NBR 10004 Parte 1
NBR 10004 Parte 1
NBR 10004 Parte 1
APRESENTAÇÃO
Projeto em Consulta Nacional
1) Este Projeto foi elaborado pela Comissão de Estudo Especial de Gestão de Resíduos Sólidos
e Logística Reversa (CEE-246), com número de Texto-base 246:000.000-004/1, nas reuniões de:
2) Aqueles que tiverem conhecimento de qualquer direito de patente devem apresentar esta
informação em seus comentários, com documentação comprobatória.
© ABNT 2024
Todos os direitos reservados. Salvo disposição em contrário, nenhuma parte desta publicação pode ser modificada
ou utilizada de outra forma que altere seu conteúdo. Esta publicação não é um documento normativo e tem
apenas a incumbência de permitir uma consulta prévia ao assunto tratado. Não é autorizado postar na internet
ou intranet sem prévia permissão por escrito. A permissão pode ser solicitada aos meios de comunicação da ABNT.
Prefácio
A ABNT chama a atenção para que, apesar de ter sido solicitada manifestação sobre eventuais direitos
de patentes durante a Consulta Nacional, estes podem ocorrer e devem ser comunicados à ABNT
a qualquer momento (Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996).
Os Documentos Técnicos ABNT, assim como as Normas Internacionais (ISO e IEC), são voluntários
e não incluem requisitos contratuais, legais ou estatutários. Os Documentos Técnicos ABNT não
substituem Leis, Decretos ou Regulamentos, aos quais os usuários devem atender, tendo precedência
sobre qualquer Documento Técnico ABNT.
Ressalta-se que os Documentos Técnicos ABNT podem ser objeto de citação em Regulamentos
Técnicos. Nestes casos, os órgãos responsáveis pelos Regulamentos Técnicos podem determinar
as datas para exigência dos requisitos de quaisquer Documentos Técnicos ABNT.
A ABNT NBR 10004-1 foi elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Gestão de Resíduos
Sólidos e Logística Reversa (CEE-246). O Projeto circulou em Consulta Nacional conforme Edital
nº XX, de XX.XX.XXXX a XX.XX.XXXX.
As ABNT NBR 10004-1, e ABNT NBR 10004-2 cancelam e substituem a ABNT NBR 10004.
A ABNT NBR 10004, sob o título geral “Resíduos sólidos – Classificação”, tem previsão de conter
as seguintes partes:
Scope
This Part of ABNT NBR 10004 bears the requirements for waste classification according to its
hazardousness. Such classification takes into account the following hazard characteristics: flammability,
corrosivity, reactivity, infectivity, toxicity (including the following endpoints: acute toxicity, irritant, specific
target organ toxicity / aspiration hazard, carcinogenicity, reproductive toxicity, mutagenicity, hazardous
to the aquatic environment, hazardous to the ozone layer, and/or the presence of persistant organic
pollutants).
Its basic principles are to maximize the resource recovery and to guarantee the protection of the
Projeto em Consulta Nacional
Introdução
O conjunto de normas ABNT sobre resíduos tem como princípio básico promover a conservação dos
recursos naturais e a proteção da saúde humana e do meio ambiente.
origem e do momento e das circunstâncias em que os resíduos são ou serão considerados perigosos
são aspectos cruciais da cadeia do gerenciamento de resíduos.
A classificação de um resíduo tem como finalidade indicar a(s) característica(s) a ser(em) gerenciada(s)
para evitar risco(s) ao meio ambiente e à saúde pública. O uso das informações da classificação
dos resíduos objetiva, sempre que possível, dar suporte às práticas de valorização dos resíduos.
A adequada classificação do resíduo é uma ação fundamental para a valorização dos resíduos,
visto que discrepâncias podem afetar a aceitação do resíduo, desempenhando papel decisivo
na escolha entre o reaproveitamento (reutilização, reciclagem, recuperação energética) e a necessidade
de eliminação ou disposição final.
Neste cenário, tornou-se relevante a revisão da ABNT NBR 10004:2004, visando o aperfeiçoamento
do processo de classificação e o alinhamento com o estado da arte sobre o tema.
A ABNT NBR 10004, há mais de 35 anos, é o documento orientador sobre a classificação de resíduos,
sendo um instrumento de base para todos os operadores da cadeia de gerenciamento de resíduos
e para as autoridades competentes. Desse longo caminho, a Comissão de Estudo extraiu ensinamentos
e levou em conta os progressos do conhecimento científico, técnico e operacional aplicado à classificação
dos resíduos e ao controle de substâncias químicas, bem como as convenções internacionais das
quais o Brasil é signatário e demais práticas internacionais sobre o tema.
Esta Parte da ABNT NBR 10004 relata os passos do processo de classificação, bem como descreve
os requisitos a serem considerados na emissão do Laudo de Classificação do Resíduo e as orientações
quanto aos procedimentos de amostragem e análise do resíduo, quando necessário para
sua classificação.
A classificação dos resíduos ocorre com base em um amplo conjunto de informações que refletem
o conhecimento mundial sobre os tipos de resíduos e as características de periculosidade das
substâncias químicas. Essas informações compõem o “Sistema geral de classificação de resíduos
da Série ABNT NBR 10004” (SGCR-10004), sendo consolidadas na ABNT NBR 10004-2.
b) o alinhamento das mudanças com os princípios das Normas Brasileiras sobre resíduos
e o estabelecimento de medidas capazes de otimizar o gerenciamento de resíduos, visando
proteger a saúde humana e o meio ambiente, reduzindo os impactos e melhorando a eficácia
da utilização dos recursos naturais, com foco na transição para uma economia circular;
d) um processo de classificação de resíduos que reflita o estado da arte sobre o tema, que utiliza
como base um sólido conjunto de informações adequadamente sistematizado.
Destaca-se que, nessa revisão, foi reforçada a importância do uso das informações disponíveis
do processo ou da atividade de origem do resíduo, seus constituintes e características, obtidos
por meio da identificação das matérias-primas, insumos e reações do processo no qual o resíduo
foi gerado.
b) nos casos de atividades, operações ou processos já em curso, realizados com base nos requisitos
da ABNT NBR 10004:2004, recomenda-se que sejam respeitados os prazos já acordados e,
na ausência de prazo especificado, recomenda-se a utilização do prazo infra mencionado.
Desta maneira, a fim permitir às partes interessadas um prazo para adequação e atendimento aos
requisitos desta nova versão, recomenda-se a adoção de um período de transição com término
em 01/01/2026. Durante este período, os conteúdos da ABNT NBR 10004:2004 e de normas correlatas
podem ser ainda aplicados.
Isto não significa, entretanto, impedimento à adequação e ao atendimento a esta Parte da ABNT NBR 10004
na sua íntegra por quaisquer partes interessadas que se sintam aptas a utilizá-la a qualquer momento
durante este período.
1 Escopo
Projeto em Consulta Nacional
1.1 Esta Parte da ABNT NBR 10004 estabelece os requisitos do processo de classificação
de resíduos quanto à periculosidade de todos os tipos de resíduos, excetuando-se os seguintes:
b) rejeitos radioativos;
c) material, substância, objeto ou bem, quando estes passarem a se enquadrar no “status de não
resíduo” ou quando se tratar de subproduto (ver ABNT NBR 17100-1:2023, Seções 15 e 16).
1.2 Esta Parte da ABNT NBR 10004 é aplicável a todas as etapas da cadeia de gerenciamento
de resíduos, desde a sua geração até a sua destinação ou disposição final.
1.3 Para a aplicação desta Parte da ABNT NBR 10004, utiliza-se o conjunto de informações e dados
que constituem o Sistema geral de classificação de resíduos da Série ABNT NBR 10004 (SGCR-10004)
(ver ABNT NBR 10004-2).
2 Referências normativas
Os documentos a seguir são citados no texto de tal forma que seus conteúdos, totais ou parciais,
constituem requisitos para este Documento. Para referências datadas, aplicam-se somente as edições
citadas. Para referências não datadas, aplicam-se as edições mais recentes do referido documento
(incluindo emendas).
ABNT NBR 10004-2, Resíduos sólidos – Classificação – Parte 2: Sistema geral de classificação
de resíduos
ABNT NBR 16725, Resíduo químico perigoso – Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente –
Ficha com dados de segurança de resíduos (FDSR) e rotulagem
ABNT NBR ISO/IEC 17025, Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio
e calibração
3 Termos e definições
Para os efeitos deste documento, aplicam-se os termos e definições da ABNT NBR 17100-1
e os seguintes.
3.1
agente biológico
todo organismo ou molécula com potencial ação biológica infecciosa sobre o homem, os animais,
as plantas ou o meio ambiente em geral, incluindo vírus, bactérias, archaea, fungos, protozoários,
parasitos, ou entidades acelulares, como príons, RNA ou DNA (RNAi, ácidos nucleicos infecciosos,
aptâmeros, genes e elementos genéticos sintéticos, entre outros) e partículas virais (VPL), bem
Projeto em Consulta Nacional
como todo material que contenha informação genética e seja capaz de autorreproduzir-se ou de ser
reproduzido em um sistema biológico, como os organismos cultiváveis e micro-organismos
3.2
agente tóxico
qualquer substância ou conjunto de substâncias cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea tenha
sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso
3.3
carcinogenicidade
efeito adverso de uma substância que resulta no desenvolvimento de um câncer ou no aumento
da sua frequência em uma população
3.4
desfecho toxicológico
endpoint
resultado ou efeito monitorado por um estudo toxicológico
3.5
ecotoxicidade
efeito adverso de uma substância ou conjunto de substâncias sobre os organismos presentes
em um ou em vários compartimentos do ambiente
3.6
efeito adverso
qualquer alteração bioquímica, genética ou morfológica, deficiência funcional ou lesão patológica
que, isoladamente ou em combinação, afete adversamente um organismo vivo devido à exposição,
interação ou ação de uma ou mais substâncias
3.7
entrada única
enquadramento do resíduo no Passo 1 diretamente como “perigoso” ou “não perigoso”, de acordo
com a lista geral de resíduos (LGR)
3.8
entrada-espelho
enquadramento do resíduo no Passo 1, de acordo com a LGR, que possui as opções “perigoso”
ou “não perigoso”, definida com base em suas características de periculosidade
3.9
explosivo
material ou substância que, quando a detonação é iniciada, provoca decomposição muito rápida
em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão
3.10
heterogeneidade
variabilidade na distribuição ou concentração de uma ou mais substâncias por toda a população
de um resíduo
3.11
irritante
efeito adverso de uma substância que produz lesão reversível na pele ou no tecido ocular, degradação
grave da visão ou alterações nos olhos, mesmo que esses efeitos sejam completamente reversíveis
3.12
laudo de classificação de resíduo
registro de classificação de resíduo
certificado de classificação de resíduo
documento que contém o registro das informações do resíduo, seu enquadramento e características,
indicando a classificação do resíduo em “perigoso”/“não perigoso”, e identificando o responsável pela
sua emissão
NOTA O laudo de classificação de resíduo vem acompanhado de laudo de ensaio/analítico, quando pertinente.
3.13
laudo de análise
laudo analítico
laudo de ensaio
relatório de ensaio
documento que contém os resultados dos ensaios/análises realizados, fundamentado por metodologias
estabelecidas em normas ou regulamentos técnicos, validado e assinado por profissional habilitado
NOTA Os resultados obtidos são utilizados no diagnóstico e na classificação do resíduo como perigoso
ou não perigoso.
3.14
mutagenicidade
efeito adverso que exprime a capacidade de induzir mutações em organismos vivos, resultando
em uma alteração permanente da quantidade ou da estrutura do material genético de uma célula
3.15
patogenicidade
capacidade de um agente biológico de causar doença ou danos em um organismo vivo (hospedeiro)
suscetível
NOTA 1 O organismo vivo hospedeiro pode ser o ser humano, os animais ou as plantas.
3.16
periculosidade
propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas (de um resíduo) que podem provocar um efeito
adverso à saúde pública ou ao meio ambiente
3.17
principais substâncias presentes no resíduo
conjunto de substâncias presentes no resíduo em concentrações que possam resultar em um efeito
adverso
3.18
poluentes orgânicos persistentes
POP
substâncias químicas orgânicas, com propriedades tóxicas, resistentes à decomposição, que
se biocumulam, podendo permanecer no ambiente por muito tempo, listadas como POP pela
Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes
3.19
resíduo heterogêneo
resíduo que apresenta heterogeneidade na sua composição
3.20
resíduo perigoso
resíduo que apresenta potencial de causar um efeito adverso à saúde humana e/ou ao meio ambiente,
uma vez que possui uma ou mais característica(s) de periculosidade
3.21
resíduo não perigoso
resíduo que não apresenta potencial de causar efeito adverso à saúde humana e/ou ao meio ambiente,
uma vez que não possui uma ou mais característica(s) de periculosidade
3.22
responsável técnico
profissional devidamente habilitado, responsável pelo laudo de classificação do resíduo
3.23
resíduo sólido
material, substância, objeto ou bem descartado, resultante de atividades humanas em sociedade,
a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, no estado
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou que exijam,
para isso, soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível
3.24
sensibilizante
efeito adverso causado por contato imediato, prolongado ou repetido com a pele ou com as mucosas,
provocando uma reação alérgica ou inflamatória na pele ou no aparelho respiratório
3.25
solução aquosa
solução que tem água como único solvente, em fase única, ou seja, sem a presença de outra fase
líquida ou fase sólida decantada ou sobrenadante
3.26
teratogenicidade
capacidade de um agente químico, físico ou biológico de induzir desenvolvimento anormal, gestacionalmente
ou na fase pós-natal, expressada pela letalidade, malformações, retardo do desenvolvimento
ou alteração funcional
3.27
toxicidade
propriedade potencial de um agente tóxico de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso
em consequência de sua interação com o organismo
3.28
toxicidade aguda
capacidade de uma ou mais substâncias de causar dano biológico grave ou morte a um organismo
vivo, após uma única exposição ou dose, em curto período de tempo
3.29
toxicidade crônica
capacidade de uma ou mais substâncias de causar dano biológico não letal a organismos vivos
(como alterações no crescimento, reprodução ou outros danos morfológicos ou fisiológicos), após
exposição ou dose por longo período de tempo
3.30
toxicidade para órgãos-alvo específicos (specific target organ toxicity)
STOT
efeito adverso em órgãos-alvo específicos a partir de uma exposição única ou repetida, ou por aspiração
3.31
toxicidade para a reprodução
efeito adverso causado na função sexual e na fertilidade, bem como no desenvolvimento
dos descendentes, nos organismos expostos
3.32
toxicidade por aspiração
efeito adverso agudo de uma substância, causado por aspiração
4 Requisitos gerais
4.1 A classificação de resíduos quanto à periculosidade envolve a identificação do processo
ou da atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características, bem como a comparação
destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente
seja conhecido.
Projeto em Consulta Nacional
4.3 Para os efeitos desta Parte da ABNT NBR 10004, os resíduos devem ser classificados como:
a) inflamabilidade;
b) corrosividade;
c) reatividade;
d) patogenicidade;
4.5 Enquanto não houver informações suficientes para cumprir com os requisitos do processo
de classificação do resíduo, deve-se adotar o princípio da precaução e classificar o resíduo
preliminarmente como “perigoso”. Após serem obtidas as informações necessárias, deve-se proceder
com a reclassificação do resíduo conforme a Seção 5.
4.6 O gerador deve classificar o(s) resíduo(s) a que deu origem conforme a Seção 5, de modo
a informar corretamente a todos os envolvidos no gerenciamento de resíduos, desde a sua geração
até a destinação final, quanto aos perigos associados a cada resíduo.
4.7 O processo de classificação de resíduos deve ser aplicado a cada fluxo de resíduo gerado.
Quando há a geração de mais de um tipo de resíduo, devem ser adotadas práticas de gerenciamento
de resíduos, de forma a assegurar que cada tipo de resíduo seja classificado individualmente.
4.8 A segregação dos resíduos na fonte geradora e a identificação da sua origem são atividades
essenciais a serem realizadas pelo gerador para o adequado processo de classificação dos resíduos.
4.9 Os operadores de resíduos devem assegurar que quaisquer itens ou lotes de resíduos
classificados como “perigosos”:
a) não sejam erroneamente classificados como “não perigosos” por estarem misturados ou diluídos
com outros resíduos;
b) sejam identificados a tempo de evitar que sejam misturados com outros resíduos não perigosos.
4.10 Cada fluxo individual de resíduo deve ser adequadamente identificado pelo gerador/operador,
de forma que os recipientes ou lotes do resíduo possam ser fisicamente verificados e vinculados
ao respectivo laudo de classificação do resíduo (ver Seção 7).
4.11 O processo de classificação de resíduos deve ser realizado mediante a utilização de amostra(s)
representativa(s), conforme descrito na Seção 8.
Projeto em Consulta Nacional
5 Processo de classificação
5.1 Etapas da classificação
5.1.1 O processo de classificação dos resíduos envolve as seguintes etapas:
5.1.4 Na avaliação do Passo 2, um resíduo que contenha POP nas concentrações especificadas
na ABNT NBR 10004-2, Anexo C, deve ser classificado como “perigoso” (ver 5.3).
5.1.5 Na avaliação do Passo 3, um resíduo que apresente a propriedade de ser inflamável, reativo,
corrosivo ou infectante/patogênico deve ser classificado como “perigoso” (ver 5.4).
5.1.6 Na avaliação do Passo 4, um resíduo que apresente substância que o caracterize como tóxico
deve ser classificado como “perigoso” (ver 5.5).
5.1.7 Resíduos não classificados como “perigosos” nas avaliações dos Passos 2 a 4 devem ser
classificados como “não perigosos”.
5.1.8 Resíduos com informações insuficientes devem ser classificados preliminarmente como
“perigosos”, até que se obtenham as informações necessárias para se proceder à reclassificação
(ver 4.5).
5.1.9 Convém que sejam verificadas todas as características que podem conferir periculosidade
ao resíduo (ver 4.4), utilizando-se o macroprocesso descrito na Figura 1. Os Passos 2, 3 e 4
de verificação das características do resíduo são independentes entre si. Assim sendo, o responsável
pode optar por realizar a classificação do resíduo em “perigoso”/“não perigoso” com base
no conhecimento sobre a origem e composição do resíduo, utilizando de forma independente
os Passos 2, 3 ou 4.
5.1.10 Para resíduos cuja destinação preveja sua aplicação direta no ambiente ou a disposição
em aterros, devem-se considerar os requisitos estabelecidos nas normas específicas sobre o tema.
5.1.11 O Anexo A detalha os Passos, as informações utilizadas e as decisões que devem ser tomadas
ao longo do processo de classificação do resíduo quanto à sua periculosidade.
Passo 1
Origem do Entrada Sim
Lista geral de resíduos
resíduo [a] única?
(ver ABNT NBR 10004-2, Anexo A)
Composição
química [a]
Não
Não
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Perigoso
perigoso
Realizar Passos 2, 3 e 4
Passo 2 Passo 3
Valores-limites dos POP
(ver ABNT NBR 10004-2, Anexo C)
Sim
Inflamável?
Possui
Não
potencial de ter
Não
POP ou há suspeita de
contaminação Sim
Reativo?
com POP?
Não
Sim
Sim
Corrosivo?
Não
> limites?
Sim
Sim Patogênico?
Perigoso
Não
Passo 4 Lista de substâncias conhecidamente
tóxicas (LSCT)
(ver ABNT NBR 10004-2, B.1)
Substância(s) Sim
Conc. máx. das LSCT conc ≥
substâncias no resíduo [a] limite?
Não
Fontes de informações de referência
para substâncias não listadas
Possui (ver ABNT NBR 10004-2, B.3)
substâncias não Sim Estabelecer critérios de
listadas na toxicidade aplicáveis às
LSCT? substâncias não listadas [a] Metodologias computacionais de
referência
(ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D)
Não
Subst. conc. ≥
Não Não Sim
limites das regras
perigoso de toxicidade?
5.2.1 Todo resíduo deve ser enquadrado em um dos resíduos listados na LGR.
5.2.2 A Figura 2 apresenta as etapas previstas no Passo 1 para enquadramento dos resíduos
na LGR.
Projeto em Consulta Nacional
Fonte geradora
(origem do resíduo)
Tipo de resíduo e
suas características
Etapa 1.1
Projeto em Consulta Nacional
Consultar os capítulos
01 a 12 (setores industriais) e
17 a 20 (resíduos específicos)
Seleção do capítulo
A fonte geradora se enquadra num setor ou
Não atividade dos capítulos 1 a 12 ou 17 a 20?
Sim
Seleção do subcapítulo
A fonte geradora se enquadra em uma
Não atividade listada dentro do capítulo?
Sim
Seleção do resíduo
Dentro do subcapítulo selecionado há um
Sim
resíduo? (não usar 98 00 ou 99 00)
Etapa 1.2
Consultar os capítulos 13 a 15
(tipos de resíduos)
resíduo [a]
Seleção do capítulo
O tipo de resíduo se enquadra em um
Finalizar o Passo 1
Não grupo de resíduos dos capítulos13 a 15?
Sim
Seleção do subcapítulo
O tipo de resíduo se enquadra num
Não subgrupo listado dentro do capítulo?
Sim
Seleção do resíduo
Sim
a No caso de reclassificação de resíduo com entrada única com classificação oposta à indicada na LGR
(5.2.6), proceder conforme 5.2.7.
5.2.3 Deve-se atribuir ao resíduo um código de oito dígitos, constante na (LGR), executando-se
as etapas 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4 nesta ordem e conforme a necessidade.
NOTA A necessidade de execução das etapas 1.2, 1.3 e 1.4 depende do enquadramento ou não do resíduo
na etapa predecessora.
a) entrada única de resíduo não perigoso: classificação do resíduo diretamente como “não perigoso”,
sem a necessidade de avaliação de acordo com 5.3 a 5.5;
b) entrada única de resíduo perigoso: classificação do resíduo diretamente como “perigoso”, sem
a necessidade de avaliação de acordo com 5.3 a 5.5;
c) entrada-espelho: situação em que um resíduo pode, de acordo com a LGR, ser enquadrado
como “perigoso” ou “não perigoso”, dependendo das características do caso específico
e de sua composição.
5.2.5 Convém que resíduos enquadrados na LGR em uma entrada única como “perigoso” tenham
sua(s) característica(s) de perigo devidamente identificada(s), a(s) qual(is) deve(m) constar na ficha
com dados de segurança de resíduos químicos (FDSR) do resíduo, conforme ABNT NBR 16725.
5.2.6 O responsável pode executar o processo de classificação dos resíduos previsto nos
Passos 2 a 4 para comprovar que um resíduo listado com “entrada única” possui a classificação
inversa da indicada na LGR.
5.2.7 O laudo de classificação de resíduo elaborado de acordo com 5.2.6 deve apresentar o código
de enquadramento, substituindo o último par de dígitos (subtipo) por “97”, acrescido da mensagem
“entrada única reclassificada”.
5.2.8 O laudo de classificação de resíduo reclassificado nos termos descritos em 5.2.6 e 5.2.7
deve conter toda a documentação comprobatória que resulte na contradita e reclassificação do resíduo
de entrada única.
5.2.9 O processo de classificação de um resíduo enquadrado na LGR em uma entrada espelho deve
seguir para os Passos 2, 3 e 4, conforme 5.3 a 5.5.
5.3.1 O Passo 2, que abrange a verificação da presença de POP nos resíduos, deve ser conduzido
nos seguintes casos:
b) se o responsável técnico pela classificação do resíduo ou o gerador souberem que o resíduo contém
(ou é provável que contenha) POP acima dos valores-limites indicados na ABNT NBR 10004-2,
Anexo C;
c) suspeita de contaminação do resíduo com POP que possa resultar em concentrações acima dos
valores-limites indicados na ABNT NBR 10004-2, Anexo C.
5.3.2 As concentrações de POP devem ser avaliadas individualmente em relação aos valores-limites
estabelecidos na ABNT NBR 10004-2, Anexo C (também chamados de “limites de baixo teor de POP”).
5.3.3 Os resíduos constituídos por POP, que contenham POP ou que estejam por eles contaminados
em concentrações acima dos valores-limites estabelecidos na ABNT NBR 10004-2, Anexo C, devem
ser classificados como “perigosos”.
5.3.4 Os resíduos com concentrações de POP abaixo dos limites de baixo teor de POP indicado
na ABNT NBR 10004-2, Anexo C, porém em concentrações detectáveis maiores ou iguais a 1/10 dos
limites citados, ainda que não classificados como “perigosos” por POP, devem conter a seguinte frase
Projeto em Consulta Nacional
no laudo de classificação: “resíduo contendo POP em concentrações inferiores às do limite de baixo teor”.
5.3.5 Os resíduos com concentrações de POP detectáveis, porém menores que 1/10 dos limites
de baixo teor de POP conforme a ABNT NBR 10004-2, Anexo C, não requerem qualquer tipo
de identificação específica sobre a presença de POP.
5.3.6 Convém que, para os resíduos indicados como perigosos no Passo 2, sejam verificadas todas
as demais propriedades que possam indicar sua periculosidade.
a) inflamabilidade;
b) reatividade;
c) corrosividade;
d) patogenicidade.
5.4.2 Um resíduo deve ser classificado como “inflamável” quando apresentar qualquer uma das
seguintes propriedades:
a) for líquido e tiver ponto de fulgor inferior a 60 °C (ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D);
b) for pastoso ou sólido e, sob condições normais de temperatura e pressão, for capaz de causar
incêndio por fricção, absorção de umidade ou mudanças químicas espontâneas, bem como,
quando inflamado, queimar vigorosamente e persistentemente (ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D);
c) for um gás comprimido classificado como “inflamável” pela regulamentação nacional ou internacional
sobre transporte de produtos perigosos;
d) for um resíduo pirofórico inflamável líquido ou sólido que, mesmo em pequenas quantidades, possa
inflamar-se em um período de 5 min após entrar em contato com o ar (ver ABNT NBR 10004-2,
Anexo D).
5.4.3 Um resíduo deve ser classificado como “reativo” quando apresentar qualquer uma das
seguintes propriedades:
a) em contato com água ou ácido, resultar na formação de HCN a uma razão igual ou superior a 1 L/kg
de resíduo (litro de gás por quilograma de resíduo) (ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D);
b) em contato com água ou ácido, resultar na formação de H2S a uma razão igual ou superior a 1 L/kg
de resíduo (litro de gás por quilograma de resíduo) (ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D);
NOTA Em relação ao descrito em a) e b), o volume de gás é calculado aplicando a Lei dos Gases Ideais
(PV = nRT).
c) for constituído por explosivos ou tiver constituintes explosivos ou se puderem ser constatadas
propriedades explosivas (ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D);
d) for possível ocorrer detonação ou reação explosiva, se for submetido a uma forte fonte iniciadora
ou se for aquecido em confinamento;
Projeto em Consulta Nacional
e) for facilmente possível ocorrer detonação ou decomposição explosiva, ou reação nas condições
normais de temperatura e pressão;
g) reagir violentamente com água ou formar misturas potencialmente explosivas com água
(ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D);
i) for capaz de causar ou contribuir para a combustão de outros materiais, geralmente por
fornecimento de oxigênio (ver ABNT NBR 10004-2, Anexo D).
5.4.4 As propriedades citadas em 5.4.2 e 5.4.3 para as quais não há indicação de metodologias
analíticas de referência devem ser avaliadas pelo Responsável Técnico com base no conhecimento
da composição do resíduo e na experiência do gerador e demais operadores envolvidos
no gerenciamento do resíduo.
5.4.5 Um resíduo sólido deve ser classificado como “corrosivo” quando apresentar pH menor
ou igual a 2, ou maior ou igual a 12,5. No caso de resíduo líquido, a verificação do pH deve ser feita
na amostra in natura; nos demais resíduos (não líquidos), a verificação do pH deve ser feita
em solução aquosa preparada na proporção de 1:1 em massa (ver metodologia analítica de referência
na ABNT NBR 10004-2, Anexo D).
5.4.6 Um resíduo sólido deve ser classificado como “patogênico/infectante” quando apresentar
agentes biológicos que possam causar doenças ou danos que afetem o ser humano, os animais
ou as plantas.
NOTA Esta Parte da ABNT NBR 10004 não indica ou propõe métodos de ensaios para a verificação
da patogenicidade dos resíduos.
5.4.7 Os lodos e resíduos das etapas de gradeamento e desarenamento gerados nas estações
de tratamento de esgotos sanitários e os resíduos sólidos urbanos e equiparados, excetuando-se
os originados na assistência à saúde da pessoa ou animal, não são classificados de acordo com
o critério de patogenicidade.
5.4.8 Convém que, para os resíduos indicados como perigosos no Passo 3, sejam verificadas todas
as demais propriedades que possam indicar sua periculosidade.
5.5.1 Um resíduo deve ser classificado como “tóxico” quando apresentar potencial de provocar
um efeito adverso em consequência de sua interação com um sistema biológico.
NOTA Além de toxicidade para a saúde humana, a classificação inclui também o potencial de o resíduo
ser ecotóxico.
5.5.2 A toxicidade de um resíduo deve ser avaliada com base nas substâncias presentes nele,
aplicando-se os limites de referência e as regras estabelecidas conforme a ABNT NBR 10004-2,
Anexo B.
5.5.3 A Figura 3 apresenta as etapas previstas no Passo 4 para avaliação dos resíduos quanto
à sua toxicidade.
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Etapa 4.1
Consultar a lista de
substâncias conhecidamente
tóxicas (LSCT) [a]
Uso da LSCT
Não Existem substâncias presentes no resíduo
Fonte geradora listadas na LSCT?
(origem do resíduo)
Sim
Composição Toxicidade pela LSCT
Concluir o Passo 4
“perigoso”
Não
Substâncias não LSCT
Existem outras substâncias, não listadas Não
na LSCT, que podem ser tóxicas?
Sim
Etapa 4.2
Realizar busca sistematizada
de informações de referência [a]
Informações de toxicidade
Categorizados todos os desfechos
Não toxicológicos previstos nas regras de
avaliação da toxicidade?
Etapa 4.3 Sim
Aplicar métodos
computacionais – in silico [a]
Resíduo classificado como
Preenchimento de lacunas
“não perigoso”
Ferramentas de análise
Concluir o Passo 4
Etapa 4.4
Regras para avaliação da Aplicar as regras para
toxicidade avaliação da toxicidade
(ver ABNT NBR 10004-2, B.2)
Avaliação da toxicidade
Não
Aplicando as regras das categorias de
perigo à(s) substância(s), obtém-se
Sim
indicação de toxicidade?
a No caso de informações insuficientes sobre o resíduo, proceder conforme 4.5.
5.5.4 O responsável pela classificação do resíduo deve executar as etapas 4.1 a 4.4 nesta ordem
e conforme a necessidade.
5.5.5 Na etapa 4.1, as concentrações das substâncias encontradas no resíduo e presentes na lista
de substâncias conhecidamente tóxicas (LSCT) devem ser comparadas com os valores de referência
estabelecidos conforme a ABNT NBR 10004-2, B.1.
5.5.6 Na etapa 4.2, deve-se realizar a busca sistematizada de informações quanto ao conjunto
de desfechos toxicológicos (endpoints) aplicável às substâncias não listados na LSCT
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5.5.7 Na etapa 4.3, a complementação de informações não disponíveis (lacunas) sobre desfechos
toxicológicos (endpoints) de substâncias não listados na LSCT deve utilizar métodos computacionais (in silico)
internacionalmente reconhecidos de comparação por interpolação e agrupamento de substâncias
por analogia com substâncias estruturalmente semelhantes, conforme a ABNT NBR 10004-2, Anexo D.
5.5.9 A avaliação da toxicidade do resíduo deve resultar em uma das seguintes classificações:
c) classificação do resíduo como “não perigoso” pelo fato de as análises realizadas conforme
descrito em a) e b) não terem resultado na indicação de toxicidade por algum dos desfechos
toxicológicos (endpoints) aplicáveis.
6 Misturas de resíduos
6.1 Sempre que o processo de geração permitir, o gerador deve assegurar que quaisquer frações
ou lotes de resíduos:
a) sejam identificados e segregados a tempo de evitar que sejam misturados resíduos perigosos
com resíduos não perigosos;
b) não sejam erroneamente classificados como não perigosos por estarem misturados ou diluídos
com outros resíduos (ver 6.4).
NOTA Este requisito não se aplica aos resíduos sólidos urbanos (RSU) e equiparados.
6.2 A LGR apresenta um pequeno número de entradas para misturas de resíduos. Estes códigos
destinam-se aos resíduos que são gerados como uma mistura de resíduos única, não podendo ser
empregados para enquadrar resíduos produzidos separadamente e posteriormente misturados com
outros resíduos.
6.3 É comum que um resíduo seja formado por uma mistura de duas ou mais substâncias. Nesses
casos, devem ser utilizadas as classificações das substâncias individuais que estão presentes
no resíduo, em vez da classificação química global da mistura. A FDSR de um resíduo que é uma
mistura deve considerar as classificações de perigo para cada uma das substâncias perigosas
da mistura.
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6.4 Nas operações de preparo de resíduos que envolvem a mistura de dois ou mais resíduos,
a massa de resíduos obtida a partir da mistura de resíduos perigosos com resíduos não perigosos
deve ser considerada um “resíduo perigoso”. A operação de mistura não pode ser utilizada para
a reclassificação da mistura de resíduos “perigosos” para “não perigosos”.
7.1.2 O laudo de classificação do resíduo deve ser elaborado de acordo com as regras de classificação
estabelecidas nesta Parte da ABNT NBR 10004 e fornecido a todos os envolvidos no gerenciamento
do resíduo.
7.1.3 O laudo de classificação do resíduo deve ser providenciado pelo gerador do resíduo, que
pode designar um laboratório ou empresa especializada pela sua elaboração, com base em análises
realizadas em amostra(s) do resíduo ou informações sobre ele.
7.1.5 Preferencialmente, o laudo de classificação do resíduo deve ser individual para cada resíduo.
No caso de laudo para múltiplos resíduos, a classificação do resíduo e as demais informações
indicadas em 7.2 devem ser claramente discriminadas individualmente para cada resíduo.
7.1.6 A relação das principais substâncias presentes no resíduo deve ser suficientemente abrangente,
de forma a incluir todas as substâncias perigosas que possam estar presentes no resíduo.
7.1.7 Em caso de substâncias que possam ou não estar presentes no resíduo, dependendo de variações
no processo de origem, o laudo deve inseri-las com a mensagem “pode conter as seguintes substâncias,
nas concentrações máximas indicadas”. Nesse caso, assim como para as demais substâncias,
deve-se considerar, para a classificação do resíduo, a concentração máxima que pode ser encontrada
no resíduo.
a) sobre o gerador:
1) CNPJ ou CPF;
2) endereço da unidade;
1) data da amostragem;
c) sobre o resíduo:
2) processo de origem;
6) relação das principais substâncias presentes no resíduo (composição química) que possam
indicar periculosidade e respectivas concentrações máximas esperadas no resíduo;
d) gerais:
7.2.2 A identificação do resíduo deve ser clara o suficiente para eliminar o risco de ocorrer confusão
ou troca entre correntes distintas de resíduos do mesmo processo e gerador.
7.2.4 O laudo de classificação do resíduo pode conter outras informações, como as citadas em 5.2.6
e 5.3.4, bem como outras informações que o responsável pela classificação do resíduo considere
relevantes para a classificação do resíduo e o seu correto gerenciamento.
7.3.1 A responsabilidade pela correta classificação do resíduo e pela emissão do respectivo laudo
de classificação do resíduo é do gerador do resíduo.
NOTA Essa responsabilidade inclui o conjunto de informações técnicas e a relação das substâncias
presentes no resíduo.
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7.3.2 O laudo de classificação do resíduo deve ser elaborado por profissional devidamente habilitado,
e, quando pertinente, deve ser acompanhado da ART.
7.4 Validade
7.4.1 A validade do laudo de classificação do resíduo deve ser indicada pelo responsável técnico
pela classificação do resíduo.
7.4.2 A data de validade deve ter início a partir da data de emissão do laudo.
7.4.3 Sempre que houver alguma mudança ou alteração no processo de origem que possa ter
influência nas caraterísticas do resíduo e em suas propriedades de periculosidade, deve ser avaliada
a necessidade de ser gerado um novo laudo de classificação do resíduo.
8 Amostragem do resíduo
8.1 Em muitos casos, estão disponíveis informações suficientes sobre o resíduo para realizar
a sua classificação sem a necessidade de amostragem e análise laboratorial. Se a amostragem
e a análise forem necessárias, elas devem ser realizadas de forma a fornecer resultados e informações
representativos das características do resíduo.
8.3 A amostragem de resíduos deve ser precedida do cumprimento dos requisitos de preparação
para amostragem conforme a ABNT NBR 10007. O plano de amostragem deve ser elaborado
de maneira a assegurar a obtenção dos resultados representativos das características do resíduo.
8.4 Resíduos que apresentarem heterogeneidade na sua composição podem requerer um plano
de amostragem que divida o resíduo em subpopulações a serem amostradas, a fim de se conhecer
o grau de heterogeneidade da(s) substância(s) de interesse no resíduo.
9 Análise do resíduo
9.1 Metodologias analíticas de referência
9.1.1 As metodologias analíticas de referência encontram-se no SGCR-10004 (ver ABNT NBR 10004-2,
Anexo D).
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9.1.2 As análises com resíduos, se necessárias, devem ser realizadas em laboratório com escopo
devidamente acreditado, conforme a ABNT NBR ISO/IEC 17025, para os ensaios demandados.
9.1.3 Esta Parte da ABNT NBR 10004 considera que experimentos com animais não são eticamente
válidos, se houver métodos alternativos fidedignos para o conhecimento que se procura. Portanto,
sempre que possível deve-se evitar a utilização de métodos de ensaio que utilizem animais in vivo
para identificação das características de perigo. Caso seja necessário utilizar animais, devem ser
obedecidos o os padrões bioéticos previstos na legislação brasileira e nas convenções internacionais.
9.2.2 Caso a amostra representativa do resíduo, obtida conforme a ABNT NBR 10007, apresente
duas ou mais fases perceptíveis a olho nu, deve-se realizar a análise em cada fase separadamente.
Neste caso, deve-se considerar o resultado mais restritivo para classificar o resíduo.
9.3.2 Se for possível dispor de alguns dados sobre os elementos, mas não sobre as substâncias
presentes no resíduo, o responsável pela classificação do resíduo deve determinar quais substâncias
estão presentes, por meio de uma análise mais específica ou aplicando o conhecimento do processo
ou atividade que deu origem ao resíduo.
9.3.3 Se não houver informação exata sobre a(s) substância(s) presente(s), deve-se usar
a abordagem do “pior cenário admissível”, que significa considerar os íons como presentes na forma
da(s) pior(es) substância(s) que provavelmente deve(m) existir no resíduo. Essa(s) substância(s)
deve(m) ser selecionada(s) preferencialmente a partir da LSCT.
9.4.1 Em alguns casos, pode-se optar pela utilização de análise de varredura no resíduo, a fim
de identificar as substâncias a partir de um grupo [por exemplo, hidrocarbonetos poliaromáticos
(PAH); hidrocarbonetos derivados de petróleo; organo-halogenados; pesticidas]. Se for utilizada essa
metodologia analítica, deve-se aplicar a abordagem do “pior cenário admissível”, aplicando também
os limites mais restritivos referentes à substância de pior cenário.
Anexo A
(informativo)
No Passo 2 (ver 5.3), os resíduos que possuem potencial de apresentar POP acima dos valores-limites
estabelecidos na ABNT NBR 10004-2, Anexo C, seja por sua origem ou por eventual contaminação
com POP, devem ser avaliados quanto ao nível de concentração do POP a ser verificado. Concentrações
de POP acima do limite indicam que o resíduo é perigoso.
No Passo 3 (ver 5.4), devem ser coletadas as informações quanto às características físico-químicas
e infectocontagiosas do resíduo. Caso o resíduo seja inflamável, reativo, corrosivo ou patogênico,
deve ser classificado como “resíduo perigoso”.
No Passo 4 (ver 5.5), o resíduo deve ser avaliado quanto à sua toxicidade, com base nas
concentrações das substâncias presentes no resíduo e nos perigos associados a essas substâncias.
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Anexo B
(normativo)
Tipo (descrição)
do resíduo
a) primeiro par: denominado de “capítulo” ou “grupo”, corresponde à indicação da fonte geradora dos
resíduos, reunindo os setores produtivos (capítulos 1 a 12) e as atividades geradoras específicas
(capítulos 17 a 20), complementado pelos capítulos dedicados aos tipos de resíduos de fontes
não específicas (capítulos 13 a 15) e pelo grupo 16, que abrange os resíduos não especificados
nos capítulos anteriores;
c) terceiro e quarto pares: descrevem os tipos de resíduo, de forma a permitir a diferenciação dos
resíduos e a identificação específica na atividade produtiva ou fonte geradora.
a) deve ser identificado, pelo primeiro par de números (capítulo), o setor a que se refere o processo
produtivo de origem do resíduo (grupos 1 a 12) ou ainda a atividade geradora de resíduo específico
(grupos 17 a 20);
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b) deve ser identificada a atividade de origem do resíduo, sendo selecionado o subcapítulo (segundo
par de números);
c) deve ser identificado o tipo de resíduo que se assemelha ao resíduo em questão, com base nas
informações de origem e nas características do resíduo. Caso necessário, devem ser utilizadas
as informações de apoio constantes na LGR. Nesta fase não podem ser utilizadas as entradas
gerais XX XX 98 00 e XX XX 99 00;
d) caso não seja identificado um código apropriado para enquadramento do resíduo nos grupos
citados em a) (capítulos 1 a 12 e 17 a 20), procurar nos capítulos 13, 14 e 15. Esses capítulos se
referem aos tipos de resíduos e não aos processos de origem e fonte geradora do resíduo;
e) o processo de enquadramento nos capítulos 13, 14 e 15 deve seguir a mesma lógica, ou seja,
iniciar com a seleção do capítulo, depois subcapítulo e finalmente o tipo de resíduo, que deve se
assemelhar com a descrição;
f) caso também não seja identificado um código apropriado para enquadramento do resíduo nas
etapas anteriores, procurar no capítulo 16, que engloba os resíduos não listados nos demais
grupos, novamente seguindo o processo a partir do capítulo até chegar ao código completo,
selecionando o resíduo;
g) se também não for identificado um código apropriado para enquadramento do resíduo no capítulo
16, utilizar a indicação de capítulo e subcapítulo mais apropriada, e empregar uma das entradas
gerais representadas pelos códigos XX XX 98 00 e XX XX 99 00.
B.2.1.1 Quando for comprovado que um resíduo listado com “entrada única” possui a classificação
inversa da indicada na LGR, o código de enquadramento apropriado deve substituir o último par
de dígitos (subtipo) por “97”.
Bibliografia
[1] Ministério da Saúde. Classificação de Risco dos Agentes Biológicos. 3ª Edição. 2017.
Projeto em Consulta Nacional
[3] Ministério do Trabalho e Emprego – Portaria MTP nº 424, de 07/10/2021, Norma Regulamentadora
- NR-19 - Explosivos
[10] ABNT NBR 14725:2023, Produtos químicos – Informações sobre segurança, saúde e meio
ambiente – Aspectos gerais do Sistema Globalmente Harmonizado (GHS), classificação, FDS
e rotulagem de produtos químicos
[11] ABNT NBR 10005:2004, Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos
[12] ABNT NBR 10006:2004, Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos