Nº 1, v. 1 by Revista Psicologia Política
Revista Psicologia Política, 2001
Resumo No Brasil, atos explícitos de discriminação racial são proibidos por lei. O que estaria le... more Resumo No Brasil, atos explícitos de discriminação racial são proibidos por lei. O que estaria levando as pessoas inibirem expressões do preconceito conservando disposições negativas internas. Mas não se trata exclusi-vamente de um problema psicológico. O discurso moderno sobre as relações raciais é essencialmente contraditório. Num estudo realizado na Paraíba, observou-se que praticamente todos os 120 universitários entrevistados, afirmam que no Brasil existe preconceito, mas curiosa-mente a grande maioria não se considera preconceituosa. Os estudan-tes parecem ter clara consciência da discriminação racial que se vive no Brasil mas não aceitam a responsabilidade por esta situação. Assim, observou-se que os estudantes utilizavam mais adjetivos de pessoas simpáticas e menos de pessoas antipáticas para descrever pessoas de cor negra que pessoas brancas, mas pensavam que os brasileiros fariam o contrário: atribuiriam mais adjetivos de pessoas antipáticas e menos de pessoas simpáticas às pessoas de cor negra. Observou-se também que utilizavam mais adjetivos do terceiro mundo e menos do primeiro mun-do para descrever pessoas de cor negra. Quando convidados a responder pelos brasileiros davam o mesmo padrão de respostas. Analisam-se es-tas contradições na perspectiva psicossociológica, usando-se como analo-gia o conceito de "formação reativa" para indicar que tanto os mecanis-mos psicológicos de inibição das atitudes negativas como as mudanças nas formas de se representar as diferenças de cor destinam-se a justificar práticas sociais que continuam a manter a discriminação racial. Palavras-chave Novo racismo, preconceito, estereótipos, funções ideológicas. The hidden face of racism in Brazil: A psycho-sociological analysis.
Revista Psicologia Política, 2001
O presente artigo demonstra que o engajamento pessoal na luta social anti-racismo refere-se a um... more O presente artigo demonstra que o engajamento pessoal na luta social anti-racismo refere-se a uma atividade que começa na juventude, atravessa a fase adulta, e, em alguns casos estende-se até a senectude. Além disso, ele faz uma análise dos requisitos necessários para o desenvolvimento da consciência política. No seu desenvolvimento, ele enfatiza a postura de engajar-se nas ações coletivas de combate à discriminação racial e demonstra que no campo do anti-racismo a formação da consciência política é precedida pela consciência racial. Referenciado nessas reflexões, mas também à luz de uma bibliografia autorizada e por meio das narrativas de alguns sujeitos que possuem experiências de participação nas lutas sociais de combate à discriminação racial chega-se a análise que a sociedade que dispensa aos seus membros distinção de tratamento, tendo por critério as propriedades físicas dos indivíduos, redefine as relações grupais, e, na mesma medida, redefine o significado do grupo prejudicado para os seus membros. Ao longo das páginas que se seguem argumenta-se que sociedades com essas características conferem uma força elementar à camada atingida. Como referência para os seus membros, o grupo passa a oferecer as ferramentas básicas para o indivíduo, sobretudo na sua esfera singular, superar os mecanismos de opressão, e por essa via, chegar a realização do movimento de descoberta de seu passado histórico. Por fim, enfatiza-se que quando um grupo adquire esses contornos e consegue estruturar-se como um movimento social, os seus protagonistas tornam-se, através das práticas sociais adotadas, capazes de intervir, eficazmente, nos determinantes da causa empreendida. Palavras-chave: Movimentos sociais, consciência racial, racismo, discriminação racial.
Revista Psicologia Política , 2001
Este ensaio tem como objetivo refletir alguns estudos sobre a hipótese do contato, a partir da te... more Este ensaio tem como objetivo refletir alguns estudos sobre a hipótese do contato, a partir da teoria crítica da sociedade e defender a continuidade de pesquisas baseadas em 'A Personalidade Autoritária'. Contrapõe a investigação social empírica, que é a base daqueles estudos, com a teoria da sociedade, evidenciando os limites de ambas. Apresenta, ao final, um estudo que mostra haver relação entre a ideologia da racionalidade tecnológica, as características narcisistas de personalidade e a predisposição ao preconceito. Palavras-chave: Preconceito, personalidade autoritária, hipótese do contato, teoria crítica da sociedade
Revista de Psicologia Política
A partir de entrevistas com indivíduos considerados, tanto pelos grupos nazi-fascistas como pela ... more A partir de entrevistas com indivíduos considerados, tanto pelos grupos nazi-fascistas como pela mídia, como ideólogos desses grupos, o texto propõe uma análise das bases ideológicas de sustentação destas narrativas. Nos três casos apre-sentados, analisamos que a ideologia que fundamenta os discursos desses homens pode ser entendida como autoritária, já que defende uma organização hierárquica natural da sociedade no sentido de ordenar as ações humanas. Nesta discussão, explicitamos como esses discursos relacionam-se com os campos de conflitos contemporâneos, destacando, ainda, a ordenação social expressa no exercício do poder e nas diferenciações sociais que afirmam. Palavras-chave: Ideologias autoritárias, identidades, discursos, diferenciações sociais.
Revista Psicologia Política, 2001
Este trabalho aponta algumas gêneses dos direitos humanos, especialmente, no Brasil, chegando ao... more Este trabalho aponta algumas gêneses dos direitos humanos, especialmente, no Brasil, chegando aos anos 90, quando o Governo Federal lançou um Plano Nacional. Ele marca também como a psicologia pode contribuir para a construção dos direitos humanos em nosso país, pondo em análise algumas produções das práticas psi. Palavras-chave: neoliberalismo, direitos humanos, práticas psi, Brasil anos noventa.
Revista Psicologia Política, 2001
Aqui se aborda a relação travada pela população com a violência institucional, particularmente a... more Aqui se aborda a relação travada pela população com a violência institucional, particularmente as recorrentes manifestações de aprovação às execuções de civis, levadas a termo por policiais militares, pondo em relevo o funcionamento psíquico predominante no momento em que ocorrem tais manifestações. Após relato de dois casos, a fundamentação freudiana vem apontar a dinâmica subjacente à interação das subjetividades: a identificação constitutiva da subjetividade humana também propicia os vínculos sociais ou relações intersubjetivas. A análise do fenômeno mostra que a aprovação das execuções deriva da identificação com o policial, enquanto o rechaço dessa prática tem sua origem na identifica-ção com a vítima. Isso revela a relação casuística que a cultura brasileira trava com suas leis, impondo uma dificuldade adicional às organizações de defesa dos direitos humanos: o tipo de reação social à violência em foco depende mais da direção da identificação que do apego a valores universalizantes. Considerado esse contexto, podem essas organizações produzir identificações que substituam aquelas oferecidas pelas elites bra-sileiras e pelas autoridades que as representam? Podem oferecer um outro paradigma moral à sociedade? Podem interferir no funcionamento psíquico da coletividade, contribuindo para a construção de uma intersubjetividade cultural liberta e cidadã? Palavras-chave: Violência institucional; intersubjetividade, identificação; direitos humanos.
Revista Psicologia Política, 2001
Resumo: O texto apresenta uma reflexão analítica sobre algumas teorias acerca das ações coletivas... more Resumo: O texto apresenta uma reflexão analítica sobre algumas teorias acerca das ações coletivas, buscando evidenciar as principais questões referentes a psicologia política. Neste sentido, propõe-se uma análise da relação entre identidade coletiva, entendida enquanto um processo psicossocial de criação de significados e de demarcação de fronteiras políticas, e o político definido como espaço não institucional de emergência de antagonismos sociais. Apre-senta-se, ainda, uma breve revisão das principais teorias sobre as ações coletivas, apontando suas concepções acerca dos agentes envolvidos nestas ações e do cenário em que estas ocorrem. Por fim, o texto propõe como tarefa de uma psicologia política a compreensão das ações coletivas enquanto processos de identificação coletiva e significação da realidade social. Palavras-chave: psicologia política, teorias da ação coletiva, identidade coletiva, antagonismos contemporâneos.
Revista Psicologia Política, 2001
The article focuses on the effects that neo-liberal economic restructuring of the Brazilian econo... more The article focuses on the effects that neo-liberal economic restructuring of the Brazilian economy and on how this impacted the political consciousness of workers facing rapid changes in their work lives, employment prospects, pervasive neo-liberal discourses from authorities and few opportunities for collective resistance. After a brief examination of the significant decline in collective mobilizations over the decade of the 1990s and a description of how structural changes have undermined the social bases of labor militancy, the article proceeds to analyze how workers consciousness have been changed in content. Using a theoretical model of political consciousness developed by the author, the article points to the emergence of a consciousness of demobilization that characterizes the current stance of workers as they face the uncertainties of social changes. Bringing together theoretical contributions from several studies of the psychology of participation , the model presented in this article attempts to conceptually synthesize these contributions in an integrated analytical framework of political consciousness applied to the case of the Brazilian workers under conditions of political demobilization.
Nº 2, v.1 by Revista Psicologia Política
Revista Psicologia Política, 2001
Resumo: O artigo centra-se no operariado da indústria do calçado em Portugal, procurando compreen... more Resumo: O artigo centra-se no operariado da indústria do calçado em Portugal, procurando compreender esta realidade à luz das actuais tendências de globalização e suas implicações no mundo do trabalho. Equaciona-se a importância das vinculações comunitárias, socioculturais e históricas deste segmento da força de trabalho industrial e procede-se a uma caracterização dos modelos de controle vigentes nas empresas com base na conjugação entre o autoritarismo despótico e a tradição paternalista das comunidades envolventes. Assim, os regimes de paternalismo despótico, ao mesmo tempo que promovem as relações de consentimento fazem emergir práticas de resistência tendentes a corroer o autoritarismo. É neste cenário que o sindicalismo do sector procura reinventar as suas formas de mobilização e resistir aos efeitos destrutivos da globalização neoliberal. O texto conclui com uma síntese das experiências mais recentes do sindicato, nomeadamente, a construção de novas alianças e articulações entre a acção sindical e outros actores e ONGs e, por outro lado, entre a participação nas novas redes e movimentos globais e a intervenção na esfera da comunidade local. Palavras-chave: Globalização, relações de trabalho, regimes despóticos, sindicalismo
Revista Psicologia Política, 2001
Resumo: O presente artigo refere-se a uma pesquisa realizada em um bairro operário, localizado na... more Resumo: O presente artigo refere-se a uma pesquisa realizada em um bairro operário, localizado na periferia de São Paulo, onde fizemos um estudo sobre a memória coletiva de uma greve que durou sete anos (de 1962-1969) no período da ditadura militar no Brasil. Neste estudo analisamos como a memória coletiva se reproduz num contexto social urbano constituído de pessoas com diferentes vínculos com os atores envolvidos na greve-descendentes diretos, lideranças comunitárias ou sindicais. O texto apresenta uma reflexão da identidade como um dos componentes da consciência política que permitiu o estudo da memória coletiva. Partindo dos pressupostos teóricos de Tajfel (1982; 1983) sobre identificação social e de Halbwachs (1990) em sua definição de memória coletiva, analisamos a influência da identidade na constituição da memória e percebemos que a memória coletiva possui dois grandes suportes: por um lado os vínculos identificatórios em que o grupo aparece como referência da memória coletiva e, por outro lado o "lugar" onde ocorreu a greve ("a fabrica de cimento") atuando como estímulo para a memória. Palavras-chave: Memória Coletiva, Identidade Social, Resistência e Repressão
Revista Psicologia Política, 2001
Resumo: Partindo-se da mais significativa obra do pensamento de Hannah Arendt, "A Condição Humana... more Resumo: Partindo-se da mais significativa obra do pensamento de Hannah Arendt, "A Condição Humana", procuramos compreender como as lideranças sindicais, através da ação sindical nos anos 90, vêem se distanciando cada vez mais da criação de espaços públicos e comunitários, e contribuindo para a consolidação de uma prática que atenta contra a própria política. Palavras-chave: Condição Humana; espaço público; ação sindical; Hannah Arendt.
Revista Psicologia Política , 2001
Resumo: Este trabalho pretende trazer algumas reflexões sobre possíveis relações entre a psicolog... more Resumo: Este trabalho pretende trazer algumas reflexões sobre possíveis relações entre a psicologia social comunitária e outros campos da psicologia, como a psicologia social e a psicologia política, nos últimos anos em nosso país. A partir da trajetória de construção das práticas da psicologia social comunitária, ao longo das últimas quatro décadas no Brasil, podem ser realizadas algumas avaliações a respeito da sua produção, características e intersecções com as outras áreas. As peculiaridades histórico-sociais do continente latino-americano permitem encontrar raízes comuns na trajetória da psicologia social comunitária, psicologia social e psicologia política, como a existência de pressupostos teóricos semelhantes e o comprometimento com as problemáticas sociais que afetam grandes parcelas da população. As práticas de intervenção psicossocial em comunidade, em nosso continente, produziram uma contribuição decisiva, no campo das ciências humanas e sociais, introduzindo os setores populares e as comunidades na condição de atores sociais e políticos, diretamente ligados aos processos de conscientização e participação. Palavras-chave: psicologia social comunitária; comunidade como ator social; processos de conscientização e de participação; comunidade e político
Revista Psicologia Política , 2001
Resumo: Práticas psi e Tortura no Brasil. Texto-relatório que narra alguns debates ocorridos no C... more Resumo: Práticas psi e Tortura no Brasil. Texto-relatório que narra alguns debates ocorridos no Comitê Contra a Tortura da ONU, em maio de 2001, quando o Brasil foi chamado para esclarecer a situação da tortura no país.
São discutidos alguns temas como a presença da prática de tortura em nossa história, em especial no último período autoritário (1964-1985), a lei de 1997 que tipificou tal prática e a chamada violência "doméstica", articulando-a com a violência institucionalizada que ocorre cotidianamente em nosso país.
Palavras-chave: tortura; violência doméstica; violência institucionalizada; práticas psi
Revista Psicologia Política , 2001
Há quase três décadas não se via qualquer perspectiva de solução para os conflitos em Timor Leste... more Há quase três décadas não se via qualquer perspectiva de solução para os conflitos em Timor Leste nem tampouco qualquer voz entre os intelectuais que os denunciasse. Foi exatamente Noam Chomsky quem mais uma vez entrou em cena, denunciando a falta de comprometimento internacional para resolver problemas desta natureza. O silêncio jornalístico e literário mantido face aos desmandos indonésios no Timor foi quebrado através das palavras do
nomeado autor.
Nº 3, V. 2 by Revista Psicologia Política
Revista Psicologia Política, 2002
Revista Psicologia Política, 2002
Resumo: Importa discutir a transformação que ocorre na forma de punição, a qual deixa de ter o co... more Resumo: Importa discutir a transformação que ocorre na forma de punição, a qual deixa de ter o corpo como alvo-na forma suplício-adotando uma punição que se materializa no espaço, e o tempo é transformado em abstração. Faz-se um giro em relação ao elemento que tem sido tomado como referência para refletir sobre a penalidade moderna, qual seja, o espaço. A penalidade moderna está conjugada em espaço e tempo, porém o tempo tem ficado, muitas vezes, como um elemento secundário nos processos de análise sobre a prisão; é nesse sentido que ele é aqui priorizado. Reconhece-se a pena de prisão como produto de uma sociedade que se estrutura pelo modo de produção capitalista, em que o tempo se constitui em unidade de medida do valor. É a partir daí que o tempo se constitui em referência para as reflexões desenvolvidas. Aborda-se o tempo a partir da perspectiva econômico-social, sendo este o elemento que possibilita articular o significado da penalidade moderna adotar como variante da gravidade do crime, o tempo. Palavras-chave: tempo, trabalho, capitalismo, punição, marxismo.
Revista Psicologia Política, 2002
Resumo: Este artigo considera a música popular como construtora de experiências afetivas e reflex... more Resumo: Este artigo considera a música popular como construtora de experiências afetivas e reflexivas, capaz de produzir significados singulares e coletivos. Neste sentido, ela se faz uma linguagem especialmente política, se constituindo em mediação na construção de um possível paradigma ético-estético, onde se alia trabalho e compromisso com divertimento e prazer, na construção do sujeito coletivo.
Palavras-chave: Música popular; afetividade; estética; identidade coletiva, grupo sociais
Revista Psicologia Política , 2002
Resumo: Este trabalho aponta algumas gêneses da doutrina de proteção integral que norteou a elabo... more Resumo: Este trabalho aponta algumas gêneses da doutrina de proteção integral que norteou a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente. Discute-se também as contribuições da psicologia nos processos de exclusão de crianças e adolescentes pobres. Nesta discussão algumas produções das práticas psi-cológicas são postas em análise, inclusive aquelas associadas ao campo de aplicação das medidas sócio-educativas. Sugere, ao final, como a psicologia pode contribuir na produção de um trabalho técnico de transformação. Palavras-chave: Medida sócio-educativa, exclusão social, práticas psicológicas, movimentos sociais, adolescência
Revista Psicologia Política , 2002
Abstract: This paper provides a review of recent developments in the social psychology of movemen... more Abstract: This paper provides a review of recent developments in the social psychology of movement participation. It begins with a description of forms of
participation and continues with a discussion of participation in the life course. The centre piece, however, concerns the dynamics of participation. Elaborating on these dynamics the ‘demand-supply’ metaphor is borrowed from economics. Participation in a social movement is defined as the outcome of a process of mobilization that brings a demand for political protest that
exists in a society together with a supply of opportunities to take part in protest offered by movement organizations. The social psychological transaction that is taking place between an individual considering to participate in a social movement activity and a movement organization
trying to persuade the individual to take part in its activities is conceptualised in terms of three fundamental motives: people may want to change their circumstances (instrumentality), they may want to act as members of their group (identity), or they may want to give meaning to their world and express their views and feelings (ideology). The demand- and supplyside of participation are discussed in terms of these three motives. Steps in
the process of mobilization are analysed. Key-words: Participation, social movement, social psychology, political psychology, mobilization process
Revista Psicologia Política, 2002
Resumen: Se realiza una descripción acerca de las «políticas en el espacio del quehacer psicológi... more Resumen: Se realiza una descripción acerca de las «políticas en el espacio del quehacer psicológico», como una de las formas de abordar temáticas psicopolíticas. Para ello se observan los lugares comunes con otros quehaceres profesionales, desde la mirada de la teoría del Poder y luego se caracterizan a los psicólogos por su participación-o no-en organizaciones como Colegios, Academias y Universidades. Todo esto con particular referencia a la Argentina y una breve comparación con lo que sucede en España. Palabras Clave: Poder, Asociaciones Profesionales, Participación, Exclusión, Escuelas teóricas.
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Nº 2, v.1 by Revista Psicologia Política
São discutidos alguns temas como a presença da prática de tortura em nossa história, em especial no último período autoritário (1964-1985), a lei de 1997 que tipificou tal prática e a chamada violência "doméstica", articulando-a com a violência institucionalizada que ocorre cotidianamente em nosso país.
Palavras-chave: tortura; violência doméstica; violência institucionalizada; práticas psi
nomeado autor.
Nº 3, V. 2 by Revista Psicologia Política
Palavras-chave: Música popular; afetividade; estética; identidade coletiva, grupo sociais
participation and continues with a discussion of participation in the life course. The centre piece, however, concerns the dynamics of participation. Elaborating on these dynamics the ‘demand-supply’ metaphor is borrowed from economics. Participation in a social movement is defined as the outcome of a process of mobilization that brings a demand for political protest that
exists in a society together with a supply of opportunities to take part in protest offered by movement organizations. The social psychological transaction that is taking place between an individual considering to participate in a social movement activity and a movement organization
trying to persuade the individual to take part in its activities is conceptualised in terms of three fundamental motives: people may want to change their circumstances (instrumentality), they may want to act as members of their group (identity), or they may want to give meaning to their world and express their views and feelings (ideology). The demand- and supplyside of participation are discussed in terms of these three motives. Steps in
the process of mobilization are analysed. Key-words: Participation, social movement, social psychology, political psychology, mobilization process
São discutidos alguns temas como a presença da prática de tortura em nossa história, em especial no último período autoritário (1964-1985), a lei de 1997 que tipificou tal prática e a chamada violência "doméstica", articulando-a com a violência institucionalizada que ocorre cotidianamente em nosso país.
Palavras-chave: tortura; violência doméstica; violência institucionalizada; práticas psi
nomeado autor.
Palavras-chave: Música popular; afetividade; estética; identidade coletiva, grupo sociais
participation and continues with a discussion of participation in the life course. The centre piece, however, concerns the dynamics of participation. Elaborating on these dynamics the ‘demand-supply’ metaphor is borrowed from economics. Participation in a social movement is defined as the outcome of a process of mobilization that brings a demand for political protest that
exists in a society together with a supply of opportunities to take part in protest offered by movement organizations. The social psychological transaction that is taking place between an individual considering to participate in a social movement activity and a movement organization
trying to persuade the individual to take part in its activities is conceptualised in terms of three fundamental motives: people may want to change their circumstances (instrumentality), they may want to act as members of their group (identity), or they may want to give meaning to their world and express their views and feelings (ideology). The demand- and supplyside of participation are discussed in terms of these three motives. Steps in
the process of mobilization are analysed. Key-words: Participation, social movement, social psychology, political psychology, mobilization process
De acordo com Lewis Feuer (1980), os memorandos e a correspondência preservados nos arquivos da Reitoria da Universidade de Columbia mostram que os marxistas da Escola de Frankfurt estavam empenhados numa
falsa apresentação de si mesmos às autoridades “ingênuas”de Columbia: o próprio Reitor, Nicholas Murray Butler, e o chefe do Departamento de Sociologia, Robert MacIver.
ação ideológica de termos, descrições, explicações e argumentações na justificação da desigualdade entre negros e brancos. A posição social do negro no
Brasil aparece nos discursos desses sujeitos como um produto de características dos negros, um produto do racismo ou um produto desses dois fatores. As causas do racismo são, nesses discursos, a natureza humana (a natureza psicológica do homem) ou a história (o passado escravista). A defesa de posições grupais (a defesa de privilégios grupais no presente) não aparece como causa do racismo. As supostas características negativas dos negros, que
explicariam sua posição social, raramente são atribuídas a determinismos raciais; aparecem principalmente como produtos de fatores históricos ou sócio-culturais. Mas o sentido dominante em tais discursos é o mesmo do
velho discurso explicitamente racializado: os negros são os principais responsáveis por sua condição social.
Palavras-chave: Racismo, Estereótipos, Desigualdade, Discurso, Posição Social.
Diferença
dos estudantes deste curso no Estado; e sobre a
experiência relatada, em entrevista, de participantes
deste Movimento e de militantes do ME dos anos 60, década em que o ME obtinha forte penetração na sociedade. Método: A investigação apoiou-se na Psicanálise Argentina de Bleger e Pichon-Rivière para análise e foi desenvolvida através de: depoimentos; realização de três Grupos Operativos com estudantes participantes do COREP e análise de documentos. Resultados: Constatamos que é inegável a importância do ME para a sociedade e para o sujeito que dele participa. Seja como pólo de resistência e expressão da sociedade contra a ditadura, como nos anos 60 ou,
como grupo estudantil que atua politicamente sobre
sua formação e organiza assim o Movimento. Verificamos através dos Grupos Operativos que a
desmobilização, a questão do tempo disponível e a
do reconhecimento do espaço possível são aspectos
que trazem ansiedade ao estudante. A tensão muitas
vezes é aliviada com a possibilidade de exercer
uma tarefa e de uma “ideologia” (hipótese teórica
sobre a construção dos grupos).
Palavras chaves: Movimento Estudantil, Psicologia, Movimento Social, Psicanálise de Grupos, Grupos
Operativos
self, linguagem, subjetividade, sujeito, G.H.Mead
sendo apresentada como a “voz da periferia”, proporcionando a denúncia das desigualdades sociais e os anseios pela igualdade e justiça social. Procuramos compreender as identidades coletivas que emergem dessa manifestação cultural e as possíveis identidades virtuais do movimento apresentadas pela mídia impressa. Palavras-chaves: juventude, identidade, movimento hip-hop, periferia, mídia
comunidad y sociedad, Buenos Aires: Paidós; 2003 – atual presidenta da The international Society of psychology Political e já com quase 30 anos de experiência no campo da intervenção comunitária,
sintetiza a busca na América Latina, de construir um espaço politizado nas comunidades, propósito que desenvolveu com autores significativos como Martin-
Baró, Serrano-Garcia, Lopez-Sanches, Lane, Sawaia entre tantos outros.
patogênica e terapêutica do trabalho), como é regulada socialmente (contrato, informalidade, flexibilidade) e como funcionam suas mediações (estratégias/alternativas ao ‘trabalho
dominado’), sendo esta última o foco principal das análises por ser onde mais nitidamente manifesta-se a dimensão política do trabalho na vida cotidiana, especialmente na relação trabalho/busca de reconhecimento em seus elementos principais: a identidade, a pluralidade e a diferença. Na perspectiva teórico-metodológica da Psicossociologia
Clínica a base empírica deste estudo foi realizada através de entrevistas e recolhimento de história de vida de moradores de uma favela em Belo Horizonte, buscando-se compreender a relação entre trabalho e mobilidade psicossocial ao longo da trajetória de vida de um morador de favela.
bi-gênero e as relações sociais da sexualidade. Sem dúvida nos poderíamos avaliar as contribuições da contribuições da bissexualidade para os debates modernos, atuais, que tentem a desestabilizar a estrutura conjugal que herdamos. A crítica da bifobia certamente anuncia a forma pelas quais veremos outros grupos (transgeneros, transexuais, multissexuais, a-sexuais etc.) e com as quais desconstruímos conceitos para obter reconhecimento e denunciar o ostracismo e rejeição. A uma forte influência a cessar a retórica do individualismo e do bem estar coletivo, através da “liberação sexual”. Mas outro caminho existe, conforme Michel Foucault: nos podemos refutar o dispositivo da sexualidade e tornar o sexo entre adultos um assunto privado. Porém isso passa pela via do reconhecimento, o que representa justamente o paradoxo da política da sexualidade, estágio no qual nos encontramos.
social como máquina ou organismo, crítica feita, não em nome de princípios transcendentes, mas em nome da livre produção de si mesmo” (Touraine, 1994, p. 247). Isso não significa, porém, um mergulho no individualismo narcisista, voltado exclusivamente para o si mesmo, pois para Touraine, o indivíduo só se afirma enquanto Sujeito quando reconhece outrem igualmente como Sujeito; e reconhecer outrem como Sujeito é respeitar sua
alteridade, é ser, portanto, democrático, sentir-se igual aos outros, com os mesmos direitos, mas também único e diferente dos demais.
utilizando como ponto de partida uma pesquisa realizada com um grupo de homens considerados agressores. A pesquisa iniciou com seu propósito voltado para a compreensão dos sentidos produzidos por estes homens.
No entanto, fomos sendo levados a repensar questões importantes acerca das formas como estavam sendo desenvolvidas determinadas ações ligadas a políticas públicas, através de práticas psicológicas, bem como questões relacionadas às concepções teóricas a partir das quais as intervenções realizadas encontravam-se fundamentadas. Desta forma, neste artigo, estipulamos três pontos para problematizarmos: 1) a questão da possível existência de uma identidade de agressor; 2) o caráter anônimo pretendido pelo grupo; 3) o aspecto de compulsoriedade que o caracterizava. A discussão efetuada sobre estes pontos está a serviço de promover uma reflexão acerca de como as práticas psicológicas vêm intervindo no campo das Políticas Públicas, especialmente as que estão voltadas à problemática da
violência. Para tal, fundamentamo-nos na compreensão do conceito de identidades do campo Estudos Culturais, a fim de questionar a possível existência de um estatuto identitário relacionado à agressão; na discussão
e posicionamento do Construcionismo Social sobre a concepção de violência como algo não individual; e no debate trazido pelos movimentos feministas no que diz respeito ao caráter anônimo atribuído a esse grupo.
conseqüências ainda imprevisíveis do embate capital/trabalho. O texto reúne, ainda, algumas preocupações com questões referentes à identidade
do psicólogo do trabalho e nela enxerga um dos componentes da consciência política, o que poderá vir a propiciar a compreensão dos antagonismos políticos no campo social. Palavras-chave: Psicologia do trabalho, psicologia organizacional, teorias organizacionais,
atuação do psicólogo, pós- fordismo.
e cuidado com o outro. Tornou-se, então, impossível para as políticas públicas de prevenção da aids negligenciar estratégias que possibilitam uma vivência coletiva e produzam ferramentas para o estabelecimento de Posturas Preventivas, que superem a simples prescrição de práticas de prevenção,
como o uso da camisinha. O presente trabalho objetiva, a partir da consideração do processo de construção sócio-histórica de conceitos como saúde, promoção de saúde, risco e prevenção, propor novas estratégias
de prevenção em aids. Estas devem estar calcadas no paradigma da promoção da saúde, propondo a construção de sujeitos que construam saídas sociais e individuais, para que suas experiências sexuais possam
ser prazerosas e seguras. Deste modo, este estudo defende a construção coletiva de estratégias de promoção da saúde e proteção da vida como
eixo fundamental para uma política pública de prevenção em aids que possibilite, de fato, a produção de sujeitos críticos e autônomos frente a suas escolhas e práticas sexuais. Palavras-chaves: Promoção à saúde, prevenção, aids, política pública, práticas sociais.
tanto pelo incremento da produtividade quanto pela extinção de postos de trabalho. Esta pesquisa objetivou identificar como as transformações decorrentes do processo de Reestruturação Produtiva refletem-se no agir e no pensar de trabalhadores, a partir de sua vivência concreta nesse cenário. Para tanto, foram entrevistados três gestores e cinco trabalhadores do
chão-de-fábrica de empresas metalúrgicas da região de Campinas, além de dois membros do sindicato da categoria. Os dados coligidos foram sistematizados em três unidades temáticas, apontando o paradoxo de que,
apesar de representarem maiores índices de desgaste mental e exigências por produtividade e qualidade sobre o trabalho, as novas tecnologias são avaliadas positivamente. Os resultados indicam, ainda, que o medo do desemprego favorece a adesão dos trabalhadores ao ideário produtivo, e o
sindicato encontra-se despreparado para lidar com o atual contexto. Palavras-chave: Reestruturação produtiva, ideário produtivo, tecnologia microeletrônica,
gestão do trabalho, subjetividade.
les services publics et par là même la notion d’intérêt public (ou général). L’appréhension de ce qui se joue dans les activités de travail permet d’aborder cette notion, tel est l’objet du présent écrit. Selon l’approche ergologique toute activité met en mouvement une dynamique : des dramatiques d’usage de soi - des critères quantitatifs de gestion et marchands - des valeurs non-dimensionnées de politeia. Cette dynamique
montre d’une part que l’absence d’articulation entre ces trois dimensions (lorsque l’un des pôles est sur-dimensionné) génère toutes sortes de crise,
d’autre part qu’à l’inverse leur articulation engendre une transformation de chacun d’eux et de leur ensemble.
Ceci nous conduit dans une dernière partie du texte à montrer que l’expression de cette articulation prend toute sa dimension dans un espace public qui n’est autre qu’un espace politique. Historiquement les
services publics parce qu’ils ont comme rôle d’assurer l’intérêt public ont le devoir d’affirmer institutionnellement l’articulation dynamique de ces
trois dimensions qui versus usager sont : ses besoins, la satisfaction du consommateur, les droits du citoyen. En guise de conclusion, revenant sur la démarche, nous constatons que l’interrogation des activités de travail
exige une posture méthodologique qui n’est pas sans conséquence sur un positionnement épistémologique et éthique. Mots clés: Activité, singularité gestion valeurs, intérêt et service public.
impactos psicossociais da privatização nos trabalhadores, sintetizando as pesquisas encontradas na literatura estrangeira e brasileira. Nesse caso,
tentamos a partir das pesquisas revisadas, dedicar especial atenção aos impactos numa perspectiva histórica do processo (antes, durante e após)
de privatização no Brasil. O maior impacto, tanto no Brasil como em diversos setores privatizados em diferentes países, é o enxugamento do quadro de pessoal durante e após o processo. Verifica-se que o processo de privatização negligencia os aspectos psicossociais e a adoção de moderadores de efeitos de enxugamento, provocando medo, insegurança
e ansiedade nos trabalhadores. A falta de informação sobre o processo, associado a estes sentimentos, o caracteriza como um processo estressante.
Conclui-se que as considerações reunidas neste trabalho podem, de alguma forma, contribuir para uma reflexão acerca da gestão do processo de privatização, especialmente em momentos em que se discute a reformulação do papel do Estado. Palavras-chave
Privatização; subjetividade; trabalho; gestão; política.
em movimentos sociais, a partir da análise da trajetória de vida de um militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), buscando compreender elementos associados com seu envolvimento em um movimento social. O referencial teórico discute a relação dialética entre subjetividade e objetividade, por meio das categorias classe social,
consciência de classe, psicologia de classe e vida cotidiana. Uma breve história sobre a questão agrária no Brasil, a constituição do MST e desafios atuais para o movimento são apresentadas, bem como algumas problemáticas existentes no movimento apontadas por estudos da psicologia social sobre o mesmo. Para analisar a trajetória de vida do participante da pesquisa partiu-se do método de historias de vida e utilizou-se uma entrevista semi-estruturada. Na análise organizou-se o conteúdo, de modo a superar impressões imediatas e desvendar temáticas que surgem da narrativa.
O texto foi construído tendo como base a organização em unidades temáticas articuladas com o referencial teórico. Os temas predominantes na entrevista foram: trabalho e mercado, família e participação no MST.
As considerações finais problematizam algumas questões levantadas pelo sujeito pesquisado: (1) como se dá a sua inserção na sociedade; (2) conexões
entre consciência cotidiana e consciência de classe; (3) as possibilidades de mudanças sociais para o participante e para o MST. Palavras-chaves:
Vida cotidiana; consciência de classe; questão agrária; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)
e o modus operandi destas organizações é essencialmente diferente. Concluímos que é plenamente possível traçar um perfil psicológico da ação de grupos terroristas o que se toma fundamental em um objetivo de combate a estas organizações assim como na imediata identificação dos responsáveis por ataques terroristas. Palavras-chaves: Cognitivismo; ETA; AI Qaeda; Terrorismo; relações internacionais.
poucos registros no que se refere à construção da Psicologia do ponto de vista de suas entidades. Desta forma, propomos uma reflexão a respeito das práticas das entidades de classe da Psicologia de São Paulo durante a década de 70 por meio de pesquisa documental e depoimentos de ex integrantes destas entidades. Notamos que suas práticas foram reflexos
da conjuntura política do país mediadas pela concepção da função social da Psicologia, na qual, nos anos 70, as entidades defendiam a Psicologia como um fim em si mesma. Palavras-chave: História da Psicologia, Conselho Regional de Psicologia, Sindicato dos Psicólogos, organizações profissionais, Psicologia Política.
Psicologia clínica, Infância, Homossexualidade, Homofobia, Justiça Erótica.
de arbitrar/determinar o modelo ideal de saúde. Imposição de preceitos morais, através da desqualificação/extermínio dos saberes/fazeres populares perante a verdade dos saberes/poderes especialistas em saúde (epistemicídio). A criação do Sistema Único de Saúde propõe uma reversão nessa conformação heterônima, com participação ativa das populações na produção de práticas coletivas em saúde. Estudos sobre a inserção do psicólogo no SUS têm apontado para a reprodução da postura especialista,
ressaltando a inadequação da formação/conteúdos disciplinares para atuação nessa realidade. Este artigo traz algumas reflexões advindas de uma "análise genealógica das práticas psicológicas nas UBS" do município de Vitória/ES. De inspiração etnográfica, a pesquisa ocorreu entre 2004/05, abarcando a atuação de quatorze psicólogos em dez Unidades de Saúde.
A reprodução heterônoma não parece advir, entretanto, de uma carência de conteúdos disciplinares para adequar o profissional. Contrariamente, o despreparo surge como fruto do excesso disciplinar, que con-forma profissionais impotentes, submetidos aos valores morais de adequação/adaptação, decompostos em sua potência criativa singular de agir. Palavras-chave:
Práticas psicológicas heterônomas, UBS, Preceitos morais.
A realização do SBPP pela primeira vez no nordeste foi uma iniciativa importante para a ampliação do debate sobre a psicologia política no Brasil, aumentando a visibilidade deste campo de conhecimento nesta região e a possibilidade de trocas com as regiões sudeste, sul e centro-oeste, nas quais ocorreram os Simpósios anteriores. Ainda vivemos o desafio de uma maior inserção da psicologia política na região norte, esperamos que no período em que estaremos à frente da RPP possamos contribuir com a publicação de artigos de pesquisadores/as desta região.
Também nesse caminho de fortalecimento da Psicologia Política nos diferentes cantos do país, salientamos que a Comissão Editorial atual reúne duas pesquisadoras e dois pesquisadores que atuam em universidades públicas situadas em três regiões: nordeste (UFAL), sudeste (UERJ), sul (UFRGS). O que caracteriza uma novidade na história da RPP, na medida em, que desde sua criação, teve como editores pesquisadores que atuam na região sudeste: Salvador Sandoval (PUC-SP), Marco Aurélio Máximo Prado (UFMG), Celso Zonta (UNESP), Alessandro Soares da Silva (USP). Desde já, ressaltamos a valiosa contribuição destes editores para a construção da Revista Psicologia Política e para a consolidação da psicologia política no Brasil e na América Latina.
A Psicologia Política é um campo de conhecimento interdisciplinar que, apesar de distintas formas de concebê-lo na literatura (Costa, 2012; Dorna, 2007; Montero, 2009; Sabucedo & Rodriguez, 2000), tem como foco a produção de análises psicopolíticas sobre fenômenos que impactam a constituição, manutenção e transformação da ordem social. Neste sentido, ampliar a divulgação deste campo nas diferentes regiões brasileiras é uma forma de contribuir para melhor conhecermos os modos como as relações de poder são estabelecidas e mantidas nestes contextos, bem como as lutas pela expansão da democracia têm sido organizadas, desenvolvidas e articuladas ao redor do país.
No cenário em que vivemos, marcado por um golpe de Estado no Brasil, arregimentado por forças políticas que buscam transformá-lo em um evento democrático, consonante com a rearticulação de governos de direita no continente latino-americano, consideramos que a psicologia política assume um papel relevante para a reflexão crítica sobre estes processos e, concomitantemente, para a intervenção sobre eles. Deste modo, queremos salientar a importância da psicologia política como campo de conhecimento interdisciplinar que assume a tarefa epistemológica de desnaturalizar as relações de poder e os processos de hierarquização social.
Assim, é fundamental explicitar o desafio de manter “viva” a RPP, mesmo diante da escassez de recursos financeiros decorrentes tanto da fragilidade econômica da Associação Brasileira de Psicologia Política (ABPP) quanto da ausência de editais de financiamento a revistas que se encontram com publicações atrasadas. No que diz respeito à ABPP, cabe-nos ressaltar o caminho que tem sido traçado nos últimos anos de reorganização da associação e o apoio que, mesmo diante de dificuldades, tem sido dado à RPP.
No que se refere aos editais de financiamento, consideramos que talvez seja necessário repensar os critérios de fomento, na medida em que garantir o apoio a revistas que apresentam números atrasados pode ser uma forma de contribuir para ampliação e diversificação de revistas de qualidade no Brasil. No caso da RPP o atraso não se trata da ausência de manuscritos com qualidade acadêmica, mas de recursos financeiros que possibilitem a publicação. O financiamento a revistas já estruturadas é importante para propiciar a elas condições de manutenção, mas reduzir o financiamento apenas a elas é um modo de preservá-las em detrimento daquelas que necessitam de investimento para continuarem a existir e para aprimorarem seus processos editoriais.
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pelo Projeto de Emenda Constitucional (PEC) nº 171/1993, colocando em foco a questão da opinião pública e suas influências, em perspectiva comparada a acontecimento semelhante ocorrido no Uruguai em 2014 que teve como atores influentes organizações da sociedade civil, empenhadas na mudança da opinião pública a respeito do tema em discussão.
Palavras-chave: Redução da Maioridade Penal, PEC 171/1993, Opinião Pública, Sociedade Civil, Uruguai.
diários e mídias eletrônicas e entrevistamos dois dirigentes sindicais. Aplicamos análise de conteúdo e identificamos quatro categorias sobre a mobilização: Motivos, Organização,Resultados e Avaliação do Movimento. Acerca dos Motivos e da Organização, as divergências entre os resultados das análises referentes às reportagens e às entrevistas dos dirigentes sindicais são menores, enquanto se acentuam quando se trata dos Resultados e Avaliação do Movimento. No conjunto, os resultados indicaram que o Dia Nacional de Luta expressou um momento de empoderamento do movimento sindical, voltando-se para os interesses mais
amplos de todos os cidadãos. Palavras-chave:
Relações de Trabalho, Análise de Conteúdo, sindicalismo, Manifestações Sociais, Empoderamento.
empreendedorismo, sob os discursos do “crie seu próprio negócio” ou “seja seu próprio patrão”. Assim, boa parcela dos brasileiros tem se deslocado para trabalhos por conta própria, normalmente mais voláteis e imprevisíveis. Compreendendo o empreendedorismo como modalidade de trabalho amplamente disseminada no contexto brasileiro como perspectiva de sucesso
e desenvolvimento, pretende-se lançar as bases para o
entendimento de como esse processo se dá na atual conformação do mundo laboral, ou seja, de que forma o empreendedorismo se conforma na era da precarização do trabalho. Levando em consideração a construção histórica dos conceitos de empreendedorismo e de precarização, bem como seus desenvolvimentos no contexto laboral global e brasileiro, procura-se entender em que sentido a prática empreendedora se constitui uma fuga do modelo opressor em busca de autonomia e como ela pode ser tomada como reprodutora de novas (ou velhas) modalidades de precarização do trabalho.
Palavras-chave: Empreendedorismo, Empreendedor, Precarização, Trabalho Precário.
problematizar os processos de precarização do trabalho como propulsores do sofrimento social. Concluiu-se que o cenário de terceirização e de destituição de direitos produz importantes efeitos sobre a saúde mental do trabalhador, podendo se manifestar através do sofrimento social. Palavras-chave: Sofrimento, Precarização, Saúde Mental, Trabalho, Terceirização.
Mensagem da ABPP
Editorial
O Porvir da Memória: lembranças e considerações inacabadas de um editor
Alessandro Soares da Silva – Universidade de São Paulo – Brasil
Edital ABPP 01/2015
Artigos
Futebol, Massa e Poder: reflexões sobre a “teoria do contágio”
Felipe Tavares Paes Lopes – Universidade de Sorocaba – Brasil
Mariana Prioli Cordeiro – Universidade de São Paulo – Brasil
Discurso e Identidade: a construção discursiva do nordeste na mídia paraibana
Edgley Duarte Lima – Universidade Federal de Pernambuco – Brasil
Pedro Oliveira Filho – Universidade Federal de Pernambuco – Brasil
Concepções de Conselheiros Tutelares Acerca da Infância: interconexões entre risco e proteção
Jessica Helena Vaz Malaquias – Universidade de Brasília – Brasil
Regina Lúcia Sucupira Pedroza – Universidade de Brasília – Brasil
Consumo de Medicação Psicotrópica em uma Prisão Feminina
Rafael de Albuquerque Figueiró – Universidade Potiguar – Brasil
Magda Dimenstein – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Brasil
Delanno Alves – Universidade Potiguar – Brasil
Gerlândio Medeiros – Universidade Potiguar – Brasil
Reconhecimento, Igualdade Complexa e Luta por Direitos à População LGBT Através das Decisões dos Tribunais Superiores no Brasil
Renata Ovenhausen Albernaz – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil
Bruno Silva Kauss – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil
Institucionalização e Descentralização do Movimento LGBT no Brasil
Guilherme E. Vergili – Universidade Federal de São Carlos – Brasil
Felipe G. Brasil – Universidade Federal de São Carlos – Brasil
Ana Cláudia N. Capella – Universidade Estadual de São Paulo – Brasil
Trabalhadora e Mãe: papéis, identidade, consciência política e democracia
Beatriz Cicala Puccini – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Brasil
Mariana Luzia Aron – Universidade Nove de Julho – Brasil
Evelyn Barreto Santiago – Fundação Escola de Comércio Alvares Penteado – Brasil
Narrativas do Silêncio: movimento da luta antimanicomial, psicologia e política
Pâmela de Freitas Machado – Centro Universitário Unidade Integrada
Vale do Taquari de Ensino Superior – Brasil
Helena Beatriz K. Scarparo – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Brasil
Aline Reis Calvo Hernandez – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Brasil
De Oprimido a Bon Vivant: trajetória do administrador brasileiro segundo a publicidade
Martin Jayo – Universidade de São Paulo – Brasil
Andrea Leite Rodrigues – Universidade de São Paulo – Brasil
Silma Ramos Coimbra Mendes – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Brasil
Contribuições do Pensamento Pós-Colonial à Psicologia Política
Cândida Beatriz Alves – Universidade de Brasília – Brasil
Polianne Delmondez – Universidade de Brasília – Brasil
Resenha
A Psicologia Política no Interstício das Disciplinas
Domênico Uhng Hur – Universidade Federal de Goiás – Brasil
Publicando na RPP
El artículo propone un recorrido histórico institucional por las características de producción de conocimiento en Psicología Política en un espacio académico (Universidad Nacional de San Luis, Argentina), sus influencias, y su articulación con la formación profesional de grado en psicología. Desde la perspectiva propuesta, la Psicología Política reflexiona sobre las personas y analiza su dimensión subjetiva, recuperando su condición humana a partir de las mediaciones históricas micro y macro sociales que la atraviesan. La concepción y el ejercicio del poder; la distribución del conocimiento validado socialmente; el control social; los derechos humanos y las representaciones sociales de sectores de la realidad, la psicología económica, la participación política, salud mental y formación del psicólogo, son los ejes temáticos preponderantes.
Linha Editorial
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Mensagem da ABPP
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Editorial
Psicologia Política: um olhar crítico sobre a realidade
Alessandro Soares da Silva – Universidade de São Paulo – Brasil ................................... 445
Artigos A Psicologia Política na Universidade Nacional de São Luis – Argentina
Elio Rodolfo Parisí – Universidade Nacional de San Luis – Argentina
Adrián Manzi Universidade Nacional de San Luis – Argentina
Marina Cuello Pagnone –Universidade Nacional de San Luis – Argentina ...................... 451
A Identidade Nacional Brasileira em Teses e Dissertações: uma revisão bibliográfica
Cecília Baruki da Costa Marques – Universidade Estadual de Maringá – Brasil
Eliane Domingues – Universidade Estadual de Maringá – Brasil ...................................... 465
Memória e Esquecimento: pacto denegativo e contrato narcísico guerrilheiro
Domênico Uhng Hur –Universidade Federal de Goiás – Brasil ........................................ 481
Família, Acolhimento Institucional e Políticas Públicas: um estudo de caso
Vinícius Furlan – Universidade Metodista de Piracicaba – Brasil
Telma Regina de Paula Sousa – Universidade Metodista de Piracicaba – Brasil ............. 499
Você já tá Manjado: a saúde de adolescentes em conflito com a lei
Luciene Jimenez –Universidade Anhanguera – Brasil ...................................................... 517
De Figurantes a Atores: o coletivo na luta das famílias dos autistas
Márcia F. Lombo Machado – Universidade de São Paulo – Brasil
Soraia Ansara – Universidade Estácio de Sá – Brasil ....................................................... 535
O Envelhecimento, a Experiência Narrativa e a História Oral: um encontro e algumas experiências
Adriana Rodrigues Domingues –Universidade Presbiteriana Mackenzie – Brasil ............ 551
A Contribuição de Martín-Baró para o Estudo da Violência: uma apresentação
Karina Oliveira Martins – Universidade Federal de Goiás – Brasil Fernando Lacerda Jr. – Universidade Federal de Goiás – Brasil ...................................... 569
Clássicos
Processos Psíquicos e Poder
Ignacio Martín-Baró – Universidade Centroamericana – El Salvador (Tradução de Fernando Lacerda Jr. – Universidade Federal de Goiás – Brasil) ............... 591
Psicologia Política do Trabalho na América Latina
Ignacio Martín-Baró – Universidade Centroamericana – El Salvador (Tradução de Fernando Lacerda Jr. – Universidade Federal de Goiás – Brasil) ............... 609
Resenha ‘Infâncias Perdidas’ de Ontem e de Hoje: a atualidade de uma pesquisa
José César Coimbra – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Brasil ......... 625