Aula Ensino Médio BRenner e Carrano
Aula Ensino Médio BRenner e Carrano
Aula Ensino Médio BRenner e Carrano
Mudanças:
Pode-se dizer que, frente ao turno das matrículas, o ensino médio mudou da
noite para o dia. Em 1995 registrou-se a ocorrência de 66% de matrículas
noturnas; no ano de 2011, contudo, a situação se inverteu e o noturno
passou a contribuir com 32,5% do total de matrículas no país, fenômeno que
expressa a chegada de um público mais jovem ao ensino médio, menos
demandante da escolarização noturna. Este público mais jovem é resultado
da diminuição da defasagem idade-série. Em 1991 o percentual de
matrículas de estudantes com mais de 17 anos no ensino médio era de
53,5%, número que caiu para 34% em 2011.
O QUE É QUALIDADE?
Sposito e Souza (2013, p. 43), adotando perspectiva sociológica em
relação ao debate sobre a qualidade do ensino médio, ressaltam que esta
não pode ser transformada em questão meramente técnica ou pedagógica
na medida em que “[…] a qualidade da escola se define, sobretudo, pela
sua capacidade de absorver e de manter o maior contingente possível de
jovens que possam cultivar uma relação significativa com a instituição
educativa”.
NOVO PERFIL DOS ALUNOS: os jovens que chegam à escola média não são
apenas muitos mas são também diferentes.
Sendo estes jovens distintos, como classe social, do público frequentador e
idealmente concebido por força da histórica ausência dos setores populares
da escola secundária ou média, são eles e elas também diferentes entre si
demandando um trabalho pedagógico e ético-político para além das práticas
de uniformização dos públicos estudantes.
ENFRAQUECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES:
‘constatação de que há um enfraquecimento das instituições naquilo que diz
respeito à imposição de seus programas institucionais às experiências dos
indivíduos.’
QUESTÃO AOS PROFESSORES:
uma pergunta se impunha para professores: como motivar tanto aos alunos
quanto a si mesmos para continuar trabalhando.
POSSÍVEIS MOTIVAÇÕES PARA O JOVEM IR À ESCOLA:
• A percepção da utilidade dos estudos para seguir adiante. Contudo, esta utilidade se
coloca bastante abstrata, não se sabe exatamente onde se poderá chegar com um
diploma de ensino médio nas mãos, além de saber das impossibilidades de chegar a
algum lugar sem ele – “com o diploma não se tem nada, mas sem ele se está pior”.
• Motivação por razões intelectuais, por sentir verdadeiro interesse pelo conhecimento,
por certas disciplinas ou pelos professores que as ministram. Ainda que os alunos
possam ter dificuldades em expressar esta motivação ela parece ser uma das razões
mais sólidas para estudar.
MITOS E VERDADES SOBRE A ESCOLA:
Um dos mitos confortavelmente alimentados pela instituição escolar é o de que
ela é a fonte dos conhecimentos, necessários à vida das novas gerações. Numa
sociedade onde se desenvolveram tecnologias capazes de difundir informações
e conhecimentos e de compartilhar experiências entre diferentes lugares e
sujeitos diversos, não se sustenta o referido mito da exclusividade da escola.
O que se mantém verdadeiro é a centralidade da escola na aquisição das
credenciais que permitem avançar na escolarização e pleitear melhores
posições nos mercados de trabalho e nos circuitos de prestígio social. Além
disso,
a escola se constitui como lugar possível do jovem estudante constituir-se
como indivíduo capaz de articular o conhecimento de si com os saberes e
valores necessários ao convívio social em busca de sua própria individuação.
No ano de 2104 o festival recebeu 150 filmes de 75 cidades, de 17 estados das cinco regiões
brasileiras. O tema do ano de 2014 foi “Uma escola sem muros”;
1º FILME
+30
O filme possui 3 minutos e 29 segundos de duração. Os jovens realizadores revelaram, no
momento da premiação do filme, que o título faz referência ao livro 1984, clássica obra
literária de George Orwell que, em 1948, expressou de forma magistral a imagem de uma
sociedade do controle na figura do Grande Irmão. +30 é metáfora de uma escola de elogio ao
controle, 30 anos depois da data ficcional do escritor inglês.
+30 foi realizado por estudantes do Colégio Estadual Professora Alcina Rodrigues Lima, da
cidade de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. É assim apresentado em sua
sinopse:
Já vivemos uma escola sem muros, o preconceito está aqui, violência e discriminação idem.
Somos vigiados por aqueles que deviam nos proteger. Não somos adolescentes, tampouco
estudantes. Somos marginais apenas pelo fato de estudarmos em colégio público estadual.
Vivemos uma realidade unificada… (SILVA, 2014a)
2º FILME:
Meu lar, escola sem muros
Meu lar, escola sem muros, é um vídeo de dois minutos e quarenta e cinco segundos, produzido por estudantes
do Colégio Estadual Alaor Coutinho, do município de Mata de São João/BA.
Em sua sinopse, diz:
O vídeo trata do sentimento de pertencimento que estudante tem na escola, que a seu ver, acolhe as
diferenças e o aceita com todas as suas dificuldades, desde a direção até as “tias”, funcionárias da escola, que
o acompanham no dia-a-dia como um membro da própria família. (SILVA, 2014b)
Em tom radicalmente distinto do filme de Niterói, este retrata uma escola de estrutura simples mas cheia de
cor.
3º FILME:
Um sonho de aprendizado
O filme Um sonho de aprendizado tem duração de cinco minutos e foi produzido por alunos da Escola Técnica
(ETEC) Presidente Vargas, da cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo.
Acostumado com sua rotina de aluno de ser testado e ouvir coisas que não contextualizam com seu dia a dia,
CARL, em mais um destes dias recebe um teste com dois desafios intransponíveis para o seu nível intelectual.
Em uma breve releitura de “Tempos Modernos” de Chaplin, este filme apresenta uma perscrutação acerca do
ensino descontextualizado com a vida dos estudantes, evidenciando que como o mundo acontece fora da sala
de aula, ficar retido nela pode causar graves danos ao aprendizado. (MATOS, 2014)
A sinopse ironiza ao dizer que ficar numa escola que não dialoga com as experiências de vida e as culturas de
seus jovens estudantes “pode causar graves danos ao aprendizado”.
SINTESE DOS AUTORES:
‘São verdadeiros desejos de diálogo.’
Os jovens produtores dos filmes exercitaram suas autorias evidenciando suas formas de interpretar a
experiência escolar que não podem ser vistas como únicas e definitivas. De toda forma, nos
convidam a apostar na capacidade dos sujeitos jovens da escola em produzir suas próprias narrativas
sobre o espaço-tempo da escolarização no qual estão imersos.
Existe uma “esfera de autonomia juvenil” (BARRÈRE, 2011) caracterizada pelas inúmeras atividades
realizadas fora da escola. São práticas relacionadas com as redes de amizade e sociabilidade,
incluídas as redes de internet, assim como experiências com o mundo do trabalho. Estas se
constituem em movimentos dos próprios jovens em busca da realização de seus gostos e motivações.
conforma um campo formativo não escolar que é, em
O conjunto dessas atividades
grande medida, desconhecido pela escola e cujas lógicas, não raras vezes,
entram em confronto.
É possível dizer que uma escola pode combinar a busca da universalidade
da experiência escolar com a singularização dos processos educativos.
+ 30
Disponível em
http://www.emdialogo.uff.br/festival/videos/20237
http://www.emdialogo.uff.br/festival/videos/20494
http://www.emdialogo.uff.br/festival/videos/20433