Francisco

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE HUMANIDADES

Departamento de Secretariado Executivo e Comunicação Empresarial

Trabalho de Psicologia Geral

ESCOLAS DE PENSAMENTO PSICOLÓGICO

Discente: Francisco Afonso Sampaio

IIº ano

Sala: 12/13

O DOCENTE

__________________________

FRANCISCO FILIPE

Luanda, 2024

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ESCOLAS DE PENSAMENTO PSICOLÓGICO

Trabalho apresentado à Faculdade de Humanidades sob a


orientação do Professor Francisco Filipe na cadeira de
Psicologia Geral como requisito parcial para obtenção de
notas afectas às primeiras parcelares do IIº ano do curso de
Secretariado Executivo e Comunicação Empresarial, sala 12.

Luanda, 2024

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 3
ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL 4
1. ESCOLAS DE PENSAMENTO PSICOLÓGICO 4
1.1. ESTRUTURALISMO 4
1.1.2. FUNCIONALISMO 6
1.1.3. ASSOCIACIONISMO 7
1.1.4. PSICANÁLISE 8
1.1.5. BEHAVIORISMO 11
1.1.6. GESTALTISMO 13
1.1.7. HUMANISMO 15
CONCLUSÃO 18
BIBLIOGRAFIA 19

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INTRODUÇÃO

A psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e os


processos mentais. Ao longo da história, ela desenvolveu-se em diferentes
escolas de pensamento, cada uma com suas próprias teorias, métodos e
abordagens. Essas escolas de pensamento reflectem as diferentes perspectivas e
abordagens que os psicólogos adoptaram para entender a complexidade do ser
humano.

Este trabalho visa apresentar uma visão geral das principais escolas de
pensamento em psicologia, destacando suas contribuições e abordagens. Além
disso, este trabalho também visa discutir a importância das escolas de
pensamento na psicologia e como elas contribuem para o nosso conhecimento e
compreensão desta disciplina.

Uma escola de pensamento em psicologia é um grupo de psicólogos que se


associam ideologicamente e, às vezes, geograficamente com o líder de um
movimento. Em geral, os membros de uma escola de pensamento trabalham em
problemas comuns e compartilham uma orientação teórica.

As escolas de pensamento em psicologia são importantes porque reflectem


a diversidade de teorias e abordagens que existem na disciplina. Cada escola de
pensamento contribuiu de forma significativa para o nosso conhecimento e
compreensão da psicologia, e muitas vezes, as ideias e teorias de diferentes
escolas são combinadas para criar uma visão mais completa da psicologia.

Este trabalho será dividido em diferentes partes, cada uma abordando uma
escola de pensamento específica em psicologia. As secções incluirão uma
introdução à escola de pensamento, suas principais contribuições e abordagens, e
uma discussão sobre a importância da escola de pensamento na psicologia. Além
disso, este trabalho também incluirá uma conclusão que resume as principais
ideias e contribuições das escolas de pensamento em psicologia.

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ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL

1. ESCOLAS DE PENSAMENTO PSICOLÓGICO

Uma escola de pensamento em psicologia é um grupo de psicólogos que se


associam ideologicamente e, às vezes, geograficamente com o líder de um
movimento. Em geral, os membros de uma escola de pensamento trabalham em
problemas comuns e compartilham uma orientação teórica e elas reflectem a
diversidade de teorias e abordagens que existem na psicologia. Cada escola de
pensamento contribuiu de forma significativa para o nosso conhecimento e
compreensão da psicologia, e muitas vezes, as ideias e teorias de diferentes
escolas são combinadas para criar uma visão mais completa da psicologia.

1.1. ESTRUTURALISMO

1.1.1. Conceito
O Estruturalismo é uma das correntes da psicologia que tem como
objectivo analisar e estudar a estrutura da mente humana. O estruturalismo definia
a psicologia como a ciência da consciência. Para os seguidores desta corrente, as
operações mentais resultam da organização de sensações elementares que se
relacionam com a estrutura do sistema nervoso.

1.1.2. Defensores

Foi Wilhelm Wundt (1832-1920) o principal responsável propulsionador


desta vertente. Wundt investigou a consciência humana, nomeadamente as
sensações e os sentimentos que eram considerados os processos mais
complexos da mente humana. Fundou o primeiro laboratório de psicologia
experimental em 1897, onde elaborou testes e estudos que permitiram à
psicologia desenvolver-se enquanto ciência. Neste laboratório investigou as
estruturas e a consciência da mente humana, recorrendo a métodos de
introspecção (“olhar para dentro”) - um processo rigoroso que permitia descobrir
sensações e sentimentos da experiência consciente.

Mais tarde, surge Edward Titchener (1867 - 1927), seguidor de Wundt, que

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usou o termo Estruturalismo para diferenciar esta corrente do Funcionalismo. No
entanto, é correcto afirmar que Tichener propôs uma nova abordagem do
estruturalismo apesar de ter enunciado que apresentava a forma de Psicologia
postulada por Wundt. Para Tchener, este método de estudo era um processo
rigoroso que tinha o objectivo de "extrair" as mais simples das sensações e
sentimentos da experiência consciente.

O estruturalismo tinha como objecto de estudo a consciência humana. Ao


passo que o seu objectivo era investigar a estrutura da mente. Wundt acreditava
que a psicologia deveria se concentrar em dividir a consciência em seus
elementos básicos, da mesma maneira que uma criança quebra um brinquedo
para revelar suas partes componentes.

Titchener, por sua vez, acreditava que a consciência e a mente eram entes
separados que tinham papéis diferentes na vivência do indivíduo. Um dos grandes
objectivos da psicologia estruturalista seria descobrir os aspectos estruturais da
mente, a maneira pela qual se estruturam os elementos da consciência. Para isso,
tinha como principal método a introspecção, através de uma observação treinada
e preparada para garantir os dois pontos essenciais de toda observação: a
atenção e o registo do fenómeno. Com isso, foi proposto três estágios de
consciência: sensações, imagens e estados afectivos.

Titchener estava interessado na relação entre a experiência consciente e os


processos físicos. O psicólogo britânico acreditava que os processos fisiológicos
fornecem um substrato contínuo que dá continuidade aos processos psicológicos,
que de outra forma não o seriam. Portanto, o sistema nervoso não causa
experiência consciente, mas pode ser usado para explicar algumas características
dos eventos mentais.

A partir do trabalho de Wundt, vários cientistas aprofundaram o


estruturalismo distinguindo-o de outras áreas da psicologia. No entanto, com o
tempo, esta vertente desaparece, restando como vestígios as preocupações com
as análises minuciosas de todos os componentes duma função ou competência.

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1.1.2. FUNCIONALISMO

O funcionalismo surge na virada do século XIX para o século XX nos


Estados Unidos sob intenso processo de urbanização impulsionado pela
industrialização, assim a psicologia funcionalista nasce com o desafio do homem
no novo contexto escolar e fabril. Com influência darwinista, esta escola
psicológica interessava-se pelas questões como adaptação, evolução e variação
das actividades mentais.

O funcionalismo surge como resposta às ideias estruturalistas e considera


que o objectivo da psicologia é o ajustamento do organismo às exigências do
meio que vive. A psicologia deve estudar as funções adaptativas do
comportamento e dos processos mentais e não somente a sua estrutura e
composição. O funcionalismo está relacionado com a adaptação do ser humano
às exigências provenientes do meio que o rodeia. Segunda esta corrente, o
objectivo da psicologia era estudar a consciência continuamente no intuito de
descobrir “o que fazem os homens?” e “porquê?”.

1.1.2.1. Fundador do Funcionalismo


O fundador do funcionalismo foi William James (1842-1910), que considera
que o ser humano usa a mente para se adaptar ao meio. Este psicólogo acreditava
ser possível investigar os estados da consciência. Elege a consciência como o
centro de suas preocupações e busca a compreensão do seu funcionamento, em
especial os processos adaptativos homem-ambiente, na medida em que o homem
“usa” a mente (a consciência) para se adaptar ao meio.

John Dewey (1859-1952) adoptou o ponto de vista de James, e, ao


desenvolver o seu sistema de psicologia, converteu-se no fundador oficial do
Funcionalismo. Propôs que se estudasse o organismo funcionando como um todo
no seu ambiente. A introspecção era ainda aceite, mas a observação era também
proposta como método legítimo.

Como corrente da psicologia, o funcionalismo desapareceu, mas a herança


da psicologia funcionalista é ainda hoje visível na moderna psicologia americana

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pela atenção dada aos processos envolvidos na adaptação ao ambiente, numa
perspectiva evolucionista, tal como acontece na abordagem da aprendizagem na
psicologia comportamentalista e nos estudos da atenção, percepção, inteligência
e testes.

O funcionalismo contribuiu muito para o desenvolvimento da psicologia. Ele


estendeu o assunto da psicologia e a variedade de métodos usados para obter
dados. Enquanto os estruturalistas estabeleceram a psicologia como uma ciência
pura, os funcionalistas expandiram esse foco limitado, concentrando-se também
nas aplicações práticas da psicologia em problemas do mundo real.

1.1.3. ASSOCIACIONISMO

O associacionismo é uma corrente da psicologia que teve início no Reino


Unido a partir do século XIX. No entanto, filósofos empiristas dos séculos XVII e
XVII já haviam estabelecido as bases desta corrente. Filósofos como Locke (1632-
1704) e Hume (1711-1776), além de psicólogos como Skinner (1904-1990) e
Pavlov (1849-1936) são alguns dos maiores expoentes do associacionismo.

O termo associacionismo origina-se através da concepção de que a


aprendizagem se dá por um processo de associação das ideias - das mais simples
às mais complexas. Assim, partia do principio de que para aprender algo complexo,
teria de aprender primeiro as suas raízes ,isto é, as ideias mais simples que lhe
estavam associadas.

Thorndike formulou a lei do efeito, que viria a ser de grande utilidade para a
psicologia comportamentalista. De acordo com esta lei, todos os comportamentos
de um organismo vivo (um homem, um pombo, um rato, etc.) tendem a repetir-se
se nós recompensarmos (efeito) o organismo assim que emitir o comportamento.
Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer se o organismo for
castigado (efeito) após a sua ocorrência. Concluindo, pela lei do efeito, o
organismo irá associar essas situações a outras situações semelhantes.

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1.1.4. PSICANÁLISE

Psicanálise é uma escola de pensamento psicológico fundada por Sigmund


Freud (1856-1939). Tal como os estruturalistas e funcionalistas antes dele, Freud
estava interessado em estudar o comportamento humano, mas ao contrário de
seus antecessores, Freud não estava satisfeito apenas em examinar o
pensamento consciente e começou a estudar também o inconsciente.

Freud comparou a psique humana a um iceberg: apenas uma pequena parte


é visível para os outros; a maioria está abaixo da superfície. Freud também
acreditava que muitos dos factores que influenciam nossos pensamentos e
acções estão fora da consciência e operam inteiramente em nosso inconsciente.
A psicologia, portanto, precisava estudar esses motivos e impulsos inconscientes
para chegar a uma compreensão mais completa do indivíduo.

O objecto de estudo da psicanálise é o inconsciente e os processos


mentais (emoções, sentimentos, impulsos e pensamentos). A psicanálise traz a
ideia do inconsciente como a parte mais significativa dos processos mentais,
influenciando todo o modo de viver dos sujeitos. Para Freud, o inconsciente é
constituído de desejos e pulsões, que reprimidos podem gerar efeitos nocivos à
saúde psíquica do sujeito (neuroses).

Ele desenvolveu a análise como um método de cura dessas neuroses.


Através da fala, em uma relação entre o analisando (sujeito que se submete à
análise) e analista (psicanalista) busca-se a origem dos problemas de ordem
psíquica. Freud afirmava que dar voz ao inconsciente era a forma mais eficaz para
a superação de traumas e a cura das desordens nos processos mentais. Contudo,
a psicanálise não esgota os seus estudos neste método, fazendo uso também dos
seguintes: associação livre; análise dos sonhos; hipnose, observação e o método
interpretativo.

Segundo Freud a mente humana divide-se em 3 elementos:

 Consciente (ego) - raciocínio, operações lógicas;

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 Pré-consciente (superego) - memórias, interiorização de proibições sociais,
produz angústias, ansiedades e castiga o ego quando este aceita impulsos
vindos do id;

 Inconsciente (id) - pulsões, desejos e medos recalcados. Não obedece à


lógica nem à moral.

A mente em Freud é composto por duas partes inconscientes (id e


superego) e uma consciente (o ego).

O id representa o lugar das pulsões. As pulsões são impulsos orgânicos e


desejos inconscientes, que visam ao prazer e a satisfação imediata do indivíduo.
Está relacionado com o prazer sexual, a libido.

O Ego,"eu", é a consciência. Desenvolve-se após o id, realiza uma espécie de


mediação entre as pulsões do id e sua adequação com a realidade. Cabe ao ego
encontrar um equilíbrio entre o ide, a terceira parte da mente e o superego.

O Superego é a outra parte inconsciente relacionada com a censura das


pulsões realizadas pela sociedade através da moral, da educação recebida pelos
pais e os ensinamentos de como se deve agir ou se comportar. Essa estrutura cria
uma representação do"eu ideal",o superego ("super eu") impõe suas repressões ao
id.

1.1.4.1. A Infância na Teoria Freudiana


A pulsão pelo prazer é presente nos indivíduos desde muito cedo, e ao
longo da infância vai-se transformando. Freud constatou três fases da formação
da sexualidade, chamadas de:

 Fase oral: prazer pela boca, leite materno, mamadeira ,chupeta e objetos;

 Fase anal: prazer pelo ânus, fezes, excreções, massas e produtos


gelatinosos, se sujar, etc.;

 Fase fálica ou genital: o prazer se estabelece nos órgãos genitais e zonas


que os estimulam. Nesse período, desenvolve-se o chamado complexo de

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édipo. O sujeito, como na tragédia grega de Édipo, deseja matar o pai e
assumir seu lugar junto à mãe.

Dentro desse processo o id desenvolve desejos incestuosos sobre o pai ou


a mãe, gerando um conflito com a outra figura paterna ou materna. Segundo Freud,
independente da forma como o complexo de édipo é superado, esse período vai
orientar todo o desenvolvimento psíquico do sujeito.

É absolutamente normal e inevitável que a criança faça dos pais o objecto


da primeira escolha amorosa. Porém a libido não permanece fixa nesse primeiro
objecto. Posteriormente o tomará apenas como modelo, passando dele para
pessoas estranhas, na ocasião da escolha definitiva.

Durante o desenvolvimento do superego (aproximadamente dos seis anos


até o início da adolescência), o indivíduo deixa de lado o prazer genital e passa a
se adequar à sociedade. É chamado de período de latência. As repressões do
superego moldam o indivíduo e orientam suas acções. Com a adolescência, o
prazer genital retoma sua relevância, mas submetido às repressões do superego.
A busca pelo equilíbrio dessas forças é o que torna o período da adolescência tão
conflituoso e instável. Após a adolescência, o conflito entre essas forças se
mantém, mas de maneira mais equilibrada.

Ao longo dos anos, a revolução gerada pelo pensamento freudiano


influenciou todas as áreas das ciências humanas. Isso levou os autores a
desenvolver suas ideias, tomando o pensamento de Freud ora como base, ora
como alvo para contestações e melhorias.

Nenhuma outra escola de psicologia recebeu tanta atenção, admiração e


crítica quanto a teoria psicanalítica de Freud. Uma das críticas mais populares
questiona o facto de as teorias de Freud carecerem de suporte empírico, pois seus
conceitos não puderam ser cientificamente comprovados.

Freud também não forneceu informações sobre como as experiências pós-


infância contribuem para o desenvolvimento da personalidade. Além disso,

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concentrou-se principalmente em distúrbios psicológicos, em vez de
comportamentos mais positivos e adaptativos.

Os psicanalistas esclarecem que descobrir a existência do inconsciente não é


esquecer a consciência, a razão, e abandoná-las como algo ilusório e inútil. É pela
consciência, pela razão, que desvendamos e deciframos o inconsciente. Por
outras palavras, a razão não está descartada apesar das forças irracionais
inconscientes. Longe de desvalorizar a razão, a psicanálise exige que o
pensamento racional não "faça concessões às ideias estabelecidas, à moral
vigente, aos preconceitos e às opiniões de nossa sociedade, em que os enfrente
em nome da própria razão e do pensamento.

1.1.5. BEHAVIORISMO

O Behaviorismo ou Comportamentalismo é uma escola de pensamento que


postula o comportamento como objecto da Psicologia e estuda as interacções
entre as acções do indivíduo e o ambiente.

Este termo foi definido pelo psicólogo americano John Watson (1878 –
1958) em 1913, o qual entendia que esta ciência deveria ser puramente objectiva,
mensurável e experimental, baseando-se nas ciências naturais, e que o
comportamento deveria ser estudado a partir de variáveis do meio. As bases desta
corrente de pensamento foram traçadas pelo cientista e renomado fisiologista
russo Ivan Pavlov, em 1904.

Pavlov elaborou uma teoria da aprendizagem ao constatar, através de


experimentos de laboratório com cães, que tudo que aprendemos deve ser
explicado pelo modo como os estímulos ambientais ou internos são dispostos
para produzir respostas, modelo que denominou condicionamento. O autor
entendia o psiquismo humano como um conjunto de associações ou conexões
entre estímulos e respostas.

Os princípios de aprendizagem dessa teoria se basearam nas ideias do


empirismo, o qual sustenta que a fonte de todo conhecimento é a experiência

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sensorial e a observação, levando em conta factos realmente observados para
sustentar as explicações da natureza; e no determinismo, o qual estabelece que
qualquer evento é resultado de um grupo de determinadas condições e variáveis.

Os behavioristas defendiam que quase todos os comportamentos


característicos do ser humano eram aprendidos, sendo este um ser que se
desenvolve em função das condições presentes no meio em que está inserido.
Entendem que manipulando os elementos presentes no ambiente (estímulos ou
respostas a partir dos estímulos) pode-se controlar o comportamento.

Watson acreditava na importância do meio para o desenvolvimento do


indivíduo. Para ele, alguns estímulos originavam determinadas respostas no
organismo, ocasionadas pela adaptação destes ao ambiente através da
hereditariedade e da formação de hábitos. Criou o conceito de comportamento
respondente ou reflexo, o qual inclui as respostas produzidas por estímulos
antecedentes do ambiente, ou seja, interacções estímulo-resposta (ambiente-
sujeito) incondicionadas, sendo que as respostas não dependem de aprendizagem.
O estímulo é entendido pelas variáveis ambientais que interagem com o sujeito e a
resposta defini-se por aquilo que o organismo faz, sua acção sobre o meio. Assim,
o homem começa a ser estudado como produto do processo de aprendizagem e
das associações estabelecidas durante a vida entre estímulos e respostas.

O mais importante teórico do comportamentalismo, sucessor de Watson, é


Skinner (1904 -1990), psicólogo americano que desenvolveu trabalhos em
psicologia experimental. Sua linha de estudos ficou conhecida como Behaviorismo
radical, o qual se sustenta no conceito de comportamento operante, que
corresponde às associações estímulo-reforço às respostas de um sujeito.

Comportamento operante são os movimentos do organismo, não


automáticos, que têm efeito sobre o mundo ao seu redor, que operam sobre ele, e
dizem respeito à interacção sujeito-ambiente. O reforço ou estímulo reforçador é a
consequência, posterior a uma resposta, que altera sua probabilidade de
ocorrência futura. Tese que ficou famosa a partir da Caixa de Skinner, experiência
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com ratos privados de alimento, em laboratório, em que Skinner reforçava ou
extinguia comportamentos, por meio de estímulos reforçadores (alimento),
produzindo aprendizagem nos ratos.

Assim, de acordo com a teoria do condicionamento operante, pode-se


controlar um comportamento através da manipulação dos elementos do ambiente,
dos estímulos, o que pode levar: ao aumento ou diminuição da frequência com que
ele aparece; à sua extinção; ao seu aparecimento em situações que se considera
adequadas.

Para Skinner, a análise de um comportamento deve estar baseada nas


possíveis respostas, mas também no contexto em que ocorre e nos eventos que
seguem às respostas. Assim, o que propicia a aprendizagem dos
comportamentos é a relação entre a acção do organismo sobre o meio e seu
efeito, na medida em que agimos ou operamos sobre o mundo em função das
consequências de nossas acções. Para esse autor, o mundo é algo já construído, e
a realidade é um fenómeno objectivo e o meio, por sua vez, pode ser manipulado.

A teoria comportamentalista teve e ainda tem influência no universo


educacional. O conceito de aprendizagem adoptado por muito tempo em livros e
manuais de Psicologia da Educação baseava-se na definição comportamentalista,
a qual afirma que aprendizagem é mudança de comportamento. Essa teoria serviu
por muito tempo de suporte à escola americana, tendo aos poucos expressões em
outros países, no que tange à ideia de uma educação baseada na emissão de
respostas e no reforço.

1.1.6. GESTALTISMO

O gestaltismo defende a necessidade de se compreender o homem como


um todo. Os seus fundadores defendem que o nosso comportamento depende e
varia de acordo com aquilo que percepcionamos. Então, qualquer fenómeno
psicológico é uma totalidade organizada, não redutível à soma dos elementos que
a compõe, a percepção dos objectos é diferente da percepção do somatório dos

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elementos que a constituem.

A palavra gestalt é de origem germânica, e significa “forma” ou “figura”. A


psicologia de gestalt, ou gestaltismo, desenvolveu-se a partir de 1912 na Europa,
pela necessidade da existência de uma teoria que, não esquecendo o valor e a
necessidade da experimentação científica, salienta sobretudo o aspecto global da
realidade psicológica, postulando a necessidade de se compreender o homem
como uma totalidade.

1.1.6.1. Representantes

O gestaltismo teve como pioneiros os psicólogos Kurt Kofka (1886-1941),


Wolfgang Köhler (1887-1967) e o filósofo Max Wertheimer (1880 - 1943). Estes
autores estudaram os processos perceptivos do sujeito, o comportamento natural
do cérebro no processo de percepção. Defendiam que o conhecimento do mundo
e o nosso comportamento dependem e variam de acordo com aquilo que
percepcionamos.

Ao contrário dos associacionistas que partiam da essência, das ideias mais


simples para alcançar as ideias mais complexas, os gestaltistas partem das
estruturas, das formas defendendo que nós percepcionamos conjuntos
organizados em totalidades.

Em suma, a teoria da gestalt considera a percepção como um todo, e parte


deste todo para explicar as partes, enquanto que os associacionistas partiam das
partes para explicar o todo.

A Lei da prägnanz (pregnância) ou da boa forma, é uma ideia fundamental


na gestalt e pressupõe que há uma tendência de vermos a figura como tendo boa
qualidade sob as condições de estímulos.

Uma boa gestalt é simétrica, simples e estável, e não pode ser mais simples
nem mais organizada. É também chamada lei da simplicidade: os objectos são
percebidos no modo mais simples e ecológico. Quanto mais simples, mais

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facilmente é assimilada.

O objecto de estudo da Gestalt é a percepção, ou seja, é a forma como as


pessoas percebem, organizam e dão sentido às suas experiências.

1.1.6.2. Princípios Básicos da Gestalt


A teoria da Gestalt se baseia em sete leis básicas que governam a
percepção e a estruturação da experiência humana:

 Semelhança: Imagens similares tendem a se agrupar entre si.

 Proximidade: Elementos próximos tendem a se agrupar, formando imagens


únicas.

 Continuidade: Pontos que são conectados por uma forma contínua são
percebidos como uma única linha.

 Pregnância (Simplicidade): Os elementos presentes em um ambiente são


percebidos da forma mais simples possível.

 Fechamento: Elementos que aparentam se completar são interpretados como


um objeto completo.

 Unidade (ou Unificação): Espaços vazios de imagens abstratas são


preenchidos instintivamente para que sejam compreendidos.

Esses princípios básicos ajudam a explicar como as pessoas percebem e


organizam as informações em seu ambiente, e como essas percepções
influenciam sua compreensão do mundo e sua experiência subjetiva.

1.1.7. HUMANISMO

A psicologia humanista ou teoria holística-dinâmica, de Abraham Harold


Maslow (1908-1970) surge nos Estados Unidos da América. Este, que foi aluno de
Max Wertheimer, fez uma abordagem psicológica holística valorizando
sentimentos e anseios.

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O foco é no potencial humano, sobretudo na importância do amor, do
sentimento de pertença, da autoestima, da expressão pessoal, das experiências de
autorealização. Concentrar-se em problemas externos ao ser de uma pessoa
olhando além das fronteiras sociais.

O desenvolvimento humano segundo esta teoria se dá através da realização


hierárquica das necessidades humanas, ou seja, é um processo ascendente. Este
paradigma pode ser muito importante para o diagnóstico de causas de não
desenvolvimento humano, de crises, ansiedades e conflitos pessoais, familiares,
profissionais e sociais.

O humanismo é um movimento histórico-cultural que trouxe uma reflexão


mais voltada para o ser humano. O movimento surgiu no século XV, na Itália, e
substituiu o teocentrismo (Deus como centro de tudo), pelo antropocentrismo
(homem como centro das coisas), trazendo um olhar mais aprofundado para o
homem, com foco nas artes voltadas para as expressões faciais e corporais, e
reflexões sobre a natureza do ser humano. O movimento trouxe inúmeras
revoluções. Além de marcar a transição da Idade Média para a Moderna, o
movimento revolucionou as artes, a literatura e a psicologia. Esse movimento
trouxe um questionamento para linhas psicológicas anteriores.

A psicologia Humanista surge em 1950 como uma “terceira força”. Ela


surge como um questionamento de outras especialidades e da primeira e segunda
força, o behaviorismo (estuda a psicologia através do comportamento do homem),
e a psicanálise (foco no inconsciente do indivíduo e em sua reacção a
acontecimentos passados).

Os humanistas rejeitam esses dois pensamentos, pois seriam limitações.


Os humanistas acreditavam que o behaviorismo e a psicanálise eram pessimistas,
focadas em sentimentos mais trágicos. Também criticavam que essas duas
linhas eram deterministas, ou seja, achavam que os acontecimentos do presente
eram baseados em causas anteriores. Os humanistas acreditam que a essência
do homem é boa, que ele é naturalmente bom e capaz de superar qualquer

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obstáculo.

Foi assim que a psicologia humanista nasceu. Ela levou em conta a escolha
pessoal do indivíduo e a natureza de cada um. Os humanistas têm maior foco no
positivismo, e dão maior ênfase para as qualidades do ser humano.

Os seus principais representantes são:

Abraham Maslow (1908-1970), considerado um dos fundadores da


psicologia humanista, desenvolveu a teoria da pirâmide das necessidades, que
prioriza as necessidades mais elevadas e criativas do ser humano.

Carl Rogers (1902-1987), outro importante fundador da psicologia


humanista, desenvolveu a terapia centrada no paciente, que se concentra na
experiência subjectiva do indivíduo e na aceitação não-julgativa do paciente.

Viktor E. Frankl (1905-1997), undador da logoterapia, desenvolveu uma


abordagem que se concentra na busca do sentido e da significação na vida, em
resposta às experiências traumáticas durante a Segunda Guerra Mundial.

Fritz Perls (1893-1970), fundador da terapia gestalt, Perls desenvolveu uma


abordagem que se concentra na integração dos processos cognitivos, emocionais
e sensoriais, e na responsabilidade individual pela criação da realidade.

O objecto estudo do humanismo é o ser humano como um todo,


considerando suas experiências subjectivas, emoções, pensamentos, valores e
comportamentos.

1.1.7.1. Princípios básicos do humanismo


 O ser humano é mais do que a soma de suas partes tomadas individualmente;

 Ele vive em relações interpessoais;

 Ele é um ser consciente e pode desenvolver sua percepção;

 Ele pode decidir-se;

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 Ele comporta-se de maneira intencional.

Psicólogos humanistas vêem os seres humanos como agentes livres


capazes de controlar suas próprias vidas, tomar suas próprias decisões,
estabelecer metas e trabalhar para alcançá-las. O humanismo mantém uma visão
positiva da natureza humana, enfatizando que os seres humanos são
inerentemente bons.

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CONCLUSÃO

As escolas de pensamento psicológico representam diferentes abordagens


para entender a mente humana e o comportamento. Cada escola de pensamento
contribuiu de forma significativa para a psicologia e continua a influenciar a forma
como entendemos o comportamento humano. Ao estudar as diferentes escolas
de pensamento, podemos obter uma visão mais completa da psicologia e de
como as diferentes abordagens podem ser aplicadas em diferentes contextos.

As escolas de pensamento psicológico são fundamentais para a


compreensão da psicologia como ciência. Desde a sua origem, a psicologia tem
sido influenciada por diversas correntes de pensamento, cada uma com suas
próprias teorias e abordagens.

As escolas de pensamento psicológico são importantes porque cada uma


delas oferece uma visão única sobre a natureza humana e o comportamento,
permitindo que os psicólogos abordem problemas de diferentes maneiras,
influenciam a prática clínica e a forma como os psicólogos trabalham com
pacientes, desenvolvem terapias e intervêm em problemas de saúde mental e, por
fim, contribuem para o avanço da ciência estimulando a pesquisa e o debate,
levando novos conhecimentos e avanços na área.

As principais escolas de pensamento psicológico, como ficou patente ao


longo do trabalho são:

Estruturalismo: Foca na análise da consciência em seus componentes básicos;

 Funcionalismo: Estuda a função da consciência e do comportamento;

 Psicanálise: Enfatiza a influência do inconsciente no comportamento;

 Behaviorismo: Foca no estudo do comportamento observável e na


aprendizagem;

 Humanismo: Enfatiza a importância da experiência subjectiva e da


realização pessoal.
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BIBLIOGRAFIA

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