Aula de 13 de Dezembro
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Atomismo Lógico
Bertrand Russell
• A filosofia analítica é uma das correntes
filosóficas de maior impacto e influência na
filosofia contemporânea. Em sua fase inicial foi
predominante uma análise conceitual entendida
como análise de problemas filosóficos por meio
do esclarecimento dos conceitos envolvidos nestes
problemas. Neste sentido a análise privilegiava a
decomposição do complexo em suas partes mais
simples para uma maior clareza conceitual .
Russell
• Posteriormente outro sentido de análise, também
complementar ao primeiro, apontou para análise
tendo como função evitar a confusão que há
entre a gramática da linguagem natural e sua
estrutura lógica profunda. Encontramos, de
forma brilhante, essa posição em Bertrand
Russell e particularmente em sua teoria das
descrições.
Teoria das Descrições Definidas
• A teoria das descrições elaborada por Bertrand Russell e
apresentada no seu artigo Da denotação, publicado em 1905,
tem sido considerada por muitos o mais famoso artigo de
filosofia analítica escrito na primeira metade do século XX.
• A teoria diz, basicamente, como devemos formalizar frases
expressas em linguagem natural para que revelem sua
verdadeira estrutura ou forma lógica.
• A questão da denotação, embora muito difícil, é
relevante não só para a lógica, para a matemática,
mas também para a lingüística e a teoria do
conhecimento. Ela corresponde ao conhecimento
por descrição, em que não temos acesso direto ao
objeto, devendo nos contentar apenas com sua
descrição.
• O ponto de partida de Russell em sua teoria é formado
pelo problema da denotação e pelo confronto de teorias
alternativas anteriormente citadas. No artigo Da
denotação, Russel responde a duas destas teorias, a teoria
de Gottlob Frege (1848-1925) e a de Alexius Von Meinong
(1853-1920). Frege trata, em sua teoria, da distinção entre
o sentido e a referência dos nomes próprios e também dos
enunciados. Meinong, em sua Teoria dos Objetos, afirma a
existência de diversos tipos de objetos não existentes .
• Meinong
• Ficou conhecido como o criador da Teoria dos Objetos.
Meinong ([1904], 2005) defende a tese de que o ato de
pensar possui um objeto determinado, seja ele existente ou
não existente. Propõe a distinção entre este objeto e seu
conteúdo. Quando pensamos em algo existente, temos o
objeto e também o seu conteúdo. No caso de pensarmos em
algo não existente, teríamos apenas o objeto determinado,
mas não o seu conteúdo. De todo modo, teríamos sempre a
referência a um objeto determinado no ato de pensar, seja ele
existente ou não existente.
Localização no Espaço e no Tempo dos
Objetos
• Partindo deste princípio, sua teoria distingue e admite duas
formas de ser: aqueles que existem e aqueles que apenas
subsistem. Os objetos que existem estão localizados no
espaço e no tempo possuem conteúdo no ato do pensamento;
os demais apenas subsistem e são, portanto, desprovidos de
conteúdo no ato do pensamento. Por exemplo, a diferença
entre o azul e o vermelho não é algo que exista no tempo e
no espaço, não tem conteúdo, portanto, apenas subsiste. Do
mesmo modo o número PI ou o atual rei do Brasil também
subsistem.
• Como conseqüência, Meinong ([1904], 2005) afirma que o ser
de um objeto é distinto de suas propriedades, ou seja, o ser de
um objeto é independente de todas suas características. Por
exemplo, um “quadrado redondo” possui tanto as propriedades
de ser um quadrado quanto às propriedades de ser um redondo.
Trata-se de um objeto impossível por ter propriedades
contraditórias. Neste caso, este objeto não existe e nem
subsiste. Entretanto objetos como Pégaso, subsistem, pois
mesmo não sendo objetos espaço-temporais, suas propriedades
não são contraditórias. Portanto são objetos possíveis.
• Outra conseqüência decorrente de sua teoria é que a totalidade das
coisas existentes é menor em comparação com a totalidade dos objetos
de conhecimento, pois estes objetos formam o conjunto de tudo o que
pode ser pensado, sem importar se são reais ou ideais, possíveis ou
impossíveis, existentes ou imaginários. Para Meinong:
• […] a totalidade do que existe, incluindo aí o que existiu e o que
existirá, é infinitamente pequena em relação à totalidade dos objetos do
conhecimento; e que se tenha negligenciado isto tão facilmente tem,
bem entendido, o seu fundamento no fato que o interesse vivo pelo
efetivo, que está em nossa natureza, favorece esse excesso que consiste
em tratar o não efetivo como um simples nada, mais precisamente, a
tratá-lo como algo que não oferece ao conhecimento nenhum ponto de
apreensão ou nenhum que seja digno de interesse. […] Não há, então,
CONHECIMENTO POR DESCRIÇÃO
• Conhecer algo por descrição é apenas saber que certa afirmação sobre algo é
verdadeira. Por exemplo, saber que Roma é uma cidade da Itália, sem nunca
ter estado em Roma, é um conhecimento por descrição. Conhecemos
Aristóteles por descrição, porque sabemos várias verdades sobre Aristóteles,
mas não o conhecemos por contato. O mesmo se dá com objetos físicos como,
por exemplo, uma mesa. Da mesa só conhecemos por contato os dados dos
sentidos que este objeto nos causa, mas não conhecemos por contato a própria
mesa. Apenas descrevemos a mesa por meio destes dados dos sentidos, ou seja,
nosso conhecimento da mesa é um conhecimento por descrição. Estes dados
dos sentidos têm sua causa no mundo exterior. Só temos contato com eles, mas
não com as coisas que os causam. Nas próprias palavras de Russell:
• […] todo nosso conhecimento da mesa é realmente um
conhecimento de verdades, e a coisa mesma que constitui a
mesa não nos é, estritamente falando, conhecida. Conhecemos
uma descrição e sabemos que há um objeto ao qual esta
descrição se aplica exatamente, embora o próprio objeto não nos
seja diretamente conhecido. (RUSSELL, [1912], 2008. p. 108).
• Podemos duvidar da existência do objeto que nos causa os
dados dos sentidos, mas não podemos duvidar dos próprios
dados dos sentidos. Segundo Penco (2006), o conhecimento por
descrição identifica um objeto enquanto se caracteriza por certas
propriedades.
• Todo o conhecimento por descrição se fundamenta no
conhecimento de verdades e todo conhecimento de verdades se
fundamenta no conhecimento por contato. O principal é que o
conhecimento por descrição nos possibilita ir além de nossa
experiência privada e restrita que nos é dada pelos dados dos
sentidos. Mesmo não conhecendo verdades que não sejam
originadas de conhecimento direto, podemos, entretanto, ter
conhecimento por descrição de coisas que nunca tivemos um
contato direto. Já que nossa experiência imediata é limitada,
“[…] este resultado é vital, e enquanto não for compreendido,
muito do nosso conhecimento continuará forçosamente
• Algo é conhecido por descrição quando sabemos que é “o
isto ou aquilo”, isto é, quando sabemos que há um único
objeto que tem esta determinada propriedade, mesmo não o
conhecendo diretamente por contato. Russell ([1912], 2008)
afirma que sabemos que o homem da máscara de ferro
existiu, e conhecemos muitas proposições a seu respeito, mas
não sabemos quem ele era. Quando afirmamos que “o isto ou
aquilo existe”, estamos dizendo que há um único objeto que é
“o isto ou aquilo”, e nada mais é.
A TEORIA DAS DESCRIÇÕES