Arquitetura Renascentista HAUI
Arquitetura Renascentista HAUI
Arquitetura Renascentista HAUI
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
HISTÓRIA DE ARQUITETURA E URBANISMO I
JOÃO PESSOA - PB
2023
LUANA CAMPOS MORAES
MICHAEL JONATHAN SILVA DE VASCONCELOS
PRYSCILA VITORIA DE SOUZA GUIMARAES
VINYCIUS TEIXEIRA DE FREITAS
JOÃO PESSOA - PB
2023
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 5
2. OBJETO E OBJETIVOS..................................................................................................... 5
3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................................. 5
4. METODOLOGIA................................................................................................................. 6
5. CONTEXTO HISTÓRICO..................................................................................................6
6. CARACTERÍSTICAS GERAIS..........................................................................................8
6.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS E DECORATIVOS................................................. 9
7. MARCOS INICIAIS........................................................................................................... 11
7.1 AS PORTAS DO BATISTÉRIO DE SAN GIOVANNI, FLORENÇA, ITÁLIA........ 11
7.2 CÚPULA DA CATEDRAL DE SANTA MARIA DEL FIORE, FLORENÇA,
ITÁLIA............................................................................................................................... 12
8. PERÍODOS..........................................................................................................................14
8.1 TRECENTO..................................................................................................................14
8.2 QUATTROCENTO.......................................................................................................14
8.2.1 Filippo Brunelleschi............................................................................................. 14
8.2.1.1 Igreja de Santo Spírito, Florença, Itália...................................................... 15
8.2.1.2 Igreja de San Lourenzo, Florença, Itália..................................................... 17
8.2.1.3 Capela Pazzi, Santa Croce, Itália................................................................ 18
8.2.1.4 Hospital dos Inocentes, Florença, Itália...................................................... 20
8.2.2 Michelozzo Michelozzi........................................................................................23
8.2.3 Benedeto Di Maiano............................................................................................ 23
8.2.3.1 Palácio Strozzi, Florença, Itália.................................................................. 23
8.2.4 Leon Battista Alberti............................................................................................ 24
8.2.4.1 Palácio Rucellai, Florença, Itália................................................................ 25
8.2.4.2 Templo Malatestiano, Rimini, Itália............................................................27
8.3 CINQUECENTO.......................................................................................................... 29
8.3.1 Donato Bramante................................................................................................. 29
8.3.1.1 Tempietto de San Pietro, Roma, Itália........................................................ 29
8.3.1.2 Santa Maria Delle Grazie, Milão, Itália...................................................... 31
8.3.1.3 Basílica de San Pietro, Roma, Itália............................................................35
8.3.2 Michelangelo Buonarroti..................................................................................... 36
8.3.2.1 Biblioteca Laurenziana, Florença, Itália..................................................... 37
8.3.2.2 Campidoglio, Roma, Itália.......................................................................... 38
8.3.2.3 Cúpula de São Pedro, Roma, Itália............................................................. 41
8.3.3 Andrea Palladio....................................................................................................43
8.3.3.1 Villa Barbaro, Maser, Itália......................................................................... 43
8.3.3.2 Villa Capra, Vicenza, Itália......................................................................... 44
8.3.3.3 Igreja de S. Giorgio Maggiore, Veneza, Itália.............................................46
8.3.3.4 Igreja do Redentor, Veneza, Itália............................................................... 47
8.3.3.5 Igreja de S. Francesco Della Vigna, Veneza, Itália..................................... 48
3
8.3.3.6 Teatro Olímpico, Vicenza, Itália................................................................. 49
9. CIDADE RENASCENTISTA............................................................................................ 50
10. ANÁLISE DA OBRA: PALÁCIO DE MEDICI-RICCARDI, FLORENÇA, ITÁLIA..
52
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 56
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................58
4
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETO E OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objeto de estudo o desenrolar do renascimento no seu
berço italiano. Nesse sentido, objetiva-se compreender o sentido da arquitetura renascentista
no período em que ele foi aflorado, seus elementos e tipologias arquitetônicas e como ele se
expressou de acordo com cada arquiteto em seus períodos: trecento, quattrocento e
cinquecento. Como também ele influenciou o conceito de planejamento urbano através da
concepção da "cidade ideal".
3. JUSTIFICATIVA
A era renascentista representa um dos períodos mais significativos da história da
arquitetura e urbanismo e desempenha um papel fundamental nos estudos da disciplina de
História da Arquitetura e Urbanismo no curso de Arquitetura e Urbanismo. Compreender a
época renascentista é crucial para uma apreciação completa e profunda da evolução da
arquitetura e urbanismo, e, por várias razões, é essencial para a formação dos futuros
arquitetos e urbanistas.
A importância do Renascimento também se estende ao urbanismo. Durante esse
período, surgiram as primeiras ideias sobre o planejamento urbano racional, com a criação de
cidades planejadas que incorporaram praças, avenidas e edifícios públicos harmoniosamente
projetados. Esses conceitos urbanos se refletem em cidades modernas, onde a organização do
5
espaço urbano ainda é influenciada pela busca de uma convivência harmoniosa entre os
elementos arquitetônicos e a comunidade.
Em resumo, a relevância deste artigo em estudar o Renascimento na disciplina de
História da Arquitetura e Urbanismo é fundamental para arquitetos e urbanistas, pois fornece
uma base sólida para compreender a evolução da disciplina ao longo do tempo. A influência
duradoura do Renascimento na arquitetura e no urbanismo modernos, bem como sua ênfase
na estética, proporção, inovação e planejamento urbano, faz com que esse período seja
essencial para a formação dos profissionais que irão projetar o ambiente construído do futuro.
Conhecer o Renascimento é, portanto, um passo crucial em direção a uma compreensão
profunda e significativa da arquitetura e urbanismo contemporâneos.
4. METODOLOGIA
5. CONTEXTO HISTÓRICO
A arquitetura renascentista foi aquela iniciada a partir do ano de 1350 na Itália, mais
precisamente na cidade de Florença. E vale ressaltar que o país passava por consideráveis
transformações no âmbito arquitetônico e que esse período foi consideravelmente avultado na
categoria não só de arte e arquitetura, como também nítido o olhar para as criações científicas.
Dentre elas está a bússola, a pólvora, a caravella, entre outros. Foi nessa época também que
foi introduzido um estudo mais categórico sobre a astrologia e anatomia. Dessa invenções
científicas, a que mais marcou à época foi a prensa móvel. Criada por volta de 1450, por
Gutenberg, esse aparelho permitiu uma elevada difusão de informações e conhecimentos, o
que provocou o aparecimento exponencial de livros e panfletos (FAZIO, 2011).
6
Fonte: https://www.pinterest.pt/pin/513832638710779578/
7
6. CARACTERÍSTICAS GERAIS
O período designado como Renascimento italiano foi um momento de inovação no
que diz respeito às artes e a arquitetura; uma época de novos gêneros, novos estilos e novas
técnicas. Os renascentistas italianos eram entusiastas da antiguidade clássica, sendo esta
atração uma das primeiras características do movimento. Do mesmo modo, é no
Renascimento italiano que a arquitetura como profissão liberal é consolidada perante os
ofícios e inicia-se a procura pelo arquiteto por parte de clientes privados para projetar
edificações em estilo clássico. (COSTA, 2015)
Vale ressaltar a visão panorâmica que esse tipo de arquitetura desestimulava a escola
arquitetônica gótica, onde os italianos defendem que essa arquitetura era feita com uma
aparência de degeneração da arte clássica, a qual era o conceito base da arquitetura
renascentista. Nesse processo de renascimento ou reafirmação, a beleza é entendida como
expressão da verdade, e se concede à invenção humana uma importância próxima ao poder
criador (PEREIRA, 2010).
A individualidade, a racionalidade e a capacidade do ser humano de fazer observações
empíricas do mundo físico e agir com base nelas era a nova visão de mundo da corrente
humanista do renascimento que circundava aquela época. Os artistas humanistas
restabeleceram os textos clássicos e romanos, o que inclui o De Architectura (27 a 16 aC),
escrito por Vitrúvio, o qual mostra os principais conceitos estabelecidos por ele, utilitas
(utilidade), venustas (beleza) e firmitas (firmeza). Esse trinômio é o básico para a arquitetura
até os dias atuais.
Ao contrário dos projetistas predominantemente anônimos da Idade Média, os
arquitetos do renascimento se tornaram celebridades (contribuindo para construções
matematicamente perfeitas) fazendo com que suas identidades e até detalhes das suas vidas
pessoais tenham chegado até nós. (FAZIO, 2011)
Os arquitetos buscaram e mantiveram o interesse por uma geometria que valorizava
especialmente formas “ideais”, como o quadrado e o círculo. Nesse sentido, a igreja com
planta baixa centralizada passou a representar a forma mais perfeita e imutável. Além disso
tudo, os artistas desenhavam a figura do homem no interior de um contexto geométrico
perfeito para provar que as proporções humanas seguiam as razões divinas.
8
Imagem 2 - De Architectura por Vitrúvio Imagem 3 - Homem Vitruviano de Leonardo Da
Vinci
Fonte:
https://www.goodreads.com/book/show/523814.The Fonte: ROTH, Leland M. et al. Entender la
_Ten_Books_on_Architecture arquitectura. Editorial Gustavo Gili, 1999.
Arco de Volta Perfeita: Os arcos de volta perfeita substituíram os arcos ogivais do estilo
gótico, tornando-se uma característica marcante da arquitetura renascentista.
9
Cúpulas e Cúpulas de Tambor: A arquitetura renascentista é conhecida por suas cúpulas
imponentes e cúpulas de tambor, muitas vezes coroadas por lanternas. Exemplos notáveis
incluem a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma.
Colunas e Pilastras: Colunas e pilastras eram usadas para dar suporte e ornamentação aos
edifícios renascentistas. Elas eram frequentemente decoradas com entalhes e capitéis
elaborados.
Arcadas e Loggias: Arcadas e loggias abertas, com arcos e colunas, eram elementos
frequentes nas fachadas de edifícios renascentistas. Elas proporcionavam uma sensação de
espaço aberto e uma transição suave entre o interior e o exterior.
Paredes de alvenaria de pedra e tijolo: Materiais como pedra e tijolo eram amplamente
utilizados na construção de edifícios renascentistas, conferindo durabilidade e uma estética
sólida.
7. MARCOS INICIAIS
A arquitetura renascentista em Florença é marcada por dois monumentos,
considerados marcos iniciais: a Porta do Batistério de San Giovanni, projetada por Lorenzo
Ghiberti, e a majestosa cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore ou Maria das flores,
criada por Filippo Brunelleschi.
O Batistério de San Giovanni (São João), situado na Piazza del Duomo, é um dos
edifícios mais antigos de Florença. Sua forma octogonal simboliza o oitavo dia, representando
a Ascensão de Cristo e a vida eterna proporcionada pelo batismo. Em 1400, um concurso foi
realizado para a construção da Porta Norte do Batistério - tinha 5,20 metros de altura e 3,10 de
largura - no qual atraiu escultores notáveis da época, incluindo Filippo Brunelleschi,
Donatello, Jacopo della Quercia e Lorenzo Ghiberti. Ghiberti foi o vencedor - e principal
concorrente de Brunelleschi - com apenas 21 anos na época, um feito que o tornou uma
celebridade. As portas levaram 21 anos para serem concluídas, com 28 painéis de bronze
retratando cenas do Novo Testamento.
Imagem 4 - Porta Norte do Batistério de San Giovanni, Florença, Itália
11
Fonte:https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Lorenzo-Ghiberti/190436/Portas-do-norte-
do-Batist%C3%A9rio-de-San-Giovanni,-1403-24-%28bronze%29.html
Mas a contribuição de Ghiberti não se limitou às Portas Norte. Em 1425, ele recebeu
uma segunda encomenda, a Porta Leste. Desta vez, ele contou com a ajuda de Michelozzo e
Benozzo Gozzoli. Essas portas apresentam dez painéis com cenas do Velho Testamento e se
destacam pelo uso inovador da técnica de perspectiva, que conferiu profundidade às
esculturas. (FAZIO, 2011). Além disso, Michelangelo se referiu a essa porta como a porta do
paraíso.
Imagem 5 - Porta Leste - Florença, Itália
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batist%C3%A9rio_de_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o
12
chamada "espinha de peixe", que permitiu sua notável estabilidade e tornou-se a maior cúpula
de alvenaria do mundo, uma façanha que ainda intriga engenheiros e arquitetos até os dias de
hoje.
Imagem 6 - Corte transversal da Catedral de Santa Imagem 7 - Vista axonométrica do corte da cúpula da
Maria del Fiore, Florença - Itália Catedral de Santa Maria Del Fiore, mostrando o
sistema construtivo dos nervos e dupla concha,
Florença - Itália
Imagem 8 - Filippo Brunelleschi, cúpula da Catedral de Santa Maria Del Fiore em Florença, Itália.
13
Fonte: ROTH, Leland M. et al. Entender la arquitectura. Editorial Gustavo Gili, 1999.
8. PERÍODOS
8.1 TRECENTO
8.2 QUATTROCENTO
14
ponto em comum (ponto de fuga) e os objetos representados em uma determinada imagem
iam mudando de tamanho conforme se distanciava ou se aproximava do mesmo. Vários
outros artistas tentaram codificar essa técnica de representação espacial, mas suas soluções
não apresentavam tanta exatidão em relação à descoberta de Filippo. A concepção e
desenvolvimento desse novo sistema de representação afetou de forma significativa a arte, a
arquitetura e o projeto urbano tanto durante como após o Renascimento.
Imagem 9 - Praça da Signoria em Florença, traçada Imagem 10 - A santa ceia (1495- 1498) por
de acordo com os novos princípios da perspectiva Leonardo da Vinci
científica.
Fonte:
https://marciopandolfo.webnode.page/contact-us/se
xta-serie/perspectiva/
Fonte: Pereira, José Ramón Alonso. Introdução a
História da Arquitetura: Das Origens ao Século
XXI. 1ª ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2010.
15
Imagem 11 - Planta baixa da Igreja do Santo Imagem 12 - - Filippo Brunelleschi, vista interna
Spirito, Florença, Itália da Igreja do Santo Spírito, 1436-1482, Florença,
Itália
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Santo_Spirito,_Florence
16
esforçaram para manter o interior fiel ao projeto original. No entanto, a fachada não recebeu a
mesma atenção meticulosa, resultando em paredes simples e planas, com poucas aberturas, ao
contrário do desejo de Brunelleschi de preenchê-la com capelas semicirculares.
A Igreja de San Lorenzo foi iniciada em 1419 sob o patrocínio de Cosme de Medici, e
concluída em 1460. A igreja apresenta uma planta de cruz latina, composta por três naves,
uma principal e duas laterais, separadas por colunas. A nave central possui uma cobertura
adintelada, caracterizada pela presença de caixotões, enquanto as naves laterais são
abobadadas. A decoração da igreja foi realizada pelo renomado artista Michelangelo
Buonarroti, que também é creditado como o responsável pela sacristia nova.
O teto da igreja é plano e exibe uma série de caixotões, contribuindo para a atmosfera
renascentista e a estética equilibrada do espaço. San Lorenzo é um testemunho notável da
influência e patrocínio da família Medici durante o Renascimento, e sua arquitetura e
decoração são um tributo à mestria de Michelangelo e à busca por precisão e proporção na
arte da época.
Fonte: ROTH, Leland M. et al. Entender la arquitectura. Editorial Gustavo Gili, 1999.
17
Imagem 15 - Vista interna da Igreja de San Imagem 16 - Vista externa da Igreja de San
Lorenzo, Florença, Itália Lorenzo, Florença, Itália
Fonte: Fonte:https://www.itinari.com/pt/location/
https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review- basilica-di-san-lorenzo-firenze
g187895-d1724632-Reviews-or10-Basilica_di_San
_Lorenzo-Florence_Tuscany.html
18
Imagem 17 - Planta baixa e corte longitudinal da Capela Pazzi. Santa Croce, Itália
Fonte: Pereira, José Ramón Alonso. Introdução a História da Arquitetura: Das Origens ao Século XXI. Editora
Bookman, 2010.
Outro detalhe notável é a presença de colunas com capitéis coríntios, que adicionam
elegância e ornamentação à capela. O local escolhido para a construção da Capela Pazzi, no
claustro da Basílica de Santa Cruz, é particularmente significativo, uma vez que a igreja era
um importante panteão de artistas e intelectuais da época.
Fonte: FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial.
AMGH Editora, 2011.
19
Conforme também comenta Fazio, a Capela Pazzi inclui além das formas clássicas,
quadrados, círculos, semicírculos que são semelhantes ao círculos e quadrados representado
por Leonardo da Vinci em sua pintura do Homem Vitruviano (1485). Ademais, essa
construção arquitetada por Brunelleschi, é constituída de pietra serena, pedra com
característica acinzentada usadas nas pilastras, entablamento e arcos.
Imagem 19 - Vista interna Igreja da Capela Pazzi. Imagem 20 - Vista externa da Capela Pazzi. Santa
Santa Croce, Itália Croce, Itália
Fonte:
https://br.pinterest.com/pin/387520742907892933/
20
esculpidos em pedra cinzenta, conhecida como "pietra serena," que contrastava com as
paredes brancas, criando uma estética marcante.
Imagem 21 - Planta baixa do Hospital dos Inocentes, Florença, Itália
Fonte: COSTA, Laura. A arquitetura do pátio no renascimento Italiano. Faculdade de Arquitetura UFRGS,
2021.
21
Imagem 22 - Vista axonométrica do Hospital dos Inocentes
Fonte: COSTA, Laura. A arquitetura do pátio no renascimento Italiano. Faculdade de Arquitetura UFRGS,
2021.
Sobre cada coluna, encontram-se tondi cerâmicos que originalmente eram
concavidades vazias, mas posteriormente, por volta de 1490, foram preenchidos com
esculturas encomendadas a Andrea della Robbia. Esses tondi representam crianças em fraldas
sobre um fundo azul, remetendo ao torno no qual as crianças podiam ser deixadas
anonimamente. Alguns tondi são originais, enquanto outros são cópias do século XIX.
Fonte: COSTA, Laura. A arquitetura do pátio no renascimento Italiano. Faculdade de Arquitetura UFRGS,
2021.
22
8.2.2 Michelozzo Michelozzi
Contratado muitas vezes para trabalho da família Médici, Michelozzo era uma
discípulo de Brunelleschi. Ele não trabalhou apenas em Florença como também realizou
serviços ao norte da Itália. Ainda que não fosse um arquiteto tão famoso quanto o mestre,
Michelozzo era um profissional bastante habilidoso em todos os seus feitos
realizados.(FAZIO, 2011)
Dentre as obras dele, uma que se destaca é o Palácio de Medici-Riccardi, na Florença,
Itália, do qual foi a obra escolhida para ser mais detalhada ao final deste artigo.
O Palácio Strozzi foi encomendado por Filippo Strozzi, um membro de uma das mais
importantes linhagens patrícias florentinas. Sua construção ocorreu ao longo de um período
que abrangeu os anos de 1489 a 1538, demonstrando a dedicação e o esmero investidos em
sua concepção e construção.
O Palácio Strozzi é notável por sua cornija acentuada, que contribui para a sua
imponente presença na paisagem urbana de Florença. Além disso, o palácio possui um
elegante pátio interno, proporcionando um espaço tranquilo e harmonioso em contraste com a
agitação da cidade. Outro aspecto interessante de sua arquitetura são as quatro aberturas
proeminentes, que dão ao palácio uma aparência majestosa e simétrica. Estas aberturas podem
ser vistas como uma representação da grandiosidade e do poder da linhagem Strozzi.
23
Imagem 24 - Planta do Palácio Strozzi. Florença, Itália
Fonte: https://ro.pinterest.com/pin/426575395932283959/
Vale ressaltar que a linhagem Strozzi era tradicionalmente hostil à facção dos Médici,
que dominava a política florentina na época. No entanto, o Palácio Strozzi permaneceu em
posse dos Strozzi até o ano de 1907, quando foi legado ao Estado italiano.
Imagem 25 - Vista Interna do Palácio Strozzi. Imagem 26 - Vista Externa do Palácio Strozzi.
Florença, Itália Florença, Itália
Fonte:https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_R
Fonte:
eview-g187895-d195020-Reviews-Palazzo_Strozzi
https://dicasdaitalia.com.br/florenca/palazzo-strozzi
-Florence_Tuscany.html
-em-florenca/
24
Leon Battista Alberti, um dos personagens mais notáveis do Renascimento, era uma
figura renascentista por excelência. Ele se via como uma autoridade em todos os ramos da
arte, e sua formação acadêmica abrangia uma ampla gama de disciplinas, incluindo música,
latim, grego, matemática, filosofia e direito romano. Sua educação eclética e abrangente
proporcionou-lhe uma perspectiva única e multidisciplinar, que o tornou um dos pensadores
mais influentes de sua época.
Apesar de sua origem em uma família florentina exilada, Alberti conseguiu
estabelecer-se como um intelectual de renome. Sua visão sobre a arte como a mais elevada
forma de expressão da criatividade humana revela sua profunda compreensão da importância
do Renascimento, que resgatou valores culturais greco-romanos. Para Alberti, a arte não era
apenas uma representação estética, mas uma ferramenta poderosa para expressar o potencial
humano em sua plenitude.
25
Imagem 27 - Planta baixa do Palácio Rucellai. Florença, Itália
Fonte: https://www.urbipedia.org/hoja/Palacio_Rucellai
Fonte: https://www.urbipedia.org/hoja/Palacio_Rucellai
Vale ressaltar que, durante a construção do Palácio Rucellai, o construtor Rossellino
não se limitou apenas a seguir os planos originais, mas também causou um aumento nas
dimensões originais, contribuindo para a grandiosidade e imponência deste notável edifício
renascentista.
26
Imagem 29 - Vista externa do Palácio Rucellai. Florença, Itália
Fonte: ROTH, Leland M. et al. Entender la arquitectura. Editorial Gustavo Gili, 1999.
Fonte: https://www.itinari.com/pt/location/malatesta-temple
27
As novas paredes criadas por Leon Battista Alberti para revestir o templo estão tão
impregnadas de classicismo que o prédio é conhecido como seu nome sendo designado de
templo Malatestiano.
Malatesta queria que a edificação servisse de túmulo para ele, sua esposa e os
intelectuais de sua corte humanista. Para os sepulcros dos intelectuais, Alberti decidiu
subdividir as laterais da edificação usando pesados arcos plenos seguindo o modelo do
Túmulo de Teodorico (cerca de 526) na cidade de Ravena (FAZIO, 2011).
Na fachada frontal da igreja de São Francisco, Alberti sobrepôs a elevação de um
templo a um arco de triunfo similar ao antigo Arco de Augusto romano que ficava a alguns
quarteirões de distância, e sugeriu colocar os túmulos de Malatesta e sua esposa nos portais
falsos, com arcos, que ladeavam a entrada central. (FAZIO, 2011).
Fonte:https://www.bibliocad.com/pt/biblioteca/templo-malatestiano_63664/
Além do mais, o templo foi feito apenas para o uso de Malatesta e seus companheiros
próximos. A edificação possui nave única, capelas laterais, sem forros, teto plano e planta
retangular.
28
8.3 CINQUECENTO
Donato Bramante, cujo nome completo era Donato di Pascuccio d'Antonio, foi um
destacado arquiteto da Renascença italiana, nascido por volta de 1444 em Urbino, Itália, e
falecido em 1514 em Roma. Bramante é amplamente reconhecido por suas contribuições
significativas para a arquitetura renascentista, particularmente durante o início do século XVI.
Foi aluno de Laurana, amigo de Alberti, e trabalhou em Milão, colaborando nos estudos de
Leonardo da Vinci. Sua atenção sempre foi voltada para projetos de igrejas de plantas
circulares ou quadrada (tendo inscrita em cruz grega). (FAZIO, 2011)
Fonte: https://www.progettostoriadellarte.it/2020/05/02/tempietto-san-pietro-in-montorio/
29
O Tempietto di San Pietro in Montorio é uma das obras mais icônicas de Donato
Bramante e um exemplo notável de arquitetura renascentista na Itália. Foi construído no início
do século XVI, entre 1502 e 1503, em Roma, no pátio do convento de San Pietro in Montorio,
no local onde, segundo a tradição, São Pedro foi crucificado. A construção deste pequeno
templo foi encomendada pelo rei espanhol Fernando II de Aragão e sua esposa Isabel I de
Castela. (GLANCEY, 2018)
Imagem 33 - Planta Baixa e fachada do Tempietto San Pietro in Montorio - Roma, Itália
Fonte: https://www.progettostoriadellarte.it/2020/05/02/tempietto-san-pietro-in-montorio/
30
cuidadosamente os princípios da proporção áurea e da simetria em toda a estrutura, buscando
criar uma harmonia estética que remete aos ideais da antiguidade clássica. (GLANCEY, 2018)
O Tempietto di San Pietro in Montorio é uma obra-prima da arquitetura renascentista
que representa a busca pela pureza das formas clássicas, ao mesmo tempo em que incorpora a
estética e a elegância do Renascimento. É um exemplo notável de como Donato Bramante e
outros arquitetos renascentistas redescobriram e reinterpretaram os elementos arquitetônicos
da Grécia e de Roma, dando origem a uma nova era na arquitetura europeia.
Fonte: https://www.progettostoriadellarte.it/2020/05/02/tempietto-san-pietro-in-montorio/
31
Fonte:
https://www.oguiademilao.com/wp-content/uploads/2017/04/O-que-fazer-em-Milao-Igreja-Santa-Maria-delle-Gr
azie-Milao.jpg
A Igreja de Santa Maria delle Grazie em Milão, onde se encontra a famosa pintura "A
Última Ceia" de Leonardo da Vinci, foi projetada e construída por Donato Bramante. A igreja
é um edifício gótico e sua construção original remonta ao final do século XV, anterior ao
período renascentista.
Imagem 36 - Planta Baixa e Corte Longitudinal da Igreja de Santa Maria Delle Grazie, Milão
32
Fonte: FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial.
AMGH Editora, 2011
Imagem 37 - Tribuna renascentista de Bramante na Igreja de Santa Maria Delle Grazie, Milão
Fonte:
https://www.oguiademilao.com/wp-content/uploads/2017/04/Atra%C3%A7%C3%B5es-tur%C3%ADsiticas-Mil
ao-Bramante-Milao-Santa-Maria-delle-Grazie-Milao.jpg
Donato Bramante, um renomado arquiteto renascentista, foi responsável pela
renovação do coro da Igreja de Santa Maria delle Grazie em Milão. Alguns detalhes e
influências da era clássica em sua renovação do coro incluem: Bramante introduziu uma
planta centralizada para o novo coro, o que era uma característica renascentista influenciada
pelas antigas estruturas romanas. A planta centralizada simboliza a busca pela perfeição e a
simetria; Ele incorporou elementos arquitetônicos clássicos, como colunas coríntias,
entablamentos e frisos ornamentados. Esses elementos evocam os princípios da arquitetura
greco-romana; O coro foi coroado por uma pequena cúpula, o que era uma característica
distintiva do estilo renascentista e foi influenciada pelas cúpulas romanas antigas, como a do
Panteão; Bramante era conhecido por sua atenção meticulosa à simetria e proporção,
elementos que se originaram das eras clássicas. Ele aplicou esses princípios ao renovar o coro
da igreja. (GLANCEY, 2018)
Imagem 38 - Pintura da Santa Ceia de Leonardo da Vinci na Igreja de Santa Maria Delle Grazie, Milão
33
Fonte:
https://www.oguiademilao.com/wp-content/uploads/2016/04/A-%C3%9Altima-Ceia-Leonardo-Da-Vinci-Bilhete
s-Santa-Ceia-Mil%C3%A3o.jpg
Embora a maior parte da Igreja de Santa Maria delle Grazie seja de estilo gótico, a
reforma do coro de Bramante é uma demonstração de sua influência renascentista e seu desejo
de incorporar elementos clássicos à arquitetura, criando uma fusão de estilos que reflete o
período de transição da arquitetura na Renascença italiana.
34
Fonte:
https://media.istockphoto.com/id/537265098/pt/foto/no-interior-de-santa-maria-delle-grazie-em-mil%C3%A3o.j
pg?s=2048x2048&w=is&k=20&c=jbn84N-G4btuBQuM4YNZjKKQY8ndkOAqh631W6n2utM=
A Basílica de São Pedro (Basilica di San Pietro), situada no Vaticano, é uma das obras
arquitetônicas mais icônicas do mundo, e a sua construção foi um empreendimento complexo
envolvendo diversos arquitetos renomados ao longo dos séculos. No entanto, Donato
Bramante desempenhou um papel significativo nas primeiras fases da renovação da basílica
durante o Renascimento italiano. Aqui estão detalhes sobre sua contribuição e o uso de
elementos clássicos na edificação: Donato Bramante introduziu uma planta centralizada para a
nova basílica, que estava de acordo com as influências renascentistas da antiguidade clássica.
A planta centralizada é caracterizada por uma forma simétrica, frequentemente circular ou
octogonal, e simboliza a perfeição, a harmonia e a eternidade. A planta de Bramante foi
baseada no plano de cruz grega, o que significa que os braços da cruz tinham comprimentos
iguais, formando um espaço central de igual importância. Uma das características mais
notáveis da basílica é a cúpula que se eleva majestosamente no centro da construção. Donato
Bramante projetou a cúpula original, que foi uma proeza de engenharia e uma homenagem ao
Panteão de Roma. A cúpula é influenciada pela arquitetura clássica romana, especificamente
pelas cúpulas romanas antigas, como a do Panteão. Bramante aplicou os princípios da
proporção áurea, que remontam à antiguidade grega, em toda a estrutura da basílica. A
simetria e a harmonia eram considerações fundamentais em seu projeto. (FAZIO, 2011)
Imagem 40 - Planta Baixa da Basílica de San Pietro, Vaticano
35
Fonte: FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial.
AMGH Editora, 2011
Vale mencionar que após a morte de Bramante, outros arquitetos, como Michelangelo
e Carlo Maderno, contribuíram para a construção da Basílica de São Pedro, modificando
partes do projeto original. A basílica é um testemunho da evolução da arquitetura
renascentista para o estilo barroco, mas a visão inicial de Donato Bramante influenciou
profundamente o design da basílica e a sua continuidade ao longo dos séculos. Ela permanece
como um dos mais notáveis exemplos da arquitetura renascentista e clássica na era moderna.
Fonte: FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial.
AMGH Editora, 2011
37
Imagem 42 - Escada do Vestíbulo da Biblioteca Laurenziana, Florença, Itália
Fonte: ROTH, Leland M. et al. Entender la arquitectura. Editorial Gustavo Gili, 1999.
O Campidoglio, também conhecido como a Praça do Capitólio, é uma das obras mais
significativas de Michelangelo Buonarroti e um marco emblemático na arquitetura
renascentista. Foi projetado por Michelangelo durante o século XVI e representa uma notável
38
fusão de elementos renascentistas com referências à antiguidade clássica. Aqui estão detalhes
sobre a construção do Campidoglio e como Michelangelo usou as eras clássicas em sua
edificação. (FAZIO, 2011)
Fonte: https://wikiarquitectura.com/wp-content/uploads/2017/01/Campidoglio_28629-500x318.jpg
A reforma do Campidoglio foi encomendada pelo Papa Paulo III em 1536. O papa
desejava transformar a colina Capitólio em Roma em um centro cívico que celebrasse o poder
da cidade. A principal inovação de Michelangelo foi a reforma da planta da praça. Ele
reorganizou a praça em um formato trapezoidal para melhorar a circulação e a harmonia
visual. Essa reforma incluiu a criação de uma ampla escadaria e a reorientação das edificações
ao redor da praça. (FAZIO, 2011)
Michelangelo projetou um pavimento de padrões geométricos em mármore e basalto
para a praça. Os padrões geométricos eram típicos da arquitetura clássica greco-romana,
refletindo a influência das eras clássicas na estética renascentista. O edifício central da praça,
conhecido como Palácio Senatorial, foi reformado por Michelangelo. Ele incorporou
elementos clássicos, como colunas coríntias, para enfatizar o caráter monumental do edifício.
(FAZIO, 2011)
39
Fonte: https://wikiarquitectura.com/wp-content/uploads/2017/01/Campidoglio_28229-500x489.png
40
Fonte: https://pt.wikiarquitectura.com/wp-content/uploads/2017/01/Campidoglio_283229-1024x682.jpg
A cúpula da Basílica de São Pedro é uma das maiores e mais impressionantes cúpulas
do mundo. Aqui estão alguns detalhes da cúpula e o uso das eras clássicas em sua edificação.
Embora Donato Bramante tenha projetado a cúpula original, sua construção foi
liderada por Michelangelo, um dos maiores artistas renascentistas. A cúpula é uma fusão de
estilos renascentistas e clássicos, incorporando elementos da arquitetura clássica
greco-romana. A cúpula da Basílica de São Pedro tem duas camadas principais. A camada
interna, de formato mais esférico, é revestida com mosaicos dourados, enquanto a camada
externa é mais alta e mais esguia. Isso cria uma sensação de grandiosidade e equilíbrio,
características importantes na arquitetura clássica. (ROTH, 1999)
41
Fonte: GLANCEY, Jonathan. História da arquitetura. Edições Loyola, 2001.
42
8.3.3 Andrea Palladio
A família Bárbaro foram seus primeiros clientes, dessa forma, ele projetou a Villa
Barbaro entre 1557 e 1558. Possui simetria e um bloco de zona social e conectado com outras
duas alas laterais conectadas por arcadas laterais. Com característica horizontal, foi produzida
em um suave aclive. Palladio, em sua grande sabedoria, implementou as variáveis funções de
uma fazendo em uma única estrutura - com depósitos, estábulos, espaços para moagem. No
seu interior os cômodos possuem proporções, são iluminados e ordenados com afrescos. Foi
nessa edificação que Palladio fez a primeira implementação do que ele acreditara, nos
ensinamentos de Vitrúvio: os templos gregos evoluíram de casas (FAZIO, 2011). Desse modo,
43
essa edificação foi o pontapé da sua produção e caracterização de suas obras, pois uma de
suas características de produção foi inserir no residencial elementos de templos romanos.
Fonte: FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial.
AMGH Editora, 2011.
44
“Uma vila de quatro lados cada lado decorado com um frontão de um
templo romano, coroada com uma cúpula que tem como modelo o
Panteão”
Essas são algumas das informações que a tornam tão rica. A Villa possui planta baixa
quadrada com uma rotunda central, Palladio inovou na aplicação dos elementos clássicos
nesta obra, uma vez que foi o primeiro a aplicar nas fachadas de edificações domésticas,
colunas e frontão; tal percepção foi interpretada de acordo com os estudo de Vitruvius: os
templos gregos evoluíram de casas (FAZIO, 2011). Sua estrutura possui disposição simétrica,
sua planta se organiza com quatro pórticos hexástilos idênticos, com colunas jônicas. A
implementação da cúpula também foi um dos elementos implementados por Andrea, já que
em construções residenciais clássicas elas não estavam presentes, toda essa estrutura e
organização é um exemplo de imposição de ordem racional sobre a natureza e a posição do
homem como centro, pois é esse homem que consegue observar do meio da edificação tudo
que há a sua volta (ROTH, 1999)
Fonte: https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/villa-rotonda/
A Villa Capra exemplifica a habilidade de Palladio em equilibrar harmonia, simetria e
proporção matemática, combinando elementos clássicos de forma inovadora e atemporal. E,
para além disso, deixa marcado na sua produção o ideal renascentista e a informação do
antropocentrismo, como o homem como o centro, mesmo que de forma implícita.
45
Imagem 50 - Villa Capri, Vicenza, Itália
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Villa_Capra
Fonte: https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/villa-rotonda/
A Igreja de San Giorgio Maggiore, situada em uma ilha próxima a Veneza, foi
construída entre 1566 e 1610, vários anos após a morte de Donato Bramante. No entanto, a
arquitetura de Andrea Palladio é notável por seu compromisso com os princípios da
arquitetura clássica, inspirando-se nos edifícios da Grécia e Roma antigas. Alguns detalhes da
igreja que refletem essa influência clássica incluem: A planta da Igreja de San Giorgio
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Maggiore é cruciforme, uma forma associada a muitas igrejas cristãs antigas. Isso simboliza a
cruz de Cristo e é uma característica comum em muitas igrejas renascentistas; A fachada da
igreja é dominada por um frontão triangular, um elemento arquitetônico clássico que remete
aos templos gregos; A fachada apresenta uma série de colunas dóricas que se assemelham às
usadas nos templos clássicos gregos. As colunas proporcionam uma sensação de equilíbrio e
simetria; A igreja possui uma cúpula central, outra característica comum na arquitetura
renascentista e que pode ser rastreada até a influência das antigas cúpulas romanas, como a do
Panteão; A fachada e o interior da igreja apresentam elementos decorativos clássicos, como
entablamentos, frisos, frontões e nichos com estátuas. (GLANCEY, 2018)
A Igreja de San Giorgio Maggiore é um exemplo marcante da arquitetura renascentista
veneziana, cuja estética é profundamente enraizada nos princípios clássicos. A influência da
antiguidade greco-romana pode ser observada na simetria, na proporção e nos elementos
arquitetônicos presentes na estrutura, refletindo o interesse dos arquitetos renascentistas em
redescobrir e reinterpretar a beleza e a harmonia das eras clássicas.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_S%C3%A3o_Jorge_Maior_(Veneza)
47
fachada da igreja aparenta possuir 05 frontões,tal feito de concepção feita por Palladio
representa a profundidade da fachada e, além disso, o espírito que nos atrai para o fundo da
nave dessa igreja com cúpula e torreões. Ademais, a igreja exibe aparência a um navio
veneziano, e com um interior mais sombrio que a de San Giorgio; na área posterior se
encontra uma horta que possui simetria e é bem dimensionada, local em que os monges
utilizam para cultivo. (GLANCEY, 2001).
Ademais, possuindo uma planta central e com uma cúpula que domina o espaço,
Palladio reinterpreta os princípios da arquitetura clássica, harmonizando o ambiente e criando
sensação de equilíbrio e simetria.
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duas esculturas na entrada de Moisés e São Paulo. Sua planta é de cruz latina, com cinco
capelas em cada lado da igreja.
Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Iglesia_de_San_Francesco_della_Vigna
49
e com a sensação de que há três ruas bem extensas (FAZIO, 2001). Além disso, esse cenário
sugerido como paisagem urbana, possui efeito obtido pelo uso inteligente de trompe-l’oeil,
madeira e gesso (GLANCEY, 2018). Desse modo, nota-se que tal técnica utilizada
Imagem 56 - Interior do Teatro Olímpico, Andrea Palladio e Vicenzo Scamozzi, Vicenza, Itália
9. CIDADE RENASCENTISTA
O termo "cidade renascentista" não se refere a uma cidade específica, mas sim a um
conceito de planejamento urbano e arquitetura que surgiu durante o Renascimento na Itália,
caracterizado por uma abordagem que incorporou influências das eras clássicas
greco-romanas. Segundo Fazio (2011) e Roth (1999), Leon Battista Alberti, um dos mais
notáveis arquitetos e teóricos do Renascimento italiano, contribuiu significativamente para a
concepção da "cidade ideal" em sua obra "De re aedificatoria" (Sobre a Arte de Construir). Na
visão de Alberti, uma cidade ideal deveria refletir princípios renascentistas e incorporar
elementos das eras clássicas greco-romanas. Assim, a cidade ideal na perspectiva de Leon
Battista Alberti:
50
● Plano Geométrico e Simétrico: Alberti enfatizou a importância de um planejamento
urbano baseado na simetria e na geometria. Ele acreditava que a simetria era essencial
para criar uma cidade harmoniosa e equilibrada. As ruas e praças deveriam ser
dispostas em linhas retas e ângulos perfeitos.
● Ruas Largas e Praças: Alberti propôs ruas largas e praças espaçosas como
elementos-chave de uma cidade ideal. As praças deveriam ser locais de encontro e
celebração, cercadas por edifícios públicos ornamentados, criando um ponto focal na
cidade.
● Arquitetura Clássica: Os edifícios da cidade ideal de Alberti deveriam incorporar
elementos arquitetônicos clássicos, como colunas, entablamentos e frontões. Os estilos
arquitetônicos gregos e romanos, como o dórico, jônico e coríntio, seriam usados para
criar uma estética harmoniosa e imponente.
● Palácios: Na visão de Alberti, os palácios dos cidadãos deveriam seguir um padrão
arquitetônico clássico, com fachadas simétricas e detalhes ornamentados. Isso refletia
o desejo de criar uma cidade onde os cidadãos fossem incentivados a participar da
vida pública e civil.
● Fontes e Estátuas: Elementos esculturais, como fontes e estátuas, deveriam adornar
praças e edifícios públicos. Essas obras de arte eram vistas como um meio de
enriquecer o ambiente urbano e celebrar a cultura clássica.
● Muralhas e Portões: Alberti também projetou sistemas defensivos para a cidade ideal,
incluindo muralhas e portões. Ele acreditava que uma cidade bem protegida era
essencial para garantir a segurança dos cidadãos.
● Paisagem Urbana Unificada: A cidade ideal de Alberti era concebida como uma
paisagem unificada, onde a arquitetura, o planejamento urbano e a natureza coexistiam
em harmonia. A cidade deveria ser um espaço onde os princípios estéticos e
funcionais se entrelaçavam.
● Princípios Humanistas: Alberti também enfatizou a importância de valores
humanistas, como a educação, o bem-estar e o acesso à cultura, na cidade ideal. Ele
acreditava que uma cidade bem planejada e esteticamente agradável contribuiria para
o desenvolvimento intelectual e moral de seus habitantes.
Fonte: FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial.
AMGH Editora, 2011.
O Palazzo Medici foi um projeto encomendado por Cosme de Medici em 1445, com
base em um projeto anterior de Brunelleschi, que fora dispensado por ser suntuoso demais,
então a iniciação da construção foi prorrogada. Está localizado na Via Camillo Cavour (antiga
Via Larga), e passou a ser ocupado pela família Medici entre 1458 e 1459. Originalmente, a
fachada principal do palácio compreendia 40,85 metros de comprimento, lateralmente o
palácio tem 38,07 m de extensão e sua fachada externa tem altura de 24,50m. No ano de 1659
foi vendido à família Riccardi e a partir de uma reforma foi estendido em cerca de ⅓ do seu
tamanho, consequentemente, alterando a proporção original. Suas dimensões o tornaram um
dos maiores palácios privados do quattrocento (COSTA, 2021).
Os palácios podem ser sedes governamentais ou residências da aristocracia, nobreza
ou oficiais da igreja. Nessa edificação havia uma estrutura bem explorada pelo arquiteto que é
o cortile - um pátio com pórticos -, e era localizado em palácios ou em claustros, e pode ter
52
duas funções, uma pragmática (auxílio de ventilação, iluminação, circulação e recolhimento
de água) e outra social (COSTA, 2021).
O Palazzo de Medici possui volume cúbico, com três pavimentos em torno de um
pátio central. Sua fachada é bem característica e expressiva. Michelozzi usou a tectonicidade -
é a identidade formal da obra associado a seu estrutural, ou seja, é a coerência entre as ordens
visuais e materiais, mas sem fundir-se. Logo, há uma caracterização de cada pavimento: no
primeiro as pedras são menos trabalhadas, com dimensões maiores e mais salientes, essa parte
estava em contato com o solo e com as ruas, então esse bruto está ligado diretamente ao
contato com o público; o segundo, possui contornos regulares com faces planas, sem saliência
e rejuntes, já é mais trabalhado e possui esquadrias de alinhamento entre os pavimentos que o
dão a sensação de ser uma unidade; e, por fim, o terceiro, são aplicados rejuntes ao plano da
superfície, então é mais trabalhado e harmonizado com que o arquiteto propõe, pois essa área
é privada, possui colunas e essas possuem capitéis jônicos. (COSTA, 2021)
Teixeira Coelho Neto em seu livro, A construção do sentido da arquitetura apresenta
os eixos organizadores do sentido do espaço e o segundo eixo é a relação público e privado e
em como os diferentes usos que se faz do espaço e aos diferentes sentidos que atribuem a
esses espaços conforme a cultura e a época (TEIXEIRA COELHO, 1999). Ou seja, o
arquiteto precisa analisar como ele vai projetar, para quem, onde e como, para implementar de
acordo com a cultura e o período para que as relações edificação-usuários não sejam
contraditórias, e sim, harmônicas.
Portanto, nota-se que a relação de hierarquia aplicada por Michelozzi está associado
ao que se pensa no ato de projetar do século XX, uma vez que a aplicabilidade e o conceito de
concepção e materialidade da forma do Palazzo Medici em que há a hierarquia dessa
materialidade para delimitar quem tem acesso a cada área é notório hodiernamente.
Para além disso, retomando a estrutura da edificação, o elemento em destaque é sua
cornija monumental, essa aplicação de proporcionalidade entre o edifício e sua coberta de
proteção foi uma forma de manter a continuidade do que é proposto ao renascimento e quebra
a tradição da projeção de telhado das residências florentinas (COSTA, 2021)
A construção reflete seu profundo conhecimento das edificações domésticas
florentinas tradicionais e sua admiração pela arcada do Hospital dos Inocentes, de
Brunelleschi, com sua planta baixa quadrada. O palácio ocupa uma quadra e possui três
pavimentos. Sua característica mais marcante é a alvenaria aparente e robusta, que reflete sua
origem rústica e gradual melhoria no acabamento à medida que se eleva pelos andares. As
janelas em arco pleno e duplo, juntamente com a presença de uma cornija que avançava cerca
53
de 2,4 metros em relação à fachada, típica dos palácios florentinos, contribuem para sua
imponente presença.
Fonte: COSTA, Laura. A arquitetura do pátio no renascimento Italiano. Faculdade de Arquitetura UFRGS, 2021.
A construção possui dois acessos, o principal pela via Camilo Cavour e uma
secundária pelo jardim, jardim esse cujo outrora Lorenzo de Medici fazia duas exposições de
esculturas de mármore. Seu pátio possui medida de 12,20 x 12,20, forma geométrica
quadrada. Possui quatro galerias com três vãos, no total 12 colunas com capitéis coríntios que
apoiam arcos de meio ponto e entablamento acima deles; cada coluna possui 0,70 x 0,70m de
base. As galerias possuem dimensões distintas, a que está voltada ao acesso principal
apresenta largura de 4,76m, as duas galerias laterais possuem 4m de largura e, por fim, a que
está ligada ao jardim mede 7,90m de largura (COSTA, 2021)
54
Imagem 59 - Fachada Frontal e Axonométrica do Palazzo Medici, Florença, Itália
Fonte: COSTA, Laura. A arquitetura do pátio no renascimento Italiano. Faculdade de Arquitetura UFRGS, 2021.
55
No interior, um pátio central que tinha como função a circulação de vento e introdução
de iluminação natural, além de permitir a transição das pessoas da família para os cômodos
através do perímetro quadrangular. Com quatro colunatas proporciona iluminação e aeração
aos cômodos do palácio dito anteriormente. Um detalhe notável é a presença de um número
mínimo de aberturas no térreo, uma medida de segurança comum na época para evitar
assaltos.
Portanto, é nítido que o estudo da arquitetura do Palácio de Medici-Riccardi é de suma
importância para a disciplina de História da Arquitetura e Urbanismo. Esse magnífico edifício
renascentista apresenta uma síntese das características arquitetônicas da época, com um
destaque para todo o conceito da sua edificação, iniciando pela fachada, pela harmonia que as
proporções causam e pelo uso uso inovador de elementos clássicos, e, também pela cornija
que é uma aplicabilidade expressiva do que não se encontrava outrora. Além disso, o Palácio
de Medici-Riccardi desempenhou um papel fundamental na evolução da arquitetura
renascentista e na definição dos princípios que viriam a influenciar o desenvolvimento da
arquitetura ocidental. O estudo deste edifício oferece valiosas lições sobre a importância da
tradição clássica, o equilíbrio estético e a relação entre arquitetura e poder político na história
urbana de Florença e da própria Itália.
56
Portanto, o estudo da arquitetura renascentista é essencial para os estudantes de
história da arquitetura e urbanismo, pois proporciona insights valiosos sobre a evolução da
disciplina ao longo do tempo e sua influência contínua na criação de espaços construídos que
são funcionais, esteticamente agradáveis e culturalmente significativos.
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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLTSHAUSER, João. História da arquitetura - Vol. 5 - Parte I. Escola da Arquitetura da UMG,
1969.
FAZIO, Michael; MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura
mundial. AMGH Editora, 2011.
GLANCEY, Jonathan. História da arquitetura. Edições Loyola, 2001.
GLANCEY, Jonathan. Arquitetura: um percurso visual pelos quatro cantos do mundo, da
antiguidade aos tempos modernos. São Paulo: Publifolha, 2018.
PEREIRA, José Ramón Alonso. Introdução a História da Arquitetura: Das Origens ao Século
XXI. 1ª ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2010.
ROTH, Leland M. et al. Entender la arquitectura. Editorial Gustavo Gili, 1999.
TEIXEIRA, Coelho. A Construção do Sentido na Arquitetura. Editora Perspectiva, Coleção
Debates nº 144, 4ª edição, 1999.
BETONI, Simone. Igreja Santa Maria Dell Grazie em Milão. O guia de Milão, 2022. Disponível
em: <https://www.oguiademilao.com/igreja-santa-maria-delle-grazie-em-milao/>. Acesso em: 14, out.
2023
CALDWELL, Zelda. A igreja erguida em meio a uma epidemia que quase destruiu Veneza.
Aleteia, 2020. Disponível em:
<https://pt.aleteia.org/2020/03/11/a-igreja-que-foi-construida-quando-a-peste-bubonica-quase-destruiu
-veneza/>. Acesso em: 18, out. 2023.
COSTA, Laura. A arquitetura do pátio no renascimento Italiano. Faculdade de Arquitetura
UFRGS, 2021. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/225537>. Acesso em: 12, Out. 2023
Praça o Campidoglio. pt.wikiarquitectura.com. Disponível em :
<https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/praca-o-campidoglio/#>. Acesso em:
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San Francesco Della Vigna, Venice churches map at veniceXplorer. Disponível em:
<https://venicexplorer.com/pt/venice-churches/san-francesco-della-vigna>. Acesso em: 18, out. 2023.
TEMPIETTO San Pietro In Montorio. Storia Dell'Arte, 2020. Disponível em :
<https://www.progettostoriadellarte.it/2020/05/02/tempietto-san-pietro-in-montorio/>. Acesso em: 14,
Out. 2023.
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