MAPA - ESTUDANTE
MAPA - ESTUDANTE
MAPA - ESTUDANTE
TEMA DE ESTUDO:
Argumentação, verdade e violência na Era da Comunicação.
Em meio a um turbilhão de notícias e opiniões a que somos expostos todos os dias, estudante, a
busca pela verdade através da validação dos argumentos que sustentam as afirmações das pessoas,
se tornaram desafios cada vez mais complexos. A avalanche de informações e o número grande de
“especialistas” falando e dando “dicas” sobre tudo e todos, o tempo todo, muitas vezes com referên-
cias fragmentadas e enviesadas, passou a exigir um discernimento crítico e um olhar atento para os
mecanismos internos a toda informação que possa moldar nossa percepção da realidade.
Em um mundo acelerado e com informação ao alcance da mão, a noção de verdade parece cada vez
mais distante. Temos a impressão de que tudo é urgente e se pararmos toda hora para verificar uma
informação não fazemos mais nada na vida. O problema é que essa urgência faz com que as frontei-
ras entre fato e opinião se diluam e a manipulação da informação se torna uma arma poderosa nas
5
mãos de indivíduos e grupos com diferentes interesses. A busca por uma verdade universal, imutável
e incontestável cede espaço para uma multiplicidade de perspectivas, cada qual com suas nuances
e contradições. Tente se lembrar de algum momento que percebeu essa atmosfera em qualquer
discussão que presenciou.
Diante da multiplicidade de vozes que chamam para si a autoridade de algum conhecimento, tor-
na-se crucial desenvolvermos habilidades de análise crítica e argumentação lógica. O conhecimento
dos tipos de argumentação básica – dedução, indução e analogia – podem nos fornecer ferramentas
valiosas para avaliar a consistência e a confiabilidade das informações que chegam para nós todos
os dias. Lógica e raciocínio, portanto, não são coisas valiosas somente às aulas de filosofia, mas são
ferramentas poderosas para tornar nossa comunicação mais clara e verdadeira a fim de promover
esclarecimento e acordos ao invés de mais confusão na cabeça dos outros. Quem nunca participou
da discussão de alguém, em família, por exemplo, em que claramente as pessoas não se entendiam
porque estavam argumentando sobre bases notoriamente erradas? Aquela famosa “conversa de
doido” (ops! Doido não, “pessoa desprovida de raciocínio e fala articuladamente inteligíveis”, diria
alguns) . Quem nunca?
E no convívio social, público, várias são as falas e os comportamentos que ameaçam a verdade e
o diálogo, dois requisitos importantes para qualquer sociabilidade saudável. Entre essas ameaças
estão as fake news em nome da polarização política e os discursos de ódio. A primeira ofendendo
a verdade e o direito das pessoas a ela, a segunda, ofendendo as pessoas e tirando delas o direito
legítimo de dividir os espaços com as outras pessoas. Por isso, está claro a todos nós que a negação
do outro, a demonização de ideias divergentes e a propagação de informações falsas criam um clima
de hostilidade que impede o debate saudável, a construção de consensos e porque não dizer ... o
acesso à verdade.
E você? Sabe identificar uma mentira, boato ou fake news?
6
ATIVIDADES
1 – Leia a história em quadrinho e depois passe ao texto que fala sobre Conhecimento e Ignorância:
B) Em que os três filtros de Sócrates podem nos ajudar em nossas conversações diárias? Dê exem-
plos.
C) Cite um tema que devemos aplicar os filtros socráticos. Explique o porquê seria importante usá-
-los. Dê exemplos para fortalecer o seu argumento.
7
Lição Socrática
Dizer que não existem verdades é só um modo de afirmar sua incapacidade para reconhecer o óbvio. A filosofia
tem mesmo essa função básica, de mostrar o óbvio a quem se esqueceu de – ou se nega a – vê-lo.
Se fomos claros até aqui, ficou estabelecido que a filosofia em Sócrates não está em nada au-
sente da vida cotidiana, das crises e conflitos pelos quais também passam os homens comuns,
não só os de gênio. Dizia Cícero, conhecido filósofo romano, que Sócrates havia feito a filosofia
baixar dos céus até o dia a dia da praça pública, em referência ao fato de ter iniciado com
Sócrates a parte ética e prática da investigação filosófica.
O que Cícero postulava era a distância que parecia haver entre os estudos dos assim chamados
pré-socráticos e os interesses de Sócrates: enquanto nos primeiros a investigação se realiza-
va em vista de conhecer o cosmo e a natureza, em sua admirável dinâmica de nascimento e
destruição, para Sócrates o enfoque devia estar antes na condição humana e em sua ânsia de
saber.
Essa é a mesma distância que, modernamente, separou o tipo de investigação realizada pela
Ciência daquele realizado pela Filosofia, em que se tem, de um lado, o estudo das coisas como
são e, de outro lado, o estudo de como conhecemos as coisas que são. A obra do grande fi-
lósofo alemão Immanuel Kant é a conquista de um modo influente pelo qual os dois estudos
poderiam se aproximar: a razão é a mesma nos dois casos, o que muda é a maneira pela qual
a utilizamos, e aquilo que dela devemos esperar em cada caso.
Entretanto, não era bem isso que estava em vista quando em sua filosofia Sócrates procurou
situar o homem como ponto principal de investigação. Seu interesse era, antes, aproximar o
saber acerca da natureza de sua verdadeira fonte – ou seja, o desejo que move os homens
para a realização de si mesmos.
Expliquemos. Quando os pré-socráticos se aventuraram em descobrir a origem e o fim das
coisas naturais, não chegaram a qualquer acordo sobre o que significava de fato os processos
naturais. Para uns e outros, a natureza se fazia compreendida e explicada de diferentes modos
em razão de cada um a tomar a partir de diferentes projetos expositivos, articulando a visão
da realidade com a capacidade e a intenção de descrevê-la.
Sendo assim, como saber, por exemplo, se a origem do que existe foi a água ou o infinito?
Como saber se o que o homem traz dentro de si como uma alma é apenas parte de seu corpo,
morrendo com ele, ou se ela é um elemento divino e imaterial? Como ter certeza de que a
constituição da matéria está em certa composição dos elementos ou se ela não passa de uma
conjugação de partículas quânticas?
Isso para Sócrates era incômodo. Ele nos descreve de que maneira, na juventude, sua admi-
ração pelos homens sábios, dispostos a explicarem tudo sobre as origens e os fins da vida no
mundo, tornou-se com o tempo em frustração: em lugar de respostas, o que ele obtinha eram
outras dúvidas – de tal maneira a fazê-lo duvidar de tudo o que até então tinha por certo,
perdendo a certeza inclusive sobre si mesmo.
Veja a que ponto pode chegar a disposição em saber, quando não a acompanha um esforço
para esclarecer o conhecimento em seu fundamento e sua significação para nós, que conhe-
cemos. A filosofia de Sócrates nasce, pois, da situação de incerteza que surge diante da vasti-
8
dão de conhecimentos e de informações acumuladas com o tempo, e ampliadas pela necessi-
dade de se diversificarem as perspectivas. Ela é, fundamentalmente, uma angústia existencial.
A vastidão de conhecimentos provoca, paradoxalmente, mais dúvidas que certezas. É um mal
que hoje vivenciamos com ainda mais intensidade. Diante desse acúmulo de informação, o fi-
lósofo se encontra favorecido para se questionar sobre a verdade. Quando o filósofo diz buscar
a verdade, é porque só por meio dela podemos dizer que sabemos de fato – e por isso, só por
meio dela somos capazes de avaliar as informações em sua validade humana.
O exame filosófico desenvolvido por Sócrates corresponde, portanto, ao esforço de conduzir
quem emite uma opinião a que ele se comprometa com a verdade sobre ela. O compromisso
com o que se diz está no fundamento mesmo de todo saber, porque ao emitir uma opinião
confiamos nela existencialmente, ou então não dizemos a verdade. Desse modo, entendemos
a razão por que Sócrates, ao refutar opiniões, parecia retirar as bases de sustentação da perso-
nalidade de seus interlocutores. Só aqueles assentados na verdade construíram sua vida sobre
a rocha, já que sua vida representa ela mesma essa verdade.
Isso provoca, desde logo, uma clara limitação do número das opiniões que circulam por aí
como sendo ditas verdadeiras, tal como é limitado o número de personalidades dignas de sua
veracidade. A verdade gera uma confiança inabalável, e quase sempre ela é óbvia a quem te-
nha ouvidos para ouvir. É como se sempre a soubéssemos, só precisávamos relembrá-la. Com
isso, ficamos mais conscientes das nossas opiniões, quando as orientamos pela verdade – o
método, dizia Aristóteles, é seguir do que é óbvio até o que permanece obscuro.
A função da filosofia, desse modo, não está apenas justificada por um anseio de descobrir
verdades absolutas ou relativas, mas também por um amor pela orientação dos que estão
perdidos em meio a tantas e variadas opiniões, sem saber ao certo onde e no que confiar. A
filosofia é, em suma, orientação pelo óbvio – e quando a cultura chega a negar o óbvio, é aí
mesmo que a filosofia se faz terapêutica e medicinal.
Nada mais óbvio do que se fazer guiar pela obviedade, em um mundo que a esqueceu ou que
recusa relembrá-la.
Fonte: (ALENCAR, 2021, p. 78).
9
TEMA DE ESTUDO:
A discussão filosófica da Justiça e dos Direitos Humanos.
10
diferentes tipos, conflitos são apenas alguns dos obstáculos que precisam ser superados em muitas
dessas sociedades. E a superação desses desafios depende da conscientização das próximas gera-
ções, mantendo as ações que promovem a justiça a todos e buscando o cumprimento de outras que
ainda não estão operadas de forma satisfatória.
Você saberia dizer como a história da tirinha abaixo se relaciona com o tema da justiça? Reflita um
pouco. O que a história desse menino tem a ver com os direitos humanos?
ATIVIDADES
1 – Enem 2018:
“A Declaração Universal dos Direitos Humanos está completando 70 anos em tempos de desa-
fios crescentes, quando o ódio, a discriminação e a violência permanecem vivos’, disse a dire-
tora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
Audrey Azoulay.
‘Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira resolveu promover a dignidade
humana em todos os lugares e para sempre. Nesse espírito, as Nações Unidas adotaram a
Declaração Universal dos Direitos Humanos como um padrão comum de conquistas para todos
os povos e todas as nações’, disse Audrey.
‘Centenas de milhões de mulheres e homens são destituídos e privados de condições básicas
de subsistência e de oportunidades. Movimentos populacionais forçados geram violações aos
direitos em uma escala sem precedentes. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
promete não deixar ninguém para trás – e os direitos humanos devem ser o alicerce para todo
o progresso.’
Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto antes nas carteiras das escolas. Diante
disso, a Unesco lidera a educação em direitos humanos para assegurar que todas as meninas
e meninos saibam seus direitos e os direitos dos outros.”
11
Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso”, a
diretora-geral da Unesco aponta, como estratégia para atingir esse fim, a
A) inclusão de todos na Agenda 2030.
B) extinção da intolerância entre os indivíduos.
C) discussão desse tema desde a educação básica.
D) conquista de direitos para todos os povos e nações.
E) promoção da dignidade humana em todos os lugares.
2 – Com o advento das redes sociais, surgiram os chamados “tribunais da internet”, em que as pes-
soas são alvos de julgamentos públicos que podem destruir suas reputações. Leia o artigo XII da
Declaração Universal dos Direitos Humanos e, na sequência, responda às questões.
“Ninguém será sujeito à interferência em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua
correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.”
Fonte: (Organização das Nações Unidas, 2020).
A) De que modo os “tribunais da internet” contrariam os preceitos da Declaração Universal dos Di-
reitos Humanos?
12
REFERÊNCIAS
ALENCAR, César Mathias de. Lições socráticas: um convite permanente à filosofia prática. Ma-
capá : UNIFAP , 2021.
CORRÊA, Rafael. Negacionismo mata. 2020. Disponível em: https://x.com/rafaelbcorrea/sta-
tus/1788980740715127182 Acesso em: 4 jun. 2024.
FERNANDES, Ana Claudia. Identidade em ação: ciências humanas e sociais aplicadas. Manual
do professor. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2020.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: ensino
médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2022. Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-
-de-cursos-crmg. Acesso em: 03 jun. 2024.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2024.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 03 jun. 2024.
PENHA, Ana Luiza Paez Dib. O estágio atual da educação midiática e o impacto nas universidades
brasileiras. Orientadora: Dra. Sheila Farias Alves Garcia. 2023. 56 f. TCC (Graduação) – Curso de
Administração, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2023. Disponível em: https://reposito-
rio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/b5130369-982a-4ca5-a618-354e53a54435/content Acesso
em: 20 jun. 2024.
13