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ED. FÍSICA: A HISTÓRIA DAS BRINCADEIRAS ATRAVÉS DOS TEMPOS - CÓDIGO: 1407
PROGRAMA DO CURSO
Ementa: A importância da diferenciação entre jogos, brincadeiras e brinquedos: História e
Conceituação; O jogo nas diferentes perspectivas teóricas; Conceituando Jogo, Brincadeira e Brinquedo;
O Brincar de Ontem e o Brincar de Hoje: Suas Diferenças e Implicações para as Aulas de Educação
Física; Jogo e Trabalho: Reflexões iniciais; O Brincar e a Racionalidade Técnica; Infância; jogos
populares nas aulas de Educação Física.
Objetivo Geral: Resgatar na Educação Física e a história das brincadeiras através dos tempos e a
valorização das mesmas no processo educacional infantil.
Objetivos Específicos:
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APRESENTAÇÃO
Que este curso venha transformar o seu estudo agradável e produtivo e para que aconteça a
aprendizagem é o empenho nas leituras, no aproveitamento da atividade disponibilizada em aprimorar a
prática pedagógica.
BOM ESTUDO!
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SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................................05
A importância da diferenciação entre jogos, brincadeiras e brinquedos: História e
Conceituação............................................................................................................................................07
Conceituando Jogo, Brincadeira e Brinquedo..........................................................................................10
Considerações sobre o brinquedo, os jogos e o brincar...........................................................................12
A importância do brincar no processo ensino aprendizagem...................................................................14
O brincar de ontem e o brincar de hoje: Suas diferenças e implicações para as aulas de Educação
Física........................................................................................................................................................18
Brincar: Uma questão de hábito ou necessidade......................................................................................19
A importância do lúdico no desenvolvimento e aprendizagem da criança..............................................21
O significado dos jogos nas aulas de Educação Física escolar................................................................23
O lúdico como processo educativo..........................................................................................................25
Histórico da educação pré-escolar...........................................................................................................26
A história da educação infantil no Brasil: Avanços, retrocessos e desafios dessa modalidade
educacional...............................................................................................................................................27
Fases do desenvolvimento da criança......................................................................................................29
Como evolui a brincadeira.......................................................................................................................30
O brinquedo e a formação do pensamento...............................................................................................31
Jogo e Trabalho: Reflexões iniciais.........................................................................................................33
O Brincar e a Racionalidade Técnica.......................................................................................................34
Infância.....................................................................................................................................................35
Infância e criança – Algumas considerações............................................................................................37
Neste sentido, é preciso termos clareza que a criança necessita brincar, tocar, mexer, transformar.......40
31 de maio Dia Internacional da Criança.................................................................................................42
Brincadeira é coisa séria...........................................................................................................................43
Considerações finais.................................................................................................................................44
Avaliação de conclusão do curso..............................................................................................................46
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INTRODUÇÃO
Atualmente as crianças não querem mais brincar ou não brincam das brincadeiras de
antigamente. A maioria das crianças prefere dentro de casa, jogando vídeo game, ficando no
computador ao invés de ficar na rua brincando com as variedades de brincadeiras que existem. O
significado e a importância do jogo na vida humana tem sido objeto de estudos de diferentes áreas de
conhecimento. Também sabemos que desde os tempos mais remotos o jogo é uma atividade típica do
homem, por isso sempre fez parte dos conteúdos da Educação Física Escolar e cada vez ganha mais
espaço nestas aulas, pois é uma atividade da qual as crianças sentem prazer em praticar. O jogo
simboliza as mais diversas vivências do nosso dia a dia, sendo então uma atividade livre através da qual
demonstramos nossa forma de lidar com o mundo, com o outro e com nós mesmos. Desta forma, este
curso tem vem abordar a brincadeira, o jogo como conteúdo da Educação Física Escolar.
Compreendemos que os Jogos e as Brincadeiras de antigamente que consequentemente
nossos pais costumavam exercitar, não são tão conhecidos pelas crianças de hoje, provocando o
esquecimento das origens e deixando de aprender um pouco da história e da cultura de sua família.
O afastamento ou a redução de práticas de vários tipos de jogos antes praticados ao ar livre
deve-se principalmente ao crescimento da urbanização e industrialização, da mídia em geral e da
televisão em especial, e não podemos esquecer dos brinquedos eletrônicos e da informática. Sendo essas
as possíveis causas da perda ou transformação daqueles costumes que fizeram parte da nossa cultura de
jogos e brincadeiras.
As crianças que residem nos perímetros urbanos têm na maioria das vezes a possibilidade de
experimentar brincadeiras e jogos motores somente quando estão na escola. Em função da violência, os
pais preferem ocupar seus filhos com novidades tecnológicas, impedindo o prazer natural que deve ser
estimulado na fase de desenvolvimento. E promovendo a acomodação dos filhos em frente à televisão,
computadores ou jogos eletrônicos.
Em primeira instância abordamos a “importância da diferenciação entre jogos, brincadeiras e
brinquedos: história e conceituação” apresentam o referencial teórico, descrevendo sua origem e
significados, nele ressaltamos o valor dessas atividades como fatores educacionais e a influencia da
tecnologia e da industrialização nas mudanças dos jogos e brincadeiras. Também destacamos os
diversos termos utilizados para denominar e diferenciar jogo e brincadeira, pois assumem diferentes
significados em diferentes contextos.
No segundo momento “O brincar de ontem e o brincar de hoje: suas diferenças e
implicações para as aulas de Educação Física” mencionaremos sobre a importância e a diferença entre
os Jogos, Brincadeiras e Brinquedos de antigamente e os de hoje na prática pedagógica da Educação
Física e na sociedade como um meio de não se perder através do tempo. Nele defendemos o valor
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educativo das brincadeiras de antigamente, da cultura lúdica infantil, além do valor em si mesmo. Sendo
que as crianças estão perdendo o interesse de brincar com as brincadeiras de antigamente, querendo
desfrutar dos brinquedos eletrônicos.
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criança é claramente percebido nesse repertório dos chamados jogos e brincadeiras tradicionais ou
populares. “A modalidade jogo tradicional infantil possui características de anonimato, tradicionalidade,
transmissão oral, conservação, mudanças e universalidade” (KISHIMOTO, 2006.)
Para o autor a brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, considerada como parte da
cultura popular, guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico estando sempre em
transformação, onde seus criadores são anônimos. Por exemplo, da origem da amarelinha, a do pião só
se sabe que provêem de práticas abandonadas por adultos, mitos, poesias e rituais religiosos.
Na opinião de Vygotsky (1989), esses jogos e brincadeiras são importantes para a
compreensão das relações sociais e não podem ficar fora do processo educativo. A criança deve
entender que a história do jogo e da brincadeira não começa com ela, mas que pessoas como seus pais e
avós já a escreveram.
De acordo com Carvalho (apud KISHIMOTO, 1993) ainda assim, um repertório de
brincadeiras e brinquedos também caracteriza uma cultura local, com traços específicos do contexto
onde é praticado o que fundamenta a ideia de que existe ao mesmo tempo a universalidade e a
diversidade da brincadeira como prática cultural.
Historicamente os jogos também exprimem formas sociais de organizar as experiências
lúdicas humanas. São exemplos dessa característica a brincadeira de esconde-esconde ou cabra-cega (até
mesmo no caso dos bebês) e o faz de conta, que em sua universalidade expressam, por meio do lúdico,
as formas de experimentar o mundo.
A brincadeira como linguagem tipicamente infantil integra experiências da corporeidade, da
cognição e da emoção. Nesse sentido, Pereira (2000) compreende “o ato de brincar como uma forma de
conhecimento integrados, próprio da cultura infantil, inclui dentro deles todas as linguagens de
representação na relação que deixa mais evidente a presença da situação imaginária.”
De acordo com Kishimoto (2006) descreve que “a brincadeira de faz-de-conta, é a que deixa
mais evidente a presença da situação imaginária. ” O faz-de-conta permite não só a entrada no
imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos tema das brincadeiras. É
importante registrar que o conteúdo do imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas
crianças, em diferentes contextos. (Kishimoto).
A brincadeira de “fazer de conta” destaca-se, portanto, como eixo central na relação da
produção e apropriação da cultura pelas crianças, experiência por meio da qual ela experimenta a
imaginação, a interpretação e a construção de significado sobre diferentes situações sobre o universo
que a rodeia e sobre si mesma.
“Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a
experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança”. (KISHIMOTO,
2006)
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Quando a crianças esta construindo está expressando suas representações mentais, além de
manusear objetos. Onde o jogo de construção tem uma relação com o faz-de-conta.
De acordo com Kishimoto (2006) “as construções se transformam em temas de brincadeiras
e evoluem em complexidade conforme o desenvolvimento das crianças”.
Os brinquedos lidam com o âmbito da reprodução da realidade da criança e seus contextos.
Segundo Kishimoto (2006), “o brinquedo em sua forma e dimensão delicadas e antropomórficas
(semelhante ao homem), metamorfoseia (transforma) e fotografa os diversos tipos de realidades, não
reproduzindo apenas objetos, maus uma totalidade social”.
Assim, as brincadeiras se transformam, e segundo Kishimoto (1993) Não há
desaparecimentos de determinada brincadeira, mas sim mudanças de representações introjetadas nelas
decorrentes da dinâmica colocada pelos processos históricos que alteram o panorama social e o
cotidiano infantil.
Concordando com a ideia do autor acima Amorim e Batista (2007) dizem que vivemos
atualmente em uma sociedade em que as crianças, em grande parte, já não vivenciam brincadeiras como
em outras épocas, devido ao aumento da tecnologia e da globalização, que leva as pessoas a estarem
cada vez mais dentro de suas próprias casas. Como afirma Soler (2003 apud Amorim, 2007) “hoje as
crianças já não podem brincar livremente pelas ruas, pois dois motivos as impedem: o crescente
desenvolvimento das cidades e a escalada da violência”.
Contudo, atualmente, no mundo cada vez mais urbanizado, industrializado e informatizado,
e tendência é que muitos dos jogos e brincadeiras tradicionais percam espaço nas preferências infantis.
Mesmo assim Fatim (1996) ressalta que jogos e brinquedos como a peteca, a amarelinha, pega-pega, a
perna de pau e as cinco maneiras têm valor cultural inestimável, e o lugar dessas brincadeiras no
costume de algumas comunidades e do folclore já está garantido.
Concordando com a ideia do autor citado a cima Carvalho (s/d) relata que compreender as
relações entre brincadeira, brinquedo e cultura, é, portanto, reconhecer o caráter universal do uso dessa
linguagem como forma de significação da cultura. Nesse sentido a dimensão universal não se
exemplifica apenas na recorrência de um repertório de práticas, mas também no fato de que a criança de
distintos contextos sociais e históricos opera com essa linguagem em seu processo de apreensão do
mundo.
Paralelamente, na medida em que a cultura infantil se constitui na relação com o universo
cultural mais amplo, as produções culturais infantis são marcadas pelo pertencimento sócio-cultural de
cada criança.
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Existem vários termos para denominar ou diferenciar jogo, brincadeira e brinquedo, pois
assumem diferentes sentidos em diferentes contextos. No entanto alguns autores utilizam as expressões
jogos, brincadeiras e brinquedos como se fossem palavras sinônimas.
As definições para jogo e brincadeira variam de uma área do conhecimento a outra e mesmo
entre teóricos de uma mesma área.
Já para vários autores, jogar e brincar resulta num procedimento criativo para transformar (
imaginariamente) a existência da realidade e o presente.
De acordo com Bruhns (1889) ressalta que: Procurar a essência do jogo é tentar redimensionar
o fenômeno muito além do simples fato de diversão e entretenimento. É tentar descobrir sua dimensão
humana sem nunca perder de vista a integração do homem dentro do seu meio.
O mesmo autor relata que o conceito de jogo é ir buscar nas suas origens históricas e culturais,
a explicação para as aparências. Indo também buscar o seu significado dentro da produção coletiva dos
homens vivendo em sociedade.
Isso quer dizer que o jogo tem vários significados diferentes e expressam diversos pontos de
vista, dependendo do que vários autores se propuseram a estudá-lo tendo uma dificuldade considerável
em defini-lo.
Segundo Ferreiro (1998), o jogo é uma atividade física ou mental organizada por um sistema de
regras que define a perda ou ganho – brinquedo, passatempo, divertimento. Regras que devem ser
observadas quando se joga.
Seguindo uma mesma linha o autor Callois (apud BRUHNS s/d) define o jogo, considerando os
elementos característicos de sua ação: uma atividade livre (diversão sem caráter de obrigatoriedade),
delimitada (espaço e tempo previamente estabelecidos), incerta (sem previsão de resultados),
improdutiva (não mantém vínculos com a sociedade de consumo), regulamentada (submissão a regras),
fictícia (fundamentada num contexto de irrealidade perante a vida).
No jogo pode haver desprazer em busca do objetivo de ganhar, vencer sendo uma de suas
características, enquanto na brincadeira, por seu caráter descomprometido não submete seu praticante a
essa situação e ao desconforto, pois o interesse por ela termina a qualquer momento.
A brincadeira é sinônima ou é inseparável do jogo na perspectiva de Barreto (1998). Para ele a
brincadeira é atividade lúdica livre, separada, incerta, improdutiva, governada por regras e caracterizada
pelo faz de conta. É uma atividade bastante consciente, mas fora da vida rotineira e não séria que
absorve a pessoa intensamente. Ela se processa dentro de seus próprios limites de tempo e espaço de
acordo com regras fixas e de um modo ordenado.
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Para Huizinga (1993) o jogo é uma atividade de ocupação voluntária dentro de certos
determinados limites de tempo e de espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente
obrigatório dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria, e de
uma consciência de ser diferente da “vida cotidiana”.
O autor Huizinga (1971) destaca como principais características do jogo: Ser uma atividade
livre, conscientemente tomada como não séria e exterior a vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de
absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse
material, com a qual não se podem obter lucros, praticando dentro de limites espaciais e temporais
próprios, segundo certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência e
rodearem-se de segredo e a sublimarem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de
disfarces ou outros meios semelhantes.
Tratando-se de um jogo de acordo que se uma atividade recreativa permite alcançar a vitória,
ou seja, pode haver um vencedor. Em que o jogo busca um vitorioso. Sendo que o jogo sempre trará
regras. Não existe jogo sem pelo menos uma regra que seja. Caso for necessário pode fazer uma
modificação nas regras do jogo, mas deve ser interrompido e depois recomeçado.
Nenhuma teoria do jogo é totalmente aceita universal, porém todas abrangem a noção de que
essa atividade tem grande valor educacional.
Acrescentando Carvalho (1999), afirma que os jogos e brincadeiras representam um elo na
construção de novos conhecimentos, constituindo um maior dinamismo e criatividade no processo de
ensino-aprendizagem. O autor acredita que é necessário além de buscar um novo sentido para este
processo, descobrir o elo de ligação entre a sala de aula e a realidade social em que se encontram
inseridas as crianças para que o ato de aprender deixe de ser apenas memorização ou repasse de
conteúdos para ser construção do conhecimento.
Conforme Ferreira (1988), brincadeira é o ato ou efeito de brincar, brinquedo, entretenimento,
passa tempo, divertimento, gracejo.
Não concordando com os autores acima, Kishimoto (2001): A brincadeira é a ação que a
criança desempenha ao concretizar as regras do jogo e mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o
lúdico em ação. “Brinquedo é brincadeira relacionam-se diretamente com a criança, e não se confundem
com o jogo.” Ao tentar estabelecer a diferença entre jogos e brincadeiras há apenas uma pequena
mudança: o jogo é uma brincadeira com regras e a brincadeira, sem regras. O jogo se origina do brincar
ao mesmo tempo em que é brincar.
A principal e fundamental diferença entre jogos e brincadeiras é que não há como vencer uma
brincadeira, pois ela acontece e segue se desenvolvendo enquanto houver motivação e interesse por ela.
Onde ela não tem final pré-determinado, podendo concluir por ocorrência de fatores externos a ela,
como o fim do tempo livre disponível, a chuva etc.
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De acordo com Piaget (1978 apude Kishimoto,2006); na teoria piagetiana, a brincadeira não
recebe uma conceituação especifica. Entendida como ação assimiladora, a brincadeira aparece como
forma de expressão da conduta, dotada de características metafóricas como espontânea, prazerosa,
semelhantes às do Romantismo e da biologia.
Ao colocar a brincadeira dentro do conteúdo da inteligência e não na estrutura cognitiva. Piaget
aponta a construção de estruturas mentais da aquisição de conhecimentos. A brincadeira enquanto
processo assimilativo participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da aprendizagem. (PIAGET,
1978)
Segundo Piaget (1978): Em síntese, ele adota o uso metafórico vigente na época, da brincadeira
como conduta livre, espontânea, que a criança expressa por sua vontade e pelo prazer que lhe dá. Para o
autor, ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói
conhecimentos.
O brinquedo enquanto objeto é sempre suporte da brincadeira. É um estimulante material para
fazer fluir o imaginário infantil.
No entanto nem sempre isso é possível no contexto atual em que os pais quase não têm tempo
para brincarem e transmitirem suas experiências para os filhos,
Por outro lado pra Vygotsky (apude FONTANA; CRUZ, 1997) “as primeiras brincadeiras
surgem da necessidade de dominar o mundo dos objetos humanos. Ao brincar, a criança tentar agir
sobre os objetos, como os adultos. ”
Nas brincadeiras de grupo, as relações sociais são repetidas nas reações das crianças entre si.
Regulamentadas por regras implícitas (subentendidas) de comportamento, essas relações são uma pré-
condição importante para que as crianças se tornem conscientes da experiência de regras na brincadeira.
Brincar é típico da criança, a infância é considerada por muitos como a idade do jogo, e se a
característica marcante da infância é a ludicidade não podemos considerar a infância sem o brinquedo.
Para uma melhor análise do tema descreveremos um histórico cultural do brinquedo usando
os escritos de Benjamin (2004), onde este nos diz que a Alemanha é o centro espiritual dos brinquedos.
Benjamin realizou vários escritos sobre os brinquedos e os livros infantis onde registra sua história e
configurações ao longo do desenvolvimento industrial e pós-industrial. Remete-nos a museus de
brinquedos onde encontram-se entre outros brinquedos clássicos, como as bonecas de porcelana, os
soldadinhos de chumbo, já na época em processo de esquecimento.
No início os brinquedos não foram invenções de fabricantes especializados. Surgiram das
oficinas de entalhadores em madeira, de fundidores de estanho, entre outros.
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As brincadeiras têm sido vistas como fenômenos culturais, criados e recriados em cada
época e lugar e transmitidos através de grupos de brincadeira. Essa qualidade de fenômeno cultural é
responsável pela diversidade de brincadeiras, de objetos utilizados e de regras regulatórias, sem prejuízo
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da universalidade de motivos, temas recorrentes, enfim, de um tipo de estrutura profunda que pode ser
capturada na diversidade.
Muitos professores ilustres usaram o lúdico para ensinar. Erasmo de Roterdã, como um
mestre-escola, fez com que seus pupilos comessem, em ordem alfabética, um abecedário feito de massa
para bolinhos. Outros imaginavam loterias de letras, dados de letras e semelhantes jogos. Seidmann-
Freud fez, inclusive, uma cartilha lúdica para ajudar na alfabetização de crianças, conforme nos diz
(Benjamin, 2002, p. 140) “Em suma, a proposta de descontrair ludicamente a cartilha é velha, e a
recente e radical tentativa, a cartilha póstuma de Seidmann-Freud, não se encontra fora da tradição
pedagógica.”
As crianças, conforme Braga e Araújo (2006) perpetuam e renovam as culturas infantis,
desenvolvendo-se socialmente, modificando-se e recebendo novos conteúdos. “É pelo brincar e repetir a
brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada
novo brincar. ”
Outra importante consideração sobre a brincadeira e o jogo como atividade pedagógica está
na sua possibilidade de repetições, o que torna o aprendizado mais efetivo.
Para Volpato (2002, p.49), quando o educador dá informações aos seus alunos através uma
brincadeira, está atuando como representante do processo que produz o conhecimento. Ao mesmo
tempo está se cumprindo o processo interpessoal, onde a criança se apropria do que está sendo ensinado.
Daí decorre o interesse da criança em fazer questão de repetir os mesmos jogos várias vezes.
As crianças passam quatro horas diárias ou mais na escola e algumas vezes saem de lá
sem ter aprendido algo significante para suas vidas. Isto porque a escola está distante de suas vivências
no dia-a-dia, tornando-se assim, um lugar onde as crianças só frequentam porque são obrigadas e não há
vontade de estarem ali.
A introdução do jogo, da música e da brincadeira na escola, motiva o aluno a frequentá-la,
ele sente necessidade de aprender as regras, de participar e mostrar seus conhecimentos e experiências,
pois sem motivação não há aprendizagem.
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Zacharias (2006) afirma porém, que é preciso considerar as brincadeiras que as crianças
trazem de casa ou da rua e as que elas organizam independentemente do adulto, para um diagnóstico
daquilo que elas já conhecem, que tanto podem ser referentes ao mundo físico ou social, bem como do
afetivo. É necessário que a escola possibilite o espaço, o tempo e um educador que seja mediador das
interações das crianças com os objetos de conhecimento.
Assim, o processo educacional necessita de professores que além de conhecedores de sua
função, e do conteúdo a ser trabalhado, seja também um profundo conhecedor da criança e de suas fases.
Para atuar com a criança o professor precisa saber brincar e gostar de brincar para entrar no mundo da
criança.
Para Almeida (2000, p. 72) cabe ao educador fazer com que a criança goste da escola, e
saiba que lá encontrará verdadeiras fontes de informação. É importante que os professores dominem o
conhecimento e gostem de estar junto às crianças.
Na sala de aula o professor pode iniciar as atividades pedagógicas partindo de um
brinquedo, porém, deve buscar o conhecimento sobre a natureza e o significado do jogo, considerando
que as crianças necessitam do lúdico para desenvolverem suas capacidades psicológicas e se
apropriarem da realidade social a qual estão inseridas, de forma ativa, dinâmica e significativa
A criança procura os jogos como uma necessidade, e não apenas pelo simples desejo de
distração. Através do jogo ela revela suas vontades, vocações, habilidades, caráter e tudo o que ela traz
em seu eu em formação. Neste caso, o lúdico torna-se um ótimo recurso no ensino de qualquer
disciplina.
Para Vygotsky (1991) a criança não é apenas um sujeito ativo, mas também, interativo,
pois troca conhecimento e se constitui a partir de relações intra e interpessoais. As atividades lúdicas,
neste contexto, são apropriadas para que as crianças troquem experiências e conhecimentos. O professor
quando intervém na Zona de Desenvolvimento Proximal dos alunos, através de atividade lúdicas,
promovem ainda, junto à criança, desequilíbrios naquilo que ela já pode estruturar, permitindo-a avançar
a partir de suas próprias investigações.
Isto significa o quanto a brincadeira e os jogos são importantes quando se discute o potencial
de aprendizagem do aluno.
Através das várias teorias podemos averiguar que todos concordam que a brincadeira é
primordial no desenvolvimento humano, pois brincar é sem duvida uma forma de aprender, é
experimentar, se relacionar, imaginar, expressar-se, compreender-se, confrontar-se, transformar-se e ser.
Inspirando-se em vários estudiosos é possível afirmar que as crianças quando brincam
desenvolvem vários aspectos como: Emocionais, que permitem expressar os problemas e relações na
brincadeira. Usando a brincadeira para vencer dificuldades, faz ponte entre a realidade interna e externa,
integrada na brincadeira pela imaginação. Cognitivos, a criança brinca para aprender sobre o mundo,
constrói a consciência da realidade e elabora hipóteses, desenvolvendo a imaginação e criatividade.
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Desenvolve capacidade de afirmar, negar e alterar o real, também o moral, cooperação e autonomia.
Sociais, é possível dizer desenvolve a socialização e cooperação, aumentando a conquista do mundo
exterior, recria experiências sociais e culturais, permitindo o contato com diferentes valores culturais e
modos de vida. Aprende sobre relações sociais e regras de convivência. Físicos, possibilita ao corpo
expressar alegria muscular quando brinca, permite dominar o corpo e espaço, amplia o desenvolvimento
motor e explora o corpo.
O ato de brincar envolve emoções, tensões, desafios, por isso é muito importante resgatar
o jogo como metodologia escolar. Aos professores devem estar sempre buscando formas de educar que
tenham como centro a pessoa humana, e as atividades lúdicas são, conforme exposto neste trabalho,
imprescindível para o processo ensino-aprendizagem.
Na escola a brincadeira envolve a criança como um todo, mesmo que o professor faça
prevalecer seus objetivos e controle. O jogo é sempre uma atividade social, simbólica e age com a
interação com o outro. A aprendizagem acontece em meio a intimidade, nas disputas e implica na
construção dos sentidos.
O educador deve respeitar o interesse do aluno e ensinar a partir de sua atividade
espontânea, ajudando em suas duvidas, formulando desafios e acompanhando o processo de construção
do conhecimento do educando.
Nos jogos educativos o professor deve dar às crianças consciência de que fazem parte de
um grupo, onde mesmo constituído de diferentes pessoas, todas devem jogar em busca de um objetivo
em comum.
Uma grande preocupação do educador é de saber quando um jogo é educativo ou não,
porém, segundo Kishimoto,
Ao permitir a manifestação do imaginário infantil por meio de objetos
simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o
desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo
empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico,
apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação
geral de jogo lúdico. (KISHIMOTO, 1997, p.83)
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de conhecimento, onde as crianças possam criar uma base para processar toda essa informação. E o
professor deve verificar o que realmente tem valor para a formação integral do ser humano, e trabalhar
esses valores com as crianças através de práticas apropriadas às crianças, e as atividades lúdicas têm se
mostrado um ótimo método para a aprendizagem infantil.
A criança já traz consigo experiências, atitudes, valores, hábitos quando chega à escola,
estabelecendo e refletindo a sua cultura, a de sua família e de seu meio social.
De acordo com Góes (1995) As crianças chegadas de classes economicamente baixas
sentem grande estranheza diante da linguagem, regras e valores utilizados pela escola. Se sentindo
diferentes e inferiorizados daqueles que estão habituados, pois pelo fato de não poderem trazer para a
escola seu modo de falar e sua experiência familiar e do bairro.
O mesmo autor relata que as crianças serão mais prejudicadas nas aulas de Educação Física,
recusando fazer essas aulas, já que se sentirão perdidas diante da falta de sentido e utilidade de
movimentos que executam.
Segundo Góes (1995) “Na verdade as aulas de Educação Física não têm ajudado a melhorar
a vida quotidiana das crianças, muito menos tem satisfeito as suas mais elementares necessidades de
movimento.”
As crianças e os jovens se enriquecem através dos tipos de brincadeiras, dos jogos, das
atividades diferentes que realizam fora da escola, sentindo mais enriquecedoras do que aquelas
realizadas nas aulas de Educação Física.
Sendo que a preocupação maior dos professores é no sentido de prepará-las para o futuro,
desenvolvendo todas as suas capacidades e habilidades tendo como objetivo identificá-la com o modelo
de Esporte veiculado pelos meios de comunicação.
De acordo com (Faria Junior, apud FARIA JUNIOR, 1993) relata que: Certamente a nova
geração de professores de educação física vem se tornando cada vez mais consciente das desigualdades
existentes na sociedade brasileira entre ricos e pobres, exploradores e explorados, brancos e negros,
homens e mulheres, jovens e idosos.
O mesmo autor comenta que a maior parte dos nossos professores de educação física tem
experiências em ambiente mono culturais em escolas, ficando pouco sensibilizados em relação ás
questões de uma sociedade culturalmente diversificada.
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Quando falamos em brincar, duas ideias surgem em nossa mente. A primeira refere-se à
criança, e a segunda, a uma atividade rotulada como “nada sério”. Quando olhamos para uma criança e
quando escutamos seus raciocínios ou observamos seu comportamento, podemos notar que toda sua
vida é iluminada pelo lúdico. Brinquedo e criança são duas coisas inseparáveis.
Brincar é uma atividade lúdica criativa que dá novos significados a realidade e percepções.
Podemos ver na brincadeira uma articulação entre a imaginação e a imitação da vida, no brinquedo,
entra em ação a fantasia. O individuo criança ou adulto ao brincar, transforma a realidade e a realidade o
transforma.
Brincar é uma aprendizagem de vida que leva as crianças para esse ou aquele caminho, para
poder traçar seu próprio percurso ou para tê-lo traçado pelos pais, professores e outros. Porem tudo vai
depender de como as crianças brincam e qual a atitude dos adultos ao redor em relação a essas
brincadeiras.
“No brincar, o conhecimento de si mesma, os papéis sociais evidenciados, o envolvimento
com os parceiros e a característica prazerosa contido no jogo remetem a criança a um tipo de
conhecimento da realidade, permitindo sua apropriação e representação, contribuindo para construção
do conhecimento e da personalidade”. (Santos, 1999, p.14).
Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. Esta é uma afirmativa bastante
usada e aceita, pois a própria historia da humanidade nos mostra que as crianças sempre brincam,
brincam hoje e, certamente, continuarão brincando. Sabemos que ela brinca porque gosta de brincar e
que, quando isso não acontece, alguma coisa pode não estar bem. Enquanto algumas crianças brincam
por prazer, outras brincam para dominar angústias, dar vazão à agressividade.
Vejamos o enfoque teórico dado ao brincar por Santos (1999), dentre vários pontos de vista:
-Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à
racionalidade. A emoção deverá estar junta na ação humana tanto quanto a razão;
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-Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma mais pura de inserção
da criança na sociedade. Brincando, a criança vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos
do meio em que vive;
- Do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da
criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento;
-Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como os atos criativos estão
centrados na busca do “eu”. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com as
imagens e signos fazendo uso do próprio potencial;
-Do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado uma estratégia poderosa para a
criança aprender.
A partir do que foi mencionado sobre o brincar, nos mais diferentes enfoques, podemos
perceber que ele está presente em todas as dimensões da existência do ser humano e, muito
especialmente, na vida das crianças. Podemos afirmar, realmente, que “brincar é viver”, pois a criança
aprende a brincar brincando e brinca aprendendo.
A criança brinca porque brincar é uma necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a
habitação e a educação são vitais para o desenvolvimento do potencial infantil. Para manter o equilíbrio
com o mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Estas atividades lúdicas tornam-se
mais significativas à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo. Destaca
Chateau (1987, p. 14) que “Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto
que não saberá pensar”.
Por meio da psicologia, temos conhecimento que, além de ser genético, o brincar é
fundamental para o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser humano. Por intermédio da relação
com o brinquedo, a criança desenvolve a afetividade, a criatividade, a capacidade de raciocínio, a
estruturação de situações, o entendimento do mundo. A autora Wajskop (1995, p. 68) diz: “Brincar é a
fase mais importante da infância do desenvolvimento humano neste período por ser a auto-ativa
representação do interno a representação de necessidades e impulsos internos”.
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O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre
estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, a criança
desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima preparando-se para
ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.
As atividades lúdicas são ferramentas fundamentais no desenvolvimento Infantil porque
para a criança não há atividade mais completas que o brincar. Pela brincadeira, segundo Santos (1999)
ela é introduzida no meio sócio cultural do adulto, constituindo-se num modo de assimilação e recriação
da realidade. Sendo que a trajetória infantil não pode ser pensada somente pela ótica da razão, ela passa,
necessariamente pela via do brincar.
Brincando e jogando a criança aplica seus esquemas mentais á realidade que a cerca,
aprendendo-a e assimilando reproduz as suas vivencias, transformando o real de acordo com seus
desejos e interesses. É nas brincadeiras que se constitui uma situação social onde a criança através de
representações e explorações, ela se relaciona com ela, com o grupo e os adultos, onde ela também
trabalha a afetividade, desejos e sentimentos.
A música na Educação Infantil mantém forte ligação com o brincar. Em todas as culturas as
crianças brincam com música, jogos, brinquedos e brincadeiras são transmitidos por tradição oral,
persistindo nas sociedades urbanas nas quais a força da cultura de massas é muito intensa, pois é fonte
de vivências expressivo musical. Envolvendo o gesto, o movimento, o canto, a dança e o faz-de-conta,
esses jogos e brincadeiras são expressão da infância.
Considera-se, portanto que a ludicidade através dos jogos e brincadeiras é desencadeadora
do processo ensino aprendizagem, desenvolvendo a imaginação, a tomada de decisões, a motricidade a
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coordenação motora global e estimula a criança a exteriorizar suas emoções, desafiando sua inteligência,
enquanto brinca o que justifica a utilização deste método de aprendizagem.
Para Vygotsky (1988), a brincadeira é vista nos primeiros anos de vida, como uma idade
predominante e como atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal, pois ao provar uma situação imaginativa por meio de atividades livres, a
criança desenvolve a iniciativa, expressando seus desejos e internacionalizando as regras sociais. Sendo
que, as brincadeiras são aprendidas pelas crianças no contexto social tendo o suporte orientado por
profissionais ou crianças mais velhas.
A brincadeira leva a criança realizar comportamentos que não são habituais de sua idade a
partir do momento em que a imaginação e a representação da cotidiana são reproduzidas no brincar.
Através das brincadeiras a criança é capaz de conhecer o mundo adulto sem adentrar realmente nele. A
criança que brinca no seu nível, a sua maneira está não só explorando o mundo ao seu redor, mas
também comunicando sentimentos, ideias, fantasias intercambinado o real e o imaginário num terceiro
espaço do brincar e das futuras atividades culturais.
Entende-se que em seu desenvolvimento a criança não deve apenas olhar e escutar, mas agir
e produzir essa necessidade que ela tem de olhar e escutar, mas agir e produzir essa necessidade que ela
tem de criar e movimentar-se, através de um jogo produtivo, deveria encontrar expansão durante as
aulas, pois o jogo proporciona uma oportunidade para organização e síntese por parte do organismo em
crescimento. O jogo supõe uma relação dual. A experiência psicodramática mostra que o papel não
poderia ser assumido sem a presença de um interlocutor real ou imaginário.
Para Kishimoto (1994) todo jogo tem sua existência em um tempo e espaço, há não só a
questão da localização histórica e geográfica, mas também uma sequencia na própria brincadeira. Para
este autor, o jogo por ser uma ação voluntária da criança, sem fim em si mesmo, não pode criar, nada,
não visa um resultado final, sendo que o que importa é o processo em si de brincar que a criança se
impõe.
Por isso os jogos, trabalhos manuais e brinquedos tem uma função educativa básica, pois
através deles que a criança adquire a primeira representação do mundo, das relações sociais,
desenvolvendo assim o senso de iniciativa e auxílio mútuo.
As atividades lúdicas oportunizam ao professor um rico material a ser utilizado e
aproveitado para a sistematização do seu trabalho. Ao sistematizar o conhecimento a respeito do lúdico
é possível deparar-se com concepções diferentes e até conflitantes. Apesar das diferentes interpretações
e significados atribuídos as atividades lúdicas evidencia-se a riqueza de sua influencia na vida das
pessoas e na mesma proporção, sua possibilidade com um fazer pedagógico, desde que devidamente
utilizado, ou seja, como coloca Kishimoto (1997, p.85): Por tratar-se de ação educativa, ao professor
cabe organiza lá de forma que se torne atividade que estimule auto estruturação do aluno. Desta maneira
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é que a atividade possibilitará tanto a formação do aluno como a do professor que, atento aos “erros” e
“acertos” dos alunos, poderá buscar o aprimoramento do seu trabalho pedagógico.
Enquanto profissional na área de Educação Infantil o professor deve ter clareza da
importância do jogo para desenvolvimento infantil, na apropriação de conhecimentos, hábitos,
habilidades e valores. É ele quem das condições técnicas e materiais, tornando possível a realização da
atividade, pois através de sua ação educativa que estimula a criança o máximo na construção do seu
saber. Whitaker e Sampaio (1989, p.178) descrevem que o professor é um facilitador, que sabe ajudar
cada criança a tomar consciência do seu valor, de sua personalidade, daquilo que existe de único nela.
Somos conhecedores da importância do jogo como ação pedagógica na escola, desde que
este esteja inserido dentro de um planejamento educacional, pois de acordo com Freire (1989), num
contexto de educação escolar, o jogo proposto como forma de ensinar conteúdos às crianças aproxima-
se muito do trabalho. Não se trata de um jogo qualquer, mas sim de um jogo transformado em um
instrumento pedagógico, em um meio de ensino.
É notável que sempre que falamos em jogo nas aulas de Educação Física, há um grande
interesse e motivação por parte dos alunos, pois o jogo faz parte da nossa cultura e do nosso dia-a-dia,
ele é movimento, e sendo movimento trabalha com o corpo e representa valores sociais e culturais.
Segundo o Coletivo de Autores (1992) o jogo satisfaz as necessidades das crianças,
especialmente a necessidade de “ação”. Assim, para entender o avanço da criança no seu
desenvolvimento, o professor deve conhecer quais as motivações, tendências e incentivos que a colocam
em ação. Não sendo o jogo aspecto dominante da infância, ele deve ser entendido como “fator de
desenvolvimento” por estimular a criança no exercício do pensamento, que pode desvincular-se das
situações reais e levá-la a agir independente do que ela vê.
De acordo com a ideia do Coletivo de Autores (1992), quando a criança joga, ela opera com
o significado de suas ações, o que faz desenvolver sua vontade e, ao mesmo tempo, tornar-se consciente
das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para mudança das
necessidades e da consciência.
Ainda num contexto de Educação Física Escolar, o jogo deve ser proposto como uma forma
de ensinar, educar e desenvolver no aluno o seu crescimento cognitivo, afetivo-social e psicomotor,
facilitando e permitindo a interação com o grupo.
Para Brotto (1999) o jogo é um meio para o desenvolvimento integral do ser humano e de
aprimoramento da qualidade de vida.
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Por isso quando o conteúdo for jogos nas aulas de Educação Física devemos ter o cuidado
para não colocar os alunos a jogar simplesmente para existir um ganhador ou perdedor, mas que através
do jogo se busque o crescimento do aluno, como pessoa, como ser humano, que este seja motivado para
a aula, que participe do grupo, que se sinta valorizado e acolhido em todos os momentos, com
oportunidade de livre expressão, respeitando suas limitações e valorizando suas experiências.
Ainda nesse sentido, segundo Brotto (1999), podemos aprender que o verdadeiro valor do
jogo, não está em somente vencer ou perder, mas está também, fundamentalmente, na oportunidade de
jogar juntos para transcender a ilusão de sermos separados uns dos outros, e para aperfeiçoar nossa vida
em comunidade.
Vale ressaltar a importância de que a metodologia utilizada pelos professores de Educação
Física esteja vinculada ao sistema educacional e a uma prática pedagógica intencionalizada de tal modo
que quando o conteúdo ministrado for jogos, não tenha simplesmente o objetivo de passar o tempo da
aula ou de fazê-lo porque os alunos gostam.
Ao encontro dessa perspectiva, Stumpf (2000) diz que o jogo como parte integrante do
conjunto de conteúdos que devem compor a disciplina de Educação Física, caracteriza-se como um
conhecimento de indiscutível importância, que não pode ser considerado simplesmente como uma mera
atividade utilitária e espontaneísta, desprovido de sentido educativo.
Assim implica dizer que o professor junto com o aluno deverá buscar a construção de novas
formas de ensinar e aprender, lembrando que a aprendizagem só acontece quando o aluno começa a
buscar por si mesmo o saber, sentindo nele o sabor da descoberta.
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Marcellino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola. Entende-se que
esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a criança habite um mundo autônomo do adulto,
tampouco que deva ser deixada entregue aos seus iguais, recusando-se, assim, a interferência do adulto
no processo de educação. Os estudos da psicanálise demonstram, entre outros caracteres não muito
nobres, o autoritarismo que impera entre as crianças. Mas a intervenção do adulto não precisa ser
necessariamente desrespeitada. É precisão que, ao intervir, o adulto respeite os direitos da criança.
A proposta do autor nos remete a pensar numa ação educativa que considere as relações
entre a escola, o lazer e o processo educativo como um dos caminhos a serem trilhados em busca de um
futuro diferente. Por isso, vê-se como positiva a presença do jogo, do brinquedo, das atividades lúdicas
nas escolas, nos horários de aulas, como técnicas educativas e como processo pedagógico na
apresentação dos conteúdos. As vivências cotidianas, aliadas ao pensamento de alguns teóricos, como
Marcellino, Sneyders, Piaget e Vygotsky, permitem-nos aprofundar as reflexões e fazer alguns
questionamentos: O conhecimento construído por meio da ludicidade implica uma escola mais
autônoma e democrática? Das condições para a ocorrência de alegria, da festa, dentro dos limites da
escola, e até mesmo nos horários de aula, e propicia assim a evasão do real, não seria contribuir para a
alienação?
O jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas, assim também a experiência
da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado prazerosamente. A escola, ao
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valorizar as atividades lúdicas, ajuda a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é
acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados.
Enquanto a aprendizagem é vista como apropriação e internalizarão de signos e
instrumentos num contexto sociointeracionista, o brincar é a apropriação ativa da realidade por meio da
representação. Desta forma é análogo a aprender.
Distante dos avanços em todos os campos e das mudanças tão rápidas em todos os setores, é
preciso buscar novos caminhos para enfrentar os desafios do novo milênio e, neste cenário que antevê,
será inevitável o resgate do prazer no trabalho, na educação, na vida, visto pela ótica da competência, da
criatividade e do comprometimento.
Assim, o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa proposta
interacionalista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí cada um pode desencadear
estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e
significativo, conforme afirma Marcellino (1990, p.126): “É só do prazer que surge a disciplina e a
vontade de aprender”.
É por intermédio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a
cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e
aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social. Além de
proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e
provocar o pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece aos alunos
experiências concretas, necessárias e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas.
Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, pulsão
interior, naturalidade e, consequentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades
escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizá-los pedagogicamente
como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento integral da criança.
O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico,
mas também à formação do cidadão, porque a consequência imediata dessa ação educativa é a
aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal.
As primeiras ideias sobre educação da criança pequenina de que se tem noticias estão
registradas em documentos deixados por Platão e nos apontam como objetivo educação, que seria feita
no lar, o preparo para o exercício futuro da cidadania. Não havia menção às necessidades e/ou
características do desenvolvimento da primeira infância, nem qualquer preocupação com os meios
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Verifica-se que, até meados do final dos anos setenta, pouco se fez em termos de legislação
que garantisse a oferta desse nível de ensino. Já na década de oitenta, diferentes setores da sociedade,
como organizações não-governamentais, pesquisadores na área da infância, comunidade acadêmica,
população civil e outros, uniram forças com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o direito da
criança a uma educação de qualidade desde o nascimento.
Do ponto de vista histórico, foi preciso quase um século para que a criança tivesse garantido
seu direito à educação na legislação, foi somente com a Carta Constitucional de 1988 que esse direito foi
efetivamente reconhecido. De acordo com Bittar (2003, p. 30), o esforço coletivo dos diversos
segmentos visava assegurar na Constituição, “[...] os princípios e as obrigações do Estado com as
crianças”. Assim, foi possível sensibilizar a maioria dos parlamentares e assegurar na Constituição
brasileira o direito da criança à educação.
O ECA estabeleceu um sistema de elaboração e fiscalização de políticas públicas voltadas
para a infância, tentando com isso impedir desmandos, desvios de verbas e violações dos direitos das
crianças. Serviu ainda como base para a construção de uma nova forma de olhar a criança: uma criança
com direito de ser criança. Direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer, direito de não querer,
direito de conhecer, direito de sonhar. Isso quer dizer que são atores do próprio desenvolvimento. Nos
anos seguintes à aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, entre os anos de 1994 a 1996, foi
publicada pelo Ministério da Educação uma série de documentos importantes intitulados: “Política
Nacional de Educação Infantil”.
De acordo com o Ministério da Educação, o tratamento dos vários aspectos como dimensões
do desenvolvimento e não áreas separadas foram fundamentais, já que “[...] evidencia a necessidade de
se considerar a criança como um todo, para promover seu desenvolvimento integral e sua inserção na
esfera pública” (BRASIL, 2006, p. 10). Desse modo, verifica-se um grande avanço no que diz respeito
aos direitos da criança pequena, uma vez que a educação infantil, além de ser considerada a primeira
etapa da Educação Básica, embora não obrigatória, é um direito da criança e tem o objetivo de
proporcionar condições adequadas para o desenvolvimento do bem-estar infantil, como o
desenvolvimento físico, motor, emocional, social, intelectual e a ampliação de suas experiências. Sobre
a qualidade do atendimento, ressalta: As instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma
como se expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, apresenta, ainda, padrões
bastante aquém dos desejados [...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e
materiais pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da creche; a separação
entre as funções de cuidar e educar, a inexistência de currículos ou propostas pedagógicas são alguns
problemas a enfrentar. (BARRETO, 1998, p. 25). Este estudo nos permite trazer elementos para (re)
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pensar a prática pedagógica desenvolvida no interior das escolas infantis e, sobretudo, chamar a atenção
para a complexidade das relações que ocorrem no interior dessas instituições. Sua consolidação só
aconteceu nas últimas décadas, em função dos movimentos sociais de luta e reivindicação pelos direitos
humanos, dentre eles, o direito de todas as pessoas a uma educação de qualidade desde a mais tenra
idade. As duas últimas décadas significaram um tempo de conquistas sobre os direitos da criança
brasileira, a opção da família em dividir a educação com os filhos e o dever do Estado na garantia de
todos esses direitos (Oliveira, 2002). Para além das questões que envolvem todos os percalços que
comprometem uma educação mais qualitativa para essa faixa etária, consideramos que muitos são os
desafios para o novo milênio: Recursos financeiros aplicados, exclusivamente, nesse nível de ensino;
Universalização do atendimento para todas as crianças de zero a seis anos de idade; Formação inicial e
continuada do professor que priorize a integração entre os cuidados e a educação da criança pequena;
Projeto pedagógico adequado para essa faixa etária, que possibilite o enriquecimento das experiências
infantis; trabalho coletivo entre a direção, coordenação, professor e demais funcionários da instituição e
família das crianças; ludicidade como elemento fundamental na organização do trabalho pedagógico;
participação das famílias nas escolas infantis; espaço físico contendo mobiliário e material pedagógico
adequado à idade das crianças; segurança física e psicológica que garanta o acolhimento a todas as
crianças, inclusive às crianças especiais; articulação entre esse nível de ensino e os anos iniciais do
ensino fundamental.
1. Período sensório motor; - Desde o nascimento até 1 ano e meio/2 anos de idade;
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3. Período das operações formais: - dos 11 aos 12 anos- até 15/16 anos.
O processo de integração entre a criança e seu meio se dá, em cada um dos níveis, de forma
diferente. Nº 1º, através da ação, no segundo através da instituição e no terceiro através das operações.
Graças a essas interações- das mais simples às mais complexas- desenvolvem-se a capacidade de
conhecer. Neste processo de construção do conhecimento, o estado emocional da criança é primordial na
formação de sua personalidade. Amor, ódio, agressividade, medo, insegurança, tensão, alegria ou
tristeza, assim como as motivações, são características do desenvolvimento infantil. Em relação ao
desenvolvimento físico-motor, a criança constrói os seus movimentos pelas interações, através de ações
motoras, visuais, táteis e auditivas, sobre os objetos à sua volta. Essa construção depende não somente
das condições biológicas e psicológicas, mas também dos recursos oferecidos pelo seu meio
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e observando seus efeitos e resultados. Essas brincadeiras se prolongam, muitas vezes, até a idade
adulta, mas com o passar dos anos, diminuem sua intensidade e importância.
Os jogos de construção constituem uma transição entre o jogo simbólico e o jogo de regras,
através deles a criança começa a se inserir no mundo social e a se desenvolver rumo a um nível mais
elevado de cognição. Esta é uma fase de passagem da fantasia para a realidade. Na construção de
prédios, pontes, casas, utensílios, por exemplo, é interessante a utilização que a criança faz dos diversos
materiais, como ele representa a realidade, como se dá a passagem de uma construção mais individual
para um momento de maior cooperação. Até aqui a atividade lúdica teve, como característica
predominante, a de ser muita egocêntrica. Por volta dos 6/7 anos, a criança abandona esse egocentrismo
em proveito da aplicação efetiva de regras e do espírito de cooperação entre os jogadores. Entre os 7 e
os 11/12 anos, pode-se observar uma coordenação cada vez mais estreita de papeis e um florescimento
da socialização, que se desenvolve e subsiste durante toda a vida. É a partir dos 6 anos que surgem os
jogos de regras, que supões relações sociais. A regra é uma regularidade imposta pelo grupo e violá-la
representa uma falta. As regras podem ser transmitidas d uma geração a outra (ex: o jogo de bolinha de
gude), ou espontâneas, a partir de um contato momentâneo definido pela relação entre as crianças de
diferentes faixas etárias, ou de uma mesma geração. Ou inda nas relações com os mais velhos. O jogo de
regras caracteriza-se por ser uma combinação sensório-motora (corrida, jogo de bola, etc.) ou intelectual
(cartas, xadrez), com competição dos indivíduos regulamentados por um código. Com esse panorama
da evolução do brincar de um estado mais egocêntrico até a socialização, é interessante observar que em
uma situação de livre escolha, estarão se revelando os interesses e necessidades de cada criança. O
conteúdo social da brincadeira tem mudado através do tempo. Mas a essência da brincadeira raramente
se altera; a criança continua a brincar de mamãe- filhinha, de bola, de futebol, de queimada, de construir
casas, castelos, pontes. Enfim, dentro de cada faixa etária, o jogo da criança responde sempre as mesmas
características lúdicas.
O brinquedo, desde muito cedo, está presente nas atividades das crianças. Entretanto, ele nem
sempre, proporciona as mesmas gratificações, nem sempre possui as mesmas finalidades. No início, a
criança brinca não pelo resultado de sua ação, mas pela satisfação alcançada, pela própria atividade. Ela
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não encaixa um pote dentro de outro pelo que resulta, mas pelo prazer que sente em estar realizando tal
ação. É uma atividade em que a satisfação se encontra no próprio processo; é a brincadeira.
É somente em idade pré-escolar que esta cisão acontece, quando a criança consegue lidar
com representações, ocasião em que suas ações não são mais motivadas por aquilo que imagina ser
possível fazer com eles. É nesse momento que começam a aparecer às brincadeiras envolvendo o
imaginário, o faz-de-conta, onde um pedaço de madeira tanto pode ser um revolver como pode ser um
microfone. Só depende da imaginação e da situação de brinquedo em que representar outro.
O brinquedo tem grande importância no desenvolvimento da criança, pois cria novas relações
entre situações reais e imaginárias citado por OLIVEIRA, VYGOTSKY (1987, p. 134) acreditava que:
O brincar fornece as crianças um importante suporte mental, que lhes permite pensar e agir de diferentes
maneiras. Ele enfatiza que a natureza do brincar simbólico é muito importante para o desenvolvimento
infantil. Na perspectiva Vygoskyana, o brinquedo é para a criança uma maneira ilusória, imaginaria de
realizar desejos de serem concretizados na prática.
A criança desenvolve ao longo de sua vida, passando por um processo dinâmico, ativo e
interativo. Todo ser humano tem seu jeito de pensar, agir, sentir, conhecer, exercer sua inteligência.
Esses fatos têm sido explicados, dentro das seguintes interpretações.
O ato de brincar proporciona a criança relacionar as coisas umas com os outros e fazendo
estas relações constroem o conhecimento. E o conhecimento é adquirido pela criação de relações e não
por exposição a fatos e conceitos isolados, e, é justamente da atividade lúdica que a criança o faz.
Através deles a criança reelabora criativamente, combinando fatos entre si r construindo novas
realidades. É também nos jogos e brincadeiras que aparece toda a experiência acumulada da criança.
Neles as lideranças são desenvolvidas, e através destas relações ela aprende a criar respeitar regras e
normas. Segundo HELLER apud KISHIMOTO (1998, p. 28).
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A brincadeira ajuda a criança a perceber o que regula tal situação, suas regras implícitas, em
um jogo simbólico de papeis. Pode então aprender as características sociais presentes em sua
experiência em uma determinada cultura e que configuram relação de papel.
De acordo com Goes (1995) na sociedade pré-industrial a lucidade estava sempre presente.
Sendo que as atividades de produção e trabalho (colheita, plantação) misturavam-se com os jogos,
canções, competições. Nesse período parece não existir grandes separações entre jogos infantis e
adultos. Os mesmos eram comuns a ambos.
Seguindo essa mesma linha Bruhns (1993) relata: Na sociedade pré-industrial, trabalho e
lazer eram excludentes. Os dois estavam impregnados de certa lucidade (até hoje, nas sociedades rurais
tradicionais, com poucas características do avanço técnico, esses aspectos se mantêm). As atividades de
produção e trabalho (colheita, plantação) misturam-se com os jogos e canções, danças.
A mesma autora expõe que as práticas relativas ao trabalho e ao jogo, estavam integradas nas
festas, onde o homem recordava o mundo de seus ancestrais. Sendo que eram caracterizadas por seus
fins práticos essas atividades (jogo e trabalho) tinham significados da mesma natureza, na vida
fundamental da comunidade.
O autor Góes (1995) revela que “os “maus tratos” dispensados às crianças brasileiras através
das famílias, da sociedade e, sobretudo da negligência do Estado”.
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Nesse contexto, ao relatar sobre o lúdico, é urgente dar destaque o fato de que as crianças de
classe pobre são as que mais sofrem incessantemente na pele o desaparecimento do direito de brincar,
do direito ao tempo de travessuras e liberdades.
Estamos nos referindo às crianças sem infância, filhas de classe trabalhadora que vive
desempregado a exercendo trabalhos desqualificado. Nesta linha de raciocínio, os trabalhadores adultos
submetidos a tarefas precarizadas de trabalho são obrigados a enviar seus filhos para suprirem seus
cargos no mercado de trabalho.
Seguindo uma mesma linha Benjamim (1984), assim como o mundo da percepção infantil
está marcado pelos vestígios da geração mais velha com os quais a criança se defronta, assim também,
ocorre com seus jogos. É impossível construí-los em um âmbito de fantasia de uma infância ou de uma
arte pura. Nossas crianças de hoje ainda sentem esse reflexo quando elas tinham um caminhão, uma
moto ou um carro.
Por outro lado, para Áries (1978): Outras brincadeiras parecem ter tido outra origem que não
o desejo de imitar os adultos. Assim, muitas vezes, a criança é surpreendida brincando com a sua
fantasia, isto é, brincando com o seu imaginário, como por exemplo, imitando ser um pássaro ou outro
animal qualquer.
O mesmo autor articula que na época pré-industrial existia certa dúvida em torno dos
brinquedos da primeira infância porque o século XVI até o século XIX, a boneca serviu as mulheres
elegantes como manequim da moda. A particularização infantil dos brinquedos já estava consumada
nessa época com algumas alterações de detalhes com relação ao nosso uso atual. (ARIÉS, 1978).
Segundo Ariés (1978): Existia sobe os jogos, brincadeiras e os divertimentos uma atitude
moral tradicional que parecia sob dois aspectos: de um lado os jogos eram admirados sem reservas nem
discriminação pela maioria e, por outro lado, uma minoria poderosa e culta de moralistas rigorosos os
condenava, sem admitir praticamente nenhuma exceção.
De acordo com Góes (1995) O jogo e o brinquedo afloram no campo lúdico da Educação
Física e Esportes, considerando-se ainda a lógica dominante, da produtividade, da mercadorização e do
lucro, em prejuízo da socialização da criança regularizada na infância, no desejo, na dúvida e na
aventura humana de criar novas estradas.
Nas brincadeiras as crianças sentem a problemática e vivenciam as relações sociais presentes
na classe social a que pertence. Tendo como exemplo o inicio do processo de industrialização, já
comentado mais a cima, surge à família da classe trabalhadora, sendo que vamos encontrar crianças
muito novas já trabalhando e com pouco espaço e tempo para as brincadeiras. (FARIA JUNIOR, 1969)
Assim, sugere que sejam devolvidos às crianças de hoje e de amanhã os jogos das crianças
de ontem sendo parte complementar de sua cultura, a inda que universais, assemelhando-se, quer pelos
nomes, quer pelos objetivos e regras que os diferenciam.
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A racionalidade técnica está cada vez mais presente nos dias de hoje. Conforme Bruhns
(1989), a sociedade pós-industrial é caracterizada pela substituição do raciocínio humano pelos poderes
eletrônicos na computação.
A mesma autora da ênfase que numa sociedade com características pós-industrial, com a
crescente dominação tecnológica e todo o seu automatismo (falta de independência) sucedido, bem
como o aumento de uma sociedade caracterizadamente urbana, os valores dominantes sofrem alterações,
e o espaço do lazer ganha uma forma de “salvação do mundo”. Contrapondo-se frontalmente com o
trabalho, talvez expressão de uma vida fragmentada.
O espaço do lazer passa a representar possibilidade para desenvolver o consumo e talvez a
mercadoria tenha encontrado um ambiente onde nunca foi tão solicitada e expandida.
O esporte parece não resistir já que o mesmo vai assumindo as características da era de uma
ciência e de uma tecnologia cada vez mais excêntrica através de práticas que utilizam cada vez mais,
aparelhos sofisticados, computadores, dominando o ser humano a todas estas tecnologias, o homem
cibernético.
A conquista da informática alcançou o mundo lúdico. Por exemplo: microcomputadores,
vídeos-game, jogos e brinquedos eletrônicos desempenham uma grande atração sobre o público
consumidor, estimulados pelos meios de propaganda.
De acordo com Bruhns (1989) “salienta que o corpo do homem é visto, neste contexto,
como um eterno consumidor e, por isso mesmo, sofre uma revalorização”.
As crianças são as mais influenciadas e as maiores prejudicadas pelos meios de
comunicação e propaganda, por estão dependentes ao consumismo.
O funcionamento da maquina submete à sua lógica qualquer tipo de criatividade. Onde o
excesso de informatização na vida das crianças, nos seus jogos, torna-se subordinada aos conselhos da
tecnologia.
De acordo com Bruhns (1989) a comunicação sob a forma de jogo entre o adulto e a criança
é diferente. Sendo que o adulto analisa, muitas vezes não se preocupando em tentar mostrar e
compreender a ordem existente no momento da execução de um jogo específico. Ao contrário, deseja
enquadrar a atividade dentro de uma ordem conhecida numa racionalidade reduzida.
Já as crianças são os roteiros dos seus próprios jogos, ficando, quando não sofrem
interferências delas mesmas, sentindo-se livres para encerrá-los a qualquer momento.
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INFÂNCIA
Na visão de Pinto; Sarmento (1997) a interpretação das culturas infantis, em síntese, não
pode ser realizada no vazio social, o necessita de se sustentar na análise das condições sociais em que as
crianças vivem, interagem e dão sentido ao que fazem.
A consideração das crianças como atores sociais do pleno direito, e não como menores,
como componentes acessórios ou meios de sociedade dos adultos, implica o reconhecimento da
capacidade de produção simbólica por parte das crianças e a constituição de seus aspectos e crenças em
sistemas estabelecidos. Isto é, em culturas.
A infância (etapa da vida) possui uma importante dimensão de construção social. Sendo que
uns valorizam aquilo que a criança já é e que a faz ser, de fato, uma criança; outros, pelo contrário,
ressaltam o que lhe falta e o que ela poderá vir a ser. Já uns persistem na importância da iniciação ao
mundo adulto; outros defendem a obrigação da proteção em face de esse mundo. Alguns enfrentam a
criança como agente dotado de competências e habilidades; e por fim outros realçam aquilo de que ela
necessita. (PINTO; SARMENTO, 1997).
A perspectiva adotada nesta reflexão caracteriza-se por uma focagem nas dimensões sociais
da infância, ou seja, no conjunto de processos sociais, no qual a infância emerge como realidade social,
na qual essa realidade também produz em certa medida a própria sociedade.
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Compreendida agora como um ser frágil e inocente e ao mesmo tempo imperfeito e irracional, cabe à
educação transformar estes seres em homens inteligentes e educados.
Alguns autores clássicos modernos defenderam a consciência do respeito pela infância, ao
proporem um tipo de educação onde a criança sentisse prazer em aprender e onde essas aprendizagens
desenvolvessem suas potencialidades com alegria e que assim fossem encaminhadas para o caminho do
bom e do belo. Deram ênfase a valorização da razão, da emoção, priorizando o direito a viver com
alegria e a receber uma educação com responsabilidade.
A própria concepção de infância vai gradualmente se modificando, principalmente com as
contribuições de diversos teóricos defensores da noção da criança como um ser ativo. As investigações
do mundo infantil agora permeado pelo trabalho ratificam a ideia da criança que não deve somente
aprender a escutar, mas que também precisa de uma conjuntura propícia à aprendizagem do fazer e do
falar. Percebe-se fazer necessário, além de incentivar a criança a agir, tomar decisões, fazer com que ela
tome consciência de seus atos.
Nas sociedades indígenas, as crianças tinham muito tempo para brincar e as aprendizagens
necessárias para sua sobrevivência eram feitas através da observação e da participação nas atividades
cotidiana da sua aldeia.
A partir da colonização portuguesa, outros valores passaram a ser imposto pelos índios.
Neste contexto, os negros tiveram suas culturas negadas, por sua condição de escravidão, não tinham
liberdade de movimento, associação e expressão.
As crianças negras eram chamadas de moleques e molecas, palavra que indica pouca idade e
por outro lado, individuo engraçado e sem responsabilidade.
Embora convivessem em uma mesma época, num mesmo lugar e compartilhassem
brincadeiras, sinhozinhos (as), moleques (as) e curumins, de maneira em geral não tiveram infâncias
parecidas.
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As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e
pensam o mundo de um jeito meio próprio.
Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no
mundo é grande desafio da educação e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da
psicologia, sociologia, medicinas etc; possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil
apontando algumas características comuns de ser da criança, elas permanecem únicas em suas
individualidades e diferenças.
È necessário que se busque ressignificar o papel social da criança e construir sua
identidade, valorizando, a infância de direitos, de competências e de saberes.
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O Lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana. Assim, na idade
infantil e na adolescência a finalidade é essencialmente pedagógica.
A ludicidade é o espaço e o direito de toda a criança para o exercício da relação afetiva com
o mundo, com as pessoas e com os objetos.
Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece
relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e o
desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando.
As atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança, e neste sentido,
satisfazem uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica. O lúdico
apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. Prazeroso, devido a sua
capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo.
Em virtude desta atmosfera de prazer da qual se desenrola, a ludicidade surge o esforço
espontâneo, canalizando as energias no sentido de interesse total para consecução de seu objetivo. Dessa
forma as atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço voluntário. As situações
lúdicas mobilizam esquemas mentais. Aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações
mentais, estimulando o pensamento. Desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção de provocar
aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e principalmente despertar o
desenvolvimento de uma habilidade operatória.
O desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que
possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a
construir conexões.
O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual. Através
deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima,
preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo
melhor. As regras e a imaginação favorecem a criança comportamento além dos habituais. Ela reproduz
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muitas situações vividas em seu cotidiano, que através do “faz-de-conta” são reelaboradas
criativamente, vislumbrando novas possibilidades e interpretações do real.
O mundo da fantasia, da imaginação, do jogo, do brinquedo e da brincadeira, além de
prazeroso também é um mundo onde a criança está em exercício constante, não apenas nos aspectos
físicos ou emocionais, mas, sobretudo no aspecto intelectual. Os professores devem ter em mente que o
jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma
profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar.
Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a
iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as
pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. O indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses,
explorar toda a sua espontaneidade criativa. Os jogos aplicados em sala de aula devem: Estimular a
imaginação infantil; possuir força socializadora, ajudando no processo de interação social; auxiliar na
aquisição da autoestima; liberar a emoção infantil; Facilitador de aprendizagem.
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O desafio está colocado, cabe aos educadores, organizar suas ações educativas para esse dia,
fundamentadas prioritariamente no brincar, no brinquedo e na brincadeira.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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AVALIAÇÃO DO CURSO
A) As brincadeiras têm sido vistas como fenômenos culturais, criados e recriados em cada época e lugar
e transmitidos através de grupos de brincadeira. Essa qualidade de fenômeno cultural não é responsável
pela diversidade de brincadeiras, de objetos utilizados e de regras regulatórias, sem prejuízo da
universalidade de motivos, temas recorrentes, enfim, de um tipo de estrutura profunda que pode ser
capturada na diversidade.
B) As brincadeiras têm sido vistas como fenômenos culturais, criados e recriados em cada época e lugar
e transmitidos através de grupos de brincadeira. Essa qualidade de fenômeno cultural nunca foi ou será
responsável pela diversidade de brincadeiras, de objetos utilizados e de regras regulatórias, sem prejuízo
da universalidade de motivos, temas recorrentes, enfim, de um tipo de estrutura profunda que pode ser
capturada na diversidade.
C) As brincadeiras têm sido vistas como fenômenos culturais, criados e recriados em cada época e lugar
e transmitidos através de grupos de brincadeira. Essa qualidade de fenômeno cultural é responsável pela
diversidade de brincadeiras, de objetos utilizados e de regras regulatórias, sem prejuízo da
universalidade de motivos, temas recorrentes, enfim, de um tipo de estrutura profunda que pode ser
capturada na diversidade.
D) As brincadeiras têm sido vistas como fenômenos culturais, criados e recriados em cada época e lugar
e transmitidos através de grupos de brincadeira. Essa qualidade de fenômeno cultural é responsável pela
diversidade em parte de brincadeiras, de objetos utilizados e de regras regulatórias, sem prejuízo da
universalidade de motivos, temas recorrentes, enfim, de um tipo de estrutura profunda que pode ser
capturada na diversidade.
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3 - Brincar é típico da criança, a infância é considerada por muitos como a idade do jogo, e se a
característica marcante da infância é a ludicidade não podemos considerar a infância sem o...
A) Brinquedo.
B) Passeio
C) Recreio
D) Divertimento
4 - Condenou as teorias que definem o brincar somente como atividade que dá prazer à criança, da
mesma forma criticou os que ignoram o fato de que o brinquedo preenche necessidades das crianças, “se
não entendermos o caráter especial dessas necessidades, não podemos entender a singularidade do
brinquedo como forma de atividade. Qual autor citou este texto?
A) Wallon
B) Vygotsky
C) Benjamin
D) Piaget
5 – A introdução do jogo, da música e da brincadeira na escola, motiva o aluno a frequentá-la, ele sente
a necessidade de aprender as regras, de participar e mostrar seus conhecimentos e experiências, pois sem
motivação não há:
A) Aprendizagem
B) Brincadeira
C) Interação
D) Motivação
7- Compreender a criança como um sujeito histórico e culturalmente localizado significa dizer que a
ação educativa com ela caminha no sentido de ampliar seu repertório vivencial, trabalhando com suas
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práticas sociais. Estas oferecem possibilidades, através das mais diferentes propostas de elaborar e
ampliar conhecimentos, como também de construir tanto a identidade pessoal de cada criança como a de
cada grupo.
A) PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 1998.p. 32.
B) PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 1998.p. 33.
C) PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 1998.p. 23.
D) PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 1998.p. 30.
8- Brincar em toda parte – por ocasião deste dia, é importante oportunizar o brincar, o brinquedo, a
brincadeira, em espaços público, privados, nas Instituições Educacionais, entre os quais Abrigos,
Centros de Educação Infantil, Ensino Fundamental, nos bairros, nas famílias e demais espaços, o
importante é ...........................o brincar, o brinquedo, a brincadeira.
A) promover
B) progredir
C) projetar
D) procrastinar
9- De acordo com o Ministério da Educação, o tratamento dos vários aspectos como dimensões do
desenvolvimento e não áreas separadas foram fundamentais, já que “[...] evidencia a necessidade de se
considerar a criança como um todo, para promover seu desenvolvimento integral e sua inserção na
esfera..................” (BRASIL, 2006, p. 10).
A) privada
B) pública
C) social
D) educacional
10- O autor Góes (1995) revela que “os “maus tratos” dispensados às crianças brasileiras através das
famílias, da sociedade e, sobretudo da negligência do Estado”. Nesse contexto, ao relatar sobre o lúdico,
é urgente dar destaque o fato de que as crianças de classe pobre são as que mais sofrem incessantemente
na pele o desaparecimento do direito ...........................................................
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NOME: ____________________________________________________________________
01 A B C D
02 A B C D
03 A B C D
04 A B C D
05 A B C D
06 A B C D
07 A B C D
08 A B C D
09 A B C D
10 A B C D
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