívio, a doma racional tem sua
essência, porém, cada treinador aplica seu método de trabalho com os animais. De
acordo com Diehl (2005) treinar cavalos dessa forma aumenta a aceitação e o
respeito do animal para com o homem, diferentemente da relação de poder e medo
que era adquirido com a antiga doma tradicional.
26

3.3 MANEJO ALIMENTAR DE POTROS COM MAIS DE UM ANO


O manejo nutricional é um dos pontos chave de uma criação bem sucedida e
sem uma base nutricional satisfatória o animal não consegue expressar todo seu
potencial genético diminuindo desempenho de trabalho.
Na equinocultura o foco de produção é formar atletas em potencial, com ótimo
crescimento de estrutura óssea e muscular, sem depósito de gordura. Essa talvez
seja o principal diferencial da produção de equinos em relação às criações
domésticas, o produto final tem que ser atlético e não robusto.
Produzir um “futuro campeão” não é uma tarefa fácil, e um fator que é um dos
principais entraves de uma boa produção de potros é o alto valor econômico
destinado a essa categoria, pois necessitam de manejo geral, alimentar e nutricional
diferenciado.
Há ainda a dificuldade de manter esses animais nutridos corretamente. A
genética é um fator com alta contribuição na formação do animal e na produtividade
em um haras, porém ela só terá êxito quando associada a uma boa nutrição
(CINTRA, 2011). De acordo com Lewis (1985) entende-se por taxa de crescimento
ótimo a qual o animal cresce sem sofrer lesões e epifisite nos membros e sem ter o
crescimento diminuído por falta de nutrientes do concentrado.
Segundo Frape (2014) o desequilíbrio ou a deficiência de nutrientes pode
atingir o crescimento de ossos e cartilagens em potros e isso se dá por uma
alteração dos componentes da estruturação do esqueleto ou pela alteração de
enzimas e hormônios responsáveis pela síntese desses tecidos.
A falta de nutrientes essenciais pode causar problemas ortopédicos nos
animais. Lança (2010) cita como principais a Osteocondrite Dissecante (OCD) de
origem cartilaginosa, a Discondroplasia (DCP), os cistos subcondrais e as epifisites.
De acordo com o mesmo autor, a rápida taxa de crescimento devido a dieta com
excesso de energia ou ofertada em excesso para os animais resultam em potros
acima do peso o que pode gerar uma sobrecarga mecânica e um aumento de DOD.
A taxa de crescimento varia de acordo com a idade, bem como as
necessidades nutricionais (LEWIS, 1985) (Tabela 2).
De acordo com Lança (2009) a taxa de ganho de peso de animais de
sobreano é dependente da alimentação que estão sujeitos, mas, em média é de
0,75-1,25 kg/dia. Ainda segundo o mesmo autor, o consumo dos sobreanos é de em
torno de 2 a 3% de seu peso vivo, sendo considerados 60% a taxa máxima de
27

concentrado na dieta desses animais, aproximadamente 1,0-1,35 kg/100 kg de peso


corporal. Lewis (1985) cita como valor ótimo de quantidade de concentrado na dieta
de sobreanos 0,5-1,0 kg/100 kg de PV (tabela 3).

Tabela 3. Quantidade de concentrado no alimento para uma taxa de crescimento


ótima*
Quantidade de concentrado kg de
concentrado a cada 100 kg de PV/dia
Potro mamando 0,5-0,75
Desmamado 1,0-1,5
De Sobreano para 90% de peso adulto 0,5-1,0
* Para ser suplementado com o volumoso a disposição.
Fonte: Alimentação e cuidados do cavalo – Lon D. Lewis, 1985 p 146.

3.4 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE POTROS DE SOBREANO


Todos os nutrientes têm igual importância para o crescimento e o
desenvolvimento adequado do cavalo. O bom manejo alimentar deve suprir as
necessidades de energia, proteína, macro e microminerais e vitaminas, porém para
potros em crescimento o primeiro objetivo deve ser atingir as necessidades
proteicas, energéticas e por macrominerais (MEYER, 1995).
Animais que crescem rapidamente depositam nutrientes nos ossos, músculos
e no tecido adiposo em maiores quantidades. Necessitando assim de maior
concentração de aminoácidos e minerais, principalmente de lisina, cálcio e fósforo
(LANÇA, 2009).
A nutrição adequada pode garantir o completo desenvolvimento esquelético e
muscular do potro e assim, prepara-lo melhor para corridas de provas em jóquei-
clube. A velocidade de crescimento é uma característica genética, porém sua
manifestação em desenvolvimento potencial está fortemente ligada a base
nutricional do animal (GARCIA et al., 2011).

3.4.1 Água
A água é de fundamental importância para os seres vivos, ela é responsável
por processos metabólicos dentro do corpo do animal. Segundo Lewis (1985) a
quantidade necessária de água para um cavalo é de 42 a 50 ml/kg. É importante
28

fornecer água limpa, fresca e de boa qualidade aos animais, o consumo diário pelo
animal é variável, e depende do seu estado físico e fisiológico.
As formas mais frequentes de eliminação de água pelo animal são pelo suor,
pelas fezes e por secreções lácteas em éguas em lactação. A eliminação da água
pela pele através do suor chega a ser maior do que 5 litros/100kg de peso vivo por
dia em trabalho intenso (MEYER, 1995).

3.4.2 Energia
Energia não é nutriente, mas sim o produto da oxidação dos nutrientes, ela é
utilizada como matéria prima para construção de tecidos e sínteses de nutrientes.
Todos os nutrientes orgânicos estão envolvidos em transferência de energia e ela é
de fundamental importância na dieta de cavalos atletas, possui o carboidrato
proveniente do amido e da celulose como sua principal fonte na alimentação dos
equinos. A necessidade em energia de potros em crescimento está diretamente
associada ao ganho de peso esperado, ao peso atual e à idade em meses do animal
(CINTRA, 2011).
De acordo com Lewis (1985) do total consumido pelo animal, 80 a 90% são
usados para suprir a carga energética diária do mesmo, e a porcentagem necessária
diariamente é dependente do estado fisiológico e da intensidade de trabalho no qual
o cavalo está submetido.
A falta ou o excesso de energia na dieta é facilmente percebido observando o
estado físico do animal (abaixo ou acima do peso). Segundo Carvalho & Haddad
(1987), a forma prática para se avaliar a condição corporal dos equinos é passando
as pontas dos dedos sobre as costelas no sentido longitudinal do corpo, e quando o
animal está com a condição corporal boa o observador sente as costelas no tato,
mas não consegue vê-las.
A energia é a única variável facilmente visualizada nos animais, a deficiência
energética na alimentação de potros normalmente é o primeiro fator limitante ao
crescimento.
29

Tabela 4. Valores diários de energia digestível para potros em crescimento, em Mcal


Peso Idade Peso GMD (kg) ED (2007) ED (1989)
adulto (kg) (meses) médio (kg)
500 4 168 0,84 13,3 14,1
6 216 0,72 15,5 15,8
12 321 0,45 18,8 18,0
18 387 0,29 19,2 18,4
24 429 0,18 18,7 17,8
ED= energia digestível; GMD= ganho médio diário
Fonte: Adaptado de Cintra (2011) e do NRC (2007).

3.4.2.1. Lipídeos
Os lipídeos são a fonte de energia de mais alta digestibilidade podendo
alcançar 90% ou mais (MEYER, 1995). Evans et al. (1979) afirmam que os lipídeos
apresentam alta digestibilidade e alta aceitação entre os equinos, tornando-se boas
fontes de energia para esses animais. A adição de lipídeos como fonte energética na
alimentação de cavalos atletas tem sido cada vez mais cotada por proprietários e
profissionais da área equestre (DITTRICH et al., 2000).
A utilização de dietas mais energéticas que contem gordura de origem animal
ou vegetal pode melhorar o desempenho de cavalos de corrida durante provas de
curtas distâncias e alta intensidade, pois o fornecimento de lipídeos na dieta melhora
a capacidade anaeróbica dos equinos (HARKINS et al., 1992; EATON et al., 1995;
citado por DITTRICH et al., 2000).
O uso de carboidratos na alimentação de equinos faz com que o músculo
tenha glicogênio armazenado para uso, porém a utilização de glicogênio aumenta a
fadiga muscular causada pela geração de lactato pelo músculo, o que é ruim em
provas de resistência. Porém com dietas com adição de gordura o organismo tem
prontamente ácidos graxos de cadeia curta no tecido adiposo e no fígado que
podem ser usados rapidamente pelo animal quando este libera adrenalina durante o
exercício físico (VELBERG, 1996, citado por DITTRICH et. al 2000).

3.4.2.2. Carboidratos
Carboidratos na dieta dos equinos são provenientes principalmente de
volumosos (celulose) e grãos (amido).
Os açucares contidos nos alimentos são, se solúveis ou prensados
para fora do alimento, digeridos e absorvidos no intestino delgado. Os
30

açucares simples (glicose e frutose) atingem o sistema porta de uma


maneira imediata através da parede do intestino. Dos dissacarídeos a
sacarose não é degradada no intestino do potro, só a partir do sétimo mês
de vida a atividade da sacarase do epitélio duodenal é suficiente para que
quantidades maiores desse açúcar possam ser degradadas e absorvidas.
Em contra partida, somente o potro é capaz de utilizar lactose. A enzima
necessária para sua degradação (lactase) é demonstrável somente em
animais de até 2-3 anos de idade. Pequenas quantidades de lactose (até
1g/kg PV/dia) podem ser utilizadas em animais adultos, nos quais esse
açúcar mormente atinge o intestino grosso sem sofrer alteração, para
estimular a flora inativa deste. Quantidades maiores (mais que 2g/kg PV/dia)
levam, através de processos fermentativos à perturbações no intestino
grosso (fezes aquosas) (HELMUT MEYER, 1995, p 46).

A digestão do amido é feita no intestino delgado por meio da ação das


enzimas amilase e maltase fazendo assim a liberação do açúcar para posterior
absorção.
Os hidratos de carbono não deteriorados por enzimas produzidas pelo animal,
como é o caso da celulose, hemicelulose e pectina precisam do auxilio de micro-
organismos para sua degradação e isso ocorre no intestino grosso. De acordo com
Meyer (1995) é a partir dessa degradação bacteriana que esses carboidratos
formam ácidos graxos voláteis, capazes de atravessar a parede intestinal servindo
assim como substrato para obtenção de energia.
O consumo de açucares ou amido proporciona energia de forma rápida e de
fluxo intermitente, enquanto dietas com maior porcentagem de fibras apresentam
disposição do fluxo energético lento e contínuo sendo assim, “Rações com uma boa
relação de concentrado-volumoso garantem um fluxo constante de substâncias
energéticas do trato digestivo” (MEYER, 1995).
O ponto dos metabólitos oriundos da degradação de carboidratos e lipídeos
no sangue é definido pela alimentação e pela atividade física que o animal está
sujeito (tabela 5).
31

Tabela 5. Metabólitos do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas no


plasma sanguíneo dos equinos.
Durante ou imediatamente
Jejum pós exercícios
Glicose mmol/l 4,4-5,5¹ 5
Ácido pirúvico mmol/l 0,04 0,06
Ácido lático mmol/l 1,0 10 (até 25)
Ácidos graxos voláteis mmol/l 4-6
Ácidos graxos livres mmol/l 0,06-0,3 até 1,25
Triglicerídeos mmol/l 0,2-0,4 0,4-0,6
Proteína total g/dl 6-7
Uréia Mg/dl 20/30
¹ 80-100 mg/dl.
Segundo Kennedy e Little, 1966; Lieb et all, 1970; Argenzio e Hintz, 1971; Robie et all, 1975; Rose et
all, 1980; Rose e Sampson, 1982; Unkel, 1984; Gazzola et all, 1984.
Fonte: Alimentação de cavalos – HELMUT MEYER, 1995 p 66.
Conforme a tabela 5 Meyer (1995) cita “A glicemia que em jejum se mantém
entre 80 a 100 mg/dl, após refeições ricas em amido ou açúcar pode subir a
150 mg/dl num prazo de 2 – 3 h. Se os cavalos não estão adaptados a esse
tipo de ração se segue a esta hiperglicemia (devido a uma
hipercompensação) uma hipoglicemia. Durante a movimentação, o nível de
glicose no sangue normalmente sobe, mas em cascos de trabalhos fortes e
de longa duração (fatigantes), pode cair a níveis críticos (hipoglicemia)”.
3.4.3 Proteínas
As proteínas são polímeros de aminoácidos ligados por ligações peptídicas.
Encontra-se em todas as células e participa de inúmeras reações químicas vitais do
metabolismo animal. Apresenta como sua principal função a estruturação dos
tecidos moles do corpo: músculo, tecido conjuntivo, pele e pelo.
São consideradas proteínas de boa qualidade aquelas que apresentam todos
os aminoácidos essenciais¹ em sua composição.
Os aminoácidos são compostos a base de C, H, O e N podendo conter em
alguns casos S, Fe e P. Segundo Lewis (1985) o carbono presente nos aminoácidos
é oxidado pelo animal para a produção de energia e de acordo com o mesmo autor,
a quantidade de proteína de um alimento é determinada pela quantidade de
nitrogênio deste, seguindo que a maioria das proteínas possui em torno de 16% de
nitrogênio.
A digestão da proteína inicia-se no estômago e é continuada pelas peptidades
presentes no intestino delgado responsáveis pela quebra da molécula da proteína
em dipeptídeos e aminoácidos (MEYER, 1995). A qualidade de proteína é
32

identificada pelo perfil de aminoácidos essenciais, o qual é variável entre os tipos de


volumosos e concentrados.
De acordo com Meyer (1995) a qualidade da proteína é relevante até o potro
atingir no mínimo 8-9 meses de idade, este apresenta necessidade em lisina de
7g/kg de alimento. Segundo estudos feitos pelo mesmo autor potros alimentados ao
desmame com dieta de alto valor biológico com 115g de proteína bruta/1kg,
obtiveram crescimento melhorado até os 8 meses de idade.
Os excessos de proteína na dieta causam aumento da flora patogênica no
intestino grosso e como consequencia enterotoxemia, problemas hepáticos,
emagrecimento, problemas renais, má recuperação após o esforço, transpiração
excessiva (perdas excessivas de eletrólitos), cólicas, timpanismo, e dismicrobismo
(alteração da flora intestinal) podendo levar a quadros de laminite (CINTRA, 2009).
A proteína não utilizada pelo organismo é transformada em átomos de
nitrogênio os quais se ligam a amônia e a uréia que são excretadas pela urina o que
causa forte odor. As proteínas são filtradas pelo sangue antes de serem excretadas,
e quando em excesso sobrecarregam os rins e o fígado. Do mesmo modo, a
demasia desse nutriente pode interferir na absorção de cálcio e fósforo (LEPKA,
2015).

Tabela 6. Necessidades diárias de proteína bruta em gramas/dia para potros da raça


Puro Sangue Inglês em crescimento
Idade (meses) PM (kg) GMD (kg) PB(g)*
4 168 0,84 669
6 216 0,72 676
12 321 0,45 846
18 387 0,29 906
24 429 0,18 888
* Necessidade de proteína bruta em trabalho moderado
PM= peso médio; GMD= ganho médio diário; PB = proteína bruta
Fonte: Adaptado do NRC (2007)

3.4.3.1. Lisina
A lisina é considerada um aminoácido essencial para os animais, que ao
contrário das plantas não possuem a capacidade de sintetiza-lo e necessitam
absorve-lo por meio da alimentação. Para a espécie equina, a lisina é também o
aminoácido limitante sendo requerida em quantidades que os ingredientes da dieta
33

não conseguem suprir as exigências do animal (necessita suplementação com


aminoácidos industriais). Segundo Lewis (1985) a lisina é importante para o
crescimento de potros até a idade adulta.
Cotta et al. (1988) observaram maior ganho de peso diário em potros
suplementados com lisina e vitaminas. Segundo os mesmos autores esse maior
GPD se deve por uma melhora no aproveitamento dos alimentos ingeridos pelos
animais, como também, pelo aumento no apetite que leva a uma maior ingestão de
matéria seca.
Alguns alimentos podem ser usados como suplemento de lisina pela alta
porcentagem deste aminoácido, o farelo de soja é um alimento rico em lisina e
metionina e o uso de derivados de leite usado na alimentação de potros para a
suplementação de lisina é citado por Souza e Cardena (2012) que indicam como
quantidades usuais para as diferentes idades são as seguintes: até seis meses 1 a 2
litros por dia; dos 6 a 12 meses 4 litros por dia e dos 12 aos 24 meses 4 a 6 litros por
dia. O NRC (2007) menciona que multiplicando a necessidade proteica diária do
animal por 4,3% encontra-se a necessidade de lisina do mesmo.

3.4.4 Minerais
Os minerais são divididos em dois grupos, os macrominerais e os
microminerais. Os macrominerais são aqueles que possuem a necessidade diária é
maior que 100 mg. Tem como principais funções a estrutura e formação dos ossos,
regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas. Os microminerais
apresentam requerimentos inferior a 100mg por dia e estão relacionadas à reações
bioquímicas, ao sistema imunológico e ação antioxidante. Os macro e microminerais
estão descritos na tabela 7, assim como as necessidades desses elementos para
potros em crescimento.
Equinos destinados ao esporte necessitam de maior quantidade de matéria
mineral nos ossos, pois esta determinará a resistência quanto ao estresse físico em
que estarão sujeitos. A qualidade óssea de animais da raça Puro Sangue Inglês é
proveniente da genética. Porém, é bastante influenciada pelo ambiente. O manejo
de criação, alimentação, suplementação e profilaxia contra doenças podem
influenciar no desenvolvimento de potros.
34

Segundo estudos realizados por Filho e Sterman (2004) não há diferença


significativa na densidade óssea de machos e fêmeas da mesma raça. Mas com o
aumento da idade aumenta a estrutura óssea no animal.
De acordo com Garrison (2007) é considerado um erro alimentar cavalos de
corrida recém iniciados em treinamentos com rações que possuem formulação para
animais adultos, com grande carga energética e que não está programada para
potros em crescimento, pois estes necessitam manter alta absorção de cálcio,
fósforo e minerais.
As necessidades por minerais de potros de 12 a 18 meses diferencia pouco
das necessidades de potros de 18 a 24 meses de idade, apenas com reduções em
alguns minerais, conforme mostra a tabela 7.

Tabela 7. Necessidades diárias de minerais para potros em crescimento em


gramas/dia ou mg/dia conforme o mineral e a idade, segundo o NRC, 2007
Nutriente mineral 12 a 18 meses 18 a 24 meses
Relação Ca: P (ideal) 1,8:1 1,8:1
Cálcio (g) 37,4 36,9
Fósforo (g) 20,8 20,5
Magnésio (g) 5,8 6,5
Sódio (g) 7,5 8,4
Potássio (g) 18,8 23,0
Cloro (g) 29,3 33,7
Enxofre (g) 13,3 14,5
Cobalto (mg) 0,45 0,5
Cobre (mg) 88,5 96,9
Iodo (mg) 3,1 3,6
Ferro (mg) 443 511
Manganês (mg) 354,4 387,5
Selênio (mg) 0,89 0,97
Zinco (mg) 354,4 387,5
Ca:P= cálcio:fósforo;
Fonte: Adaptado de National Research Council (2007)

3.4.4.1 Cálcio (Ca) e Fósforo (P)


A probabilidade de equinos apresentarem deficiência de cálcio e fósforo é
alta. Sabe-se que estes componentes minerais representam 70% do organismo do
animal e a maior porcentagem concentra-se nos ossos e dentes. As exigências
dadas na Tabela 7 pressupõem que 55% do cálcio e 35% do fósforo serão
absorvidos, porém vários fatores poderão diminuir a capacidade de absorção, como
o fitato e o oxalato (LEWIS,1985).
35

O cálcio circula somente em pequenas quantidades no sangue. Em


caso de uma suplementação insuficiente, a calcemia é mantida num nível
normal por mobilização do cálcio do esqueleto, enquanto que numa
administração excessiva de cálcio o seu nível sanguíneo pode subir até
mais que 14,5 mg/dl algumas horas após a refeição. Uma parte do excesso
de cálcio é eliminada pelo rim. (HELMUT MEYER, 1995, p 83).
A perda de cálcio e fósforo em animais em manutenção é dada pelas fezes e
urina e esta perda torna-se o requerimento diário dado pela tabela 6 desses
elementos pelo animal. Já em animais de trabalho, essa perda acontece também
através do suor, aumentando assim, a necessidade de cálcio e fósforo requeridos
diariamente (MEYER, 1995).
De acordo com estudos realizados por Furtado et al. (2009) na espécie
equina o excesso de cálcio é excretado pelas fezes, constituindo um mecanismo de
homeostasia para o controle desse mineral pelo animal.
Em potros, a relação cálcio:fósforo é o desequilíbrio nutricional de minerais
mais frequente na alimentação (CAPEN, 1980).
Segundo Meyer (1995), a necessidade de fósforo pelos equinos é maior
quando este é exposto a uma dieta rica em proteínas, pois há uma maior excreção
renal desse elemento.
A necessidade de cálcio e fósforo nas primeiras semanas de vida dos potros
é singularmente alta e os valores absolutos não se adulteram excessivamente com o
decorrer da idade, mesmo com a diminuição do requerimento para a formação do
esqueleto e dos dentes há aumento da necessidade desses nutrientes para a
manutenção diária do animal (MEYER,1995).
No animal jovem a relação Ca/P é muito estreita, de modo que cuidados
devem ser tomados para manter um equilíbrio desses minerais na dieta (LANÇA,
2009).
A maioria das rações convencionais não apresenta o aporte de cálcio
necessário para os equinos, isso se dá pelos ingredientes que fazem parte da
composição da ração. A aveia e o feno de corte precoce são exemplos de
ingredientes insuficientes em cálcio. A insuficiência de Ca pode ser agravada com
dietas ricas em farelo de trigo, ingrediente com excessivo teor de P. De acordo com
a tabela 6, a relação cálcio e fósforo ideal para potros de sobreano é de 1,8:1.
A falta de cálcio nos equinos podem causar distúrbios graves (hipocalcemia)
que pode ocasionar em osteodistrofia fibrosa generalizada, e em animais jovens é
36

comum o crescimento dos ossos faciais, processo conhecido como cara inchada. O
excesso de cálcio é bem tolerado pela espécie equina dentro dos limites de até três
vezes a mais a suplementação normal (MEYER, 1995).
Mesmo com a ração apresentando todas as exigências de cálcio, certa
quantidade inadequada será absorvida, levando a uma deficiência desse mineral.
Por esse motivo Lewis (1985) cita a importância de deixar o sal mineral disponível
para o consumo pelos equinos.
O fósforo normalmente é encontrado em quantidades satisfatórias em
alimentos para equinos, a sua insuficiência é encontrada em pastagens pobres em P
quando as mesmas estão velhas e lignificadas.

3.4.4.2 Sódio (Na) e Cloro (Cl)


Esses macrominerais são fundamentais para a regulação e manutenção da
pressão osmótica do fluido extracelular, regulação do pH e para o equilíbrio hídrico
(MEYER, 1995). Ainda segundo o autor, a necessidade de Na em um cavalo de 500
kg em manutenção é de 10g/dia e de Cl é de 40g/dia, estes valores são suficientes
para cobrir as perdas dos nutrientes durante o dia. Com o animal em trabalho, essas
perdas através do suor aumentam suas necessidades diárias desses compostos
sendo de até 96 g/dia de sódio e até 177 g/dia de cloro, dependendo da intensidade
do trabalho.
Segundo Meyer (1995), a suplementação de sódio para a espécie equina é na
maioria das vezes insatisfatória, isso se dá pela falta de sódio nos alimentos base da
dieta dos animais. O autor relata que alimentos verdes possuem níveis abaixo de 0,5
g/kg e nos grãos esse valor é inferior, cerca de 0,3 g/kg de sódio no grão de aveia
como exemplo.
A maior perda de sódio, cloro e potássio foi relatado por Titto et al. (2009).
Esses nutrientes são perdidos na forma de suor e urina e quando comparada a
perda de cálcio são mais significativos, principalmente na sudorese de equinos
submetidos a trabalho intenso ou a regiões de clima quente o que eleva a
necessidade de suplementação desses macrominerais.
A ingestão excessiva de Na ocorre com mais frequência em animais jovens,
por inexperiência lambem com maior frequência o sal oferecido podendo causar
diarreia, urina em excesso e em casos extremos problemas neurológicos (MEYER,
1995).
37

O sódio na maioria das vezes não está disponível em pastagens em


quantidades suficientes para potros de sobreano. Porém, esse macromineral é
importante para o crescimento e por isso a suplementação desse mineral se faz
necessária quando os animais são mantidos em criações extensivas.
A ingestão voluntária do sal comum pode ser utilizada para suplementar os
outros minerais com o fornecimento de sal mineral que possui fontes de macro e
microelementos minerais importantes para a nutrição animal.

3.4.5 Vitaminas
Vitaminas são compostos orgânicos indispensáveis para crescimento
saudável dos potros. A necessidade de vitaminas em equinos jovens pode depender
da quantidade de exercício, qualidade de alimento fornecido, e da síntese
microbiana realizada pelo intestino de cada animal em particular.
As vitaminas lipossolúveis e a vitamina D necessitam ser fornecidas na dieta,
pois não são sintetizadas pelo animal, já as vitaminas hidrossolúveis e a vitamina K
são sintetizadas pelo organismo através da digestão microbiana produzida pelo
intestino grosso dos equinos. A dificuldade (distúrbios) na digestão de lipídeos pode
reduzir a absorção de vitaminas lipossolúveis assim como vitaminas hidrossolúveis
podem ter a síntese comprometida com qualquer distúrbio digestivo apresentado
pelo animal (MEYER, 1995).
Os equinos que passam boa parte do dia em pastagens verdes e de boa
qualidade diminuem a probabilidade de apresentarem sintomas de avitaminoses, em
contrapartida a deficiência de vitamina pode ocorrer em potros estabulados ou que
passem pela baixa estação forrageira sem suplementação adequada (CINTRA,
2011).
A síntese intestinal de vitaminas pode ser pouco desenvolvida em animais
jovens ou que estejam sendo submetidos a excesso de trabalho.
38

Tabela 8. Recomendação para a suplementação vitamínica a potros.


Nutriente Potros (Meyer, Potros 12 a 18 Potros 18 a 24
1995) meses (NRC, meses (NRC,
2007) 2007)
Vitamina A UI/kg PV 150-200 45 45
Vitamina D UI/kg PV 15 15,9 13,7
Vitamina E mg/kg PV 1 2 2
Vitamina B1 mg/kg 3 0,075 0,075
alimento - MS
Vitamina B2 mg/kg 2,5 0,050 0,050
alimento - MS
Biotina mg/kg 0,1 - -
alimento - MS
Fonte: Adaptado de Meyer, 1995 e NRC 2007.

3.4.5.1. Vitamina A
As provitaminas A são substâncias do grupo dos carotenoides e seu principal
precursor, o beta-caroteno, é encontrado em grandes quantidades em forragens
verdes e alimentos de coloração alaranjada como é o caso da cenoura.
A vitamina A não está presente nos comuns alimentos para equinos, estes
tem que sintetizar essa vitamina por meio do beta-caroteno.
A principal função da vitamina A é a proteção de mucosas de tecido epitelial,
e a falta dela pode causar diminuição de secreção pelas glândulas das mucosas
diminuindo a resistência das mesmas.
O requerimento da vitamina A em potros é alto e mostrado na tabela 8.
Alimentos com altos teores de nitratos podem prejudicar a transformação do beta-
caroteno em vitamina A (MEYER, 1995).

3.4.5.2. Vitamina D
As formas de utilização da vitamina D pelos equinos são as D2 e D3, a
primeira é encontrada nas plantas e em maiores quantidades em folhas secas por
ser formada pela irradiação ultravioleta, a segunda é formada na pele a partir de um
precursor formado pelo organismo por irradiação solar (MEYER, 1995).
A necessidade de vitamina D em animais de crescimento é de em torno de 15
UI/kg PV/dia (tabela 8), três vezes maior do recomendado para equinos adultos.
A vitamina D em sua forma ativa é necessária para a absorção de cálcio pelo
intestino e para a formação óssea. A deficiência dessa vitamina pode provocar no
animal incapacidade de absorção de cálcio e ineficiência de utilização do mesmo,
39

porém o excesso também é prejudicial, podendo causar deposição óssea anormal


nos tecidos moles pelo excesso do mineral no plasma sanguíneo. (LEWIS, 1985).
A falta de sol pode causar deficiência de vitamina D em cavalos estabulados,
Meyer (1995) cita o feno secado ao sol como fonte de vitamina D2, porém uma
suplementação deve ser realizada para que esses animais adquiram o colecalciferol
(vitamina D3).

3.4.5.3. Vitamina E
A principal ação da vitamina E nos animais é atuar como antioxidante
protegendo as membranas das células de compostos oxigenados reativos. Essa
vitamina é indispensável para o bom funcionamento da musculatura cardíaca e
esquelética e a sua deficiência leva a distúrbios da permeabilidade de membrana e a
aumento no consumo de oxigênio pelo corpo (Meyer, 1995).
A vitamina E está presente em grandes quantidades na alimentação natural
do equinos, sendo encontrado em maiores proporções em volumosos, grãos de
cereais e principalmente nos óleos extraídos do germe dos cereais, sendo o óleo de
germe de trigo muito utilizado para suplementar a vitamina E em rações comerciais
(LEWIS, 1985).
O uso de selênio adicionado a vitamina E vêm sendo usado no tratamento de
miopatias de esforço e espasmos musculares, já que a deficiências destes podem
causar danos musculares principalmente em animais jovens em treinamento
(LEWIS, 1985).

3.4.5.4. Vitamina K
A vitamina K é sintetizada pelos microorganismos do intestino grosso dos
equinos em quantidades satisfatórias para sua sobrevivência. Em potros lactantes,
que não possuem o trato gastrointestinal completo a vitamina K é ingerida por meio
do leite materno (MEYER, 1995).
Grande responsável pela coagulação sanguínea, a vitamina K é encontrada
em grandes quantidades em alimentos verdes, e sua deficiência é causada
exclusivamente pela ingestão de seus antagonistas como o dicumarol que é
produzido por um fungo que aparece em fenos de trevo doce, e pode causar
diarreias sanguinolentas, hemorragia nasal e hematomas (LEWIS, 1985).
40

3.4.5.5. Vitaminas hidrossolúveis


Esse grupo de vitaminas é composto pelo complexo B e pela vitamina C.
Como são sintetizadas pelo trato intestinal dos equinos e estão presentes em grande
parte dos alimentos naturais da espécie, a carência dessas vitaminas é rara em
cavalos. Porém em potros que ainda não apresentam a microbiota bem
desenvolvida, a deficiência pode ser observada principalmente porque “as vitaminas
do complexo B, com exceção da B12, não podem ser armazenadas no organismo”
(MEYER, 1995).
As vitaminas do complexo B podem abrir o apetite e estimular o consumo de
alimento, sendo benéfica em animais doentes ou sem apetite. Estudos realizados
por Meyer (1995) mostram que em cavalos com falta de apetite sem causa definida
o fornecimento de 50g/100kg PV/dia de alimentos ricos em vitaminas B como é o
caso da levedura de cerveja seca e gérmen de trigo, apresentaram resultados
satisfatórios.

3.5 BASE ALIMENTAR DE POTROS DE SOBREANO


Alimentos que possuem boa qualidade de nutrientes fornecem a base para
apoiar o crescimento saudável dos potros. Portanto, escolher ingredientes
adequados é vital para o sucesso da produção de equinos em crescimento (LANÇA
2010).
Os comuns alimentos fornecidos para a espécie equina são classificados em
três categorias: volumosos, concentrados e suplementos. Os volumosos incluem
pastagens, palhas, culturas forrageiras e silagens e possuem alto teor de fibras e
relativamente baixo teor em energia e proteína. Concentrados possuem baixo teor
de fibras e alto valor energético, incluem grãos e seus subprodutos.
Os suplementos alimentares são utilizados para balancear as dietas dos
animais, ajustando possíveis deficiências proteicas ou de minerais. A matéria prima
utilizada na fabricação de suplementos proteicos pode ser de origem animal e
vegetal, e suplementos minerais são oriundos de substâncias orgânicas e
inorgânicas.
O tipo de alimento, sua qualidade, quantidade e o tempo disponível para os
animais se alimentarem são fatores que podem melhorar as estratégias de manejo
de alimentação dos equinos tanto em haras de criação como em centros de
treinamento (DITTRICH et al., 2010)
41

Nos alimentos há grande variação bromatológica dos nutrientes, por isso a


importância de analisar ingredientes da dieta com frequência para uma nutrição
equilibrada.

3.5.1 Volumosos
O cavalo é um herbívoro monogástrico, portanto sua dieta deve ser
constituída principalmente de alimentos volumosos. De acordo com Cotta et al.
(1988), os volumosos possuem composição que varia em função da espécie, do
estado de vegetação, e da adubação em que foi submetida.
Alimentos volumosos possuem porcentagem de fibra bruta >18% e FDN>35%
são compostos por pastos, capineiras e conservados (feno e silagem).
A utilização de forragens conservadas tem sido a principal fonte de volumoso
ofertada aos animais em haras de criação e em centros de treinamentos, sendo
disponibilizada em cocheiras ou nas áreas destinadas a pastagem. Esse manejo
alimentar é utilizado principalmente pela falta de área disponível para o pastejo e
pela falta de manejo adequado das pastagens (SINGER, 1999).
O menor tempo disponível para o cavalo escolher e colher seu alimento pode
determinar alterações no comportamento alimentar do mesmo alterando assim o seu
bem estar, isso pode ser comprovado pela maior frequência de estereotipias em
equinos estabulados (JOHNSON et al., 1998).
Com o crescente uso de dietas concentradas há o aumento das mudanças no
ecossistema gastrointestinal dos equinos, o que pode levar a alterações na
digestibilidade dos alimentos e a graves consequências fisiológicas nos animais
(MIRAGLIA et al., 2006).
O aporte de fibra na dieta em quantidades satisfatórias favorece uma
fermentação microbiana adequada no trato intestinal, enquanto dietas ricas em
concentrado com inadequado teor de fibras deprimem a fermentação dos equinos.
Brandi e Furtado (2009) citam que a adição segura (em torno de 50%) de
concentrado na dieta favorece a digestibilidade do volumoso.

3.5.1.1. Pastagem
A pastagem é a principal fonte alimentar dos herbívoros, e para os equinos a
forma mais barata de alimentação. Uma área com diversidade de pastagens de
qualidade e com quantidade suficiente permite aos animais a seleção, o que
42

promove melhor qualidade da dieta consumida (DITTRICH et al., 2007). Animais que
possuem acesso a pastagens apresentam características comportamentais que
influenciam na eficiência de criação e na qualidade de vida.
O uso de áreas de pastagem tem como objetivo garantir alimentação contínua
e uniforme aos animais, além de fornecer espaço para movimentação e exercício,
sendo que pequenas áreas de pasto são inapropriadas para cavalos (MEYER,
1995).
O conteúdo nutritivo das forragens utilizadas na nutrição de equinos é
bastante variável de acordo com a espécie, fase de crescimento e estação do ano.
Juntamente a programação de pastagens deve ser considerada a utilização de um
programa de suplementação quando houver baixa na qualidade e na quantidade das
forrageiras.
Uma boa área de pastagem é composta por uma ou mais gramíneas com
uma ou duas leguminosas, o pasto misto tem melhores índices nutricionais, pois
atende vários requerimentos dos animais e sofre menos com a variação climática.
A área de pastagem recomendada por peso vivo de equinos é dada na tabela
9, assumindo que em média um cavalo de dois anos consome 2,5% do seu peso em
matéria seca por dia.

Tabela 9. Área de pastagem necessária para equinos em diferentes pesos


Peso vivo dos cavalos em Kg Área (ha)
Até 200 0,25
200-400 0,20-0,40
400-600 0,40-0,60
Fonte: Alimentação de cavalos – HELMUT MEYER, 1995 p 127.
A importância de utilizar a pastagem para a permanência dos equinos deve
ser ressaltada, pois esta possibilita ao animal a seleção e a ingestão de alimento de
forma vagarosa sendo compatível com as particularidades anatômicas e fisiológicas
de seu organismo (NRC, 2007).
Os potros atingem o máximo consumo diário de forragem quando não houver
restrição da massa de pastagem e nem no tempo de pastejo (NETO et al., 2010).
Na tabela 10 são mostradas as principais forrageiras utilizadas na
alimentação de equinos no Sul do Brasil e suas particularidades.
43

Tabela 10. Principais espécies forrageiras usadas na alimentação de equinos


Espécie Exigência pH Produção Valor nutricional (%)
do solo ideal do forrageira
solo kg.ha -¹/
ano FB PB Ca P

Coast-cross Média a 5,6 a 8.7000 35 11 0,51 0,32


Cynodon alta 6,5
dactylon (L.) Pers
Capim-quicuio alta 5,4 2.300 27 8 0,28 0,33
(Pennisetum
Clandestinum)
Trevo-branco Média a 6,0 7.000 a 26 14 1,2 0,3
(Trifolium repens alta 11.000
L.)
Tifton 85 Média a 5,5 a 8.7000 36 11,5 0,40 0,22
(Cynodon spp.) alta 6,5

Aveia-Preta Pouco 5,0 a 10.000 27 8 0,25 0,20


(Avena strigosa exigente 7,0
Schreb.)
Azevén (Lolium Média 6,5 10.000 23 22 0,69 0,29
multiflorum exigência
Lam.)
Fonte: Adaptado de Cintra (2011), Fonseca e Martuscello (2010)

3.5.1.2. Feno
Fenação é o processo de conservação de forragens por meio da
desidratação. Neste processo, o teor de umidade é reduzido de 70 a 80 % para 12 a
15 % por meio da exposição solar. A produção de feno é altamente dependente das
condições climáticas as quais são frequentemente instáveis no período de sua
produção.
A forrageira colhida mais cedo produz um feno de melhor qualidade
nutricional e maior digestibilidade, sendo indicado para a alimentação de potros. A
palatabilidade do material produzido depende de sua composição e do grau de
dessecação atingido, sendo que quanto mais seco for o feno maior será sua
aceitação pelos animais independente de outras características (MEYER, 1995).
A utilização de fenos na alimentação de equinos é muito comum no período
de seca, pela facilidade de armazenamento e fornecimento. Contudo a qualidade do
44

feno a ser fornecido é de suma importância para manter a saúde dos animais. Fenos
poeirentos e com mofo resultam em hipersensibilidade pulmonar podendo
desenvolver a doenças respiratórias, cólicas e alergias. (SOUZA E CARDENA,
2012).
Fenos apresentam baixo teor de caroteno, este já diminui na dessecação a
menos de 10% do valor inicial e segue caindo durante todo o armazenamento. No
entanto a quantidade de vitamina D presente em fenos secados ao sol aumenta.
A quantidade a ser ofertada aos animais deve ser de até 2kg de feno/100 kg
PV/dia. Porém se este for fornecido a animais de trabalho e composto de alfafa ou
de trevo a quantidade deve ser diminuída a 0,5 kg/100 kg PV/dia para evitar maior
ingestão de proteínas e cálcio causando efeitos negativos sobre a digestão
(MEYER, 1995).

3.5.1.3. Capineiras
Capineira é a suplementação de alimento verde fornecido no cocho. Possui
área de cultivo intensivo e o tempo de corte depende da forrageira utilizada. Cintra
(2011) cita que as capineiras devem ser fornecidas ao animal de forma íntegra, sem
que passem pelo processo de diminuição de tamanho de partícula, isso estimula a
mastigação do animal, fundamental para o processo digestivo e evita que o cavalo
ingira talos grosseiros e secos que podem causar cólicas.
As espécies mais utilizadas são capins elefantes, napier e colonião, porém a
melhor espécie a ser utilizada depende da região em que esta inserida a criação de
equinos, no sul do Brasil o azevém é utilizado para esse fim.
A altura de corte depende da espécie utilizada, no capim napier a altura ideal
de corte é de 1,70 metros para a alimentação de equinos. Atrasos no corte causam
perdas nutritivas de até 45%. Apesar do decréscimo da utilização de capineiras com
o maior uso de fenos, esta ainda é uma boa prática de manejo de forragens, sendo
que o uso do capim verde e fresco tem alta aceitabilidade pelos animais (CINTRA,
2011).

3.5.2 Alimentos concentrados utilizados na formulação de suplementos


A maioria dos concentrados ofertados aos equinos são grãos de cereais e
seus subprodutos, com elevada taxa de amido apresentam grande taxa energética e
alta digestibilidade por apresentar baixo teor de celulose. Os alimentos
45

concentrados possuem teor de fibra bruta <18% e são compostos por grãos de
cereais, farelos de oleaginosas e suplementos minerais. Os grãos de cereais são
pobres em cálcio, sódio e potássio e ricos em fósforo e magnésio apresentando
baixa relação Ca:P (menor que 1:1) (MEYER, 1995).
Segundo Lewis (1985) os concentrados nunca poderiam compor mais do que
50% da dieta total diária de um cavalo. Ainda de acordo com o mesmo autor,
cuidados devem ser tomados na ingestão de grande carga energética, pois a pausa
e depois o recomeço de ingestão de concentrado pode acarretar problemas como
laminite e azotúria.
Olsson (1976) sugere a taxa de 67% de concentrados na matéria seca para
rações para animais jovens, porém a carga energética excessiva é uma das causas
de epifisite em potros em crescimento.
Dittrich et al. (2010) citam que o uso de concentrados é adotado na maioria
dos haras de criação de equinos, devido a facilidade de aquisição, armazenamento
e disponibilidade desse material em centros comerciais.

3.5.2.1. Aveia (Avena sativa)


A alimentação dos animais é o principal destino dos grãos de aveia
produzidos no Brasil, situação essa similar às principais regiões produtoras do cereal
no mundo (FLOSS, 1988). Usado principalmente na dieta de cavalos de corrida na
forma “in natura” ou na formulação de suplementos, a aveia é encontrada no
mercado sob a forma de grãos de aveia branca e aveia preta, pode ser também
laminada ou achatada.
A qualidade da aveia varia com a quantidade de cascas presente no grão.
Amichetti (2014) cita como aveia de boa qualidade quando esta apresenta peso
volumétrico acima de 50 (ph>50).
Considerada um cereal muito nutritivo, a aveia possui apreciável teor de
proteínas, carboidratos, fibras, vitaminas e minerais como fósforo e ferro. A
composição de aminoácidos desse grão apresenta alta proporção de ácido
glutâmico e aspártico, leucina e arginina, porém apresenta baixa composição de
lisina. A aveia é o cereal que possui uma das maiores porcentagens de lipídios
dentro da categoria, e se destaca nutricionalmente pela razão favorável entre ácidos
graxos poliinsaturados e saturados, e pelo alto conteúdo de ácidos oléico e linoleico.
46

3.5.2.2. Milho (Zea mays)


Conhecido pela alto teor energético o milho é bastante palatável por sua boa
porcentagem de extrato etéreo e baixa concentração de fibra bruta. O milho é
encontrado no mercado sob diversas formas como grão integro ou moído, farelo de
gérmen, gérmen desengordurado, glúten 21 ou 60, e milho integral extrusado (em
flocos). O seu grão é rico em pró-vitamina A e xantofila, e apresenta baixo teor de
cálcio, vitamina D e proteína bruta (AMICHETTI 2014).
Esse cereal é bastante utilizado na fabricação de rações energéticas para
cavalos atletas. Meyer (1995) cita que o amido presente no milho não é tão bem
digerido no duodeno como o amido da aveia, sendo um dos motivos o menor grau
de divisão pela mastigação desse cereal.
Quando utilizado de forma errônea o milho pode ser associado a síndromes e
cólicas nos equinos, por ser altamente fermentado e liberar energia rapidamente
(SOUZA E CARDENA, 2012). Romanovschi et al. (1972) citado por Lewis (1985),
em estudos controlados encontraram que não há diferença de desordens
gastroentéricas em cavalos em treinamento alimentados com milho quando
comparados aqueles alimentados com aveia ou outro grão constituindo 40 ou 60%
da ração total fornecida.
Para ser bem aproveitado pelos animais o milho deve ser oferecido em
pequenas quantidades e de preferência prensado ou moído para maior absorção. A
quantidade de 2,5 g de amido/kg de peso vivo cerca de 0,4 kg/100kg de PV de milho
por refeição não deveriam ser ultrapassados pois com o excesso de amido este
pode passar do duodeno para o ceco durante a digestão (MEYER, 1995). Para
potros em crescimento a quantidade de 3 a 4,5 kg/dia é aceitável desde que esses
estejam em treinamento (SOUZA E CARDENA, 2012).
A qualidade do grão de milho é fundamental para o bom uso desse grão em
equinos. O milho pode conter micotoxinas que podem levar ao quadro nervoso de
leucoencefalomalácia levando os animais à morte (AMICHETTI, 2014).
Com alto teor de fósforo o uso de milho na dieta dos equinos deve ser
suplementado com fontes de cálcio para evitar problemas com a falta desse mineral
para os equinos.
47

3.5.2.3. Cevada (Hordeum vulgare)


A cevada na alimentação de equinos no Brasil é mais utilizada na região sul
devido às condições climáticas. Na Europa é o terceiro cereal mais utilizado para a
alimentação desses animais (AMICHETTI, 2014). Necessita de um período de
adaptação antes do fornecimento para os equinos. Alguns cavalos podem
apresentar reação à cevada com inchaço das extremidades.
Podendo ser utilizado com único grão da dieta, a cevada é considerada
intermediária entre a aveia e o milho em conteúdo energético (LEWIS, 1985). Os
grãos possuem consistência firme e dura sendo necessária a quebra ou prensa
destes para a oferta aos animais. Com alta palatabilidade e baixa quantidade de
potássio a cevada pode ser uma boa alternativa na alimentação de equinos.
(AMICHETTI, 2014).
O gérmen de malte contém quantidades variadas de hordenina, substancia
importante em relação a provas anti-dopping. Porém o uso da cevada não é
recomendado para éguas prenhes, potros em crescimento e cavalos de corrida
(MEYER, 1995).

3.5.2.4. Soja (Glycine max)


Com origem chinesa a soja é amplamente cultivada no Brasil, sendo este o
segundo maior produtor dessa leguminosa no mundo (AMICHETTI, 2014).
Considerada como a principal fonte proteica na nutrição animal, a soja possui
proteína em abundância e de alta qualidade apresentando bom equilíbrio de
aminoácidos e alta proporção de lisina e metionina.
O grão de soja cru não deve ser ofertado aos equinos, pois apresenta
inibidores de proteases, que causa hipertrofia pancreática e crescimento retardado,
sendo tóxica aos animais. Porém esse inibidor é facilmente destruído pelo
aquecimento. Importante especialmente na alimentação de potros em crescimento a
soja pode ser utilizada como farelo, um coproduto do processo de beneficiamento da
soja.
O farelo de soja tostado apresenta de 45 a 51% de proteína bruta e é rico em
aminoácidos essências, para os cavalos, recomenda-se usar de 20 a 30% da ração
(AMICHETTI, 2014).
48

3.5.2.5. Melaço
O melaço é rico em açúcares, cálcio, magnésio, potássio, niacina e ácido
pantotênico, e é pobre em tiamina, riboflavina e vitaminas lipossolúveis, e apresenta
57% de nutrientes digestíveis totais sendo considerada uma boa fonte energética
extremamente palatável. A presença de nitrato e o excesso de potássio é uma
limitação do uso de melaço que podem causar diarreia e nefrite (AMICHETTI, 2014).
É encontrado na forma líquida ou em pó, comunmente usado em misturas de
concentrados para aumentar a palatabilidade, diminuir poeira e abrir o apetite dos
animais. Existem diferentes tipos de melaço no mercado, podendo ter composição
oriunda de citros, madeira, amido, cana de açúcar e beterraba (LEWIS, 1985).

3.6 PRÁTICA ALIMENTAR DOS POTROS DE SOBREANO


Arraçoamento
Para os equinos estabulados a rotina de alimentação é muito importante e
deve ser seguida para que os animais não fiquem ansiosos na espera da refeição. É
importante dividir o total de alimento fornecido em pelo menos quatro refeições
diárias. O estômago dos equinos é considerado pequeno com capacidade de 15 a
20 litros possibilitando recepção contínua de pequenas quantidades de alimento
(MEYER, 1995). Porém esse manejo é pouco utilizado em haras de criação, pois
demanda mais tempo e mão de obra, sendo usual o número de três refeições diárias
para os animais em cocheiras.
Quando o manejo é de sistema semi-estabulados a quantidade de refeições é
diminuída assim como a quantidade de volumoso ofertado nas baias. Os equinos
são sensíveis a mudanças na dieta. Por esse motivo a modificação dos alimentos
deve ser feita gradativamente e ao longo de vários dias, principalmente se a
mudança for na quantidade ou na qualidade de concentrados. Lewis (1985) cita
como ideal aumentar a quantidade de concentrados a taxa de ¼ de kg até que o
novo nível desejado seja atingido. O mesmo autor ainda menciona que o aumento
rápido na quantidade de concentrado fornecido aos equinos pode causar cólica e
laminite.
O pH das regiões gástricas pode mudar de acordo com a dieta fornecida ao
animal. O pH na região estomacal é de 5 a 6, e quando o cavalo é alimentado
exclusivamente com volumoso, feno por exemplo, este cai para até 2,6 no piloro, o
que não acontece em uma dieta composta unilateralmente por concentrado. O
49

fornecimento de uma dieta rica em concentrado proporciona a baixa de pH no


conteúdo intestinal, pois com esta dieta há rápida atividade microbiana formando
ácidos orgânicos que são os responsáveis por essa queda (MEYER, 1995).
A quantidade de alimento pode variar de cavalo para cavalo, sendo que dois
animais de mesmo peso podem ingerir diferentes quantidades de alimento durante
as refeições. Nesse caso, diminuir a quantidade fornecida para o animal que come
menos é a melhor saída para diminuir restos no cocho e evitar desperdícios.
Vervuert et al. (2005) citam que nos experimentos científicos com equinos, estes
apresentam baixa repetibilidade em resposta às mesmas dietas sob condições
experimentais idênticas.
Os equinos são animais muito susceptíveis a doenças causadas por baixa
qualidade do alimento e por esse motivo deve-se cuidar com o armazenamento e
com a qualidade do material fornecido, concentrados com grande quantidade de pó,
ou que contenham micotoxinas podem causar tosse crônica, enfisema pulmonar, e
em grandes quantidades até a morte.
O sal mineral deve ser deixado à disposição dos animais e o consumo é de em torno
de 0,2 kg de sal por semana, a falta deste suplemento pode provocar diminuição no
apetite, lambedura de substâncias como terra, pedras e urina o que pode ocasionar
perda de peso (LEWIS, 1985).
Os volumosos devem ser fornecidos aos animais na faixa de 0,75 a 1 kg/100
kg PV/dia e podem ser na forma de feno ou pastagem de boa qualidade. O manejo
de oferta de concentrados deve ser rigoroso e deve seguir o quesito de ser fornecido
em frações diárias sendo no mínimo de duas. Lewis (1985) sugere que se a
quantidade de ração fornecida de uma vez for superior a 3,5 kg, a frequência de
alimentação deve aumentar para três vezes ao dia com intervalo em torno de oito
horas.
O consumo excessivo de água durante a ingestão de alimentos pode trazer
problemas digestivos ao animal, esta leva conteúdo estomacal ao intestino o que
pode acarretar cólicas. A água não absorvida pelo conteúdo estomacal passa para a
entrada gástrica através do estômago (LEWIS,1985).
Quando se faz o uso de alguma suplementação, seja por estética do animal
seja por baixa qualidade nutricional, esta pode ser adicionada a alimentação normal
do potro ou conforme a posologia do suplemento.
50

4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO

4.1 Plano de Estágio


Durante o período de estágio (05 de agosto de 2015 a 19 de outubro de 2015), as
atividades rotineiras do haras foram de acordo com o Plano de Estágio:
 Manejo geral de haras;
 Planejamento alimentar, nutricional e de criação de equinos;
 Manejo geral de potros em crescimento;
 Manejo de doma e treinamento de potros;
 Manejo de pastagens e ajuste de carga animal;
 Caracterização nutritiva da dieta.

4.2 Descrição do local de estágio

4.2.1 Origem do Haras Santa Maria de Araras


Na já existente fazenda Santa Maria de Araras, junção dos nomes de Santa
Maria, cidade gaúcha onde se originou sua família, e Araras, denominação do local
e da serra, onde se localizava a fazenda Júlio de Aragão Bozano. Iniciou a produção
de cavalos da raça Puro Sangue Inglês na cidade de Petrópolis-RJ no ano de 1966.
Julio Bozano trouxe seus dois primeiros produtos, ao pé das éguas Fervena e
Andaluzia, que vieram a se chamar Avatar e Ático, respectivamente.
Na década de 70, a criação do haras foi se consolidando, auxiliado pela
implantação do Centro de Treinamento, em Teresópolis. Em janeiro de 1976,
Bozano havia comprado 176 hectares em Capitán Sarmiento, na Argentina. O
intercâmbio de animais entre os dois países melhorou ainda mais o plantel.
Logo depois viria o haras em Ocala, na Flórida, com uma área de 400acres.
Principalmente entre a Argentina e o Brasil, consolidava-se a interação de sangues,
manejo e técnicas que viriam a fortalecer a criação nos dois países.
No ano de 1993 após a venda da área três da propriedade de São José dos
Pinhas, o Santa Maria de Araras abre a sua maior sede, em Bagé-RS, considerado
Haras-Fazenda com cerca de 2000 hectares.
51

4.2.2 O haras Santa Maria de Araras em São José dos Pinhais


Na década de 80, foi inaugurado o haras instalado em São José dos Pinhais-
PR. Localizado no bairro de Cruzeiro próximo a rodovia Br 376 e com mais de 400
hectares, distribuídos em quatro conjuntos, este centro foi concebido e construído
nas mais modernas bases para se conseguir uma criação internacional.
O haras de São José conta com uma grande estrutura de criação e manejo
com grandes áreas de pastagem, fácil acesso para caminhões de entrega e
transporte, assistência técnica de dois médicos veterinários que residem na
propriedade, além de contar com uma grande equipe de funcionários que cuidam do
manejo geral do haras fazendo trabalhos como limpeza de equipamentos e baias,
manutenção de cercas e pastagens, produção de feno e corte de capineiras e
manejo e cuidados com os animais.
Inicialmente composto por quatro áreas sendo uma delas (área 3) vendida
para uma grande multinacional montadora de veículos, o haras de São José dos
Pinhais conta com três áreas e é responsável pela criação de animais jovens e pelo
pós-campanha dos animais de corrida. Todas as três áreas operantes trabalham
com lotes de potros desmamados. Contando com 27 funcionários responsáveis por
todo o manejo geral do haras e com dois médicos veterinários encarregados pela
administração do haras e pelos cuidados com os animais. A propriedade da suporte
de moradia para a grande maioria dos funcionários com casas instaladas no interior
do haras. A área 1 é responsável pelo tratamento de animais da pós-campanha e
pela inicio do treinamento dos animais de dois anos com manejo de redondel elétrico
seis dias da semana. A área 2 faz o manejo da doma de cima com os animais de
dois anos trabalhando-os no redondel e na pista de corrida, a área 4 faz o manejo de
criação de animais até 18 meses de idade.

4.2.3 Manejo de animais do desmame ao sobreano


Os potros são recebidos no haras com idade de em torno seis a sete meses,
assim que chegam são colocados em lotes de machos e fêmeas e distribuídos nas
três áreas pertencentes ao Araras de São José dos Pinhais e lá mantidos até os 10
meses para então (todos os machos e algumas fêmeas selecionadas) partirem para
o Jockey Club Brasileiro Hipódromo da Gávea - Rio de Janeiro no mês de maio, para
participar do leilão anual de potros do haras Santa Maria de Araras.
52

De volta do leilão, os animais que não foram vendidos voltam aos piquetes
em grupos de 10 a 15 animais amadrinhados por uma égua mais velha para facilitar
o manejo e melhorar o bem estar dos potros. O manejo no qual esses animais são
submetidos são o casqueamento mensal, o cabresteamento para se alimentarem
(Figura 2) individualmente e passam um dia da semana em baias (Figura 1).

Figura 1. Baias de animais da doma na


área dois do haras Santa Maria de Araras
de São José dos Pinhais

Figura 2. Potros se alimentando


individualmente

Quando esses animais completam de 20 a 24 meses estes passam por outro


tipo de manejo, passam 15 minutos no picadeiro na área 1 por 40 dias e são
recolhidos as baias a partir das 16:00 horas e soltos pela manhã as 8:00 horas,
53

passando um período de oito horas em piquetes com pastagem composta por


azevém, trevo branco, cornichão e pasto nativo.
A média de pesos dos potros de um ano é 342 kg e para os potros de dois
anos de idade é 464 kg, considerados acima da média por pelo NRC 2007, que
possui como média de peso de 321 kg e 429 kg para um e dois anos
respectivamente.

4.2.3.1. Manejo sanitário utilizado na categoria


Vacinação:
Na propriedade a vacina utilizada é a LEXINGTON-8, que apresenta
imunidade contra a Encefalomielite, Influenza, Rinopneumonite e Tétano dos
Equinos. A vacina é via intramuscular e apresenta necessidade de reforço após 30
dias da primeira aplicação. O manejo de vacinação na propriedade se faz nos meses
de março e setembro, respeitando a posologia do medicamento.

Casqueamento:
O casqueamento dos animais jovens é feito a cada 30-40 dias e tem como
objetivo a correção de aprumos e manutenção dos cascos. Este processo é feito por
dois funcionários do haras com o auxilio do médico veterinário da propriedade, o
qual anota os desvios de aprumos dos animais que precisam ser corrigidos
facilitando o trabalho dos casqueadores.

4.2.3.2. Doma e adestramento


No haras Santa Maria de Araras a doma de baixo é iniciada a partir do
desmame na qual se procura acostumar os animais ao convívio humano. Sempre de
forma gentil, os animais são acostumados a usar cabresto e a entrar nas baias
desde cedo o que facilita o manejo posterior desses animais.
Por volta dos 20 a 24 meses os animais começam a passar pelo picadeiro
automático na área 1, e ficam lá por 40 dias. Após os animais são transportados
para a área 2, onde passam a iniciar o treinamento de doma junto ao homem
(Imagem 2) e nessa fase já se inicia o uso de freio bridão e equipamentos de
montaria (manta, peiteira, cabeçada e rédea), (Imagem 3), para irem se
acostumando com os equipamentos mesmo antes de serem montados. Esse
54

peréiodo dura em torno de 90 dias entre picadeiro, redondel (trabalho junto ao


homem) e saída para a pista que fica dentro da área 2.
A doma racional é considerada no haras de suma importância e vem sido
usada desde o inicio do Araras, que mantém o comprometimento de respeito aos
animais. A doma racional sempre traz benefícios a propriedades que a adotam e por
isso vem ganhando cada vez mais espaço dentro da produção de equinos.

Figura 3. Manejo de doma em redondel e equipamentos utilizados para esse


adestramento.

4.2.4 Manejo de animais do pós-campanha


Os animais de carreira chegam ao Araras de São José dos Pinhais após o
término de sua vida atlética, com idade variando entre quatro e cinco anos,
dependendo do animal, para passar um período de descanso até irem para a
reprodução no haras de Bagé-RS. Nesse período de descanso os animais são
soltos em piquetes, primeiramente sozinho por um ou dois dias e depois em grupos
de quatro, respeitando o sexo do animal. As fêmeas, grande maioria do haras,
começam a passar por exame retal para acompanhamento estral e assim que
estiverem prontas são enviadas para Bagé para serem cobertas pelos os garanhões
do próprio haras.
O manejo com os cavalos e éguas da pós-campanha se resume em tirar as
ferraduras, adaptá-los a uma alimentação menos energética e acompanhar as
fêmeas em cio. Estes animais após a retirada das ferraduras podem apresentar
dores nos cascos, ligamentos ou musculares até adaptar-se ao no novo “estilo de
vida” mais calmo e com menos exigência dos membros.
55

4.3 Descrição das atividades realizadas


As atividades realizadas pelos estagiários no haras eram praticamente o
manejo diário geral de um grande haras de produção de equinos. O haras Santa
Maria de Araras faz a produção de bovinos de raças europeias, e a principal
finalidade desses animais na propriedade é fazer rotação de piquetes com os
equinos.

As atividades estão descritas a seguir:


 Acompanhamento e auxílio de exames de palpação retal em éguas
 Acompanhamento e auxílio em pequenas cirurgias em equinos
 Realização de curativos em animais machucados
 Medicação em animais enfermos
 Auxilio no tratamento alimentar dos equinos
 Acompanhamento e auxilio no casqueamento dos animais
 Acompanhamento e auxilio na vacinação de bovinos e equinos
 Auxilio na pesagem dos animais
 Manejo e cuidados de potros neonatos (potros de éguas de outras raças que
tem como objetivo ser ama de leite na propriedade)
 Acompanhamento de reprodução equina de animais de outras raças que não
o Puro Sangue Inglês
 Acompanhamento de partos de éguas (de outras raças)
 Acompanhamento da doma dos animais
 Auxilio na castração, mochação, colocação de brincos, cura de bicheiras e
pesagem em bovinos.

Metodologia do cálculo da base nutricional dos potros de sobreano


Para o cálculo das quantidades de nutrientes consumidos pelos animais de
sobreano no haras Santa Maria de Araras foram usados dados das embalagens dos
alimentos comercias, e para os não comerciais os dados foram retirados do livro “O
CAVALO Características, Manejo e Alimentação” de André Cintra (2011).
As quantidades de alimentos fornecidos foram ajustados pela matéria seca que
cada um apresenta e assim feitos os cálculos da contagem de nutrientes ingeridos
pelos potros de sobreano diariamente.
56

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste item serão apresentados e discutidos os resultados do manejo


alimentar e nutricional dos animais em doma, bem como os alimentos utilizados na
composição da dieta. O manejo alimentar diário foi avaliado por meio de pesagens e
avaliações nutricionais. As tabelas 11, 12 e 13 apresentam o manejo alimentar e
nutricional dos potros de sobreano do haras Santa Maria de Araras.

Tabela 11. Manejo de arraçoamento alimentar dos animais do haras Santa Maria de
Araras
Horário Tipo de alimento
00:00 Volumoso
04:00 Concentrado
16:00 Volumoso + Concentrado

Tabela 12. Valores nutricionais dos alimentos utilizados na dieta de potros de


sobreano no haras Santa Maria de Araras
Alimento MS (%) PB (%) Ca (%) P (%)
Feno de Azevém (kg) 88 22 0,69 0,29
Azevém in natura (kg) 23 22 2,10 0,30
Feno de Alfafa (kg) 89 22 0,69 0,29
Aveia em grão integral (kg) 88 12 0,06 0,35
Conc. 21% (kg) 88 21 0,30 0,20
Turfsport (kg) 88 13 0,10 0,07
Núcleo 350 (kg) 88 35 0,30 0,11
Carbonato de cálcio (g) 98 0 370 0
Kromium (suplemento mineral) (g) 98 0 130 75
Fonte dos alimentos não industrializados (CINTRA, 2011)
MS = Matéria seca, PB = Proteína Bruta, Ca = Cálcio, P = Fósforo
57

Tabela 13. Quantidades dos alimentos, ajustados pela matéria seca (MS) e seus
nutrientes estimados em proteína bruta (PB), cálcio (Ca) e fósforo (P), fornecidos
aos animais de sobreano do haras Santa Maria de Araras.
Quant.
Alimento Fornecida PB Ca (g) P (g)
(MS) (kg) (g)
Feno de Azevém (kg) 3,52 774,4 24,3 10,2
Azevém in natura (kg) 0,92 202,4 19,3 2,76
Feno de Alfafa (kg) 1,78 391 12,3 5,16
Aveia em grão integral (kg) 4,4 528 2,64 15,4
Conc. 21% (kg) 0,88 184,8 26,4 17,6
Turfsport (kg) 0,88 114,4 8,8 6,16
Núcleo 350 (kg) 0,44 154 13,2 4,84
Carbonato de cálcio (kg) 0,049 0 18,13 0
Kromium (suplemento mineral) (kg) 0,049 0 6,37 3,675
Total 12,918 2349 131,44 65,795
Fonte dos alimentos não industrializados (CINTRA, 2011)

Com grande diversidade de ingredientes comerciais a dieta fornecida a esses


animais pode ser considerada acima das necessidades diárias em matéria seca,
proteína bruta, cálcio e fósforo para potros de dois anos, conforme o National
Research Council (NRC) 2007, como mostra a tabela 14, onde há um comparativo
das necessidades diárias de nutrientes pelos animais da raça Puro Sangue Inglês e
das ofertadas no Araras de São José dos Pinhais.

Tabela 14. Comparativo das necessidades nutricionais para a raça P.S.I com as
quantidades de nutrientes fornecidos no Haras Santa Maria de Araras
MS (kg/dia)* PB (g/dia) Ca (g/dia) P (g/dia)
NRC (2007) 11,60 888 36,7 20,4
Haras Sta. Maria de Araras 12,918 2.349 131,4 65,8
*2,5% do PV = 464 kg x 2,5%

A relação volumoso:concentrado ofertada aos animais do haras é de 48%


volumoso e 52% concentrado e está de acordo com o máximo recomendado por
Olsson (1976), que sugere a relação de volumoso 33% e concentrado 67% como o
máximo para dietas para animais jovens. Porém as quantidades de nutrientes
58

disponibilizados pela dieta estão acima do recomendado como necessário para


animais de dois anos em trabalho moderado pelo NRC (2007), mostrado pela tabela
14.

Para se conseguir resultados satisfatórios na criação de equinos a


alimentação e a nutrição devem estar balanceadas suprindo suas necessidades,
sem deficiências nem excessos. Porém, como visto na tabela 14, os três nutrientes
estudados estão sendo fornecidos em excessos para os animais do Araras. Nos
minerais, o cálcio em demasia predispõe o animal a doenças ortopédicas do
desenvolvimento (DOD), aumenta a densidade óssea e prejudica a absorção de
outros minerais (FURTADO et. al, 2011).

A proteína bruta fornecida aos animais do Araras está em excesso como


mostra a tabela 14. Os excessos de proteína na dieta causam aumento da flora
patogênica no intestino grosso e como consequência enterotoxemia,
emagrecimento, problemas hepáticos e renais, cólicas, timpanismo , laminite, má
recuperação após o esforço físico e transpiração excessiva (perdas consideráveis de
eletrólitos) (CINTRA, 2011). Ainda o uso indiscriminado de proteína na dieta de
potros em crescimento pode causar crescimento mais lento e maior incidência de
problemas articulares no desenvolvimento ósseo. Isso foi confirmado em estudo
com a adição de 25% de proteína acima das necessidades do animal (LEPKA,
2015).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização do estágio obrigatório faz com que o aluno tenha maior relação
com a futura vida profissional, com responsabilidades que diferem muito do
ambiente universitário.
A experiência adquirida com o estágio é o inicio da formação de um bom
profissional zootecnista que precisa aprender a tomar decisões, ter bom
relacionamento com funcionários e com superiores e conviver em um grupo de
pessoas diferentes do que estamos acostumados dentro da universidade. Aprender
a conviver sozinho, em outra cidade e passando por diversas experiências agrega
ao aluno maior confiança para enfrentar o mercado de trabalho.
59

A interação do aluno com a universidade não se aplica somente nas matérias


ofertadas pelo curso, mas com palestras, congressos e estágios, e o estágio final
completa todo o processo de formação profissional do aluno de zootecnia da
Universidade Federal do Paraná.
O estágio realizado no haras Santa Maria de Araras em São José dos Pinhas-
PR, me auxiliou muito no convívio com funcionários e superiores além do grande
aprendizado lá requerido, conquistei amizades que levarei para toda a vida. O
reconhecimento do bom trabalho vem com a confiança que adquiri de meus
superiores, e para agradecer toda a boa vontade que tiveram comigo ofereço
recomendações para que o haras Santa Maria de Araras funcione cada vez melhor e
com melhores condições de vida para os animais que lá vivem.
Como sugestões de manejo sanitário exponho a importância do controle das
infecções parasitárias por meio de exames coproparasitológicos para identificar o
grau de infecção por endoparasitas presentes nos animais da propriedade e assim,
fazer a vermifugação com base nos resultados dos exames, com objetivo de diminuir
as aplicações de princípios ativos em número e quantidade, havendo menor
possibilidade de resistência parasitária.
Outra sugestão é no manejo nutricional dos animais. Na tabela 14 estão
descritas as necessidades nutricionais dos equinos em crescimento segundo o NRC
2007 e o comparativo das quantidades de matéria seca, proteína bruta, cálcio e
fósforo fornecidos aos animais do haras. Segundo a mesma tabela os níveis de
nutrientes fornecidas aos animais do Araras está acima do recomendado para os
quatro nutrientes analisados principalmente a proteína bruta e cálcio. O excesso
desses nutrientes pode causar diversas enfermidades nos equinos por isso a
quantidade fornecida deve ser levada em conta.
No haras Santa Maria de Araras de São José dos Pinhais a quantidade de
volumoso da pastagem consumida pelos animais não é contabilizada. Porém há
metodologias que possibilitam o controle da ingestão dos animais a pasto, bem
como qualificar a dieta consumida, com objetivo de possibilitar maior controle dos
nutrientes ingeridos ao longo do ano, principalmente pela flutuação da produção
forrageira.
A utilização da análise bromatológica dos alimentos para animais de produção
é importante para identificar possíveis faltas ou excessos de nutrientes e saber a real
qualidade do alimento fornecido. No haras Santa Maria de Araras essa prática não
60

é realizada nem mesmo para alimentos comprados de fora como é o caso da aveia e
do feno de alfafa.
Com esse manejo a economia com alimentos e vermífugos no haras seria
certa, e na zootecnia o que se busca é qualidade do produto final com menor custo
de produção. As sugestões feitas ao haras Santa Maria de Araras tem como objetivo
otimizar a criação e manter a qualidade dos animais lá produzidos.
A oferta de uma dieta equilibrada é o mínimo que podemos fazer aos animais.
Mantê-los presos em baias, ou ate mesmo em piquetes faz com que seu
comportamento natural de buscar alimentos de qualidade e que supram suas
necessidades diárias seja restrito. Deve-se balancear corretamente a ração diária
dos equinos para que os mesmos não sofram com problemas que nós causamos a
eles por excesso de cuidados, fornecendo mais do que precisam. O aumento da
massa muscular, buscado por muitos criadores, depende da genética do animal,
então aumentar a carga diária proteica não aumentará a massa muscular de um
cavalo que não tenha propensão a isso, pelo contrário, o excesso desse nutriente
causa diversas enfermidades a esses animais. Por esse motivo o manejo nutricional
merece maior acompanhamento dentro das propriedades de criação de equinos e o
zootecnista tem o papel de apresentar dieta de qualidade sem faltas nem excessos
de nutrientes garantindo assim melhor convívio dos cavalos junto aos homens.
61

7 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BRASIL - ÁRABE. Dubai importa cada vez mais cavalos
brasileiros. Revista Globo Rural, ed. 296, 2010.
Disponível em: <http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1590918-
1931,00.html>. Acesso em 11 de novembro de 2015

AGROLINK. Nutrição balanceada de potros prepara cavalos campeões.


Disponível em: <http://www.agrolink.com.br/noticias/ta-na-corda-chega-a-faturamen
to-de-r--450-mil_102110.html>. Acesso em 11 de novembro de 2015

AMICHETTI, C.J. Alimentos utilizados em nutrição equina. Disponível em:


<http://haraspetclubeamichetti.blogspot.com.br/2014/06/alimentos-utilizados-em-
nutricao-equina.html>. Acesso em 11 de novembro de 2015

ANTONELLO, T.; ARALDI, D. F. Suplementação mineral em cavalos atletas. XVI


seminário interinstitucional de pesquisa e extensão. 2011.

BECK, S.L. Equinos, Raças, Manejo, Equitação. 1ª ed. Ed. Dos Criadores: São
Paulo, 1985.

BRANDI, R. A.; FURTADO, C.E. Importância nutricional e metabólica da fibra na


dieta de equinos. R. Bras. Zootec., v.38, p.246-258, 2009

BUIDE, R. Los potrillos. In: BUIDE, R. Manejo de Haras: Problemas y


soluciones. 1ª reimpresión. Hemisferio Sur S.A. : Buenos Aires, 1986.

CAMBRUSSI, T.; ARALDI, D. F. A utilização da aveia na dieta de equinos. XVI


Seminário Institucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 2011

CANTO, L.S., CORTE, F.D., BRASS, K.E., RIBEIRO, M.D. Freqüência de


problemas de equilíbrio nos casco de cavalos crioulos em treinamento. In:
Brazilian Journal Veterinary Research Animal Science, v.43, 2006.

CAPEN, C.C. The calcium regulating hormones: parathyroid hormone,


calcitonin and cholecalciferol. In: McDONALD, L.E. (Ed.) Veterinary endocrinology
and reproduction. 3.ed.Philadelphia: Lea & Febiger, 1980
62

CARVALHO, R.T.L.; HADDAD, C.M.; DOMINGUES, J.L. Alimentos e alimentação


do cavalo. Piracicaba: Losito de Carvalho Consultores Associados, 1987

CAVALO COMPLETO. Alimentando um potro em crescimento, 2003 Disponível


em: <http://cavalocompleto.com.sapo.pt/potro.htm>., Acesso em 11de novembro de
2015

CINTRA, A.G.C. O CAVALO Características, Manejo e Alimentação. 1ed. São


Paulo: Ed. Roca, 2011.

COTTA, J.B., MURI, M.P. E BONGIOVANI, R. Efeitos da complementação de


lisina e de vitaminas hidrossolúveis no crescimento de potros mangalarga
marchador. Matéria publicada na Revista ‘O Cavalo Marchador’ Ano II, 1988

CURY, L. entrevistado por Luiz Octavio Pires Leal. Brasil diminui quantidade e
melhora qualidade do Puro Sangue Inglês. Revista animal business Brasil, p. 28 e
29, ano 02 – número 06, 2012.

DIEHL, N.K. Review of Research on the Effectiveness of Early Intensive


Handling of Foals. In: Proceedings of the Annual Convention of the AAEP, Seattle.
v 51, 2005.

DITTRICH, J. R, NETO, A. S, SWAROSKI, D., LOBO, A. H, CASSANELLI, F.,


MELO, H. A. Comportamento alimentar de potros da raça mangalarga
marchador submetidos a ofertas de alimento e confinamento noturno. Archives
of Veterinary Science v.15, n.4, p.211-217, 2010

DITTRICH, J. R.; MELO, H.A.; AFONSO, A.M.C.F., DITTRICH, R.L.


Comportamento ingestivo de equinos e a relação com o aproveitamento das
forragens e bem-estar dos animais. R. Bras. Zootec., v.39, p.130-137, 2010

DITTRICH, J. R, Forragens para equinos. III SIMEQ – Simpósio de equideocultura,


2011

______. Relações entre a estrutura das pastagens e a seletividade de eqüinos


em pastejo. Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agronomia como
parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Ciências, 2001

DITTRICH, R.L.; DITTRICH, J.R.; FLENUNG, J.S.; PEREIRA, L.; HARDER, S.;
SAITO, M.E.; SCHMIDT, E.M.S.; SILVA, S.F.C. Valores bioquímicos séricos em
63

potros da raça puro sangue inglês suplementados com diferentes tipos de


gordura. Ciência Rural. vol.30 n.4. Santa Maria, 2000.

EVANS, J.W; BORTON, A.; HINTZ, H.F.; VLECK, L.D.V. El Caballo. 1ed. Zaragoza:
Ed. Acribia, 1979.

FILHO, J.R.C.P.; Sterman, F.A. Avaliação da densidade mineral óssea em potros


da raça Puro Sangue Inglês em início de treinamento. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science. v.41 n.6. São Paulo, 2004.

FLOSS, E.L. Manejo forrageiro de aveia (Avena sp.) e azevém (Lolium sp.). In:
SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 9., Piracicaba-SP. Anais FEALQ,
1988.

FONSECA, D.M. E MARTUSCELLO, J.A. Plantas forrageiras. Editora UFV, 2010

FRAPE, D.L. Equine Nutrition and Feeding. 3ª ed. Blackwell Publishing Ltd: State
Avenue, 2004.

FURTADO, C. E.; QUADROS, J. B. S.; VITTI, D. M. S. S.; DIAS, R. S.; ROQUE, A.


P. Disponibilidade biológica e exigências de cálcio em equinos em
crescimento recebendo dietas com diferentes níveis de cálcio. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.38, n.3, p. 493-499, 2009

FURTADO, C.E.; BRANDI, R.A.; RIBEIRO, L.B. Utilização de coprodutos e


demais alimentos alternativos para dietas de equinos no Brasil. R. Bras.
Zootec., v.40, p.232-241, 2011

GARCIA, F.P.S.; ALFAYA, H.; LINS, L.A.; HAETINGER, C.; NOGUEIRA, C.E.W.
Determinação do crescimento e desenvolvimento de potros Puro Sangue
Inglês em Bagé-RS. Revista portuguesa ciências veterinárias, 2011

LANÇA, F. Princípios nutricionais na criação do cavalo atleta. Disponível em:


<http://byvet.blogspot.com.br/2010/07/principios-nutricionais-na-criacao-do.html>.
Acesso em 11 de novembro de 2015

______. Princípios nutricionais na criação do PSI – Parte II – O Potro.


Disponível em: <http://raialeve.com.br/colunas/coluna.php?cod_cont=24881&&
cod_colunista=12>. Acesso em 11 de novembro de 2015
64

LEPKA, L. Você sabe quanto de proteína o seu cavalo deve consumir?


excessos e deficiências na dieta e, como determinar o quanto de proteína ele
precisa por dia. Disponível em: <http://www.porforadaspistas.com.br/voce-sabe-
quanto-de-proteina-o-seu-cavalo-deve-consumir-excessos-e-deficiencias-na-dieta-e-
como-determinar-o-quanto-de-proteina-ele-precisa-por-dia>. Acesso em 03 de
dezembro de 2015

LEWIS, L. D. Alimentação e cuidados do cavalo. 1ed. São Paulo: Ed. Roca, 1985.

LINS, L.A.; FREY Jr, F.; KASINGER, S.; PAGANELA, J.C. et al. Abordagem das
doenças ortopédicas do desenvolvimento (DOD) em potros puro sangue inglês
do nascimento ao desmame em um haras no sul do Rio Grande do Sul. In: XVII
Congresso de Iniciação Científica. 2008.[S.I.].[s.n.].

MARQUES, G. Raças de cavalos – Puro Sangue Inglês (PSI), 2010.


Disponível em: <http://celebridadecavalos.blogspot.com.br/2010/10/puro-sangue-
inglespsi.html>. Acesso em 28 de outubro de 2015

MATANO, J. História do Puro Sangue Inglês. Disponível em:


<http://www.turfebrasil.not.br/historia_psi.htm>. Acesso em 28 de Outubro de 2015.

McGREEVY, P.; McLEAN, A. Equitation Science. 1ª ed. Wiley-Blackwell: United


Kigdom, 2010.

MEYER, H. Alimentação de cavalos. 2ed. São Paulo: Varela, 1995. 303 p.il.

MIRAGLIA, N.; BERGERO, D.; POLIDORI, M. et al. The effects of a new fibre-rich
concentrate on the digestibility of horse rations. Livestock Science, v.100, n.1,
2006.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC, Nutrient requeriments of horses. 6ª ed.


Washington: National Academy Press, 2007.

OLIVEIRA, C.A.A.; ALMEIDA, F.Q.; VIEIRA, A.A. LANA, M.Q.; MACEDO, R.;
LOPES, B. A.; CORASSA, A. Cinética de passagem da digesta, balanço hídrico e
de nitrogênio em eqüinos consumindo dietas com diferentes proporções de
volumoso e concentrado. R. Bras. Zootec., v.32, n.1, p.140-149, 2003

OLIVEIRA, D.E. Aspectos sobre nutrição e alimentação de eqüinos. Depto.


Técnico Agroceres Nutrição Animal
65

PAGANELA, J.C.; SANTOS, C.A.; RIPOLL, P.K.; et al. Desvios angulares em


potros da raça Crioula na região sul do RS do primeiro ao oitavo mês de vida
sob manejo extensivo de criação. Revista ciência animal brasileira, v.11, n.3, p.
713-717, 2010.

PARKER, R. Equine Science. 3ª ed. Delmar Learning: United States American,


2008. 522 p.

QUADROS, J.B.S.; FURTADO, C.E.; BARBOSA, E.D.; ANDRADE, M.B.;


TREVISAN, A.G. Digestibilidade aparente e desenvolvimento de eqüinos em
crescimento submetidos a dietas compostas por diferentes níveis de
substituição do feno de tifton 85 pela casca de soja. R. Bras. Zootec., v.33, n.3,
p.564-574, 2004

RATLIFF-GARRISON, T. Potros em crescimento. Revista: The American Quarter


Horse Racing Journal, 2007. Disponível em: <http://abqm.com.br/artigos/potros-em-
crescimento>. Acesso em 11 de novembro de 2015

REZENDE, A.S.C.; COSTA, M.L.L.; SANTIAGO, J.M. NUTRIÇÃO DE POTROS. In:


V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CAVALO ATLETA, 2011, Minas Gerais. Anais.
Revista V&Z em Minas - Suplemento Especial. p. 33-39. 2012.

SÁ, J.P.G. Utilização da aveia na alimentação animal. IAPAR, Circular n°87.


Londrina/PR, 1995

SAMARA, S.I.; BUZINARO, M.G; CARVALHO, A.A.B. Avaliação da densidade


mineral óssea em potros da raça Puro Sangue Inglês em início de treinamento.
Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. v.41 n.6. São Paulo,
2004.

SANTOS, S.A. Recomendações sobre manejo nutricional para equinos criados


em pastagens nativas no Pantanal. Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1997. 63p.
(EMBRAPA-CPAP. Documentos, 22).

SANTOS, C.P.; FUTADO, C.E.; JOBIM, C.C.; FURLAN, A.C.; MUNDIM, C.A.;
GRAÇA, E.P. Avaliação da silagem de grãos úmidos de milho na alimentação
de eqüinos em crescimento: valor nutricional e desempenho. R. Bras. Zootec.,
v.31, n.3, p.1214-1222, 2002
66

SCHMIDEK, A.; OLIVEIRA, J.V.; MIGUEL, F.B. Influência da manipulação de


potros ao nascimento sobre o comportamento ao cabrestear. APTA Pesquisa &
Tecnologia, vol 8, n.56, 2011. Disponível em: <www.aptaregional.sp.gov.br/artigos>.
Acesso em: 28 de outubro de 2015

SITE DO JOCKEY CLUB BRASILEIRO <http://www.jcb.com.br/historia/>. Acesso em


28 de outubro de 2015

SONDERGAARD, E.; JAGO, J. The effect of early handling of foals on their


reaction to handling, humans and novelty, and the foal–mare relationship.
Applied Animal Behaviour Science, v123. p.93-100. 2010

SOUZA, A.D.S. e CARDENA, D.C.P.M.S. Nutrição de equinos. Disponível em


http://www.ebah.com.br/content/ABAAAeq2gAI/nutricao-equinos, 2012. Acesso em
28 de outubro de 2015

TEZZA, L. Doma. Disponível em: <http://www.gege.agrarias.ufpr.br/Portugues/Equi


deo/doma.html>. Acesso em 28 de outubro de 2015

TITTO, E. A. L.; PEREIRA, A. M. F.; TOLEDO, R. L. A.; PASSINI, R.; NOUGUEIRA


FILHO, J. C. M.; GOBESSO, A. A. O.; ETCHICHURY, M.; TITTO, C. G.
Concentração de eletrólitos em equinos submetidos a diferentes temperaturas.
Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. v.10, n.1, p. 236-244, 2009.

TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros equinos. 3ed. Nobel
S.A.: São Paulo, 1985.

VETNIL. Manejo e suplementação dos cavalos atletas – protocolo I, 2012.


Disponível em: <http://www.vetnil.com.br/wpcontent/uploads/2012/05/protocolo-
equino-cavalos-atletas-ii.pdf>. Acesso em 11de novembro de 2015

VERVUERT, I.; VOIGT, K.; HOLLANDS, T. et al. The effect of mixing and
changing the order of feeding oats and chopped alfalfa to horses on:
glycaemic and insulinaemic responses, and breath hydrogen and methane
production. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition. Disponível em:
<http://www3.interscience.wiley.com/journal/121376647/abstract.> Acesso em: 11 de
novembro de 2015
67

ANEXOS
Anexo 1.Termo de compromisso
68

Anexo 2. Plano de Estágio


69

Anexo 3. Frequência e avaliação


70
71

Anexo 4. Avaliação do estagiário

Você também pode gostar