Curso de Aperfeiçoamento - Slides

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 19

SUPERVISÃO ESTÁGIO CURRICULAR BÁSICO - Transtorno do Espectro Autista

INTRODUÇÃO AO TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA:
conceito, etiologia e fatores de risco
Quem sou eu?
Lucas Mendes Soares

Psicólogo – CRP/RS: 07/29845


Pós-graduado em Intervenção ABA aplicada ao TEA e DI; CONTEÚDO
Pós-graduando em Terapias Cognitivo-Comportamentais;
Experiência de 08 anos na área do TEA; PROGRAMÁTICO:
Psicoterapeuta para adultos com TEA; - Conceitos básicos;
Investigação diagnóstica tardia para TEA; - História diagnóstica e
Supervisões: estágio curricular básico e extracurricular; conceitual;
Supervisor Clínico;
Idealizador do Projeto TransCrescer;
Gestor Institucional;
Termo “autismo”

O termo “autismo” perpassou por diversas alterações ao


longo do tempo, e atualmente é chamado de Transtorno do
Espectro Autista (TEA) pelo Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V-TR).

De acordo com autores “autos” significa “próprio” e


“ismo” traduz um estado ou uma orientação, isto é, uma
pessoa fechada, reclusa em si. Assim, o autismo é
compreendido como um estado ou uma condição, que
parece estar recluso em si próprio.
O autismo é definido como um transtorno complexo do
Transtorno do Espectro Autista desenvolvimento, do ponto de vista comportamental,
com diferentes etiologias que se manifesta em graus de
gravidade variados (GADIA, 2006).

Portanto...

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do


neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento
atípico, manifestações comportamentais, déficits na
comunicação e na interação social, padrões de
comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo
Etiologia

- Ainda permanece desconhecida (não há consenso cientifico);

- Evidências científicas apontam que não há uma causa única,


mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A
interação entre esses fatores parecem estar relacionadas ao
TEA, porém é importante ressaltar que “risco aumentado”
não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais;
Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o
risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas.
Não necessariamente será pré determinante!
Etiologia

O que PODEM ter correlação com aumento e/ou


diminuição dos riscos de TEA:
- a exposição a agentes químicos;
- deficiência de vitamina D e ácido
fólico;
- uso de substâncias (como ácido - baixo peso ao nascer (< 2.500 g);
valpróico); - gestações múltiplas;
- durante a gestação, prematuridade - infecção materna durante a
HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo

1908 - termo autismo criado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para
descrever a fuga da realidade para um mundo interior observado em
pacientes esquizofrênicos.

1943 - psiquiatra Leo Kanner publica a obra “Distúrbios Autísticos do


Contato Afetivo”, descrevendo 11 casos de crianças com “um isolamento
extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da
mesmices”. Ele usa o termo “autismo infantil precoce”, pois os sintomas já
eram evidentes na primeira infância, e observa que essas crianças
apresentavam maneirismos motores e aspectos não usuais na comunicação,
como a inversão de pronomes e a tendência ao eco.
1944 - Hans Asperger escreve o artigo “A psicopatia autista na

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


infância”, destacando a ocorrência preferencial em meninos, que
apresentam falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades,
conversação unilateral, foco intenso e movimentos descoordenados.
As crianças são chamadas de pequenos professores, devido à
habilidade de discorrer sobre um tema detalhadamente. Como seu
trabalho foi publicado em alemão na época da guerra, o relato
recebeu pouca atenção e, só em 1980, foi reconhecido como um
pioneiro no segmento.

1952 - a Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira


edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais
DSM-1. Nesta primeira edição, os diversos sintomas de autismo
eram classificados como um subgrupo da esquizofrenia infantil, não
Anos 50/60 - durante os anos 50, houve muita confusão sobre a natureza
do autismo, e a crença mais comum era de que o distúrbio seria causado
por pais emocionalmente distantes (hipótese da “mãe geladeira”, criada

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


por Leo Kanner). No entanto, nos anos 60, crescem as evidências
sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral presente desde a
infância e encontrado em todos os países e grupos socioeconômicos e
étnico-raciais. Leo Kanner tentou se retratar e, mais tarde a teoria
mostrou-se totalmente infundada.

1965 - diagnosticada com Síndrome de Asperger, Temple Grandin cria a


“Máquina do Abraço”, aparelho que simulava um abraço e acalmava
pessoas com autismo. Ela revolucionou as práticas de abate para animais
e suas técnicas e projetos de instalação são referências internacionais.
Além de prestar consultoria para a indústria pecuária em manejo,
instalações e cuidado de animais, Temple Grandin ministra palestras pelo
mundo todo, explicando a importância de ajudar crianças com autismo a
1978- o psiquiatra Michael Rutter classifica o autismo como um distúrbio do
desenvolvimento cognitivo, criando um marco na compreensão do transtorno.
Ele propõe uma definição com base em quatro critérios:

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


1. atraso e desvio sociais não só como deficiência intelectual;
2. problemas de comunicação não só em função de deficiência intelectual
associada;
3. comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e
maneirismos; e
4. início antes dos 30 meses de idade.

1980 - a definição inovadora de Michael Rutter e a crescente produção de


pesquisas científicas sobre o autismo influenciam a elaboração do DSM-3.
Nesta edição do manual, o autismo é reconhecido pela primeira vez como uma
condição específica e colocado em uma nova classe, a dos Transtornos
Invasivos do Desenvolvimento (TID). Este termo reflete o fato de que
múltiplas áreas de funcionamento do cérebro são afetadas pelo autismo e pelas
1981- a psiquiatra Lorna Wing desenvolve o conceito de autismo como
um espectro e cunha o termo Síndrome de Asperger, em referência à

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


Hans Asperger. Seu trabalho revolucionou a forma como o autismo era
considerado, e sua influência foi sentida em todo o mundo. Como
pesquisadora e clínica, bem como mãe de uma criança autista, ela
defendeu uma melhor compreensão e serviços para indivíduos com TEA
e suas famílias. Fundou a National Autistic Society, juntamente com
Judith Gold, e o Centro Lorna Wing.

1988 - Sucesso de bilheteria, “Rain Man” torna-se um dos primeiros


filmes comerciais a caracterizar um personagem com autismo. Embora o
filme tenha sido fundamental para aumentar a conscientização e
sensibilizar a opinião pública sobre o transtorno, ele também contribuiu
para a interpretação incorreta de que todas as pessoas com TEA também
possuem habilidades “savant” (disfunção cerebral rara em que a pessoa
apresenta aptidões altamentes desenvolvidas em certas áreas).
1994- novos critérios para o autismo foram avaliados em um estudo
internacional multicêntrico, com mais de mil casos analisados por mais de

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


100 avaliadores clínicos. Os sistemas do DSM-4 e da CID-10
(Classificação Estatística Internacional de Doenças) tornaram-se
equivalentes para evitar confusão entre pesquisadores e clínicos. A
Síndrome de Asperger é adicionada ao DSM, ampliando o espectro do
autismo, que passa a incluir casos mais leves, em que os indivíduos
tendem a ser mais funcionais.

1998 - A revista Lancet publicou um artigo do cientista Andrew


Wakefield, no qual afirmava que algumas vacinas poderiam causar
autismo. Este estudo foi totalmente desacreditado por outros cientistas e
descartado. Em maio de 2014, o cientista perdeu seu registro médico. A
revista Lancet também se retratou e retirou o estudo de seus arquivos pela
falta de comprovação dos resultados. Mais de 20 estudos seguintes
mostraram que a associação da vacina ao autismo não tem fundamento.
2007- a ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial da

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


Conscientização do Autismo para chamar atenção da população em
geral para importância de conhecer e tratar o transtorno, que afeta
cerca de 70 milhões de pessoas no mundo todo, segundo a
Organização Mundial de Saúde. Em 2018, o 2 de abril passa a fazer
parte do calendário brasileiro oficial como Dia Nacional de
Conscientização sobre o Autismo.

2012 - é sancionada no Brasil a Lei Berenice Piana (12.764/12), que


instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista. Este foi um marco legal relevante
para garantir direitos aos portadores de TEA. A legislação determina o
acesso a um diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento
pelo Sistema Único de Saúde; à educação e à proteção social; ao
2013- o DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um
único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os indivíduos

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


são agora diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de
gravidade. A Síndrome de Asperger não é mais considerada uma
condição separada e o diagnóstico para autismo passa a ser definido por
dois critérios: as deficiências sociais e de comunicação e a presença de
comportamentos repetitivos e estereotipados.

2014 - o maior estudo já realizado sobre as causas do autismo revelou


que os fatores ambientais são tão importantes quanto a genética para o
desenvolvimento do transtorno. Isto contrariou estimativas anteriores,
que atribuíam à genética de 80% a 90% do risco do desenvolvimento de
TEA. Foram acompanhadas mais de 2 milhões de pessoas na Suécia
entre 1982 e 2006, com avaliação de fatores como complicações no
parto, infecções sofridas pela mãe e o uso de drogas antes e durante a
gravidez.
2015 - A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(13.145/15) cria o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


aumenta a proteção aos portadores de TEA ao definir a pessoa com
deficiência como “aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial”. O Estatuto é um
símbolo importante na defesa da igualdade de direitos dos
deficientes, do combate à discriminação e da regulamentação da
acessibilidade e do atendimento prioritário.

2020 - Entra em vigor a Lei 13.977, conhecida como Lei Romeo


Mion. O texto cria a Carteira de Identificação da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), emitida de forma gratuita,
sob responsabilidade de estados e municípios. O documento é um
substituto para o atestado médico e tem o papel de facilitar o acesso
a direitos previstos na Lei Berenice Piana.
2022 - A nova versão da Classificação Estatística Internacional

HIGHLIGHTS TEA - Linha do tempo


de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a CID 11, segue
o que foi proposto no DSM-5, e passa a adotar a nomenclatura
Transtorno do Espectro do Autismo para englobar todos os
diagnósticos anteriormente classificados como Transtorno
Global do Desenvolvimento.

2023 – Passa a vigorar no Brasil a nova edição do DSM-5, o


DSM-5-TR com melhores especificações dos critérios
diagnósticos a fim de facilitar o diagnóstico.
Para pensar!

O TEA PODE SER CONSIDERADO UMA DOENÇA?

PODE-SE COMPARAR DOIS AUTISTAS EM TERMOS DE CLASSIFICAÇÃO


DIAGNÓSTICA?

AS CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS PRECISAM SER IGUAIS


(INTENSIDADE/PREJUÍZO/FORMA) PARA TODOS OS DIAGNÓSTICADOS COM TEA?

DE QUE FORMA O ESTIGMA ASSOCIADO AO TEA PODE INTERFERIR NO


DIAGNÓSTICO?
REFERÊNCIAS
BOSA, Cleonice Alves; SEMENSATO, Márcia Rejane. A família de crianças com autismo:
contribuições clínicas e empíricas. In: SCHMIDT; Carlo (org). Autismo, educação e transdisciplinaridade.
2. ed. Campinas: Papirus, p. 2-50, 2013.
FONSECA, Maria Elisa; LEON, Viviane. Contribuições do ensino estruturado na educação de crianças
e adolescentes com transtornos do espectro do autismo. In: SCHMIDT, Carlo(org). Autismo, educação e
transdisciplinaridade. 2. ed. Campinas: Papirus, 2013.
GRANDIN, Temple; PANEK, Richard. O cérebro autista: pensando através do espectro.1. ed. Rio de
Janeiro: Record, 2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA (IBGE). Censo demográfico 2000. Censo
demográfico, Rio de Janeiro, 2000. p.1-178.
KANNER, Leo. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child, v. 02, 1943.
LEON, Viviane de; OSÓRIO, Lavínea. Transtornos do espectro do autismo. São Paulo: Memmom, 2011
ONZI, Franciele Zanella; GOMES, Roberta de Figueiredo. Transtorno Do Espectro Autista: A
Importância Do Diagnóstico E Reabilitação. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 188-199, 2015.
WHITMAN, Thomas. O desenvolvimento do autismo. São Paulo: M.Books, 2015.
Obrigado
lucasmesndessoares@hotmail.com

Você também pode gostar