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32 Lúcio Cunha

2018, Entrevista à APG

1-Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende Todos os livros, independentemente do género literário, do autor ou do propósito, transportam Geografia consigo. Explícita ou implícita, servindo de pretexto locativo para as acções, apoiando memórias mais ou menos idílicas, criando paisagens, lendo cidades, percebendo injustiças, resolvendo crimes, a Geografia serve a Literatura, abre-lhe os espaços, suaviza-lhe os tempos e dá-lhe a dimensão humana que lhe é característica. "Furriel não é nome de pai", com subtítulo "Os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial", de Catarina Gomes, é o livro que estou a acabar de ler e, pela Geografia muito própria que tem, é o livro que escolho. Apesar de terem passado mais de 40 anos sobre o final do conflito, continua a haver um certo tabu sobre a Guerra Colonial, na literatura, no cinema e na cotidiano dos portugueses, a ponto de as gerações mais novas pouco saberem sobre ela, onde se desenrolou, durante quantos anos, com quantos mortos e feridos, com que sequelas para um e para o outro lado... Mais do que a Guerra, o livro trata uma das suas consequências laterais, os filhos deixados pelos militares portugueses, oficiais, furriéis e simples soldados, nas barrigas de "lavadeiras" ou delas já nascidos nas terras da Guiné, de Angola ou de Moçambique. A autora procurou histórias, contactou os seus dois lados e estabeleceu ligações entre filhos, mães e pais, histórias quase sempre frustradas, raras vezes felizes.

32 Lúcio Cunha Lúcio Cunha é geógrafo e doutor com agregação em Geografia Física. Professor Catedrático no Departamento de Geografia e Turismo e Investigador do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, ao longo de cerca de 40 anos de carreira universitária tem desenvolvido trabalhos na área da Geomorfologia, da Geografia Física Aplicada aos Estudos Ambientais e dos Sistemas de Informação Geográfica aplicados ao Ordenamento do Território. É vice-Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Geógrafos e foi Presidente da Comissão Nacional de Geografia e da Associação Portuguesa de Geomorfólogos. 1- Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende Todos os livros, independentemente do género literário, do autor ou do propósito, transportam Geografia consigo. Explícita ou implícita, servindo de pretexto locativo para as acções, apoiando memórias mais ou menos idílicas, criando paisagens, lendo cidades, percebendo injustiças, resolvendo crimes, a Geografia serve a Literatura, abrelhe os espaços, suaviza-lhe os tempos e dá-lhe a dimensão humana que lhe é característica. “Furriel não é nome de pai”, com subtítulo “Os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial”, de Catarina Gomes, é o livro que estou a acabar de ler e, pela Geografia muito própria que tem, é o livro que escolho. Apesar de terem passado mais de 40 anos sobre o final do conflito, continua a haver um certo tabu sobre a Guerra Colonial, na literatura, no cinema e na cotidiano dos portugueses, a ponto de as gerações mais novas pouco saberem sobre ela, onde se desenrolou, durante quantos anos, com quantos mortos e feridos, com que sequelas para um e para o outro lado... Mais do que a Guerra, o livro trata uma das suas consequências laterais, os filhos deixados pelos militares portugueses, oficiais, furriéis e simples soldados, nas barrigas de “lavadeiras” ou delas já nascidos nas terras da Guiné, de Angola ou de Moçambique. A autora procurou histórias, contactou os seus dois lados e estabeleceu ligações entre filhos, mães e pais, histórias quase sempre frustradas, raras vezes felizes. Os filhos da guerra ou “fidjus di tuga”, curiosamente também chamados, nas suas terras, “pessoas de cor”, procuram, meio século depois, o pai português e, com ele, a sua identidade interior e exterior; o pai português, agora velho, quase sempre fragilizado, que quer esquecer histórias antigas e com elas, a solidão, o medo, a violência, a injustiça da guerra! Por isso, o importante trabalho de Catarina Gomes foi tão difícil… Mas o livro tem também uma subtil Geografia dos espaços africanos, em que se presumem climas, vegetação, picadas e senzalas, fronteiras, cidades e rios. E, sobretudo, tem implícita a Geografia de Portugal do fim do Estado Novo, da ruralidade, das aldeias isoladas, do peso da cidade, da injustiça. A Geografia serviu e justificou, entre todas as outras, também esta guerra, a nossa guerra! Mas manifesta-se, ainda hoje, insuficiente para reparar alguns os seus males… 2 - Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser geógrafo? Um professor universitário é, ou deve ser, “um investigador que ensina”. Tentando seguir este princípio, na minha qualidade de geógrafo e de professor, tenho feito poucas outras coisas para além de investigar e ensinar. A investigação em Geografia, apesar de muito condicionada hoje pelas métricas internacionais que nos levam a escrever sempre mais (não necessariamente melhor) e a competir mesmo quando colaboramos, continua a ser, pelas suas características intrínsecas de liberdade e de cooperação, pelo trabalho de campo que lhe é inerente e pela criação cartográfica na transmissão dos resultados, uma actividade estimulante. Ser professor é bom, mas ser professor de Geografia (Física) ainda é melhor. De facto, a transmissão de conhecimento (ou processo de ensino/aprendizagem) tem aspectos muito positivos e interessantes (viagens de estudo; trabalhos práticos; entre outros), mesmo quando no final do semestre o professor sente que alguns objectivos ficaram claramente por alcançar, ou que alguns alunos ficaram para trás… Sei que é polémica a ideia de que devemos trabalhar (ensinar) sempre para os melhores alunos, mas cada vez acredito mais nisso. A recompensa desta actividade não é sentida todos os dias, se calhar nem todos os anos, mas quando vemos o sucesso científico, académico, empresarial ou técnico de um antigo aluno e sabemos que uma parte, mesmo ínfima, deste sucesso se deve a nós, às nossas aulas, aos nossos exercícios, aos nossos trabalhos… a recompensa compensa. Claro que há outras actividades, dentro da Universidade e fora dela, para além da investigação pura ou aplicada e do ensino. O facto de sermos geógrafos, o conhecimento do mundo, da escala local à global e a interdisciplinaridade com que permanentemente lidamos, dá-nos competências de gestão e liderança, permite-nos trabalhar com sucesso ao lado de profissionais de diferentes áreas, ajuda-nos a estar presentes em trabalhos aplicados ligados ao ambiente, aos riscos, ao ordenamento do território, ao desenvolvimento cultural, ou seja, permite-nos, para além de melhor entender o Mundo, ajudar a criar um mundo melhor. 3 - Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento? Sim! A formação em Geografia é reconhecida, ainda que nem sempre suficientemente valorizada, quando trabalhamos com parceiros de outras áreas científicas, geólogos, biólogos e engenheiros, ou com outros profissionais das ciências exactas ou naturais, como com sociólogos, historiadores e arquitectos ou colegas das ciências sociais e humanas, em trabalhos de investigação mais académica ou mais aplicada. Pela sua posição de charneira entre as ciências naturais e sociais, a Geografia tem um papel privilegiado nos estudos teóricos e aplicados sobre o território. Para este papel privilegiado, o mapa, naquilo que significa em termos de caracterização de base e, sobretudo, no que representa em termos de modelação e cenarização de propostas políticas, é essencial. Eu diria que o mapa e os processos cartográficos que lhe são inerentes são a nossa principal moeda de troca com colegas de diferentes especialidades para o trabalho em conjunto. Os tempos que vivemos são tempos em que os conhecimentos atravessam e ultrapassam todas as especialidades e, mesmo, todas as áreas científicas. Daí que também surjam, aqui e além, algumas dissonâncias, pequenas divergências e mesmo alguns conflitos disciplinares. Na Geografia Física, apesar da permanente e frutuosa colaboração com geólogos, há sempre pequenos pontos de conflitualidade, a que é necessário estar atento, ler os sinais e, naturalmente, saber responder. Dou apenas um exemplo. Nos últimos 30 anos tem sido muito importante o papel de geólogos, geógrafos, arqueólogos e, mais recentemente, turismólogos, no estudo de temas como a geodiversidade, geopatrimónio, geoparques e geoturismo, temas relevantes em termos culturais, de ordenamento do território e de desenvolvimento local. Apesar da cooperação científica entre todas estas categorias de profissionais, custa a ler e custa a ouvir que geopatrimónio é sinónimo de património geológico ou que geoturismo é a mesma coisa que turismo geológico, numa leitura pretensiosa e claramente redutora do prefixo geo, que significa a Terra sobre a qual, ainda que a diferentes níveis, todos trabalhamos. 4 - O que diria a um jovem à entrada da universidade a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspectivas para um geógrafo na sociedade do futuro? E a um geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades? No processo de recepção aos novos alunos de Geografia já tive oportunidade de algumas vezes conversar (quase sempre informalmente) acerca das muitas dúvidas que a entrada na Universidade e no curso de Geografia lhes suscitam: E o curso de Geografia serve para quê? Arranja-se emprego com facilidade? E a fazer o quê? As minhas respostas têm sido mais ou menos as seguintes: 1) Hoje, já nenhum curso superior garante directamente emprego. No entanto, o curso superior em Geografia é um curso de futuro e proporciona a quem o frequenta muitas competências importantes, que vão desde os estudos ambientais, aos estudos sobre o território e a sociedade, temas que seguramente marcarão a vida política e social do século XXI. 2) O estudante universitário tem de aproveitar aqueles que pensa serem os melhores anos da sua vida. Mas, ao estudante compete, sobretudo, estudar, aprender, treinar… Aprender bem os conhecimentos teóricos de cada disciplina, conhecer e dominar as técnicas, particularmente as técnicas de análise quantitativa, assim como a modelação cartográfica e a produção cartográfica em SIG’s, que são ferramentas importantíssimas para trabalhar no Ensino, num município, num qualquer serviço público ou privado, numa empresa, ou mesmo para criar a sua própria empresa. 3) Por falar em Ensino, todos sabemos e sentimos na pela e na alma, dia após dia, a perda de prestígio social da profissão de professor. E a dificuldade de obter uma colocação! E a remuneração quase sempre incompleta! No entanto, para quem tenha gosto, quase que diria vocação para ser professor dos Ensinos Básico e Secundário, o futuro não se apresenta tão negro como nos querem fazer crer: neste momento há muitas reformas em curso e muitos lugares irão a concurso nos próximos anos… Ao estudante de Geografia e a um jovem geógrafo, diria que todas as ciências são úteis e necessárias. No entanto, face à velocidade com que o Mundo se transforma no plano ambiental, económico, social, político, face aos impactes que o Ser Humano impõe numa Natureza cada vez mais descaracterizada, face à relevância dos conflitos internacionais e locais, face à dificuldade da ordem política internacional em fazer frentes aos constantes atropelos económicos e sociais, face à dificuldade do nosso Governo e dos nossos municípios em resolver problemas aparentemente simples de gestão e ordenamento do território (ordenamento florestal; pedreiras; resíduos industriais e de agro-pecuárias), a Geografia é não só útil e necessária, como absolutamente fundamental. Um grande geógrafo brasileiro, Carlos Augusto Monteiro, num livro a que chamou “Geografia sempre! O Homem e seus mundos”, escreveu: “A Geografia, vista como capacitada a entender as intimidades entre a Sociedade e a Natureza, nestes momentos de grandes crises, poderia adquirir foros de “aplicabilidade” como se fora uma “Medicina da Terra”. Acho que já não somos capazes de entender o mundo actual sem a Medicina moderna, tecnológica e inovadora… A Terra precisa tanto ou mais que os seres humanos de tratamento preventivo e curativo. A Geografia é fundamental! 5 - Queríamos pedir-lhe que escolha um acontecimento recente, ou um tema atual, podendo ambos ser de âmbito nacional ou internacional. Apresente-nos esse acontecimento ou tema, explique as razões da sua escolha, e comente-o, tendo em conta em particular a sua perspectiva e análise como geógrafo. O tema que escolho, de premente actualidade, é o do abandono a que está votado o interior português. Os acontecimentos relacionados com as diferentes facetas desse abandono podem ser tanto os ferozes incêndios de 2017, como o pontual desabamento de uma estrada municipal associado à exploração das pedreiras de mármore em Borba. A análise do tema e de alguns dos seus problemas está primorosamente sintetizada no artigo “Desamparados – para uma geografia emocional do interior” que o nosso colega Álvaro Domingos escreveu há cerca de um mês no Jornal “O Público”. É um verdadeiro tratado, em que se caracteriza a situação actual, se elencam injustiças, se sintetizam as causas, se traça a evolução temporal do processo e se apontam, mesmo, algumas soluções. Não vou por isso, repeti-lo… Apenas recomendar, a quem não teve oportunidade de o ler, que o faça agora! Mas vou chamar a atenção para um problema ao qual sou particularmente sensível e que, de certo modo, tem a ver com a falta de solidariedade e de coesão entre as cidades, com natural prejuízo do Interior. Sou de Viseu, e vivo em Coimbra há quase 50 anos… As minhas duas “terras”, duas cidades que capitalizam municípios não pertencentes ao chamado Interior (ou aos territórios de baixa densidade, como agora se lhe chama), mas têm posições muito curiosas no mapa que dá conta das áreas de baixa densidade O interior em número - bases para um diagnóstico do Programa Nacional para a Coesão Territorial. Coimbra é uma espécie de baía de desenvolvimento do mar da baixa densidade interior, cercada que está por Penacova, Condeixa e Montemor-o-Velho. Viseu corresponde verdadeiramente a uma ilha (a única no conjunto do país) de desenvolvimento nesse mesmo mar da baixa densidade. Entre as duas cidades que distam entre si menos de 100Km, a ligá-las, a articulá-las, a puxar pelo desenvolvimento dos municípios que se localizam entre elas, pelos vistos nada… Ou um obsoleto IP3, com um traçado perigoso, com acidentes quase diários, um tempo de viagem exagerado para o século XXI, e com promessas políticas que, mesmo essas, vão sendo progressivamente enfraquecidas e já só surgem em tempo de eleições… Que tem isto a ver com o interior? Tudo! Num país que muitos consideram ter uma rede exagerada de auto-estradas, a má articulação da rede de transportes entre o Litoral e o Interior, pensada entre Lisboa e Bruxelas, penalizou fortemente duas das cidades mais importantes do Centro de Portugal, Coimbra e Viseu, e impediu aquela de exercer a capitalidade regional que lhe competia (saúde, educação, administração pública, economia). Por outro lado, o estrangulamento ao desenvolvimento regional que permanece com a obsolescência do IP3, afasta progressivamente Viseu da região Centro, ligando a cidade directamente ao Porto (quase sem passar por Aveiro). E Coimbra, sempre a perder… 6 - Que lugar recomendaria para saída de campo em Portugal? Porquê? Portugal é um país pequeno, mas muito diversificado em termos geológicos, geomorfológicos, biogeográficos, históricos e paisagísticos. Essa diversidade, fortemente reconhecida pela Geografia, mas também por outras áreas do saber, diz-nos que no nosso país todas as áreas geográficas e todos os pequenos recantos têm características próprias, geossistemas particulares e paisagens únicas para merecerem saídas de campo e mesmo para utilização turística com os mais diferentes pretextos (do turismo balnear litoral ao geoturismo, passando por todas as outras formas e/ou segmentos com que se qualifica esta actividade). Por (de)formação científica, naturalmente escolheria e escolho muitas vezes os maciços cársicos do Centro Litoral, de Ançã ao Montejunto, ou mesmo até à Arrábida. O carso, ou “deserto de pedras” é sempre um meio particular, no seu funcionamento, nas suas formas de relevo e nas suas paisagens que, apesar de áridas e selvagens, são humanamente construídas. Na Irlanda, o carso tem a designação de “barren” e diz-se que um general de Cromwell (séc. XVII) quando combatia os irlandeses se referia a estas regiões como sendo tão pobres ou tão más que não haveria água para afogar um homem, árvore para o enforcar ou, mesmo, terra para o enterrar… Ou seja, terras que nem para guerra são boas… Assim são os carsos do Centro Litoral, pelo menos aqueles não recobertos por sedimentos cretácicos ou posteriores, como parece acontecer com a parte ocidental de Sicó, com o Planalto de Santo António e a Serra dos Candeeiros, no Maciço Calcário Estremenho, com Montejunto e com grande parte da Arrábida. Os pedregosos campos de lapiás e as depressões fechadas dão o mote à paisagem superficial, aqui e além reforçada pelos muros de pedra solta e pelos morouços amontoados pelos agricultores para despedrega dos magros campos. Abaixo desta paisagem de superfície, todo um outro mundo de desenha, com grutas enriquecidas no seu significado real e simbólico pela concreções calcíticas, por morcegos e troglóbios, e por rios de águas imensas que vão brotar à superfície nas exsurgências das margens baixas do carso. Deste conjunto de maciços calcários carsificados, o Maciço Calcário Estremenho é, claramente, o mais interessante para viagens de estudo, quer pelas excelentes acessibilidades locais, quer pela sua complexidade geológica e geomorfológica, pela existência de várias grutas abertas ao público, pela pujança das suas nascentes e pelo didactismo de formas cársicas como o polje de Minde e o sistema sumidouro/ressurgência do Rio dos Amiais. Mas, não é só o carso ou a Geografia Física que justificam esta escolha. Ela é justificada também por se tratar de uma área ambientalmente protegida, no caso o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, com os seus geossítios, particularmente o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, o Algar do Pena e a Fórnia de Alvados. Ela é justificada também pela sua Geografia Humana: Fátima e a Cova da Iria, desde logo, mas também as actividades industriais tradicionais de Mira de Aire, de Minde e de Alcanena, as actividades agro-pecuárias da Serra de Candeeiros e do Planalto de Santo António. E, finalmente, é justificada pelo conhecimento científico que se tem deste Maciço, onde se contam pelo menos 3 teses de doutoramento acerca dos problemas geomorfológicos e hidrológicos cársicos (Alfredo Fernandes Martins, 1949; José António Crispim, 1995; e Luísa Rodrigues, 1998), para além de muitos outros trabalhos de geologia, geomorfologia e geografia humana.