2ºresumo- economia

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Capítulo VI- A procura nos mercados concorrenciais

A escolha do consumidor e curvas de indiferença


As escolhas dos consumidores têm em consideração os axiomas das preferências, que pressupõem a
permanente realização de escolhas, a partir de comparações entre bens ou conjuntos de bens.

Vilfredo Pareto estudou as condições em que o equilíbrio económico acaba por se estabelecer. Nesse
sentido, a vida económica representar-se-ia como a ascensão de uma colina em que as curvas de
indiferença apareceriam como se fossem as curvas de nível – unindo os pontos que correspondem a
uma satisfação idêntica de necessidades.

Por definição, a curva de indiferença mais elevada será aquela que é tangente à fronteira de escolhas,
também designada como reta da restrição orçamental, isto é, a que num determinado ponto coincide
com o valor mais elevado que é consentido pela limitação orçamental.

Utilidade, eficiência e bem-estar


A utilidade corresponde à suscetibilidade de um bem ou serviço satisfazer necessidades humanas.
Quando um comprador se dispõe a trocar um bem por outro fá-lo tendo em consideração as
necessidades que este visa satisfazer. A utilidade esperada de um bem ou serviço vai pesar
decisivamente na concretização da troca e na atribuição de um valor ao bem ou serviço que se pretende
adquirir.

A eficiência no mercado corresponde ao equilíbrio global obtido no conjunto das trocas realizadas, ao
bem-estar obtido pela comunidade, considerando os interesses conjugados dos produtores e dos
consumidores bem como a coesão social, à sustentabilidade da atividade produtiva, enquanto criadora
de riqueza, e ao nível de satisfação das necessidades por parte da procura.

O excedente do consumidor é, assim, a diferença entre a disposição de pagar o valor atribuído pelo
consumidor a um bem, e aquilo que é efetivamente pago – é, pois, o montante líquido que corresponde
ao acréscimo de bem-estar que o comprador obtém através das trocas. Para compreendermos melhor
este conceito, importa, porém, atermo-nos ao conceito de utilidade marginal.

Bem-estar – o bem-estar é essencial na Ciência Económica moderna, pois é indispensável saber qual a
repercussão prática para os sujeitos económicos individualmente considerados e para a comunidade da
atividade económica, do funcionamento do mercado e do modo como as necessidades são satisfeitas. O
comprador só irá adquirir o bem que deseja se entender que a troca em causa vale a pena.

Excedente do consumidor– diferença entre a disposição de pagar o valor atribuído pelo consumidor a
um bem e aquilo que é efetivamente pago. É o montante líquido que corresponde ao acréscimo de
bem-estar que o comprador obtém através das trocas.

Utilidade marginal. As Leis de Gossen


Hermann Heinrich Gossen escreveu a obra “Exposição das leis nas relações humanas e das regras que
delas derivam para as ações do Homem”, na qual afirmava que seria preciso desfrutar da vida de tal
modo que a soma das satisfações obtidas no decurso da existência atingisse o máximo. Esse seu credo
utilitarista assenta na ideia de que modo se cumpriria a vontade do Criador. Para H. Gossen:

- A intensidade de uma dada satisfação, à medida que se prolonga no tempo, vai diminuindo até à
saciedade;
- O sujeito económico pode escolher entre várias satisfações, mas não tem a possibilidade de as alcançar
todas de uma maneira completa; por isso ainda que possa haver grandes diferenças absolutas, para
alcançar o máximo possível de satisfação, tem de as desfrutar a todas parcialmente e de tal maneira que
a intensidade de cada uma seja, no momento em que cessa, igual às demais.
Por outro lado, quando a satisfação se renova, verifica-se a repartição da tendência para a diminuição
de intensidade até à satisfação – mas no primeiro momento da segunda satisfação a intensidade é
menor do que em correspondente momento da primeira, pelo que a saciedade se atinge mais
rapidamente; estas diferenças são tanto maiores quanto mais frequente se torna a satisfação.

Para Gossen, o sujeito económico só pode, assim, aumentar a sua satisfação total na medida em que o
prazer provocado pelas coisas produzidas for maior do que o sacrifício imposto pelo esforço do trabalho
necessário a essa criação. Desutilidade -> o sacrifício feito para além da satisfação de uma necessidade.

Stanley Jevons, Carl Menger e Léon Walras vieram a desenvolver com critérios científicos a teoria
lançada por Gossen. Jevons defendeu que o valor de um bem dependeria da utilidade combinada com a
raridade. O valor das coisas dependeria, assim, do grau final de satisfação que permitiriam obter.

Partindo das leis de Gossen, Carl Menger demonstrou como a apreciação individual das coisas ou valor
de uso dependeria da raridade e não da utilidade stricto sensu. A utilidade final determina o valor dado
a todas as outras unidades do mesmo bem, uma vez que será sacrificada se o sujeito económico se vir
privado de qualquer delas.

Este entendimento da utilidade final, a que Friedrich von Wieser chamou utilidade marginal, explica o
chamado paradoxo do valor.

O diamante vale mais do que um bem alimentar para os que têm possibilidade de satisfazer
amplamente todas as suas necessidades, mas já não para os que não têm as suas necessidades básicas
satisfeitas.

O paradoxo do valor esclarece a distinção entre valor de uso e o valor de troca. Com o princípio da
utilidade marginal é possível explicar a formação do valor de troca em direta correspondência com o
conceito económico de utilidade. O valor de troca representa as proporções nas diversas quantidades
de bens quando se realizam permutas para que se proceda ao nivelamento das utilidades das utilidades
dos diferentes bens afetos à satisfação das diversas necessidades.

Utilidade total será a soma das utilidades potenciais de cada unidade, ou seja, daquelas que a cada uma
caberiam se fossem as últimas. E o valor total é o resultado da multiplicação da utilidade marginal pelo
número de utilidades disponíveis de um bem. Enquanto a utilidade marginal decresce à medida que
aumenta o número de unidades disponíveis, a utilidade total aumenta à medida que aumenta o número
de unidades disponíveis, mas em proporção decrescente. Já o valor total aumenta com o número de
unidades até ao ponto em que o decréscimo da utilidade marginal compense, no produto, aquele
aumento.
Quanto ao valor de mercado, F. von Wieser distinguia valor efetivo e valor natural. O valor efetivo é
aquele que se estabelece de facto, correspondendo ao nivelamento das satisfações marginais no grau
que cada sujeito pode obter, com o poder de compra que tem. O valor natural é o que viria a
estabelecer-se se o poder de compra se encontrasse igualmente distribuído, assegurando um
nivelamento geral das utilidades marginais.

Valor de troca– representa as proporções nas diversas quantidades de bens quando se realizam
permutas para que se proceda ao nivelamento das utilidades dos diferentes bens afetos à satisfação das
diversas necessidades.

Valor total – resultado da multiplicação da utilidade marginal pelo número de utilidades disponíveis de
um bem. Aumenta com o número de unidades até ao ponto em que o decréscimo da utilidade marginal
compense, no produto, aquele aumento.

O valor do mercado distingue valor efetivo e valor natural:

Valor efetivo – aquele que se estabelece de facto, correspondendo ao nivelamento das satisfações
marginais no grau que cada sujeito pode obter com o poder de compra que tem.

Valor natural – estabelece-se se o poder de compra se encontrasse igualmente distribuído, assegurando


um nivelamento geral das utilidades marginais.

Consumo, poupança e rendimento

O rendimento refere-se, assim, a essas duas realidades – ou realizarmos atividades que correspondem
ao consumo ou reservamos uma parte do rendimento para o aforro, adiando o ato de consumo ou
prevenindo a cobertura de um risco futuro. Daí que uma unidade marginal de rendimento seja divisível,
no tocante à tendência para consumir ou poupar, respetivamente, entre propensão marginal para
consumir e propensão marginal para poupar.

A teoria da escolha do consumidor aplica-se também à poupança. Quem poupa voluntariamente faz
uma escolha entre um consumo presente e um consumo futuro. Este consumo futuro pode significar
segurança na velhice ou reunião de meios para adquirir algo de que necessita. A poupança pode
aumentar se forem encontrados bens sucedâneos que permitam manter os níveis de bem-estar.

Consumo, investimento e despesa

Despesa– recursos económicos pagos pelos sujeitos em resultado do desenvolvimento da vida


económica. O conceito de despesa remete para os conceitos de consumo e investimento: ou realizamos
atividades que correspondem ao consumo ou reservamos uma parte da despesa para o investimento.

Capítulo VII- A oferta nos mercados concorrenciais

Os custos do produtor: custos médios e custos marginais

O produtor, quando decide o que produzir, como produzir, quanto produzir, como vender e que preço
aplicar, vai sempre ponderar o custo de produção. Assim, a disposição para vender ocorre em função
dos custos de produção.

O rendimento total é o somatório dos resultados obtidos pela vende dos bens ou dos serviços no
mercado. Obtém-se pela multiplicação do número total de unidades vendidas pelo preço de cada
unidade.
O custo total é o somatório de todas as despesas que o vendedor tem de fazer para que os bens
vendidos sejam produzidos e cheguem ao mercado. Estamos, deste modo, perante o conjunto das
remunerações dos diversos fatores de produção. O custo fixo está ligado às máquinas que produzem os
bens. O custo variável está ligado aos trabalhadores que têm de empregar para produzir mais ou menos
bens de acordo com a evolução da procura.

O custo médio corresponde ao encargo médio necessário para produzir cada unidade – se dividir o
custo total pelo número de alfinetes produzidos sei qual é o custo médio de cada alfinete. Os custos
fixos médios tendem a decrescer à medida que se produz mais. Os custos variáveis médios já tendem a
crescer à medida que se produz mais. Os custos médios totais tendem a descer até um determinado
limiar, vindo a crescer a partir daí.

O custo marginal indica ao produtor quanto custa produzir a próxima unidade, isto é, o próximo
alfinete, ou quanto custa produzir o último. Os custos marginais têm tendência para crescer, se tivermos
um fator produção fixo. Nas economias industriais, estando em causa a variação de todos os fatores de
produção o custo marginal tende a ser decrescente – em ligação com a lei dos rendimentos crescentes à
escala.

Custo fixo – máquinas que produzem os bens.

Custo variável – trabalhadores que têm de empregar para produzir mais ou menos bens de acordo com
a evolução da procura.

As funções da produção, os custos de curto e longo prazos.

A função produção é uma relação puramente quantitativa, entre o que é usado na produção e o que
dela resulta. As decisões do produtor visam obter o melhor resultado possível quando o produto é
vendido no mercado. Para o produtor, as noções de curto e longo prazos dependem da consideração
predominante dos custos fixos e dos custos variáveis.

No curto prazo, perante uma análise imediata das condicionantes da produção e do mercado, prevalece
a lógica dos custos fixos. No longo prazo, considerando que é indispensável alterar as circunstâncias, a
fim de que a inovação garanta a existência de um excedente do produtor, vai predominar a lógica dos
custos variáveis. No longo prazo preocupamo-nos com a afetação economicamente eficiente de todos
os recursos.

A lei dos rendimentos decrescentes tem em consideração a escassez dos recursos e relaciona, na
economia tradicional, a utilização de um fator de produção fixo e de um fator de produção variável. Os
rendimentos adicionais resultantes dessa relação serão decrescentes e os custos tenderão a ser
crescentes.

Numa economia industrial, se houver um aumento proporcional de todos os fatores de produção, de


modo a que não haja desequilíbrio ou sobrecarga para qualquer um deles, então temos uma situação
em que os rendimentos marginais são crescentes – estamos perante o aumento de escala.

Uma variação da escala de produção pode ter um de três efeitos possíveis:


- A produção aumenta proporcionalmente ao aumento combinado de todos os fatores – rendimentos
constantes à escala;
- A produção aumenta menos do que proporcionalmente em relação ao aumento de escala –
rendimentos decrescentes à escala;
- A produção aumenta mais do que proporcionalmente em relação aos aumentos de escala – são as
economias de escala, que decorrem dos rendimentos crescentes à escala.
A propósito das incapacidades de mercado, que há um limiar a partir do qual as deseconomias de escala
começam a funcionar, invertendo a tendência para os custos decrescentes. Há motivos que favorecem
esta tendência, que podem ser externos ou internos.

Excedente do produtor, lucro económico e renda económica. Vencimento de transferência, efeito de


quase renda.
O excedente do produtor corresponde à diferença entre o preço mínimo a partir do qual a venda já
ocorreria e o preço real a que transação ocorre.

Custos explícitos, os que correspondem a pagamento efetivo feito para a aquisição de fatores de
produção. Há, no entanto, custos implícitos, que correspondem a vantagens ou desvantagens inerentes
ao próprio produtor. Este pode ter acesso privilegiado a determinadas matérias-primas ou contar com a
excecional competência de determinados trabalhadores. Nesse caso, há uma vantagem comparativa
para esse produtor e uma desvantagem para os seus concorrentes.

O custo económico é um custo de oportunidade – envolvendo o que o produtor gastou para obter o
bem ou serviço, mas ainda a perda dos benefícios que para ele adviriam da segunda da melhor escolha.
O lucro contabilístico corresponde à diferença entre o rendimento obtido e os custos totais. O lucro
económico corresponde à consideração do custo de oportunidade no cálculo do lucro contabilístico. A
diferença entre lucros contabilísticos e lucros económicos assenta no facto de estes serem calculados
por referência aos custos de oportunidade que possam ser considerados, enquanto aqueles são achados
por referência aos custos explícitos.

Renda económica – trata-se de um excedente do produtor devido a qualidades deste que têm a ver
com o seu prestígio, com a sua experiência ou com a excecional confiança que goza. Aqui o excedente
não é devido à sua capacidade inovadora, mas sim à posição favorável que tem no mercado. O lucro tem
essa razão específica caso o produtor com entrada reservada no mercado aufira um benefício por esse
facto.

Vencimento de transferência, relativo ao fator trabalho, que se define como o valor mínimo da
remuneração que o trabalhador está disposto a aceitar para realizar determinada tarefa. Abaixo desse
valor o trabalhador prefere ou manter-se ocioso ou desempenhar outra tarefa. Acima desse valor
haverá um efeito de renda, que terá maior expressão relativamente a quem tenha maior prestígio e
maior capacidade para seduzir ou para atrair a procura.

As opções de investimento

As opções de investimento reportam-se à aquisição de ativos, através dos quais se pretende a obtenção
de rendimentos na exploração desses bens ou mais-valias resultantes vendas.

Os diversos exemplos de opções de investimentos permitem-nos compreender que as escolhas do


produtor têm de ponderar racionalmente os custos e benefícios alternativos. Quem tenha maior
resistência ao risco preferirá, em nome da segurança, a realização de depósitos no sistema financeiro e
bancário ou o investimento direto em bens.

O multiplicador de investimento
O princípio do multiplicador, estudado por John Maynard Keynes, permite estudar o efeito de um
acréscimo de despesa de investimento sobre o rendimento global. O multiplicador indica uma variação
de rendimento. Sempre que se realiza um aumento de investimento e não haja pleno emprego dos
recursos produtivos, então verifica-se uma reprodutividade desse acréscimo traduzida num acréscimo
multiplicado de rendimento. Se houver pleno emprego dos recursos produtivos, então o multiplicador
funciona em termos puramente monetários – aumentando a procura, sem correspondência na oferta,
com consequente aumento de inflação.

O multiplicador designa-se como K, correspondendo à razão entre o acréscimo de rendimento


representado como ΔR e o acréscimo de investimento por ΔI:
Se num dado período o investimento aumentar 100 unidades de conta e a propensão marginal para o
consumo for 4/5 o multiplicador será de 5 e o acréscimo de rendimento será de 500 unidades de conta.

O período de multiplicação é o tempo necessário para a despesa de investimento exercer todos os seus
efeitos sobre o rendimento global. A sua extensão depende da propensão marginal para o consumo e
do período de propagação do rendimento.

A propensão marginal para o consumo corresponde à parte que numa unidade adicional de rendimento
é orientada para o consumo. A propensão marginal para a poupança corresponde à parte restante
numa unidade adicional de rendimento, que vai para a poupança. Deste modo: 1 = pmc+pmp.

O acelerador

O efeito do acelerador, primeiro formulado por Albert Aftalion, liga-se diretamente ao efeito do
multiplicador, ainda que numa perspetiva diferente e complementar, relaciona a intensidade da procura
de bens finais e a procura derivada de bens de investimento ou intermédios. Enquanto o multiplicador
relaciona investimento e rendimento, o acelerador parte do aumento da procura para o acréscimo de
investimento.

Num primeiro momento a procura aumenta 10%. Para fazer face a esse aumento é necessário adquirir
mais dez teares, o que aumenta o investimento de 100%. Num segundo momento a procura aumenta
9%. É preciso adquirir mais dez teares. Mas o investimento adicional é nulo, pois é idêntico ao do
período anterior. Por fim, o aumento da procura é de apenas 4%. Então precisamos de comprar mais
cinco teares. Mas há uma redução em 25% no investimento adicional.

Fala-se de efeito acelerador pela comparação com a aceleração no motor do automóvel. Também aí o
acelerador começa por dar um impulso ao veículo, que se traduz num movimento uniforme, mas se
formos tirando o pé a velocidade abranda, o que significa que o acelerador funciona como travão.
Conclui-se que há uma desproporção entre a intensidade da procura dos bens finais e a procura
derivada de bens intermédios. A procura de bens intermédios acelera ou desacelera a um ritmo
diferente da procura dos bens finais.

As empresas. Economias de escala. Rendimentos crescentes.

A empresa é o centro da economia moderna e aberta. Combina técnica e economicamente processos


de produção que lhe fornecem os agentes que intervêm no processo produtivo. Enquanto no processo
artesanal há uma combinação de contributos centrados no artesão, “a empresa somente aparece
quando o mercado dos meios de produção lhe fornece uma parte substancial ou a maior parte do
trabalho e do capital que emprega” – o empresário ativo é aquele que inova e que justifica o lucro
através da capacidade de trazer algo de novo ao mundo da vida.

O crescimento económico representa uma mera alteração quantitativa, enquanto o desenvolvimento


económico e social obriga à consideração de elementos qualitativos, ligados à organização social, à
qualificação e à educação dos agentes económicos, à capacidade inovadora, ao meio ambiente, à
qualidade de vida e à competitividade. Os ciclos económicos são determinados pelo desenvolvimento. A
expansão corresponde à fase dos efeitos positivos da inovação, a depressão à dos efeitos da
especulação e da inércia.

A maximização do lucro e a redução do custo médio de produção podem ser provocados por múltiplas
causas, como: o aumento do volume de produção e o progresso técnico.

O desenvolvimento económico e social depende do capital social, do capital humano e da capacidade


de aprender mais e melhor, muito mais do que de um conceito rígido de riqueza material transmitida.

Capítulo VIII- A eficiência em mercado concorrencial

Concorrência perfeita e imperfeita


Fala-se de conjuntura económica quando nos referimos aos elementos que caracterizam a vida
económica no curto prazo. E referimo-nos a estrutura económica quando nos reportamos às
proporções e relações que caracterizam uma economia no horizonte do médio e longo prazo. O fator
tempo torna-se evidente, por exemplo, quando se trata de investir ou de criar nova riqueza para o
futuro.

Quando realizamos um investimento, para cujo financiamento fizemos poupanças ou assumimos um


crédito, pela contração de um empréstimo, estamos a tomar uma decisão que vai repercutir-se, em
princípio, nas próximas gerações – e, portanto, no médio prazo. A concorrência opera tendo em
consideração não uma perspetiva estática e imediata, mas a dinâmica das circunstâncias que mudam. As
condições de concorrência não podem, por isso, ser vistas numa ótima que não tenha em consideração
a passagem do tempo e as consequências desta no funcionamento da economia.

As condições de concorrência têm de ser analisadas no respetivo contexto concreto. Se no curto prazo
as receitas das vendas de um bem não dão sequer para remunerar os fatores de produção, desde os
salários às despesas com a energia, passando pela amortização dos investimentos, será melhor encerrar
temporariamente a atividade à espera que os preços subam.

No longo prazo, o produtor deverá encerrar a atividade, retirando-se do setor, sempre que o preço de
venda dos seus produtos não for suficiente para cobrir os custos médios.

As características de um mercado concorrencial têm de ser vistas considerando as relações concretas


entre agentes económicos e compreendendo que os mesmos visam obter o maior ganho e a melhor
relação custo/benefício. A concorrência entre vendedores baixa os custos e os preços, beneficiando, em
última instância os consumidores. Enquanto o custo marginal for inferior ao rendimento marginal vale a
pena incrementar a produção, porque estamos perante uma margem de lucro positiva.

Multiplicidade, atomicidade e poder de mercado

Quando há multiplicidade de agentes económicos, quer do lado da procura quer do lado da oferta,
torna-se muito difícil ou mesmo praticamente impossível, num mercado de concorrência perfeita, a um
sujeito económico, influenciar o nível de preços ou outras condições relevantes nas trocas, pela sua
entrada ou saída desse mercado.
É a atomicidade que permite ao agente ter possibilidade de escolha. Numa palavra, pela atomicidade,
cada um dos agentes económicos não dispõe de poder de mercado.

Fluidez, racionalidade e informação

Na segunda característica do mercado de concorrência perfeita, estamos perante um requisito ligado à


informação e à racionalidade, que permite aos agentes económicos fazerem as respetivas escolhas
livremente, fixando a quantidade de bens a vender ou a comprar e aceitando ou não as respetivas
condições de mercado.
Sempre que um bem tem vários mercados, deixa de atender-se ao tipo dos bens que os constituem.
Perde-se a fluidez. Deixa de haver homogeneidade dos produtos, que apresentam diferenciação de
qualidade e de marca, do mesmo modo que desaparecem a mobilidade e a informação completa.

Liberdade de entrada e saída

O terceiro requisito na concorrência respeita à ausência de barreiras à entrada do mercado, ou seja, na


concorrência perfeita não deve haver limitações de qualquer natureza à livre entrada ou saída de
agentes económicos do mercado. É fundamental que os vendedores e os compradores estejam livres
para entrar ou sair do mercado, até para que as respetivas escolhas não fiquem limitadas ou
condicionadas por fatores externos ao próprio mercado.

Eficiência e Bem-estar em Vilfredo Pareto

A situação de uma economia é considerada ótima sempre que houver acréscimo na satisfação de
necessidades económicas de pelo menos um agente económico, sem que a situação de qualquer um
dos restantes agentes económicos saia prejudicada. Este critério implica que o único fator de
julgamento dos critérios de valor se ligue ao facto de haver um nível global superior de satisfação de
necessidades, isto é, um maior nível de bem-estar.

Uma situação é ótima se não for possível melhorar a situação, ou, mais genericamente, a utilidade de
um agente, sem piorar ou degradar a situação ou utilidade de qualquer outro agente económico.

Deste modo, para que estejamos em situação de eficiência paretiana é necessário:

- Que nos encontremos em pleno emprego dos recursos produtivos;


- Que o preço de cada produto seja igual ao custo marginal de produção;
- Que o preço de cada fator coincida com o valor da respetiva produtividade marginal.

Por outro lado, há eficiência quando as partes envolvidas já esgotaram espontaneamente todas as
permutas possíveis de utilidades que estavam dispostas a realizar no nível de preços atingidos. O
equilíbrio económico residiria, numa conceção estática, na correspondência entre as possibilidades e as
satisfações obtidas na satisfação de necessidades.

John Rawls analisou, os temas da redistribuição de recursos e do bem-estar, definindo a teoria da


justiça como equidade na ótica dos membros mais desfavorecidos da sociedade. Este entendimento
centra-se nos seguintes princípios:

- Cada pessoa deve ter igual direito à mais extensa liberdade compatível com uma idêntica liberdade
para os outros;
- As desigualdades sociais e económicas devem preencher duas condições, para serem conformes com a
justiça: devem estar ligadas a funções e a posições abertas a todos, em condições de igualdade de
oportunidades; e devem corresponder à maior vantagem possível para os membros mais desfavorecidos
da sociedade.

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