Material Estruturado - Ciências Humanas 2022-SOCIOLOGIA

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 55

Todos os direitos reservados à

Secretaria de Educação do Estado do Ceará - Centro Administrativo Governador Virgílio


Távora
Av. General Afonso Albuquerque Lima, S/N - Cambeba
Fortaleza-CE - Cep: 60.822-325
Ano de Publicação: 2021

GOVERNADORA
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretária da Educação Eliana Nunes Estrela


Secretária Executiva de Ensino Maria Jucineide da Costa Fernandes
Médio e da Educação Profissional
Assessora Especial de Gabinete Ana GardennyaLinard Sírio Oliveira
Assessora Especial de Gabinete Maria Elizabete de Araújo
Coordenadora de Educação em Gezenira Rodrigues da Silva
Tempo Integral
Coordenadora de Protagonismo Gilgleane Silva do Carmo
Estudantil
Coordenadora de Gestão Pedagógica Ideigiane Terceiro Nobre
do Ensino Médio
Coordenadora de Avaliação e Kelem Carla Santos de Freitas
Desenvolvimento Escolar para
Resultados de Aprendizagem
Coordenadora de Diversidade e Nohemy Rezende Ibanez
Inclusão Educacional
Coordenador da Educação Rodolfo Sena da Penha
Profissional
Coordenadora Estadual de Formação Vagna Brito de Lima
Docente e Educação a Distância
Cientista-Chefe da Educação Jorge Herbert Soares de Lira
HISTÓRIA
HISTÓRIA
TEMPO, CULTURA E MEMÓRIA

“A cultura histórica tem o objetivo de manter viva a consciência que


a sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu
presente, ou melhor, de si mesma.”
Benedetto Croce

Nesta aula, você aprenderá...

 sobre a construção do conhecimento histórico a partir dos conceitos de


tempo e de fonte histórica;
 acerca da importância da memória como elemento que reúne uma nação
ou comunidade através da identidade e sobre os conflitos relacionados à
conservação ou à exclusão de memórias coletivas nas narrativas históricas;
 a identificar a importância do patrimônio cultural na preservação da
memória e na construção das identidades coletivas.

Para começo de conversa

Tempo, cultura e memória

Como nos tornamos o que somos enquanto indivíduos e como sociedade?


O que herdamos de gerações e de organizações sociais anteriores a nós e o que
deixaremos de legado às próximas? Essas reflexões nos permitem pensar sobre
um conceito que inquieta o ser humano: o tempo. Mas, o que é o tempo?
SOCIOLOGIA
A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA

“A Sociologia nasceu do ardor moderno para melhorar a sociedade.”


Albion W. Small

Nesta aula, você aprenderá...

 a Sociologia enquanto disciplina científica e o seu diálogo com as demais


ciências;
 relacionar o conhecimento científico às conquistas da humanidade em
diversos campos do saber.

Para começo de conversa

SOCIOLOGIA: UM CONHECIMENTO DE TODOS

A Sociologia se caracteriza como uma ciência voltada para o pensamento e


reflexão sobre a vida em sociedade, se constituindo numa ferramenta importante
para nos ajudar a entender o mundo em que vivemos e os problemas sociais que
nos afetam, pois existem muitas coisas que acontecem na sociedade que nos
atingem diretamente. Muitas pessoas não sabem (e não se preocupam em saber)
como e porque determinadas coisas mexem com suas vidas. Vejamos: Você
deixaria alguém decidir o que fazer com o seu dinheiro? Pois é isso que acontece
quando não fiscalizamos os políticos que elegemos, eles decidem o que fazer com
o dinheiro público que é nosso, dinheiro dos nossos impostos que poderiam ser
melhor investidos em sua escola, no posto de saúde, por exemplo. Você deixaria
alguém pensar por você? Pois é isso que a televisão faz quando diz como você tem
que ser, agir, se vestir, o que consumir. Você já pensou o quanto a propaganda
veiculada na mídia manipula nossas vidas?
O que estamos propondo aqui é que todos nós podemos ir além do que já
sabemos, ou “achamos” saber sobre nossa sociedade. E o papel da Sociologia é
nos ajudar nesse sentido: percebermos, por exemplo, que fatos considerados
naturais na sociedade, como a miséria de muitos, o enriquecimento de poucos, os
crimes, os suicídios, enfim, a dinâmica e a organização social podem não ser tão
naturais assim. As “lentes” sociológicas nos ajudam a ver nossa sociedade de
maneira muito mais crítica e com base científica
Disponível em: <http://pibidsociologiajarbaspassarinho.blogspot.com/p/producao-de-material-
didatico.html?m=1>. Acesso em: 02 nov. 2021.

Dialogando com a sociedade

Olá! Você já ouviu falar sobre os diversos tipos de conhecimentos


existentes? Se sim, muito bem! Porém, o foco que teremos nesse módulo se
baseará em saber diferenciar o conhecimento científico do senso comum e em
seguida conhecer a sociologia, um componente que está presente na grade
curricular dos três anos do Ensino Médio. O conhecimento científico se baseia em
evidências, fatos, pesquisas; enquanto o senso comum são conhecimentos do
cotidiano das pessoas, os quais não necessitam de pesquisas e nem evidências[...]
“julgam-se coisas ou fatos específicos como se fossem coisas ou fatos universais
''(Oliveira, 2007, p.26). Resumindo, em falsas certezas sem nenhuma
fundamentação científica, como exemplo, você já deve ter recebido mensagem no
whatsapp falando que beber muita água e fazer gargarejo com água morna, sal e
vinagre previne o coronavírus, ou mensagens no facebook dizendo que a terra é
plana, e quem nunca ouviu sobre que comer manga e beber leite a pessoa pode
morrer? Quando você tem contato com esses tipos de mensagens, repassa para
outras pessoas sem questionar a veracidade delas? Ou busca se informar,
pesquisar se são fontes verdadeiras e comprovadas cientificamente? Bem, essas
mensagens demonstram o quanto estamos imersos por falsas notícias que são
enviadas como verdadeiras.

Diante dessa diferenciação entre conhecimento científico e senso comum,


agora vamos conhecer um pouco sobre uma ciência a qual é bastante nova. Esta
ciência é a Sociologia.
O que é sociologia? A sociologia é formada por duas palavras: socius, que
em latim significa sócio, social; e logos, que em grego significa estudo. Desse
modo, a Sociologia poderia ser resumida em “o estudo da sociedade”, mas vai
muito além. Assim sendo, os sociólogos têm interesses nas diversas maneiras que
os indivíduos, as sociedades, os grupos se comportam e como são moldados.

Como identificar um conhecimento científico em sociologia? Primeiro, é


necessário identificar um problema da sociedade. Consecutivo a isso, fazer a
observação desse problema envolvendo os indivíduos e as relações sociais. E em
seguida, formular hipóteses e conseguir explicar o porquê de determinado fato
acontecer.

Se eu perguntar para você por que o desemprego está em alta no país, você
saberia me responder com uma análise sociológica? Para que haja uma resposta
plausível, vamos nos apropriar da imaginação sociológica de Charles Wright
Mills, a quem se baseia em pensar sobre os fenômenos que acontecem na
sociedade de modo mais universal e não somente com suas opiniões pessoais. Seu
olhar sobre tudo vai ser diferenciado, e diante dessa imaginação sociológica,
pode- se pensar sobre o desemprego. Ao olhar a realidade com dados estatísticos,
pesquisas com desempregados para saber os principais motivos que levaram ao
desemprego, em seguida com as hipóteses formuladas, podemos observar que
diante de uma crise política, sanitária, econômica e social tende aumentar o
desemprego no país.

A sociologia como ciência é recente. Está ligada ao conjunto de mudanças


ocorridas nos séculos XVIII e XIX na Europa, tais como: a Revolução francesa e a
Revolução Industrial, e essas transformações proporcionaram a libertação do
pensamento dos dogmas medievais e o surgimento do capitalismo.

A sociologia é constituída como ciência a partir da segunda metade do


século XIX. Augusto Comte foi o grande precursor do termo “Sociologia” na Obra
“Curso de Filosofia”.

Outros três sociólogos inovadores com abordagens diferentes de análises e


interpretação do comportamento social foram responsáveis pela definição de
pautas no século XX. Esses clássicos da sociologia são: Karl Marx, Émile
Durkheim e Max Weber. “Cada um deles identificou um aspecto diferente da
modernidade como o principal fator na criação da ordem, da desordem e da
mudança social” (Thorpe, 2016, p.13). Marx era filósofo, economista materialista
que teve como foco o crescimento do capitalismo, e também na luta de classes; já
Max Weber, com a secularização e a racionalização da sociedade moderna; e por
último, Émile Durkheim com a divisão do trabalho, fato social.

A sociologia proporciona tornar um aluno que pense de forma científica a


realidade da qual ele faz parte, assim como podendo construir seus pensamentos
sobre o meio em que vive. Esse componente foi e sempre será necessário no
currículo, pois faz com que os discentes se desenvolvam como seres capazes de
estudar cientificamente os fenômenos sociais que estão na sociedade, podendo
transformá-la.

Diferencie conhecimento do senso comum para o conhecimento científico.


Cite exemplos de cada.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Como surgiu a Sociologia? Ela é importante para se pensar a realidade


social? Por quê?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

De acordo com o texto “Dialogando com a Sociedade”, crie memes que


expliquem alguns conceitos abordados. Você pode utilizar desenhos, colagens,
fotos, etc. ou criar de forma online com seu celular.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Sugestões de aplicativos para gerar memes


Disponível em:
<https://www.meupositivo.com.br/doseujeito/dicas/aplicativo-para-fazer-memes/>. Acesso em:
30 out. 2021.

Ao estudar sobre o conhecimento científico e senso comum, aprendemos


que precisamos saber verificar se de fato as informações que são disponibilizadas
são verídicas. A proposta de intervenção é você pesquisar sobre determinada
notícia que está em voga na mídia e verificar se essa notícia é verdadeira ou não.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Detector de notícias falsas.


Disponível em: <https://senadofederal.tumblr.com/post/112780976282/como-identificar-
noticias-falsas>. Acesso em: 30 out. 2021.

Observe a imagem abaixo e aplique a imaginação sociológica de Mills, o


qual ressalta a “habilidade de conectar história e biografia e as relações entre elas
na sociedade”. Identifique o problema, veja se ele é pessoal ou social, em seguida
reflita, faça a análise e questione.

Disponível em:
<https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/05/23/como-a-fome-deixa-19-
milhoes-de-brasileiros-mais-vulneraveis-a-covid-19-nao-ha-sistema-imune-que-resista.ghtml>.
Acesso em: 29 out. 2021.
E cai no ENEM?

01. (Enem 2016) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e
das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma
parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades
em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente
tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode
chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo,
generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de
nenhum tipo de prova.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com


base na

a) vinculação com a filosofia como saber unificado.


b) reunião de percepções intuitivas para demonstração.
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.
e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.

02. (Enem 2017) A moralidade, Bentham exortava, não é uma questão de


agradar a Deus, muito menos de fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a
tentativa de criar a maior quantidade de felicidade possível neste mundo. Ao
decidir o que fazer, deveríamos, portanto, perguntar qual curso de conduta
promoveria a maior quantidade de felicidade para todos aqueles que serão
afetados.
RACHELS, J. Os elementos da filosofia moral. Barueri-SP: Manole, 2006.

Os parâmetros da ação indicados no texto estão em conformidade com uma

a) fundamentação científica de viés positivista.


b) convenção social de orientação normativa.
c) transgressão comportamental religiosa.
d) racionalidade de caráter pragmático.
e) inclinação de natureza passional.

03. (Enem 2019) A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma
política para todos constituiu-se uma das mais importantes conquistas da
sociedade brasileira no século XX. O SUS deve ser valorizado e defendido como
um marco para a cidadania e o avanço civilizatório. A democracia envolve um
modelo de Estado no qual políticas protegem os cidadãos e reduzem as
desigualdades. O SUS é uma diretriz que fortalece a cidadania e contribui para
assegurar o exercício de direitos, o pluralismo político e o bem-estar como valores
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme prevê a
Constituição Federal de 1988.
RIZZOTO, M. L. F. et al. Justiça social, democracia com direitos sociais e saúde: a luta
do Cebes. Revista Saúde em Debate, n. 116, jan.-mar. 2018 (adaptado).

Segundo o texto, duas características da concepção da política pública analisada


são:
a) Paternalismo e filantropia.
b) Liberalismo e meritocracia.
c) Universalismo e igualitarismo.
d) Nacionalismo e individualismo.
e) Revolucionarismo e coparticipação.

04. (Enem PPL 2019) O conhecimento é sempre aproximado, falível e, por


isso mesmo, suscetível de contínuas correções. Uma justificação pode parecer
boa, num certo momento, até aparecer um conhecimento melhor. O que define a
ciência não será então a ilusória obtenção de verdades definitivas. Ela será antes
definível pela prevalência da utilização, por parte dos seus praticantes, de
instrumentalidades que o campo científico forjou e tornou disponíveis. Ou seja,
cada progressão no conhecimento que mostre o caráter errôneo ou insuficiente
de conhecimentos anteriores não remete estes últimos para as trevas exteriores
da não ciência, mas apenas para o estágio de conhecimentos científicos
historicamente ultrapassados.
ALMEIDA, J. F. Velhos e novos aspectos da epistemologia das ciências sociais.
Sociologia: problemas e práticas, n. 55, 2007 (adaptado).

O texto desmistifica uma visão do senso comum segundo a qual a ciência consiste
no(a)

a) conjunto de teorias imutáveis.


b) consenso de áreas diferentes.
c) coexistência de teses antagônicas.
d) avanço das pesquisas interdisciplinares.
e) preeminência dos saberes empíricos.

Nesta aula, eu aprendi...

Organize por ordem de aprendizado a tabela referente aos conhecimentos


apreendidos:

ORDEM POR APRENDIZADO CONHECIMENTOS APREENDIDOS

6
7

REFERÊNCIAS

BODART, Cristiano das Neves. Charge, Cartoon, Tirinha e Histórias em


Quadrinhos (HQ) na aula de Sociologia. Disponível em:
<https://cafecomsociologia.com/usando-charge-cartoon-tirinha-e-historias-em-
quadrinhos-hq-na-aula-de-sociologia/>. Acesso em: 28 out. 2021.

MILLS, C. W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

OLIVEIRA, Luiz Fernandes; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para
jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Editora Novo Milênio, 2007.

THORPE, Christopher (et. al.). O livro da sociologia. São Paulo: Globo livros,
2ª edição, 2016.
CULTURAS

“A cultura é a lente através da qual o homem vê o mundo.”


Ruth Benedict

Nesta aula, você aprenderá...

 o conceito antropológico de Cultura;


 apresentação dos elementos culturais da sociedade;
 definições de patrimônio cultural material e imaterial;

Para começo de conversa

Qual o conceito de cultura? Introdução aos estudos culturais

Por Roniel Sampaio Silva

No entendimento do senso comum, o conceito de cultura é tido como um


gosto cultural refinado, erudito, o qual marca determinada pessoa num patamar
de status maior que as demais. Quem está mais próximo desse patamar é tido
como mais civilizado. Tal associação se dá por conta da semelhança da palavra
alemã Kultur, que quer dizer altas formas de manifestação artística. No entanto,
cultura não é somente os gostos. A cultura vai além disso. Vamos tentar
conceituá-la? Para tanto, é necessário entender que cultura é o objeto de estudo
de uma ciência social chamada Antropologia (Antros, homem. Logia, Ciência,
embora não sendo estudada apenas por ela. Sociologia, Geografia, Artes,
Literatura, História, e outras, também se apropriam do entendimento. Para
Lakatos, cultura tem um significado amplo: “engloba os modos comuns e
aprendidos da vida, transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade” [...].

SILVA, Roniel Sampaio. Disponível em: <cafecomsociologia.com/conceito-de-cultura-


sociologia/>. Acesso em: 25 nov. 2021.
Dialogando com a sociedade

Patrimônio cultural material e imaterial

Quando se fala em patrimônio, traz à tona o significado de proteção e


conservação. A constituição de 1988, em seu artigo 216, conceitua patrimônio
cultural. Ele se divide entre material e material. O IPHAN – Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, autarquia federal, criado em 1937, é
responsável pela preservação e divulgação do patrimônio material e imaterial do
Brasil. Ele categoriza o material em: sítios arqueológicos, elementos históricos,
belas artes, artes aplicadas. E o imaterial em: ofício ou saberes, celebrações,
formas de expressões, lugares. Enquanto os materiais são tombados pelo IPHAN,
o imaterial é registrado. A partir de 2003 a UNESCO começou a registrar os
imateriais. Isso pode ser considerado uma tentativa de quebra do elitismo que
estava dominando o que se entendia como patrimônio, em detrimento de
algumas culturas populares.

Sob o aspecto sociológico, destacamos no Brasil, as festas que são


simbólicas e históricas, onde se rememora o passado, realizando um
reconhecimento cultural e popular. Contudo, a instituição do dia nacional do
índio, por exemplo, não categorizou de fato o reconhecimento da cultura
indígena, mas uma visão estereotipada, e se percebe isso quando se comemora
nas escolas de forma artificial e simplista sobre sua realidade.

Para entender sobre patrimônio cultural, se faz necessário conhecer alguns


conceitos. O Patrimônio cultural é associado à identidade e à memória de um
povo. É preciso conservar, proteger esses bens para que traços identitários não
desapareçam. A identidade é o sentimento de vínculo coletivo que permite a
identificação do indivíduo com a comunidade. Segundo Jean-Claude Kaufmann,
a identidade é um “processo que permite dar um sentido à vida”. A memória é
uma representação, preservação, evocação e atualização de informações do
passado. Destacam-se os memoriais, espaços para reflexão, de forte caráter
pedagógico, pois deve-se aprender com os erros do passado a fim de não repeti-
los.
E o que é cultura? Todas as marcas que uma sociedade deixa é cultura, a
linguagem, a religião, as regras, as normas e hábitos. Por isso não existe povo sem
cultura. Na Sociologia frequentemente utilizamos o termo “relativismo cultural”.
É a atitude de olhar uma cultura ou um elemento cultural compreendendo que os
indivíduos são levados a terem um modo de vida específico e particular. No final
do século XIX, a fim de rechaçar o etnocentrismo e o positivismo, a ideia de
relativismo cultural tornou-se forte com as obras de Franz Boas (1858-1942). A
filósofa Marilena Chauí em seu livro “Convite à filosofia”, diz que um relativismo
cultural exagerado pode ocasionar na normalização de comportamentos e hábitos
culturais desumanos. O relativismo cultural é a forma de se estudar cultura sem o
etnocentrismo. Entendendo este por acreditar que a minha cultura e etnia é
superior à do outro. Com o século XX, a visão etnocêntrica foi revista por
Malinowski e Claude Lévi-Strauss, os quais reconheceram a importância da
diversidade cultural.

Nossa miscigenação, afinal somos constituídos de muitos povos,


caracteriza-nos com uma diversidade cultural. O que deveria ser encarado como
riqueza é para muito motivo de conflitos étnico-raciais, pois alguns pensam que
são superiores aos outros conseguindo privilégios econômico e social, colocando
amarras sociais que perduram até hoje, inviabilizando que outros povos vivam
com dignidade, é o caso do etnocentrismo europeu sobre o povo negro. Assim
deve-se trabalhar a matriz africana, sua rica cultura e a importância da sua
história no Brasil. Também a questão indígena, devendo-se mostrar sua
realidade, o massacre que vem ocorrendo com seu povo e seu território. Grupos
sociais diferentes podem sim e devem viver harmoniosamente. Na diversidade,
cada povo tem o seu valor e temos que respeitar esses hábitos diversos, até
porque em um país democrático, essa diversidade é garantida em lei. As
dificuldades em se perceber que os brasileiros são formados pela mistura de
vários povos, e também o fato de se achar superior aos outros nos leva a
preconceitos como o racismo, que deve ser fortemente combatido. O
etnocentrismo pode relacionar-se com o racismo, a xenofobia e a intolerância.

Atualmente, vivemos um momento de total descaso com a memória,


identidade, cultura de nosso país, a falta de investimento e cuidado com o nosso
patrimônio se mostra com os incêndios que vêm ocorrendo, seja com o Museu
Nacional do Rio, em 2018 ou com a Cinemateca Brasileira, em 2021. Nossa
história vem sendo contínua e impiedosamente aniquilada.

Conversando com o texto

Você sabia que o forró, a roda de capoeira fazem parte de nosso


patrimônio cultural? Descubra e reflita sobre aspectos do patrimônio cultural de
sua cidade ou bairro. Em seguida, cite conceitos encontrados no texto dialogando
com o pensamento e dê exemplos de alguns patrimônios, seja material ou
imaterial da sua cidade ou país.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Disponível em:
<https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&ccid=Chn%2f8m%2fV&id=A2CED15916
9C3D0D3E71CADE72A29053F15B2865&thid=OIP>. Acesso em: 30 jul. 2021.

Após observar e analisar a charge acima, pesquise e escreva uma lista de


patrimônios do Brasil que incendiaram e explique por que você acha que isso
aconteceu.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Proposta de Intervenção Social: a cultura material, como a imaterial, está
presente na sua cidade, no bairro, no sítio, sertão, serra, litoral, etc. Aproveite o
local que você mora para realizar esta intervenção, na qual você irá observar os
patrimônios existentes e fazer a diferenciação entre eles. Pode ser registrado
através de fotos, vídeos ou desenhos. Logo em seguida, use as redes sociais para
divulgação desses patrimônio para as comunidades.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Desafie-se

Praticando

ANEDOTA BÚLGARA

Era uma vez um czar naturalista

que caçava homens.

Quando lhe disseram que também se

caçam borboletas e andorinhas,


ficou muito espantado

e achou uma barbaridade.

(Carlos Drummond de Andrade, "Alguma poesia”)

O poema acima promove uma discussão sobre identidade e alteridade,


destacando um choque cultural, onde se percebem duas visões de mundo
opostas. Sendo assim, conceitue identidade e alteridade e, em seguida, cite
exemplos de patrimônios culturais materiais e imateriais do Brasil e de
outro país.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

E cai no ENEM?

01. (Enem Digital 2020)


A carroça sem cavalo

Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido


pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos barulhos estranhos. Os moradores da
cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de Santa Catarina, foram
acordados de madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de
casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroça andando sem
cavalo e sem ninguém puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos
barulhentos, como panelas, bules, inclusive alguns objetos amarrados do lado de
fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que um
carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites
de manifestação da assombração, a carroça saía de um nevoeiro, assustava a
população e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.

Disponível em: <www.gazetaonline.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).


Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem
uma função social específica, esse texto tem por função:

a) abordar histórias reais.


b) informar acontecimentos.
c) questionar crenças populares.
d) narrar histórias do imaginário social.
e) situar fatos de interesse da sociedade.

02. (Enem 2019)

Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa um conflito


entre culturas e sua presença em museus decorrente da:

a) valorização do mercado das obras de arte.


b) definição dos critérios de criação de acervos.
c) ampliação da rede de instituições de memória.
d) burocratização do acesso dos espaços expositivos.
e) fragmentação dos territórios das comunidades representadas.

03. (Enem 2016) Participei de uma entrevista com o músico Renato Teixeira.
Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a música sertaneja antiga
e a atual. A resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença alguma. A
música caipira sempre foi a mesma. É uma música que espelha a vida do homem
no campo, e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida no
campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz exalava uma solidão, um certo
distanciamento do país “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje, no
interior conectado, globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem
ou para o mal, a música reflete seu próprio tempo.

BARCINSKI. A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012
(adaptado).

A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto socioeconômico


do atual campo brasileiro:

a) crescimento do sistema de produção extensiva.


b) expansão de atividades das novas ruralidades.
c) persistência de relações de trabalho compulsório.
d) contenção da política de subsídios agrícolas.
e) fortalecimento do modelo de organização cooperativa.

04. (Enem PPL 2020) As canções dos escravos tornaram-se espetáculos em


eventos sociais e religiosos organizados pelos senhores e chegaram a ser cantadas
e representadas, ao longo do século XIX, de forma estereotipada e depreciativa,
pelos blackfaces dos Estados Unidos e Cuba, e pelos teatros de revista do Brasil.
As canções escravas, sob a forma de cakewalks ou lundus, despontavam
frequentemente no promissor mercado de partituras musicais, nos salões, nos
teatros e até mesmo na nascente indústria fonográfica – mas não
necessariamente seus protagonistas negros. O mundo do entretenimento e dos
empresários musicais atlânticos produziu atraentes diversões dançantes com
base em gêneros e ritmos identificados com a população negra das Américas.

ABREU, M. O legado das canções escravas nos Estados Unidos e no Brasil: diálogos
musicais no pós-abolição. Revista Brasileira de História, n. 69, jan.-jun. 2015.

A absorção de elementos da vivência escrava pela nascente indústria do lazer,


como demonstrada no texto, caracteriza-se como:

a) ação afirmativa.
b) missão civilizatória.
c) desobediência civil.
d) apropriação cultural.
e) comportamento xenofóbico.

Nesta aula, eu aprendi...

Faça a sua auto avaliação, marcando um X na coluna sobre o nível de


aprendizagem referente aos conteúdos estudados.

MAIS OU
CONTEÚDOS SIM MENOS NÃO

Pesquisei em outras fontes além


deste material para me
aprofundar no assunto.

Percebi que aprendi algo novo.

Gostei de estudar sobre o


assunto.

Aprendi novos conceitos da


sociologia.

Aprendi sobre etnocentrismo,


identidade, memória.

Aprendi sobre relativismo


cultural.

Aprendi sobre patrimônio


cultural.
REFERÊNCIAS

BODART, Cristiano das Neves. O que é relativismo cultural. Blog Café com
Sociologia. 2016. Disponível em: <Relativismo cultural: um dos conceitos mais
importantes da Antropologia (cafecomsociologia.com)>. Acesso em: 30 jul. 2021.

GÂNDAVO, Pero Magalhães. A primeira história do Brasil: história da


província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro:
Zahar, 2004.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral. 7ª


ed. Atlas: São Paulo, 2010.

ROCHA, Everardo Pereira Guimarães. O que é etnocentrismo?. Col.


Primeiros Passos. 5. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1988, 5, p.

PORFÍRIO, Francisco. Etnocentrismo. Brasil Escola. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/etnocentrismo.htm>. Acesso em: 31
jul. 2021.
O ETNOCENTRISMO E O RELATIVISMO CULTURAL

“O etnocentrismo é uma atitude muito generalizada, talvez mesmo


universal.”
Ruth Benedict

Nesta aula, você aprenderá...

 o conceito de alteridade e relativismo cultural;


 estabelecer o contraponto para a questão do etnocentrismo.

Etnocentrismo na escola

Estava numa certa aula de sociologia, cuja temática era sobre o


etnocentrismo. Ao explicar para os discentes sobre o conceito de etnocentrismo,
sendo um conceito que enxerga o mundo por um viés discriminatório que coloca
o outro como inferior em todos os aspectos. As sociedades e os diversos períodos
históricos vivenciaram diversos tipos de preconceitos etnocêntricos, tais como:
racismo, holocausto, xenofobia, Apartheid, etc. Com isso, pergunto aos discentes
da sala se conseguem descrever algum ato etnocêntrico presenciado na escola ou
em outro espaço. Um discente levanta a mão e menciona que os alunos que
moram na cidade têm preconceito com os discentes que moram na zona rural. O
aluno explicou que no turno matutino grande parte do alunado mora na zona
urbana. Enquanto, no turno vespertino, grande parte dos discentes vem de
localidade da zona rural. Ele continua explicando que existe etnocentrismo por
parte de alguns alunos da manhã, quando relatavam que jamais iriam estudar no
período da tarde, pois era um povo matuto e com baixa aprendizagem, além de
não ter cultura. Na época, fiquei surpresa com este relato de algo que não tinha
observado acontecendo, talvez por ser uma professora recém-chegada na escola.
Enfim, para mudar esta realidade foi feito uma intervenção para a desconstrução
desses pensamentos absurdos, foi um trabalho necessário para que os alunos
entendessem que não existe cultura superior ou inferior, o que existe, são
culturas, no plural e todas são importantes e merecem respeito.

SOUSA, Vanderlucia. Diário de campo da professora. Tianguá, 2018.

Dialogando com a sociedade

O etnocentrismo é um preconceito que determinada cultura de tal


região incute na mente das pessoas. Pode ser através de valores e normas daquela
cultura. Sendo assim, essa cultura dita o que é errado de outra cultura; se
colocando, portanto, como superior às outras. O etnocentrismo julga outros
povos e culturas pelos seus próprios padrões culturais para então identificar se os
costumes, valores e normas são corretos. Quando estes sujeitos se identificam
com sua sociedade faz com que rejeite outras. Esses sujeitos, portanto, irão
colocar defeitos no idioma, nos alimentos, na vestimenta, nos deuses que outro
cultua. O preconceito etnocêntrico não deve ser utilizado como atitudes
inocentes, pois nunca serão. Sempre serão maldosos, pois traz negação do outro.
Um exemplo foi Hitler com sua famigerada “limpeza étnica" e como ressalta
Meneses (1999, p.20) “[...] nosso século se destacou por seus etnocídios e
massacres”. O etnocentrismo utilizou-se da rejeição do outro para dominação,
assim aconteceu com muitos europeus ao chegar em outras na época de
colonização. A ideia não era tirar a vida daquele outro (os nativos), mas implantar
na mente deles que eles eram diferentes e que essa diferença seja cultural ou em
todos os aspectos da forma de organização social era inferior a sua tida por eles
como “civilizados”. Tanto que nessa época exaltava a supremacia da cristandade e
sua missão de catequizar os nativos, de modo que deixassem de cultuar seus
deuses, pois era tido como algo pagão e sobre o domínio de satanás e a todo custo
eles precisavam ser libertos disso. Uma outra ideologia etnocêntrica de acordo
com Meneses (1999, p.20) “[...] foi o evolucionismo cultural”. Desse modo,
constrói uma escala que o europeu ocupa o lugar mais alto, os povos inferiores
têm que percorrer etapas ou estágios que direcionam para a sociedade e cultura
mais perfeita que seria, portanto a europeia.
Para combater o etnocentrismo surgiu o relativismo cultural -
predomina hoje entre os antropólogos, acreditam que não há culturas superiores.
Desse modo, a avaliação cultural pela cultura específica, sendo assim, os valores
das diversas culturas é sempre relativo. O Relativismo cultural foi uma
abordagem crítica ao etnocentrismo e dessa forma virando a chave da
antropologia e também para o conceito de cultura. Hoje a cultura pode ser
pensada, como algo que define o ser humano como ser humano, ao que cada
sociedade passa a produzir cultura e cada uma com suas especificidades e
peculiaridades. Portanto, tudo aquilo que é criado pelo homem em sociedade e
cultura. Exemplos: músicas, danças, habilidades de escrever.

É o entendimento de que não há valores ou normas que são absolutos,


portanto não podendo avaliar a cultura do outro a partir da minha concepção
cultural, as culturas não são xerox umas das outras. Relativismo cultural afasta o
olhar julgador para outras culturas como inferior, atrasada, demoníaca, etc. Não
existe uma cultura melhor ou pior, apenas existem culturas e cada uma possui
suas particularidades e especificidades. Quando olhar o outro, não olhar a partir
da nossa cultura, com nossos valores e normas. Desse modo, a cultura do outro
tem sentido a partir do olhar dele próprio. Com o relativismo cultural existe a
possibilidade de distanciar os preconceitos, discriminação, intolerância, por isso
que ele é contrário ao etnocentrismo.

Conversando com o texto

Observe a charge e responda às questões 1 e 2.


Disponível em: <https://historiaparao6ano.wordpress.com/2015/03/18/o-que-e-
etnocentrismo/>. Acesso em: 1º nov. 2021.

De acordo com a imagem, explique o conceito de cultura.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Explique o termo etnocentrismo.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Desafie-se

Construa um texto sobre a cultura do seu município. Descreva os detalhes


da comida, danças, músicas, vestimentas, etc. Depois da construção do texto,
encontre formas de divulgação da cultura local.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Praticando

EM13CHS104

Retrato de uma princesa desconhecida

Para que ela tivesse um pescoço tão fino

Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule

Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos


Para que a sua espinha fosse tão direita

E ela usasse a cabeça tão erguida

Com uma tão simples claridade sobre a testa

Foram necessárias sucessivas gerações de escravos

De corpo dobrado e grossas mãos pacientes

Servindo sucessivas gerações de príncipes

Ainda um pouco toscos e grosseiros

Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente

Para que ela fosse aquela perfeição

Solitária exilada sem destino

ANDRESEN, S. M. B. Dual. Lisboa: Caminho, 2004. p. 73

Esse poema expressa o etnocentrismo ou relativismo? justifique sua resposta

________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

E cai no ENEM?

01. (EM13CHS104 - Enem 2021) Um dos resquícios franceses na dança são os


comandos proferidos pelo marcador da quadrilha. Seu papel é anunciar os
próximos passos da coreografia. O abrasileiramento de termos franceses deu
origem, por exemplo, ao saruê (soirée - reunião social noturna, ordem para todos
se juntarem no centro do salão), anarriê (enarrière - para trás) e anavã (en avant
— para frente).
Disponível em: <www.ebc.com.br>. Acesso em: 6 jul. 2015.
A característica apresentada dessa manifestação popular resulta do seguinte
processo socio-histórico.

a) Massificação da arte erudita.


b) Rejeição de hábitos elitistas.
c) Laicização dos rituais religiosos.
d) Restauração dos costumes antigos.
e) Apropriação de práticas estrangeiras

02. (EM13CHS104 – Enem 2016) Hoje, a indústria cultural assumiu a


herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco
desenvolverá uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres
para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização
histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas.
Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica,
revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a
mesma coisa.
ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de
Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto,


é um(a)

a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.

03. (EM13CHS104 - Enem 2017) Muitos países se caracterizam por terem


populações multiétnicas. Com frequência, evoluíram desse modo ao longo de
séculos. Outras sociedades se tornaram multiétnicas mais rapidamente, como
resultado de políticas incentivando a migração, ou por conta de legados coloniais
e imperiais.
GIDDENS. A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).
Do ponto de vista do funcionamento das democracias contemporâneas, o modelo
de sociedade descrito demanda, simultaneamente,

a) defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo.


b) universalização de direitos e respeito à diversidade.
c) segregação do território e estímulo ao autogoverno.
d) políticas de compensação e homogeneização do idioma.
e) padronização da cultura e repressão aos particularismos.

04. (Enem 2018) Outra importante manifestação das crenças e tradições


africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A
insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de
proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos
núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc.
Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente
nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas
também homens brancos.
CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para
ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013 (adaptado).

A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto representava


um(a)

a) expressão do valor das festividades da população pobre.


b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.
c) estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.
d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.
e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.

Nesta aula, eu aprendi...


Faça a sua autoavaliação marcando um X na coluna sobre o nível de
aprendizagem referente aos conteúdos estudados.
MAIS OU
CONTEÚDOS SIM MENOS NÃO

Pesquisei em outras fontes além deste


material para me aprofundar no
assunto.

Percebi que aprendi algo novo.

Gostei de estudar sobre o assunto.

Aprendi novos conceitos da


sociologia.

Aprendi sobre etnocentrismo,


identidade, memória.

Aprendi sobre relativismo cultural.

Aprendi sobre patrimônio cultural.

REFERÊNCIAS

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral. 7ª


ed. Atlas: São Paulo, 2010.
INDIVÍDUO X SOCIEDADE

A relação de indivíduo e sociedade


Emile, Marx Weber, Karl Max

Nesta aula, você aprenderá...

 apresentar a relação entre indivíduo e sociedade como central para a


Sociologia;
 compreender a estrutura e os padrões sociais;
 compreender os conceitos de fato social, ação social e classes sociais.

Pensamentos de Durkheim, Marx e Weber, analisando a relação entre


indivíduos e sociedade.

Para Emile Durkheim, a sociedade é um todo harmônico, onde existe um


bem comum. É como um corpo em funcionamento, onde cada indivíduo é uma
parte da sociedade. Mais que uma soma, a sociedade é uma síntese. Portanto, a
vida não está no todo e sim nas partes. Considerando que o ser vive em uma
sociedade plural, onde existem diferentes raças, culturas, valores, conhecimentos,
padrões sociais, estilos e maneiras de agir. Nesse cenário, o comportamento
humano é influenciado diretamente por aqueles que se encontram ao seu redor,
assim, vive-se em uma sociedade em que as ações individuais se definem, mas
pela forma que a sociedade quer que o mundo seja visto do que pela maneira
individual de ver o mundo. A sociedade é superior aos indivíduos, ela existe
independentemente do indivíduo, e este é simples receptor das regras sociais.

Durkheim fundamenta sua teoria a partir do método Funcionalista,


comparando a sociedade com um organismo vivo, onde os órgãos trabalham em
função da harmonia de todo o organismo. Quando um fato põe em risco a
evolução, a coesão social, estamos diante de uma sociedade doente. Ele conceitua
dois tipos de solidariedade: mecânica e orgânica. A solidariedade mecânica existe
em sociedades primitivas em que a consciência coletiva é bastante enfática nos
habitantes bem como a sociedade é coesa, isto é, os habitantes têm em comum as
crenças, hábitos e valores. A solidariedade orgânica pode ser encontrada nas
sociedades modernas complexas em que é acentuada a divisão do trabalho social
e em que a sociedade é fragmentada.

Para Max Weber, a sociedade não é apenas uma “coisa” exterior e


coercitiva que determina o comportamento dos indivíduos, mas o resultado de
inúmeras interações interindividuais. Ela não é aquilo que pesa sobre os
indivíduos, mas aquilo que se veicula entre eles. Diferentemente das ciências
naturais, para as quais os acontecimentos são relativamente independentes do
cientista que os analisa, nas ciências sociais os acontecimentos dependem
fundamentalmente da postura e da própria ação do investigador. Nesse sentido, a
realidade não é uma coisa em si. Ela ganha um determinado rosto conforme o
olhar que você lança sobre ela.

Para Weber, o “todo” (a sociedade) que supostamente pesaria sobre as


partes (os indivíduos) é incompreensível se for tratado como um todo. Este todo
reside na interação entre as partes e não é possível conhecer todas elas
simultaneamente, porque são muitas e se renovam diariamente. A sociedade é
uma teia, onde o indivíduo, no momento do agir, leva em consideração o
comportamento dos outros: é isso que faz da ação, uma ação social. Além disso,
as normas sociais influenciam o agir do indivíduo.

Em resumo, agir em comunidade é comportar-se com base na expectativa


de que os outros também se comportem de um determinado modo. Quando o
indivíduo calcula que é melhor agir com base nas regras também, porque os
outros agem igualmente segundo as regras, ele está agindo em sociedade. As
regras funcionam como uma espécie de condensação de expectativas recíprocas e
tornam o universo social organizado e inteligível pelos atores individuais.
Quando isso ocorre, Weber diz que existe uma ordem social.

A diferença de Karl Marx dos demais clássicos da sociologia, dentre outros


fatores, é que este cientista político tenta explicar as relações sociais a partir do
fator econômico. Para ele, as relações de produção determinam as relações
sociais, isto é, a sociedade se caracteriza a partir das forças produtivas e das
relações de produção, onde as forças produtivas são as condições materiais de
produção: máquinas e ferramentas, enquanto, as relações de produção é a forma
como a sociedade está organizada e a maneira como a produção está gerenciada e
dividida. Para Marx, a forma de organização de uma sociedade: a religião, a
moral, os valores sociais e culturais, a política, e outros, estão diretamente ligados
ao sistema produtivo e a organização e distribuição da produção, ou seja, o
princípio das relações sociais estão fundamentados na produção.

Dialogando com a sociedade

Durkheim em suas obras demonstra o esforço de identificar o objeto de


estudo específico da sociologia, atribuindo então a esse objeto uma análise
necessariamente sociológica, com métodos próprios e considerações sobre a
posição do cientista perante o objeto que se pretende pesquisar. Para Durkheim
(2011), o objeto de estudo da sociologia são os fatos sociais, que correspondem
“as maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam notável propriedade
de existir fora das consciências individuais” (2011, p. 32), ou seja, fato social é
tudo aquilo que os grupos e indivíduos possuem como característica de
comportamento social, mas que não são originários em sua essência, pois tais
características existem antes dos grupos e dos indivíduos, perpetuados pela
tradição e pelo hábito e alterados através da história humana. Através desta
definição, Durkheim consegue definir o objeto próprio da Sociologia, que pode
ser exemplificado pelas “confissões religiosas, escolas políticas, literárias,
corporações profissionais, etc” (DURKHEIM, 2011, p. 33), diferenciando dos
objetos analisados pelas outras áreas do saber científico, como a biologia que
analisa os fenômenos orgânicos e a psicologia que detém interesse pelo
consciente e inconsciente. Nota-se que os três ramos do saber em síntese
estudam o ser humano, mas sob perspectivas diferentes, e a Sociologia tendo
como objeto o fato social, torna-se uma ciência, pois possui um objeto específico,
passível de observação e explicação.

Diante das compreensões dos fatos sociais ora tratados, podemos


empreender relações com o que Durkheim considera características de um fato
social:
Estes tipos de comportamento ou de pensamento são não só exteriores ao
indivíduo, como dotados de um poder imperativo e coercitivo em virtude do qual
se lhe impõem, quer queira, quer não. Não há dúvida de que quando a ela me
conformo com boa vontade, esta coerção não se faz, ou faz-se pouco, sentir, por
inútil. Porém, não é por isso uma característica menos intrínseca de tais fatos, e a
prova é que ela se afirma logo que eu procuro resistir. (2011, p. 32).

Tal trecho deixa claro que Durkheim trata os fatos sociais como
coercitivos, impondo-se aos indivíduos pertencentes de um grupo, traçando as
formas de comportamento social na sociedade. Caso determinado indivíduo tente
romper com as prerrogativas impostas pelos fatos sociais, sofrerá represálias,
independente se o fato social for regido por lei ou assentado moralmente no
grupo ao qual pertence. Por exemplo, a educação é um fato social coercitivo
porque um indivíduo terá dificuldades de viver em sociedade sem ter participado
de um processo educacional, por motivos variados, ou, nas palavras de Durkheim
(2001, p. 35), que descreve em determinado momento a educação como um
“esforço contínuo para impor à criança maneiras de viver, de sentir e de agir às
quais ela não teria chegado espontaneamente”. Portanto, “fato social é toda a
maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior” (DURKHEIM, 2011, p. 40).

Já para Weber, diferentemente de Durkheim, o objeto da sociologia parte


não exclusivamente daquilo que existe exteriormente ao indivíduo, mas sim, sob
enfoque, em porquê o indivíduo realiza determinadas ações em relação a outros
indivíduos, o que para o autor seria a ação social, “[...] aquela em que o sentido
intentado pelo agente ou pelos agentes está referido ao comportamento de outros
e por ele se orienta no seu curso” (WEBER, 2010b, p. 7). Weber procura
compreender, a partir da ação social, qual a construção subjetiva das pessoas, de
maneira singular, de justificativas para seu comportamento coletivo, sempre
relacionado a uma ou mais pessoas.
Para compreender a partir de exemplos a definição de ação social de
Weber (2010b), pode-se utilizar a educação e a religião. A ação social não seria,
em educação, o aluno que faz a lição de casa ou que lê o livro didático
individualmente, mas sim quando este faz questionamentos para a professora ou
quando pede para a sala fazer silêncio devido a sua dificuldade de compreender a
aula expositiva, em religião, não é ação social a oração de um fiel ao final da noite
antes de ir dormir, entretanto, caracteriza-se como objeto sociológico de Weber
quando o padre pergunta para o noivo e noiva se estes ficarão juntos diante de
todas as adversidades que encontrarão num matrimônio. Ou seja, Weber
caracteriza ação social quando há dois ou mais indivíduos, quando um possui
determinado comportamento em relação ao outro ou a outros:

A ação social (inclusive a omissão ou tolerância) pode orientar-se pelo


comportamento passado, presente ou esperado como futuro dos outros (vingança
por prévios ataques, defesa do ataque presente, regras de defesa contra ataques
futuros). Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou indeterminadamente
muitos e de todo desconhecidos (o “dinheiro”, por exemplo, significa um bem de
troca que o agente admite no tráfico porque orienta a sua ação pela expectativa de
que muitos outros, mas desconhecidos e indeterminados, estarão também, por
seu turno, dispostos a aceitá-lo numa troca futura). (WEBER, 2010, p. 40).

Ficam evidentes as diferenças entre a formulação do objeto da Sociologia


de Durkheim e Weber. O primeiro parte do pressuposto do fato social, aquilo que
ocorre entre os grupos, exterior ao indivíduo, não dando atenção para o indivíduo
em si, mas em como ele se comporta a partir das influências externas, sendo a
análise feita a partir do fato social, como a educação e a religião e não sobre a
pessoa integrante de determinado grupo religioso ou educacional. Já Weber se
preocupa na ação individual, porém social, e em compreender como isso ocorre,
analisando como racionalmente se é justificado tais ações pelo indivíduo. O
objeto de Durkheim existe fora das consciências individuais e o objeto de Weber é
a própria consciência do indivíduo e a sua lógica de legitimação de seus atos em
relação a outras pessoas. Durkheim não dá tanta autonomia ao ser social
individual quanto Weber, pois afirma que os fatos sociais são coercitivos e que o
indivíduo muito dificilmente conseguirá libertar-se em definitivo destas
influências, o que para Weber, tais influências podem significar algo, mas nada se
define como a ação social, pois esta é definida singularmente. De modo pouco
efetivo, podemos relacionar as exposições de objeto sociológico durkheimiano e
weberiano. No máximo, pelo que observamos, uma simples relação sobre as
consequências para com os indivíduos integrantes de uma corrente social de
Durkheim ou de uma influência de comportamento de massa, comentado por
Weber.

Disponível em: <https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/6 1626487/400-1349-1-PB20191228-


67454-bit9bu-with>. Acesso em: 02 nov. 2021.

Conversando com o texto

Refletindo sobre o poema a seguir, escreva que conceitos sociológicos têm relação
com a desigualdade social vivenciada atualmente, lembrando da relação entre
indivíduo e sociedade segundo os pensadores descritos no texto anterior.

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira)

Disponível em: <https://www.escritas.org/pt/t/4828/o-bicho>. Acesso em: 1º nov. 2021.


___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Pesquise e relacione aqui o conceito de: ação social, ordem social e Mais valia
com cada autor: Durkheim, Weber e Karl Marx.

___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Praticando

As palavras deste caça-palavras estão escondidas na horizontal, vertical e


diagonal, sem palavras ao contrário.

SOCIEDADE

T F F A T O S O C I A L

F F R D L P N T S I N H

D W O Y N R S U N F E O

U M E M E I S L L V A A

R A Y E E M A X E I L N

K I Y H S I O O W I I Y
H S H L A D A N E B T I

E V H I R O M N B R E E

I A T T T L A P E E I I

M L O T S Ç H H R N I A

Y I R H Ã N A A K L I E

L A T O P R E S S O R F

· ALIENAÇÃO DURKHEIM FATO SOCIAL FOME

· MAIS VALIA MAX OPRESSOR OPRIMIDO WEBER

T F F A T O S O C I A L

F F R D L P N T S I N H

D W O Y N R S U N F E O

U M E M E I S L L V A A

R A Y E E M A X E I L N
K I Y H S I O O W I I Y

H S H L A D A N B T I

E V H I R O M N B R E E

I A T T T L A P E E I I

M L O T S Ç H H R N I A

Y I R H Ã N A A K L I E

L A T O P R E S S O R F

· ALIENAÇÃO DURKHEIM FATO SOCIAL FOME

· MAIS VALIA MAX OPRESSOR OPRIMIDO WEBER


Desafie-se

Observe a charge.

Autoria: Carlos Roosevelt, 2022.

Após refletir sobre a charge, cite conceitos que Karl Marx apresenta
quanto às definições sobre os conceitos: Classe social, consciência de classe,
proletariado, Mais-valia, alienação, força de trabalho. Em seguida, faça uma
relação de alguns desses conceitos com o cenário atual da política e economia no
Brasil, justificando se está favorável ou não para o crescimento e
desenvolvimento do país e da vida das pessoas.

________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

E cai no ENEM?

01. (Enem 2017) O rapaz que pretende se casar não nasceu com esse
imperativo. Ele foi insuflado pela sociedade, reforçado pelas incontáveis pressões
de histórias de família, educação, moral, religião, dos meios de comunicação e da
publicidade. Em outras palavras, o casamento não é um instinto, e sim uma
instituição.
BERGER, P. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. Petrópolis: Vozes, 1986
(adaptado).

O casamento, conforme é tratado no texto, possui como característica o(a)

a) consolidação da igualdade sexual.


b) ordenamento das relações sociais.
c) conservação dos direitos naturais.
d) superação das tradições culturais.
e) questionamento dos valores cristãos.

02. (Enem 2015) A crescente intelectualização e racionalização não indicam


um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a
crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer
momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as
coisas pelo cálculo.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de
sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).

Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do


processo de desencantamento do mundo evidencia o(a)

a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.


b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.
c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.
d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da
modernidade.
e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.

Nesta aula, eu aprendi...

Faça a sua autoavaliação marcando um X na coluna sobre o nível de


aprendizagem referente aos conteúdos estudados.
CONTEÚDOS SIM MAIS OU NÃO
MENOS

Pesquisei em outras fontes além


deste material para me aprofundar
no assunto.

Percebi que aprendi algo novo.

Gostei de estudar sobre o assunto.

Aprendi novos conceitos da


sociologia.

Aprendi a relação entre indivíduo e


sociedade segundo Emile
Durkheim.

Aprendi a relação entre indivíduo e


sociedade segundo Max Weber.

Aprendi a relação entre indivíduo e


sociedade segundo Karl Max.
REFERÊNCIAS

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 4 ed. São Paulo:


Martins Fontes, 1993.

DURKHEIM, Emile. As Regras do Método Sociológico.3 ed. São Paulo:


Martins Fontes, 2007.

DURKHEIM, E. Sociologia. Org. José Albertino Rodrigues. 6 ed. São Paulo:


Ática, 1993.

DURKHEIM, E. Os pensadores. Trad. Carlos Alberto R. de Moura. São Paulo:


Abril Cultural, 1978.

FOURNIER, Marcel. Émile Durkheim. Paris: Fayard, 2007.

GUIDOTTI, Vitor Hugo. A influência da religião nas escolas: breve contraste entre
o Fato Social de Durkheim e Ação Social de Weber como aporte metodológico.
Revista café com sociologia. Vol.3, Nº3. set./dez. de 2014. Disponível em:
<https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/61626487/400-1349-1-PB20191228-
67454-bit9bu-with>. Acesso em: 02 nov. 2021.

OLIVEIRA, M; WEISS, R (org.). David Émile Durkheim: a atualidade de um


clássico. Curitiba: Editora UFPR, 2011.

SAVIANI, D. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze


teses sobre educação e política – 21. ed. São Paulo: Cortez Auditores Associados,
1989 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo).

TOCQUEVILLE, A. de. Igualdade social e liberdade política – textos


selecionados e apresentados por Pierre Gilbert. São Paulo: Nerman, 1988.
PROCESSOS DE SOCIALIZAÇÃO

“Na sociologia, o processo de socialização é fundamental para a


construção das sociedades em diversos espaços sociais.”
Juliana Bezerra

Nesta aula, você aprenderá...

 compreender o processo de socialização primária e secundária;


 apresentar o processo de socialização realizado por instituições sociais.

Socialização primária e secundária

Desde os primórdios, o trabalho coletivo criou divisões, que foram no


primeiro momento determinadas pelo gênero, ou seja, homem e mulher e pela
idade. As mulheres faziam o trabalho doméstico e os homens saiam para caçar, as
crianças tinham uma atividade e os adultos tinham outra. Com o passar dos anos
essas atividades e essas divisões se transformaram e criaram outros tipos de
estratificações sociais, às quais chegou aos que vendiam a sua força de trabalho,
os que administravam, os que gerenciam essas forças de trabalho, os donos dos
modos de produção, ou seja, do lugar onde essas atividades eram feitas. Essas
atividades são valorizadas tanto financeiramente quanto em relação ao respeito e
ao status, uma valorização econômica e social. Assim, essas divisões geraram o
que a sociologia chama de estratificação social, que é o processo de distribuição
de recursos, prestígio, poder e riquezas em uma sociedade. Essa classificação
econômica aborda e abrange uma série de fatores como o estamento social,
hierarquizando as pessoas. Dificultando a mobilidade social, ou seja, a
possibilidade de um indivíduo de acender de uma classe social para outra.

Todo o processo de socialização das relações interpessoais no nosso meio


social são fundamentais para o processo de formação de constituição enquanto
indivíduo. Como somos produtos do meio, necessariamente estamos inseridos
em sociedade, então não tem como fugirmos dessa realidade que está o tempo
todo a nossa frente. Em relação ao processo de socialização, em linhas gerais, ele
é muito simples de ser compreendido, são as relações que temos nos nossos
meios sociais, nos nossos grupos sociais, são as trocas, as experiências, os
relacionamentos interpessoais. O fato de estarmos inseridos em sociedade nos
mostra um aspecto muito importante da nossa constituição enquanto indivíduo,
porque não somos seres feitos para viver isoladamente, necessitamos estar em
vivência social. Em um primeiro momento, essa questão de estar em convivência,
mantendo esse relacionamento interpessoal, foi uma questão de sobrevivência
porque precisávamos estar próximos para um suporte, uma ajuda. Pode-se
perceber no filme “A era do fogo” o retrato dessa necessidade de estarmos em
grupo, a socialização como uma questão inicialmente de sobrevivência. E nós
continuamos em todo esse processo até os dias de hoje. Apesar de atualmente
termos meios ou mecanismos importantes que vão resguardar a nossa
sobrevivência em sociedade, mesmo assim precisamos do contato humano, pois
fomos feitos para conviver, somos seres sociais e estamos o tempo todo em
socialização e esse processo de socialização acontece de uma maneira espontânea
e natural.

Todo o processo capitalista de acumulação e divisão de classes está


intimamente ligado com a questão da socialização, processo de inserção de um
indivíduo nos sistemas sociais, onde este é desde cedo preparado para se inserir
na sociedade. Só que ele muito tardiamente vai perceber, vai se entender, vai se
conscientizar de que participa de um processo de socialização. Essa socialização
ocorre em dois estágios: a socialização primária e a socialização secundária.

A socialização primária ocorre no ambiente familiar, que é o principal


fundamento dessa socialização, porque ela vai iniciar na internalização dos
valores sociais, dos valores determinantes na sociedade. Ela acontece dentro da
família que é o primeiro grupo social no qual somos inseridos, então é no nosso
contexto do nosso núcleo familiar que vamos tendo contato com essa
socialização. Na primeira infância, os pais repassam a criança todos os
ensinamentos, todas as normas de conduta social, os hábitos, os costumes, os
valores do meio no qual aquele grupo social está inserido. Os pais têm essa
função de apresentar à sociedade, para que a criança tenha conhecimento do que
é correto, de como deve agir, como deve ser o tratamento entre as pessoas, à
medida que essa criança sai da primeira infância, passa a segunda infância,
posteriormente a adolescência e fase adulta, ela vai tendo conhecimento a
respeito das normas que organizam aquela sociedade, do que é legalmente
permitido ou não, assim, a família passa todos esses conhecimentos básicos,
quanto a normatização, comportamento, valores, ética e moral que estão dentro
do meio social, no qual eles são inseridos.

A socialização secundária é mais complexa, pois vai abranger uma série de


ordens, na escola, no trabalho, na igreja e nos grupos sociais. Ela acontece
quando já estamos inseridos na sociedade, quando não vivo só, tenho o meu
contexto familiar e então tenho o mundo externo à minha família, minha casa,
assim tenho o meu grupo da escola, tenho trabalho, tenho lazer, tenho o meu
grupo religioso, então o contexto secundário dessa socialização são todos os
outros grupos. Além da primeira infância, se apresenta todos os aspectos da sua
vida em sociedade, para que à medida que o desenvolvimento dessa criança for
acontecendo, ela possa ser inserida nos outros grupos sociais. Então é
basicamente isso, a família ela faz a nossa apresentação e depois à medida que
nós vamos crescendo e vamos passando por esse desenvolvimento natural, vamos
sendo inseridos em outros contextos, em outros grupos sociais e essa transição,
em algumas sociedades são marcadas por alguns rituais de passagem para nossa
sociedade capitalista. Dependerá de cada contexto social, de cada meio social. O
processo de socialização de maneira simples tem essa divisão, primeiro a
socialização primária que acontece dentro da família e a socialização secundário
que são todos os outros grupos aos quais eu vou fazendo parte à medida que eu
vou me desenvolvendo, sendo esses grupos simultâneos, onde o ser interage entre
eles de uma maneira natural mesmo sem perceber.

Portanto, a primária é importante para determinar os valores


fundamentais da sociedade e a socialização secundária vai internalizar as
pessoas, os valores relacionados à inserção dela no mercado de trabalho, na vida
adulta.
Dialogando com a sociedade

Do ponto de vista da Sociologia, o processo de socialização é um fator de


reprodução das estruturas sociais, materiais e simbólicas, sendo, por
consequência, um mecanismo muito eficaz de controle social e, por isso, objeto
da atenção e da ação de diversas instituições sociais. Ao contrário da concepção
determinista de Durkheim e do que está implícito em muitas teorias pedagógicas
mais recentes, a socialização não é um processo de inculcação de valores e
saberes pela família, escola e outras instituições, complementada pela influência
mais ou menos difusa de elementos do meio ambiente natural e social.

(...) O conceito de socialização é extremamente complexo e varia segundo


as correntes da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia, indo de concepções
mais deterministas (funcionalismo; behaviorismo; estruturalismo; Durkheim;
Freud) a abordagens mais abertas e dialéticas (interacionismo simbólico;
conceito de habitus, de Bourdieu; o construtivismo de Piaget e Vigotski, na
Psicologia; ação comunicativa de Habermas). É importante ressaltar que o
conceito de socialização evolui segundo os momentos históricos, não apenas ao
sabor do sucesso ou insucesso das diferentes correntes teóricas, mas, sobretudo,
em decorrência das mudanças sociais que transformam as sociedades e suas
instituições socializadoras, bem como o estatuto social, a visibilidade e a
hegemonia de grupos e indivíduos. Assim, as noções teóricas relativas ao
processo de socialização vêm se modificando significativamente a partir das duas
últimas décadas do século 20, não somente em função do sucesso de novas
abordagens que se desenvolveram nas Ciências Humanas (teorias da pós-
modernidade, estudos feministas, multiculturalismo).

A socialização é um fenômeno universal, cujas formas, evidentemente,


variam segundo contextos sociais diferentes. Sua função, porém, em qualquer
sociedade, é desenvolver a consciência coletiva que torna possível o consenso. O
que é importante em Durkheim é a ênfase no fato que a sociedade tem
necessidade de que os indivíduos sejam semelhantes, mesmo quando o
individualismo se torna o valor dominante, e que tal semelhança é construída
pela ação sistemática das instituições socializadoras e pela aceitação das normas
como legítimas pelos indivíduos.
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/1629/1370>.
Acesso em: 18 nov. 2021.

Conversando com o texto

Após ler os textos e pesquisar os conceitos de socialização segundo vários


sociólogos, escreva aqui estas várias definições.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

Refletindo os diversos conceitos de socialização e após assistir ao filme “A


era do gelo”, faça uma comparação entre o filme, os conceitos sobre socialização e
o que você entendeu sobre o fato do ser humano ser um ser social.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

Desafie-se

SOCIALIZAÇÃO

As palavras deste caça palavras estão escondidas na horizontal, vertical e


diagonal, sem palavras ao contrário.

K C P R I M Á R I A H S

L L R A L F H C O E E O
E U O Ç A A R T S C N C

D I L Ã S O A I U E T I

T K E O S D E N H L E A

L I T S S C D S I M N L

E N A O O Á B R A R P I

T R R C R V O O H U L Z

M O I I S P C S W I E A

T E A A O E I E A C Ç

I N D L N T Y K W H H Ã

E N O E O N I G A O Y O

AÇÃO SOCIAL PRIMÁRIA PROLETARIADO

SECUNDÁRIA SOCIALIZAÇÃO
Desafie-se (individual ou em grupo)

Praticando

Observe a charge.

Autoria: Carlos Roosevelt, 2022.

01. Refletindo sobre a figura, pesquise e diga como está a questão dos direitos
para os trabalhadores, se diminuiu, e qual a função do ministério do trabalho, sua
fundação e o que aconteceu com ele, tudo isso nos últimos 4 anos.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________

(EM13CHS102; EM13CHS201) 02. Após leitura dos textos de forma


individual ou em grupo em sala de aula, assista ao filme “A era do gelo” e escreva
sobre a necessidade do ser humano de viver em grupo e como se dar a relação
entre os indivíduos, seu processo de socialização e como isso influencia no
desenvolvimento das relações e no desenvolvimento da sociedade.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
E cai no ENEM?

01. (Enem 2019) A linguagem é uma grande força de socialização,


provavelmente a maior que existe. Com isso não queremos dizer apenas o fato
mais ou menos óbvio de que a interação social dotada de significado é
praticamente impossível sem a linguagem, mas que o mero fato de haver uma fala
comum serve como um símbolo peculiarmente poderoso da solidariedade social
entre aqueles que falam aquela língua.
SAPIR, E. A linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1980.

O texto destaca o entendimento segundo o qual a linguagem, como elemento do


processo de socialização, constitui-se a partir de uma

a) necessidade de ligação com o transcendente.


b) relação de interdependência com a cultura.
c) estruturação da racionalidade científica.
d) imposição de caráter econômico.
e) herança de natureza biológica.

02. (Enem PPL 2016) Uma fábrica na qual os operários fossem, efetiva e
integralmente, simples peças de máquinas executando cegamente as ordens da
direção pararia em quinze minutos. O capitalismo só pode funcionar com a
contribuição constante da atividade propriamente humana de seus subjugados
que, ao mesmo tempo, tenta reduzir e desumanizar o mais possível.
CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

O texto destaca, além da dinâmica material do capitalismo, a importância da


dimensão simbólica da sociedade, que consiste em

a) elaborar significação e valores no mundo para dotá-lo de um sentido que


transcende a concretude da vida.
b) estabelecer relações lúdicas entre a vida e a realidade sem a pretensão de
transformar o mundo dos homens.
c) atuar sobre a vivência real e modificá-la para estabelecer relações
interpessoais baseadas no interesse mútuo.
d) criar discursos destinados a exercer o convencimento sobre audiências,
independentemente das posições defendidas.
e) defender a caridade como realização pessoal, por meio de práticas
assistenciais, na defesa dos menos favorecidos.

Nesta aula, eu...

Faça a sua autoavaliação marcando um X na coluna sobre o nível de


aprendizagem referente aos conteúdos estudados.

CONTEÚDOS SIM MAIS OU NÃO


MENOS

Pesquisei em outras fontes além deste


material para me aprofundar no
assunto.

Percebi que aprendi algo novo sobre


sociologia.

Gostei de estudar sobre o conceito de


socialização e sociedade segundo Max
Weber.

Gostei de estudar sobre o conceito de


socialização e sociedade segundo
Émile Durkheim.

Gostei de estudar sobre o conceito de


socialização e sociedade segundo Karl
Max.

Aprendi conceitos de Émile


Durkheim.
Aprendi conceitos de Max Weber e
Karl Max.

REFERÊNCIAS

BELLONI, Maria Luiza. Infância, Mídias e Educação: revisitando o conceito de


socialização. Revista PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 25, n. 1, 57-82, jan./jun.
2007. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/1629/1370>.
Acesso em: 20 nov. 2021.

DURKHEIM, Emile. As Regras do Método Sociológico. 3 ed. São Paulo:


Martins Fontes, 2007.

DURKHEIM, E. Sociologia. Org. José Albertino Rodrigues. 6 ed. São Paulo:


Ática, 1993.

PEREIRA, Luiza Helena. Sociologia no ensino médio: socialização, reprodução ou


emancipação?. Revista Percursos. Florianópolis, v. 13, n. 01, p. 60 – 80,
jan/jun. 2012. Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/188561/000854081.pdf?s
equence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 20 nov. 2021.

RODRIGUES, A. T. Sociologia da educação. 2ª edição. Rio de Janeiro: D&A,


2001.

SAVIANI, D. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara,


onze teses sobre educação e política – 21. ed. São Paulo: Cortez Auditores
Associados, 1989 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo).

TOCQUEVILLE, A. de. Igualdade social e liberdade política – textos


selecionados e apresentados por Pierre Gilbert. São Paulo: Nerman, 1988.

Você também pode gostar