Livia Rodrigues Coelho
Livia Rodrigues Coelho
Livia Rodrigues Coelho
Taubaté
2023
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Livia Rodrigues Coelho
Taubaté
2023
Grupo Especial de Tratamento da Informação – GETI
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBi
Universidade de Taubaté - UNITAU
CDD – 617.634
Data:_______________________
Resultado:___________________
PROFESSORA ORIENTADORA
Assinatura ___________________________
BANCA EXAMINADORA
Assinatura ___________________________
Assinatura ___________________________
Assinatura ___________________________
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho principalmente aos meus pais, Andréia e Augusto, que sempre
me apoiaram e me incentivaram a ser cada dia uma pessoa melhor, a me dedicar
aos estudos, pois só assim atingimos nossos objetivos. E aos meus familiares, que
ajudaram durante todo o processo da graduação, espero um dia poder retribuir tudo
o que fizeram por mim até aqui.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, aos meus pais, por me ensinarem tudo o que eu sou, por
me apoiarem em todas as decisões, por confiarem em mim a todo momento e por
não medir esforços para que a graduação fosse uma realidade na minha vida.
Aos meus avós por nunca me deixarem desistir, me apoiando em todas as situações
e estarem sempre aplaudindo minhas conquistas.
À minha professora orientadora, Ana Paula, por ter sido uma inspiração na área de
prótese, demonstrando sempre sua competência, experiência e habilidade, obrigada
por me guiar desde o início deste trabalho, seu apoio foi essencial.
Aos meus colegas, que se fizeram presentes o tempo todo nessa jornada, sem
vocês essa etapa da minha vida não teria sido tão especial.
A todos os meus professores, que dedicaram seu tempo para compartilhar todo o
conhecimento que adquiri, me passando técnicas e transmitindo confiança para o
atendimento dos pacientes.
E principalmente, a Deus, pelo dom da minha vida, por ter me guiado até aqui e me
sustentado em todos os momentos.
“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas
dificuldades que superou no caminho”
Abraham Lincoln
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
melhores práticas clínicas a partir dos materiais disponíveis para uma reabilitação
dentária duradoura e bem-sucedida.
12
2. PROPOSIÇÃO
3. REVISÃO DE LITERATURA
foram restaurados com uma coroa metalo cerâmica. Nas avaliações após um, seis,
doze e vinte e quatro meses foram avaliadas as taxas de sucesso das restaurações
por meio de radiografias periapicais, levando em consideração que as falhas foram
classificadas em: descolamento, fratura do pino, fratura radicular horizontal ou
vertical, deslocamento da coroa e condições que implicassem no retratamento
endodôntico. Tiveram como resultado que em 2 anos, a sobrevivência de dentes
restaurados com pinos foram maiores do que os restaurados sem o retentor; quando
na presença deste não identificaram fraturas radiculares nem falha no núcleo,
identificaram apenas descolamento do pino, relacionado com a falta de
remanescente dentário (férula). Todos os dentes que apresentavam paredes
remanescentes, perante a avaliação não apresentaram falhas, sendo restaurados
com o ou sem pino. Dessa maneira, encontraram que em um período de dois anos,
os dentes restaurados com pinos de fibra de vidro apresentaram um menor índice de
falhas catastróficas, as fraturas radiculares, sendo o evento mais recorrente o
descolamento do pino, o que confirmou a afirmação de que uma adesão de
qualidade a dentina não é facilmente alcançada. No que diz respeito ao efeito férula,
tiveram como base diversos estudos que determinam essa característica um fator
importante na sobrevivência da restauração e do dente, isso pois as taxas de
descimentação foram mais elevadas quando o remanescente dental não estava
presente. Assim, concluíram que em um período de dois anos de observação, os
pinos de fibra de vidro reduziram significativamente o risco de falhas pra pré molares
endodonticamente tratados, assim como para aqueles dentes que apresentavam
nenhuma parede coronária remanescente.
Juloski et al., em 2014, fizeram uma análise de elementos finitos sobre a influência
do efeito férula na distribuição de tensão no interior de dentes restaurados com
pinos de fibra e coroa em cerâmica. Geraram modelos de um primeiro pré molares
superior com as dimensões de acordo com dados da literatura, e definiram quatro
modelos com diferentes graus de perda de remanescente coronal, sendo eles com
alturas de 0, 1, 2 e 3 mm de férula. Durante o período de testes os dentes foram
submetidos a diferentes tipos de carga, uma força de 5N aplicada em 45º com o
longo eixo, carga horizontal a 90° do eixo, carga intrusiva aplicada a 0° do longo eixo
do dente. Os valores de tensão foram apresentados para todas as estruturas, dente,
pino, raiz, e todas as interfaces que entraram em contato com o cimento e o núcleo.
A força de tração e compressão aplicada na interface coroa- cimento mostra um
estresse que pode gerar um futuro descolamento do pino, e a expectativa é de que
isso ocorra na região palatina, que foi onde identificou o maior ponto de tensão. Já a
tensão na interface pino- raiz foi observada em níveis mais baixos, e a expectativa
de falha nessa região foi na coronal, do terço médio para apical. A tensão aplicada
sob a férula, negou a hipótese de que está não tem influência sob o sucesso da
restauração, pois demonstraram e comprovaram de que quanto maior a altura da
férula, menor a tensão. O estudo provou que a altura mínima de 3mm de férula é o
desejável para diminuir os valores de tração e compressão, preservando o sistema
de eventos de descolamento do pino ou coroa. Com isso, concluíram que, as
interfaces adesivas são as mais suscetíveis ao fenômeno de descolamento e quanto
maior a estrutura dental remanescente, maiores as chances de sucesso no
tratamento, isso pois as menores tensões nas faces adesivas foram observadas nos
modelos com maiores quantidades de férula.
Bosso et al., em 2015, fizeram uma análise fotoelástica do estresse gerado por pinos
de fibra de vidro personalizados e outros tipos. Produziram 25 modelos fotoelásticos
de um canino de um humano específico, após esse espécime ser preparado
adequadamente para receber os retentores, após replicados, dividiram em 5 grupos
17
de acordo com o tipo de pino que iriam receber. Foram esses, retentores e núcleos
inteiriços fundidos, pinos tipo parafuso tamanho 3, pinos de fibra de carbono pré
fabricados, pinos de fibra de vidro pré fabricado e pinos de fibra de vidro
personalizados com resina composta; com exceção do grupo de retentor metálico,
todos os outros foram confeccionados núcleos em resina composta. Foi aplicada
uma carga de 1,6 N na borda incisal dos elementos para analisar a carga vertical e
posicionado 2mm abaixo da borda para analisar a carga oblíqua agindo sobre o
espécime, onde simulam os esforços mastigatórios. Quando analisaram os
resultados independente da localização, os pinos tipo parafuso foram os que
apresentaram números mais elevados de tensão, independente do tipo de carga, os
pinos de fibra de vidro apresentaram uma distribuição mais uniforme das tensões e
os pinos customizados de fibra de vidro apresentaram maior nível de estresse do
que os de fibra convencionais. A tensão observada após o teste vertical, apresentou
maiores resultados na região apical de retentores metálicos, pois o módulo de
elasticidade torna o sistema rígido, tendo como resultado mais falhas catastróficas e
um pior prognóstico para o elemento restaurado. Nos pinos de fibra de vidro os
resultados foram satisfatórios, pois a distribuição das tensões foi homogênea, o que
reduz o risco de fraturas radiculares. Já o pino de fibra de vidro personalizado, tem
um ajuste melhor às paredes do canal, reduzindo a quantidade de cimento utilizado,
porém, quando analisado o conjunto sob carga aplicada, foi visualizado maior tensão
na região radicular do que os pinos pré -fabricados, isso foi analisado pois o
conjunto pino, resina e cimento tornou o sistema mais rígido diminuindo a
concentração de tensões na área vestibular. E assim, concluíram que o ideal é
quando existe o mínimo de estresse radicular, fazendo com que a longevidade do
sistema como um todo, seja aumentada, reduzindo as chances de ocorrer falhas
catastróficas. Sendo assim, os pinos pré fabricados de fibra de vidro são uma melhor
opção de escolha para a restauração de dentes com extensa destruição.
Em 2017, Verri et al., estudaram os pinos de fibra de vidro e metálicos, para análise
de elementos finitos, para reconstrução de dentes sem férula. Para isso, obtiveram
os modelos 3D a partir de uma tomografia computadorizada de um incisivo central
superior. A simulação da coroa foi feita a partir do design externo do dente natural, e
simularam a perda total do remanescente dentário (férula). O estudo simulou as
propriedades dos materiais utilizados com base em um outro estudo; simulam duas
cargas de 100 N uma axial, no longo eixo do dente e uma oblíqua, aplicada na
superfície lingual com inclinação de 45° em relação ao longo eixo do dente. Os
dados obtidos foram organizados em tabelas no Excel e submetidos a um programa
de software, onde analisaram a distribuição normal da carga para posteriormente
analisar as variâncias, verificando a influência dos tipos de pino e a direção de
carga que foi aplicada. Os melhores resultados na distribuição da carga foram
apresentados pelos pinos de fibra de vidro, independente da direção da carga
aplicada; entretanto, para retentores intrarradiculares metálicos foram encontrados
níveis de estresse maiores em ligas de NiCr. Embora os pinos de fibra de vidro
tivessem apresentado melhor distribuição dos esforços, identificaram uma maior
concentração de tensões de tração na raiz, principalmente na superfície oclusal, o
que pode comprometer a longevidade do tratamento, pois pode gerar um risco
elevado de falhas. Esses dados se aplicam clinicamente, pois as fraturas que
ocorrem normalmente com pinos de fibra de vidro são na região cervical,
normalmente, sendo falhas reparáveis. Já os retentores metálicos, apresentam uma
maior taxa de falhas irreparáveis, pois estão ligadas à fratura radicular, em dentes
sem férula, já que o preparo é menos conservador. Assim, concluíram que, os pinos
de fibra de vidro apresentaram os melhores resultados para a restauração de dentes
sem remanescente dentário (férula), pois mostrou menor tensão ao longo do
retentor, mas maior tensão na região cervical do dente, o que pode afetar o
prognóstico da restauração; em relação aos retentores intrarradiculares metálicos, a
liga de NiCr apresentou maiores tensões, sendo AgPd e CuAl as ligas mais
recomendadas para evitar possíveis falhas envolvendo fratura radicular.
Em 2017, Komada et al., realizaram um estudo sobre o efeito dos pinos e fitas de
fibra de vidro na resistência à fratura de dentes com canais radiculares alargados.
Para isso, utilizaram sessenta incisivos inferiores bovinos extraídos e íntegros,
dividiram em grupos experimentais de acordo com o material a ser utilizado, foram
eles núcleo em resina composta, pinos de fibra de vidro com núcleo em resina
composta, fitas cilíndricas de fibra de vidro e pino de fibra de vidro com cilindro e
núcleo de resina composta. Todas as amostras foram preparadas com o mesmo
protocolo de tratamento endodôntico e preparo para a colocação do pino. Após
serem restaurados, todas as amostras foram fixadas e submetidas a uma carga
oblíqua de 45°, até a ocorrência de fratura, registrando a carga máxima que cada
dente suportou. Com isso, encontraram que o grupo que foi restaurado apenas com
núcleo em resina composta foi o que apresentou a menor resistência a fratura, já o
grupo que foi restaurado com a fita e o pino de fibra de vidro mostraram ser mais
resistentes do que aqueles restaurados apenas com o pino de fibra de vidro, no caso
de canais radiculares alargados. Em relação a fratura, a maioria das amostras
22
Neumann et al., em 2018, realizou uma revisão sistemática sobre o efeito férula,
seus efeitos e sua necessidade durante o preparo do dente para a restauração.
Após a pesquisa, selecionaram 2595 artigos, dos quais apenas 8 foram incluídos no
estudo, os períodos de avaliação variaram de 5 a 17 anos. Com isso, encontraram
que em um dente com uma destruição coronária, em que se observa de 1,5 a 2mm
de remanescente dentária a taxa de sobrevivência da restauração pode aumentar
em 5% do tempo estimado, isso pois esta estrutura auxilia a dissipar as forças
provenientes da mastigação, os autores relataram que o efeito férula foi mais
importante na cimentação de pinos pré fabricados de titânio. A partir desse estudo,
concluíram que a maioria dos estudo não conseguiu provar a eficácia da férula nas
restaurações com pinos de fibra de vidro, seus resultados são mais notórios em
restaurações indiretas; as diferentes direções de carga recebidas pelos dentes
sugerem um comportamento único de acordo com a posição na arcada, o que
significa que cada um deles, apresenta um prognóstico diferente do tratamento
proposto, pois há maior risco de falha pelos princípios biomecânicos da restauração.
Garcia et al., em 2018 teve como objetivo analisar a semelhança das taxas de falhas
de restaurações com retentores intrarradiculares em dentes anteriores e posteriores.
Utilizaram de bases de dados online para obter os estudos que seriam analisados,
submetendo alguns a meta-análise; e o Cochrane foi utilizado para avaliar a
qualidade dos artigos, dentro dos artigos selecionados, utilizaram como parâmetro
principal a análise da taxa de falhas. Três dos seis estudos selecionados,
identificaram em dentes posteriores taxas de falhas mais altas, já um outro estudo
relatou prevalência em dentes anteriores, relacionadas às forças oclusais e
horizontais de tração e cisalhamento que estes elementos são submetidos.
Entretanto obtiveram em dois estudos taxas semelhantes de falhas com
determinados tipos de pinos para dentes anteriores e posteriores. As falhas
analisadas foram fratura (da raiz ou do retentor), descolamento do pino e núcleo ou
coroa, falha periodontal, falha endodontica e cárie. Na análise de subgrupos, os
tipos de material do retentor foi levado em consideração e tiveram que, apesar de os
pinos com fibra de vidro reforçados terem um desempenho clínico melhor do que o
de metal em forma de parafuso, não identificaram diferenças estatisticamente
significativas entre os diferentes tipos de materiais que compõe um retentor
intrarradicular. Com isso, concluíram que as taxas de falhas encontradas em dentes
24
Em 2019, Batista et al., fizeram um estudo sobre a influência do efeito férula na falha
de restaurações de pinos e núcleos reforçados com fibra. Para o desenvolvimento
da pesquisa realizaram busca em bancos de dados bibliográficos online, como o
pubmed, Medline e Scopus, selecionaram primeiramente 276 artigos, dos quais
foram analisados e apenas 4 foram submetidos para a meta-análise, a taxa de
sobrevivência das restaurações foi calculada considerando a quantidade de dentina
remanescente e a taxa de falha foi definida de acordo com o número de
restaurações que apresentaram falha em relação a quantidade de restaurações
realizadas. O método de avaliação da qualidade das restaurações foi o exame
radiográfico com ampliação de imagem, nenhuma diferença estatisticamente
relevante foi encontrada quando analisaram a taxa de falhas, porém o grupo sem
férula apresentou um número maior de falhas. Com isso, concluíram que o efeito
férula não apresentou dados significativamente relevantes quanto à redução da taxa
de falhas em dentes endodonticamente tratados comparado com a ausência desse
remanescente.
Sarkis-Onofre et al., em 2020, fizeram uma comparação entre pinos de fibra de vidro
e metálicos fundidos em dentes sem férula. Para delimitar o padrão de pacientes
participantes, descartaram pacientes com lesões de cárie e doença periodontal,
sendo admitidos apenas os pacientes com uma boa saúde bucal, que apresentavam
dentes anteriores ou posteriores endodonticamente tratados com, no máximo, 0,5
mm de férula. As falhas foram divididas entre aquelas que comprometem totalmente
a estrutura radicular, na qual resultam na exodontia do elemento, e a descolagem do
pino, sendo essas falhas absolutas e relativas, respectivamente. Os resultados
mostraram que o teste log-rank, estatisticamente, não apresentou diferenças
significativas; porém, a falha anual para retentores intrarradiculares metálicos
fundidos foi 0,5% menor do que para pinos de fibra de vidro, no geral observaram
23 falhas, sendo 17 delas relacionadas com pinos de fibra de vidro e 6 a retentores
metálicos. Ainda analisaram que a taxa de falha anual para dentes anteriores foi de
0,5% enquanto para dentes posteriores, a taxa calculada foi de 2,5%. Com base
nesse estudo, observaram que os dois tipos de sistemas de retentores podem ser
25
Em 2020, Girotto et al., fizeram uma revisão sistemática sobre as principais escolhas
na restauração de dentes endodonticamente tratados. Utilizaram bases de dados
26
como PubMed e Scopus para selecionar os arquivos que passariam pela triagem
para inclusão no estudo, foram selecionados primeiramente 636 artigos, dos quais
apenas 25 foram incluídos nesta revisão. Os objetivos do estudo foram avaliar os
dados sobre os tipos de pinos utilizados pelos dentistas nas restaurações de dentes
endodonticamente tratados e as taxas de falhas de pinos intrarradiculares
relacionadas ao cimento utilizado. Os resultados apontaram que, a maior
porcentagem de pinos utilizados em odontologia são os do tipo pré-fabricado,
seguido de retentores intrarradiculares metálicos fundidos; e as preferências de
cimento para a retenção de pinos dentro do canal radicular vem em primeiro lugar
por cimentos com base resinosa, que foi mais utilizado na literatura como
preferência para cimentação de pinos pré-fabricados, seguido de cimento de fosfato
de zinco, que foi mais utilizado para a cimentação de retentores metálicos, e cimento
de ionômero de vidro. Encontraram como resultado, que a maior taxa de
sobrevivência foi de dentes restaurados com retentores intrarradiculares metálicos
fundidos, principalmente em maior tempo de acompanhamento, mas salientaram
que os pinos de fibra de vidro precisam ser estudados com maiores períodos de
acompanhamento e que em 9 anos, ambos os tipos de pinos apresentaram um
desempenho semelhante. Com isso, concluíram que, as preferências nas técnicas
restauradoras de dentes endodonticamente tratados mudaram ao longo do tempo,
desde retentores metálicos fundidos até os pinos de fibra de vidro pré-fabricados são
principalmente influenciados pela experiência clínica dos dentistas, assim como pela
formação em pós graduação; e ainda, afirmaram que os resultados dos estudos
devem ser interpretados com o máximo de cuidado, pois a maioria dos estudos
relataram dados em falta para a conclusão mais completa da revisão, o que pode
induzir o profissional a preconceitos podendo comprometer a veracidade e taxa de
confianças dos dados apresentados.
Gutiérrez et al., em 2022, estudaram a eficácia dos pinos de fibra de vidro feitos em
CAD/CAM para restaurar dentes endodonticamente tratados. Para isso, realizaram
uma revisão sistemática para analisar os retentores segundo a resistência à fratura,
a resistência da união pino, cimento e dentina, a adaptação do pino nas parede do
canal, e a espessura da camada de cimento; compararam os pinos de fibra de vidro
feitos pela técnica CAD/CAM com os pinos de fibra de vidro pré fabricados e
retentores intrarradiculares metálicos. Dos 53 estudos selecionados para a revisão,
27
apenas 7 foram incluídos para leitura após passarem pelos critérios de elegibilidade.
Não encontraram diferenças relevantes sobre a resistência à fratura dos pinos de
fibra de vidro pré fabricados e os CAD/CAM, e a quantidade de remanescente dental
influenciou esse resultado, aumentando a resistência. De acordo com a resistência
na união do cimento, os pinos de fibra de vidro CAD/CAM apresentaram os
melhores valores, principalmente no terço coronal; também não relataram falhas
catastróficas perante o uso de pinos de fibra de vidro CAD/CAM ou pinos CAD/CAM
de cerâmica. Em relação às falhas, os pinos de fibra de vidro são mais propensos ao
descolamento do retentor, enquanto os metálicos são as fraturas radiculares ou
fratura do pino, assim como a descimentação e alguns estudos relataram que as
falhas dos pinos CAD/CAM também estão relacionadas à fratura radicular. Com isso,
concluíram que os pinos tiveram resultados agradáveis em relação a retenção,
resistência de união e de fratura e adaptação em comparação com os outros tipos
de pinos, embora seja uma técnica que ainda precisa ser melhor estudada e
desenvolvida, com estudos clínicos de longo prazo, os pinos CAD/CAM são
excelentes alternativas para a restauração de dentes endodonticamente tratados.
Em 2022, de Carvalho et. al, fizeram uma análise sobre a falha de incisivos
superiores com tratamento endodôntico, restaurados sem férula ou pinos
intrarradiculares. Escolheram 45 incisivos de origem bovina, com tamanhos
semelhantes, e dividiram em três grupos diferentes de estudo, o primeiro com pino
de fibra de vidro e núcleo em resina composta convencional, o segundo sem retentor
restaurado com resina composta convencional, o terceiro também sem retentor e
restaurado com resina bulk-fill e por último, o grupo sem retentor restaurado com
resina bulk-fill reforçada com fibra. Todas as estruturas feitas com resina, foram
padronizadas para obter um resultado mais homogêneo, assim como o preparo e
cimentação das coroas seguiram um protocolo definido. Realizaram a simulação de
mastigação com uma carga de 100 N aumentando mais 100 N a cada 15.00 ciclos
até atingir 1000 N aplicada a uma ângulo de 30° com o dente. Os testes foram
gravados para detectar o instante em que o dente não suporta a carga e apresenta a
falha. Encontraram, com esse estudo, que os grupos restaurados sem um retentor
intrarradiuclar, tiveram taxas de falha tenham sido semelhantes, o grupo que teve a
restauração feita com resina bulk-fill reforçada com fibra de vidro teve um
desempenho melhor ao comparar com o grupo que teve a restauração com pino de
29
fibra de vidro e núcleo em resina composta. Outra consideração abordada por eles é
de que, se tratando de um dente com tratamento endodôntico e uma destruição
coronal, deve-se questionar o uso de retentores, pois as falhas apresentadas por
uma restauração com pino pode passar despercebida, como uma infiltração
bacteriana, podendo trazer diversos prejuízos à saúde do paciente, e no caso da
restauração sem o retentor, as falhas acontecem de forma que o paciente percebe e
consulta o profissional, tendo melhores chances de sobrevida do dente. e com isso,
concluíram que o uso de pinos de fibra de vidro não aumentaram o tempo de
sobrevivência do dente endodonticamente tratado e restaurado; e as falhas
catastróficas foram menos percebidas em restaurações de resina composta sem um
retentor intrarradicular.
4. DISCUSSÃO
O uso de retentores intrarradiculares é uma prática comum na odontologia
para a reabilitação de dentes endodonticamente tratados com grande destruição
coronária. Muitos profissionais compartilham das mesmas dúvidas nos dias atuais,
sobre quais são as principais indicações dos retentores, e em quais situações
específicas, esses dispositivos apresentam melhor desempenho. A cerca disso,
Garcia et al. (2018), mostrou que o maior número de falhas estão presentes nos
dentes anteriores, pois esses, juntamente com os pré molares, recebem forças
oclusais longitudinais e oblíquas de compressão e cisalhamento. Soares et al (2012)
e Marchionatti et al. (2017) também concordaram com essa afirmação, pois
apresentam uma taxa até três vezes maior de falhas em incisivos e caninos quando
comparados aos pré molares, pois a ação das forças horizontais agem na flexão do
pino.
Em relação a quantidade de remanescente dental presente para a
restauração, Garcia et al. (2018) ressaltam que a qualidade e a quantidade da férula
são fatores decisivos para o sucesso do procedimento restaurador em dentes
endodonticamente tratados com destruição coronária. Assim, Ferrari et al. (2007) e
Marchionatti et al. (2017) concordam dizendo que para pinos de fibra e metálicos, a
grande maioria dos casos de descimentação está relacionada a dentes contendo
uma única parede ou mesmo, em dentes privados de férula. Batista et al. (2019)
analisaram que a linha de cimentação é uma das regiões mais propensas a erros e
completaram relatando que a presença de férula não diminui o risco de falha do
sistema pino e núcleo de fibra, quando comparado à ausência desta. Em
contrapartida, Juloski et al. (2014) afirmam que a férula de 2mm não é suficiente
para evitar falhas na restauração retida por pinos de fibra, entretanto, relatou
resultados desejáveis de diminuição de tensões e preservação do sistema frente ao
fenômeno de descolagem, quando analisou modelos com férula de 3mm. Da mesma
forma, Alshabib et al. (2023), Naumann et al. (2018), Verri et al. (2017) e Resende et
al. (2017) relatam em suas pesquisas que para a reabilitação de dentes
endodonticamente tratados com retentores intrarradiculares, a quantidade de
remanescente coronário (férula) é de extrema importância, recomendam um mínimo
de 1mm de férula, e salientam ainda que, para melhorar em 5% a longevidade da
restauração, idealmente a férula deve ter entre 1,5 a 2mm.
32
formato cônico pode levar ao aumento da chance de fratura radicular, com possível
necessidade de extração do dente. Bosso et al. (2015) completam essa teoria,
quando observam que durante a aplicação de forças oblíquas observou-se um
maior estresse apical quando o dente foi reabilitado com retentor metálico fundido,
culminando em um prognóstico ruim. Gehrcke et al. (2017), Savychuk et al. (2017) e
Verri et al. (2017) indicaram o uso de retentores intrarrradciualres metálicos fundidos
quando o elemento apresenta pouca ou nenhuma estrutura dentária remanescente,
situação em que se deve evitar o uso de pinos pré -fabricados. Barcellos et al.
(2013) e Soares et al. (2012) relataram que os retentores metálicos fundidos
apresentaram uma maior taxa de falhas irreparáveis, aquelas que levam a extração
do dente, como fratura radicular, isso pois estes materiais concentram as tensões
em áreas de difícil controle de falha, pois apresentam um alto módulo de
elasticidade quando comparado ao da dentina, o que aumenta a taxa de fratura
radicular, principalmente nas regiões onde a raiz se encontra mais delgada devido
ao preparo.
Resende et al. (2017) apontaram que dentes com grande destruição
coronária vão apresentar melhores resultados se forem reabilitados com um retentor
intrarradicular, e que o uso destes ajuda a tornar as falhas na restauração
reversíveis, além disso, mostrou que a preservação da férula é um fator
determinante para conferir maior resistência à fratura nos elementos tratados
endodonticamente. Gehrcke et al. (2017) observaram que a resistência à fratura dos
dentes não demonstrou grandes diferenças estatisticamente significantes quando
restaurados com algum tipo de pino. Quanto ao tipo de fratura, os dentes
restaurados com pinos de fibra de vidro apresentaram maior incidência no terço
cervical, enquanto que os restaurados com retentores intrarradiculares metálicos
fundidos apresentaram mais fraturas do tipo irreversível, localizadas nos terços
médio e apical do dente. Palepwad e Kulkarni (2020) indicaram que fatores como a
quantidade de férula; localização desta estrutura; uso de retentor intrarradicular e as
características dele (módulo de elasticidade) são decisivos quando se discute a
susceptibilidade à fratura de dentes endodonticamente tratados. Gutiérrez et al.
(2022) e Komada et al. (2022) apontaram que o módulo de elasticidade do material
utilizado para a confecção do pino influência na resistência à fratura, pois estes
precisam ter propriedades que atuem no equilíbrio e dissipação adequada dos
esforços que o elemento dental está suscetível a receber.
34
5. Conclusão
REFERÊNCIAS
BATISTA, Victor Eduardo de Souza et al. Influence of the ferrule effect on the failure
of fiber-reinforced composite post-and-core restorations: A systematic review and
meta-analysis. The Journal of prosthetic dentistry, v. 123, n. 2, p. 239-245. 2020.
BOSSO, Katia et al. Stress Generated by Customized Glass Fiber Posts and Other
Types by Photoelastic Analysis. Brazilian Dental Journal, v. 3, n. 26, p. 222-227.
Mar/2015.
GARCIA, Paula Pontes et al.,Do anterior and posterior teeth treated with
post-and-core restorations have similar failure rates? A systematic review and
meta-analysis. The Journal of Prosthetic Dentistry, 2019. DOI:
https://doi.org/10.1016/j.prosdent.2018.08.004.
GEHRCKE, Vanessa et al. Fracture Strength of Flared Root Canals Restored with
Different Post Systems. European Endodontic Journal, v. 2, n. 24, p. 2 - 6. Out./2017.
GUTIÉRREZ, Maira Alejandra et al. Efficacy of CAD/CAM Glass Fiber Posts for the
Restoration of Endodontically Treated Teeth. International journal of biomaterials.
2022. DOI: https://doi.org/10.1155/2022/8621835
JULOSKI, Jelena et al. The effect of ferrule height on stress distribution within a tooth
restored with fibre posts and ceramic crown: A finite element analysis. Dental
Materials, v. 30, n. 12, p. 1304-1315. 2014.
KOMADA, Wataru et al. The effect of glass fiber posts and ribbons on the fracture
strength of teeth with flared root canals restored using composite resin post and
cores. Journal of Prosthodontic Research, v. 62, n. 1, p. 97-103. 2018.
MARCHIONATTI, Ana Maria Estivalete et al. Clinical performance and failure modes
of pulpless teeth restored with posts: a systematic review. Brazilian oral research, v.
31, n. 3, p. e64. 2017.
NAUMANN, Michael et al. ‘‘Ferrule Comes First. Post Is Second!’’ Fake Newsand
Alternative Facts? A Systematic Review. Journal of Endodontics, v. 44, n. 2, p.
212-219. 2018.
VERRI, Fellippo Ramos et al. Three-dimensional finite element analysis of glass fiber
and cast metal posts with different alloys for reconstruction of teeth without ferrule.
Journal of Medical Engineering & Technology, 2017. DOI:
http://dx.doi.org/10.1080/03091902.2017.1385655.
DECLARAÇÃO DO ORIENTADOR
Declaro para os devidos fins que o aluno(a) Livia Rodrigues Coelho R.A.:
10098810 do curso de Odontologia fez as correções indicadas pela Banca
examinadora, sendo considerado o seu TG (Trabalho de Graduação) apto para
inserir no Repositório da Universidade de Taubaté.
_______________________________
Assinatura do orientador(a)
Autenticação eletrônica 40/40
Data e horários em GMT -03:00 Brasília
Última atualização em 12 dez 2023 às 15:32:42
Identificação: #2034e58e644b247698b159a60c92e8e128862c06b36be21c8
Página de assinaturas
Ana Damasceno
098.678.748-54
Signatário
HISTÓRICO
12 dez 2023 Lívia Rodrigues Coelho criou este documento. (E-mail: liviarodrigues19.lvr@gmail.com)
11:54:33
12 dez 2023 Ana Paula Lima Guidi Damasceno (E-mail: anaguididamasceno@gmail.com, CPF: 098.678.748-54) visualizou
15:30:38 este documento por meio do IP 186.236.83.62 localizado em Caraguatatuba - Sao Paulo - Brazil
12 dez 2023 Ana Paula Lima Guidi Damasceno (E-mail: anaguididamasceno@gmail.com, CPF: 098.678.748-54) assinou
15:32:42 este documento por meio do IP 186.236.83.62 localizado em Caraguatatuba - Sao Paulo - Brazil