Ventila_convenc_bases
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DANO PULMONAR
Parece que os conceitos novos de ventilação convencional
contribuíram para a redução do dano pulmonar.
A ventilação convencional tem os seus efeitos adversos. A
gasometria normal não pode ser a meta. O aprisionamento de gás e a
hiperdistensão alveolar podem causar muitos danos pulmonares.
Como evitar o dano pulmonar?
São cinco os tipos de danos pulmonares: edema pulmonar,
dano epitelial, membrana hialina como patologia, aumento do fluxo
linfático e aumento do coeficiente de filtração. O dano pulmonar
está sempre presente quando se usa um volume corrente alto;
quando usamos volume corrente baixo, não há dano pulmonar.
Assim, o problema não é o barotrauma e sim o seria o
VOLUTRAUMA.
Estudos feitos em coelhos demonstram que, ao nascer, e
submetidos a volume corrente alto, com quatro horas já se evidencia
marcante diferença na complacência (pulmão muito rígido, pouca
distensibilidade quando usamos volumes correntes altos). Para estes
pacientes devemos usar um volume corrente menor: 3-6 ml/Kg ao
invés de 5-8 ml/Kg.
Quando se usa o surfactante precoçe, o uso de volumes
correntes altos não produz dano pulmonar. Depende também da
capacidade do pulmão em receber volume: um pulmão de um RN
prematuro com DMH severa, não tem capacidade para receber muito
volume e vai ser afetado com maior frequência. No entanto, o RN a
termo tampouco tolera pressões que parecem ser baixas, podendo
causar dano pulmonar no RN com pulmão normal. Tenho um RN
com leucomalácia que nunca recebeu pressões maiores que 20 cm de
H2O e tem uma grave displasia broncopulmonar ( pressão
aparentemente normal com volume corrente alto são decisivos no
dano pulmonar). Devemos ser muito cautelosos na seleção da
pressão inspiratória: usar a complascência (do pulmão), a
gasometria, o volume do tórax. Não utilizar o peso.
Assim, otimizar a ventilação convencional com pressão
inspiratória muito baixa. Frequentemente usamos a pressão
inspiratória abaixo de 10 cm de H2O nos RN muito prematuros.
Somos cautelosos na indicação da ventilação assistida:
paciente com esforço respiratório e gemendo, não necessariamente
colocamos no ventilador (procuramos manter sempre no CPAP )
Porque se produz tanto dano no pulmão O pulmão do
prematuro tem pouca distensibilidade dos alvéolos, mas muita
distensibilidade das vias aéreas, sistema antioxidante imaturo, pouca
função de macrófagos e leucócitos, sistema antiproteolítico imaturo.
Devemos retirar estes pacientes o mais rápido possível do
ventilador, usar baixas pressões inspiratórias, tempos inspiratórios
curtos, PEEP moderada, volume corrente baixo e uso minucioso da
sedação e da farmacologia.
Hipercapnia permissiva: Já expliquei que não devemos manter este
paciente com PCO2 normal. Os Drs. Kraybill e cl (J.Pediatrics 115:
115, 1989) compararam pacientes que desenvolveram displasia
broncopulmonar e pacientes que não desenvolveram. Quando
compararam as gasometrias, os RN que tinham PCO2 abaixo de 50
desenvolveram broncodisplasia, especialmente os RN com PCO2
abaixo de 40 mmHg. Pensávamos habitualmente que a PCO2 baixo
era bom, no entanto é mau, tanto para o pulmão como para o
cérebro.
Dr. Garland . e cl ( Arc Ped Advanc Med 149: 1995) encontrou o
mesmo (estudo de 100 pacientes); PCO2 < 39 X PCO2 de 40 ou
mais: a displasia broncopulmonar estava associada a PCO2 abaixo
de 29, significativamente. O PCO2 baixo foi muito mais importante
que o peso menor que1000gr. Muitas vezes não podemos evitar que
o RN nasça prematuro, mas podemos evitar a hipocapnia.
O que chamamos de hipercapnia permissiva é um PCO2 de 50-
55 mmHg e pH de 7,2. A hipocapnia pode predispor a leucomalácia
e paralisia cerebral.
Ventilação sincronizada: É igual porém não melhor que a
ventilação convencional.
É importante a otimização da ventilação convencional, usar a
base fisiológica (mecanorreceptorres, quimioreceptores, conceitos
de intercâmbio de gás) e usarmos a hipercapnia permissiva leve a
moderada.
Referências:
- Piva, JP e Garcia, PCR. Ventilação mecânica em pediatria.
Em Piva,J, Carvalho,P e Garcia, PC: Terapia Intensiva em
Pediatria, 2ª edição pg 163-191, 1990.
- Parmigiani e cl. Pulmonary mechanics after surfactant
replacement for neonatal respiratory distress syndrome. In
Bevilacqua, G and Parmigiani, S: Surfactant in clinical
practice, pg 211-216, 1990