Josiel Quefimlevaram

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QUE FIM LEVARAM

TODAS AS FLORES

Otto Leopoldo Winck

Doutorando: Josiel Lima


Disciplina: Teoria e Estudos Literários
Que fim levaram todas as flores

 É um romance que pode ser classificado como metaficção


historiográfica, publicado em 2019 pela Kotter editorial e
Patuá Editora.
 Segundo Linda Hutcheon (1991) metaficção historiográfica
tem por característica apropriar-se de personagens e/ou
acontecimentos históricos sob a ordem da problematização
dos fatos concebidos como “verdadeiros”. O que diferencia
de um romance histórico é a autorreflexão causada pelo
questionamento das “verdades históricas”.
 A moldura pode ser considerada autoficcional, pois o autor é
professor em oficinas de Escrita Criativa. 
O contexto do autor e da obra
 Otto Leopoldo Winck nasceu no RJ
em 1967, se criou em Porto Alegre,
mas vive em Curitiba desde 1982.
 É doutor e mestre em Estudos
Literários pela UFPR.
 Seus livros já foram premiados na
Bahia e em Minas Gerais.
Principais obras:
 Flor de barro, 1987.
 Jaboc, 2006.
 Minha pátria é minha língua,
2017.
 Cosmogonias, 2018.
 Que fim levaram todas as flores,
2019.
Análise do romance
Moldura externa / nível extradiegético:
 Ruy, no presente (com cerca de 70 anos) participa
de oficina literária – narrativa em 1ª. pessoa.
 No final: fechamento da moldura – narrativa em
1ª. pessoa > professor da oficina literária.

Páginas não numeradas.


Análise do romance
Diegese / nível intradiegético:
 Parte I: Ruy, Adrian e Elisa (adolescentes) vivem
numa cidade do interior do Paraná > narrativa em
primeira pessoa (Ruy).
 Parte II: Mudança para Curitiba, final dos anos
1960 > narrativa em primeira pessoa.
 Parte III: Reencontro com Adrian após cerca de 50
anos. Narrativa em terceira pessoa. Tempo da
moldura externa.
TEMAS E MOTIVOS
 Ditadura Militar.
 Convicções políticas.
 Amizade.
 Geografia, história, arquitetura de Curitiba.

ESTRUTURA NARRATIVA (do livro de Ruy)


 Tem um narrador protagonista e testemunha.
 Tempo da diegese vai do início de 1965 até 15 de
novembro de 2017.
 Narrativa linear. Memórias de Ruy.
ESPAÇO, AMBIENTE, AMBIENTAÇÃO
 Uma cidade norte do Paraná que não é nominada e
depois Curitiba.

PERSONAGENS
 O trio de amigos Ruy, Adrian e Elisa.
 Família de Adrian com destaque para a irmã Clara, o
irmão Saul e Sr. Steiner.
 Família de Ruy, com destaque para o pai opressor;
Joana, esposa de Saul.
 Personagens secundários: Maneco, Pedrão, o delegado
da cidade no interior, Professor Ermelino, Professor
Lessa, Melquides, Bira, Grillo e Péricles.
Recepção da obra

 Que fim levaram todas as flores foi publicado no


fim de 2019.
 Naquele ano, entre os 10 livros de ficção mais
vendidos destacam-se 3 que se aproximam de
temas históricos 1984 e A revolução dos bichos de
George Orwell; O conto da Aia de Margaret
Atwood.
 Em 2020 foi inscrita para concorrer ao Prêmio
Jabuti e o autor tem participado de entrevistas
para divulgar a obra;
 Site acesso music: Para resenhistas, críticos e leitores de
Curitiba, pode-se acrescentar: o mais recente romance de Otto
Leopoldo Winck é o maior repositório ficcional já escrito sobre
usos, costumes, dados e causos de uma Curitiba já perdida, no
entanto ainda bastante presente nas frinchas da Curitiba atual.
 Blog Acrópole revisitada: Como pontos negativos, acredito que
o tamanho do livro seja o principal. Há cenas muito longas e
diálogos estendidos que são desnecessários. A falta de
informação pode, é claro, dificultar o leitor que fica sem
referências. O excesso delas, entretanto, cansa. É o que
acontece no livro. O estilo, às vezes, é um pouco pomposo, com
uma linguagem que balança na verossimilhança. Talvez se
justifique na voz de Ruy, um literato de carteirinha.  Outro ponto
que incomodou foi a grafia das risadas. Em tempos de
linguagem de redes sociais, nas quais se usa o “hahaha” ou afins,
ter uma risada como “Há, há”, é um tanto quanto estranho.
 Site Ambrosia: “Escrever um romance histórico não é
tarefa das mais fáceis... É um exercício em que o
autor se despe das nuances do seu eu narrativo para
criar um mundo novo em uma realidade que de fato
existiu. Não li obra alguma nos últimos anos com o
mesmo rigor que o apresentado por Winck.”
 Site da rádio Cultura Cultura930: “O que deve
surpreender o leitor menos avisado é: aquilo que
parece ser apenas reminiscência da juventude,
reflexão acerca de atos e consequências, transforma-
se aos poucos em uma avassaladora descrição da
Curitiba 68. Winck quase não deixa escapar nada. ”
 Possui 3 resenhas na rede social de leitura Skoob
 Revista Ideias: “...nos aproxima das ruas de Curitiba
sem ingenuidade e nos deixa reformular o afeto e a
rebeldia com/por essa terra.”

 Obs.: Há um livro com o mesmo título no site


AgBook
PROPOSTA PARA UMA DISSERTAÇÃO
A intertextualidade em Que fim levaram todas as
flores de Otto Leopoldo Wink
Capítulo 1
 Aspectos gerais da obra
Capítulo 2
 Discussões teóricas sobre a Metaficção Histórica e
Novo Historicismo
Capítulo 3
 Paratextualidade e Intertextualidade
Considerações finais
PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO
É possível notar uma certa semelhança com Cristóvão Tezza pelos
seguintes motivos:
 O fato de o livro possuir uma pequena dose de autoficção, faz
com que o autor precise mostrar que conhece de literatura,
cinema, pintura, música, filosofia e outras áreas de
conhecimento, que são comuns aos escritores. Isso mostra que
o autor é antes de tudo, um bom leitor.
 Na construção diegética, ele recorre à vários escritores, artistas,
pensadores de diversas áreas e isso além de ser uma referência à
própria arte e portanto, uma intertextualidade, contribui para o
efeito estético e a verossimilhança. Um leitor mais atento
consegue fazer os links necessários para uma melhor fruição e
desenvolvimento da catarse.
Os paratextos na obra

 Capa: jovens enfrentando a


polícia.
 Segunda e terceira capas:
flores que parecem se formar
quando se joga tinta na parede
e a tinta se espalha, formando
imagens. O tom é leve de
cores cinza, verde e salmão.
 Intratítulos.
 Apêndice.
 Orelha: Escrito pela
escritora e jornalista
Márcia Desner.  Na orelha da
“Contudo, a luta dos contracapa tem a foto
jovens, em face do do autor e uma breve
povo bovino, não apresentação da sua
rendia”. biografia e seus livros
anteriores.
 Primeiras páginas e finais são na cor cinza e
formam uma moldura. Não são paginadas. Fala
de um curso de escrita criativa e pode ser
considerado autoficcional, já que o autor
ministra esse curso.

 Apêndice.

 Imagem repetida.
 Segunda página cinza – “... quando imberbe, acreditei
também na literatura, como acreditei em tantas outras
coisas, como a racionalidade do ser humano, a função
libertadora da arte e o avanço irremediável da história”.

 Essa é uma das falas que dá o tom da obra e do tipo de


romance que iremos ler. Outros elementos também
indicam isso como a capa, o título e a epígrafe:

 Na epígrafe tem citações de Rousseau, Charles Dickens,


T. E. Lawrence e Jamil Snege que falam sobre a vida,
contradições, sonhos, Curitiba e memória.
 Geralmente, o sumário é paratexto, mas nesse caso está
dentro do livro do Ruy. Paratexto dentro do nível
intradiegético.
 No sumário aparece o primeiro painel como “Território
abandonado”, mas na página 19 está “Território perdido”.
“Adeus sobretudo ao quintal. Se a adolescência é rua,
liberdade, voltar tarde para a casa, infância é quintal”. (p. 19)
 O segundo painel se chama “Quem sabe faz a hora” e traz a
frase “Foi o último abraço – dentro daquela década, dentro
da adolescência, dentro daquele mundo”. Isso indica que
nessa parte há a separação dos amigos.
 Terceiro painel “Ilha da Memória”: “Eles sabem que é
mentira. Eles sabem que nunca mais se verão. Que nem
sequer deviam ter se reencontrado.”
 Outras observações...
 Autor usa listas que, segundo ele, é influência
Umberto Eco: p. 26-27 brincadeiras infantis; 34-35
produtos do armazém; 95 livros lidos em 68 e locais
de encontro dos intelectuais paranaenses; 98
cinemas de Curitiba; 99 teatros; 105 praças; 109
bares frequentados a noite; 118 nomes do estilingue;
135 apelidos da maconha; 155-156 gírias; 161 receita
de molotov; 175 candidatos a nome do ano; 182-183
rios; 186 galerias 218 lugares para comer; 224
personagens reais de Curitiba;
 86 Referências históricas: rua XV passava carro,
lista dos carros; 95 acontecimentos no inicio do ano
de 68; 113-117 Batalha do Politécnico; 119-120
revoltas de estudantes pelo mundo; 124 derrubada
do busto do reitor Flávio Suplicy de Lacerda e
ocupação da Reitoria; 127 palco flutuante do
Passeio Público; Roda gigante do Parque Alvorada;
140-141 Passeata dos cem mil; 154 CCC comando
de caça aos comunistas. 160 revolução sexual com
pílulas e penicilina; 172 confronto estudantes USP x
Mackenzie; 191-192 Prisão dos estudantes no
congresso da UNE em SP; 216 AI5.
“Sejamos realistas, peçamos o
impossível”
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O autor deixa lacunas para que o leitor preencha.
 Personagens possuem contradições:
p. 252 Ruy trabalhou para políticos e insinua que
ganhou algum dinheiro sujo. Sobre o sistema “-Pois é,
lutamos tanto contra... Depois fomos trabalhar pra
ele”.
P. 262 Adrian “No começo dos anos 80 eu já era o
pacato burguês que eu detestava antes”.
P. 271 Adrian que era ateu diz “... vou rezar por Bira esta
noite”.
 As referências a músicas são muito ricas, ele cita
cerca de 60 artistas e mais de 70 canções em pelo
menos 25 trechos do enredo. São lembrados
artistas italianos, o rock, a Jovem Guarda, A
tropicália, sambas, boleros...

 No último painel, a narrativa passa para terceira


pessoa, apesar de manter a focalização de Ruy.
Reforço da ideia de mudança na personalidade dele
e de Adrian. Parece que ele fala de outras pessoas
que não são mais os jovens revolucionários.
Referências bibliográficas:
 WINCK, O. L. Que fim levaram todas as flores.
Curitiba: Kotter, 2019
 JACOMEL, M. C. W. SILVA, M. C. Discurso
histórico e discurso literário: o entrelace na
perspectiva da metaficção historiográfica. In:
CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS
E LITERÁRIOS. 3, 2007, Maringá: UEM, 2009. pp
740-748

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