PESQUISA - NULIDADE BUSCA E APREENSÃO

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PESQUISA – NULIDADE DA BUSCA E APREENSÃO

STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. BUSCA PESSOAL E DOMICILIAR.


NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE FUNDADAS RAZÕES. ABORDAGEM PESSOAL
REALIZADA EM RAZÃO DE O ACUSADO TER FICADO ESTÁTICO AO VISUALIZAR A
VIATURA POLICIAL. ILEGALIDADE RECONHECIDA. ILICITUDE DAS PROVAS E
AS DELAS DECORRENTES, INCLUSIVE AS OBTIDAS NA BUSCA DOMICILIAR.
ABSOLVIÇÃO DO PACIENTE.
1. A revista pessoal sem autorização judicial prévia somente pode ser realizada diante
de fundadas suspeitas de que a pessoa abordada esteja na posse de arma proibida ou de
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou, ainda, quando a medida for
determinada no curso de busca domiciliar, na forma do § 2º do art. 240 e do art. 244,
ambos do Código de Processo Penal.
2. Conforme decidido por esta Corte, no julgamento do RHC n. 158.580/BA, "c) não
satisfazem a exigência legal, por si sós, meras informações de fonte não identificada
(e.g. denúncias anônimas) ou intuições/impressões subjetivas, intangíveis e não
demonstráveis de maneira clara e concreta, baseadas, por exemplo, exclusivamente, no
tirocínio policial.
Ante a ausência de descrição concreta e precisa, pautada em elementos objetivos, a
classificação subjetiva de determinada atitude ou aparência como suspeita, ou de certa
reação ou expressão corporal como nervosa, não preenche o standard probatório de
'fundada suspeita' exigido pelo art. 244 do CPP." (RHC n. 158.580/BA, Ministro Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 25/4/2022.)
3. Considerando as circunstâncias delineadas pelas instâncias de origem, verifica-se que
não houve a demonstração de fundada suspeita apta a justificar a abordagem pessoal, a
qual foi realizada apenas em razão de impressões subjetivas dos agentes, tendo em vista
que o paciente ficou estático ao avistar a viatura policial, verificando-se, portanto, a
ocorrência de manifesta ilegalidade.
4. Como a busca pessoal foi realizada apenas com base em parâmetros subjetivos dos
agentes policiais, sem a indicação de dado concreto sobre a existência de justa causa
para autorizar a medida invasiva, vislumbra- se a ilicitude da prova, e das dela
decorrentes, inclusive a busca e apreensão domiciliar, nos termos do art. 157, caput, §
1º, do CPP.
5. Habeas corpus concedido para reconhecer a nulidade das provas obtidas mediante
buscas pessoal e domiciliar ilegal, bem como de todas as provas delas decorrentes, para,
com fundamento no art. 386, VII, do CPP, absolver o paciente.
(HC n. 891.871/SP, relator Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
Tjdft), Sexta Turma, julgado em 20/8/2024, DJe de 23/8/2024.)

1
JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM
HABEAS CORPUS. ORDEM CONCEDIDA. TRÁFICO DE DROGAS. BUSCA E
APREENSÃO DOMICILIAR. DENÚNCIA ANÔNIMA. ODOR DE ENTORPECENTE.
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. ILICITUDE DA DILIGÊNCIA. INVALIDAÇÃO DAS
PROVAS OBTIDAS. DEVOLUÇÃO AO ÓRGÃO COLEGIADO PARA RETRATAÇÃO.
DISSONÂNCIA COM O TEMA 280/STF. INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO COM AMPLA E
SUFICIENTE FUNDAMENTAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DO TEMA 339/STF.
INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO CONCESSIVO DA ORDEM MANTIDO.
1. Ausente a inobservância, por parte desta Turma, aos Temas 280 e 339/STF.
2. No tocante ao Tema 280/STF (RE 603.616), observo que não cuida especificamente da
situação analisada nos presentes autos. A orientação do Supremo Tribunal Federal,
fixada em tese de repercussão geral, tratou da necessidade de se demonstrar a presença
de fundadas razões para a entrada na residência sem autorização judicial, examinando
questão relativa à entrada forçada em domicílio, sem mandado, nos casos de crimes
permanentes, além da viabilidade de posterior controle judicial da legalidade da
investida estatal. Já no caso concreto destes, consignou o acórdão desta Sexta Turma
apenas que não estão presentes os indícios de ocorrência do crime que autorizem o
ingresso em domicílio sem mandado judicial, não havendo indicação de nenhuma
diligência investigatória preliminar apta a demonstrar elementos mais robustos da
ocorrência do tráfico no endereço, concluindo, ainda, inclusive citando precedentes
desta Corte, que a mera alegação de haver cheiro de droga exalando da residência, por
ter cunho subjetivo, não caracteriza justa causa para entrada de policiais em domicílio
alheio sem mandado judicial.
3. Com relação ao Tema 339/STF (AI 791.292), cuida da obrigatoriedade de
fundamentação das decisões judiciais. No caso destes autos, não se verifica ausência de
fundamentação no decisum.
O acórdão concessivo da ordem expressamente afirma que não houve indicação de
nenhuma diligência investigatória preliminar apta a demonstrar elementos mais
robustos da ocorrência do tráfico no endereço, naquele momento, que justificasse a
entrada forçada dos policiais, e o precedente colacionado faz referência expressa ao
entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal, objeto do Tema 280/STJ,
entendendo que, no caso concreto, não havia fundadas razões que justificassem o
ingresso forçado em domicílio.
4. Acórdão concessivo da ordem mantido, a fim de reconhecer a nulidade do
flagrante em razão da invasão de domicílio, com a determinação de retorno dos
autos à Egrégia Vice-Presidência para as providências cabíveis.
(HC n. 768.966/SE, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em
14/5/2024, DJe de 17/5/2024.)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. TRÁFICO DE DROGAS. 778


G DE MACONHA (1 TIJOLO), 55 G DE MACONHA (30 PORÇÕES) E 145 G DE
MACONHA (90 PORÇÕES). NULIDADE. BUSCA PESSOAL E INGRESSO EM

2
DOMICÍLIO, SEM MANDADO JUDICIAL, FORA DAS HIPÓTESES LEGAIS.
"NERVOSISMO" DO PACIENTE USADO PARA A BUSCA PESSOAL. ILEGALIDADE.
CONTEXTO FÁTICO ANTERIOR. JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA. PRECEDENTES.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
1. O fundamento trazido pela instância ordinária, para a busca pessoal, foi o fato de os
policiais entenderem que o paciente estaria nervoso, o que contraria o entendimento
desta Corte.
2. Anuladas todas as provas obtidas nas buscas pessoal e dentro da residência.
3. Writ não conhecido. Ordem concedida de ofício, para anular as provas obtidas
mediante busca pessoal e busca e apreensão domiciliar, bem como as provas delas
decorrentes e, em consequência, absolver o paciente das imputações feitas nos autos da
Ação Penal n. 1504670-17.2023.8.26.0320, da Segunda Vara Criminal do Foro de
Limeira/SP.
(HC n. 881.709/SP, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em
7/5/2024, DJe de 10/5/2024.)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. MAUS-


TRATOS DE ANIMAIS. MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. DECISÃO GENÉRICA. ORDEM CONCEDIDA.
1. Consoante imposição do art. 93, IX, primeira parte, da Constituição da República de
1988, "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade", exigência que funciona como
garantia da atuação imparcial e secundum legis (sentido lato) do órgão julgador. Presta-
se a motivação das decisões jurisdicionais a servir de controle, da sociedade e das
partes, sobre a atividade intelectual do julgador, para que verifiquem se este, ao decidir,
considerou todos os argumentos e as provas produzidas pelas partes e se bem aplicou o
direito ao caso concreto.
2. Na hipótese, não houve fundamentação idônea a justificar a medida de busca e
apreensão, visto que o Juízo singular não demonstrou, concretamente, nem a
presença de indícios de autoria, nem a existência de fundadas razões de que havia
alguma prática criminosa no local, muito menos a necessidade da medida, evidenciando-
se, assim, o caráter genérico da decisão. O Magistrado de primeira instância se
limitou a consignar, em abstrato, que a representação da autoridade policial era
considerada imprescindível, que havia fundadas razões da prática de tráfico de drogas
nos endereços citados e que os moradores desses imóveis estavam envolvidos em crimes
- a tornar a decisão aplicável a qualquer procedimento investigatório. Esses argumentos
são insuficientes, portanto, para suprir os requisitos constitucionais e legais de
fundamentação da cautela.
3. Ordem concedida para reconhecer a nulidade da busca e apreensão e, por
conseguinte, todos os atos dela decorrentes.
(HC n. 864.532/PI, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em
23/4/2024, DJe de 30/4/2024.)

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. REVISTA PESSOAL. AUSÊNCIA DE FUNDADA
SUSPEITA. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO FIRMADO NO RHC N. 158.580/BA.
NULIDADE RECONHECIDA. ABSOLVIÇÃO. 1. Nos termos do art. 240, § 2º, do CPP,

3
para a realização de busca pessoal pela autoridade policial, é necessária a presença de
fundada suspeita no sentido de que a pessoa abordada esteja na posse de drogas,
objetos ou papéis que constituam corpo de delito. 2. A jurisprudência desta Corte
firmou-se no sentido de que "não satisfazem a exigência legal, por si sós, meras
informações de fonte não identificada (e.g. denúncias anônimas) ou intuições e
impressões subjetivas, intangíveis e não demonstráveis de maneira clara e concreta,
apoiadas, por exemplo, exclusivamente, no tirocínio policial. Ante a ausência de
descrição concreta e precisa, pautada em elementos objetivos, a classificação subjetiva
de determinada atitude ou aparência como suspeita, ou de certa reação ou expressão
corporal como nervosa, não preenche o standard probatório de 'fundada suspeita'
exigido pelo art. 244 do CPP" (RHC n. 158.580/BA, relator Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 19/4/2022, DJe 25/4/2022). 3. Os meros informes
anônimos e o fato de o acusado ser conhecido pela polícia como frequentador de local
onde comumente ocorre tráfico de drogas, além de corroborarem apenas estereótipos,
presunções e impressões subjetivas, não constituem fundadas razões para a realização
de busca pessoal, sem a devida apuração. 4. A descoberta de objetos ilícitos a posteriori
não convalida a abordagem policial. Se não havia fundada suspeita de que a pessoa
estava na posse de droga ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, não há
como se admitir que a mera descoberta casual de situação de flagrância, posterior à
revista do indivíduo, justifique a medida. 5. Agravo regimental improvido.
(STJ, 6ª Turma, AgRg no AREsp n. 2.142.037/SP, Rel. Min. Olindo Menezes, DJe
30/09/2022 – sem destaques no original)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. ALEGAÇÃO


DE NULIDADE. PROVA ILÍCITA. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS
IDÔNEOS PARA A BUSCA PESSOAL. DETERMINAÇÃO DE DESENTRANHEMENTO.
PARECER FAVORÁVEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. DECISÃO MANTIDA.
Conforme jurisprudência consolidada no âmbito deste Superior Tribunal de Justiça, "Nos
termos do art. 244 do CPP, a busca pessoal independerá de mandado quando houver
prisão ou fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida, objetos ou
papéis que constituam corpo de delito, ou ainda quando a medida for determinada no
curso de busca domiciliar" (AgRg no AREsp n. 1.403.409/RS, Sexta Turma, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, DJe de 04/04/2019). Agravo regimental desprovido.”
(STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1.928.223, Rel. Min. Felix Fischer, DJe 04/06/2021)

TJPR:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. APELAÇÃO


CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O NARCOTRÁFICO.
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PRETENSÃO DE ALTERAÇÃO DO
FUNDAMENTO EMPREGADO NA ABSOLVIÇÃO. INTENTO DE APLICAÇÃO DO INCISO
II, DO ARTIGO 386, DO CPP. TESE DE RECONHECIMENTO DA NULIDADE DAS

4
PROVAS OBTIDAS MEDIANTE INVASÃO DE DOMICÍLIO. ACOLHIMENTO.
OFENSA AO ARTIGO 5º, INCISO XI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO QUE NÃO AUTORIZAM A AÇÃO
POLICIAL. AUSÊNCIA DE INVESTIGAÇÕES PRÉVIAS, DE MANDADO JUDICIAL E
DE FUNDADAS RAZÕES PARA O INGRESSO DOS POLICIAIS MILITARES NO
IMÓVEL. EQUIPE QUE AVISTOU DIVERSAS PESSOAS EM FRENTE A UMA
RESIDÊNCIA, QUANDO UMA DELAS EMPREENDEU FUGA PARA O INTERIOR DA
PROPRIEDADE, NA PARTE SITUADA AOS FUNDOS. INDIVÍDUO QUE NÃO FOI
ABORDADO OU MESMO LOCALIZADO. ABORDAGEM REALIZADA AOS DEMAIS QUE
SE ENCONTRAVAM NO LOCAL, ESPECIALMENTE OS ACUSADOS. AUSÊNCIA DE
ILÍCITOS ACHADOS EM BUSCA PESSOAL. POLICIAIS QUE ENTRARAM NOS FUNDOS
DA RESIDÊNCIA E LOCALIZARAM ENTORPECENTES E QUANTIA EM ESPÉCIE.
INDICATIVOS DE QUE OS ACUSADOS NÃO MORAVAM NO LOCAL, AMPARADOS
PELOS DEPOIMENTOS DE VIZINHOS QUE PRESENCIARAM A AÇÃO. INEXISTÊNCIA
DE AUTORIZAÇÃO VÁLIDA DOS MORADORES OU PROPRIETÁRIOS. JUSTA CAUSA
NÃO EVIDENCIADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA.
PRECEDENTES DAS CORTES SUPERIORES E DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
PROVAS DECLARADAS ILÍCITAS. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 157, CAPUT E § 1º, DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. ABSOLVIÇÃO DOS ACUSADOS DA PRÁTICA DO
DELITO DE TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O NARCOTRÁFICO QUE
DEVE SER AMPARADA NO ARTIGO 386, INCISO II, DO MESMO DIPLOMA LEGAL.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.I. Caso em exame
(...)
3. O artigo 5º, XI, da Constituição Federal é claro ao estabelecer que “a casa é asilo
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial”.
4. A redação da norma constitucional supracitada autoriza a violação do domicílio em
situações excepcionais, como é o caso do flagrante delito em crimes de tráfico de drogas
que, na modalidade constatada nos autos, é crime permanente, “assim compreendido
aquele cuja consumação se protrai no tempo, não se exige a apresentação de mandado
de busca e apreensão para o ingresso dos policiais na residência do acusado, quando se
tem por objetivo fazer cessar a atividade criminosa, dada a situação de flagrância,
conforme ressalva o art. 5º, XI, da Constituição Federal.” (...) (AgRg no REsp
1704746/RJ, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/03/2018,
DJe 21/03/2018).
5. De acordo com o entendimento firmado pela Corte Suprema, para legitimar a
diligência, desprovido de mandado judicial, é preciso que antes da constatação do ilícito
exista justificativa prévia, calcada na demonstração de elementos mínimos que
caracterizem fundadas razões (justa causa) para a medida. Isto é, somente quando o
contexto fático anterior permitir conclusão acerca da ocorrência de delito no interior da
residência alheia mostra-se possível a incursão policial no local sem autorização judicial.
6. Partindo do enfoque doutrinário e jurisprudencial para o exame do caso em concreto,
verifica-se que, efetivamente, não havia fundadas razões para a ação policial, embora a
diligência tenha resultado na apreensão de três tipos de entorpecentes (58 comprimidos
de ecstasy, 1,133kg de maconha e 880g de cocaína).
7. No caso concreto, ficou evidenciado que os policiais adentraram à casa sem prévia
autorização judicial e tampouco havia fundadas razões que caracterizassem situação de
flagrante, sendo motivados, exclusivamente, no fato de que um indivíduo (não localizado
e não identificado pela equipe) se evadiu para o interior da residência, de terem
realizado busca pessoal nos acusados que estavam em frente ao imóvel (com os quais
nada de ilícito foi encontrado), bem como após sentirem odor de maconha vindos do

5
interior da casa (indicando, contudo, de que já estavam dentro do terreno e não se
consubstanciaram em nenhuma outra circunstância), o que não legitima o ato,
configurando invasão de domicílio.
8. Ademais, como visto, não existiam quaisquer denúncias ou informações prévias no
sentido de que havia atividade de narcotraficância especificamente naquela residência e,
em princípio, a entrada dos policiais não foi franqueada pelos moradores/proprietários
do imóvel.
9. É entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça que a mera “fuga” do
indivíduo para o interior de um imóvel, ao perceber a presença da polícia, isoladamente,
não configura justa causa para acesso ao domicílio do suspeito. Mesma situação se
observa quanto a existência de cheiro de drogas no imóvel, baseadas em impressões
subjetivas dos policiais. IV. Dispositivo e teses
10. Recurso conhecido e provido.
Teses de julgamento: “Assim, ante a ausência de justa causa a motivar e autorizar o
ingresso dos policiais em domicílio, resulta ilícita a diligência realizada e,
consequentemente, ilegais as provas dela decorrentes, nos termos do artigo 157 do
Código de Processo Penal”
(TJPR - 4ª Câmara Criminal - 0023611-89.2019.8.16.0035 - São José dos Pinhais - Rel.:
DESEMBARGADOR CELSO JAIR MAINARDI - J. 16.12.2024)

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS (LEI N. 11.343/06, ART. 33,


CAPUT). SENTENÇA CONDENATÓRIA. INSURGÊNCIA DEFENSIVA. PRELIMINAR DE
NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS EM DECORRÊNCIA DE BUSCA PESSOAL.
ACOLHIMENTO. INEXISTÊNCIA DE FUNDADAS SUSPEITAS PRÉVIAS À
ABORDAGEM. BUSCA MOTIVADA SOMENTE NO RETORNO DO RÉU À RESIDÊNCIA
APÓS VISUALIZAR A EQUIPE POLICIAL. ELEMENTOS SUBJETIVOS E GENÉRICOS
QUE NÃO SERVEM PARA LEGITIMAR A MEDIDA. PROVA COLHIDA A PARTIR DE
ABORDAGEM CONSIDERADA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO. PRINCÍPIO DOS FRUTOS DA
ÁRVORE ENVENENADA (CPP, ART. 157). ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. DEMAIS
PEDIDOS PREJUDICADOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJPR - 4ª Câmara Criminal - 0008551-97.2019.8.16.0028 - Colombo - Rel.: MARIA
LUCIA DE PAULA ESPINDOLA - J. 16.12.2024)

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA.


RECURSO DA DEFESA. PRELIMINAR DE MÉRITO. ALEGADA NULIDADE DA BUSCA
DOMICILIAR. OCORRÊNCIA. CUMPRIMENTO DE MANDADO DE PRISÃO CONTRA A
ESPOSA DO APELANTE, ENCONTRADA NA PARTE EXTERNA DA RESIDÊNCIA E QUE
SE APROXIMOU ESPONTANEAMENTE DOS POLICIAIS, NÃO SENDO NECESSÁRIA A
ENTRADA POLICIAL NO IMÓVEL PARA O CUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL.
INEXISTÊNCIA DE MOVIMENTAÇÕES TÍPICAS DO TRÁFICO DE DROGAS OU
APREENSÃO DE SUBSTÂNCIAS ILÍCITAS EM SUA POSSE. DENÚNCIAS ANÔNIMAS
DIRECIONADAS AO APELANTE QUE, POR SI SÓS, NÃO JUSTIFICAM A BUSCA

6
DOMICILIAR, EXIGINDO EVIDÊNCIAS CONCRETAS PARA TAL MEDIDA. ENTRADA NA
RESIDÊNCIA, AINDA QUE PRECEDIDA DE AUTORIZAÇÃO PELA MORADORA,
CARACTERIZA ILEGALIDADE E DESVIO DE FINALIDADE, POIS DESPROVIDA DE
JUSTA CAUSA E DESVINCULADA DO MANDADO DE PRISÃO. AUSÊNCIA DE
ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS, VISTO QUE OS OBJETOS ILÍCITOS FORAM
ENCONTRADOS EM UM SÓTÃO, APÓS VARREDURA NO LOCAL. DECLARADA A
NULIDADE DAS PROVAS, COM A ABSOLVIÇÃO DO APELANTE POR AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE DELITIVA. RECURSO PROVIDO.
(TJPR - 3ª Câmara Criminal - 0000608-02.2020.8.16.0155 - São Jerônimo da Serra - Rel.:
DESEMBARGADOR MARIO NINI AZZOLINI - J. 15.12.2024)

APELAÇÃO – TRÁFICO DE ENTORPECENTES (L. 11.343/06, ART. 33) – ABSOLVIÇÃO –


RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – PLEITO DE CONDENAÇÃO – IMPROCEDÊNCIA
– VERIFICAÇÃO, DE OFÍCIO, DA NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS A PARTIR DA
ABORDAGEM POLICIAL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE JUSTA CAUSA PARA A
ABORDAGEM – VIOLAÇÃO AO ARTIGO 244 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL –
PROVA ILÍCITA – INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA – APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN
DUBIO PRO REO – ABSOLVIÇÃO MANTIDA POR OUTRO FUNDAMENTO
(INSUFICIÊNCIA DE PROVA DA EXISTÊNCIA DO FATO). RECURSO NÃO PROVIDO,
COM CORREÇÃO, DE OFÍCIO, DO FUNDAMENTO DA ABSOLVIÇÃO DO RÉU (DO
INCISO VII PARA O INCISO II DO ARTIGO 386 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL).
(TJPR - 5ª Câmara Criminal - 0047871-94.2022.8.16.0014 - Londrina - Rel.:
DESEMBARGADOR RUI PORTUGAL BACELLAR FILHO - J. 15.12.2024)

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