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UNIVERSIDADE LUSÍADA de LISBOA

Disciplina de ÉTICA
Curso: Direito
Ano lectivo 2021/2022
Exame 2ª Época
(Turmas B e BB)

1. Enuncie os aspectos essenciais, das seguintes doutrinas éticas:


a) Platónica
b) Epicurista
c) Kantiana
Cotação: 2,5 valores, por cada pergunta

2. Identifique, de forma fundamentada, o que entendia São Tomás de Aquino por


JUSTIÇA, bem como as formas de que ela se compunha.
Cotação: 5 valores

3. Na definição do que é justo há quem entenda que justo é apenas o que a lei
define como tal, mas, pelo contrário, há quem sustente que a lei não só não
esgota o conteúdo de justiça, como pode até contrariar esse mesmo conteúdo.

Tendo em atenção o que acaba de ler identifique, fundamentando, as


correntes de pensamento presentes na frase e especifique o que
particulariza cada uma delas.

Cotação: 7,5 valores

Tem 2h, para a realização da sua prova.


Boa sorte
Lisboa, 14 de Julho de 2022
UNIVERSIDADE LUSÍADA de LISBOA
Disciplina de ÉTICA
Curso: Direito
Ano lectivo 2021/2022
Exame 2ª Época
(Turmas B e BB)

GRELHA de CORRECÇÃO

Aspectos essenciais que as respostas devem contemplar:

1. A) Doutrina Platónica:
a) Platão era um pensador Idealista e é com base nesse idealismo que
identifica o comportamento individual correcto.
b) Partindo, pois, de esse pressuposto, Platão sustenta:
 Que a amizade é sempre menos importante que
a verdade;
 Que a verdade, só a verdade, pode conduzir ao
Bem;
 Que a verdade, só a verdade, pode conduzir ao
Belo;
 Que a verdade, só a verdade, pode ao conduzir
ao Justo.
c) Mas como Platão considerava irrealizável os objectivos definidos na
sociedade real, surge a defender um mundo Ideal, no qual aponta para a
abolição do que considerava ser motivo, causa, para que a amizade e o
individualismo superassem os valores que deveriam sustentar uma
sociedade ética. E é assim que, nomeadamente em relação a certo tipo de
classes – aquelas que deveriam a ter missão de governar a sociedade e de
a proteger – propõe quer a abolição da Família, quer da Propriedade
Privada.

1. B) Doutrina Epicurista (séc. IV a. C.)


Aspectos essenciais:
a) O homem deve fazer o que mais gosta, o que lhe dá mais prazer, o que
lhe é mais agradável.
b) Dizia Epicuro: “Quando dizemos que o prazer é o bem supremo da vida,
não entendemos os prazeres devassos ou os prazeres sensuais (…), mas o
não ter dor no corpo, nem perturbação na alma”. Ora é em função deste
pressuposto básico que os Epicuristas, vão sustentar:
 É lícito tudo o que produz prazer, mas,
 a busca do prazer tem de ser
feita sem intranquilidade, com o
domínio de si mesmo, sem
qualquer tipo de perturbação, o
que significa que o prazer deve
ser, sempre, o prazer da alma e
não o prazer do corpo.
 No fundo, os Epicuristas “traçavam” as linhas
do que deverá ser a conduta individual, mas de
uma conduta individual considerada no
contexto de um comportamento do Homem
para consigo próprio, condição fundamental
para que possa ter um comportamento ético
com os demais membros da sociedade.

1. C) Doutrina Kantiana:
a) Importará referir, que até meados do séc. XVIII, a corrente dominante
sobre o pensamento Ético era a corrente Cristã, ainda que com
componentes platónicas, aristotélicas e estóicas. Não obstante as
posições entretanto sustentadas por Spinoza (séc. XVII), que veio
defender a perspectiva puramente racionalista da definição do
comportamento Ético, na verdade a base central da discussão estava no
entendimento sustentado pelo Cristianismo e, em particular, pela Igreja
Católica.
b) Com Kant (1724-1804), vamos assistir a claras inovações neste domínio,
a saber:
i) Para Kant, a Ética não dita conteúdos, mas normas formais e daí
a sua frase: “Actua de tal modo que possas querer que essa
actuação se converta em lei universal”.
ii) Kant condena o prémio: “Não actues para conseguir alguma coisa
por utilidade, mas de tal modo que o valor da tua conduta possa
atrair a pura liberdade humama”.
iii) E é neste pressuposto, que nos vai indicar que ao Homem não
basta actuar conforme o dever, há que actuar por dever. Logo
actuar por dever é a necessidade de cumprir uma acção por
respeito à lei e não por simples temor à lei. Esta é uma questão
relevante no pensamento Kantiano, que – de um modo simples –
nos indica que a Ética não se legisla e que o comportamento não
é ético só pela actuação ditada legalmente. A Ética é, antes de
tudo, algo que deve estar intrínseco ao Homem e que indicia a
sua recta formação.
iv) E é, também, com base nestas premissas, que podemos afirmar
que os princípios da ética (moral) Kantiana são imperativos
categóricos. Eles são Imperativos, porque a lei moral não
aconselha – manda – e são Categóricos, porque não revelam
juízos hipotéticos, mas claramente absolutos.

2. A Justiça na concepção de São Tomás de Aquino:


a) São Tomás de Aquino definiu a Justiça como “a constante e perpétua
vontade de dar a cada um o que é seu por direito”, considerando que
existem as seguintes espécies de justiça:

 A primeira, consiste na relação mútua de dar e


de receber. É a justiça comutativa, aquela que é
própria das relações particulares e entre
particulares.

 A segunda, consiste na distribuição. É a justiça


distributiva, aquela em que o que manda e
administra dá a cada um segundo a sua
dignidade e não apenas segundo o seu mérito,
como tinha sustentado Aristóteles.
 Esta corresponde à ordem
social.

Mas a estes dois tipos de justiça, junta-se um outro tipo, aquele que foi por si
designado de justiça geral ou legal. E em que se traduz esta? Nas obrigações do
homem face à existência do bem comum. Será aquele tipo de justiça, a que nos
tempos modernos chamamos de “justiça social” e que nos obriga a ter
determinado tipo de comportamento para com a sociedade.

o Exemplo: pagamos Impostos em nome


de um Bem Comum, a Comunidade e
todos e cada um que nela vivem.

3. A frase que nos é dada para análise, evidencia:


a) Por um lado, uma corrente de direito positivista.
b) Por outro lado, uma corrente de direito natural

Vejamos os traços fundamentais da primeira corrente:

 O direito é monista. Só há um direito: o direito


positivo.
 A lei deve ser avaliada em função do
fundamento da sua legalidade, ou seja, da
articulação com a norma fundamental e não
com quaisquer outros critérios.
 O que é de considerar é o fundamento da lei e
não o conteúdo da lei.
 Do que se trata então é de avaliar a legalidade
ou a ilegalidade da situação em concreto.
 Nestes termos, justo será que todos sejam
avaliados, por igual, em função do
cumprimento da lei e injusto será que possam
existir discriminações – positivas ou negativas
– em função de particularismos alheios ou
estranhos à própria lei e ao que que ela estatui.
 Fica clara, através do que fica dito, a
identificação de Justiça com a Legalidade.
Nestes termos, justo é aquilo que a Lei como
tal define e prescreve.

Vejamos, agora, os traços fundamentais da segunda corrente:

 O Direito deve ser avaliado pelo conteúdo da


lei – a sua parte substantiva – e não apenas a
forma – o seu fundamento legal.
 Nestes termos, a lei pode ser considerada
injusta, apesar de válida sob o ponto de vista
formal.
 Nestes termos ainda, a lei pode até resultar da
expressão de uma ampla maioria, formada
democraticamente, sem que isso lhe dê o
direito de dispor contrariamente a princípios, e
a valores, que por serem perenes, são
anteriores, logo superiores, à vontade
conjuntural que num dado momento se
estabelece.
 Como é óbvio, esta distinção não será, não é,
indiferente, à ideia que podemos fazer do
comportamento ético.

Estamos assim diante uma perspectiva dualista do Direito e não apenas perante
uma perspectiva monista, tal como é sustentada pelas correntes positivistas que
tiveram em Hans Kelsen o seu grande percursor.
Lisboa, 14 de Julho de 2022

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