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Aula 09 Design Laboratorio Rafael

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEP. DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA HIDRÁULICA E SANEAMENTO

DESIGN E LABORATÓRIO
Metodologia de ensino a engenharia

Rafael Carvalho
Docente: Juliano J. Corbi
São Carlos, 2020.
Design e Laboratório
“Engineering without labs [and design] is a different discipline. If we
cut out labs [and design] we might as well rename our degrees Applied
Mathematics” (Eastlake, 1986).

 Aceitação da importância de ambos;


 Controversa tendência de corte destes cursos;
Design e Laboratório
 Design:  Laboratório:
• Objetivos do design; • Objetivos dos cursos de
• Ensinando o design; laboratório;
• Projetos de design; • Estrutura de laboratório;
• Estudos de caso; • Detalhes minuciosos;
• Design orientado; • Vantagens e desvantagens;
• Clínicas de design;
 Comentários do capítulo.
Design
O que é o ensino por meio do Design?
Não se tem uma definição universalmente aceita para o design.
Variações de acordo com o campo específico trabalhado
Variedade de formas de aplicação.

Qual a importância do design para a engenharia?


Tido por muitos como a essência da engenharia;
A ausência do design é frequentemente mau vista.
Design
Uma boa forma de descrever melhor o ensino através do design é conhecendo
o que ele promove. Segundo o Conselho de Credenciamento de Engenharia e
Tecnologia – ABET (1989), pode atribuir-se como design:
 Produção de um sistema, componente ou processo para atender a uma necessidade
específica;
 Processos iterativos que utilizam a tomada de decisões com economia e empregam
princípios matemáticos, científicos e de engenharia;
 Trabalhos com problemas abertos, exigindo o uso de metodologia de projeto, solução
criativa de problemas, comparação econômica de soluções e alternativas, incluindo itens
como: definição de objetivos, análise, síntese, avaliação, construção, teste e comunicação
dos resultados.
Objetivos do design
A partir de tal descrição, uma grande variedade de objetivos possíveis para a
parte do design de um curso pode ser gerada:
 Definição e redefinição de problemas  Conclusão e entrega de projetos
 Síntese e criatividade  Experiência real
 Solução de problemas  Comunicação oral e escrita
 Uso dos princípios da engenharia  Habilidades de planejamento e gestão
 Uso de ferramentas tecnológicas  Habilidades interpessoais
 Tomada de decisão  Autoconfiança
Ensinando o design
A inclusão do design de forma contínua no curso de engenharia:
 A disseminação do design em todo o currículo permite que o corpo docente
desenvolva uma experiência de design em que os alunos começam a trabalhar
em problemas deste tipo desde cedo.
 Reyes (2001) e Bittencourt (2003) discutem esta questão com experiências
brasileiras.
Manutenção das disciplinas específicas para o design na parte final do
curso.
Ensinando o design
 A aplicação prática como método eficaz de ensino
 Utilização de problemas reais como aspecto motivador
• Visualização de resultados em um ambiente real;
 Busca por ferramentas que minimizem o fardo da parte teórica, já
trabalhada em outras disciplinas
• Programas computacionais e outros softwares;
 Trabalhar a síntese e a criatividade
• Exercícios com espaço para a criação;
Ensinando o design
Como adicionar problemas de design a um currículo já sobrecarregado e
a disciplinas sobrecarregadas?

 Dar espaço para que os alunos aprendam também por conta própria
• Fornecer material e referências de qualidade para o conteúdo;
 Trabalhar em graus de dificuldade coerentes
Ensinando o design
Quais as principais dificuldades?
 Desenvolvimento de bons problemas de design
• Importância de cooperação entre professores de diversas instituições
 Tempo para trabalhar o design
• Menor valorização das disciplinas de projeto e do próprio ensino;
• Redução do interesse dos docentes.
Ensinando o design
O trabalho em equipe no ensino do design é largamente aplicado.
 Critérios de seleção de grupos
• Mescla de habilidades e personalidades;
• Promoção da cooperação entre grupos;
 Acompanhamento dos grupos
• Reserva de um espaço semanal;
 Avaliação dos grupos
• Diversos métodos avaliativos
Ensinando o design
Se o design é incluído em todo o currículo, a eficiência, o gerenciamento de
tempo e o cronograma poderão ser discutidos a cada semestre. Essa repetição
é útil para tornar as disciplinas finais próprias para a discussão do design
muito mais produtivas.

Serão abordados agora, quatro métodos diferentes, que se complementam


para o ensino do design: projetos de design, estudos de caso, design guiado e
clínicas de design.
Projetos de design
O design trata de projetos abertos, caso contrário, configurariam
somente processos de otimização. Há várias formas de classifica-los,
uma delas é fazendo o uso de dicotomias, ordenando-os entre:
 Divertido vs. sério
 Acadêmico vs. mundo real
 Papel vs. hardware
 Criativo vs. estruturado
 Indivíduo vs. grupo
 Disciplinar vs. interdisciplinar
 Pequeno vs. grande
Projetos de design
É desejável usar projetos reais e com contribuições de engenheiros em
atuação. No entanto, estabelecer os contatos apropriados pode consumir
muito tempo para um professor, além de outras dificuldades:
 Recurso financeiro,
 Deslocamento;
Os benefícios devem ser mostrados aos alunos, para equilibrar as dificuldades
de trabalhar com empresas em projetos de design:
 Estabelecimento de contatos;
 Atuação no meio real;
 Elevação do profissionalismo;
 Confiança.
Estudos de caso
Um estudo de caso é uma descrição detalhada de como um profissional
aborda um problema e são disponíveis por meio da literatura, patentes, vídeo-
aulas, entre outros meios.
Há diversas formas de trabalhar estudos de caso:
 Base para discussões em sala
 Analisar questões éticas
 Ilustrar a relevância do conteúdo trabalhado
No design, apesar de não substituírem os projetos, os estudos de caso podem
ser muito úteis para mostrar o aspecto humano da engenharia ou mesmo
servir de base para proposição de novos projetos.
Design guiado
O design guiado é uma maneira estruturada de fazer com que os alunos
trabalhem com estudos de caso, apresentando-os a problemas de design em
aberto por meio de comentários e orientações.
Em resumo, Wales e Nardi (1982) descrevem o procedimento:
 Distribuição de informações de um problema aberto de design entre grupos de
alunos;
 Distribuição das funções dos alunos perante o problema;
 Momento de discussão dentro dos grupos acerca de como proceder com o
problema (15 a 20 minutos);
 Repasse de feedbacks sobre o procedimento adotado pelo engenheiro do caso.
Design guiado
O design guiado pode ser aplicado de forma pontual, por aula, ou de forma
contínua durante a disciplina.
O que o professor faz neste método?
 Seleciona e adequa o estudo de caso;
 Adota a postura de um guia, treinador, mas não de professor;
 Monitorar a discussão dos grupos durante a aula.
Benefícios:
 Maior tempo de contato entre instrutor e aluno em tarefas cognitivas de alto nível;
 Aulas com maior cooperação e dinâmica.
Clínicas de design
Uma clínica de design é uma maneira de fornecer uma atividade de estágio,
de forma diferenciada.
Na clínica, os alunos aprendem primeiro uma variedade de habilidades e
depois as aplicam em uma prática profissional supervisionada, trabalhando
em um problema industrial real.

Pode dividir-se nas seguintes etapas:


 Curso dividido em seminários e atividades práticas em laboratórios (1º semestre);
 Curso de estágio (2º semestre);
Clínicas de design
 1ª Etapa:
• Seminários e apresentações com análises, discussões e críticas sobre conteúdos
práticos da engenharia;
• Laboratório de práticas das habilidades abordadas nos seminários, com exercícios
de ideação, simulações e projetos de design;

 2ª Etapa:
• Visitas a empresas para conhecimento e instruções sobre um problema;
• Supervisão por um professor (relatórios de progresso, reuniões periódicas, etc.);
• Apresentação final da solução desenvolvida e demais resultados.
Ensinando design
Note-se que os métodos apresentados de fato se complementam,
apresentando por muitas vezes benefícios e dificuldades semelhantes.
 Uma forma bastante empregada de trabalhar o design, para além do ensino, se dá
através do trabalho de grupos dentro das instituições, como o exemplo de empresas
juniores. No entanto, tais grupos não englobam todo o alunado.
Laboratório
Laboratório
O curso de laboratório é a parte do ensino mais influenciada pelas
especificidades dos campos da engenharia.
Objetivos do curso de laboratório
A finalidade do laboratório varia de acordo com o curso em que este se
insere, pois, nenhum laboratório pode ser ideal para todas as finalidades.
Dentre alguns objetivos de desenvolvimento pode-se incluir:
 Habilidades experimentais;
 Trabalho com a realidade e motivação;
 Descobertas e construção de objetos;
 Trabalho em equipe e comunicação;
 Aprendizagem independente.
Estrutura de laboratório
A estrutura do laboratório é essencial para o atendimento dos objetivos do
curso.
Em laboratórios não estruturados trabalha-se de forma mais geral.
 Alunos novos podem se perder em procedimentos;
 Recomenda-se experiências guiadas;
É válido trabalhar com experiências onde não se conhece o resultado com
antecedência, pois inibe cópias de turmas anteriores.
Estrutura de laboratório
E quanto aos laboratórios de design?

Estes laboratórios normalmente não são estruturados pois pode trabalhar-


se com projetos em grande escala.
Os alunos devem determinar o que deve ser medido e alocar seu tempo
entre a experimentação em laboratório e os cálculos do projeto.
Um laboratório de design também pode ser usado para projetar, construir
e testar algo.
Detalhes minuciosos
O laboratório deve fazer parte de um curso de palestras ou deve ser um curso
autônomo?
 Se o objetivo do laboratório é reforçar a teoria e permitir que os alunos descubram
resultados, faz sentido um laboratório ligado a um curso teórico.
 Se o objetivo do laboratório é sintetizar vários cursos teóricos e pedir aos alunos que
projetem ou construam algo, faz sentido um curso autônomo adequado.
Trabalho individual ou em equipe?
 Normalmente depende da disponibilidade de aparato.
Como trabalhar os resultados?
 Relatórios e discussões, fornecendo sempre um feedback aos alunos.
Atentar-se sempre a questões de segurança.
Vantagens e desvantagens
Do ponto de vista do aluno:
Vantagens:
 Experiências concretas de aprendizado;
 Maior contato entre alunos e entre aluno e professor, abrindo possibilidades para
trabalhos futuros.
 O projeto e construção de equipamentos e soluções pode ser um marco na graduação;
Desvantagens:
 Problemas com a falta ou defeito em equipamentos;
 Sobrecargas em alguns indivíduos nos trabalhos em grupo;
 Ausência do acompanhamento pelo professor.
Vantagens e desvantagens
Do ponto de vista do professor:
Vantagens:
 Contato frequente com os alunos e a chance de fazer a diferença em suas carreiras;
 Em muitos casos, o trabalho de laboratório exige integração com mais de um curso, o
que ajuda o professor a se manter atualizado em outras áreas;
 A prática também ajuda o professor a transmitir melhor os conceitos teóricos;
Desvantagens:
 A carga de trabalho é normalmente mais pesada que em outras aulas;
 Frequentemente não se valoriza as disciplinas de laboratório;
Do ponto de vista departamental:
 Excelentes laboratórios são uma vantagem no momento de acreditação.
Experiência particular
Por meio de entrevistas com 5 professores de engenharia dos campi do interior da
Universidade Federal de Alagoas buscou-se obter as suas opiniões quanto a importância do
laboratório para o aprendizado e alternativas para amenizar a ausência de laboratórios
adequados.
“... o laboratório é importante na formação e desenvolvimento do conhecimento da profissão, como
as normas empregadas no mercado de trabalho e em pesquisas...” – Professor especialista na área de
materiais de construção.

“... a teoria sem prática é apenas um jogo intelectual. A prática sem teoria é cega...” “... como
alternativa pode-se usar modelos reduzidos produzidos pelos próprios alunos na prática...” –
Professor especialista na área de estruturas e construção civil.

“... a importância do laboratório se percebe na grande dificuldade para demonstrar conceitos práticos
aos discentes...” – Professor especialista na área de hidráulica e recursos hídricos.
Experiência particular
“... a utilização de laboratório é muito importante para estudantes de Engenharia, desde às disciplinas
mais básicas, como laboratório de física, até às mais avançadas, como laboratório de mecânica dos
solos...” “...quando não dispomos de laboratórios em disciplinas onde eles são fundamentais, não
temos como realizar os ensaios e atender à ementa de forma satisfatória. Daí buscamos alternativas,
por exemplo, a realização de ensaios em outras unidades ou outras universidades que dispõem dos
laboratórios...” – Professor especialista na área de estruturas e geotecnia.

“... no saneamento, particularmente, as técnicas laboratoriais aprimoram a percepção discente sobre a


importância do monitoramento de parâmetros que estejam relacionados aos meios físico e biótico e,
até mesmo, socioeconômicos. O entendimento de sua mensuração deve fazer parte da formação do
Engenheiro, possibilitando-o pensar em estratégias mitigadoras...” – Professor especialista em
saneamento.

Nota-se, independente da área de especialização, o reconhecimento da importância


das práticas de laboratório para o ensino da engenharia em geral.
Comentários do capítulo
 Importância do ensino de design e laboratório;
 Desenvolvimento e validade das habilidades não técnicas:
• Comunicação
• Interpessoais
 Maior eficácia da prática supervisionada;
Outras referências utilizadas
 BITTENCOURT, R. M. A função do projeto nos cursos de engenharia: um discurso ou
uma necessidade? Anais: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Rio de
Janeiro, 2003.

 REYES, J. A. A. Metodologias coletivas para o ensino de projetos de engenharia e


arquitetura. Rev. Esc. Minas, vol.54 n.1, Ouro Preto, 2001. DOI: 10.1590/S0370-
44672001000100010

email: rafaelcarvalho14@usp.br

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