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Aula 03 – A Dinâmica da economia açucareira

Schartz – Segredos Internos – Capítulo 08

Stuart B. Schwartz explora a complexa relação entre os aspectos econômicos da


produção de açúcar e suas implicações sociais na sociedade colonial. O autor examina
como os proprietários de engenhos buscavam maximizar seus lucros, enfrentando os
desafios e despesas inerentes ao negócio do açúcar.
• Schwartz descreve as estratégias adotadas pelos senhores de engenho para
otimizar a produção, incluindo o aumento da eficiência, a exploração do
trabalho escravo para reduzir custos de mão de obra e a busca por mercados
lucrativos para o açúcar. Ele detalha os custos envolvidos na produção, desde a
aquisição e manutenção de escravos até investimentos em equipamentos, como
os próprios engenhos. Além disso, discute os desafios enfrentados, como as
flutuações nos preços do açúcar e as incertezas climáticas
• O capítulo também analisa como as margens de lucro variavam entre diferentes
períodos e contextos, influenciadas por fatores como a qualidade do açúcar, a
competição no mercado e as condições econômicas globais. Schwartz explora
como essas margens afetavam a dinâmica social, impactando o status dos
proprietários de engenho e a estrutura hierárquica da sociedade colonial
• Em suma, o autor destaca a centralidade econômica do açúcar nas colônias e as
interações complexas entre interesses econômicos e dinâmicas sociais,
contextualizando a influência do açúcar na construção da sociedade colonial e
evidenciando como questões econômicas estavam intrinsecamente ligadas a
aspectos sociais e culturais

Celso Furtado – Formação econômica do Brasil – Capítulos 1-4 e 8-10

Capítulo 1: Introdução ao Estudo da Formação econômica do Brasil

• Celso Furtado inicia a obra estabelecendo os fundamentos teóricos para analisar


a formação econômica brasileira. Ele utiliza a perspectiva estruturalista para
entender como os processos históricos de exploração colonial moldaram a
economia e a sociedade do país. O autor destaca que o Brasil foi inserido na
economia mundial como uma colônia de exploração, fato que condicionou seu
desenvolvimento econômico e social.

Capítulo 02: Os Primórdios da Colonização

Neste capítulo, Furtado explora os primeiros passos da ocupação territorial e econômica


do Brasil, focando na extração de pau-brasil como a principal atividade econômica
inicial. Essa exploração seguia a lógica do capitalismo mercantil europeu, onde a
colônia fornecia matérias-primas de baixo custo para a metrópole. A atividade extrativa,
apesar de lucrativa, não implicava um projeto de desenvolvimento local e tinha baixo
impacto na organização social.

• Economia extrativa: Era baseada no uso da mão de obra indígena e em relações


comerciais simples.
• Organização social: Limitada, com pouca estruturação econômica interna.
Capítulo 03 – A Economia Açucareira

A introdução da cana-de-açúcar marcou o início de um modelo econômico mais


complexo, baseado na monocultura e no trabalho escravo. Este modelo organizou a
sociedade colonial em torno de engenhos, que se tornaram unidades fundamentais da
economia. O açúcar era produzido para exportação, voltado exclusivamente ao
mercado europeu, consolidando o papel do Brasil como uma colônia de exploração.

• Estrutura econômica: Dependente da mão de obra escrava e do comércio


externo
• Impacto social: Criou uma sociedade altamente hierarquizada e polarizada, com
uma elite dominante concentrando o poder político e econômico.

Capítulo 04 : O Sistema Escravocrata

O capítulo aborda o papel central da escravidão na economia colonial, com ênfase nas
razões econômicas que levaram ao uso intensivo de mão de obra escrava. Furtado
argumenta que o sistema escravocrata não era apenas uma solução para a escassez de
mão de obra, mas também uma forma de maximizar lucros na produção de açúcar. Ele
aponta como a escravidão moldou a estrutura social brasileira, perpetuando
desigualdades e limitando o desenvolvimento de um mercado interno.

Capítulo 08: O Ciclo do Ouro

Neste capítulo, Celso Furtado analisa a economia aurífera, que se desenvolveu a partir
do final do século XVII, principalmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. O
ciclo do ouro representou uma mudança significativa no panorama econômico colonial,
deslocando o centro de gravidade econômica do Nordeste açucareiro para o interior.

Características do ciclo do ouro:

• Baseado na exploração mineral, especialmente ouro e, em menor escala,


diamantes.
• Atraiu grande fluxo populacional para as regiões auríferas, incluindo imigrantes
europeus e escravos africanos.
• Gerou novos centros urbanos e reorganizou o território, mas manteve a
economia voltada para o mercado externo.

Impacto econômico:

• A riqueza gerada era em grande parte transferida para Portugal, principalmente


por meio de impostos, como o “quinto” (20% sobre o ouro extraído).
• Apesar do volume considerável de extração, não resultou em diversificação
econômica ou investimentos significativos no Brasil.

Impacto social:

• Intensificação do tráfico de escravos.


• Formação de novas classes sociais urbanas, como comerciantes e artesãos, que
atuavam nas regiões mineradoras.
Capítulo 09: Transformações Estruturais na Economia Colonial

Este capítulo discute as transformações econômicas e sociais provocadas pelo ciclo do


ouro, com ênfase na reorganização da economia colonial. Com a decadência do açúcar
no Nordeste e o deslocamento econômico para o Sudeste, o Brasil começou a
apresentar uma maior integração entre regiões.

Principais mudanças

• Surgimento de um mercado interno rudimentar, impulsionado pela demanda


das regiões mineradoras por alimentos, animais de transporte e bens de
consumo.
• Expansão da agricultura de subsistência no interior e no Sul, com destaque para
a pecuária, que abastecia as áreas mineradoras.

Integração Econômica

• Desenvolvimento de rotas comerciais internas, conectando as áreas produtoras


de alimentos às regiões auríferas.
• Apesar da maior integração, a economia brasileira continuava subordinada aos
interesses metropolitanos e à lógica de exportação.

Capítulo 10: A Economia Colonial Tardia

Furtado aborda a fase de transição da economia colonial para o Brasil do início do


século XIX, com o declínio do ciclo do ouro e o surgimento de novas atividades
econômicas. Ele destaca como o esgotamento das jazidas auríferas provocou uma crise
econômica e social, agravada pelo aumento da dependência em relação a Portugal.

Declínio do Ouro

• O esgotamento das jazidas causou a ruína de muitas regiões mineradoras,


gerando desemprego e pobreza.
• A queda na arrecadação fiscal afetou profundamente a economia da colônia

Reorganização econômica

• A economia voltou a ser sustentada por atividades agrícolas, como a produção


de algodão e tabaco, que ganharam importância devido à demanda
internacional.
• O café começou a se destacar como uma cultura emergente, especialmente no
Vale do Paraíba, prenunciando sua ascensão no século XIX.

Mudanças sociais e políticas

• A crise nas regiões mineradoras levou ao deslocamento populacional para outras


áreas do Brasil.
• O sistema escravocrata se manteve como base da economia, mas com uma
transição para novos setores produtivos.

Aula 04 – A Economia mineradora das Gerais

Francisco Luna – “A Economia e sociedade em Minas Gerais, período colonial”

Francisco Vidal Luna analisa a estrutura econômica e social de Minas Gerais durante o
período colonial brasileiro. Ele destaca a importância da mineração, especialmente do
ouro, como motor principal da economia local, atraindo uma população diversificada e
promovendo o desenvolvimento de uma sociedade complexa.

• Luna explora a organização do trabalho, enfatizando o papel central da mão de


obra escrava na atividade mineradora. Ele observa que a estrutura social era
marcada por uma hierarquia rígida, com uma elite proprietária de minas e
escravos no topo, enquanto os trabalhadores livres e escravos ocupavam as
camadas inferiores.
• O autor também discute as transformações econômicas ocorridas com o declínio
da mineração, quando a economia mineira diversificou-se, incorporando
atividades como a agricultura e a pecuária. Essas mudanças impactaram a
estrutura social, levando a uma maior mobilidade e ao surgimento de novas
dinâmicas sociais.

Iraci Del Nero – “Fundamentos econômicos da ocupação e povoamento de Minas


Gerais”

Iraci del Nero da Costa analisa os fatores que influenciaram a colonização e o


desenvolvimento populacional de Minas Gerais durante o período colonial brasileiro.

• O autor identifica elementos endógenos e exógenos que condicionaram esse


processo, utilizando os conceitos de “direcionamento”, “dimensionamento” e
“estruturação”. As políticas mercantilistas da metrópole direcionaram a
exploração e o povoamento da região; o dimensionamento foi influenciado pelos
contextos socioeconômicos vigentes na colônia e na metrópole; e a estruturação
resultou das condições efetivas das ocorrências minerais, como ouro e diamantes.
• Costa destaca que a descoberta de jazidas auríferas atraiu um grande
contingente populacional, promovendo a formação de núcleos urbanos e uma
sociedade complexa. Entretanto, a economia mineira permaneceu voltada para
a exportação de minerais, com pouca diversificação produtiva e dependência das
diretrizes econômicas da metrópole

R.W. Silenes – “Os Múltiplos Porcos e diamantes”

Silenes explora a interseção entre a criação de suínos e a mineração de diamantes no


Brasil colonial, destacando como essas atividades econômicas se entrelaçaram e
influenciaram a sociedade da época

• Silenes argumenta que a criação de porcos desempenhou um papel crucial


no sustento das populações envolvidas na mineração de diamantes,
fornecendo proteína essencial e contribuindo para a economia local. A
proximidade geográfica entre as áreas de criação de suínos e as regiões
diamantíferas facilitou a integração dessas atividades, promovendo um
sistema econômico interdependente.
• O autor também analisa as implicações sociais dessa interdependência,
observando que a prosperidade gerada pela mineração de diamantes levou
ao aumento da demanda por produtos suinícolas, o que, por sua vez,
incentivou a expansão da criação de porcos. Essa dinâmica resultou em
mudanças na estrutura social, incluindo a ascensão de novos grupos
econômicos e a transformação das relações de trabalho.

Roberto Borges Martins – “Minas e o tráfico de escravos no século XIX, outra vez”

Roberto Borges Martins revisita e aprofunda a análise sobre o papel de Minas Gerais no
tráfico de escravos durante o século XIX.

• Martins argumenta que, ao contrário da visão tradicional que posiciona Minas


Gerais como uma região em declínio econômico após o ciclo do ouro, a
província manteve-se como uma das principais importadoras de escravos
africanos no Brasil durante a primeira metade do século XIX
• O autor apresenta evidências demográficas que indicam um crescimento
significativo da população escrava em Minas Gerais nesse período. Em 1808, a
província contava com aproximadamente 148.772 escravos; esse número
aumentou para 168.543 em 1819 e alcançou 381.893 em 1873. Esses dados
sugerem que Minas Gerais absorveu uma parcela considerável dos escravos
traficados para o Brasil, contrariando a tese de que a região teria se tornado
exportadora líquida de escravos
• Martins também discute as implicações econômicas e sociais desse aumento
populacional escravo, destacando que a economia mineira, embora não fosse
predominantemente exportadora, apresentava dinamismo suficiente para
sustentar a demanda por mão de obra escrava. Ele sugere que atividades como a
agricultura de subsistência e a produção para o mercado interno
desempenharam papel relevante na manutenção desse sistema

Aula 05 – “As Crises do Séculos XVII e XVIII”

Godinho Portugal – “As frotas do açúcar e as frotas do ouro (1670-1770)”

Godinho analisa a evolução das frotas portuguesas que transportavam açúcar e ouro das
colônias para a metrópole entre os séculos XVII e XVIII.

• Godinho destaca que, a partir de 1670, as frotas açucareiras enfrentaram


crescente concorrência das colônias holandesas e inglesas nas Antilhas,
resultando em uma diminuição da participação portuguesa no mercado
internacional de açúcar. Essa concorrência levou a uma crise no setor açucareiro
brasileiro, afetando negativamente a economia colonial.
• Com a descoberta de ouro no Brasil no final do século XVII, houve uma
mudança no foco econômico de Portugal. As “frotas do ouro” tornaram-se
centrais para a economia lusa, com o metal precioso sendo extraído em larga
escala e transportado para a metrópole. Essa nova dinâmica econômica trouxe
prosperidade temporária, mas também gerou desafios, como a necessidade de
controlar o contrabando e garantir a segurança das embarcações.
• O autor conclui que, embora as frotas do ouro tenham proporcionado um
influxo significativo de riqueza para Portugal, elas não resultaram em um
desenvolvimento econômico sustentável. A dependência de recursos coloniais e a
falta de diversificação econômica acabaram por limitar o crescimento a longo
prazo, evidenciando as fragilidades estruturais da economia portuguesa no
período.

Caio Prado Júnior – “A História econômica do Brasil” – Capítulo X

O Capítulo analisa o declínio da economia mineradora no Brasil, que marcou uma


transição significativa na estrutura econômica e social da colônia durante o século
XVIII. Caio Prado Júnior explora como o esgotamento das jazidas auríferas em Minas
Gerais impactou a sociedade colonial e levou à reconfiguração de sua economia.

Declínio da Mineração

Após um período de alta produtividade, as jazidas de ouro começaram a se esgotar,


resultando em uma queda na produção aurífera.
Esse declínio provocou uma crise econômica em Minas Gerais, com efeitos diretos sobre
as finanças coloniais e o comércio interno.

Reconfiguração Econômica

Com a decadência do ouro, a economia brasileira passou a depender mais de outras


atividades, como a agricultura de exportação (principalmente o açúcar e,
posteriormente, o café).
O comércio interno ganhou maior importância, com o desenvolvimento de novos polos
econômicos em outras regiões da colônia.

Impactos Sociais

A crise econômica afetou as populações que dependiam da mineração, levando ao


êxodo de parte da população das áreas mineradoras para outras regiões.
O sistema escravocrata, que havia sustentado a economia mineradora, começou a se
adaptar às novas atividades econômicas.

Integração Regional

• A necessidade de abastecimento das áreas mineradoras durante o ciclo do ouro


resultou em maior integração entre as diferentes regiões do Brasil.
• Com o declínio da mineração, essa integração permaneceu, criando uma base
para a formação de um mercado interno rudimentar.
Persistência das Contradições Coloniais

• Prado Júnior destaca que, mesmo com a reconfiguração econômica, o Brasil


permaneceu preso à lógica colonial de exploração e dependência externa.
• A estrutura social e econômica continuava marcada por desigualdades
profundas, que limitavam o desenvolvimento autônomo.

Aula 06 – Emancipação Política: Independência, Federação e fiscalidade

Dolhnikoff apresenta uma análise crítica das interpretações tradicionais sobre a


formação do Estado brasileiro no século XIX. Ela questiona a visão predominante que
contrapõe centralização e descentralização como forças antagônicas na construção do
país.

• Dolhnikoff argumenta que a unidade territorial e a consolidação do Estado


resultaram de um arranjo político-institucional que conciliou a autonomia das
elites provinciais com a centralização monárquica. Esse pacto permitiu que as
elites locais participassem ativamente do governo central, especialmente por
meio da Câmara dos Deputados, garantindo a coesão nacional sem
comprometer os interesses regionais.
• A autora propõe que o federalismo brasileiro tem raízes no período imperial,
desafiando a ideia de que ele surgiu apenas com a República. Ela sugere que a
estrutura política do Império já incorporava elementos federativos, refletindo a
necessidade de acomodar as demandas das diversas províncias dentro de um
Estado unificado.
• Ao longo da introdução, Dolhnikoff estabelece as bases para uma
reinterpretação da história política brasileira, enfatizando a importância das
negociações entre centro e periferia na formação do Estado nacional. Essa
perspectiva oferece uma compreensão mais complexa das dinâmicas políticas do
Brasil imperial, destacando a interdependência entre centralização e autonomia
provincial.

Costa oferece uma análise crítica do processo de independência brasileira, desafiando


interpretações tradicionais que o retratam como um movimento pacífico e consensual

• A autora destaca que a historiografia tradicional frequentemente apresenta a


independência como resultado de ações individuais e eventos isolados, sem
considerar as complexas forças sociais e econômicas em jogo. Em contraste,
Viotti da Costa enfatiza a importância de compreender as contradições internas
da sociedade colonial e as influências externas que moldaram o movimento
emancipatório.
• Ela argumenta que a crise do sistema colonial, marcada por tensões entre a
metrópole e a colônia, foi fundamental para o surgimento de movimentos de
independência. A autora analisa como diferentes grupos sociais, incluindo elites
agrárias e setores populares, reagiram às mudanças políticas e econômicas da
época, cada um com seus próprios interesses e perspectivas
• Viotti da Costa também explora o impacto das ideias liberais e nacionalistas que
circulavam globalmente, influenciando o pensamento político brasileiro. Ela
ressalta que, embora a independência tenha representado uma ruptura com o
domínio português, muitas estruturas sociais e econômicas, como a escravidão,
permaneceram intactas, limitando o alcance das transformações políticas.

Destaca-se a relevância da obra de Evaldo Cabral de Mello ao reexaminar a


historiografia da Independência do Brasil a partir da perspectiva pernambucana.

• Enfatiza-se que, tradicionalmente, a narrativa da Independência brasileira tem


sido centrada no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, negligenciando movimentos
significativos ocorridos em outras regiões. A obra de Cabral de Mello, portanto,
oferece uma visão alternativa, focalizando os eventos em Pernambuco entre
1817 e 1824, período marcado pela Revolução Pernambucana e pela
Confederação do Equador.
• Ressalta-se que esses movimentos refletem a resistência ao centralismo da corte
do Rio de Janeiro e a busca por autonomia provincial. Ao analisar esses eventos,
o autor contribui para uma compreensão mais abrangente e complexa do
processo de emancipação política do Brasil, evidenciando que a construção da
nação envolveu múltiplas trajetórias e conflitos regionais.
• A Outra Independência” é uma obra fundamental para repensar a formação do
Estado brasileiro, reconhecendo a diversidade de experiências e perspectivas que
compuseram o cenário político do período. A abordagem de Cabral de Mello
enriquece o debate historiográfico, oferecendo uma narrativa que integra as
diferentes vozes e movimentos que contribuíram para a Independência do
Brasil.

Novais analisa o processo de independência do Brasil, destacando sua inserção na crise


do antigo sistema colonial mercantilista.

• Novais crítica abordagens historiográficas que tratam a independência brasileira


de forma isolada ou simplificada, seja enfatizando exclusivamente aspectos
econômicos ou políticos. Ele argumenta que tais perspectivas não capturam a
complexidade do fenômeno, que envolveu múltiplas dimensões inter-
relacionadas.
• O autor propõe que a independência deve ser compreendida como parte de um
processo mais amplo de crise e transformação do sistema colonial mercantilista,
caracterizado por:
o Exclusivo metropolitano: A política que restringia o comércio das
colônias às suas metrópoles, limitando o desenvolvimento econômico
autônomo das colônias.
o Escravismo: A utilização intensiva de mão de obra escrava como base da
produção colonial, especialmente em atividades como a agricultura de
exportação.
o Subsistema do Antigo Regime: A inserção das colônias dentro da
estrutura política e econômica do Antigo Regime europeu, que estava em
processo de superação.
• Novais enfatiza que a independência brasileira não foi um evento isolado, mas
parte de um movimento mais amplo de crise e transformação do sistema colonial
mercantilista. Ele destaca que a independência resultou de tensões internas e
externas, incluindo a pressão por maior autonomia econômica e política por
parte das elites coloniais e as influências das revoluções atlânticas.

Aula 07

Flávio Saes analisa o papel das ferrovias na diversificação econômica do Brasil,


especialmente no estado de São Paulo, durante os séculos XIX e XX. Ele
argumenta que, embora as ferrovias tenham sido inicialmente construídas para
atender à demanda da exportação de café, elas também desempenharam um papel
crucial na promoção de outras atividades econômicas.

Expansão das Ferrovias e do Café

As ferrovias foram fundamentais para o escoamento da produção cafeeira,


conectando as regiões produtoras ao porto de Santos. Essa infraestrutura facilitou o
aumento da produção e exportação de café, consolidando São Paulo como o
principal estado produtor.

Diversificação econômica

Saes destaca que, além do café, as ferrovias estimularam outras atividades


econômicas, como a agricultura de subsistência e a produção de alimentos para o
mercado interno. A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, por exemplo,
transportava não apenas café, mas também alimentos e outras mercadorias,
indicando uma diversificação na pauta de transporte ferroviário.

Impacto nas Estruturas Sociais e Econômicas

A presença das ferrovias contribuiu para a urbanização e o desenvolvimento de


cidades ao longo de suas rotas. Elas facilitaram a mobilidade de pessoas e
mercadorias, integrando diferentes regiões e promovendo a formação de mercados
locais e regionais.

Limitações e Desafios

Apesar dos benefícios, Saes aponta que a dependência excessiva do café como
principal produto de exportação representava um risco econômico. As ferrovias,
embora promotoras de diversificação, ainda estavam fortemente vinculadas à
economia cafeeira, o que limitava a amplitude da diversificação econômica.

Canabrava analisa as características fundamentais da agricultura de grande escala


no Brasil colonial, com ênfase no engenho de açúcar. Ela argumenta que o engenho
de açúcar exemplifica as principais características da grande lavoura no período
colonial, destacando a prevalência do regime de trabalho escravo e da grande
propriedade monocultora.
Canabrava explora a estrutura econômica e social dos engenhos, enfatizando a
integração entre produção agrícola e processamento industrial do açúcar. Essa
integração exigia investimentos significativos em infraestrutura e mão de obra,
consolidando a grande propriedade como unidade produtiva central.

A autora também discute o impacto desse modelo agrícola na sociedade colonial,


ressaltando a formação de uma elite proprietária e a dependência da economia
brasileira em relação ao mercado externo. A monocultura do açúcar e o uso
intensivo de mão de obra escrava contribuíram para a manutenção de uma
estrutura social hierárquica e para a inserção subordinada do Brasil na economia
mundial.

Celso Furtado – Capítulo 19

Furtado explora como o Brasil começou a desenvolver um mercado interno, mesmo


dentro do contexto de uma economia voltada para exportação. Ele destaca que o
crescimento das cidades e das atividades comerciais impulsionou a integração
econômica entre diferentes regiões do país.

Integração Regional

A produção de subsistência e o comércio de alimentos para abastecer as regiões


urbanas e mineradoras contribuíram para a criação de fluxos econômicos internos.

A diversificação econômica, embora limitada, começou a surgir com atividades


como pecuária, pequenas indústrias e produção agrícola para consumo interno.

Cidades como Centros Econômicos

As cidades começaram a desempenhar um papel fundamental no crescimento do


mercado interno, funcionando como centros de distribuição de bens e capitais.

Apesar disso, o mercado interno era incipiente e enfrentava limitações devido à


predominância do modelo colonial de exportação.

Relação com o Mercado Externo

Furtado ressalta que o mercado interno desenvolveu-se em função das demandas do


mercado externo, especialmente com as exportações de café, mas foi gradualmente
ganhando autonomia.

Capítulo 20

Furtado analisa as implicações econômicas da abolição da escravidão em 1888. Ele


argumenta que a transição do trabalho escravo para o trabalho livre representou
uma mudança estrutural significativa, mas que não foi acompanhada de políticas
públicas ou reformas que permitissem uma integração plena dos ex-escravizados na
economia.
Desafios Econômicos pós-Abolição

A abolição provocou desorganização em algumas atividades econômicas,


especialmente na agricultura baseada no trabalho escravo.

Os ex-escravizados enfrentaram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho


formal, dada a ausência de suporte governamental ou de políticas inclusivas.

Imigração como Solução

A solução adotada pelos grandes produtores agrícolas foi a importação de mão de


obra imigrante, principalmente europeia, para substituir os escravizados.

Essa política reforçou as desigualdades sociais e marginalizou ainda mais a


população negra.

Transformações no sistema produtivo

Embora a transição para o trabalho livre tenha introduzido novas dinâmicas no


mercado de trabalho, o modelo econômico brasileiro continuou a depender da
exportação de commodities, como o café.

Sérgio Silva analisa a evolução da economia cafeeira no país, destacando seu papel
central no desenvolvimento do capitalismo brasileiro

Crescimento na produção cafeeira

Por volta de 1850, a produção anual de café atingia cerca de 3 milhões de sacas.

Nas décadas de 1870 e 1880, houve um aumento significativo, ultrapassando


milhões de sacas por ano.

Deslocamento Geográfico das Plantações

Inicialmente concentrada no Vale do Paraíba, a produção deslocou-se para os


planaltos de São Paulo.

Na década de 1880, São Paulo superou o Rio de Janeiro em produção,


consolidando-se como principal região cafeeira.

Transição do Trabalho Escravo para o Assalariado

A expansão para São Paulo coincidiu com a substituição do trabalho escravo pelo
assalariado, impulsionada pela imigração europeia.

Essa mudança facilitou a mecanização do beneficiamento do café e a modernização


das técnicas agrícolas.

Desenvolvimento da Infraestrutura
Construção de uma extensa rede ferroviária foi crucial para escoar a crescente
produção cafeeira.

Ferrovias conectavam as áreas produtoras aos portos, reduzindo custos e tempos de


transporte.

Formação de um Sistema Comercial e Financeiro

O aumento da produção exigiu a criação de casas de exportação e uma rede


bancária para financiar e comercializar o café.

Essas instituições contribuíram para a integração do Brasil no mercado


internacional e para a acumulação de capital.

1. Contexto Econômico no Início do Século XIX

Estagnação econômica devido ao esgotamento das exportações tradicionais.


Necessidade de encontrar um novo produto para impulsionar o crescimento,
levando ao protagonismo do café no cenário brasileiro.

2. Introdução e Expansão do Café

O cultivo de café chegou ao Brasil em 1727, iniciando no Pará e se espalhando


gradualmente por outras regiões.
Expansão inicial em áreas como Maranhão, Ceará e Vale do Paraíba (RJ).
São Paulo tornou-se a principal região produtora na década de 1870, aproveitando
a “terra roxa” para o cultivo intensivo.

3. Impacto do Café na Estrutura Econômica

Infraestrutura: Desenvolvimento de estradas de ferro e redes logísticas para


escoamento da produção.
Mão de obra: Transição do trabalho escravo para o assalariado, com a introdução
de imigrantes europeus via contratos de parceria e colonato.
Capital: O capital cafeeiro desempenhou papéis múltiplos, financiando ferrovias,
bancos, comércio e até o início da industrialização.

4. Café e a Formação de Mercado

O café tornou-se o motor do capitalismo no Brasil, promovendo relações capitalistas


de produção.
Contribuiu para o surgimento de novos mercados internos e integração econômica
entre regiões.

5. Desafios e Crises

A economia cafeeira apresentou comportamento cíclico, com fases de expansão e


queda de preços.
No final do século XIX, o excesso de produção levou a crises de superprodução,
com impactos no preço e na exportação.
Aula 08

1.Transição da mão de obra no Brasil:


O fim do trabalho escravo e a introdução do trabalho livre no contexto da expansão
cafeeira.
Discussões sobre as razões para o término do escravismo: inadequação econômica e
escassez de mão de obra.

2.Principais teorias explicativas:


Fernando Henrique Cardoso destaca a incompatibilidade entre o trabalho escravo e
formas mais progressistas de produção.
Celso Furtado aponta a escassez de mão de obra como determinante, reforçando o
papel da imigração para regiões dinâmicas.

3.Interpretações de Paula Beiguelman:


Escravidão como compatível com o capitalismo no período colonial, mas inviável na
evolução do sistema.
O fim do tráfico foi crucial, articulado com interesses internos e dinâmicas regionais.

4.Imigração como alternativa ao trabalho escravo:


Fluxos migratórios europeus no século XIX e a formação de núcleos coloniais no
Brasil.
Sistema de parceria e colonato como formas de organização do trabalho livre,
destacando problemas como endividamento e más condições de trabalho.

5.Impactos das leis abolicionistas:


Lei do Ventre Livre (1871) e sua relevância estrutural na transição.
Movimento abolicionista e participação dos escravos (fugas, revoltas).

6. Desafios e evolução do sistema migratório:


Dificuldades iniciais com núcleos coloniais subsidiados e resistência europeia após
más condições de trabalho.
Gradual preferência por contratos salariais e colonatos.

Aula 09

1.Industrialização e Café:
A economia cafeeira criou condições para a industrialização, como monetização,
mercado interno e melhorias em infraestrutura.
A renda gerada pelo café foi investida em atividades industriais, especialmente em
substituição de produtos importados.

2.Teorias e Interpretações:
Teoria dos Choques Adversos (Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares):
Crises no setor exportador favoreceram atividades internas substitutivas.
Industrialização liderada pela expansão das exportações (Warren Dean):
O setor exportador impulsionou a indústria em períodos de alto desempenho.

Capitalismo Tardio (Sérgio Silva e João Manoel Cardoso de Mello): A


industrialização ocorreu como estágio final de transição ao capitalismo, com
contradições entre os capitais cafeeiro e industrial.

3. Evolução da Indústria:
O processo foi impulsionado por crises externas, desvalorização cambial,
protecionismo tarifário e imigração.
Debates continuam sobre a relação entre exportações e industrialização.

4. Política e Desenvolvimento:
Intervenções governamentais, como reformas tarifárias e incentivos ao crédito,
tiveram impacto significativo.

5. Implicações Econômicas:
A substituição de importações e a diversificação econômica foram fundamentais
para o crescimento industrial.

Aula 10

1.Introdução do Trabalho Assalariado e Dinâmica Econômica:


Crescimento da renda na segunda metade do século XIX, impulsionado pelo setor
exportador (principalmente café).
Dinamização do mercado interno e aumento da demanda por importações.
Dependência de um único produto de exportação (café) e vulnerabilidade a
desequilíbrios na balança comercial.

2.Evolução da Renda e Fluxos Econômicos:


Crescimento significativo na renda do setor exportador entre 1840 e 1890, com
destaque para o café, que apresentou aumento de 812% na renda gerada.
Mudança nos fluxos de renda com a introdução do trabalho assalariado, promovendo
maior circulação de recursos na economia interna.

3.Tendência ao Desequilíbrio Externo:


A economia cafeeira, dependente de exportações e importações, apresentou dificuldades
de ajuste em períodos de retração econômica.
Mecanismos de ajuste, como o padrão-ouro e desvalorização cambial, revelaram
limitações estruturais para países periféricos, como o Brasil.

4.mpacto do Padrão-Ouro:
Durante o século XIX, o Brasil integrou o padrão-ouro, mas sua dependência de
exportações e bens importados gerou dificuldades em períodos de crise global.
Flutuações econômicas mundiais expuseram assimetrias entre países centrais e
periféricos.
5.Salários e Impacto na Economia:
Salários no setor cafeeiro eram relativamente elevados, mas estáveis, e representavam
um aumento na massa salarial da economia.
Durante crises, ajustes recaíam sobre as margens de lucro dos cafeicultores, gerando
mecanismos de socialização das perdas.

6.Desafios e Consequências:
A economia brasileira enfrentava rigidez na demanda por importações e moeda
externa, o que dificultava ajustes rápidos em crises de exportação.
Os desequilíbrios externos demonstraram a fragilidade de um sistema dependente de
um único produto de exportação.

Aula 11

1. Tendência ao Desequilíbrio Externo:

Na economia cafeeira com trabalho assalariado, o multiplicador de dispêndios impedia


ajustes rápidos, gerando desequilíbrios na balança de pagamentos em crises
exportadoras.
Ajustes eram realizados por desvalorização cambial, resultando na socialização das
perdas.

2. Transformações Econômicas e Proclamação da República:

A proclamação foi impulsionada por crises do final do Segundo Reinado, incluindo a


Abolição da Escravatura, Questão Militar e Questão Religiosa.
A elite buscava um modelo federativo como solução para contradições econômicas e
sociais, incluindo diversificação econômica e expansão urbana.

3. Política Econômica na Primeira República:

Medidas como a reforma da lei de sociedades anônimas e expansão do crédito visavam


impulsionar a agricultura e a indústria.
Encilhamento promoveu expansão monetária e euforia no mercado, mas resultou em
inflação e desequilíbrios econômicos.

4. Defesa do Café e Intervenções Governamentais:

O mercado cafeeiro sem intervenção apresentava ciclos cíclicos de expansão e retração.

Convênio de Taubaté (1906):


Fixação de preços mínimos para o café e criação da Caixa de Conversão.
Financiamento por meio de empréstimos externos e sobretaxa sobre exportações.
O sucesso inicial da valorização do café levou à continuidade da política de defesa,
consolidando sua importância econômica.

5. Impacto na Economia e o Deslocamento do Centro Dinâmico:


Durante a crise de 1929, políticas de defesa do café contribuíram para uma recuperação
precoce da economia brasileira, atuando como políticas anticíclicas.
A crise e a desvalorização cambial redirecionaram a renda para o mercado interno,
favorecendo o desenvolvimento industrial e o processo de substituição de importações.

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