Entrevista
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BÁSICA
Demonstra capacidade de reflexão sobre problemas relativos à educação básica,
articulando-os com perspectivas teóricas que fundamentam a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). 30
leitura/escuta;
Além disso, para escrever é preciso que haja abertura para imaginação.
Essa capacidade imaginativa não cultivada, a inabilidade com a
articulação da linguagem, a dificuldade em ordenar os pensamentos
constituem ruídos da comunicação que impedem a produção escrita.
oralidade;
Grande parte do alunado do CIEP 480 chega ao 6º ano demonstrando um baixo repertório
cultural, um conhecimento de mundo bastante limitado, o que impede que a primeira
competência seja plenamente desenvolvida no ambiente escolar. Esse problema aponta para a
necessidade de criar estratégias de ampliação desse repertório cultural para que esse aluno
seja capaz de valorizar os conhecimentos historicamente construídos para entender e explicar
a realidade. Não tem como esse aluno valorizar algo que nunca lhe foi apresentado. A
literatura tem esse poder de ampliar o conhecimento de mundo e enriquecer o mundo
simbólico desse aluno.
Após o longo período de isolamento social devido à pandemia, no retorno às aulas, percebo
que a apatia e o desinteresse ganharam mais espaço na vida dos alunos. Não raro ouço os
alunos falarem sobre o tédio que os assola e o sentimento de vazio em suas vidas. Desenvolver
essa competência é ainda mais desafiador no pós-pandemia. A literatura não é uma panaceia
para todos os males, mas acredito que uma boa história atrelada a uma boa metodologia de
ensino pode reanimar os ânimos em sala de aula e reduzir o marasmo existencial que muitos
alunos se encontram.
Nesse ponto, percebo que há uma valorização e fruição das manifestações artísticas e
culturais que são prestigiadas por pessoas que vivem em sua realidade imediata. Porém,
para propiciar a abertura para culturas diferentes é uma tarefa que nem sempre tenho
êxito. Um dos pilares do desenvolvimento humano é abrir-se para a experiência do outro,
saber apreciar o diferente. Sem essa competência desenvolvida, pode-se dizer que o ser
humano não está completo.
8- Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica
e capacidade para lidar com elas.
Aqui temos um problema de linguagem. A capacidade de dar um nome àquilo que se está
sentindo e de explicitar em palavras a realidade vivida é fundamental para saúde física e
emocional. Quando estou diante de um conflito de um personagem tenho a possiblidade de
me identificar com ele e dizer “esse cara aí sou eu”. Quando isso acontece, a literatura
cumpriu um de seus papei que é o de traduzir experiências humanas.
Porque, como professora, todos os dias, experimento perdas, vivencio lutos. Certa vez,
fazendo uma leitura coletiva de um livro intitulado “Tosco”, um aluno interrompeu a leitura e
disse: “Esse aí do livro sou eu”. Alguns meses depois, recebo a notícia de que esse aluno
desapareceu e até hoje não o encontraram. O professor constantemente perde alunos, que
são seres humanos caminhando para a morte prematura. Talvez se esse livro tivesse chegado
na vida desse aluno desaparecido bem antes, se ele tivesse tido a oportunidade de se
identificar tão profundamente com um personagem a ponto de fazer escolhas melhores, esse
fato tão triste não teria acontecido. Qualquer trabalho pedagógico, um projetinho mal
elaborado, não é capaz de ajudar a minha clientela que se encontra em situação de risco. Eu
preciso saber o que estou fazendo, preciso de teoria e fundamentação para orientar minha
prática. Preciso oferecer um serviço educacional em educação literária que tenha o poder de
reconduzir meus alunos às estradas de vida. Quero ser capaz de desenvolver nos alunos a
fruição do texto literário em um projeto de impacto na comunidade escolar.
Sim. Girassois e Borboletas foi um projeto realizado com o professor de artes, em que os
alunos fizeram apresentações musicais, confeccionaram poemas borboletas para uma
instituição de acolhimento de idosos.
Fui responsável pelo projeto Estrelas Verdes em que os alunos organizaram uma festa
temática, com dramatizações de uma peça escrita por eles para crianças de uma casa de
acolhimento.
Já organizei uma exposição em uma feira integrada sobre o Holocausto Brasileiro, com o tema
de saúde mental. Contamos a escola a história do hospital colônia, um verdadeiro genocídio.
Uma turma de 3 ano fez a exposição com várias dramatizações e foi escolhida pelos jurados.
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