Tcc - Ana Lyssa
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ARTIGO CIENTÍFICO
GOIÂNIA-GO
2022
ANA LYSSA OLIVEIRA SOUSA
GOIÂNIA-GO
2022
ANA LYSSA OLIVEIRA SOUSA
Data da Defesa: de de
BANCA EXAMINADORA
Examinador (a) Convidado (a): Prof. (a): Miriam Moema de Castro Machado Roriz
Nota
AGRADECIMENTOS
À Deus, Senhor da minha vida “porque Dele, Por Ele e para Ele são todas as
coisas”;
À minha mãe, a quem dedico cada passo dessa jornada, e meus irmãos, por
estarem em cada dia dessa caminhada, possibilitando e sonhando comigo;
Ao meu pai, por seu amor que me trouxe até aqui confiante;
Ao meu avô materno, por cada sorriso e palavra que me deu coragem;
1
Graduanda no curso de bacharelado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail:
oliveiraanalyssa@gmail.com
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 24
6
INTRODUÇÃO
O trabalho se conduz pela seguinte questão: para além de tudo que será
evidenciado, a partir de dados, de estudos bibliográficos, encarcerar essas mulheres
da maneira como tem sido, é o melhor caminho? É possível haver medidas
alternativas à prisão em casos específicos? É preciso refletir sobre a sociedade
excludente em que vivemos, onde a mulher é colocada em uma posição inferior, de
maneira explícita, mas também de forma estrutural. Necessário se faz trazer à debate,
por que a mulher na prisão muitas vezes não tem acesso a absorvente, item básico
de higiene. Seriam elas punidas duas vezes?
CAPÍTULO I
No Brasil, em 2006, foi promulgada a Lei 11.343, nomeada “Lei das Drogas”, a
qual endurece as penas por tráfico de drogas e, consequentemente, aumenta o
encarceramento. Antes dela, 13% dos presos cumpriam sentença por tráfico,
enquanto, atualmente, no estado de São Paulo, esse contingente é de 60% nas
cadeias femininas (VARELLA, 2017). Apesar da maior severidade legislativa
observada em relação ao tráfico de drogas, as prisões brasileiras são compostas, em
sua maioria, por usuários de drogas ilícitas e pequenos traficantes, justamente porque
a Lei das Drogas (2006) não define a quantidade que diferenciaria o usuário do
traficante.
Outro ponto crítico que mostra a necessidade de que a mulher seja tratada
em atenção às suas especificidades, com equidade, é quando tratamos da higiene
pessoal. Somente em 2017, é que a Comissão de Seguridade Social e Família da
Câmara dos Deputados aprovou proposta que obriga os estabelecimentos prisionais
a oferecer produtos de higiene aos presos, proposta que tramita em caráter conclusivo
e ainda será analisada pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime
Organizado. A realidade, é que são as famílias das pessoas presas, quem cuidam de
itens de higiene pessoal. Nesse sentido, já é possível prever como funciona se
tratando de mulheres, que para além das necessidades de todo ser humano, ainda
lidam com a menstruação, mulheres estas que muitas vezes estão sozinhas, tendo
em vista o abandono da família, como mencionado nesta pesquisa em capítulos
anteriores.
familiares e amigos dessas mulheres presas em Minas Gerias, desde 2007, ela
assegura que a carência ocorre desde sempre, e que são as famílias que levam os
itens básicos.
CAPÍTULO II
A INSERÇÃO DA MULHER NO TRÁFICO DE DROGAS
Esse estudo foi feito a partir de dados coletados dos autos de prisão em
flagrante de ocorrências de tráfico de drogas, do Departamento de Inquérito na cidade
de São Paulo (DIPO). Tais dados possibilitam remontar o mais próximo da realidade
de uma ocorrência. Do total de ocorrências em que os dados foram coletados, em
torno de 600 autos de prisão em flagrante, mulheres representavam 13%. Quando se
tratam de casos de abordagem por agentes durante revista de visita em unidade
prisional, o estudo mostra que as mulheres correspondem em 11%, enquanto homens
não foram revistados.
própria sociedade não as deixam esquecer que são mulheres, e que condutas
reprováveis realizadas por mulheres, o peso da punição é maior.
Isso ocorre pelo fato do direito penal ser uma forma de controle que se dirige
às relações de trabalho produtivo, enquanto a esfera da vida privada diz respeito à
reprodução, sexualidade e formação de família não é objeto central do controle penal.
Esse sistema de controle se dirige ao comportamento da mulher no seu papel de
gênero, realizado informalmente, na família, mediante o domínio patriarcal, e por fim
na violência física contra mulheres.
A maior parte das mulheres presas por tráfico de drogas recebem penas
rigorosas, mesmo quando são presas com pouca quantidade ou na condição de rés
primárias. São submetidas a situações humilhantes na prisão, para além da pena em
si, são como um castigo por ser mulher.
No geral, quem comete crime previsto na Lei de Drogas, recebe penas duras,
e a desproporcionalidade fica evidente se tratando de mulheres, que praticam delitos
sem o emprego de violência e de menor importância. Isso se dá ao fato de o Brasil
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sobre formas de desenvolvimento de uma nova política, as quais são trazidas pela
cartilha de encarceramento das mulheres, já citada neste capítulo, sendo elas: política
de drogas mais inclusivas; reforma na política de drogas; alternativas ao
encarceramento e programas de inclusão social.
CAPÍTULO III
3.1 CONSTITUCIONALIDADE
Após a criação dessa política de saúde, voltada para mulheres presas, foi
possível perceber alguns avanços em relação à saúde das apenadas. Contudo, elas
ainda permanecem em situação de exclusão e marginalidade, onde aumentam os
índices de encarceramento e de mortalidade. De fato, a conta não fecha, onde nota-
se o aumento exponencial do encarceramento feminino, em um sistema com
insuficiência de investimentos direcionados à saúde.
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A Carta Magna de 1988, por meio de suas cláusulas gerais de eficácia plena,
coloca a dignidade da pessoa humana como princípio fundamental em seu art. 1°,
inciso III), bem como repercute em seu capítulo II (Direitos e Garantias fundamentais)
art.5°:
Não por acaso, o direito se entrelaça com a psicologia. É ela responsável por
traçar perfis, compreender para além da conduta que consumou o fato delituoso. É
indispensável, o olhar da psicologia sobre estas mulheres, em uma condição ainda
maior de vulnerabilidade.
CONCLUSÃO
É plausível recorrer a novas alternativas que não a prisão, tendo em vista que
essas mulheres raramente apresentam perigo à sociedade, e ainda assim são
arrancadas da sociedade e principalmente do seio familiar, as quais tem dependentes.
Caso essa análise de como o sistema prisional rechaça mulheres e suas
responsabilidades intramuros fossem feitas, muitas seriam beneficiadas pelas
medidas alternativas. Evidente a necessidade de uma reformulação na Lei
11.343/2006, em que reconheça e delimite penas distintas a cada atividade
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REFERÊNCIAS
FRONY, Maria Lydia de. LONGO, Ana Carolina Figueiró. Criminalidade feminina e
tráfico de drogas: uma análise da posição secundária das mulheres a partir da Teoria
de Habitus de Bourdieu. Disponível em:
<https://www.enadir2019.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=37>.
Acesso em: 5 abr. 2022.