PRESSKIT SALGUEIRO 2024

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PRESSKIT ENSAIO TÉCNICO

Salgueiro quer fazer em 2024 um alerta em defesa da


Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem
efeitos da ação de garimpeiros na sua região. A escola
vai levar para a avenida o enredo Hutukara, que
significa a floresta construída dos yanomami.
O enredo é baseado no livro A Queda do Céu, de Davi
Kopenawa, xamã e líder político do povo yanomami,
para mostrar “o quanto é necessário entender que,
antes do Brasil ser império, antes de existir a coroa, já
existia o cocar”, que é o ponto de partida do que a
escola vai apresentar na avenida.
O G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro é a terceira
agremiação a desfilar no dia 11 de fevereiro de
2024, domingo de Carnaval.

FICHA TÉCNICA
CORES: VERMELHO E BRANCO
FUNDAÇÃO: 05 DE MARÇO DE 1953
PRESIDENTE: ANDRÉ VAZ
PRESIDENTE DE HONRA: DJALMA SABIÁ (IN MEMORIAN)
VICE-PRESIDENTE: JOAQUIM CRUZ
CARNAVALESCO: EDSON PEREIRA
ENREDISTA: IGOR RICARDO
DIRETOR DE BARRACÃO: LUÃ TELES
DIRETOR DE CARNAVAL: WILSINHO ALVES
DIRETOR DE HARMONIA: DIEGO PEDROSO, PAULO
DIMITRI E PAULINHO EVANGELISTA
DIRETOR MUSICAL: ALEMÃO DO CAVACO
DIRETOR CULTURAL: EDUARDO PINTO E MARCELO PIRES
DIRETOR DE COMPOSIÇÕES: PAULO BARROS
DEP. SOCIAL: GENECY ALMEIDA
DEP. FEMININO: LEONOR BOTELHO
INTÉRPRETE: EMERSON DIAS
COREÓGRAFO DA COMISSÃO DE FRENTE: PATRICK
CARVALHO
1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: SIDCLEI
SANTOS E MARCELLA ALVES
2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA:
LEONARDO MOREIRA E BARBARA MYLENA
3º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: LEONAM
SEABRA E BEATRIZ PAULA
MESTRE DE BATERIA: GUILHERME E GUSTAVO

RAINHA DE BATERIA: VIVIANE ARAÚJO


DIRETOR DE DESTAQUES: EDUARDO PINTO
ALA DOS COMPOSITORES: NILDA SALGUEIRO
VELHA GUARDA: CABOQUINHA
BAIANAS: TIA GLORINHA
PASSISTAS: CARLINHOS SALGUEIRO
REI E RAINHA DA ALA DE PASSISTAS: DANILO VIEIRA
E PATRÍCIA MIRANDA TERRA
MUSA DA COMUNIDADE: ANA FLÁVIA BARCELOS
MUSAS: BIANCA SALGUEIRO, CACAU PROTÁSSIO,
FERNANDA FIGUEIREDO, RAFAELA SANTOS,
REBECCA E TATI BARBIERI
Nº DE ALAS: 26
Nº DE COMPONENTES: 3000

SINOPSE DO ENREDO

Há mais de mil anos os Yanomami vivem na


maior Terra Indígena (TI) do país, em um
território ao norte do Brasil e sul da Venezuela,
nos estados do Amazonas e Roraima, nas bacias
do Rio Negro e do Rio Branco. Ou seja, quinhentos
anos antes dessas duas nações existirem, eles já
estavam lá. Viver na floresta é um ofício que
requer uma sabedoria ancestral, não fabricada
em laboratório, nem encontrada nas páginas dos
livros do “povo da mercadoria”. Viver na floresta
como Yanomami é ser parte dela. É conviver com
seres humanos e não humanos, animais, plantas,
vento, chuva e milhares de espíritos.

“Omama recriou a floresta, pois a que havia antes


era frágil. Virava outra sem parar, até que, o céu
desabou sobre ela. Por isso, Omama criou uma nova
floresta, mais sólida, cujo nome é Hutukara”
Davi Kopenawa – A queda do céu
Sob o luar de um anoitecer, todos se deitam, em
redes, e iluminam o breu, numa aldeia sem luz
elétrica, com lanterninhas e pequenas fogueiras
que vão ajudar a amenizar o ar gélido da
madrugada amazônica. A nossa noite, porém, é o
seu dia. Sob o efeito da yãkoana, pó alucinógeno
feito das raspas de árvores que dá acesso aos
espíritos, os xamãs da aldeia convocam os xapiris.
Eles vêm com seus corpos translúcidos, sempre
belamente adornados e brilhantes. Só quem os
conhece pode vê-los porque são muito pequenos e
brilham como a luz. Há muitos, muitos, milhares
deles.
Xapiri é luz que dança e canta.
Os cantos dos xapiris são tão numerosos que suas
palavras são inesgotáveis. Eles aprendem tais
melodias a partir das árvores de cantos. São
árvores imensas, com troncos cobertos de lábios
que se movem sem parar, uns em cima dos outros.
Dessas bocas saem cantos belíssimos, tão
abundantes quanto as estrelas do peito do céu.
Todos os cantos dos espíritos provêm dessas
árvores muito antigas. Esses espíritos ancestrais
foram criados por Omama para que os Yanomami
pudessem se vingar das doenças e se proteger da
morte. Os xapiris são os protetores dos humanos e
seus filhos, independentemente de quantos sejam,
e da floresta. Eles garantem a todos nós, indígenas
e não indígenas, a certeza de que o sol nascerá no
dia de amanhã e que o céu não desabará sobre a
nossa cabeça.
Vislumbramos o sol do alvorecer. Céu azul, corpos
pintados de vermelho. Coberta de palha e folhas,
com uma praça de terra batida ao ar livre, o povo da
aldeia parte para a caça e a coleta da pupunha,
ingrediente principal do seu “mingau”. Eles usam
arcos e flechas. Elas pegam seus cestos, seus facões,
seus bebês e seguem para a roça. Aventuram-se
mata adentro, com corpos imitando animais,
procurando alimentos, seguindo seus rastros.
Abelhas comem no jatobá-roxo, jacarés passeiam
pelas águas, a sumaúma impõe majestade, e os
perfumes exalam do fundo da selva. Flecham os
animais, pescam os peixes. Mais tarde, chegarão com
tatus, mutuns, jabutis, antas… Convidam uns aos
outros, de casas diferentes, para dançar durante
suas grandes festas reahu.
Mas ouvem-se roncos. Estrondos. Militares estão
raspando a pele da terra-mãe para a construção de
estradas. A floresta é cortada em pedaços, feito
retalho.
Os garimpeiros, “comedores de terra”, chegaram. Para
os Yanomami, as coisas que se extraem das
profundezas da terra, como ouro e petróleo, são
artifícios maléficos, perigosos, impregnados de tosse e
febre.
Omama escondeu o minério embaixo da terra para
que seu irmão Yoasi,o criador da morte, não
fizesse mal uso dele. Apesar da prudência de
Omama, Yoasi fez com que os não indígenas
soubessem desses metais, despertando a cobiça
dos invasores.
Enquanto reviram a terra para tirar de lá as lascas
do céu, da lua, do sol, e das estrelas que caíram no
primeiro tempo, a fumaça xawara da doença se
espalha: a água fica barrenta; rios são destruídos;
animais desaparecem… A terra é demarcada, mas
nem por isso protegida. Nada será forte o
suficiente para restituir o valor da floresta doente.
Nenhum dinheiro poderá devolver aos espíritos o
valor de seus pais mortos.
Em meio à essa tragédia, precisamos admirar a
beleza e a força deles. Para os inimigos dos povos
indígenas, o extermínio dos Yanomami passa pela
destruição dessa beleza, passa pelo esquecimento
de quem são. Porque é reconhecendo a beleza, a
cultura, a memória, a sua própria língua, que os
Yanomami afirmam a sua humanidade no mundo.
Apaixone- -mos por esse povo, por sua maneira
particular de contar histórias.

O respeito só pode nascer da admiração, não da


pena. Afinal, o genocídio visto hoje mostra mais
quem são os napë (não indígenas) do que sobre
os Yanomami.
Assim como os sonhos Yanomami que surgem
quando as flores da árvore dos sonhos
desabrocham, sonhemos com um Brasil
indígena. Os Yanomami não apenas pensam
sobre seus sonhos, eles sonham aquilo que
pensam, ampliando e moldando sua forma de
conhecer e imaginar o mundo. De Norte a Sul, do
Nordeste ao Sudeste, por toda a terra-floresta
até os limites da Hutukara, os sonhos dos
diversos povos originários continuarão
desabrochando em nós e seguiremos sendo
resistência. Antes do verde e amarelo, existia o
Brasil do jenipapo e do vermelho. Antes da
Coroa, existia (e ainda existe) o Brasil do cocar.
Não conheceremos o Brasil antes de vislumbrar
e respeitar a história indígena. Precisamos
sonhar verdadeiramente a nossa terra.
E, aos inimigos dos povos indíginas,
responderemos (em Yanomami):

YA NOMAIME! YA TEMI XOA!


(Eu não morro! Ainda estou vivo!)
Bateria Furiosa
Patrimônio Cultural Imaterial do Rio
desde novembro de 2023

Nome de uma orquestra de


percussão que pulsa em
vermelho e branco. É o ritmo
salgueirense que chega para
abalar no sagrado terreiro do
carnaval. E quando vem… não
há quem consiga ficar
parado.
Quando se ouve a nossa
bateria, surge em forma de
ritmo, um patrimônio
cultural de valor único,
forjado na batida do Alujá, o
toque sagrado de Xangô,
orixá padroeiro do Salgueiro.
Um ritmo firme, cadenciado,
cheio de ginga. O corpo
responde, em louvação.

É a Furiosa, bateria que tem Lourival Serra, nosso


inesquecível Mestre Louro, como seu maior nome. É a
batida de um coração que explode cada vez que ela se
posiciona na avenida e abre os caminhos para o nosso
cortejo africano que desfila todos os anos.

A Furiosa tem 70 anos de história e já foi consagrada


com sete Estandartes de Ouro e várias outras
premiações. O marcante ritmo salgueirense tem o
tarol como instrumento de identidade.

Hoje, a Furiosa é comandada


por duas crias do Morro do
Salgueiro: mestres
Guilherme e Gustavo. os
irmãos, de DNA
genuinamente vermelho e
branco, cresceram na
Academia do Samba e
estiveram por anos à frente
da Bateria Furiosinha, do
Aprendizes do Salgueiro.

Filhos do saudoso tio Tuninho, um dos maiores


ritmistas da escola, os dois mestres, formados pela
Escola de Música Villa Lobos, mergulharam no mundo
da arte e se aperfeiçoaram como gigantescos
percussionistas e produtores musicais, orgulhando
imensamente a Família Salgueirense. Os dois levam o
ritmo do Torrão Amado para os quatro cantos do
mundo.
Rainha de Bateria
A atriz Viviane Araújo, estreou
no Carnaval em 1995, mas o
primeiro desfile pelo
Acadêmicos do Salgueiro foi em
2008, com o enredo “O Rio de
Janeiro continua sendo”. Em
2009, com “Tambor”,
conquistou seu primeiro título
com a escola. Agora, em 2024,
Vivi desfila pela décima sexta
vez na Academia do Samba, que
vai buscar a décima estrela com
o enredo Hutukara de autoria
do carnavalesco Edson Pereira.

SAMBA-ENREDO 2024
Autores: Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz,
Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon
Via13, Ralfe Ribeiro.

É HUTUKARA! O chão de Omama


O breu e a chama, Deus da criação
Xamã no transe de yakoana
Evoca Xapiri, a missão…
HUTUKARA, ê! Sonho e insônia
Grita a amazônia, antes que desabe
Caço de tacape, danço o ritual
Tenho o sangue que semeia a nação original
Eu aprendi português, a língua do opressor
pra te provar que meu penar também é sua dor

Falar de amor enquanto a mata chora, é luta sem


Flecha, da boca pra fora! (bis)

Tirania na bateia, militando por quinhão,


e teu povo na plateia, vendo a própria extinção

“Yoasi” que se julga: “família de bem”, ouça agora a


verdade que não lhe convém: (bis)

Você diz lembrar do povo Yanomami em dezenove de


abril,
mas nem sabe o meu nome e sorriu da minha fome,
quando o medo me partiu
você quer me ouvir cantar Yanomami pra postar no seu
perfil
entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a
pau Brasil!
Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso,
não queremos sua “ordem”, nem o seu
“progresso”!
Napê, nossa luta é sobreviver!
Napê, não vamos nos render!

YA TEMI XOA! AÊ, ÊA! (BIS)


MEU SALGUEIRO É A FLECHA
PELO POVO DA FLORESTA
POIS A CHANCE QUE NOS RESTA
É UM BRASIL COCAR!

#
tamujuntopelos
yanomami

GRES ACADÊMICOS DO
SALGUEIRO

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