Simbolismo - Preceitos Estéticos

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SIMBOLISMO

OPOSIÇÃO AO RACIONALISMO E AO CIENTIFICISMO; A IMPORTÂNCIA


DA PERCEPÇÃO SENSORIAL E DA SUGESTÃO PARA A ESTÉTICA SIMBOLISTA.
LEITURA DE IMAGEM

“[...] A vida no boulevard, as pessoas a passear para cima e


para baixo, o movimento dos passantes e dos coches que,
vistos de cima, se assemelham a manchas coloridas, parecem,
pela reprodução vaga, uma fotografia que capta o movimento
e em que os contornos não estão bem definidos. [...] A imagem
parece fixar um momento passageiro. [...]”

SAGNER-DÜCHTING, Karin. Monet: uma festa para os olhos).

MONET, C. O Bulevar dos Capuchinhos. 1873-1874. Óleo sobre tela,


A uma passante

A rua em torno era um frenético alarido.


Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão suntuosa
Da imagem para o texto: A literatura do fim do século XIX
Erguendo e sacudindo a barra do vestido.
também começa a registrar cenas da vida nos grandes
centros urbanos. O poema a seguir, de Charles Baudelaire,
Pernas de estátua, era-lhe a image nombre e fina.
fala de um encontro que poderia ter acontecido no Bulevar
Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
dos Capuchinhos.
No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
• A segunda estrofe revela a trajetória do olhar do eu lírico
A doçura que envolve e o prazer que assassina.
para a mulher que passa. Que trajetória é essa e o que

Que luz... e a noite após! — Efêmera beldade determina a direção desse olhar?

Cujos olhos me fazem nascer outra vez, • Também na segunda estrofe, a descrição confunde-se

Não mais hei de te ver senão na eternidade? com as impressões provocadas pela visão da mulher. O
que o eu lírico vê? Como ele interpreta essa visão?
Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!
Claude Monet
(1840-1926),
"Impressão, Sol
Nascente", 1873,
VAN GOGH, Vincent. Campo de Trigo com corvos, 1890. Óleo sobre tela.
Com a chegada do fim
do século XIX, o
otimismo da era das
revoluções sai de cena,
cedendo espaço a um
olhar mais reflexivo e
pessimista.

WATTS, G. F.

Esperança.

s.d.

Óleo sobre tela.

SCHWABE, C.

A morte do coveiro.

1900.

Guache, aquarela e caneta, 76


x 56 cm.
A Música antes de tudo,
Arte poética
E para isso prefere o Ímpar
Mais vago e mais solúvel no ar, Canção do outono
Sem nada nele que pese ou que pouse
É preciso também que não vás Os longos sons Lembrando os dias

Escolher tuas palavras sem alguma ambiguidade: Dos violões, E as alegrias

Não há nada mais caro do que a canção cinzenta pelo outono, E ais de outrora.
Me enchem de dor E vou-me ao vento
Onde o Indeciso ao Preciso se une. […]
E de um languor Que, num tormento,
Toma a eloquência e torce-lhe o pescoço!
De abandono. Me transporta
Farás muito bem, com um pouco de energia,
E choro, quando De cá pr’a lá,
Em tornar a Rima mais sensata.
Ouço, ofegando, Como faz à
Se não a vigiarmos, até onde ela irá?
Bater a hora, Folha morta.
Oh, o que dizer dos danos da Rima?
Que criança surda ou que negro louco
Forjou-nos essa joia de um vintém VERLAINE, Paul. Festas
galantes. Rio de Janeiro:
Que soa oca e falsa sob a lima? Civilização Brasileira, 1983.
A ESTÉTICA
SIMBOLISTA
O DESCONHECIDO SUPERA O REAL;
O CONHECIMENTO INTUITIVO DA REALIDADE;
UMA CONCEPÇÃO MÍSTICA DO MUNDO;
UM CALEIDOSCÓPIO DE IMAGENS E DE SONS.
Ideal da arte absoluta

• O trabalho com a linguagem como meio de atingir objetivos


estéticos e a postura antirromântica são comuns a parnasianos e
a simbolistas. Mas o projeto literário do Simbolismo tem
características próprias: a afirmação da prioridade do mistério
sobre a ciência, da literatura sobre a realidade e da arte sobre a
vida.
• Ainda assim, embora o Simbolismo tenha abrigado inúmeros
artistas que tinham em comum o ideal da arte absoluta, ele não
pode ser reduzido a um programa com unidade de método e
objetivos, porque esse ideal foi realizado de diferentes modos
por diferentes representantes desse movimento

KLIMT, G. As três idades da mulher. 1905.


A arte simbolista procura fazer com que o público
perceba a relação entre a realidade aparente e a essência.
Conhecimento intuitivo da realidade

“ [...] Sugerir, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério que


constitui o símbolo: evocar um objeto para mostrar um estado
d'alma ou escolher um objeto e fazê-lo emanar um estado
d'alma mediante uma série de decifrações. [...]

MALLARMÉ, STÉPHANE. SUGERIR. IN: ECO, UMBERTO. HISTÓRIA DA BELEZA.


TRADUÇÃO DE ELIANA AGUIAR. RIO DE JANEIRO: RECORD, 2004. P. 348. (FRAGMENTO). ”
Para explorar o mundo visível, racional e objetivo, os simbolistas valorizam a intuição e os
sentidos humanos (visão, tato, audição, olfato e paladar).
A percepção das essências é estimulada pela experiência sensorial (contato com perfumes, cores,
etc.), que leva o ser humano a perceber a existência de uma dimensão que se esconde além da realidade
concreta e que precisa ser explorada.
O poeta Mallarmé resume, de modo preciso, como os simbolistas pretendem promover essas
experiências nos leitores.
Concepção mística do
mundo
• O abandono do cientificismo e do positivismo, que
marcaram a segunda metade do século XIX, leva os
simbolistas a buscarem a fé, manifestando um misticismo
indefinido, mas ligado à tradição cristã.
• A crença na existência de um mundo ideal, que só se pode
alcançar pela beleza pura que deve ser expressa pela poesia,
resulta em uma produção literária cercada de um clima de
fluidez e de mistério.

ZUBER-BÜHLER, F. O Espírito da Manhã. s.d. Óleo sobre tela, 98,5 x 72,5 cm.
A linguagem do
Simbolismo:
caleidoscópio de
imagens e de
sons.
O termo sinestesia faz
referência à associação de
impressões derivadas de
diferentes domínios sensoriais
(um perfume que evoca uma
cor, um som que evoca uma
imagem, etc.).
Ex.: voz macia (audição +
tato), perfume doce (olfato +
paladar), luz fria (visão +
tato).
Alienação social?

• O principal interesse simbolista é a sondagem do “eu”, a


decifração dos caminhos que a intuição e a sensibilidade
podem descortinar. Sua busca é do elemento místico, não
consciente, espiritual, imaterial

• Os poemas simbolistas caracterizam-se, portanto, pelo


trabalho cuidadoso com todos os níveis da linguagem, a
ponto de, em alguns casos, ter seu sentido reduzido a uma
sucessão de imagens que procuram, como menciona o eu
lírico, fecundar o mistério dos versos com a “chama ideal
de todos os mistérios”.
REDON, O.
A carruagem de Apolo.
1907-1910.
Óleo sobre tela,
47,6 x 29,9 cm.
As "modas" simbolistas: o Dandy
“[...] Eram polainas, capas espanholas, chapéus
desabados, gravatas de cores berrantes, monóculos
insolentes, impertinências, arrogâncias, espalhafatos.
Martins Fontes alude aos sapatos bicudíssimos com fivelas
de prata de Calixto Cordeiro, onde as iniciais se
entrelaçavam, “fraques agudos, em rabo de tico-tico,
coletes altos, colarinhos ainda mais altos [...] e caveirinhas
de ouro, de prata, de coral, de marfim por todo o corpo,
pendentes de cadeias, subindo pelas frocaduras das fitas”.”

BROCA, BRITO. A VIDA LITERÁRIA NO BRASIL — 1900. 4. ED. RIO DE JANEIRO: JOSÉ OLYMPIO, 2005. P. 186.
(FRAGMENTO).
O crítico literário Brito Broca conta que os simbolistas destacavam-se pelos versos que escreviam e pelos trajes que vestiam. Acima,
Oscar Wilde, um influente escritor, poeta e dramaturgo britânico de origem irlandesa. Depois de escrever de diferentes formas ao longo da
década de 1880, tornou-se um dos dramaturgos mais populares de Londres.
O simbolismo: o desconhecido supera o real
 A arte do período refletirá esse momento de incerteza, indefinição e pessimismo, lançando um
olhar indagador para todas as coisas e concretizando esse olhar em representações mais vagas,
fluidas e abstratas.

 Influenciados pelo desejo de investigar o desconhecido, os artistas do período exploram o poder


dos símbolos, a possibilidade de estabelecer analogias a partir deles, para revelar as relações
entre o mundo visível e o mundo das essências. Por essa razão, serão chamados de simbolistas.

 A arte que criaram pretendia estimular os sentidos humanos e, desse modo, permitir a apreensão
da realidade sem o auxílio da razão.

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