2 Época, B e BB
2 Época, B e BB
Disciplina de ÉTICA
Curso: Direito
Ano lectivo 2021/2022
Exame 2ª Época
(Turmas B e BB)
3. Na definição do que é justo há quem entenda que justo é apenas o que a lei
define como tal, mas, pelo contrário, há quem sustente que a lei não só não
esgota o conteúdo de justiça, como pode até contrariar esse mesmo conteúdo.
GRELHA de CORRECÇÃO
1. A) Doutrina Platónica:
a) Platão era um pensador Idealista e é com base nesse idealismo que
identifica o comportamento individual correcto.
b) Partindo, pois, de esse pressuposto, Platão sustenta:
Que a amizade é sempre menos importante que
a verdade;
Que a verdade, só a verdade, pode conduzir ao
Bem;
Que a verdade, só a verdade, pode conduzir ao
Belo;
Que a verdade, só a verdade, pode ao conduzir
ao Justo.
c) Mas como Platão considerava irrealizável os objectivos definidos na
sociedade real, surge a defender um mundo Ideal, no qual aponta para a
abolição do que considerava ser motivo, causa, para que a amizade e o
individualismo superassem os valores que deveriam sustentar uma
sociedade ética. E é assim que, nomeadamente em relação a certo tipo de
classes – aquelas que deveriam a ter missão de governar a sociedade e de
a proteger – propõe quer a abolição da Família, quer da Propriedade
Privada.
1. C) Doutrina Kantiana:
a) Importará referir, que até meados do séc. XVIII, a corrente dominante
sobre o pensamento Ético era a corrente Cristã, ainda que com
componentes platónicas, aristotélicas e estóicas. Não obstante as
posições entretanto sustentadas por Spinoza (séc. XVII), que veio
defender a perspectiva puramente racionalista da definição do
comportamento Ético, na verdade a base central da discussão estava no
entendimento sustentado pelo Cristianismo e, em particular, pela Igreja
Católica.
b) Com Kant (1724-1804), vamos assistir a claras inovações neste domínio,
a saber:
i) Para Kant, a Ética não dita conteúdos, mas normas formais e daí
a sua frase: “Actua de tal modo que possas querer que essa
actuação se converta em lei universal”.
ii) Kant condena o prémio: “Não actues para conseguir alguma coisa
por utilidade, mas de tal modo que o valor da tua conduta possa
atrair a pura liberdade humama”.
iii) E é neste pressuposto, que nos vai indicar que ao Homem não
basta actuar conforme o dever, há que actuar por dever. Logo
actuar por dever é a necessidade de cumprir uma acção por
respeito à lei e não por simples temor à lei. Esta é uma questão
relevante no pensamento Kantiano, que – de um modo simples –
nos indica que a Ética não se legisla e que o comportamento não
é ético só pela actuação ditada legalmente. A Ética é, antes de
tudo, algo que deve estar intrínseco ao Homem e que indicia a
sua recta formação.
iv) E é, também, com base nestas premissas, que podemos afirmar
que os princípios da ética (moral) Kantiana são imperativos
categóricos. Eles são Imperativos, porque a lei moral não
aconselha – manda – e são Categóricos, porque não revelam
juízos hipotéticos, mas claramente absolutos.
Mas a estes dois tipos de justiça, junta-se um outro tipo, aquele que foi por si
designado de justiça geral ou legal. E em que se traduz esta? Nas obrigações do
homem face à existência do bem comum. Será aquele tipo de justiça, a que nos
tempos modernos chamamos de “justiça social” e que nos obriga a ter
determinado tipo de comportamento para com a sociedade.
Estamos assim diante uma perspectiva dualista do Direito e não apenas perante
uma perspectiva monista, tal como é sustentada pelas correntes positivistas que
tiveram em Hans Kelsen o seu grande percursor.
Lisboa, 14 de Julho de 2022