TEXTO PARA DISCUSSÃO
MELHORES
PRÁTICAS EM
BICICLETÁRIOS
SÃO PAULO
Ícones por Flaticon
Realização:
Apoio:
CICLOCIDADE
Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo
Diretoria
Josivete Pereira
Yuri Vasquez
Aline Cavalcante
Dionizio Bueno
Comunicação
Fotografias
Carlos Lopes
Deiny Façanha Costa
Felipe Claros
Flavio Soares de Freitas
Reginaldo Paiva
Yuri Vasquez
Willian Cruz
Giuliana Pompeu
Revisão
Equipe de contabilidade
Torres Contabilidade – Gestão para o terceiro setor
Publicação “Texto para discussão - Melhores
práticas em bicicletários - São Paulo”
Setembro de 2020
Deiny Façanha Costa
Projeto Gráfico
Luciana Souza (Bike Anjo/UCB)
Realização
Coordenação geral
Flavio Soares de Freitas
Equipe de pesquisa SP
Carlos Lopes
Deiny Façanha Costa
Fernanda Bardelli
Flavio Soares de Freitas
Yuri Vasquez
Apoio
Licença de uso
Esta obra está licenciada com uma
Licença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Colaboração
Aline Cavalcante
Pedro Barbosa Lima Neto
2
ISBN
3
Índice
Apresentação Ciclocidade
• Apresentação
5
• Introdução
6
A Ciclocidade é uma associação sem fins lucrativos, que tem como missão contribuir
para a construção de uma cidade mais sustentável, baseada na igualdade de acesso
a direitos, promovendo a mobilidade e o uso da bicicleta como instrumento de transformação. Desde a sua fundação, em 2009, a Ciclocidade tem participado ativamente
da construção de diversos planos municipais relacionados às áreas de mobilidade
sustentável, direito à cidade, segurança viária e, mais recentemente, com foco na redução de emissões urbanas.
• Destaque dos resultados
8
• Definições legislação e cadernos técnicos sobre
bicicletários e paraciclos
4
12
• Histórico de implantação, operação e planejamento
de bicicletários
32
• As diferentes tipologias
56
• Levantamento de estações e bicicletários existentes
84
• Dados gerais sobre bicicletários:
Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
93
• Operação dos bicicletários
112
• Termos de uso e informações online
130
• Onde acessar os dados de uso - SP
138
• Glossário e referências
147
A entidade tem como princípio a participação ativa na construção dos processos que
transformem para melhor a cidade em que vivemos, incluindo ciclistas definitivamente nas políticas públicas e nas iniciativas privadas. E o objetivo é que todos que circulam nas ruas tenham o direito à vida, segurança e conforto em seus deslocamentos.
Apresentação Bike Anjo
A Bike Anjo é uma rede de pessoas que acreditam na mudança das cidades por meio
da mobilização e participação social. A rede surgiu em 2010 na cidade de São Paulo
com o objetivo de ajudar ciclistas menos experientes a utilizarem a bicicleta com
confiança e segurança. Desde então a iniciativa cresceu e alcançou mais cidades e
estados, contando atualmente com mais de 8 mil membros, distribuídos em mais de
800 cidades em todo o Brasil.
Em novembro de 2013, foi fundada a Associação Bike Anjo, organização sem fins
lucrativos, que possibilitou a mobilização e engajamento de mais pessoas na elaboração, desenvolvimento e execução de projetos, campanhas, ações e pesquisas voltadas para a promoção da mobilidade por bicicleta. O núcleo da Bike Anjo no Rio de
Janeiro surgiu em 2012 e nos últimos 8 anos vem realizando diferentes atividades
ligadas à educação, trabalho, mobilidade, esporte e inclusão através da bicicleta.
Apresentação iCS
O Instituto Clima e Sociedade (iCS) é uma organização filantrópica que promove prosperidade, justiça e desenvolvimento de baixo carbono no Brasil. Funciona como uma
ponte entre financiadores internacionais e nacionais e parceiros locais, sendo parte
de uma ampla rede de organizações filantrópicas dedicadas à construção de soluções para a crise climática.
5
INTRODUÇÃO
Em 2012, a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) consolidou uma visão
em nível nacional de priorização para meios historicamente desincentivados, como
pedestres, ciclistas e usuários de transporte coletivo. Também colocou em pauta a
redução de gases em poluentes no meio ambiente, causada majoritariamente pelo
transporte motorizado individual.
Ao longo dos anos, outras legislações em âmbito municipal e estadual fortaleceram
os incentivos ao uso da bicicleta nos deslocamentos diários. Como exemplos, podem
ser citados o Plano Diretor Estratégico (PDE 2014) e o Plano de Mobilidade de São
Paulo (PlanMob 2015), que pontuam a importância deste modo nos deslocamento
locais e sua conexão com o transporte coletivo para vencer as distâncias dos deslocamentos metropolitanos.
A Pesquisa Origem Destino 2017 traz o dado de que 95,2% dos deslocamentos realizados em bicicleta na Região Metropolitana de São Paulo são feitos de forma exclusiva, ou seja, sem integração com outros modos de transporte. O número pode ser
interpretado como um choque de realidade, pois boa parte da literatura relacionada
à bicicleta parece assumir a intermodalidade como certa, como algo já estabelecido.
Para que seja atrativo, o transporte público deve dar condições para que seus passageiros o acessem de diferentes formas. Se as pessoas chegam a pé, deve-se garantir o acesso seguro, com calçadas e rampas acessíveis, assim como faixas de
travessia. Se buscam chegar em bicicleta, é preciso infraestrutura para estacioná-la.
Bicicletários são estruturas essenciais para conectar deslocamentos com atividades urbanas. Se por um lado o dado da OD 2017 surpreende com baixa intermodalidade, por outro demonstra o enorme potencial de crescimento. Isso é visto, por exemplo,
no comparativo entre os resultados das ODs 2007 e 2017. O aumento (92%) se deu
principalmente na combinação da bicicleta com outros modos de transporte, ressaltando a importância de abordar a questão dos bicicletários a partir do aprendizado
trazido por boas práticas, dados e evidências.
Partindo dessa inquietação, este estudo buscou levantar o estado de arte da política
e da prática relacionada a estes equipamentos, com o objetivo de colaborar com uma
política pública eficiente de estacionamento de bicicletas.
Este caderno foca-se em bicicletários públicos em estações e terminais de média e
alta capacidades, estejam eles dentro do território da cidade de São Paulo ou, no âmbito metropolitano, relacionados às linhas de trem da CPTM ou ao Corredor ABD da
EMTU. Dessa forma, bicicletários e paraciclos em espaço privado, como de shopping
centers, comércios e demais lugares não serão abordados.
O terceiro, quarto e quinto capítulos olham os bicicletários não como equipamentos
isolados, mas como um sistema de terminais que faz parte, de acordo com a própria
legislação do sistema cicloviário, do sistema de transporte de passageiros da cidade.
São seções voltadas a trazer dados e elementos que possam servir como indicadores,
de forma a auxiliar no monitoramento da política de estacionamentos. Tais indicadores, é preciso dizer, ainda não estão estabelecidos, de modo que a intenção é justamente a de levantar um diagnóstico das estruturas existentes para auxiliar em suas
proposições.
Os capítulos seis e sete observam a governança relacionada a esses equipamentos,
os contratos existentes entre poder público e as operadoras, bem como os termos de
uso e informações dessas operadoras com seus usuários para traçar recomendações
sobre tais instrumentos. O acesso aos dados do sistema é determinante para seu
monitoramento e a transparência ativa é premissa para um governo aberto. O capítulo
oito mapeia como obter os dados de uso e como estão estruturados. Não é exagero
dizer que se não fosse a Lei de Acesso à Informação e a possibilidade de solicitar
informações ao poder público com prazos e garantias de resposta, este estudo simplesmente não teria existido.
Este material é produto de uma parceria entre a Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, o Instituto Clima e Sociedade (iCS), e a rede Bike Anjo
Rio de Janeiro para a publicação de guias de melhores práticas para instalação de
bicicletários nas duas cidades.
Na elaboração deste documento, entrevistamos representantes de todas as operadoras dos bicicletários da capital e metropolitanos, assim como de praticamente
todos os órgãos públicos relacionados a eles. Ao todo, conversamos com 28 pessoas com experiência em bicicletários ao longo de 11 entrevistas. Lemos os principais
cadernos técnicos nacionais, alguns estudos internacionais e toda a legislação municipal e estadual relacionada ao tema, assim como todos os contratos que regem as
diferentes formas de operação e termos de uso de cada operadora. Buscamos acessar os dados de uso referentes a todos os equipamentos e buscar alguns números a
partir de análises vindas deste material.
De forma a buscar que as informações estivessem precisas, promovemos 10 rodadas de discussão sobre os resultados, das quais participaram cerca de 110 pessoas,
e mantivemos o link aberto para a versão quase finalizada do documento para consultas e sugestões por cerca de um mês. Ainda assim, eventuais erros e imprecisões
devem ser atribuídos exclusivamente aos autores deste caderno.
São Paulo, Outubro de 2020.
O texto está estruturado em oito capítulos. Os dois primeiros buscam chegar a uma
definição sobre os termos ‘bicicletário’ e ‘paraciclo’, uma vez que tal distinção não
está presente em todas as cidades brasileiras, e em trazer a evolução histórica dessas
estruturas, mapeada não somente por documentos históricos mas também por entrevistas com diferentes atores. A ideia é tentar consolidar os diferentes aprendizados
obtidos a partir dos diferentes momentos e modelos adotados.
6
7
DESTAQUES DOS RESULTADOS
• As definições sobre os termos ‘bicicletário’ e ‘paraciclo’ parecem consolidadas
em São Paulo, sendo que o principal elemento definidor para que uma estrutura seja considerada bicicletário é a presença de zeladoria. Os cadernos técnicos e a legislação têm passado a considerá-los como parte integrante dos terminais e estações de transporte público (Capítulo 1). Com isso, os horários de
funcionamento desses equipamentos deveriam acompanhar os das próprias
estações e terminais, o que nem sempre é observado na prática (Capítulo 5);
• Historicamente, observa-se que houve pouca integração entre os órgãos públicos para o planejamento ou operação dos bicicletários (Capítulo 2), resultando em construções que às vezes “competem” entre si. Mesmo a forma como
o equipamento é construído pode ajudar a reduzir custos de operação – para
o caso de zeladoria presencial – e complementar a sinalização orientativa (ou
mitigar sua falta) (Capítulo 3). De forma a promover a eficiência do investimento público, é preciso uma diretriz ou política conjunta entre Estado e Município,
pois há casos em que os bicicletários poderiam ser “compartilhados” entre estações integradas ou próximas, diminuindo os custos de operação (Capítulo 4). ;
• A sinalização orientativa em terminais e estações referente aos bicicletários,
assim como em ciclovias e ciclofaixas, é ruim e deve ser melhorada (Capítulo 4);
• São Paulo está longe de cumprir a meta de implantação de bicicletários
em todas as estações e terminais. Na cidade, 48 locais (30%) têm o equipamento de acordo com a legislação, dos 162 que deveriam ter; no âmbito metropolitano relacionado às linhas de trem e corredor ABD, 18 locais (37,5%)
possuem bicicletário, dos 48 que deveriam ter (Capítulo 4). Importante salientar que no caso da cidade de São Paulo, a licitação dos ônibus assinada em 2019 prevê que todos os terminais e estações de ônibus tenham bicicletários com controle de acesso. Embora a cidade já pague por isso,
apenas 11 o têm até o momento da publicação deste caderno (Capítulo 6);
• Os dados dos sistemas informatizados apontam um número expressivo de
bicicletas que têm ficado estacionadas por mais de três dias nos bicicletários
(Capítulo 5). Fazer respeitar os termos de uso de modo a garantir o nível de serviço implica em custos logísticos extras para retirá-las, o que é apontado como
motivo de fechamento de dois dos equipamentos na região central (Capítulo 2);
• A questão das bicicletas recolhidas é um problema logístico, mas também aponta para uma demanda reprimida. Muitas pessoas querem pedalar
mas não têm onde parar suas bicicletas e as deixam nos equipamentos públicos, informação que aparece tanto nos dados dos sistemas e como em
entrevistas com as operadoras. O modelo do bicicletário de Mauá, em que
uma mensalidade é paga e a vaga fica reservada – algo somente possível
em bicicletários com capacidade para isso – é pouco explorado e poderia
endereçar esta demanda. Bicicletários também podem ser usado como estacionamento para centralidades do bairro funcionando como polos atratores de viagens, como observado em Mauá (SP)e Araribóia (RJ) (Capítulo 2);
8
• É preciso definir indicadores capazes de monitorar e avaliar o sistema de bicicletários. O Capítulo 5 sugere indicadores possíveis e os dados necessários
para acompanhá-los. Ainda assim, é preciso definir qual seria o ponto ótimo
de cada um deles;
• É crescente a demanda por estacionamento de bicicletas por parte de
trabalhadores que fazem entregas com esses veículos. Há dados que
mostram o quanto o aumento é expressivo e alguns bicicletários buscam se adaptar para atender melhor a este novo público (Capítulo 5);
• Os dados existentes apontam aumento no uso de bicicletários (Capítulo 5); porém, como consequência de como os bicicletários estão inseridos
dentro das estruturas organizacionais (Capítulo 6), os dados de uso estão pulverizados entre as diferentes operadoras e órgãos de controle (Capítulo 8), exigindo esforço para usá-los como forma de monitoramento;
• O levantamento de contratos, termos de uso e informações disponíveis online sobre os bicicletários apontam que itens essenciais podem
acabar ficando de fora. A partir dos exemplos existentes, os capítulos 6 e
7 sugerem melhores práticas para cada um destes instrumentos. Importante ressaltar que é imperativo que os contratos garantam acesso do poder público aos dados de uso, sob o risco de não conseguir monitorá-los;
Alguns pontos foram levantados em entrevistas e durante as rodadas de apresentação mas não entraram neste levantamento:
• A falta de estudos específicos de demanda é destacada pela maioria das
operadoras, em especial pelos órgãos de planejamento;
• Há forte demanda pela criação de modelos de negócio voltados para os bicicletários – os estudos realizados não estão documentados e há uma lacuna
sobre este tema em nível nacional;
• Os custos de operação (manutenção de funcionários dedicados) são apontados como altos e muitas operadoras buscam opções de automatização do
sistema. Também seria desejável integrar o controle de acesso ao sistema de
bicicletários à bilhetagem eletrônica, facilitando a etapa de cadastro e monitoramento.
9
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
MUNICIPAL
Agradecimentos especiais a toda a equipe envolvida na realização deste caderno
e à diretoria da Ciclocidade. Várias pessoas nos ajudaram muito com informações,
engajamento de atores e discussões aprofundadas: Ana Carboni; Antonio Miranda;
Bruna Pizzol; Clercia Mara de Oliveira Nisti; Dionizio Bueno; Equipe de pesquisa da
CPTM; Fabio Farias Cavalheiro; Felipe Claros, Glaucia Pereira; Hannah Machado; Juliana Tiemi Tamanaha; Jusaine Nogueira; Laerte Bernardi; Laura Ceneviva; Marcel Martin; Maria Teresa Diniz; Pedro Barbosa; Pedro Logiodice; Reginaldo Assis de Paiva;
Renata Marie Miyasaki; Rogerio Viduedo; Suzana Nogueira; Valmir da Silva Pera; Victor
Calil; Vivian Garelli.
SMT - Secretaria – Elisabete França (Secretária de Mobilidade e Transportes); SMT
- Assessoria Técnica – Antonio Rudnei Denardi; Luan Ferraz Chaves; Maria Teresa
Diniz; Maria Teresa Fedeli; CET - Planejamento – Carlos Codesseira; Daphne Savoy;
Luis Carlos M. Gregório; Valtair Ferreira Valadão; SPTrans - Projetos – Ennio Passafini; SVMA – Fabio Pedó; Laura Lucia V. Ceneviva; Nathalie Badaoui Choumar (C40);
Itaú - Unibanco – Guilherme Cipullo; Marina Mendes Convertino; Socicam – Ednaldo
Nascimento; Fabio Farias Cavalheiro; Tembici – Alexandre Monteiro; Daniel Barbosa;
Mariana Cruz; Nayara Farinha
AGRADECIMENTOS - PESSOAS ENTREVISTADAS
ORGANIZAÇÕES E CICLISTAS
Ascobike (24/08/2020) – Adilson Alcântara, presidente da Ascobike; CPTM
(17/12/2019) – Reginaldo Assis de Paiva, Analista de Transportes do Departamento
de Planejamento de Transporte; Thiago dos Santos da Silva, Técnico de Transportes
do Departamento de Estudos e Planejamento Econômico; EMTU (05/12/2019) –
Oswaldo da Silva Pereira e Péricles de Almeida Prado, funcionários do Departamento
de Serviços; Metrô, Operação (19/12/2019) – Antônio Márcio Barros Silva, Gerente da
Gerência de Operações (GOP); Cecília Elena Fuentes Guedes, Chefe de Departamento
do Departamento de Relacionamento com o Usuário (OPR), da Gerência de Operações
(GOP); Evaldo Mincov, Coordenador do CTA do Departamento de Operação das Estações (OPE), da Gerência de Operações (GOP); Metrô, Projetos (14/02/2020) – Neila
Custódio, Assessora técnica (GPR/PRA/CAU); Socicam (05/03/2020) – José Antônio
Zominiano, gerente de operações; Carlito Rodrigues Jr, coordenador da área Sul; Ednaldo Nascimento, coordenador da área Leste; Fernando Paulo Eusébio, coordenador
da área Norte; Fábio Farias - supervisor; Tembici (29/01/2020) – Carolina Rivas, Gerente de relacionamento; (16/12/2019) Alexandre Monteiro, Supervisor de operações;
ViaQuatro, ViaMobilidade, Scoo, CCR (15/01/2020) – Diego Piran, Desenvolvimento
de negócios CCR; Claudio Soares Volpi, Operação ViaQuatro / ViaMobilidade; Denis
Leopardo, CEO Scoo.
Adriana Paula Pratesi (Banco Mundial); Ana Carboni (UCB / Bike Anjo); André Soares
(UCB); Aparecido Inácio; Beatriz Moura Dos Santos (Banco Mundial); Beatriz Rodrigues (ITDP); Cadu Ronca (Aromeiazero); Carlos Bellas Lamas (Banco Mundial); Carolina La Terza (Rede Nossa São Paulo); Érica Telles (UCB); Felipe Alves (UCB); Felipe
Claros (Bike Zona Leste); German Freiberg (Cidadeapé); Giu Cam (Associado Ciclocidade); Hannah Machado (Iniciativa Bloomberg); Haydee Svab (Pesquisadora); Helevi
Machado (Associada Ciclocidade); Kelly Cristina (Idec / Cidadeapé); Lucas Eduardo
Araujo de Melo (Consultor); Luciana Souza (UCB / Bike Anjo); Lucian de Paula (Bike
Zona Sul); Luis Vassilios; Manuela Colombo (Sebrae); Marcel Martin (iCS); Marília
Hildebrand (Mobilize); Martina Horvath (Bike Anjo); Michel Will (Associado Ciclocidade); Murilo Azevedo (Bike é Legal); Murilo Casagrande (Aromeiazero); Rafael Calabria
(Idec); Ricardo Silva (Unifesp); Roberson Miguel (Ciclo ZN); Rogerio Viduedo (Jornal
Bicicleta); Suzana Nogueira (Consultora); Tais Fonseca de Medeiros (Banco Mundial);
Victor Calil (Cebrap); William Amaral (Ciclo-comitê Paulista); Willian Cruz (Vá de Bike);
Yuriê Baptista César (UCB).
AGRADECIMENTOS - RODADAS DE APRESENTAÇÃO
METROPOLITANO
STM - Assessoria de gabinete – Bruno Ribeiro; Thais Antonelli; CPTM - Planejamento e Pesquisa – Eduardo Jorge Pereira; Reginaldo Paiva; Renata Miyasaki; Thiago
dos Santos da Silva; EMTU - Planejamento – Edi Donizetti de Souza; Flavia Cecchi Totti Simões; Paulo Rogério Leão da Rocha; Metrô Operações – Alessandro Jorge Martino Alves; Cecília Guedes; Fabio Martini Pontes; Marcelo Antonio Gomes Alves; Marcos
Leodoro Borges; Vania Aparecida Ribeiro de Castro; Metrô - Planejamento e Projetos
– Alfredo Nery Filho; Antonio Ivo de Barros Neto; Bruno Valente; Carlos Aberto Loureiro; Fabiana Nonogaki; João Carlos Santos Taqueda; Juliana Tiemi Tamanaha; Juliana Yoshida; Lilian Hatsumi Nagae; Maria Olivia Martin Santana; Michel Hoog Chauí
do Valle; Michelle Nakazato Mikaro; Neila Custódio; Thaís Mitie Shiguematsu Bispo;
Wagner Del Carlo; Metrô - Projetos Executivos – Murilo Macedo Gabarra; ViaQuatro
/ ViaMobilidade – Erick Nicolau; Everton Oliveira; Fernando Luiz; Leonardo Barbosa;
Renata Vilar; CCR – Claudio Volpi; Scoo – Denis Lopardo; Karina.
10
11
1. DEFINIÇÕES
LEGISLAÇÃO E CADERNOS TÉCNICOS
SOBRE BICICLETÁRIOS E PARACICLOS
Tanto bicicletários como paraciclos podem se materializar em diferentes formas. É
preciso estabelecer com clareza quais os limites de ambos, de modo que políticas de
estacionamento de bicicletas saibam como e quando adotar as diferentes estruturas.
O histórico traçado a seguir foca em bicicletários públicos relacionados a estações
e terminais de média e alta capacidades. Para compreensão de como o significado
do termo se modificou até a sua consolidação atual, realizou-se um levantamento de
cadernos técnicos e da legislação nos níveis federal, estadual e municipal. Aborda-se
a questão dos paraciclos, por ser concomitante à dos bicicletários, mas bicicletários e
paraciclos instalados em espaços privados não serão abordados neste levantamento.
NO COMEÇO, TUDO ERA ‘BICICLETÁRIO’
Bicicletário da estação Comendador Ermelino.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
Bicicletários e paraciclos - Definições
Até o início dos anos 2000, bicicletários e paraciclos eram nacionalmente tratados
pelo mesmo termo único, ‘bicicletários’. Embora desde então os cadernos técnicos e
marcos legais tenham seguido pelo caminho de diferenciá-los, há lugares onde tal distinção não se concretizou. Não é o caso de São Paulo, cidade em que as separações
conceituais vêm desde os anos 1990 e começam a aparecer nas definições legais a
partir de 2005.
Diagrama 1: Publicação de cadernos técnicos relacionados a bicicletários entre 1984 e 2017.
Fonte: Elaboração própria (2020).
12
13
Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
O GEIPOT - Grupo de Estudos em Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, do Ministério dos Transportes, possui uma série de documentos históricos
relacionados ao planejamento cicloviário. Como parte desses estudos, em 1984, o
órgão publicou o caderno Estudos de Transporte Cicloviário 2 - Estacionamento em
que as diferentes estruturas para prender bicicletas - de piso ou suspensas, internas
ou externas - eram tratadas pelo mesmo nome de ‘bicicletários’. A figura abaixo é
ilustrativa daquele momento.
BICICLETÁRIOS E PARACICLOS PASSAM A SER COISAS DIFERENTES
No ano 2000, avaliando que o termo “bicicletário” era dúbio e provocava “algumas
confusões, em especial no desenvolvimento de políticas públicas”, o GEIPOT realizou
um encontro técnico e passou a distinguir as estruturas em bicicletários e paraciclos,
considerando ambos como componentes de Sistemas Cicloviários. O encontro é citado no Manual de Planejamento Cicloviário (2001), que traz algumas definições e
conceitos, a maioria dos quais se manteve ao longo do tempo.
Pelo manual, há similaridades de ambas pela estrutura de suporte e possibilidade
implantação pelo poder público ou por entidades privadas, em locais abertos ou cobertos. As diferenças estão resumidas na tabela a seguir.
PARACICLO
BICICLETÁRIO
Característica principal
Praticidade
Segurança
Função
Estacionamento
de curto prazo
Estacionamento
de longo prazo
Capacidade
Baixa
Alta
Custos
Implantação
e manutenção
Implantação, operação
e manutenção
Locais de implantação
Pulverizados
em pontos de interesse
Concentrados em polos
geradores de tráfego,
terminais e estações de
transporte
Tabela: Diferenças entre paraciclos e bicicletários. Com base em GEIPOT, 2001.
DE ACORDO COM INFORMAÇÕES CONTIDAS NO MANUAL:
Ilustração de tipo de bicicletário implantado em passeio. Fonte: GEIPOT, 1984.
Da mesma forma que o caderno técnico, o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503)
lançado em 1997 também trazia apenas o termo “bicicletário”, definindo-o do seguinte
modo:
ANEXO I
DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao estacionamento de bicicletas.
BICICLETÁRIOS possuem como característica principal a segurança, posto que
possuem como finalidade o estacionamento de longa duração. Devido a isso, tendem
a incluir controle de acesso e, eventualmente, comodidades como banheiro, bombas
de ar e/ou borracharia. São estruturas grandes, com mais de 20 vagas, e que devem
ser implantadas em locais onde há concentração de pessoas e fluxo (terminais de
transporte, parques, estádios, indústrias, áreas de abastecimento etc). Pela natureza
desses locais, tende a possuir picos de movimentação em horários de entrada e saída
das jornadas de trabalho ou da atividade que atraiu a movimentação de pessoas. Devido a seus custos, são estruturas que somente se viabilizam quando há uso intenso
de ciclistas e admite-se que sejam pagos, mesmo os localizados em áreas públicas.
Entretanto, sua importância como estacionamento de transferência em estações de
transporte coletivo, em particular nos subúrbios de grandes cidades, e no atendimento a trabalhadores de baixa renda deve ser considerada.
PARACICLOS possuem como característica principal a facilidade e a rapidez de
acesso, posto que possuem como finalidade o estacionamento de curta ou média
duração (no manual, até 2h) em qualquer período do dia. Devido a este motivo, devem
ser implantados de forma pulverizada em locais públicos, o mais próximo possível
dos locais de destino de ciclistas e pontos de interesse, como centros comerciais.
São estruturas pequenas, com poucas vagas (indicado até 25). Como não têm vigilância, não há custo de operação, e dessa forma, são gratuitos.
14
15
Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
Nessa nova definição do manual de 2001, a imagem abaixo passa a ser um paraciclo.
Em 2009, o ITDP Brasil publicou junto com a Ascobike - Associação dos Condutores
de Bicicletas, o Manual de bicicletários - Modelo ASCOBIKE Mauá1. O manual associa
paraciclos aos suportes e a mobiliários urbanos e associa bicicletários a um local de
estacionamento com controle de acesso:
Existem dois tipos de estacionamentos para bicicletas. O mais simples consiste num dispositivo, também chamado de paraciclo [figura abaixo], que pode ser
fixado no piso, parede ou teto, no qual as bicicletas são guardadas de forma ordenada e podem ser presas com um cadeado ou corrente, garantindo uma segurança mínima contra furtos. Este mobiliário urbano (...) pode ter vários formatos
e abrigar uma ou várias bicicletas. (...) Já o bicicletário é um estacionamento
que utiliza o mesmo dispositivo para o acondicionamento das bicicletas, mas
que, além disso, tem o acesso controlado, oferecendo maior segurança, e presta
ainda diversos serviços aos usuários.
Exemplo de paraciclo em frente à Prefeitura de Campo Bom/RS. Fonte: GEIPOT, 2001.
Em 2007, a SeMob - Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, do
então Ministério das Cidades, retomaria o manual do GEIPOT em seu Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades. Embora
traga trechos inteiros do manual de 2001, a atualização da SeMob resume a distinção
entre ambos:
Os primeiros [paraciclos] constituem estacionamentos de natureza aberta e livre, enquanto os segundos [bicicletários] são estacionamentos com controle de
acesso e fechados. Observe-se todavia que os bicicletários podem ser cobertos
ou não, assim como pagos ou gratuitos. O que os diferencia dos paraciclos é,
basicamente, o controle do acesso.
O caderno traz um capítulo inteiro dedicado à integração da bicicleta com modos
coletivos de transporte. A importância do controle de acesso é reforçada por uma
pesquisa da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre - Trensurb realizada na Grande Porto Alegre em 2005. Perguntadas sobre os aspectos mais importantes para usar
a bicicleta integrada com o trem, 68% das pessoas responderam “ter vigilância permanente” ou “lugar seguro para guardar”.
A SeMob traz a recomendação de integrar as bicicletas também aos ônibus, por
meio da implantação de paraciclos junto a pontos, principalmente os cobertos.
A condição de meio mais democrático do transporte urbano exercida pelos modos coletivos exige que a ele seja dado tratamento especial pelo administrador
municipal. Aproximar a bicicleta dos terminais e locais de grande demanda de
passageiros de metrôs, trens, barcas e barcos, ônibus rodoviários e urbanos é
permitir a valorização dos modos coletivos e a ampliação do raio de ação dos
ciclistas nas cidades e nos espaços regionais. E esta condição tanto pode ser
realizada com o provimento de estacionamentos com tarifa integrada, como por
meio de bicicleta embarcada.
Exemplo típico de paraciclo vertical usado como suporte para as bicicletas – no caso,
no bicicletário da estação Tamanduateí. Foto: Felipe Claros, 2020.
Em 2010, o IEMA publicou a guia A Bicicleta e as cidades: Como inserir a bicicleta na
política de mobilidade urbana, trazendo definições similares às do ITDP:
- Bicicletários são espaços destinados ao estacionamento de bicicletas, que podem, eventualmente, dispor de um serviço de controle do acesso, oferecendo ainda mais segurança aos usuários (...) Os bicicletários são espaços destinados ao
estacionamento de grande número de bicicletas. A localização dos bicicletários
está geralmente vinculada a lugares com grande fluxo de pessoas, como escolas, parques, praças, estações de transporte coletivo e demais polos geradores
de tráfego.
- Os paraciclos são um mobiliário urbano específico para o acondicionamento
de bicicletas, adequado para garantir o suporte e a amarração das mesmas. Os
paraciclos devem estar espalhados por toda a cidade, tanto em áreas comerciais
como residenciais, próximos a estações de trem e metrô, pontos de ônibus etc.
Em 2012, a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) publicou um
boletim técnico com A história dos estudos de bicicletas na CET. O documento trouxe
as seguintes definições:
Bicicletários e Paraciclos – Bicicletário é um local fechado dotado de zeladoria e
destinado ao estacionamento de bicicletas. Paraciclo é um dispositivo que permite apoiar e fixar a bicicleta estacionada. Pode ser implantado na via (desde que
não atrapalhe a circulação do ciclista) ou no interior dos bicicletários.
1 A Ascobike administra um bicicletário na Estação Mauá da CPTM desde 2002. Mais informações sobre
essa parceria serão tratadas no decorrer deste caderno.
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Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
Ao final de 2016, um caderno interno da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM chamado Programa de Bicicletários mantém as definições que estavam
sendo discutidas e chega a trazer duas inovações. Primeiro, divide os bicicletários
entre “bicicletários e origem” e “bicicletários de destino”, de acordo com as características das regiões onde é implantado:
PARACICLO - Dispositivo colocado à disposição dos ciclistas para o estacionamento das bicicletas, permitindo que as bicicletas sejam, a eles, acorrentadas
em segurança.
BICICLETÁRIOS - Local fechado, com cobertura para os veículos estacionados e
dotado de vigilância permanente e de controle de acesso. No interesse do Projeto Pedalada, consideram-se dois diferentes modelos de bicicletários:
- Bicicletários de Origem - Bicicletário implantados em estações localizadas
em cidades e bairros com perfil predominantemente residencial, visando ao
atendimento de viagens dos ciclistas nos trajetos residência – estações.
- Bicicletários de Destino - Bicicletários implantados em estações localizadas
em regiões com uso do solo com predominância de empregos, serviços e escolas, visando atender a viagens dos ciclistas entre as estações e os pontos
finais de viagem (...).
Segundo, o documento – criado quando a companhia completava 15 anos de operação de bicicletário – avalia que a promoção da bicicleta combinada aos trens (transporte de alta capacidade) é tão importante que chega a fixar a meta de “atingir 2% dos
acessos diários às estações por bicicleta, colaborando para o aumento de demanda”.
A exemplo do Manual de bicicletários - Modelo ASCOBIKE Mauá de 2009, o caderno
traz modelos de projetos padrão para a construção de bicicletários, como se vê na
imagem abaixo.
Em 2017, o ITDP Brasil lançou o Guia de Planejamento Cicloinclusivo, consolidando
o entendimento sobre as definições atuais para os termos bicicletário e paraciclo:
Paraciclos são suportes para o estacionamento de bicicletas, normalmente fixados no piso, parede ou teto, com a finalidade de manter uma ou mais bicicletas
de forma ordenada de modo que se possa também prendê-las com um cadeado
ou corrente. Esse mobiliário é comumente instalado em via pública ou no interior de estabelecimentos comerciais, seguindo regulamentações específicas de
cada municipalidade.
Bicicletários são espaços construídos para o estacionamento de bicicletas, oferecendo ao ciclista maior segurança e conforto. A configuração de bicicletários
e seus equipamentos variam de acordo com as necessidades dos ciclistas, mas
em termos gerais bicicletários contém paraciclos, controle de acesso, armários
e outras facilidades como vestiários e chuveiros. Isso permite maior tempo de
permanência da bicicleta, maior segurança e em geral, maior número de vagas.
No mesmo ano de 2017, a União de Ciclistas do Brasil publicou o seu Guia de boas
práticas para a instalação de estacionamento adequado para bicicletas: Paraciclos e
Bicicletários. A guia evita entrar em definições, abordando a questão dos bicicletários
e paraciclos como “conceitos” que concernem a estacionamento para bicicletas. As
descrições são muito próximas ao do manual do GEIPOT de 2001, mas o texto acaba
por expressar que “a UCB compreende a falta de consenso com relação ao uso dos
termos Paraciclos, Bicicletários e Estacionamento e estimula o debate sobre a presente terminologia”. Ainda assim, a publicação mantém a associação entre paraciclo
e suportes na seção “Especificações dos paraciclos”:
O paraciclo é a estrutura individual para fixar e trancar as bicicletas, impedindo
que elas tombem (...) O paraciclo é adequado quando permite que as bicicletas
sejam nele encostadas em dois pontos do quadro, com as duas rodas no pavimento, possibilitando que as bicicletas sejam trancadas/cadeadas no quadro e/
ou nas rodas, devendo ser resistente e durável.
Ainda no mesmo ano de 20172, o técnico responsável pela implantação de bicicletários na CPTM Reginaldo Paiva publicou um histórico sobre as diferentes fases desses
equipamentos na companhia. Intitulado Melhores práticas - Bicicletários de integração modal, traz as seguintes definições:
Bicicletário, como tal considerado um estacionamento de acesso controlado,
com supervisão permanente e equipado com dispositivos destinados à permanência em segurança das bicicletas.
(...) Paraciclo. Dispositivo reservado ao uso exclusivo de ciclistas em estacionamentos de bicicletas. Há divergências entre o conceito de paraciclo adotado em
São Paulo e em outras regiões do país.
Projeto padrão (Tipo 1) para a construção de bicicletários. Fonte: CPTM, 2016.
2 O texto havia sido escrito em 2015 (a considerar os dados existentes no texto) ou 2016.
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Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
MARCOS LEGAIS E NORMATIVAS EM SÃO PAULO
É interessante observar que nos “estacionamentos abertos” a responsabilidade pela
bicicleta é inteiramente de quem a estacionou e não há previsão de ressarcimento
com relação a furtos. Já os “estacionamentos fechados e vigiados” podem incluir na
cobrança pelo serviço a ativação de um seguro.
Definições sobre os termos bicicletário e paraciclo entraram na legislação municipal por meio de duas outras leis, que seriam atualizadas (e, portanto, revogadas) em
2018.
A primeira é a Lei 13.995/2005, que obriga a criação de “estacionamentos para bicicletas em locais de grande afluxo de público, em todo o Município de São Paulo”.
Dentre tais locais estão órgãos públicos, parques, shopping centers, supermercados,
instituições de ensino públicas ou privadas, agências bancárias, igrejas, hospitais, instalações esportivas, indústrias, museus e demais equipamentos de cultura.
Art. 4º Os estacionamentos de bicicletas poderão ser de dois tipos, a saber:
I - bicicletários - local destinado ao estacionamento de bicicletas, por período de
longa duração, podendo ser público ou privado;
II - paraciclo - local em via pública, destinado ao estacionamento de bicicletas,
por período de curta e média duração.
Diagrama 2: Marcos legais e normativas pertinentes a paraciclos e bicicletários públicos entre
1991 e 2020. Fonte: Elaboração própria (2020).
As normativas municipais da cidade de São Paulo começaram a tratar do tema estacionamento de bicicletas com a Lei 11.005 de 1991. Ainda vigente, ela criou “locais
para a guarda de bicicletas e triciclos” em parques públicos municipais onde houvesse grande frequência de ciclistas. A lei previa também que a “estadia” das bicicletas e
triciclos poderia ser cobrada dos usuários e, para que não houvesse ônus para a Prefeitura, a iniciativa privada poderia explorar tais estacionamentos em troca de espaço
para publicidade.
Os termos ‘bicicletário’ e ‘paraciclo’ ainda não aparecem, mas o Decreto 35.860 de
1996, que a regulamenta, usa conceitos muito similares:
Art. 1º Os parques públicos municipais com grande frequência de ciclistas, que
tenham área disponível e mediante prévio estudo, serão dotados de estacionamentos para bicicletas e triciclos, obedecidas as disposições deste decreto.
(...) Art. 4º Os estacionamentos de que trata o artigo 1º deste decreto poderão
ser abertos ou fechados, mantida a proporção de no mínimo 50% (cinquenta por
cento) de vagas para estacionamento aberto.
Art. 5º Os estacionamentos abertos deverão ser gratuitos, descobertos, e equipados com dispositivos de suporte destinados à fixação de bicicletas e triciclos.
Parágrafo Único - o usuário do estacionamento deverá utilizar cadeados, correntes ou outros dispositivos de segurança, sendo de sua inteira responsabilidade os eventuais prejuízos decorrentes de furtos ou danos, que possam vir a
ocorrer, durante o período de permanência.
Art. 6º Os estacionamentos fechados deverão ser cobertos, cercados ou tipo cofre, e vigiados permanentemente, em parceria com a iniciativa privada, podendo
seu uso ficar sujeito à cobrança de preço.
(...) § 6º - A permissionária poderá, alternativamente:
(...) b) efetuar cobrança de preço pelos serviços de estacionamento aos usuários
nos parques municipais, nele incluindo seguro contra furto.
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Definições muito similares apareceram na Lei 14.266 de 2007, primeira a criar o
Sistema Cicloviário do Município de São Paulo. Bicicletários e paraciclos passaram
a ser considerados como parte do sistema cicloviário e a obrigatoriedade de criar
estacionamento para bicicletas em pontos com grande fluxo de pessoas é mantida,
mas a gama desses locais passa a incluir terminais e estações de transporte público.
Art. 8º Os terminais e estações de transferência do [Sistema Integrado de Transporte de Passageiros - SITP], os edifícios públicos, as indústrias, escolas, centros
de compras, condomínios, parques e outros locais de grande afluxo de pessoas
deverão possuir locais para estacionamento de bicicletas, bicicletários e paraciclos como parte da infra-estrutura de apoio a esse modal de transporte.
§ 1º O bicicletário é o local destinado para estacionamento de longa duração de
bicicletas e poderá ser público ou privado.
§ 2º O paraciclo é o local destinado ao estacionamento de bicicletas de curta e
média duração em espaço público, equipado com dispositivos para acomodá-las.
Art. 9º A elaboração de projetos e construção de praças e parques, incluindo os
parques lineares, com área superior a 4.000 m² (quatro mil metros quadrados),
deve contemplar o tratamento cicloviário nos acessos e no entorno próximo, assim como paraciclos no seu interior.
Art. 10. O Executivo deverá estimular a implantação de locais reservados para
bicicletários, em um raio de 100 (cem) metros dos terminais e estações de metrô,
trens metropolitanos e corredores de ônibus metropolitanos, dando prioridade às
estações localizadas nos cruzamentos com vias estruturais.
(...) Art. 13. A implantação e operação dos bicicletários, em imóveis públicos ou
privados, deverá ter controle de acesso, a ser aprovado pelo Órgão Executivo
Municipal de Trânsito.
Como se vê, as definições dos termos se aproximam das do Manual de Planejamento Cicloviário de 2001, do GEIPOT. Ambas as definem bicicletários e paraciclos como
locais, sendo que o que os distingue é a sua função (tempo de estadia curto, médio
ou longo) e o fato de que os primeiros são fechados e devem ter controle de acesso.
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Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
DEFINIÇÕES DE PARACICLO SÃO APRIMORADAS
Paraciclos possuem um caminho próprio dentro das normativas. A Lei 14.223 de
2006, ainda vigente e que dispõe sobre a ordenação dos elementos que compõem a
paisagem urbana do Município de São Paulo, manteve alguma dubiedade sobre os
termos bicicletário e paraciclo:
Art. 6º. Para os efeitos de aplicação desta lei, ficam estabelecidas as seguintes
definições:
(...) VIII - mobiliário urbano é o conjunto de elementos que podem ocupar o espaço público, implantados, direta ou indiretamente, pela Administração Municipal, com as seguintes funções urbanísticas:
a) circulação e transportes;
(...) Art. 22. São considerados como mobiliário urbano de uso e utilidade pública
os seguintes elementos, dentre outros:
(...) XIII - bicicletário;
(...) § 11. Bicicletário é o equipamento destinado a abrigar bicicletas do público
em geral, adaptável a estações de metrô, ônibus e trens, escolas e instituições.
Ao atribuir a função de ‘abrigar’ e, ao mesmo tempo, a qualidade de adaptabilidade,
a terminologia parece aproximar-se ora do que se convém chamar de bicicletário (um
local fechado), ora do que se entende por paraciclo (um suporte para prender a bicicleta).
A lei atribuiu a competência de emitir pareceres sobre como o entendimento relacionado ao mobiliário urbano deve ser aplicado à Comissão de Proteção à Paisagem
Urbana - CPPU, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. A diferenciação
para paraciclos foi endereçada cinco anos mais tarde, em 2011.
Por meio de sua Resolução 009/2011, a Comissão incluiu o “equipamento denominado paraciclo” como mobiliário urbano, definindo-o e padronizando-o de forma
direta: por meio de três imagens de projeto ilustrativas (parte delas abaixo).
Imagens de projetos padrão de paraciclos. Fonte: SMDU, 2011.
Os projetos trazem os paraciclos como suportes horizontais (em u invertido) ou
verticais (em gancho) destinados a prender bicicletas. Medidas de altura, largura e
espessura, material e a “cor amarela do padrão CET” do tubo passam a fazer parte
dessa definição.
É importante notar que o manual de 2001 do GEIPOT não chegou a dar esse passo, mas quase definiu os paraciclos como os próprios suportes para as bicicletas. O
caderno da SeMob de 2007 foi na mesma direção, trazendo diferentes imagens que
mostram suportes similares, diferenciados como paraciclos ou bicicletários a depender de estarem sujeitos ou não a um controle de acesso.
Ao padronizar os projetos de paraciclo, a CPPU efetivamente os associa aos suportes, em vez da abordagem existente na legislação de os definir como locais. Se
paraciclo passa a ser o suporte, pode ser tanto implantado como mobiliário urbano na
via pública quanto fazer parte, ser um dos componentes de um bicicletário. Este é o
caminho que começou a ser seguido por várias publicações técnicas e pelos marcos
legais da cidade de São Paulo a partir de então.
Imagens de projetos padrão de paraciclos. Fonte: SMDU, 2011.
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Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
BICICLETÁRIOS PASSAM A SER ASSOCIADOS ÀS ESTAÇÕES E TERMINAIS
O Plano Diretor Estratégico (Lei 16.050 de 2014) não entra em definições, mas diferencia textualmente bicicletários de paraciclos e considera ambos como parte do
Sistema Cicloviário. Uma vez mais, a lei reforça a importância de integrá-los com os
sistemas de Circulação de Pedestres e de Transporte Público Coletivo:
Art. 232. As ações estratégicas do Sistema de Circulação de Pedestres são:
(...) VI – integração entre o sistema de estacionamento de bicicletas (paraciclos
e bicicletários) e as calçadas, visando ao pleno acesso de ciclistas aos estabelecimentos.
Art. 245. As ações estratégicas do Sistema de Transporte Público Coletivo são:
(...) § 4º A implantação de novos corredores, terminais e estações de transferência de ônibus, linhas e estações de metrô, trens, monotrilhos e do transporte
hidroviário e a modernização dos já existentes, deverão apresentar soluções que
compatibilizem a sua inserção ao ambiente urbano, definindo:
(...) III – integração física e operacional com outros modos de transporte, em
especial com o sistema cicloviário, por meio de implantação de bicicletários, permissão de embarque de bicicletas em veículos do sistema, priorização de travessias de pedestres, entre outras medidas;
(...) Art. 240. O Município regulamentará através de instrumentos específicos:
(...) IV – a abertura de rotas de ciclismo, bicicletários e compartilhamento de
bicicletas e vagas especiais para compartilhamento de automóveis e similares
NO GOVERNO DO ESTADO
A discussão sobre os termos bicicletário e paraciclo não aparece nos marcos
legais estaduais de São Paulo. Presente, entretanto, está a obrigatoriedade de
implantação de bicicletários junto a terminais e estações de trem.
Em maio de 2015, a CET publicou o Manual para instalação de paraciclos na cidade
de São Paulo, tendo como base a já citada Resolução SMDU de 2011 e os mesmos
projetos padrão contidos nela. Específico sobre paraciclos, o manual mantém sua
associação aos suportes para bicicleta definindo-os da seguinte forma:
Paraciclo é o dispositivo utilizado para a fixação de bicicletas, podendo ser instalado em áreas públicas ou áreas privadas.
O manual é a base para a publicação da Portaria Secretaria Municipal de Transportes - SMT 47 de 2015, que “estabelece diretrizes e orienta os interessados na instalação de paraciclos”. Como novidade, a portaria explicita a impossibilidade de proibir ou
condicionar seu uso quando instalado em áreas públicas:
Art. 1º. A instalação de paraciclos na cidade de São Paulo poderá ser realizada
em áreas públicas ou privadas, observadas as seguintes diretrizes:
I Os paraciclos são equipamentos de uso público, sendo vedado ao particular
proibir ou condicionar seu uso, se instalados em áreas públicas.
(...) Art. 2º. - A instalação do equipamento deverá seguir as normas estabelecidas no Manual para Instalação de Paraciclos na Cidade de São Paulo, disponível
para download no endereço eletrônico www.cetsp.com.br.
No que se refere a paraciclos, o manual da CET de 2015 é ótima referência, pois
populariza o modelo ‘u invertido’ ao mesmo tempo em que concentra as informações
necessárias para sua devida implantação em lugares públicos. Tal promoção merece
destaque pois cadernos e manuais técnicos anteriores não raro destacam em fotos
suportes pouco recomendados, apelidados por ciclistas como ‘entorta-rodas’. O modelo ‘u invertido’ transfere o apoio da roda para o quadro, reduzindo a possibilidade
de danos, e aumenta a segurança ao possibilitar mais formas de travar a bicicleta,
seja pelo quadro, pelas rodas ou combinações de ambos. É também inclusivo, pois
não requer esforço para erguer a bicicleta, como exigido por suportes em gancho ou
afixados em paredes.
A Lei 12.286 de 2006 garante que bicicletários possam ser implementados pelo
Poder Executivo dentro da “Política de incentivo ao uso da bicicleta no âmbito
do Estado de São Paulo”. Mas é a Lei 15.671 de 2015 que faz a associação entre os terminais e estações e a previsão de estacionamentos para quem chega
a elas. No caso de veículos particulares, tornou-se possível haver integração
das estações e terminais a estacionamentos sem seus entornos; no caso de
bicicletas, a implantação de bicicletários passou a ser obrigatória:
Artigo 1º - Fica autorizado o Poder Executivo a criar Sistema de Integração
Metropolitana e entre Metrópoles de Transporte Coletivo Público para as
Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas e do Aglomerado
Urbano de Jundiaí, conforme parâmetros dispostos nesta lei.
Artigo 2º - Compõem o Sistema de Integração Metropolitana e entre
Metrópoles de Transporte Coletivo Público, estabelecendo uma rede de
transporte público, os modais disponíveis no âmbito dos municípios, das
Regiões Metropolitanas e do Aglomerado Urbano de Jundiaí.
(...) Artigo 7º - O Sistema de Integração Metropolitana e entre Metrópoles
de Transporte Coletivo Público para as Regiões Metropolitanas de São
Paulo e de Campinas e do Aglomerado Urbano de Jundiaí poderá integrar-se com estacionamentos para veículos particulares no entorno das
estações.
Artigo 8º - O Sistema deverá contemplar a implantação de bicicletários em
estações e terminais que se tornarão parte integrante e fundamental para
a mobilidade urbana e para a sustentabilidade.
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O modelo ‘u invertido’, padrão de paraciclos na cidade de São Paulo.
Foto: Deiny Costa, 2020
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Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
O Plano Municipal de Mobilidade Urbana (Decreto 56.834, de 2016) (PlanMob 2015)
traz a definição de paraciclo como sendo um “dispositivo” e mantém a associação
de bicicletários à necessidade de haver vigilância, presente na legislação até então
existente.
5.2.5 Estacionamento de Bicicletas
(...) Os locais para estacionamento de bicicletas podem ser divididos em dois
tipos:
paraciclo – dispositivo utilizado para a fixação de bicicletas, podendo ser instalado em área pública ou privada;
bicicletário – equipamento público para estacionamento de bicicletas em área
pública ou privada dotado de zeladoria presencial ou eletrônica.
(...) Quanto à sua localização, os estacionamentos para bicicletas podem estar
em espaços públicos ou privados. A operação dos bicicletários pode ser realizada diretamente pelo poder público, em parceria com o setor privado ou apenas
pelo setor privado. É possível ainda integrar aos bicicletários outras estruturas
de apoio que podem servir como fonte de receita adicional, tais como vestiários,
oficinas mecânicas, cafés e outras atividades comerciais e de serviços.
De acordo com o PlanMob 2015, bicicletários ou paraciclos podem ser implantados
em diferentes locais e de acordo com a finalidade desejada:
•
•
•
•
•
•
junto a estações e terminais de transporte público de média e alta capacidades;
junto à Rede Cicloviária Estrutural;
nas centralidades de bairro;
junto a estabelecimentos comerciais;
junto a polos geradores; e
em locais com grande movimentação de pessoas.
O PlanMob 2015 reforça a importância de combinar bicicletários com o sistema de
transporte público e chega a estabelecer a meta de implantá-los em todos os terminais e estações, sejam elas novas ou já existentes, até 2024:
Eixos do Sistema de Transporte Público Coletivo
(...) Todas as estações e terminais de transporte coletivo planejados devem prever em seus projetos a implantação de bicicletários para a guarda de bicicletas,
em áreas seguras e atrativas aos usuários deste modo, conforme definido na
política de estacionamento de bicicletas do Plano.
5.2.5 Estacionamento de Bicicletas
(...) São metas específicas do estacionamento de bicicletas até 2024:
- implantar bicicletários na área interna de todos os novos terminais e estações
de transporte público coletivo no território do município;
- adequar a implantação de bicicletários nas estações existentes de transporte
público coletivo no território do município;
Como mencionado, as leis 13.995/2005 e 14.266/2007 foram explicitamente revogadas para darem origem à Lei 16.885/2018, a chamada Lei SICLO, que atualiza a
criação do Sistema Cicloviário do Município de São Paulo.
Com a revogação, caiu a obrigatoriedade de locais com grande fluxo de pessoas implantarem paraciclos ou bicicletários. Restaram apenas os parques (Lei 11.005/1991)
e as estações e terminais de transporte público. Este último caso era previsto no decreto do Plano Municipal de Mobilidade Urbana (Decreto 56.834/2016) e mesmo no
Plano Diretor Estratégico (Lei 16.050 de 2014), mas passou a ter redação mais clara
no texto.
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Diferentemente da lei de 2007, que previa que o Sistema Cicloviário deveria “articular
o transporte de bicicleta com o Sistema Integrado de Transporte de Passageiros”, a
nova lei de 2018 expressa que o sistema cicloviário agora “será incorporado” àquele3.
Ganha força, portanto, o entendimento de que os bicicletários não apenas deveriam
ser integrados aos terminais e estações, mas passam a fazer parte integrante deles4.
Por consequência, seus horários de funcionamento deveriam seguir o das estações
e terminais.
Com relação às definições de bicicletários e paraciclos, a lei não inova. Segue o
caminho de associar paraciclos ao suporte de fixação de bicicletas e os bicicletários
a locais onde há vigilância.
Art. 2º Para efeitos desta lei, são adotadas as seguintes definições:
(...) VIII - bicicletário: local reservado para o estacionamento de bicicletas em
área pública ou privada, dotado de zeladoria presencial ou eletrônica;
IX - paraciclo: suporte para a fixação de bicicletas, podendo ser instalado em área
pública ou privada.
(...) Art. 6º São elementos constitutivos do Sistema Cicloviário:
(...) IV - locais específicos para estacionamento: bicicletários e paraciclos;
(...) Art. 15. São diretrizes específicas do estacionamento de bicicletas:
I - intermodalidade: proporcionar condições para a integração com o transporte
coletivo;
II - segurança: proporcionar condições adequadas de iluminação, visibilidade e
monitoramento, para evitar furtos e assaltos;
III - acessibilidade: proporcionar condições para o acesso dos cidadãos aos equipamentos e serviços da cidade.
Parágrafo único. Todos os projetos de reformas e de novas estações e terminais
de transporte público coletivo de média e alta capacidade devem prever a implantação de bicicletários adequados à demanda atual e futura.
Finalmente, a Lei 17.322 de 2020, voltada para a criação da Política Municipal de Ciclologística, não entra em definições e se baseia no entendimento vigente dos termos
bicicletário e paraciclo. O corpo do texto, porém, veta explicitamente que bicicletas ou
triciclos de carga sejam proibidos de estacionar em bicicletários públicos ou privados:
Art. 5º Não poderão os bicicletários públicos ou privados proibir o estacionamento de bicicletas ou triciclos de carga.
(...) Art. 6º Edifícios privados comerciais e edifícios públicos que possuírem bicicletários deverão permitir seu uso para parada rápida, durante horário comercial,
por entregadores enquanto realizarem entrega no estabelecimento.
(...) Art. 7º Fica permitido o estacionamento de bicicletas e triciclos cargueiros
nas vagas existentes em vias públicas.
Parágrafo único. Em áreas de intensa atividade comercial poderão ser delimitadas vagas específicas para esse fim ou criados bolsões de parada rápida com
paraciclos.
3 Instituído pela Lei 13.241 de 2001, o Sistema Integrado de Transporte de Passageiros já era composto
pelo conjunto de linhas de ônibus que atende a demandas elevadas (Subsistema Estrutural) e pelo que
atende a demandas internas de uma região (Subsistema Local). No texto da lei, “linhas metroviárias e
ferroviárias metropolitanas são funcionalmente consideradas como parte do Subsistema Estrutural”. Com
a Lei 16.885/2018, o Sistema Cicloviário como um todo passa também a integrá-lo.
4 A seção do site da SPTrans de “Perguntas e respostas: O que é Terminal de Ônibus” traz um texto que
reforça o mesmo entendimento: “A SPTrans tem entre suas responsabilidades a gestão de 31 terminais
distribuídos pela cidade. Esses equipamentos são de uso público e possuem infraestrutura para atender
aos usuários enquanto aguardam o transporte. Cada terminal tem uma característica operacional de
acordo com a demanda de passageiros e oferta de linhas. Faz parte da estrutura sanitários, telefones públicos, área de administração, bicicletário, Posto de Atendimento do Bilhete Único, painéis de informação e
orientação dos serviços e linhas, sistema de monitoramento de imagens entre outras ferramentas”.
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Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
A QUESTÃO DA COBRANÇA PELO USO
CONCLUSÃO
De acordo com a legislação, a cobrança pelo uso de paraciclos é vedada quando
instalados em área pública. Já para os bicicletários, a restrição não é prevista em lei
e, como visto, a Lei 11.005 de 1991 chega a prever a possibilidade de tarifação para
bicicletários situados dentro de parques da capital paulista.
A definição do termo ‘bicicletário’ parece consolidada na legislação municipal de
São Paulo, em redação que condiz com os cadernos técnicos existentes sobre o
tema. No âmbito estadual, embora não haja definição explícita, ela pode ser derivada
dos mesmos cadernos técnicos e aproxima-se, em essência, da contida no âmbito
municipal.
Por sua vez, os cadernos técnicos dividem seus argumentos entre motivos pelo qual
pode haver cobrança e motivos pelo qual ela não deveria ser feita. Argumentos a favor
tendem estar relacionados aos custos de operação, intrínsecos a um equipamento
que requer zeladoria e/ou controle de acesso (GEIPOT, 2001; ASCOBIKE; ITDP, 2009).
As pesquisas realizadas pela CPTM apontam que 30% dos ciclistas usariam o bicicletário mesmo que fosse pago, enquanto 42% talvez continuassem a usar a depender
do custo e 26% interromperiam o uso (CPTM, 2009, 2012). A cobrança pode estar condicionada à existência de serviços extras5 (ITDP, 2017). É interessante observar que o
PlanMob 2015 abre a possibilidade de integrar os bicicletários a “outras estruturas de
apoio que podem servir como fonte de receita adicional”.
Argumentos contrários à cobrança estão relacionados a dois eixos principais. O primeiro é que os bicicletários são utilizados principalmente por pessoas de baixa renda e/ou com restrições orçamentárias (GEIPOT, 2001; ITDP 2017). Várias pesquisas
tendem a reforçar este ponto. As realizadas com quem usa os bicicletários da CPTM
costumam apontar que a faixa salarial das pessoas fica em torno de 1,5 salário mínimo (PAIVA, 2017), sendo que dois terços dos usuários ganham até 2 salários mínimos
(CPTM, 2009, 2012). Na pesquisa de perfil de quem usa bicicleta na cidade realizada
em 2015 pela Ciclocidade, 57% dos entrevistados ganhavam de zero a três salários
mínimos (Ciclocidade, 2015). Dados similares são apontados pela pesquisa OD 2017
do Metrô, em que 62% das pessoas que fizeram viagens em bicicleta pertencem às
classes C, D ou E (Ciclocidade e Multiplicidade Mobilidade Urbana, 2020).
Ao considerar os bicicletários como parte integrante de terminais e estações de
transporte público, o conjunto de marcos legais e normativas se voltam não apenas
para suprir demanda, mas para efetivamente fomentar o uso de bicicleta integradas
ao transporte coletivo. Tal objetivo fica explícito pelo menos em dois momentos. Primeiro, quando a Prefeitura estabelece como uma das metas do PlanMob 2015 o prazo
de 2024 para a implantação em todos os terminais e estações, novos ou existentes;
segundo, quando o caderno sobre o Programa de Bicicletários da CPTM fixa como
meta “atingir 2% dos acessos diários às estações por bicicleta, colaborando para o
aumento de demanda”.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é que tanto a legislação quanto
os planos setoriais da cidade e do estado de São Paulo estão alinhados a marcos legais de redução de emissões de gases estufa no contexto de grandes cidades, no qual
o setor de Energia/Transportes é predominante. De acordo com esse conjunto de planos, leis e normativas, o objetivo final de redução de emissões passa necessariamente pela promoção dos modos ativos (a pé e bicicleta) e coletivos de locomoção. Dos
marcos legais citados, o PlanMob 2015 e a Lei SICLO 16.885/2018 são os que trazem
essa aproximação mais claramente - o primeiro ao trazer uma seção inteira dedicada
ao levantamento de emissões relacionadas a transporte e como reduzi-las e o segundo ao declarar a redução de emissões como um dos objetivos do sistema cicloviário.
O segundo eixo argumentativo contrário é considerar a existência de tarifação a
demais veículos (UCB, 2017). Dados da Pesquisa OD 2017 mostram que apenas 4,5%
dos motoristas de automóvel ou moto da Região Metropolitana de São Paulo efetivamente pagam para estacionar seus veículos quando seu destino não é a residência.
Para a capital paulista, o percentual fica em 5,4% (Ciclocidade e Multiplicidade Mobilidade Urbana, 2020). Em outras palavras, cobra-se pouco de quem faz uso do modo
individual motorizado, que deveria ser taxado primeiro por seu estacionamento.
No Rio de Janeiro, considera-se que a experiência de implantar cobrança em bicicletários nas estações de trem da SuperVia contribuiu significativamente para o decréscimo no uso dos equipamentos.
Já no bicicletário da estação Mauá, mantido desde 2002 pela associação de ciclistas Ascobike, o cálculo interno é que são necessários pelo menos cerca de 300
usuários associados para manter a estrutura do estacionamento funcionando. Pelo
modelo, uma mensalidade associativa é paga de forma a manter uma vaga reservada e ter acesso a alguns benefícios e comodidades. Existe também a cobrança pelo
estacionamento avulso, mas a associação avalia que a receita vinda desta fonte é
pequena. Deve-se ter em mente, entretanto, que o porte do bicicletário de Mauá permite que as pessoas mantenham suas bicicletas estacionadas sem limite de tempo,
caso único entre os equipamentos de São Paulo (Fonte: Entrevistas com operadoras,
Ascobike, 2020).
De todas as formas, os custos de operação são altos e multiplicam-se conforme
um mesmo órgão passa a cuidar de mais bicicletários. É preciso identificar modelos
de negócio que se adaptem a eles, de forma que se mantenham viáveis ao longo dos
anos.
5 É o caso do bicicletário de Mauá que disponibiliza bebedouro, cozinha e até serviços jurídicos para os
associados.
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29
Definições Legislação e cadernos técnicos sobre Bicicletários e paraciclos
LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
EQUIPAMENTO
Quando instalados em locais públicos, devem ser
pulverizados de forma a ficarem o mais próximo possível dos pontos de interesse (centros comerciais,
locais de grande afluxo de pessoas, equipamentos
culturais etc), do sistema viário ou do sistema cicloviário
BICICLETÁRIO PÚBLICO INTEGRADO
AO SISTEMA DE TRANSPORTES
PARACICLO PÚBLICO
EXEMPLO
Concentrados, devem ser implantados junto a terminais e estações de transporte público. Uma vez que
são considerados parte integrante desses locais, o
horário de funcionamento do bicicletário deve acompanhar o da estação ou terminal ao qual pertence
O QUE É?
Suporte para a fixação de bicicletas, podendo ser
instalado em área pública ou privada (redação dada
pela Lei Municipal 16.885/2018)
Local reservado para o estacionamento
de bicicletas em área pública ou privada, dotado
de zeladoria presencial ou eletrônica (redação dada
pela Lei Municipal 16.885/2018)
Os diferentes tipos de suporte dentro
de um bicicletário para colocar as bicicletas
são chamados de paraciclos
CARACTERÍSTICA PRINCIPAL
Praticidade. Facilidade e rapidez de acesso
Segurança. Obrigatoriedade de zeladoria presencial
ou eletrônica e responsabilidade da operadora
pela guarda da bicicleta
FUNÇÃO
Estacionamento de curta (até 2 horas)
ou média duração (abaixo de 6 horas),
em qualquer período do dia.
30
Estacionamento de longa duração (acima de 6 horas). O tempo esperado para quem faz integração
fica em cerca de 12h. Termos de uso permitem estadias com duração de 1 a 5 dias, a depender da operadora (ver seção “Dados gerais sobre bicicletários”
para mais informações)
Tabela: Resumo das diferenças entre paraciclos e bicicletários. Fonte: Elaboração própria (2020).
OBRIGATORIEDADES
Em parques e áreas públicas, devem ser gratuitos,
sendo vedado a particulares proibir ou condicionar
seu uso (Portaria Municipal SMT 47/2015)
Bicicletários dentro do território do município
de São Paulo devem ter zeladoria presencial ou
eletrônica, não podem proibir o estacionamento
de bicicletas ou triciclos de carga e devem estar
implantados em todas as estações e terminais
de transporte público coletivo.
Bicicletários da Região Metropolitana de São Paulo,
Campinas e Aglomerado Urbano de Jundiaí devem
ser implantados em estações e terminais
de transporte público.
CARACTERÍSTICAS EXTRAS
Pode incluir comodidades como banheiros,
bebedouros, bomba de ar, ferramentas para
reparos, oficina e borracharia
Pode ser de diferentes formatos.
O mais recomendado em vias públicas
é o padrão estabelecido pelo manual da
CET de 2015, o chamado ‘u invertido’.
Formatos que fixam apenas a roda
(conhecidos como “entorta-rodas”)
devem ser evitados a todo custo
NÚMERO DE VAGAS
Caracterizado por ser adaptável, adequando-se
ao espaço disponível para a implantação.
Em geral, são poucas vagas, entre 2 e 20
Caracterizado por ter grande número de vagas.
O menor tamanho encontrado São Paulo é de 20 vagas, mas a capacidade média dentro dos limites da
cidade é de 126 e fora dela, na Região Metropolitana,
de 287 (ver seção “Dados gerais sobre bicicletários”
para mais informações)
CUSTOS PARA QUEM IMPLANTA
Custos de implantação, manutenção e operação
Custos de implantação e de manutenção
CUSTO PARA USUÁRIO
Gratuito. Cobrança é vedada pela legislação se
paraciclo estiver em área pública
Na prática, são gratuitos, mas cobrança
não é vedada pela legislação
QUEM IMPLANTA?
Podem ser implantados pelo Poder Público
ou por privados
Poder público
31
2. HISTÓRICO DE IMPLANTAÇÃO,
OPERAÇÃO E PLANEJAMENTO
DE BICICLETÁRIOS
Para melhor compreensão histórica da implantação, será subdividido temporalmente da seguinte maneira:
•
•
•
•
•
1984 - 2000: Anos iniciais – Implantação pela Fepasa e compreensão do bicicletário como polo de atração de viagens;
2001 - 2006: O bicicletário de Mauá e seus aprendizados – Propagação dos
bicicletários, pesquisas e experiências de dimensionamento;
2007 - 2013: Expansão dos bicicletários;
2014 - 2017: Bicicletários nas ruas e terminais de ônibus;
2018 - 2019: Anos recentes
Anos iniciais
Bicicletário de Mauá
e seus aprendizados
Expansão dos
bicicletários
Bicicletários nas ruas
e terminais de ônibus
Anos recentes
1984 - 2000
2001 - 2006
2007 - 2013
2014 - 2017
2018 - 2019
1984 - 2000: ANOS INICIAIS
Um dos documentos que melhor registra a história dos bicicletários até o ano de
2015 e pela ótica da integração às estações de trem se chama Melhores práticas Bicicletários de Integração Modal: Parte I: Histórico do Sistema Implantado nas Ferrovias Suburbanas de São Paulo. Publicado em 2017 no site do Instituto de Engenharia,
foi escrito pelo atual analista de transportes do Departamento de Planejamento de
Transporte da CPTM, Reginaldo Assis de Paiva. Ele trabalha no tema das bicicletas
desde 1983, quando cuidava da área de integração da antiga Fepasa. Boa parte do
registrado abaixo até o ano de 2007 terá este texto como fonte.
Bicicletário da estação Guilhermina-Esperança.
Foto: Portal do Governo do Estado de São Paulo, 2007.
Histórico de implantação de bicicletários
A implantação de bicicletários em estações e terminais de transporte público em São
Paulo passou por diversos momentos. Ela começou em 1984 com a Ferrovia Paulista/
SA - Fepasa1, passou pelo fechamento dos equipamentos em 1988, pela retomada e
expansão da rede para além dos trens entre 2001 e 2014. Nos 3 anos seguintes a expansão chegou às ruas e terminais de ônibus. Finalmente, houve um momento mais
recente marcado pela abertura de novos bicicletários e fechamento de outros entre
2018 e 2020.
De acordo com Paiva (2017), o primeiro bicicletário instalado foi na estação Jandira,
em 1984. O modelo era próximo ao de um estacionamento de automóveis: um espaço
coberto com suportes para encaixar as rodas dianteiras das bicicletas espalhados
como se fossem “vagas”, controle de acesso, presença permanente de funcionários
para a segurança e inicialmente com cobrança no valor de meia passagem de trem.
Estudantes de uma escola vizinha logo passaram a usar o espaço, que se tornou gratuito. Foi quando a empresa percebeu que bicicletários constituem em “um pólo de
atração de viagens em bicicleta e não apenas um estacionamento de bicicletas”, conceito este que passou a permear os futuros projetos.
Entre os anos de 1983 e 1988, a Divisão de Integração da Fepasa planejou e instalou bicicletários nas estações Jandira, Itapevi, Jurubatuba e Pinheiros, pertencentes
à rede metropolitana de transportes sobre trilhos. Apesar da construção, apenas os
dois primeiros chegaram a entrar em operação e acabaram sendo desativados em
1988, após mudança no Governo do Estado (PAIVA, 2017).
A pesquisa Origem Destino do Metrô2 passou a registrar viagens de bicicleta em
1977. Naqueles anos, portanto, não havia série histórica para a Região Metropolitana
de São Paulo. Conta Paiva (2017) que por este motivo os bicicletários eram implantados de acordo com as áreas disponíveis, tendo como recomendação apenas estarem
próximos às entradas principais das estações.
Nas pesquisas que a gente tem, grande parte das pessoas vai a pé para as estações. Alguns de ônibus. Na época, propus fazer um bicicletário como forma de
fazer a integração com bicicletas. Teve uma resistência brava, o pessoal achava
que não tinha nada a ver. Mas o diretor aprovou e a gente fez em Jandira. Teve
1 Empresa estatal paulista de transporte ferroviário de cargas e de passageiros extinta em 1998. Seu
sistema de trens foi absorvido pela CPTM.
2 Realizada pelo Metrô a cada dez anos, sendo a última realizada em 2017.
32
33
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
aceitação muito grande na cidade. Quando deu resultado, a Fepasa fez [projetos]
em Itapevi, Pinheiros e Jurubatuba. Mudou o governo e desativaram os bicicletários, mas o pessoal tinha entendido que dava para ir de bicicleta. Começaram a
aparecer pilhas de bicicletas amarradas nas grades das estações.
Fonte: Entrevista com operadoras, CPTM, 2019
Criada em 1992, a Companhia de Trens Metropolitanos - CPTM assumiu os sistemas de trens da Região Metropolitana de São Paulo que pertenciam tanto à Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU quanto à Ferrovia Paulista S/A - Fepasa3.
Os bicicletários recomeçaram por pressão dos usuários. No final dos anos 1990,
começo dos anos 2000, fiz um levantamento em todas as linhas da CPTM e notei
que nos subúrbios havia pilhas de bicicletas amarradas nas grades. Aí entra o
regulamento do transporte da CPTM, que diz que é proibido pois, legalmente,
se você autorizou passa a ser responsável pela guarda do veículo. Se ele entrar
na justiça por furto, ele ganha. Nesse levantamento, fui em São Miguel Paulista
conversar com o chefe da estação. Perguntei se tinha bicicleta nas grades. Ele
me disse “tem, olha lá em cima”. Estava cheio. Ele tinha brigado com os ciclistas,
falado que ia tirar e jogar as bicicletas longe. Não queria nem ir lá. Mas as pessoas continuavam vindo. Então, se o cara quer vir de bicicleta, você tem que dar
a ele o local. Se quer vir a pé, tem que cuidar para que chegue em segurança, dar
calçada acessível, rampa de pedestres, faixa de travessia.
Fonte: Entrevista com operadoras, CPTM, 2019
O levantamento fotográfico da CPTM também registrou vários bicicletários operados por particulares, como os da estação Aracaré (esquerda), Francisco Morato (centro) e Rio Grande da Serra (direita). Fotos: Reginaldo Paiva, por volta de 2000.
2001 - 2006: BICICLETÁRIO DE MAUÁ E SEUS APRENDIZADOS
Entre 1988 e 2000, não havia mais bicicletários e o cenário era de estações com
diversas bicicletas presas nas grades. A situação chegou ao ponto de a Prefeitura
de Barueri assinar um termo com a CPTM, em maio de 2000, para a construção de
paraciclos junto ao gradil da estação Jardim Silveira. O local fica a pouco mais de
um quilômetro da estação Jandira, onde antes havia bicicletário. O objetivo principal
era organizar as bicicletas que ocupavam as calçadas, mas pelo acordo, a Prefeitura
passava ainda a ficar responsável pela guarda dos veículos, manter a área ajardinada
e pagar uma taxa mensal de R$ 230 (cerca de R$ 1.000 em valores de 20204) à CPTM.
Estruturas de paraciclos seriam também implantadas nas estações Barueri, Itapevi e
São Miguel Paulista5.
O termo acabou sendo a base para a criação do bicicletário da estação Mauá no
ano seguinte. Encarregado de encontrar uma solução para as cerca de 200 bicicletas
que ficavam amarradas nas grades diariamente, o então chefe da estação Adilson
Alcântara decidiu organizar os ciclistas locais e fundar a Ascobike - Associação dos
Condutores de Bicicletas de Mauá. A associação solicitou à CPTM a permissão para
usar uma área ociosa da companhia para abrigar um bicicletário e o acordo foi assinado em maio de 20026.
Algumas fotos do levantamento fotográfico da CPTM que registrava o que chamavam de “demanda manifesta” por bicicletários. Acima, estação Santo André; abaixo,
Baltazar Fidélis. Fotos: Reginaldo Paiva, por volta dos anos 2000.
A primeira versão do bicicletário de Mauá (à esquerda) e os paraciclos instalados no
gradil da estação Jardim Silveira (à direita). Fotos: Reginaldo Paiva.
3 Site da CPTM - Nossa História
34
4 Valor calculado com base no índice IGP-M (FGV) pela Calculadora do Cidadão do Banco Central do
Brasil, tendo como base os meses de maio de 2000 e junho de 2020.
5 Alguns paraciclos da estação São Miguel Paulista ainda existem, embora sejam considerados desativados desde que a estação passou por uma reforma e abriu um bicicletário em 2014.
6 Há fontes que citam a implantação do bicicletário de Mauá como tendo acontecido em 2001. Esta
pesquisa usa como base o termo assinado entre Ascobike e CPTM em 2002, fixando neste mesmo ano
a data de início das atividades do equipamento. Isso porque o termo previa que o bicicletário ainda seria
instalado. Já a Ascobike foi criada em julho de 2001.
35
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
As 659 vagas logo se mostraram poucas e em 2008 o bicicletário passou por uma
reforma completa e ampliação, chegando a quase 2 mil vagas e sendo considerado o
“maior bicicletário da América Latina” (Street Films, 2010). A história do bicicletário de
Mauá é bem registrada pelo documentário Ascobike: Largest Bicycle Parking Facility
in the Americas (Street Films, 2010), pelo Manual de bicicletários - Modelo Ascobike
Mauá (Ascobike, ITDP, 2009) e por diversas reportagens na imprensa.
Um lado menos explorado e igualmente interessante dessa narrativa é relatado por
Paiva (2017). A criação do bicicletário de Mauá traz um modelo de como tais equipamentos poderiam ser operados, vindo da ótica dos próprios ciclistas, e possibilita a
geração de dados capazes de guiar o planejamento de bicicletários futuros da CPTM.
No ano de 2005, a CPTM fez uma pesquisa interna chamada Acesso e Difusão,
voltada para entender como as pessoas chegam às estações, como se locomovem
dentro do sistema férreo e como saem dele. Fez também, junto com a Ascobike, o
primeiro levantamento voltado para compreender o perfil de ciclistas que usavam bicicletários, no caso, na cidade de Mauá7 (PAIVA, 2017).
Dentre as descobertas estavam as de que a renda média de quem usava o bicicletário estava na faixa de 1,5 salário mínimo e que as pessoas haviam migrado principalmente do modo a pé - ou seja, buscavam ganhar tempo e evitar pagar uma passagem
extra de transporte público antes de pegar o trem. Ciclistas percorriam distância em
geral de 3 a 6 quilômetros para chegarem ao bicicletário8 e as bicicletas ficavam, em
média, cerca de 11h estacionadas quando em período diurno e cerca de 14h quando
em período noturno9. Finalmente, cerca de 20% dos ciclistas não tinham a integração
com o trem como objetivo da viagem10.
cados na estação12, também por dia útil. Os padrões seriam testados e questionados
nos anos seguintes, inclusive dando origem ao que Paiva (2017) chama de “uma série
de dimensionamentos [de capacidade] catastróficos”. É importante lembrar, entretanto, que tratava-se da informação existente à época.
2007 - 2013: EXPANSÃO DOS BICICLETÁRIOS
O ano de 2007 é tido como um marco por várias pessoas representantes de operadoras entrevistadas para esta pesquisa, pois a entrada de um novo governo estadual
trouxe uma diretriz interna de implantação desses equipamentos. A iniciativa vinha
da Secretaria de Transportes Metropolitanos e teve como base o chamado projeto
“Ciclista Cidadão”. O objetivo principal era “fomentar a integração do transporte não
motorizado com os transportes coletivos metropolitanos”, trazendo como ações iniciais a “construção, operação, conservação de bicicletários, aluguel de bicicletas, instalação de paraciclos [e] permissão de transporte de bicicletas nos trens aos finais de
semana”13.
O projeto surgiu na esteira da Lei Estadual 12.286, aprovada no ano anterior, voltada
para promover o uso da bicicleta e garantir (dentre outras ações) a implementação de
bicicletários. Pela lei, o Executivo ficava no papel central de coordenar a implementação da “política de incentivo ao uso da bicicleta no Estado de São Paulo”. Já na capital,
a Lei 14.266 de 2007, aprovada ao início do ano, criava o Sistema Cicloviário do Município e passava a obrigar que terminais e estações de transporte público tivessem
bicicletários.
Ainda segundo Paiva (2017), os aprendizados a partir dos dados e do modelo implantado influenciaram a forma como a CPTM passaria a projetar seus bicicletários
a partir de então. A prioridade deveria ser para estações onde já havia registro de
bicicletas amarradas a postes e grades, preferencialmente centrais de cidades localizadas em regiões suburbanas da metrópole e com capacidade de atrair pessoas de
bairros vizinhos dentro da distância ciclável identificada por Mauá de 3 a 6 km. Algumas diretrizes eram que os bicicletários deveriam estar localizados o mais próximo
possível da entrada principal da estação, serem fechados e cobertos, possuir controle
de acesso e vigilância permanente, área administrativa, banheiros para funcionários e
sistema de comunicação com a estação. Poderiam ter também bebedouros, armários
quando possível, ponto de energia para um compressor de ar e outras funcionalidades.
Paiva (2017) acrescenta que a experiência de Mauá é a primeira a permitir estabelecer padrões referenciais para bicicletários. Em sua visão, um bicicletário poderia ser
considerado eficaz caso registrasse um número de entradas diárias de ciclistas equivalente a 125% do número total de vagas disponíveis11. A meta de eficiência seria que
o movimento de bicicletas por dia útil chegasse a 2% do total de passageiros embar-
7 A CPTM realizou novas pesquisas de perfil de ciclistas que usam seus bicicletários em 2009 e 2012,
com amostragens em todas as estações de trem da companhia existentes à época. Em agosto de 2020, a
pesquisa foi atualizada para estações das linhas 11-Coral e 12-Safira.
8 Mais sobre o tema das distâncias percorridas para chegar aos bicicletários e a atualização desses
dados na parte “Aprendizados sobre o planejamento de bicicletários”, ao final deste capítulo.
9 Para dados mais atuais sobre tempos de estadia, ver (CPTM, 2009; 2012; 2020); e a seção “Dados
gerais sobre bicicletários” deste caderno.
10 O bicicletário Araribóia, instalado na cidade de Niterói (RJ), traz um dado interessante e atualizado
sobre este ponto. Segundo Pesquisa de Perfil e Satisfação do Usuário, realizada em 2018 pelo programa
Niterói de Bicicleta, 51,5% das pessoas que usam o bicicletário integram suas viagens com outros modos
de transporte, em especial as barcas. As demais 48,5% não fazem intermodalidade. A pesquisa foi realizada a partir de entrevistas com 370 dos cerca de 5 mil usuários cadastrados, amostragem correspondente a um erro de 5% e índice de confiança de 95%. Mais informações sobre isso no caderno “Texto para
discussão - Bicicletários do Rio de Janeiro”.
11 A proporção de 125% é alta e reflete o momento da pesquisa. Para o ano de 2019, com base nos dados de operação, a proporção média é de 52% em dias úteis. O detalhamento está na seção “Dados gerais
sobre bicicletários” deste caderno.
36
Estrutura de paraciclos verticais instalada na estação São Miguel Paulista. Atualmente, está desativada devido à construção de um bicicletário, em 2014.
Fotos: Reginaldo Paiva.
Ao início de 2007, afora a estrutura de paraciclos instalada em algumas estações
de trem, existia apenas o bicicletário de Mauá. Entre 2007 e 2010, este número mudou
completamente. Ao todo, 38 bicicletários foram acrescentados ao sistema de transportes metropolitano14: 20 pela CPTM, 15 pelo Metrô e 3 pela EMTU, cada qual com
seu estilo de implantação e operação e somando quase 6,7 mil vagas. Neste mesmo
12 No ano da pesquisa, o bicicletário de Mauá atendia cerca de 700 ciclistas por dia enquanto a estação
registrava cerca de 35 mil embarques (Paiva, 2017). Por isso o valor base de 2% do total de embarques.
13 Fonte: Histórico de pareceres jurídicos e versões de contrato entre Metrô e Instituto Parada Vital,
2008-2013.
14 Para detalhes sobre as datas de inauguração, ampliação, mudança de operadora e fechamento, assim
como o número de vagas, veja o “Dicionário de Dados” sobre Bicicletários. As fontes de informação para
o dicionário são pedidos de Lei de Acesso à Informação aos órgãos públicos, notícias veiculadas pelo site
da Secretaria de Transportes Metropolitanos e pela imprensa sobre as datas de inauguração.
37
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
período, 5 bicicletários tiveram de ser ampliados - como mencionado, o de Mauá passou para quase 2 mil vagas em 2008, mas outros 4 bicicletários recém construídos
aumentaram a capacidade15.
A EXPERIÊNCIA DO METRÔ
A instalação dos bicicletários da CPTM se deu principalmente nas linhas 9 - Esmeralda, 12 - Safira e 8 - Diamante. Os projetos seguiam, em sua maior parte, o padrão
estabelecido pela companhia de manter uma área administrativa para o controle de
acesso e banheiros junto da edificação destinada especificamente para o estacionamento das bicicletas (CPTM, 2016). Gratuitos, os bicicletários mantêm até hoje horário de funcionamento igual ao das estações e vigilância por todo o período.
A ciclovia “Caminho Verde”, inaugurada em 2007, que liga as estações
Corinthians-Itaquera e Tatuapé. Foto: Flavio Soares, 2017.
Em abril de 2007, o Metrô inaugurou o bicicletário da estação Guilhermina-Esperança. Em agosto daquele mesmo ano, Governo do Estado e Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (SVMA) anunciaram uma parceria para a construção da ciclovia
“Caminho Verde”, com um traçado que sai da estação Corinthians-Itaquera e passa
por outras seis estações (entre elas, a Guilhermina-Esperança) até chegar à Tatuapé,
na zona leste de São Paulo17.
Projeto padrão (Tipo 2) para a construção de bicicletários. Fonte: CPTM, 2016.
Os bicicletários da EMTU seguiram um modelo diferente. Instaladas em 2007 e
2008, as estruturas da estações São Bernardo e Jabaquara são mais baratas de gradil aberto, cobertas apenas parcialmente16. Na estação/terminal metropolitano Santo
André, em que o terreno é da CPTM, é um misto entre construção fechada e uma área
de gradil descoberta. Devido a esta característica, as bicicletas não podem pernoitar
nos bicicletários sob o risco de serem roubadas, uma vez que seria possível pular a
grade, romper as travas e levá-las. Os horários de funcionamento não acompanham
os das estações ou terminais.
38
Naquele momento, a cidade possuía apenas cerca de 12 km de infraestrutura cicloviária, implantada nas avenidas Sumaré, Faria Lima, Inajar de Souza e Estrada da
Colônia18. A Caminho Verde ficaria pronta em setembro de 2008 e seria, naquele momento, a maior ciclovia fora dos parques da cidade19. O projeto buscava revitalizar a
avenida Radial Leste com o plantio de 1,5 mil árvores, melhoria da iluminação pública
e readequação de calçamento. Também estavam no escopo a implantação de outros
dois bicicletários, nas estações Carrão e Corinthians-Itaquera, que seriam finalizados
em 200820.
Já o Metrô adotaria um caminho completamente distinto, criando um modelo híbrido de bicicletários pequenos e aluguel de bicicletas.
O plano maior era dotar todas as estações do Metrô com áreas de estacionamento
para bicicletas. A companhia havia feito uma pesquisa interna chamada “Intenção de
uso de bicicletários no Metrô”, que apontava para uma “demanda significativa pelo
interesse na iniciativa” e tinha como uma das ações de seu planejamento estratégico (Meta 401, Ação 4.1.2), a “construção e operação de bicicletários”. De forma a
“desonerar a Cia do Metrô da operação” mas definindo “a gratuidade [de uso] como
premissa” (embora permitindo uma cobrança simbólica “a título de controle”), o formato adotado seria ceder espaço por 5 anos nas estações para que um parceiro implantasse paraciclos21 ou bicicletários onde não existiam. E fizesse, nos bicicletários,
as operações conjuntas de guarda e empréstimo/aluguel de bicicletas em troca de ex-
15 São eles: Mauá e São Bernardo do Campo (2008), Jandira (2009), Guilhermina-Esperança e Itapevi
(2010). Fontes: Paiva, 2017; Portal de notícias do Governo do Estado 2007 e 2009
16 Um comparativo entre os diferentes tipos de estruturas de bicicletários pode ser encontrado na seção
“As diferentes tipologias”, deste caderno.
17 O custo da obra foi pago pela Secretaria Municipal de Verde e do Meio Ambiente e o espaço cedido
pelo Metrô, que contratou o projeto de paisagismo e dos bicicletários.
18 A estimativa de quilômetros e os locais tem como base mapa contido no Plano Cicloviário do Município de São Paulo (versão preliminar para discussão) e informações do Relatório de Gestão 2005-2007
da CET.
19 Fonte: Reportagem no portal G1, 2008
20 Fonte: Reportagens no portal de notícias do Governo do Estado (2007A; 2007B)
21 Paraciclos nas estações Arthur Alvim, Vila Matilde, Penha, Jabaquara, Vila das Belezas, Capão Redondo, Belém e Campo Limpo.
39
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
posição de marca22. O Metrô considerou razoável excluir um “ônus de ressarcimento”
pelo uso dos espaços uma vez que “o volume de recursos a ser investido (...) para a
construção e operação dos bicicletários [seria] alto e os custos de consumo de energia mínimos”. O processo seria implantado em caráter experimental em 12 estações,
número que poderia ser aumentado com o tempo.
Todas essas informações constam no histórico dos contratos e pareceres jurídicos
referentes ao convênio de cooperação técnica que o Metrô acabou estabelecendo
com o Instituto Parada Vital entre 2008 e 2013, com apoio da Secretaria Municipal
do Verde e Meio Ambiente. Embora o nome oficial da ação fosse “MetroCiclista”, nas
ruas ela era conhecida como “os bicicletários da Porto Seguro”, em alusão à marca da
patrocinadora dos primeiros anos, exibida tanto nas estruturas instaladas como nas
bicicletas para aluguel.
Ao início de 2013, o Instituto Parada Vital estava há cerca de seis meses sem patrocínio25 e a operação se limitava a um “atendimento de contingência” em apenas 4
estações e o empréstimo/aluguel de bicicletas estava suspenso26. A Secretaria de
Transportes Metropolitanos e o Metrô passaram a buscar novos interessados na parceria. Em junho de 2013, três dos quatro bicicletários que ainda estavam operando foram finalmente fechados27. Em julho, após Metrô e Instituto Parada Vital rescindirem
oficialmente o contrato, a empresa FGTV produções assumiu a operação reduzida
- não mais em 16, mas em 10 estações. O horário de funcionamento também ficou
mais restritivo, das 7h às 22h, e o estacionamento de bicicletas passaria a ser cobrado caso ultrapasse 12h de estadia28.
É quando o modelo é encerrado. A operação da FGTV durou apenas três semanas,
após reclamações de locais fechados e sem funcionários, falta de computadores para
realizar o cadastro e más condições das bicicletas a serem emprestadas/alugadas.
Após ter 39 furtos de bicicletas em 20 dias, a empresa decidiu comunicar ao Metrô
sobre a suspensão da operação, justificando que precisava modernizar os locais e
equipamentos e que necessitaria de um mês para reformá-los, um prazo que estava
além do previsto no contrato29.
O Metrô decidiu por encerrar o termo de credenciamento, que teria sido de três
anos30. Acabou assumindo a operação dos bicicletários em agosto de 2013. Com
isso, o sistema de empréstimo e aluguel de bicicletas, em uma época em que os primeiros sistemas de bicicletas compartilhadas da cidade apareciam nas ruas, foi extinto. Como os bicicletários passaram a fazer parte das estações, os custos de manutenção estão contidos na própria estação, fazendo com que o custo principal seja
manter a zeladoria31.
Alguns dos tipos de bicicletários operados pelo Instituto Parada Vital: dentro da estação Paraíso (à esquerda) e do tipo contêiner, na estação Vila Madalena (à direita) .
Fotos: Willian Cruz e Divulgação.
Esses bicicletários eram de vários tipos. Alguns em estruturas de gradil vazado
no formato de uma “casinha”, outros no estilo contêiner e alguns ainda dentro dos
espaços das estações. Dentro, ficavam o balcão de atendimento, a estrutura de suporte para bicicletas (paraciclos horizontais no estilo “entorta-rodas”) e as bicicletas
destinadas ao empréstimo/aluguel. Exceto nos três bicicletários que já haviam sido
construídos pelo Metrô, cada local possuía apenas 10 vagas disponíveis para estacionamento e 10 bicicletas para empréstimo/aluguel23. O estacionamento era gratuito e
funcionava das 6h às 22h, não cobrindo os horários de operação das estações.
Entre 2007 e 2009, o Instituto Parada Vital passou a operar um total de 16 equipamentos24, localizados principalmente nas linhas 3 - Vermelha e 1 - Azul. Passaria também a operar o bicicletário do Butantã, aberto em 2011. Embora a empresa patrocinadora da iniciativa tenha mudado ao longo dos anos, o formato, assim como o número
de bicicletários, permaneceu o mesmo até o segundo semestre de 2012, momento
em que o Instituto não conseguiu encontrar mais patrocinadores e o nível de serviço
da operação caiu drasticamente.
22 No momento da rescisão do contrato, em junho de 2013, o Instituto Parada Vital afirmou que estava
há “mais de um ano [operando] os bicicletários sem patrocinador” e pede para receber “o mesmo pacote
de mídia que estava sendo disponibilizado”, que teria o valor de R$ 2,1 milhões por ano - cerca de R$ 3,2
milhões em valores atuais (Valor calculado com base no índice IGP-M (FGV) pela Calculadora do Cidadão
do Banco Central do Brasil, tendo como base os meses de junho de 2013 e junho de 2020). Fonte: Histórico de pareceres jurídicos e versões de contrato entre Metrô e FGTV, 2013.
23 Tido como pioneiro e inspirado na experiência do Velib de Paris, o modelo estreou com problemas.
Para alugar as bicicletas, era preciso ter um cartão de crédito com limite pré-aprovado de R$ 350 (cerca
de R$ 670 no valor reajustado para maio de 2020), valor que acabou baixando para R$ 50.
24 Além das estações de Metrô, o Instituto Parada Vital operou também o bicicletário de Santo André, da
EMTU.
40
25 Fonte: Histórico de pareceres jurídicos e versões de contrato entre Metrô e FGTV, 2013.
26 Fonte: Reportagens no portal Vá de Bike, 2013; e blog Meu Transporte, 2012
27 Fonte: Reportagem no portal Vá de Bike, 2013
28 Fonte: Reportagem no portal de notícias do Governo do Estado, 2013
29 Fonte: Reportagem no portal Vá de Bike, 2013
30 Histórico de pareceres jurídicos e versões de contrato entre Metrô e FGTV (2013) acessado via e-SIC.
31 Segundo cálculos enviados pelo Metrô, o custo de manter um posto de vigilância 24h é de R$ 16,7
mil por mês, tendo como data base janeiro de 2020, embora os bicicletários da Companhia funcionem
somente das 6h às 22h. Ver cálculo completo na seção “Operação dos bicicletários”.
41
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
2014 - 2017: BICICLETÁRIOS NAS RUAS E TERMINAIS DE ÔNIBUS
Após o período de inauguração de diversos bicicletários em estações de trem e
metrô a partir de 2007 e o ciclo de parcerias do Metrô entre 2008 e 2013, as grandes
novidades se dariam no âmbito da cidade de São Paulo entre os anos de 2014 e 2017.
BICICLETÁRIOS NAS RUAS, COMO MOBILIÁRIO URBANO
As primeiras estações da Linha 4 - Amarela do Metrô, privatizadas, começaram a
operar em 2010, gerando frustração tanto por inaugurarem sem bicicletários quanto
pelo estado como as obras deixaram o Largo da Batata, com amplas áreas de concreto a céu aberto, inutilizadas. Compondo este cenário, uma das primeiras ciclovias
existentes na cidade, que passa pela Av Faria Lima, estava interditada com pontos de
ônibus “temporários” instalados desde 200532.
Projeto do bicicletário do Largo da Batata, conjugado com uma floricultura.
Autoria: SP Urbs.
Esse bicicletário, fruto de um termo de cooperação entre iniciativa privada e Prefeitura36, é talvez o primeiro idealizado e executado como mobiliário urbano. Inserido
em um contexto de forte movimento para a revitalização de uma área degradada (o
próprio Largo da Batata) e localizado ao lado da estação de metrô. O mesmo modelo
e com basicamente os mesmos atores daria origem aos bicicletários da Praça dos
Arcos, implantado em 201537, e Paraíso, de 201738, ambos também próximos a estações de metrô mas não necessariamente ligados a elas. A diferença é que estes dois
últimos tiveram como base para os termos de cooperação programas específicos de
revitalização de praças39.
Nestes mesmos anos, a cidade passou pelo processo de revisão do Plano Diretor
Estratégico (Lei 16.050) em 2014 e pela aprovação de seu Plano Municipal de Mobilidade Urbana (Decreto 56.834) ao início de 2016. Os dois marcos legais, com horizontes largos de planejamento, consolidaram a relação entre bicicletários e estações de
transporte público no âmbito municipal, com o PlanMob 2015 inclusive estabelecendo a meta de equipar todos terminais e estações com áreas de estacionamento de
bicicletas até 2024.
A ciclovia da Faria Lima ficou anos interditada e com pontos de ônibus temporários (à esquerda), o que gerou frustração quando a estação de metrô abriu
sem bicicletário (à direita). Fotos: Rachel Schein (Vá de Bike) e Cicloliga.
Os primeiros bicicletários da Linha 4 - Amarela passaram a funcionar em 2011. O da
estação Pinheiros, antes operado pela CPTM, passou para a ViaQuatro, operadora da
linha; o do Butantã inicialmente operado pelo Instituto Parada Vital33.
Embora as estações do sistema BRT Expresso Tiradentes40 houvessem sido inauguradas em 200741 com “espaços para estacionamento de bicicletas com dispositivos
de guarda e segurança” (como dizia o Relatório de Impacto Ambiental do projeto42),
apenas outros cinco terminais de ônibus da cidade tinham estruturas similares até o
final de 201343. Até o fim do ano seguinte, 2014, a SPTrans havia adaptado áreas existentes de forma a implantar novas estruturas para estacionamento de bicicleta em
20 outros terminais44. Porém, somente ao final de 2017 é que parte desses espaços
passaria a contar com controle de acesso e zeladoria presencial. O motivo? O metrô
começou a fechar alguns de seus bicicletários.
Mas não havia bicicletário na estação Faria Lima, onde fica o Largo da Batata. Em
julho de 2013, o grupo de ciclistas Cicloliga criou um abaixo-assinado para pressionar
ViaQuatro, Subprefeitura de Pinheiros, CET, SP Urbanismo e a SP Obras a instalarem
um equipamento para servir a estação34. A iniciativa foi bem sucedida captando 22
mil assinaturas e um ano depois, em junho de 2014, era inaugurado um bicicletário de
100 vagas e horário de funcionamento 24h, todos os dias da semana35. Projetado pela
SP Urbanismo, foi patrocinado pelo banco Itaú e operado pela empresa Compartibike
(atualmente, Tembici).
32 Fonte: Reportagem no portal Vá de Bike, 2013
33 Para detalhes sobre as datas de inauguração, ampliação, mudança de operadora e fechamento,
assim como o número de vagas, veja o “Dicionário de Dados” sobre Bicicletários.
34 Fonte: Abaixo-assinado no site Change.org, 2014
35 Fonte: Reportagem no portal Mobilize, 2014
42
36 O termo de cooperação tem como base o Decreto 52.062/2010, voltado para criar parcerias que
visem “melhorias urbanas, paisagísticas e ambientais”.
37 Fonte: Reportagem no portal Vá de Bike, 2015.
38 Fonte: Reportagem no portal Vá de Bike, 2015.
39 Programa Praças Mais Cuidadas (Decreto 55.610/2014) e Programa Adote Uma Praça (Decreto
57.583/2017). Para mais informações, veja o capítulo “Operação dos bicicletários”.
40 Sistema de ônibus rápido (BRT) composto por duas linhas na região sudeste da cidade.
41 Em março de 2007, foram inaugurados 2 terminais e 6 estações relacionados ao sistema. Fonte:
Pedido de e-SIC à SPTrans.
42 Fonte: Reportagem no portal Vá de bike, 2006.
43 Terminais Guarapiranga, Sapopemba, Campo Limpo, Penha e AE Carvalho. Fonte: Pedido de e-SIC à
SPTrans.
44 Fonte: Pedido de e-SIC à SPTrans.
43
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
Em novembro de 2016, o Metrô anunciou uma sequência de fechamentos, encerrando até setembro de 2017 as atividades em 6 dos 10 bicicletários que estavam
sob sua operação45. A Companhia justificou a decisão com base no alto custo de
operação dos bicicletários, estimados em R$ 1,4 milhão em 2016, e na baixa demanda
observada para esses equipamentos46. Restaram apenas os das estações Sé, Carrão,
Corinthians-Itaquera e Guilhermina-Esperança.
FATORES QUE PODEM TER CONTRIBUÍDO
PARA O FECHAMENTO DOS BICICLETÁRIOS DO METRÔ
Interessantemente, com exceção do bicicletário da Sé, os que se mantiveram abertos, haviam sido construídos pelo Metrô e fugiam do modelo padrão47, herdado das
parcerias com o Instituto Parada Vital e FGTV entre os anos 2008 e 2013. O da estação
Guilhermina-Esperança tinha 100 vagas e foi ampliado para 155 entre 2010 e 201348; o
da estação Corinthians-Itaquera tinha 50 vagas e acabou sendo ampliado para 55 em
2019; e o da estação Carrão manteve as 110 vagas desde sua inauguração.
Embora os bicicletários do Metrô tenham sido fechados em um momento em que
os dados de operação apontavam o aumento do uso49, a experiência sugere que equipamentos com número muito baixo de vagas possam resultar, de forma geral, em
baixo uso. Com isso, passa a ser difícil justificar os gastos de operação necessários
para mantê-los, o que é uma preocupação legítima por parte das operadoras.
Quando começou a questão do incentivo ao uso às bicicletas [em 2007], o Metrô
tinha em algumas estações em operação. Foi definida uma diretriz de projeto
que coloca bicicletários em todas as estações. Observamos que não temos esse
uso. A gente gostaria de ter um uso significativo e que fizesse jus a esse custo
[de operação]. Mantivemos os bicicletários que têm uso um pouco maior, onde
têm as ciclovias. A gente não quis deixar sem alternativa para quem utiliza, então
optamos pelo paraciclo.
Foto de arquivo do bicicletário da estação Brás.
Fonte: Histórico de contratos do Metrô com a empresa FGTV.
Na experiência do Metrô, três fatores podem ter contribuído para baixo uso
percebido e consequente fechamento dos bicicletários em 2017. Primeiro, boa
parte dos bicicletários que fecharam estavam posicionados em locais “escondidos” nas estações, por vezes em cantos de acessos que não são os principais. A sinalização orientativa sobre a existência desses equipamentos praticamente não existe em estações de metrô50, o que pode ter agravado o problema.
Não temos a demanda que a CPTM tem, caracterizada pelo local. O uso lá é intenso a ponto de essa condição ter que entrar no planejamento. Estamos tentando adequar para o número de demanda que a gente tem. A gente tinha que sempre pensar no uso do recurso público, e o custo não se justificava com o baixo
uso. O paraciclo se tornou uma possibilidade mais prática por conta desse uso.
O modelo adotado na linha do Monotrilho é de paraciclos.
Segundo, um percentual das bicicletas atendidas em bicicletários fica estacionada por um longo período de tempo, que pode ser maior do que o esperado
pelas operadoras ou mesmo permitido pelos termos de uso. Finalmente, os
bicicletários podem registrar baixo número de entradas (indicador de rotatividade) justamente porque há muitos veículos já estacionados51, fenômeno que
é piorado em bicicletários com poucas vagas, como era o caso de muitos do
Metrô. A sensação para quem usa é a de que o bicicletário está sempre lotado; para quem opera, é de que tem pouca gente usando, já que o número de
entradas é por vezes a única métrica acompanhada por quem faz controle de
acesso.
Na linha 15, que chega a regiões mais periféricas, estamos testando esse número
de vagas. Nossa experiência com os paraciclos tem sido positiva, por isso ofertamos mais vagas. Embora não seja registrada a entrada e saída, é um modelo
um pouco melhor porque é uma área de acesso mais reservado e com número
de vagas bem maior. Nesses que a gente administra a gente deixa uma pessoa
responsável para registrar entrada/saída e isso significa um custo para a empresa. Nos que tinham pouca demanda, não se justificava.
Fonte: Entrevista com operadoras, Metrô, 2019
45 Foram fechados os bicicletários das estações Brás, Liberdade, Paraíso, Santa Cecília, Tamanduateí e
Vila Madalena.
46 Fonte: Reportagem do Folha de São Paulo, 2017.
47 No modelo original, 10 vagas eram reservadas para o estacionamento gratuito de bicicletas e outras
10 para o empréstimo/aluguel de bicicletas da operadora. Quando o Metrô assumiu a operação, em agosto de 2013, o sistema de aluguel e empréstimo foi extinto, aumentando a capacidade para 12 a 20 vagas, a
depender do bicicletário.
48 Em 2010, o bicicletário estava em obras de ampliação (Fonte: Notícia em site da Secretaria de Transportes Metropolitanos, 2010), mas em resposta a pedido de e-SIC, o Metrô respondeu que o bicicletário
“foi reaberto com 155 vagas em 05/07/2013” (Fonte: pedido de e-SIC junto ao Metrô).
49 Dados de entradas em bicicletários, acesso via pedido de e-SIC. Os dados podem ser vistos em detalhes no capítulo “Dados gerais sobre bicicletários”.
44
Este último caso é ilustrado em uma reportagem de 2016 do portal Mobilize,
intitulada “Em São Paulo, aumento de ciclistas lota bicicletários”52. Na ocasião,
dois jornalistas tentaram parar a bicicleta no bicicletário da Sé (20 vagas) e o
encontraram lotado. Rumaram para o vizinho, na estação Liberdade (15 vagas),
e se depararam com um “equipamento [que] tem estado com a lotação máxima todos os dias, [conforme] informou o segurança que trabalha no local”. O
texto é de maio de 2016. O bicicletário da Liberdade foi fechado em dezembro
daquele mesmo ano, apontado como um dos que tinha pouco uso. O da Santa
Cecília, segundo funcionários, também era bastante usado dadas as limitações
do tamanho do equipamento53. Os dados de uso podem ser vistos em detalhes
na seção “Dados gerais sobre bicicletários”, deste caderno.
50
51
52
53
Fonte: Visita a campo em 40 bicicletários da cidade de São Paulo.
Este ponto é abordado em mais detalhes na seção “Dados gerais sobre bicicletários”, deste caderno.
Fonte: Reportagem no portal Mobilize, 2016.
Fonte: Reportagem do Folha de São Paulo, 2017.
45
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
BICICLETÁRIOS NOS TERMINAIS DE ÔNIBUS
É interessante observar que em três dos locais onde os bicicletários foram fechados, outras operadoras mantiveram ou mantêm bicicletários maiores e bem
sucedidos. Na estação Paraíso, o bicicletário mantido pelo Metrô (12 vagas)
registrou taxa média de uso54 de 86% em 2015 e 2016, baixando para 47%
em 2017 - ano em que a Tembici passou a operar um bicicletário (52 vagas)
com comunicação direta para a rua. O da Tembici saltou de uma taxa média de
entrada55 de 36% em 2017 para 70% em 2019. O equipamento acabou sendo
fechado não por baixo uso, mas por excesso de bicicletas que ficavam muito
tempo paradas, o que implica em custo extra de operação para retirá-las56.
Caso similar aconteceu na Santa Cecília, onde o bicicletário (17 vagas) registrou taxas médias de uso de 85% e 71% nos dois últimos anos, 2016 e 2017. A
SPTrans abriu um bicicletário no Terminal Amaral Gurgel (41 vagas), operado
pela Socicam e com comunicação direta para a rua. A Socicam passou a sistematizar os dados de acesso somente a partir de agosto de 2019, período em
que a taxa média de entradas (sem considerar bicicletas estacionadas) ficou
em 47%.
Na estação Tamanduateí, o caso é um pouco diferente. A CPTM mantém ali um
bicicletário com 164 vagas desde 2010. Em 2013, o Metrô abriu um segundo
equipamento com outras 124 vagas. Ao longo dos cinco anos de operação, o
bicicletário do Metrô chegou a uma taxa de uso máxima de 6%, em 2016. Já o
da CPTM registrou uma taxa de entrada mínima de 6% no primeiro ano de operação, indicador que subiu ao longo dos anos e chegou a 52% em 2019.
Foto: Calha instalada em escadaria para chegar ao bicicletário do Terminal Santo Amaro.
Fonte: Google Street View.
Com o fechamento dos bicicletários do Metrô, em especial o da estação Santa Cecília, a SPTrans fez um pedido à Socicam, empresa que opera os terminais de ônibus
da cidade de São Paulo, para instalar controle de acesso no espaço reservado para o
estacionamento de bicicletas no terminal Amaral Gurgel57.
Conforme mencionado, alguns terminais de ônibus e estações de BRT do sistema
Expresso Tiradentes tinham espaços sem zeladoria para guardar bicicletas desde
2007, mas foi entre os anos de 2013 e 2014 que a maior parte dessas áreas foi reservada cobrindo todos eles. Terminais inaugurados depois de 2013 passaram a vir já
com os espaços, mas os anteriores tiveram de ser adaptados, muitas vezes onde era
possível. Um desses casos é o Terminal Santo Amaro, de 198758, onde os paraciclos
tiveram de ser instalados no mezanino devido à configuração do projeto. Uma calha
instalada nas escadarias de acesso ajudam a subir e descer as bicicletas.
A gente não mexeu no espaço [que já existia]. Mas a gente mudou a iluminação,
mudou a abertura, colocou cadeado. Quando a gente começou a controlar, a
gente pensou “temos que cuidar melhor”. Então a gente mudou, até pensando
na segurança. O Guarapiranga é um que a gente controla. Você tinha o espaço
gradeado e tal, mas o portão era diferente. Tinha só um trinco, mas não uma tranca. Não tinha como colocar cadeado. Não tinha iluminação. Para esses dez [que
a Socicam opera] a gente fez esses ajustes, melhorou.
Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020.
O controle de acesso do bicicletário do Terminal Amaral Gurgel foi implantado em
uma quarta-feira, 20 de setembro de 2017, dois dias depois do fechamento do bicicletário da estação Santa Cecília. Seria o primeiro dos 11 existentes em terminais de
ônibus, todos com horário de funcionamento de 24h por dia, acompanhando o horário
dos terminais. A única exceção é o mantido pela Tembici no Terminal Cidade Tiradentes, que possui horário mais restritivo.
54 A “taxa de uso” utilizada aqui é a soma das bicicletas que amanheceram estacionadas e as que deram
entrada ao longo do dia. De todas as operadoras que registram entradas de bicicletas, apenas o Metrô
realizava a conta desta forma, sendo mais comum registrar apenas o número de entradas. O procedimento foi confirmado em solicitação de e-SIC junto ao Metrô.
55 A “taxa de entrada” corresponde apenas às bicicletas que deram entrada no dia, deixando de fora as
que já estavam estacionadas e não se movimentaram.
56 Fonte: Entrevista com operadoras, Tembici, 2020.
46
57 Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020.
58 Fonte: Edital de Licitação do Transporte Público por Ônibus de 2018, Anexo XI - Bilheterias e Terminais.
47
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
A experiência da Socicam tem apontado que os espaços para estacionamento de
bicicletas existentes e que não têm zeladoria possuem uso muito baixo, provavelmente devido à possibilidade de ocorrência de furtos. O próprio espaço do Terminal
Amaral Gurgel sofria com isso59. A média de uso diária estimada fica entre uma e três
bicicletas por dia60. As exceções são os terminais Parelheiros e Varginha, cujas médias estimadas ficam em 10 e 15 bicicletas por dia - pelo menos no caso do Terminal
Parelheiros, o espaço não tem zeladoria mas fica ao lado da guarita de vigilância.
O sucesso no Amaral foi expandindo , um por região pelo menos. Tivemos em
2017 em Sacomã, 1 no Campo Limpo e hoje são 5 na norte, 2 na Leste e 3 na Sul.
Aí fomos pra Cidade Tiradentes (2017) inclusive a SPTrans fez evento de inauguração. É compartilhada a responsabilidade em Cidade Tiradentes com a Tembici
(70 uso comum e 70 bikes da Tembici). Você quer o bicicletário, vc assume mas
tem que dar assistência ao usuário do bairro também.
Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020.
2018 - 2019: ANOS RECENTES
Em abril de 2018, a sanção da Lei 16.885 - SICLO atualizou o sistema cicloviário da
cidade, incorporando-o ao sistema de transporte coletivo e consolidando a obrigação
de que todas as estações e terminais de média e alta capacidade devem conter bicicletários com zeladoria.
Revisado em 2017, o novo modelo de bicicletas compartilhadas já estava atuante na
capital paulista, tendo como base o credenciamento de operadoras interessadas em
oferecer o serviço (OTTC)64. Como parte do novo formato, as empresas Tembici e Socicam fizeram um acordo para implantar no Terminal Cidade Tiradentes um projeto piloto misto entre bicicletário e sistema de bicicletas compartilhadas de longo período.
Foto: Bicicletário do Terminal Parelheiros. Sem zeladoria ou controle de acesso,
mas ao lado da guarita de vigilância. Fonte: Google Street View.
Uma vez implantada a zeladoria, os bicicletários passaram a registrar maior uso ao
longo do tempo. Embora a Socicam tenha passado a olhar de fato os dados de uso
somente ao final de 201961, a mudança já é visível. O do Terminal Parque Dom Pedro II
é um deles: grande, com 156 vagas, antes era evitado por ser inseguro62. Em fevereiro
de 2020, registrou uma média de entrada de 57 bicicletas63.
A SPTrans fez para cumprir a legislação mas não tinha noção de números, de
demanda. (...) É bem difícil a gente falar de demanda porque hoje os nossos
[estacionamentos] não são utilizados justamente porque não tem o controle [de
acesso], não tem a segurança. Então você deixa a bicicleta onde não tem o controle, o ciclista não confia. Se eu deixar a bicicleta, quem que vai cuidar? Dependendo do valor da bicicleta, piorou.
Sem o controle não tem demanda. É geral. Quando a gente começou a controlar, acertou o Campo Limpo, pensando mais assim… De repente um bairro mais
pobre, talvez o pessoal usa mais? Aí foi a escolha do Campo Limpo, Tiradentes…
Mas não foi um trabalho estatístico, um levantamento nem nada. A gente estava
meio no escuro. Hoje não tem estudo disso [de demanda]. A gente descobriu
com esses controles nossos. Trancamos, controlamos e fomos percebendo a
demanda daquele terminal, naquela região.
No Sacomã são 73 paraciclos dos dois lados, são 140 vagas. Usavam no máximo
7, 8 bicicletas. A gente começou a controlar, hoje está com 60. Tem dia que dá
70, 80 bicicletas. Aqui no Parque Dom Pedro já precisa ampliar. Quem ia imaginar
que ia ter tanta bicicleta assim no Parque Dom Pedro? É muita bicicleta.
59
60
61
62
63
48
Fonte: Reportagem do Folha de São Paulo, 2017.
Fonte: Planilha geral de uso fornecida pela SPTrans em março de 2020.
Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020.
Fonte: Reportagem do Folha de São Paulo, 2017.
Fonte: Dados de entradas diárias fornecidos pela Socicam, 2020.
A intenção era permitir que as pessoas pudessem usar as bicicletas compartilhadas
por até 12 horas a um preço equivalente ao uso de 1 hora em regiões mais centrais da
cidade. Para a instalação de uma área de mecânica, controle de acesso e guarda das
bicicletas compartilhadas, o espaço foi dividido em dois, com o bicicletário ficando
com a outra metade. A estação começou a operar em 7 de junho de 201865 e é documentada em um vídeo do Instituto Aromeiazero, parceiro no empreendimento.
O segundo trecho da linha 5 - Lilás do Metrô foi inaugurado ao final de 201766, com
estações sendo abertas entre 2017 e 201967. Os bicicletários só passaram a funcionar em abril de 201968, com operação da ViaMobilidade, mas a experiência não durou
muito. Em setembro do mesmo ano, tanto os bicicletários da linha 5 - Lilás, quanto os
da linha 4 - Amarela passaram a ser operados pela startup Scoo69.
A proposta da Scoo é conjugar os bicicletários às bases de bicicletas e patinetes
compartilhados também operados por ela, ofertando esses serviços integrados às
estações de metrô. Com isso, as pessoas contratadas para fazer a zeladoria dos bicicletários não ficam exclusivamente na função de controle de acesso e vigilância. Trabalham também com o sistema de compartilhamento, o que diminuiria custos gerais
de operação.
Desde o início da concessão, em 2010, operamos os bicicletários, mas a atividade onerava muita hora-homem do agente de segurança para atender os usuários. [Com a entrada da Scoo] Houve portanto a redução do custo operacional e
o aumento de receita acessória, um valor agregado para as concessionárias, e
vindo com um bônus de aumentar a qualidade para o cliente. O contrato de parceria é pautado em critérios de performance, em nível de serviço com papéis e
responsabilidades bem claros.
Fonte: Entrevista com operadoras, CCR, ViaQuatro, ViaMobilidade e Scoo, 2020
O contrato é pautado nas obrigações que já existiam e a Scoo passou a assumi-las. Vimos nessa parceria a oportunidade de usar a capilaridade da ViaQuatro,
mantendo o nível de serviço e agregando a micromobilidade. Vamos ofertar pati-
64 Fonte: notícia veiculada pela Ciclocidade, 2017.
65 Fonte: vídeo veiculado pela Prefeitura de São Paulo, 2018 e Diário do Transporte, 2018.
66 O primeiro trecho da linha 5 - Lilás, entre as estações Capão Redondo e Largo Treze, havia sido inaugurado em 2002
67 Fonte: site ViaMobilidade.
68 Fonte: notícia veiculada no site Metrô CPTM, 2019.
69 Fontes: sites ViaMobilidade, 2019 e ViaQuatro, 2019.
49
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
netes e bikes dentro das estações e isso vai ganhar escala em todas as estações
das linhas Amarela e Lilás. Vamos conseguir oferecer a mobilidade completa
- bicicletários de origem + viagem de metrô + oferta de bicicletas e patinetes na
última perna. Isso sem dúvida vai trazer usuários para os bicicletários. Hoje você
tem operadoras separadas, a gente vai oferecer tudo. Isso vai derivar para interligação de bilhetagem no futuro, para um aplicativo que te indica a melhor opção
de viagem - essa é a visão.
Temos uma operação também de sharing de patinetes e bikes, existe uma estrutura que é compartilhada. Existe uma estrutura que é de 70 pessoas para
operar bicicletários divididas em 3 turnos e 13 bicicletários, mas que tem uma
elasticidade de 70 a 130 pessoas que também operam o remanejamento e as
estações do metrô para o sharing. Então o que temos, uma sinergia entre as duas
operações - tenho um time voltado para todas essas operações, não tem um
time específico de bicicletários. Então um supervisor que cobre bicicletários olha
também a estação de metrô, supervisionando os operadores. Traz mais valor e
mais negócios.
Fonte: Entrevista com operadoras, CCR, ViaQuatro, ViaMobilidade e Scoo, 2020
No âmbito do terminais municipais, também no mês de setembro de 2019, a Prefeitura assinou os contratos referentes à licitação dos ônibus, processo que vinha se
arrastando desde 201370. A concessão por 10 anos, prorrogáveis por mais 5, traz os
bicicletários como parte integrante dos terminais e requer que sejam operados com
zeladoria e controle de acesso71. Pela licitação, a operação dos terminais (e consequentemente, dos bicicletários), deve ser realizada de forma “solidária, cabendo, por
força de dispositivo contratual, a todas as concessionárias que operam no sistema
de transporte público municipal”72. A configuração seria temporária, pois intenção da
Prefeitura é conceder os terminais em outro processo de licitação por parceria público
privada, com prazo de 30 anos. Após sucessivas tentativas desde 2017, o processo
foi suspenso em abril de 202073.
Encerrando o ano de 2019, a Tembici anunciou o fim das operações dos bicicletários Praça dos Arcos e Paraíso, o que aconteceu logo nos primeiros dias de 2020.
Após ampliar a área de atuação das bicicletas compartilhadas para chegar também à
zona central da cidade, ao final de setembro de 201974, a empresa avaliou que deveria
focar-se em seu ramo principal de negócio, mantendo apenas os espaços no Largo
da Batata e Cidade Tiradentes75. Pesou na decisão o custo operacional de lidar com o
excesso de bicicletas que ultrapassava o tempo de estadia máximo permitido.
Na CPTM, há projetos prontos para as estações Varginha e Mendes-Vila Natal que
já contemplam os equipamentos no valor das obras. Em paralelo, a Secretaria de
Transportes Metropolitanos estuda conceder as linhas 8 - Diamante e 9 - Esmeralda
para a iniciativa privada. O processo está atualmente (julho de 2020) em análise após
um momento de consulta inicial76.
Há estações onde ainda há muitas bicicletas amarradas nas grades, como é
o caso de Aracaré, mas que não estão no cronograma de intervenção. Porém,
custo de operação é um fator que pesa cada vez mais para a companhia. Pelo
alto volume de bicicletários mantidos pela CPTM, este é um custo que é cada
vez mais levado em consideração.
Fonte: Entrevista com operadoras, CPTM, 2019.
No primeiro semestre de 2020, a companhia estudava formas de mitigar o custo
de operação, pensando em possibilidades que contemplem participação da iniciativa
privada ou alguma forma de parceria. O modelo Mauá é visto como interessante, em
que uma associação sem fins lucrativos se mantém por meio dos usuários. Outras
alternativas seriam tentar ceder área ociosa em bicicletários com pouco uso para
algum comércio e mesmo comércio ficar também responsável pela vigilância das
bicicletas; automatizar a guarda das bicicletas; colocar propaganda nas áreas internas dos bicicletários; criar um programa de “milhagem ferroviária” em que após um
número de usos do bicicletário, pessoa teria desconto em lojas; ou mesmo passar
cobrar pelo uso77.
As pesquisas de perfil de usuários da CPTM trazem uma pergunta sobre se as
pessoas estariam dispostas a pagar pelo uso e apontam que se o valor fosse
baixo elas dizem que pagariam. Mas as mesmas pesquisas sugerem que ciclistas estão usando a bicicleta para chegar às estações para não ter que pagar
pelo transporte público. A Companhia não chegou a fazer estudos sobre quanto
precisaria ser cobrado e um fator importante a ser considerado é que há cerca
de 7 mil ciclistas por dia nos bicicletários da CPTM e passar a cobrar após 20
anos seria difícil.
Fonte: Entrevista com operadoras, CPTM, 2019.
Os bicicletários da Praça dos Arcos e Paraíso foram instalados e apoiados até
dezembro de 2019 com a intenção de proporcionar mais alternativas a ciclistas
que complementam seus deslocamentos com outros modais. A ideia de bicicletários com vagas rotativas é de serem um espaço compartilhado e utilizado
pela maior quantidade de usuários possível.
O que ocorreu, no entanto, foi um perfil de uso distinto, com um alto número de
bicicletas deixadas por um extenso período de tempo, onerando vagas e gerando um alto custo logístico com remanejamentos, transporte de bicicletas para o
galpão, guarda das bicicletas deixadas, comunicação com usuário e eventualmente doações.
Fonte: Entrevista com operadoras, Tembici, 2020
70 Fontes: reportagens no jornal O Estado de S.Paulo, 2019 e no site Diário do Transporte, 2019.
71 Fontes: Edital de Licitação do Transporte Público por Ônibus de 2018, Anexo XI - Bilheterias e Terminais; contratos firmados com as operadoras, disponíveis em site da Prefeitura.
72 Fonte: Resposta fornecida pela SPTrans a pedido de e-SIC, 2020.
73 Fontes: eportagem no site Diário do Transporte, 2020; site da Secretaria de Governo no portal da
Prefeitura de São Paulo, 2020.
74 Fonte: reportagem no jornal Folha de S. Paulo, 2019.
75 Fonte: Entrevista com operadoras, Tembici, 2020.
50
76 Fonte: Descrição do projeto na Plataforma Digital de Parcerias do Governo do Estado de São Paulo.
77 Discussão feita no capítulo “Definições”.
51
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
APRENDIZADOS SOBRE O PLANEJAMENTO DE BICICLETÁRIOS
A implantação de diferentes modelos de bicicletários ao longo dos anos, seja devido à estrutura física, seja devido ao tipo e forma da operação, traz aprendizados
interessantes e pouco explorados na literatura ou nos cadernos técnicos existentes.
Conforme mencionado, a pesquisa Origem Destino do Metrô passou a registrar viagens de bicicleta em 197778. Com a publicação da pesquisa de ano-base 2007, a série
de dados histórica somou quatro edições. Ainda assim, viagens de bicicleta são menos de 1% do total de viagens pesquisado (Metrô, 2019), fazendo com que calcular a
demanda para este modo de transporte com base apenas na pesquisa OD seja muito
difícil, embora haja registros de que isso tenha sido feito79. Para a bicicleta, a pesquisa acaba sendo, portanto, mais um indicador que deve ser observado junto a outras
fontes de dados do que propriamente algo taxativo. Esta limitação é ressaltada por
diversos pesquisadores e pesquisadoras que têm a bicicleta como tema de pesquisa
(Svab, 2016; Harkot, 2018). Aparece também ao observar, por exemplo, que o município de Mauá não registra viagens em bicicleta, mesmo hospedando um dos maiores
bicicletários da América Latina (Lemos et al, 2016).
Os quatro bicicletários da EMTU, inaugurados entre 2007 e 2011, tiveram como base
de cálculo uma estimativa a partir dos números de bilhetagem.
Em 2007, o secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado pediu à EMTU
que abrisse um bicicletário em São Bernardo do Campo. A EMTU fez um estudo
tendo como base uma estimativa de quanta gente circulava no terminal metropolitano, a partir de dados repassados pela Metra, operadora dos terminais.
Ficou bom e houve o pedido para fazer o de Santo André. Este foi feito maior
porque a gente imaginou que iriam utilizar muito devido à estação da CPTM, 334
bicicletas. Somente pelos dados do terminal, não precisaria ser daquele porte. O
de São Bernardo acabou sendo ampliado, de 40 para 68 vagas. Depois, veio o de
São Mateus e o do Jabaquara. No do Jabaquara, também usamos como base um
percentual do número de usuários do terminal. Com pouco uso, o de São Mateus
foi fechado (ainda existe a estrutura mas está desativada). Hoje a procura está
muito grande, tem aumentado, principalmente no ABC. Em Santo André chega a
lotar. Se tivesse um bicicletário maior, atenderia mais gente.
Fonte: Entrevista com operadoras, EMTU, 2019
Já os bicicletários da CPTM, 26 entre 2007 e 2014, passaram por diferentes aprendizados ao longo dos anos. A Companhia chegou a cunhar os termos “viagem de
origem de bicicleta” e “viagem de destino de bicicleta” para diferenciar as viagens de
casa para a estação e da estação para o destino final realizadas em bicicleta, respectivamente. Para atendê-las, havia os “bicicletários de origem” e os “bicicletários de
destino” (CPTM, 2016)80.
Avaliando que a demanda é maior em zonas residenciais, responsáveis pela primeira parte da viagem até chegar às estações de trem, a CPTM buscou focar-se principalmente em suprir os “bicicletários de origem”. Implantados nessa época, os bicicletários da Linha 12-Safira, na zona leste, são exemplos disso. São avaliados por Paiva
(2017) como alguns dos mais bem sucedidos até hoje, embora o da Vila Olímpia, estação situada em uma zona de atração que concentra postos de trabalho, também é
considerado por ele como uma experiência bem sucedida de “bicicletário de destino”.
abrangência de um a seis quilômetros no entorno das estações, dentro do qual está
a maior parte dos deslocamentos em bicicletas realizados para chegar a elas. Abaixo
de um quilômetro, as pessoas prefeririam caminhar até a estação e acima de seis
prefeririam utilizar outro modo de transporte.
Com o objetivo de fazer o mesmo tipo de estimativa, a Ciclocidade usou a pesquisa
de 2009 da CPTM para calcular as distâncias em via percorridas até os bicicletários.
Os resultados81 apontaram que em bicicletários situados dentro da cidade de São
Paulo, o percentil 90% das viagens percorreu até 5 km em via; o percentil 75% até 3,2
km em via; e apenas 6% dos deslocamentos foi de menos de 1 km. Em bicicletários
fora da cidade, muito influenciados pela grande amostragem de Mauá, as distâncias
foram maiores: o percentil 90% ficou até 5,7 km em via; o percentil 75% até 4,7 km em
via; apenas 0,5% percorreu menos de 1 km (Ciclocidade, 2020).
Não há uma diretriz fechada de como planejar o número de vagas. Em geral, considera-se a localização, o uso do solo, a topografia do local e se tem uma malha
cicloviária próxima que possa conduzir até a estação. Ainda assim, é preciso
“contar um pouco com a sorte”.
O problema maior que a gente achou foi - qual a capacidade? No começo, não
tinha série histórica. A gente pegou a experiência de Mauá, fizemos a conta de
que 2% dos embarques na estação vinham de bicicleta. Estabelecemos isso
como meta - conseguir que 2% das pessoas que embarcam venham de bicicleta.
Mas começamos a perceber que a maioria dos bicicletários estava superdimensionado. Ainda hoje estão.
O que a experiência tem mostrado é que se um município ou bairro está muito
concentrado em volta da estação, a tendência de captar ciclistas é menor, pois
as pessoas passam a pedalar acima de 1-2 km para chegar à estação, senão
vão a pé. Outra questão é a “tese dos 5 km”, de que ciclistas percorrem até 5 km
para chegar aos bicicletários. Com isso, não seria preciso instalar em todas as
estações - em especial, estações próximas não precisariam ambas terem bicicletários. Há uma corrente que acha que tem que ter em todas e chegamos à
maluquice de dizerem que tem que ter um de cada lado, dois em cada estação.
Ainda assim, experiências com bicicletários mais novos como o de Suzano
mostraram que há projetos que nasceram subdimensionados. No bicicletário de
Suzano, o engenheiro que cuidou da obra disse que queria fazer um equipamento
de mil vagas, mas não tinha dinheiro. Ele sabia que estava mal dimensionado. Na
OD, o modo principal bicicleta em Suzano é muito alto82. A gente tinha um indicativo do que ia acontecer. Quando a Prefeitura mexeu no terminal de ônibus, tinha
uma área vaga atrás e encheram de paraciclos. Lotou, parecia Amsterdã. Ficava
atrás do terminal, numa região com pouca gente circulando. Não tinha cobertura,
não tinha gente tomando conta, não tinha nada. Enfim, era contra tudo o que
ciclistas recomendam. Mas ficava lotado. Eu estava fotografando e veio saindo
um cara, disse que ficou legal. Perguntei se não tinha roubo. Ele disse: “todo dia.
Já me roubaram três bicicletas, só que a bicicleta é meu modo de transporte. Da
minha casa a pé levo três horas. De bicicleta levo vinte e poucos minutos”. Essa
é a realidade nos subúrbios, é o modo de transporte das pessoas.
Fonte: Entrevista com operadoras, CPTM, 2019
Tendo por base os dados da pesquisa realizada com o bicicletário de Mauá em
2005, Paiva (2017) considera que existe um “território das bicicletas”: um raio de
78 Fonte: Relatório-síntese da Pesquisa Origem Destino 2017 (Metrô, 2019)
79 Ainda que não seja possível modelar os dados relativos às viagens em bicicleta presentes na Pesquisa OD, planejadores têm utilizado a identificação de zonas onde tais viagens aparecem com mais frequência como base para projetos de infraestrutura cicloviária, como se vê em (CET, 2007; 2012); e Entrevistas
com operadoras, CPTM, 2019.
80 Tanto as definições de “bicicletário de origem” e “bicicletário de destino” como a meta de que 2% das
viagens que chegam às estações deveriam ser em bicicleta aparecem no caderno.
52
81 O estudo está publicado como um caderno separado de anexos a esta pesquisa.
82 Viagens em bicicleta somaram 3,7% do total na Pesquisa Origem Destino 2017 (Ciclocidade; Multiplicidade Mobilidade Urbana, 2020)
53
Histórico de implantação, operação e planejamento de bicicletários
Já o Metrô construiu os três bicicletários ao longo da ciclovia “Caminho Verde”,
na zona leste, e o da estação Sé, no centro, entre 2007 e 2008. Os bicicletários das
estações Corinthians-Itaquera, Guilhermina-Esperança e Carrão foram criados com
50, 100 e 110 vagas cada83, um tamanho apontado pela CET como adequado para a
demanda prevista84. Interessante observar que o planejamento cicloviário da época
era coordenado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente por meio do
Grupo Pró-Ciclista85, do qual a CET também fazia parte.
Embora os equipamentos seguintes tenham sido implantados pelo Instituto Parada
Vital como parte do convênio de cooperação assinado com o Metrô no modelo padrão de 10 vagas, internamente a companhia estabeleceu uma diretriz de projeto pela
qual todas as futuras estações, sempre que possível, deveriam prever espaço para o
estacionamento de pelo menos cerca de 50 bicicletas, em no mínimo um dos acessos
– a diretriz é de 200786. Conforme mencionado, surge na sequência da aprovação de
uma lei estadual voltada para promover o uso da bicicleta e garantir a implementação
de bicicletários e de uma lei municipal que obrigava terminais e estações de transporte público a terem estes equipamentos.
O primeiro trecho da linha 5 - Lilás, entre as estações Capão Redondo e Largo Treze,
havia sido inaugurado em 200287. Com exceção da estação Adolfo Pinheiro, iniciada
em 2009 e entregue em 201488, todas as outras pertencentes ao segundo trecho (Alto
da Boa Vista à Santa Cruz) possuem bicicletários. Na linha 4 - Amarela, as estações
Paulista e Faria Lima foram inauguradas em 201089 sem bicicletários, o que no caso
da Faria Lima gerou um grande movimento para criá-lo, como já citado. Entre 2011 e
2014 seriam inauguradas duas novas estações (Butantã e Fradique Coutinho) e três
integrações com estações existentes (Pinheiros, República e Luz).
Agora, todos os projetos que a gente faz a gente tem que ter o bicicletário o mais
próximo possível mas não necessariamente dentro da estrutura da estação.
Pode ficar ao lado do acesso, em estações enterradas. Não existe uma diretriz
que diga que tenha que ser visível da rua ou a tantos metros da entrada. O projeto
é livre, caso a caso. A gente desapropria para fazer as estações e desapropriar
é super delicado. Estar visível da rua poderia ser uma recomendação de projeto,
para não obrigar a aumentar as desapropriações. O que a gente tem pensado é
onde é melhor colocar o bicicletário. Não queremos conflito entre ciclistas chegando e quem está a pé.
Fonte: Entrevista com operadoras, Metrô, 2020
A diferença das estações da linha de monotrilho 15 - Prata é que os espaços para
estacionamento de bicicleta passaram a ser considerados paraciclos, uma vez que
não possuem zeladoria e/ou controle de acesso. Isso porque após a experiência de
assumir a operação dos bicicletários herdados do Instituto Parada Vital e da FGTV,
em 2013, o Metrô passou a se sentir frustrado com o que avaliou como “baixo uso”
dos equipamentos, chegando a fechar alguns em 2017. Com isso, os espaços para
a guarda da bicicleta existem mas sem funcionários dedicados a prover vigilância
específica para eles.
Já no caso das estações das linhas de monotrilho 15 - Prata, inauguradas entre
2014 e 2019, e 17 - Ouro, ainda em obras, todas seguem um projeto padrão e possuem
espaços para o estacionamento de bicicletas.
No caso do monotrilho, a intenção era ter um desenho padrão. O melhor local era
embaixo das escadas, onde pode caber cerca de 25 bicicletas. Isso foi definido
quando o pessoal de projeto começou a estruturar o desenho das estações. Tem
um acesso para pedestres que vão entrar no sistema e um por trás, que é para
o elevador para pessoas com deficiência e para quem vai usar o bicicletário.
Isso dos dois lados da estação. Pensamos em aproveitar a rampa tanto para
cadeirantes quanto para ciclistas. O projeto foi todo pensado nesse sentido, para
atender cadeirantes e ciclistas - elevador e rampa - por onde chegam, por onde
circulam.
Exemplo de implantação do projeto padrão da linha 15-Prata: espaços com paraciclos
de ambos os lados da estação Vila Tolstói, cada qual com acesso a banheiros.
Fotos: Felipe Claros, 2020
Nas outras estações podemos colocar em um local onde entendemos que vai
caber o tanto de bicicletas que o projeto adequar. Até porque não temos esses
dados, essa demanda. A gente não vai buscar dados no momento em que estamos fazendo o projeto e não chega pra gente, por exemplo, “a CET pede que a estação Vila Prudente tem que ter 50 paraciclos para abrigar as bicicletas”. A CET
não demanda. No Caminho Verde, a gente sabia da demanda porque foi apontada pela CET. Ela apontou 50 sabendo que era pouco, que deveria ter pelo menos
100, porque sabiam que tinha muitas pessoas que vinham de outras regiões para
aquela estação.
83 Fontes divergem sobre o número de vagas original para estes bicicletários. Para detalhes veja o “Dicionário de Dados” sobre Bicicletários.
84 Fonte: Entrevista com operadoras, Metrô, 2020
85 O planejamento cicloviário passaria para a Secretaria Municipal de Transportes, atualmente Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, em julho de 2009 (CET, 2012)
86 Fonte: Entrevista com operadoras, Metrô, 2019, 2020.
87 Fonte: site ViaMobilidade.
88 Fontes: site ViaMobilidade; reportagem no Diário do Grande ABC.
89 Fonte: site ViaQuatro.
54
Exemplo de implantação do projeto padrão da linha 15-Prata: espaços com paraciclos
de ambos os lados da estação Vila Tolstói, cada qual com acesso a banheiros.
Fotos: Felipe Claros, 2020
55
3. AS DIFERENTES
TIPOLOGIAS
As diferentes tipologias possuem quatro características principais, que serão descritas em detalhes após a tabela:
1.
2.
3.
4.
Tipo de equipamento (bicicletário ou paraciclo);
Tipo de suporte (horizontal, vertical ou misto);
Tipo de construção;
Tipo de cobertura.
5
1
1
1
1
33
3
Total geral
TEMBICI
1
1
1
3
1
1
4
13
1
10
2
1
7
2
67
Paraciclo horizontal
aberto coberto
2
2
4
Paraciclo horizontal
aberto descoberto
10
6
16
2
6
9
Paraciclo horizontal
aberto semi-coberto
1
Paraciclo horizontal
fechado coberto
11
11
Paraciclo misto
aberto coberto
2
2
Paraciclo misto
aberto descoberto
2
2
Paraciclo misto
aberto semi-coberto
4
4
Paraciclo vertical
aberto semi-coberto
2
2
24
50
1
Total
Total geral
39
1
Bicicletário vertical
fechado coberto
11
2
11
Bicicletário vertical
aberto coberto
Paraciclo
1
1
27
Bicicletário misto semi-fechado semi-coberto
Total
1
5
Bicicletário misto
aberto semi-coberto
Na cidade de São Paulo e nos municípios atendidos pelas linhas férreas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) ou pelo Corredor ABD da EMTU, no
segundo semestre de 2020, estavam ativas 67 estruturas integradas ao transporte
público de média e alta capacidades que podem ser classificadas como bicicletários
e 50 como paraciclos.
SOCICAM
1
1
Bicicletário misto
aberto coberto
As diferentes tipologias
3
1
Bicicletário horizontal
fechado coberto
Bicicletário da estação Tamanduateí.
Foto: Felipe Claros, 2020.
SME
3
Bicicletário horizontal
aberto semi-coberto
Bicicletário misto
fechado coberto
SCOO
Bicicletário horizontal
aberto coberto
METRÔ
Bicicletário
EMTU
TIPOLOGIA
CPTM
ESTRUTURA
ASCOBIKE
As características principais aparecem combinadas nas mais diversas aplicações.
Considerando as 117 estruturas existentes, as tipologias mais comuns encontradas
para bicicletários e paraciclos são:
1
34
25
3
29
13
1
34
2
117
56
57
As diferentes tipologias
TIPOS DE EQUIPAMENTO
DIFERENTES TIPOS DE SUPORTE
Bicicletários são definidos pela legislação e por cadernos técnicos mais recentes
como equipamentos que possuem zeladoria e/ou controle de acesso. Caso não possuam, tais estruturas são definidas como paraciclo.
TIPOS DE SUPORTE
Suportes podem ser horizontais ou verticais. Dentre os modelos horizontais mais
comuns estão o padrão u invertido e os diferentes tipos estilo “entorta-rodas”. Já o
modelo vertical mais comum é o de gancho. Os suportes podem ser implantados sozinhos, em conjunto ou junto a algum tipo de estrutura que os cerca ou abriga. Quando
os dois tipos de suporte (horizontal e vertical) aparecem em conjunto, considera-se
um tipo misto.
Diferentes cadernos técnicos abordam o tema dos suportes para bicicletas, dos
quais podemos destacar:
› Guia de boas práticas para a instalação de estacionamento adequado
para bicicletas: Paraciclos e Bicicletários da União de Ciclistas do Brasil;
› Guia de Planejamento Cicloinclusivo do ITDP Brasil; e
› Manual para instalação de paraciclos na cidade de São Paulo, da CET.
De modo a não se estender sobre um tema já suficientemente tratado, serão trazidos aqui apenas alguns exemplos dos tipos mais utilizados na cidade de São Paulo,
com o objetivo de ilustrá-los.
Paraciclo vertical na estação Brooklin.
Foto: Carlos Lopes, 2020
Em estacionamentos onde há alto uso, o modelo mais comum é o paraciclo vertical
de gancho. As diferentes operadoras de bicicletários da cidade relatam satisfação
com este tipo de suporte, pois permite boa ordenação das bicicletas e bom aproveitamento de espaço.
Dos paraciclos horizontais, o recomendado é o modelo u invertido amarelo, padrão
para a capital paulista definido pela CET em 2015. Trata-se do melhor suporte para
estacionamentos de curta duração e pode ser facilmente instalado na rua. Por ser
mais inclusivo do que os modelos verticais de gancho, costuma ser utilizado de forma
complementar a estes nas áreas de estacionamento.
Em contraposição, todas as diferentes versões do modelo suporte por roda devem
ser evitados, especialmente por órgãos públicos. Em resumo, além de arriscar entortar a roda ou quebrar os raios, o formato impossibilita a bicicleta seja presa pelo quadro, que é a forma mais segura de mantê-la. Para um resumo direto sobre este ponto
específico, veja o folheto Prenda ou perca - Um guia rápido para proteger sua bicicleta,
da Transporte Ativo.
Finalmente, o modelo de paraciclo horizontal em dois níveis chegou a ser implantado no bicicletário ao lado da estação de metrô Paraíso. Pode ser uma opção de aproveitamento de espaço, desde que observadas as questões de como a bicicleta poderá
ser presa e como será mantida de pé. No caso da estação Paraíso, havia zeladoria e o
acesso à área de estacionamento era restrita a funcionários.
58
Paraciclos horizontais no Terminal AE Cavalho.
Foto: Yuri Vasquez, 2020
59
As diferentes tipologias
DIFERENTES TIPOS DE SUPORTE
TIPOS DE CONSTRUÇÃO
É onde os diferentes tipos de suporte são posicionados. Podem ser abertas, cercadas, em gradil, anexas ou internas às estações. Dentre as construções abertas estão
os paraciclos horizontais ou verticais implantados sem estrutura envoltória e os cercados. Estruturas fechadas observadas são o gradil fechado, container, construções
de concreto ou mesmo espaços internos do próprio terminal ou estação.
PARACICLO ABERTO
Como visto na seção “Definições”, paraciclos são os próprios suportes onde a bicicleta é presa ou apoiada. O paraciclo instalado a céu aberto ou sob estruturas existentes de cobertura, sem gradil à volta, é o tipo mais simples e eficiente para a finalidade
de estacionamento de curta e média duração.
O modelo padrão adotado pela Prefeitura de São Paulo (u invertido) combina praticidade e segurança, sendo o ideal a ser utilizado, em oposição a diferentes tipos de
suportes que permitem prender apenas a roda da bicicleta e arriscam a entortá-la.
Entorta-rodas no Terminal Metropolitano São Bernardo.
Foto: Flavio Soares; 2019
A implantação de paraciclos é recomendada em zonas comerciais, centralidades
de bairro e em todos os lugares onde há bom fluxo ou concentração de pessoas. No
contexto de integração ao transporte público, cumprem função complementar à do
estacionamento de longa duração executada pelos bicicletários. Além de terminais e
estações de média e alta capacidades, alguns cadernos técnicos sugerem implantá-los também junto a pontos de ônibus.
Tipicamente, conjuntos de paraciclos implantados lado-a-lado terão entre 6 e 20
vagas de acordo com o espaço disponível, considerando duas vagas por estrutura.
Paraciclo horizontal em dois níveis na estação Paraíso.
Foto: Willian Cruz (Vá de Bike), 2017
60
61
As diferentes tipologias
EXEMPLOS DE IMPLANTAÇÃO DE PARACICLOS NO PADRÃO MUNICIPAL
(U INVERTIDO AMARELO)
62
Paraciclo ao lado das estação Liberdade.
Foto: Deiny Costa, 2020
Paraciclo ao lado estação Tamanduateí.
Felipe Claros, 2020
Paraciclo ao lado das estação São Joaquim.
Foto: Deiny Costa, 2020
Paraciclo terminal de ônibus Água Espraiada.
Foto: wwGoogle Street View.
63
As diferentes tipologias
A instalação de paraciclos abertos verticais é rara mas existe. Na imagem, vemos
um exemplo no Terminal Casa Verde. O modelo requer força para erguer a bicicleta
e encaixar a roda, sendo pouco inclusivo para o grande público. Note que por não ter
zeladoria ou controle de acesso o paraciclo traz um aviso de que não há responsabilidade pela guarda da bicicleta.
CERCADO
Nessa estrutura, a área para estacionar as bicicletas fica cercada por um gradil, que
serve basicamente como delimitador de espaço. Dentro, os paraciclos de suporte
podem ser verticais, horizontais (u invertido ou entorta rodas) ou, bastante comum,
uma combinação entre ambos. Este tipo de delimitação não tem cobertura própria,
dependendo das estruturas externas existentes no local de implantação para proteger as bicicletas de intempéries do clima.
A estrutura de cercado possui a característica de ser adaptável, podendo ser implantada em áreas internas, anexas ou mesmo externas a terminais e estações. Tal
versatilidade faz com que possa ser ampliada em tamanho caso haja aumento de
demanda.
Por ser aberta e vazada, a estrutura de cerca se faz naturalmente visível e presente,
sendo possível visualizar as bicicletas estacionadas ao passar por ela. Essa característica é importante, uma vez que a comunicação visual que informa sobre a existência do estacionamento de bicicletas em terminais e estações costuma se restringir
ao próprio equipamento e o quanto se faz visualmente presente1.
Paraciclo aberto vertical Terminal Casa Verde.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
A experiência na cidade de São Paulo tem demonstrado até o momento que tais
estruturas possuem baixo uso quando não acompanhadas de zeladoria. Isso parece
ser verdade especialmente se estiverem na parte externa. Quando não há vigilância, a
estrutura de cerca sugere a necessidade de ter de chamar alguém para abri-la e, uma
vez que se percebe que o portão nunca esteve trancado, pode criar uma sensação
de confinamento ao prender ou destravar a bicicleta. Em outras palavras, o cercado sozinho não parece combinar bem com paraciclos que estariam, de outra forma,
completamente abertos.
Em estruturas nas quais há controle de acesso e/ou zeladoria (bicicletários), há
exemplos em que a vigilância fica posicionada dentro da própria área reservada ou
nas proximidades. Um dos benefícios de instalar este tipo de estrutura nas áreas
internas a terminais ou estações é que os custos de operação podem ser reduzidos
ao possibilitar designar reforço de funcionários da própria estação ou terminal em
horários de maior uso.
Locais ideais para a instalação da estrutura de cerca parecem ser próximos às entradas ou nas esquinas, com acesso realizado já nas premissas dos terminais e estações. Assim é mantida a dupla necessidade de estar visível e, ao mesmo tempo,
incorporado ao equipamento de transporte público.
Aviso bicicletário Terminal Casa Verde.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
1 Fonte: visitas a campo a cerca de 50 estruturas de bicicletários ou paraciclos.
64
65
As diferentes tipologias
Estruturas de cercado instaladas em diferentes circunstâncias: na parte externa
sem cobertura, na estação Ana Neri, ou com cobertura parcial da passarela, na estação Pedro II; com a cobertura de viadutos no terminais Aricanduva e Sacomã.
As três estruturas anteriores são paraciclos por não possuírem zeladoria. Já a estrutura do terminal Sacomã é um bicicletário, pois possui controle de acesso.
Estrutura de cercado com cobertura do viaduto no terminal Sacomã.
Foto: Google Street View, 2019.
Estruturas de cercado na parte externa sem cobertura, estação Ana Neri.
Foto: Felipe Claros
Estrutura de cercado na parte externa com cobertura parcial da passarela,
estação Pedro II. Foto: Felipe Claros, 2020.
Estrutura de cercado com cobertura do viaduto no terminal Aricanduva.
Foto: Google Street View, 2019.
66
O cercado aparece dentro da estrutura dos terminais Parelheiros e Grajaú e anexo
aos terminais Bandeira e São Bernardo do Campo.
Estrutura de cercado com cobertura no terminal Parelheiros.
Foto: Google Street View, 2019.
Estrutura de cercado com cobertura no terminal Grajaú.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
67
As diferentes tipologias
68
Estrutura de cercado, anexo ao terminal Bandeira.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
Placa sobre responsabilidade no terminal Bandeira.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
Destas, a única que possui zeladoria e é considerada bicicletário é a do Terminal
Metropolitano de São Bernardo do Campo.
Estruturas de cercado que não possuem zeladoria ou controle de acesso trazem
avisos de que não há responsabilidade pela guarda das bicicletas e não podem ser
chamadas de bicicletários, ainda que haja placas identificando-as como tal.
Estrutura de cercado, anexo ao terminal São Bernardo do Campo.
Foto: Flavio Soares, 2019.
Placa sobre responsabilidade na estação Ana Neri.
Foto: Felipe Claros, 2020.
69
As diferentes tipologias
GRADIL
Este tipo de equipamento constitui em um envoltório de gradil com estrutura superior, fazendo com que se torne um compartimento fechado, como um container ou
uma “casinha”. Normalmente, a própria armação possui cobertura, mas há casos em
que o teto é vazado, como na estação Sé.
Por sua vez, a ligação entre os gradis laterais e a estrutura acima pode manter um
vão aberto (estrutura de gradil aberto) ou ser completamente fechada (estrutura de
gradil fechado), permitindo que seja trancada de madrugada e mantendo a proteção
da guarda das bicicletas. Por ser um pouco mais consolidada do que o cercado, é
mais difícil expandi-la caso a demanda aumente.
Na capital paulista, o modelo de gradil fechado tem sido usado pelo Metrô, sempre
acompanhado de uma área interna reservada para funcionários a cargo da zeladoria e
do controle de acesso das bicicletas. Por este motivo (existência de zeladoria), todos
podem ser classificados como bicicletários.
Já o modelo de gradil aberto é mais comum em terminais de ônibus, embora apareça também em estações de trem, e podem contar ou não com zeladoria/controle
de acesso para as bicicletas, o que os caracteriza ora como paraciclos cobertos, ora
como bicicletários.
Em tais equipamentos, o modelo de paraciclo vertical tende a ser mais usado por
prover maior capacidade de estacionamento de bicicletas. É comum, no entanto, haver um percentual de vagas em paraciclos horizontais devido ao seu caráter mais
inclusivo.
Estrutura de gradil fechado, estação Carrão.
Foto: Flavio Soares, 2020.
Assim como estruturas de cercado, podem ser colocadas tanto dentro como fora de
terminais e estações, embora experiências que o relegaram a cantos escondidos ou
pouco acessíveis resultaram em baixo uso. Valem, portanto, as mesmas sugestões
de local de implantação do que os cercados: devem estar próximas às entradas de
terminais e estações e em comunicação com a rua, de forma a utilizar-se do caráter
vazado para aumentar sua visibilidade.
Diferentes estruturas de gradil fechado observadas nas estações Santa Cecília (desativado), Carrão, Sé e Itaquera.
Estrutura de gradil fechado, estação Sé.
Foto: Flavio Soares, 2020.
Estrutura de gradil fechado, estação Santa Cecília (desativado).
Foto: Folhapress, 2017.
70
O caso da Sé, com teto vazado, é um exemplo de bicicletário que poderia atender a
uma demanda muito maior mas está limitado pelo caráter fechado do equipamento.
71
As diferentes tipologias
Na estação Itaquera, o bicicletário está em boa localização, visível de uma das entradas e com boa comunicação com a praça de alimentação existente no terminal de
ônibus. O caráter vazado do gradil foi coberto por banners com a temática da bicicleta, que ajudariam muito na visibilidade do bicicletário caso estivessem virados para
fora em vez de voltados para a área interna. Do modo como está, os banners anularam
a visibilidade alcançada pelo bom posicionamento da estrutura.
Estrutura de gradil fechado, estação Itaquera (visão por trás).
Foto: Flavio Soares, 2020.
Também há as estruturas de gradil aberto como as abaixo, que tomam a forma de
‘casinhas’ cobertas como nos terminais São Miguel e Pirituba. Embora sejam idênticas, a primeira não possui zeladoria sendo classificada como um paraciclo coberto.
Já a segunda é um bicicletário devido à existência do controle de acesso.
Estrutura de gradil fechado, estação Itaquera.
Foto: Flavio Soares, 2020.
Estrutura de gradil aberto, terminal São Miguel.
Fotos: Google Street View, 2019.
Estrutura de gradil fechado, estação Itaquera (visão interna).
Foto: Flavio Soares, 2020.
72
Estrutura de gradil aberto, terminal Pirituba.
Fotos: Google Street View, 2019.
73
As diferentes tipologias
CONSTRUÇÕES FECHADAS EXTERNAS
Dentro da tipologia de construções fechadas estão áreas edificadas que fazem parte das estações ou terminais, mas que apresentam áreas específicas dedicadas ao
estacionamento de bicicletas. Em comum, todas estão implantadas em área externa
se comunicando diretamente com a rua e estão posicionadas fora dos acessos principais que levam às catracas de entrada, sendo necessário percorrer pequenas ou
médias distâncias para chegar a eles.
Em São Paulo, todas as estruturas dentro desta tipologia têm sido acompanhadas
de zeladoria e/ou controle de acesso, podendo ser classificadas como bicicletários.
A característica de serem à parte da edificação principal faz com que seja preciso
manter pelo menos uma pessoa dedicada para a guarda das bicicletas.
Uma vez que o tipo de construção varia, muda também o grau de visibilidade associado a ela. Em outras palavras, visualizar as bicicletas estacionadas comunica muito
mais do que apenas informar por meio de placas que há um bicicletário nas proximidades. A depender das características do projeto, a identificação visual de um local
de estacionamento de bicicleta pode ser imediata ou implicar em sequer registrar sua
existência.
Finalmente, devido ao caráter de construção, será difícil ampliá-la e muito difícil
mudá-la de lugar dado os custos envolvidos.
Edificação anexa ao metrô estação Brooklin.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
Diferentes tipos de construções fechadas: a de concreto anexa à estação USP-Leste
é típica de estações da CPTM, enquanto o bicicletário instalado em edificação anexa
ao metrô na estação Brooklin é uma das soluções adotadas ao longo da linha Lilás.
Note a quase impossibilidade de visualizar as bicicletas estacionadas por quem está
de fora.
Algumas estruturas estão implantadas imediatamente próximas a alguma entrada
principal. A seguir, dois exemplos com diferentes graus de visibilidade para quem passa da rua - ambos possuem zeladoria e controle de acesso.
Construção fechada de concreto anexa à estação USP - Leste.
Foto: Flavio Soares, 2020.
74
Bicicletário da estação Campo Belo do Metrô.
Google Street View, 2019
75
As diferentes tipologias
Bicicletário da EMTU, terminal Santo André.
Google Street View, 2019
Bicicletário da CPTM, estação Engenheiro Goulart Sul.
Foto: Flavio Soares, 2020.
Exemplos de estruturas que privilegiam a visibilidade de formas diferentes são a da
estação Eucaliptos do Metrô, de tipo vitrine, e a do Terminal Santo André da EMTU, que
mitigou a falta de visibilidade típica de construções fechadas (edificação ao fundo) de
forma criativa: instalou paraciclos na área externa, que dá comunicação direta para
a rua; já as estações Jandira e Calmon Viana, da CPTM, permitem ver as bicicletas
através da grade que dá para a rua.
Bicicletário da CPTM, estação Jandira.
Google Street View, 2019
Bicicletário tipo vitrine da EMTU, estação Eucaliptos.
Foto: Carlos Lopes, 2020.
76
Bicicletário da CPTM, estação Calmon Viana.
Google Street View, 2019
77
As diferentes tipologias
CONSTRUÇÕES FECHADAS EXTERNAS - MOBILIÁRIO URBANO
Outros exemplos de construção externa são as que assumem o caráter de mobiliário
urbano, sendo projetadas para se integrarem ao ambiente e/ou a valorizar o entorno.
O estímulo à implantação de estruturas de bicicletários como mobiliários urbanos
pode ser uma solução para o caso de estações ou terminais que não tenham área
para a implantação de suas próprias estruturas.
Tais estruturas não necessariamente precisam estar conectadas às estações e terminais, embora os três exemplos existentes na cidade de São Paulo estavam implantados próximos ou muito próximos a estações de metrô. Em todos os casos, possuíam zeladoria e controle de acesso o que os caracterizava como bicicletários.
78
Bicicletário da Praça dos Arcos (desativado)
Foto: Willian Cruz (Vá de Bike), 2017.
Bicicletário do Largo da Batata (ativo)
Foto: Lauro Rocha (Mobilize), 2017.
Bicicletário ao lado da estação do metrô Paraíso (desativado)
Foto: Willian Cruz (Vá de Bike), 2017.
Bicicletário ao lado da estação do metrô Paraíso (desativado)
Foto: Vernare, 2017.
79
As diferentes tipologias
ESPAÇOS INTERNOS ÀS ESTAÇÕES
Algumas estruturas de estacionamento são incorporadas ao próprio edifício principal das estações, estando dentro deles e não sendo preciso sair para ter acesso à
catraca. Não são, portanto, construções anexas, embora também sejam implantadas
na superfície.
Tendem a ter menor comunicação com a rua se comparadas às estruturas externas. Se por um lado há menos visibilidade, por outro a localização pode ajudar a combinar os esforços de segurança entre a área de estacionamento e a própria estação,
reduzindo custos operacionais.
Estruturas internas às próprias estações ou terminais serão muito difíceis de serem
ampliadas ou de mudarem de lugar dado não apenas o custo envolvido como também a falta de espaço disponível.
80
Terminal Vila Prudente (visão interna).
Foto: Felipe Claros, 2020.
Estação Oratório (visão interna).
Foto: Felipe Claros, 2020.
Terminal Vila Prudente (visão da rua).
Foto: Felipe Claros, 2020.
Estação Oratório (visão da rua).
Foto: Felipe Claros, 2020.
81
As diferentes tipologias
TIPOS DE COBERTURA
Uma vez que algumas das estruturas são adaptáveis e podem ser instaladas em
diferentes lugares, passa a ser interessante avaliar este item de forma separada. Uma
vez estacionadas, as bicicletas podem estar em um local descoberto, semi coberto
ou coberto.
Os tipos de cobertura se referem à proteção das intempéries do clima, tais como
exposição à chuva e ao sol. Bicicletários podem ser cobertos, instalados ao ar livre ou,
ainda, sob estruturas que promovem cobertura parcial dos veículos.
Nas imagens acima, há diferentes exemplos para cada uma das situações. O bicicletário do Terminal São Bernardo ilustra bem o que é uma estrutura semi-coberta (ou
parcialmente coberta). Já o da estação Corinthians-Itaquera traz uma estrutura em
gradil que tem cobertura, mas que também está situada em uma área sob o teto do
terminal de ônibus.
É incomum que bicicletários não tenham pelo menos uma cobertura parcial. Porém,
algumas estruturas em terminais de ônibus que atualmente não possuem zeladoria e/
ou controle de acesso cairiam nessa categoria caso passem a tê-los – um dos exemplos é o da estrutura no Terminal Bandeira.
Estação Santa Cruz do Metrô (visão interna).
Foto: Willian Moreira/Diário da CPTM, 2019.
Estação Santa Cruz do Metrô (visão da rua).
Foto: Google Street View, 2019
82
83
4. LEVANTAMENTO DE ESTAÇÕES
E BICICLETÁRIOS EXISTENTES
Mapa dos transportes metropolitanos 2019.
Fonte: Secretaria dos Transportes Metropolitanos, publicado no site da EMTU.
Bicicletário do Terminal Sacomã.
Foto: Felipe Claros, 2020.
Levantamento sobre as estações e terminais existentes
De acordo com o Mapa do Transporte Metropolitano, do mapa de terminais municipais de ônibus publicado no Geosampa, do mapa das linhas de trem da CPTM e na
localização das estações e terminais do Expresso Tiradentes, as estações e terminais
de média e alta capacidades podem ser divididas em:
•
•
Estações sem integração: estações ou terminais que não estão conectados a outro(s); e
Estações com integração: estações ou terminais que estão integrados a outro(s)
ou que possuem seus respectivos acessos muito próximos a outro(s)1. Nesta categoria, estão sendo consideradas estações com integração as integrações metrô-metrô; metrô-trem; metrô-terminal ou estação de ônibus; e trem-terminal ou
estação de ônibus.
Separar quais estações e terminais estão integrados pode ser útil caso possa ser
considerado que um mesmo bicicletário possa atender a ambas as estações/terminais. O histórico de implantação das estruturas para estacionamento de bicicletas em
São Paulo registra casos em que diferentes equipamentos foram implantados muito
próximos, em estações que poderiam ser consideradas como integradas.
O resultado é por vezes uma competição desnecessária entre estruturas pequenas
ou, pior, não haver zeladoria/controle de acesso em nenhuma delas – é o caso, por
exemplo, das estações Vila Prudente (duas estruturas sem zeladoria), Tamanduateí
(duas estruturas que competiam entre si) e Largo Treze com Terminal Santo Amaro
(uma estrutura sem zeladoria).
Um único local, com capacidade suficiente para atender a esses diferentes terminais e estações, poderia ser mantido pela mesma empresa, reduzindo os custos de
operação para todos. Para que isso aconteça, as diferentes companhias e órgãos
municipais e estaduais devem fazer o planejamento de forma também conjunta.
Para que uma estação de trem ou metrô seja considerada integrada a um terminal
ou estação de ônibus, a separação entre seus acessos deve ser de até 200 metros.
Esta também deve ser a distância máxima para se possa considerar que um bicicletário atenda a ambos os terminais/estações, pois equivale a duas quadras ou a uma
caminhada de 2,5 minutos a uma velocidade de 5 km/h (passada rápida).
A distância está definida aqui de forma arbitrária, considerando um bom custo-benefício entre fazer o trajeto ou prender a bicicleta em outro lugar mais próximo. No
entanto, quando a primeira lei do Plano Cicloviário da cidade de São Paulo começou a
ser revista, o projeto de lei que a discutia usava essa mesma distância como máxima
entre um bicicletário e uma estação ou terminal (Fonte: PL 655/09).
1 Estão sendo consideradas como estações com integração as estações conectadas aos corredores da
EMTU sem longa distância (até 200m) a ser percorrida a pé.
84
85
Levantamento de estações e bicicletários existentes
DISCUSSÃO SOBRE BICICLETÁRIOS INTEGRADOS A MAIS DE UMA ESTAÇÃO/
TERMINAL
A distância sugerida de 200 metros entre os acessos é somente para bicicletários
que possam ser compartilhados entre diferentes estações e terminais. O parâmetro
de proximidade do bicicletário para estações e terminais deve considerar os acessos
(no caso, o acesso mais próximo) como forma de mensuração, não a catraca. Por
“acesso” entende-se o elemento de acesso à entrada – seja uma rampa, uma escada
ou o próprio portão de entrada – na estação ou terminal, que configure que alguém
está entrando no terminal/estação.
Tipos de sinalização indicativa sobre os bicicletários: a estação Tamanduateí traz
o melhor exemplo de como deve ser feita, mas é praticamente um caso isolado. Já o
terminal da estação Corinthians-Itaquera traz uma placa indicativa sem pictograma –
ainda assim, é um caso raro de sinalização existente.
Exemplos de problemas de sinalização nos mapas de orientação. Na estação Pinheiros, aparecem a ciclovia e o bicicletário da estação, mas não o bicicletário do
terminal. Na estação Morumbi ciclovia e bicicletário estão ausentes.
Deve ser considerado ainda que o equipamento tenha capacidade para atender a essas estações/terminais e que haja sinalização orientativa presente entre elas, mesmo
que de operadoras diferentes. Atualmente, tal sinalização é praticamente inexistente.
Para bicicletários exclusivos a uma estação ou terminal, as distâncias médias e máximas observadas tendem a ser menores de 50 metros.
Exemplo de problemas de sinalização no mapa de orientação.
Estação Pinheiros. Foto: Carlos Lopes, 2020
Tipo de sinalização indicativa sobre o bicicletário na estação Tamanduateí.
Foto: Carlos Lopes, 2020
Tipo de sinalização indicativa sobre o bicicletário na estação Corinthians-Itaquera
Foto: Flavio Soares, 2020
86
Exemplo de problemas de sinalização no mapa de orientação.
Estação Morumbi. Foto: Carlos Lopes, 2020
87
Levantamento de estações e bicicletários existentes
As placas do Programa de Orientação a Ciclistas, implantadas pela CET em 2018,
têm bom potencial para sinalizar, nas ruas, as estruturas de estacionamento para bicicletas. Porém, cobrem apenas 10% da malha cicloviária existente e estão concentradas nas regiões central e Lapa (Fonte: CET, sem data).
Algumas estações e terminais, no entanto, estão integrados a outro(s). Se considerarmos um um mesmo equipamento bicicletário poderia atender a duas ou mais
estações/terminais integrados, o número de locais fica em 210, sendo 162 dentro do
território da cidade de São Paulo e 48 relacionados às linhas de trem ou ao Corredor
ABD e fora da capital paulista. O detalhamento pode ser visto na tabela a seguir.
Em SP
Tipo
Estação de metrô
Linha
Ao avaliar se um bicicletário pode servir a mais de uma estação, devem ser considerados também os eventuais efeitos barreira causados principalmente por rios,
estradas, vias expressas e linhas férreas. Se não há travessia facilitada possível para
uma bicicleta, o equipamento deve ser considerado exclusivo, não compartilhado ou
integrado.
A associação de qual estrutura de estacionamento de bicicletas se relaciona com
qual estação ou terminal, bem como suas integrações, pode ser encontrada em uma
das abas da planilha de “Dicionário de Dados” sobre os bicicletários. Ademais, uma
vez que os bicicletários públicos de São Paulo são gratuitos, a integração tarifária não
é levada em consideração para esta distinção.
LEVANTAMENTO DE ESTAÇÕES E TERMINAIS EXISTENTES
Observação: todos os dados desta seção estão atualizados até agosto de 2020.
Ao todo, há 189 estações e terminais de média e alta capacidades dentro do território da cidade de São Paulo2 e 52 relacionados às linhas de trem ou ao Corredor ABD e
fora da capital paulista, um total de 241.
Tipo
Em SP
Fora de SP
Total geral
Estação de metrô
92
Estação de trem
57
Ônibus (estação)
6
6
Terminal de ônibus
33
33
Terminal de ônibus (metropolitano)
1
2
3
189
52
241
Total geral
92
50
107
Tabela: Estações e terminais na cidade de São Paulo ou relacionadas às linhas de trem e ao
Corredor ABD fora da capital paulista. Fonte: Elaboração própria (2020).
Estação de trem
Fora de SP
Com
Sem
Com
integração integração integração
Total
geral
01 - Azul
16
7
23
02 - Verde
7
7
14
03 - Vermelha
9
9
18
04 - Amarela
6
4
10
05 - Lilás
13
4
17
15 - Prata
8
2
10
59
25* **
84* **
07 - Rubi
7
4
8
08 - Diamante
3
2
11
09 - Esmeralda
14
2
10 - Turquesa
3
2
11 - Coral
3
12 - Safira
6
Total
Placas do Programa de Orientação a Ciclistas.
Foto: Flavio Soares, 2020
Sem
integração
13 - Jade
19
6
22
2
18
7
1
13
4
8
1
16
3
3
1
13
2
6
10*
94* **
4
36
11* **
5
1
6
Total
5
1
6
Terminal de ônibus
20
10
30
3
3
13
33
Total
Ônibus (estação)
Expresso
Tiradentes
Expresso
Tiradentes
Total
Terminal de ônibus
(metropolitano)
20
Corredor ABD
Total
Total geral
120
37
1**
1
1
3
1**
1
1**
3
42* **
38
11* **
210* **
Tabela: Total de locais que deveriam ter bicicletários instalados, considerando que alguns
bicicletários podem atender a terminais e/ou estações integrados.
Fonte: Elaboração própria (2020).
* Atenção: Os valores de subtotal relacionados às estações com integração retira da conta estações duplicadas, valores que estão presentes na separação por linhas. É por isso que a soma das linhas não bate
com o subtotal para estas colunas e para a coluna de total geral.
** Atenção: As linhas da tabela estão separando estações de trem e terminais de ônibus metropolitanos.
Com isso, o bicicletário que atende as estações de metrô e os terminais metropolitanos Jabaquara (na
cidade de São Paulo) e Santo André (fora da cidade) estão sendo contado duas vezes. O número total de
pontos com integração com bicicletário é, portanto, 42 dentro da cidade e 10 fora dela, somando um total
geral 210 (valores ajustados na tabela).
2 Embora o site da SPTrans traga os terminais Itaquera II e terminal metropolitano São Mateus sob sua
alçada, ambos não estão sendo contados pois o primeiro não está no Geosampa e o segundo está contabilizado como sendo de responsabilidade da EMTU (terminal metropolitano).
88
89
Levantamento de estações e bicicletários existentes
ESTAÇÕES E TERMINAIS COM INFRAESTRUTURA DE ESTACIONAMENTO PARA
BICICLETAS
Em SP
Sem integração
Tipo
Linha
Estação
de metrô
01 - Azul
3
13
02 - Verde
1
6
4
3
2
17
11 *
84* **
3
11
2
5
1
16
29
5* **
9*
6
1
8
16
1
09 - Esmeralda
2
3
8
6
1
10
10 - Turquesa
3
1
1
5
11 - Coral
3
1
3
7
1
2
9
1
3
4
5*
6*
47 *
6
Expresso
Tiradentes
5
21
5
1
6
5
1
6
15
Expresso
Tiradentes
Com relação aos terminais de ônibus, deve-se considerar que todos já possuem
estrutura cercada para estacionamento de bicicletas, bastando implantar a zeladoria
para que sejam considerados bicicletários.
2
1
Terminal
de ônibus
Terminal
de ônibus
(metropolitano)
10
1
Total
Consideradas as estações e terminais integrados conjuntamente, dentro do território do município de São Paulo há 1623 locais que deveriam ter bicicletários com zeladoria implantados de acordo com os marcos legais existentes. Atualmente, os pontos
que possuem tais equipamentos são 484 5, ou seja, 30% do total.
3
5
15
Total
18
8
Total
DENTRO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
3
05 - Lilás
13 - Jade
terminais de ônibus
4
1
12 - Safira
estações de metrô
23
14
2
08 - Diamante
estações de trem
3
4
4
07 - Rubi
bicicletários
1
04 - Amarela
14
5
15
Corredor ABD
5
2
1
2
6
4
3
3
36
50
14* **
33
1
1 **
34
30
3
1
Total
Total geral
Total
geral
3
2
15 - Prata
Ônibus
(estação)
3
03 - Vermelha
Total
Estação
de trem
Com integração
Sem
Sem
Bicicletário Paraciclo
Bicicletário Paraciclo
estrutura
estrutura
1
14 *
17 *
162* **
Tabela: Bicicletários e paraciclos separados por infraestrutura de transporte no Município de
SP. Fonte: Elaboração própria (2020).
* Atenção: Os valores de subtotal relacionados às estações com integração retira da conta estações duplicadas, valores que estão presentes na separação por linhas. É por isso que a soma das linhas não bate
com o subtotal para estas colunas e para a coluna de total geral.
3 Devido à sobreposição entre estações e à possibilidade de um bicicletário atender a mais de um terminal ou estação próximos, esse número é diferente do apresentados nas tabelas. A justificativa pode ser
encontrada nas próprias tabelas, em marcações com asterisco.
4 Há 51 bicicletários públicos ligados a estações e/ou terminais na cidade de São Paulo. A estação
Engenheiro Goulart, que possui dois bicicletários ativos e está sendo contada como um local só. Já a
estação Pinheiros (metrô e trem) possui um bicicletário, mas por estar integrada ao Terminal Pinheiros
de ônibus, que possui outro, está sendo contada também como um único ponto. Embora o bicicletário do
Largo da Batata não esteja vinculado à Linha Amarela, está contabilizado pois é muito próximo da estação
Faria Lima, atendendo-a.
5 O Terminal Parelheiros conta com uma área de estacionamento de bicicletas cercada e sem zeladoria,
considerada como paraciclo na tabela. Embora a cerca de 50 metros dali haja um bicicletário público no
CEU Parelheiros, mantido pela Secretaria Municipal de Educação, este não está considerado nas tabelas
porque o contrato de concessão dos ônibus obriga que todos os terminais municipais tenham bicicletários com controle de acesso mantidos pelas operadoras.
90
** Atenção: As linhas da tabela estão separando estações de trem e terminais de ônibus metropolitanos.
Com isso, o bicicletário que atende a estação de metrô e o terminal metropolitano Jabaquara (integrados)
está sendo contado duas vezes. O número total de pontos com integração com bicicletário é, portanto, 14
e o total geral 162 (valores ajustados na tabela).
91
Levantamento de estações e bicicletários existentes
FORA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Consideradas as estações e terminais relacionados às linhas de trem ou ao Corredor ABD fora da capital paulista, em que estações e terminais integrados sejam
avaliados conjuntamente, há 48 locais que deveriam ter bicicletários implantados, de
acordo com os marcos legais existentes. Atualmente, os pontos que possuem tais
equipamentos são 18, ou seja, 37,5% do total.
5. DADOS GERAIS SOBRE BICICLETÁRIOS
TAMANHO, USO, TEMPO DE ESTADIA,
ABANDONO, FURTOS
Importante observar que a estação Sagrado Coração, da Linha 8 - Diamante, possui área com paraciclos abertos para estacionamento de bicicletas. Uma vez que a
legislação estadual não define os termos ‘bicicletário’ e ‘paraciclo’, a obrigatoriedade
dos bicicletários fora da cidade de São Paulo possuírem zeladoria e/ou controle de
acesso deriva das definições contidas nos cadernos técnicos.
Fora de SP
Sem integração
Tipo
Estação
de trem
Linha
Bicicletário Paraciclo
07 - Rubi
2
08 - Diamante
3
Com integração
Sem
estrutura
Bicicletário
Sem
estrutura
Total
geral
6
1
7
09 - Esmeralda
8
4
2
17
1
1
2
10 - Turquesa
1
6
1
8
11 - Coral
3
5
1
9
12 - Safira
3
13 - Jade
1
4
2
2
Total
9
Terminal
de ônibus
Corredor ABD
(metropolitano)
1
1
2
Total
1
1**
2**
Total geral
10
1
1
27
27
8* **
8* **
2*
2*
47* **
Bicicletário da estação Jardim Helena.
Foto: Flavio Soares, 2020.
48* **
Tabela: Bicicletários e paraciclos separados por infraestrutura de transporte fora da capital
paulista relacionados às linhas de trem ou ao Corredor ABD.
Fonte: Elaboração própria (2020).
* Atenção: Os valores de subtotal relacionados às estações com integração retira da conta estações duplicadas, valores que estão presentes na separação por linhas. É por isso que a soma das linhas não bate
com o subtotal para estas colunas e para a coluna de total geral.
** Atenção: As linhas da tabela estão separando estações de trem e terminais de ônibus metropolitanos. Com isso, o bicicletário que atende à estação de trem e o terminal metropolitano de Santo André
(integrados) está sendo contado duas vezes. O número total de pontos com integração com bicicletário é,
portanto, 8 e o total geral 48 (valores ajustados na tabela).
Dados gerais sobre bicicletários
A busca de dados sobre os bicicletários esbarra na pulverização das bases por diferentes operadoras, nas diferentes relações contratuais destas com o poder público
e na forma de coleta em campo, que pode ser informatizada mas em muitos casos
ainda é manual.
93
92
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
Monitorá-los, no entanto, é fundamental para avaliar se a política de estacionamento
de bicicletas está funcionando da forma como se deseja. Deve-se ter em mente que
atualmente não há entendimento consolidado – entre ciclistas, operadoras ou poder
público – de quais indicadores poderiam ser usados para avaliar a política de integração da bicicleta com o transporte coletivo e, uma vez selecionados os indicadores,
quais deveriam ser os números ótimos relacionados a eles.
Esta seção traz os principais dados disponíveis de serem coletados e utilizados,
assim como sugestões de indicadores possíveis sobre o sistema de bicicletários.
EVOLUÇÃO DE BICICLETÁRIOS, VAGAS, ENTRADAS E MOVIMENTAÇÃO
Bicicletários com dados por ano
1.269
1.337
1.101
892
41
42
45
46
48
560
33
20
13
15
08
09
21
663
695
682
959
745
22
175
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Vagas por ano (em milhares)
7,9
5,6
5,7
5,9
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Proporção Entradas / vagas
9,1
4,6
584
7,9
9,8
9,4
40%
8,3
32%
6,6
35%
32% 32% 32%
30%
31% 32%
1. O número de bicicletários instalados quase quintuplicou entre 2008 e 2019,
saltando de 13 em 2008 para 67 em 2019;
2. No mesmo período, o número de vagas disponíveis dobrou de 4,6 mil em
2008 para 9,4 mil em 2019;
3. Conforme aumentaram a quantidade de equipamentos e o número de vagas
disponíveis, o número de bicicletas estacionadas saltou 7,5 vezes, de 176 mil
em 2008 para 1,337 milhão em 2019;
Entradas por ano (em milhares)
67
Os dados de bicicletários públicos integrados às estações e terminais de média e
alta capacidades dentro da cidade de São Paulo, que atendem às linhas férreas da
CPTM ou ao corredor de ônibus ABD, e dos quais temos informações de controle de
acesso2, mostram que:
43%
35%
27%
4,8
4. A movimentação dos bicicletários (relação entre o número de entradas de
bicicletas e o número de vagas disponíveis) subiu da faixa dos 30-35% entre
os anos de 2008 e 2017 para 40% e 43% em 2018 e 2019, respectivamente,
considerados dias úteis e finais de semana. Considerados apenas dias úteis, o
percentual subiu do patamar de 37-42% entre 2008 e 2017 para 49% e 51% em
2018 e 2019, respectivamente.
É importante notar que os números acima relativos à quantidade de bicicletas estacionadas, por mais que extraídos das bases oficiais, está subestimado. Isso se deve
aos seguintes motivos:
1. Não há informações desde agosto de 2018 sobre o bicicletário de Mauá,
operado pela Ascobike e de longe o maior do sistema, com quase 2 mil vagas.
Os dados deveriam ser repassados mensalmente à CPTM. Naquele ano, a associação reportava uma movimentação média diária de 432 bicicletas dando
entrada por dia, considerados dias úteis e finais de semana;
Gráficos A, B, C e D: Número de bicicletários com dados por ano; Número de entradas em
bicicletários por ano (em milhares); Número de vagas disponíveis por ano (em milhares); e
Movimentação geral dos bicicletários (proporção entradas/vagas) por ano.
Fonte: Elaboração própria (2020)1.
2. Embora os primeiros controles de acesso a bicicletários em terminais de
ônibus tenham sido implantados em setembro de 2017, os dados passaram a
ser sistematizados somente a partir de agosto de 2019. Ainda assim, como provinham de planilhas impressas de controle de acesso, muitos dias onde havia
dúvidas sobre o número exato de entradas tiveram de ser desconsiderados. A
operadora Socicam passou a consolidar esses dados em planilhas de Excel a
partir de janeiro de 2020.
Observação: os dados deste item estão atualizados até 31 de dezembro de 2019.
3. Para os cálculos do tempo médio de estadia são usados os dados de janeiro
e fevereiro de 2020;
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
4. Apesar de alguns dos bicicletários da Linha 4 - Amarela, operados pela ViaQuatro, terem sido inaugurados em 2011 ou 2014, os dados provenientes do
sistema informatizados começam a partir de 2016;
5. Os dados da empresa Tembici cobrem desde o começo da operação até o início do mês de dezembro de 2019, faltando parte do mês para completar o ano;
Devido à falta de informações existentes, não estão considerados os bicicletários do Metrô operados pelo Instituto Parada Vital ou pela empresa FGTV entre
os anos de 2008 e 2013.
1 Os gráficos estão elaborados a partir de bicicletários que possuem registros históricos de dados entre
os anos de 2008 e 2019. São eles os bicicletários da Ascobike (de agosto de 2008 até agosto de 2018);
CPTM (a partir de agosto de 2008); EMTU (a partir de janeiro de 2014); Metrô (a partir da operação pelo
Metrô, em agosto de 2013); Secretaria dos Transportes Metropolitanos - Linhas 4 e 5 (a partir de 2016);
Socicam (de agosto a dezembro de 2019); e Tembici (até início de dezembro de 2019).
94
2 Ver observação anterior.
95
Histórico de movimentação em bicicletários - Proporção de entradas por vagas disponíveis (Dias úteis)
Bicicletário
Operação Bic
Vagas
Status Operação
Média Total
DADOS DE MOVIMENTAÇÃO DE BICICLETAS (ENTRADAS)
A visão agregada sobre os dados de entrada de bicicletas dá um panorama geral
sobre o sistema como um todo. Conforme mencionado acima, consideradas apenas
entradas de bicicletas em dias úteis, a proporção entre entradas e vagas disponíveis
subiu de 38% em 2008 para 51% em 2019.
Dados de entradas (movimentação) dos bicicletários são diferentes dos dados de
ocupação (lotação), que devem considerar também quantas bicicletas já estão estacionadas para avaliar se a demanda está superando a capacidade instalada. Dados de
entradas são comuns a todos os bicicletários onde o controle de acesso é realizado,
enquanto dados relativos à ocupação somente podem ser calculados quando as informações sobre dia e horário de entrada estão digitalizadas.
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
37%
41%
36%
36%
37%
35%
32%
36%
38%
42%
48%
50%
6%
AACD-SERVIDOR 1
VIAMOBILIDADE 36
Desativado (Mudou operadora)
AACD-SERVIDOR 2
SCOO
36
Operacional
AEROPORTO-GUARULHOS
CPTM
100
Operacional
ALTO DA BOA VISTA 1
VIAMOBILIDADE 100
Desativado (Mudou operadora)
ALTO DA BOA VISTA 2
SCOO
100
Operacional
8%
AMARAL GURGEL
SOCICAM
41
Operacional
47%
AUTÓDROMO
CPTM
261
Operacional
BORBA GATO 1
VIAMOBILIDADE 84
Desativado (Mudou operadora)
BORBA GATO 2
SCOO
Operacional
BROOKLIN 1
VIAMOBILIDADE 30
Desativado (Mudou operadora)
BROOKLIN 2
SCOO
30
Operacional
BRÁS 3
METRÔ
20
Desativado
BUTANTÃ 3
VIAQUATRO
149
Desativado (Mudou operadora)
BUTANTÃ 4
SCOO
149
Operacional
CAIEIRAS
CPTM
67
Operacional
CALMON VIANA
CPTM
84
Operacional
CAMPO BELO 1
VIAMOBILIDADE 144
Desativado (Mudou operadora)
CAMPO BELO 2
SCOO
144
Operacional
CAMPO LIMPO
SOCICAM
64
Operacional
CARAPICUÍBA
CPTM
145
Operacional
CARRÃO 3
METRÔ
110
Operacional
CEASA
CPTM
144
Operacional
CIDADE TIRADENTES 2
TEMBICI
70
Operacional
CIDADE UNIVERSITÁRIA
CPTM
60
Operacional
COMENDADOR ERMELINO
CPTM
196
Operacional
84
9%
48%
7%
4%
5%
4%
6%
6%
7%
8%
7%
7%
12%
1%
2%
8%
17%
9%
42%
92%
118%
126%
103%
86%
75%
87%
123%
139%
90%
122%
130%
128%
138%
139%
130%
129%
131%
130%
7%
10%
93%
25%
2%
69%
69%
3%
35%
5%
34%
31%
35%
36%
39%
47%
44%
11%
18%
21%
16%
16%
26%
50%
6%
7%
8%
7%
7%
41%
49%
45%
51%
51%
40%
46%
59%
64%
79%
79%
86%
75%
67%
67%
67%
72%
89%
4%
6%
6%
6%
6%
5%
5%
Operacional
ENGENHEIRO GOULART SUL
CPTM
74
Operacional
EUCALIPTOS 1
VIAMOBILIDADE 92
Desativado (Mudou operadora)
EUCALIPTOS 2
SCOO
92
Operacional
FERRAZ DE VASCONCELOS
CPTM
136
Operacional
FRADIQUE COUTINHO 1
VIAQUATRO
86
Desativado (Mudou operadora)
FRADIQUE COUTINHO 2
SCOO
86
Operacional
FRANCO DA ROCHA
CPTM
180
Operacional
GRAJAÚ
CPTM
178
Operacional
Atualmente, ainda não há um entendimento comum sobre qual seria a faixa de movimentação desejável para um bicicletário - se mais próxima dos 50%, em que metade
das bicicletas são renovadas a cada dia; ou se mais próxima dos 100%, em que quase
todas as bicicletas se movimentam no intervalo de um dia.
GUARAPIRANGA
SOCICAM
24
Operacional
GUARULHOS-CECAP
CPTM
192
Operacional
GUILHERMINA-ESPERANÇA 4
METRÔ
155
Operacional
HOSPITAL SÃO PAULO 1
VIAMOBILIDADE 30
Desativado (Mudou operadora)
HOSPITAL SÃO PAULO 2
SCOO
30
Operacional
ITAIM PAULISTA
CPTM
256
Operacional
85%
100%
ITAPEVI 1
CPTM
207
Desativado (Ampliado)
37%
41%
ITAPEVI 2
CPTM
480
Operacional
ITAQUERA 3
METRÔ
50
Desativado (Ampliado)
ITAQUERA 4
METRÔ
55
Operacional
JABAQUARA
EMTU
225
Operacional
JANDIRA (PRIVADO)
CPTM
40
Desativado (Mudou operadora)
JANDIRA 2
CPTM
40
Desativado (Ampliado)
JANDIRA 3
CPTM
48
Operacional
JARDIM BELVAL
CPTM
117
Operacional
JARDIM HELENA-VILA MARA
CPTM
256
Operacional
59%
87%
104%
102%
96%
103%
108%
113%
105%
JARDIM ROMANO
CPTM
240
Operacional
34%
43%
55%
63%
59%
51%
47%
46%
47%
JARDIM SILVEIRA
CPTM
279
Operacional
JOÃO DIAS
SOCICAM
72
Operacional
JURUBATUBA
CPTM
262
Operacional
LAPA
SOCICAM
74
Operacional
LARGO DA BATATA
TEMBICI
100
Operacional
LIBERDADE 3
METRÔ
15
Desativado
MAUÁ 2
ASCOBIKE
1968
Operacional
MOEMA 1
VIAMOBILIDADE 68
Desativado (Mudou operadora)
MOEMA 2
SCOO
68
Operacional
MORUMBI 2
VIAQUATRO
80
Desativado (Mudou operadora)
MORUMBI 3
SCOO
80
Operacional
OSASCO
CPTM
166
Operacional
PARAÍSO (TEMBICI)
TEMBICI
52
Desativado
PARAÍSO 3
METRÔ
12
Desativado
PARQUE D. PEDRO II
SOCICAM
156
Operacional
PINHEIROS (TERMINAL)
SOCICAM
34
Operacional
PINHEIROS 1 (FONTE CPTM)
CPTM
126
Desativado (Mudou operadora)
PINHEIROS 2 (FONTE CPTM)
PINHEIROS 3 (FONTE CPTM)
12%
16%
18%
Operacional
Desativado (Mudou operadora)
10%
18%
74%
200
Desativado (Mudou operadora)
61%
97%
160
117
84%
107%
CPTM
126
75%
42%
CPTM
VIAQUATRO
8%
6%
ENGENHEIRO GOULART NORTE
PINHEIROS 2 (FONTE VIAQUAT.. VIAQUATRO
7%
11%
ENGENHEIRO CARDOSO
Com base na pesquisa realizada no bicicletário de Mauá em 2005, Paiva (2017)
chegou a sugerir uma proporção de 125% de movimentação. O valor, considerado o
histórico de dados de uso, soa alto. Tal patamar chegou a ser atingido apenas nos
equipamentos instalados nas estações Caieiras, Calmon Viana, Poá e Carrão - todas
da CPTM exceto a última, do Metrô. Em comum, tais bicicletários apresentam patamar médio de tamanho, entre 40 e 84 vagas. Cálculos matemáticos poderiam ser
realizados a partir da base de dados para chegar a um valor ideal, que provavelmente
estará próximo do patamar de 70%, uma vez que bicicletários com alto índice de movimentação, nas proximidades da casa dos 100% tendem a apresentar filas de espera
e lotação.
7%
5%
Como a movimentação difere muito de bicicletário para bicicletário, é pertinente observar cada equipamento de forma desagregada. Idealmente, bicicletários que atendem a estações e terminais de média e alta capacidades devem ter algum grau de
movimentação, o que significa que as bicicletas não estão sendo deixadas por tempo
indefinido, ao mesmo tempo em que devem ter vagas de sobra para que demanda
seja sempre atendida.
Das metas que podemos construir e ficar satisfeitos, uma delas seria uma taxa
de ocupação próxima de 100%. Na Linha 4 é próximo disso. E qual o nível de satisfação de usuário, nível baixo de reclamações. Seria um indicador novo, ainda não
aplicado nesse momento. Na Linha 4, temos taxa de ocupação alta e alto nível
de satisfação. Se estivesse vazio, ficaria preocupado. Na Linha 5 temos uma taxa
de ocupação menor, mas podemos pegar o que aconteceu nas estações da Linha
4. Na Fradique Coutinho, a ocupação era baixa e já aumentou, está com 80%. Só
não chega no Butantã por conta da USP. Talvez por falta de divulgação, mas acho
que demora um pouco para criar o hábito. Na Fradique demorou uns 4 anos para
chegar neste patamar, mas no Morumbi levou apenas um ano, mais ou menos.
Fonte: Entrevista com operadoras, CCR, ViaQuatro, ViaMobilidade e Scoo, 2020
98%
7%
8%
9%
6%
4%
2%
38%
60%
14%
32%
47%
69%
78%
108%
93%
46%
70%
67%
66%
102%
47%
30%
28%
30%
46%
48%
38%
50%
71%
78%
96%
105%
46%
33%
36%
36%
48%
58%
34%
6%
6%
6%
8%
8%
10%
18%
9%
11%
4%
5%
103%
105%
108%
21%
19%
106%
109%
109%
110%
107%
109%
110%
54%
21%
18%
17%
18%
20%
20%
26%
28%
25%
45%
65%
89%
96%
108%
99%
9%
8%
9%
11%
11%
91%
95%
93%
117%
115%
81%
15%
37%
109%
112%
115%
54%
61%
75%
24%
43%
84%
98%
12%
103%
80%
75%
82%
86%
86%
92%
16%
6%
6%
7%
11%
16%
11%
14%
15%
13%
14%
18%
21%
19%
47%
43%
36%
36%
34%
89%
102%
109%
14%
17%
24%
47%
29%
23%
30%
33%
109%
110%
26%
29%
102%
9%
16%
9%
37%
74%
93%
32%
98%
46%
91%
86%
70%
86%
83%
90%
94%
36%
46%
70%
47%
23%
24%
3%
6%
5%
6%
11%
12%
14%
15%
9%
11%
23%
33%
24%
22%
31%
41%
44%
SCOO
126
Operacional
16%
PINHEIROS 3 (FONTE VIAQUAT.. SCOO
117
Operacional
39%
PIRITUBA
SOCICAM
156
Operacional
POÁ
CPTM
60
Operacional
PRAÇA DOS ARCOS
TEMBICI
47
Desativado
PRIMAVERA-INTERLAGOS
CPTM
226
Operacional
PRINCESA ISABEL
SOCICAM
66
Operacional
SACOMÃ
SOCICAM
146
Operacional
SANTA CECÍLIA 3
METRÔ
17
Desativado
SANTA CRUZ 1
VIAMOBILIDADE 80
Desativado (Mudou operadora)
SANTA CRUZ 2
SCOO
80
Operacional
SANTO ANDRÉ 1 (FONTE CPTM) IPV
334
Desativado (Mudou operadora)
SANTO ANDRÉ 2 (FONTE CPTM) EMTU
334
Operacional
SANTO ANDRÉ 2 (FONTE EMTU) EMTU
334
Operacional
SUZANO
CPTM
576
Operacional
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2
EMTU
68
Operacional
SÃO MATEUS
EMTU
110
Desativado
2%
SÃO MIGUEL PAULISTA
CPTM
208
Operacional
22%
51%
SÉ 3
METRÔ
20
Operacional
31%
60%
102%
TAMANDUATEÍ (CPTM)
CPTM
164
Operacional
16%
16%
19%
TAMANDUATEÍ (METRÔ)
METRÔ
124
Desativado
1%
2%
4%
USP LESTE
CPTM
270
Operacional
12%
13%
VILA AURORA
CPTM
144
Operacional
3%
5%
VILA MADALENA 3
METRÔ
12
Desativado
20%
VILA OLÍMPIA
CPTM
94
Operacional
VILLA LOBOS-JAGUARÉ
CPTM
233
Operacional
7%
8%
8%
11%
17%
24%
19%
23%
124%
131%
139%
177%
146%
37%
55%
68%
68%
65%
20%
17%
16%
12%
17%
23%
10%
28%
23%
49%
58%
85%
71%
3%
5%
8%
11%
17%
10%
18%
6%
3%
4%
10%
9%
10%
10%
16%
11%
21%
26%
30%
44%
46%
42%
21%
26%
31%
44%
47%
42%
50%
82%
99%
51%
54%
56%
56%
56%
56%
71%
97%
108%
112%
105%
100%
98%
108%
23%
30%
39%
52%
6%
5%
13%
13%
13%
12%
15%
5%
5%
6%
6%
8%
35%
34%
34%
53%
23%
40%
49%
48%
43%
42%
30%
42%
63%
60%
3%
6%
6%
6%
7%
8%
7%
8%
11%
14%
Histórico de entradas em bicicletários por ano
Bicicletário
Operação Bic
Vagas
Status Operação
Média Total
O indicador de movimentação é feito a partir do seguinte cálculo:
Movimentação = Total de entradas /(Vagas * Dias em que há informação disponível)
A falta de sistemas informatizados, ou mesmo de observar os dados gerados, faz
com que o monitoramento dos bicicletário seja feito com base nos dados de entradas. Embora uma taxa de movimentação alta possa ser um bom indicativo de lotação,
nem sempre significará que o bicicletário está lotado. Da mesma forma, uma taxa de
movimentação “média”, ou “baixa”, não necessariamente significa que o bicicletário
está vazio. Vejamos alguns exemplos sobre tais casos:
1. Alguns dos bicicletários mais usados da cidade de São Paulo estão na Zona
Leste, ao longo da Linha 12 - Safira, da CPTM. Esses bicicletários costumam
esgotar suas capacidades logo pela manhã3. Os dados de entradas apontam
que a proporção de entradas versus número de vagas costuma ficar entre 75%
e 115% para esses locais, sendo que alguns deles registram taxas acima de
100% desde 2010. Tais bicicletários apresentam tanto um alto índice de movimentação quanto esgotamento de capacidade;
2. Os bicicletários do Largo da Batata e da Praça dos Arcos, operados pela empresa Tembici, possuem taxas de entrada similares aos citados no item acima.
O do Largo da Batata costuma ficar lotado e tem registrado taxas de movimentação acima de 100% desde 2015. Já o da Praça dos Arcos, fechado no início
de 2020, ficava lotado frequentemente mas a maior taxa de movimentação registrada foi em 2018, com 68%. Tais bicicletários apresentam tanto um índice
alto de movimentação e indicativos de esgotamento de capacidade;
3. Três dos bicicletários operados pela ViaQuatro possuem características distintas. Ampliado em 2014, o bicicletário do Butantã apresentou taxas de movimentação entre 58%-84% nos últimos três anos (2017 a 2019) e relatos de
lotação. Já o do Morumbi, que também precisou ser ampliado em 2019, registrou taxa de movimentação de apenas 17% - índice baixo para um local que vive
cheio, mas que talvez possa ser explicado por um alto número de bicicletas
ultrapassando o tempo máximo de estadia permitido. Finalmente, o Fradique
Coutinho tem registrado taxas de movimentação entre 63%-70% nos últimos
três anos, sem registro de lotação;
4. O bicicletário de Mauá é famoso por ser o maior do sistema, com quase 2
mil vagas. Embora o envio de dados da Ascobike à CPTM tenha cessado no
segundo semestre de 2018, o bicicletário apresentava taxas de movimentação
entre 23-36% a partir de 2010. A maioria de ciclistas que faz uso do espaço é
associada à Ascobike, embora haja a possibilidade de pagar pelo estacionamento diário. Ou seja, devido ao tamanho do bicicletário e à possibilidade de
ter uma vaga numerada e reservada por estar associado à entidade, existe a
possibilidade de que boa parte das bicicletas fique parada por longos períodos,
sem que o bicicletário apresente lotação.
Em resumo, os dados de entrada podem ser usados como indicativo de lotação
ou proximidade de lotação, principalmente quando constantemente acima de 70%.
Valores mais altos sugerem lotação em mais períodos do dia. Porém, isoladamente,
não são categóricos.
3 Fonte: Visita a campo e conversa com funcionários.
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
175.127
560.109
584.156
662.950
694.723
681.792
744.869
891.991
2016
2017
2018
2019
958.926 1.101.479 1.269.095 1.336.883
274
AACD-SERVIDOR 1
VIAMOBILIDADE
36
Desativado (Mudou operadora)
AACD-SERVIDOR 2
SCOO
36
Operacional
AEROPORTO-GUARULHOS
CPTM
100
Operacional
ALTO DA BOA VISTA 1
VIAMOBILIDADE
100
Desativado (Mudou operadora)
ALTO DA BOA VISTA 2
SCOO
100
Operacional
293
AMARAL GURGEL
SOCICAM
41
Operacional
2.831
AUTÓDROMO
CPTM
261
Operacional
BORBA GATO 1
VIAMOBILIDADE
84
Desativado (Mudou operadora)
691
BORBA GATO 2
SCOO
84
Operacional
191
BROOKLIN 1
VIAMOBILIDADE
30
Desativado (Mudou operadora)
578
BROOKLIN 2
SCOO
30
Operacional
BRÁS 3
METRÔ
20
Desativado
BUTANTÃ 3
VIAQUATRO
149
Desativado (Mudou operadora)
BUTANTÃ 4
SCOO
149
Operacional
CAIEIRAS
CPTM
67
Operacional
CALMON VIANA
CPTM
84
Operacional
CAMPO BELO 1
VIAMOBILIDADE
144
Desativado (Mudou operadora)
CAMPO BELO 2
SCOO
144
Operacional
512
CAMPO LIMPO
SOCICAM
64
Operacional
6.678
CARAPICUÍBA
CPTM
145
Operacional
CARRÃO 3
METRÔ
110
Operacional
CEASA
CPTM
144
Operacional
CIDADE TIRADENTES 2
TEMBICI
70
Operacional
CIDADE UNIVERSITÁRIA
CPTM
60
Operacional
COMENDADOR ERMELINO
CPTM
196
Operacional
ENGENHEIRO CARDOSO
CPTM
160
Operacional
ENGENHEIRO GOULART NORTE
CPTM
200
Operacional
ENGENHEIRO GOULART SUL
CPTM
74
Operacional
EUCALIPTOS 1
VIAMOBILIDADE
92
Desativado (Mudou operadora)
EUCALIPTOS 2
SCOO
92
Operacional
FERRAZ DE VASCONCELOS
CPTM
136
Operacional
FRADIQUE COUTINHO 1
VIAQUATRO
86
Desativado (Mudou operadora)
FRADIQUE COUTINHO 2
SCOO
86
Operacional
FRANCO DA ROCHA
CPTM
180
Operacional
GRAJAÚ
CPTM
178
Operacional
GUARAPIRANGA
SOCICAM
24
Operacional
GUARULHOS-CECAP
CPTM
192
Operacional
GUILHERMINA-ESPERANÇA 4
METRÔ
155
Operacional
HOSPITAL SÃO PAULO 1
VIAMOBILIDADE
30
Desativado (Mudou operadora)
HOSPITAL SÃO PAULO 2
SCOO
30
Operacional
ITAIM PAULISTA
CPTM
256
Operacional
28.122
78.049
79.969
ITAPEVI 1
CPTM
207
Desativado (Ampliado)
10.599
26.973
25.829
ITAPEVI 2
CPTM
480
Operacional
ITAQUERA 3
METRÔ
50
Desativado (Ampliado)
ITAQUERA 4
METRÔ
55
Operacional
JABAQUARA
EMTU
225
Operacional
JANDIRA (PRIVADO)
CPTM
40
Desativado (Mudou operadora)
JANDIRA 2
CPTM
40
Desativado (Ampliado)
JANDIRA 3
CPTM
48
Operacional
JARDIM BELVAL
CPTM
117
Operacional
JARDIM HELENA-VILA MARA
CPTM
256
Operacional
19.389
69.268
83.069
81.362
76.027
80.484
83.988
89.873
82.487
JARDIM ROMANO
CPTM
240
Operacional
10.144
31.280
40.048
45.503
42.396
36.089
33.306
32.937
33.976
JARDIM SILVEIRA
CPTM
279
Operacional
JOÃO DIAS
SOCICAM
72
Operacional
JURUBATUBA
CPTM
262
Operacional
LAPA
SOCICAM
74
Operacional
LARGO DA BATATA
TEMBICI
100
Operacional
LIBERDADE 3
METRÔ
15
Desativado
MAUÁ 2
ASCOBIKE
1968
Operacional
MOEMA 1
VIAMOBILIDADE
68
Desativado (Mudou operadora)
MOEMA 2
SCOO
68
Operacional
MORUMBI 2
VIAQUATRO
80
Desativado (Mudou operadora)
MORUMBI 3
SCOO
80
Operacional
OSASCO
CPTM
166
Operacional
PARAÍSO (TEMBICI)
TEMBICI
52
Desativado
PARAÍSO 3
METRÔ
12
Desativado
PARQUE D. PEDRO II
SOCICAM
156
Operacional
PINHEIROS (TERMINAL)
SOCICAM
34
Operacional
PINHEIROS 2 (FONTE VIAQUAT.. VIAQUATRO
117
Desativado (Mudou operadora)
PINHEIROS 3 (FONTE VIAQUAT.. SCOO
117
Operacional
PIRITUBA
SOCICAM
156
Operacional
POÁ
CPTM
60
Operacional
PRAÇA DOS ARCOS
TEMBICI
47
Desativado
PRIMAVERA-INTERLAGOS
CPTM
226
Operacional
PRINCESA ISABEL
SOCICAM
66
Operacional
915
SACOMÃ
SOCICAM
146
Operacional
4.000
SANTA CECÍLIA 3
METRÔ
17
Desativado
SANTA CRUZ 1
VIAMOBILIDADE
80
Desativado (Mudou operadora)
SANTA CRUZ 2
SCOO
80
Operacional
SANTO ANDRÉ 2 (FONTE EMTU) EMTU
334
Operacional
SUZANO
CPTM
576
Operacional
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2
EMTU
68
Operacional
SÃO MATEUS
EMTU
110
Desativado
SÃO MIGUEL PAULISTA
CPTM
208
Operacional
SÉ 3
METRÔ
20
Operacional
TAMANDUATEÍ (CPTM)
CPTM
164
Operacional
TAMANDUATEÍ (METRÔ)
METRÔ
124
Desativado
USP LESTE
CPTM
270
Operacional
VILA AURORA
CPTM
144
VILA MADALENA 3
METRÔ
VILA OLÍMPIA
VILLA LOBOS-JAGUARÉ
110
8.435
29.800
475
1.403
4.467
3.192
4.460
4.653
5.278
6.161
5.223
5.385
5.364
5.303
6.017
145
37
168
553
1.107
23
31.226
28.249
15.876
3.338
3.527
18.867
22.164
24.082
25.963
21.047
17.343
15.127
17.428
24.206
28.330
18.307
5.277
32.148
34.683
33.751
36.504
36.681
34.671
34.084
34.534
34.437
1.660
8.317
567
17.279
41.032
1.142
15.155
1.985
14.810
13.837
15.681
15.691
16.677
20.275
18.863
1.467
5.920
6.792
5.257
5.337
8.694
17.906
2.495
2.854
3.052
2.978
3.027
4.200
5.056
2.802
3.347
2.645
7.289
8.732
7.882
8.726
9.737
7.758
8.298
10.547
11.302
43.704
46.572
49.440
51.757
45.101
38.720
38.855
38.691
41.586
51.695
299
3.127
2.840
2.902
3.077
2.662
2.709
3.214
4.141
4.600
1.476
2.304
1.519
4.844
13.166
2.478
1.192
6.393
28.496
32.264
45.219
38.746
4.494
16.535
14.684
13.261
1.594
6.809
15.266
15.990
24.644
25.751
20.929
17.269
38.906
43.299
52.918
57.896
58.088
24.693
17.738
18.905
19.109
25.601
30.441
3.155
10.118
4.199
5.266
1.004
1.072
2.674
2.597
3.633
3.764
125
46
7.938
81.792
84.977
83.168
86.309
87.366
86.355
84.013
87.221
87.898
30.613
27.886
26.757
25.718
26.598
29.598
30.282
37.330
41.713
1.572
6.757
10.064
13.939
15.477
17.254
9.824
5.933
5.021
5.713
7.322
7.114
8.112
13.211
14.048
13.880
16.887
16.761
11.728
1.135
13.078
86.978
89.605
93.528
39.038
44.018
54.189
8.222
36.734
5.154
4.857
8.486
2.870
801
10.787
12.200
12.071
13.340
1.451
1.915
4.965
5.241
8.796
12.306
8.666
11.208
11.048
9.437
10.269
13.331
15.501
11.645
32.813
35.301
34.732
34.992
29.741
145.629
99.877
1.933
67.805
248.570
213.893
210.462
199.971
440
1.096
1.492
2.660
170.998
136.716
174.146
189.438
1.010
424
759
1.450
19.184
46.487
523
48.498
1.737
46.014
3.331
35.239
3.157
41.819
46.267
47.861
5.528
7.307
11.112
586
3.958
1.269
3.017
9.060
13.479
11.954
1.754
1.392
2.174
5.211
7.514
11.748
16.544
13.300
517
148
23.701
14.305
2.627
25.758
27.529
34.840
2.325
8.909
10.748
10.390
9.341
11.621
10.930
8.047
11.615
15.547
3.192
5.023
28.670
2.971
491
165
20.396
25.164
30.907
10.058
10.699
11.215
43.164
45.891
40.970
59.520
143.982
172.538
10.942
11.193
11.130
72.184
480
2.834
31.981
44.436
61.439
68.718
830
3.728
6.287
6.490
6.333
6.370
6.987
7.685
9.203
11.096
14.471
18.646
25.483
253
5.018
7.883
7.638
222
926
1.597
2.275
474
7.145
8.073
8.634
9.008
10.611
10.340
10.224
10.731
9.797
11.686
Operacional
424
2.096
2.442
2.175
2.609
2.632
3.838
12
Desativado
282
1.181
1.155
1.209
1.175
CPTM
94
Operacional
CPTM
233
Operacional
1.104
3.445
1.360
6.437
11.270
13.372
13.175
11.822
11.753
8.076
11.638
18.053
17.366
1.394
4.332
4.270
4.445
5.523
5.918
5.317
5.878
8.057
10.019
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
TEMPO MÉDIO DE ESTADIA
O tempo médio de estadia só pode ser calculado em bicicletários cujos dados de
entrada e saída estão digitalizados - normalmente, onde há sistemas informatizados.
Este é o caso das operadoras Tembici, ViaQuatro e ViaMobilidade. Embora a CPTM
tenha estações onde há sistemas informatizados instalados, não foi possível acessar
os dados via Lei de Acesso à Informação. Já a Socicam passou a digitalizar as tabelas manuais a partir de janeiro de 2020, sendo possível analisar dois meses de movimentação nos equipamentos operados pela empresa (janeiro e fevereiro de 2020).
O tempo máximo de estacionamento varia conforme a operadora e não há consenso sobre um número máximo ideal. A EMTU e o Metrô são mais restritivos, permitindo
manter a bicicleta parada ao longo do dia ou durante 24h, respectivamente. Mais comum são os prazos de 3 dias, adotado pela CPTM e Tembici, e o de 4 dias, adotado
pela ViaQuatro e ViaMobilidade. Bicicletários da Socicam permitem estacionamento
por 5 dias.
As tabelas abaixo trazem os tempos médios de estadia das bicicletas, com informações sobre o período (datas mínimas e máximas observadas nas bases de dados) e a
quantidade total de entradas nos 25 bicicletários analisados, que são os bicicletários
com sistemas informatizados e dados disponíveis, acessíveis via e-SIC. As colunas
com os percentis 10%, 25%, 50%, 75%, 80%, 85%, 90%, 92,5%, 95% e 97,5% se referem à
quantidade de horas que as bicicletas ficaram estacionadas. Por exemplo, na tabela a
seguir, 10% das bicicletas ficaram estacionadas por até 2 horas. Já 92,5% ficaram paradas por até 73h, ou seja, 7,5% ficaram paradas por mais de 73h (mais de três dias).
BICICLETÁRIOS
25 em São Paulo
DATA MÍNIMA
2014-08-02
DATA MÁXIMA
2020-02-29
Amostra
352.698
10%
2
25%
6
50%
12
75%
26
80%
38
85%
49
90%
66
92,5%
73
95%
91
97,5%
130
O objetivo de detalhar os percentis maiores é buscar compreender a partir de qual
faixa ciclistas deixam as bicicletas paradas por mais tempo do que o permitido, implicando em esforços da operadora por avisá-los, quebrar a trava que prende o veículo
para levá-lo a outro lugar intermediário ou mesmo ter de recolhê-lo a algum pátio ou
galpão central como último recurso antes de doá-lo.
Essa sequência de eventos, comum a todas as operadoras, demanda tempo e dinheiro e pode significar o fechamento do bicicletário, a depender do tamanho dos
esforços e da frequência com que devem ser empregados para que os bicicletários
não fiquem sempre lota
TEMPOS DE ESTADIA DE CURTA, MÉDIA E LONGA DURAÇÃO
Embora tenha como fonte de dados os registros de entradas e saídas de
bicicletários, a tabela com a distribuição dos tempos de estadia permite definir melhor os conceitos de estacionamentos de “curta”, “média” e “longa”
duração, que são aplicados tanto a bicicletários como paraciclos.
Na amostragem coletada, 10% das bicicletas ficaram paradas por até duas
horas – período que pode ser associado a um estacionamento de curta duração. Já 25% dos usuários pararam seus veículos por até 6h, o que se assemelha a um estacionamento de média duração.
Tipicamente, espera-se que bicicletários de terminais e estações cumpram
a função de prover estacionamento de longa duração. Faz sentido que esta
faixa esteja acima de 6h, uma vez que esses equipamentos são comumente
usados por pessoas com motivo de viagem trabalho. De acordo com dados
da Pesquisa Origem Destino 2017, uma jornada meio período tem pelo menos
quatro horas, tempo que deve ser acrescido aos de deslocamento de ida e de
volta, que podem chegar a até três horas na cidade de São Paulo.
Finalmente, os dados apontam que metade dos ciclistas deixou as bicicletas paradas por até 12h, faixa de duração que é provavelmente a mais associada a trabalhadores de período integral. Entretanto, 25% das estadias ficaram tempos maiores do que 26 horas. O número sugere que há alta demanda
por estacionamentos de duração maiores do que um dia. Em outras palavras,
parece haver muitas pessoas que buscam bicicletários como uma solução
para a falta de lugar em geral para parar suas bicicletas, não apenas quando
vão ao trabalho.
Tabela: Distribuição dos tempos de estadia em bicicletários
(dias úteis e finais de semana), em horas4
4 Para a criação desta tabela, foram consideradas apenas registros que possuíam tanto a marcação de
entrada quanto de saída das bicicletas. Alguns sistemas demoram alguns dias para serem testados e se
estabelecerem - nestes casos, foram retirados o primeiro ou os primeiros dias registrados. Por tais motivos, o número de entradas presentes nesta tabela pode diferir do apresentado na tabela de movimentação
(entradas) de bicicletários.
100
101
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
BICICLETAS ABANDONADAS
Como se vê na tabela cima, casos em que as bicicletas ultrapassam os três dias
de estacionamento começam a aparecer a partir do percentil 85% - ou, em outras
palavras, 15% das bicicletas que deram entrada no sistema ficaram mais do que três
dias paradas.
Já a ultrapassagem aos limites de uso estabelecidos, que variam de operadora para
operadora, começa no percentil 92,5%. Em bicicletários em que há pouca movimentação e que ainda estão longe de chegar à lotação, isso pode não ser um problema, já
que ainda há espaço vago para receber mais bicicletas.
Mas o que acontece em bicicletários que operam no limite da capacidade? Três
exemplos ilustram bem o tamanho dos esforços necessários para manter vagas disponíveis quando muitas pessoas deixam suas bicicletas por mais tempo do que o
permitido. No caso do bicicletário da Praça dos Arcos, o número de bicicletas que
ficou tempo maior do que o permitido correspondeu a 2 mil bicicletas em pouco mais
de 4 anos; no Butantã, a quase 5,8 mil bicicletas em um intervalo de 3 anos; e no caso
do Largo da Batata, a quase 9 mil bicicletas em pouco mais de 5 anos.
Obviamente, nem todas chegaram ao ponto de terem de ser recolhidas - na verdade,
relativamente poucas o são. Mas para que isso seja evitado, há grandes esforços por
parte das operadoras (ver depoimentos após a tabela).
A tabela a seguir mostra o número de bicicletas consideradas abandonadas pelas
operadoras nos últimos três anos. Importante observar que alguns dos dados reportados são muito menores do que o expresso em entrevistas com as operadoras, constantes logo após a tabela.
Operadora
Bicicletários
2017
2018
2019
CPTM
33
11
12
11
EMTU
3
0
1
0
METRÔ
4
0
0
0
SOCICAM
10
7
8
7
VIAMOBILIDADE
9
0
0
0
VIAQUATRO
4
0
0
0
Total geral
63
18
21
18
Tabela: Número de bicicletas abandonadas reportado pelas operadoras5
É muito raro [termos bicicletas abandonadas]. Se ficar de um dia para o outro, a
gente poderia retirar, mas não temos feito isso com frequência. Quando acontece, a gente traz a bicicleta [para a central]. Ela fica um período aqui e, se não for
procurada, doamos para o fundo de solidariedade do Estado.
Fonte: Entrevista com operadoras, EMTU, 2019
[No caso da Socicam], não tem um volume grande de abandono. Passou do prazo a gente liga, manda mensagem de voz, de texto, email, insiste e muitas vezes
consegue. Demanda uma insistência e a gente é muito insistente, pois trabalha
mais com o bom senso para evitar o estresse. Aí o usuário retira, espera dois
dias e põe de novo. Trabalhamos com um prazo de 5 dias para que a pessoa
tenha essa preocupação. Quando não acontece é que surge a doação, depois de
45 dias. Tem pessoa que usa como garagem, como extensão da casa. Acontece
muito da pessoa passar na frente do bicicletário e ver se a bicicleta está lá. Se
você corta o cadeado e retira, a pessoa aparece no dia seguinte. Isso tudo é explicado quando faz o cadastro, a pessoa recebe todas as instruções.
Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020
Temos muitas bicicletas abandonadas. (...) No bicicletário de Itaquera, a gente
tinha em média 5-6 bicicletas que estavam lá já há muito tempo. Mesmo contatando as pessoas a gente não conseguia que elas tirassem, Recolhemos as
bicicletas para os achados e perdidos. Fica num espaço para resgate, tem 60
dias de prazo para retirar.
As pessoas não têm espaço em casa e depositam a bicicleta ali, tirando o direito
de outro utilizar. Estamos implantando uma nova regra de uso em Itaquera. Em
setembro [de 2019], o bicicletário foi reinaugurado e como detectamos que havia
bicicletas paradas por muito tempo, mudamos a regra e queremos expandir para
os outros, ter um período máximo de permanência de 72 horas.
Fonte: Entrevista com operadoras, Metrô, 2019
Tem bastantes casos [de bicicletas abandonadas]. Elas ficam na estação por
no mínimo 4 dias, prazo que pode ser ampliado se a estação não estiver lotada.
Depois vai para o pátio, onde fica por 60 dias e após isso é doada para instituição
de caridade que tem contrato com a operadora. Na ViaMobilidade não aconteceu
ainda, mas na ViaQuatro doamos de 30 a 40 bicicletas no ano passado [2019]. Algumas já estavam lá há 1 ano. Tentamos deixar mais para dar tempo de o ciclista
procurar. Talvez haja umas 5 bicicletas abandonadas por mês no sistema todo.
Fonte: Entrevista com operadoras, CCR, ViaQuatro, ViaMobilidade e Scoo, 2020
No começo, as pessoas deixavam muito a bicicleta como se fosse o estacionamento de casa. Podiam deixar um mês a bicicleta lá. Agora, não pode ficar mais
de 3 dias senão é recolhida. Ainda assim, tem muita bicicleta que ultrapassa o
limite máximo de tempo de estacionamento. A gente até pensou em cobrar uma
taxa pelo recolhimento. Vamos dizer que eu fosse duas vezes por semana no
Largo da Batata, recolhia umas 20 bicicletas por semana. Depois que ela é recolhida, permanece por 15 dias no galpão e disparamos email avisando a cada 5
dias. Antes, ficava 30 dias, mas o número aumentou muito. Dali, vai para doação.
Fonte: Entrevista com operadoras, Tembici, 2020
Para casos de bicicletas abandonadas, há duas opções possíveis. Ambas penalizam diretamente a operadora e a segunda penaliza também ciclistas que não necessariamente fizeram algo de errado.
A primeira é executar a política estabelecida pelos termos de uso e recolher as bicicletas. Trata-se de uma operação custosa, pois é preciso deslocar funcionários para
realizar periodicamente a atividade de recolha, dispor de um veículo capaz de levar
as bicicletas e manter uma área disponível para abrigá-las até o momento em que
poderão ser doadas - normalmente, um prazo de 30 dias. Além disso, sempre há a
possibilidade de reclamações e disputas, o que pode significar danos de imagem para
quem faz a operação.
A segunda alternativa é deixar de recolher as bicicletas, ou fazê-lo apenas em casos
de estadias extremamente longas. Isso significa menor custo operacional, mas prejudica diretamente o nível de serviço oferecido ao penalizar ciclistas não relacionados
ao problema com número cada vez mais reduzido de vagas. Bicicletários lotados com
ciclistas estacionando na rua e eventualmente tendo suas bicicletas roubadas pode
resultar em fortes coberturas jornalísticas e consequente dano de imagem para a
operadora.
5 Dados não disponíveis para Ascobike e Tembici.
102
103
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
SEGURANÇA DO SISTEMA - DADOS DE FURTOS E ROUBOS
De modo a cumprir a função de estacionamento de longa duração para bicicletas,
bicicletários possuem como característica fundamental a segurança. É por este motivo que os marcos legais municipais associam o termo “bicicletário” à existência de
“zeladoria presencial ou eletrônica”, tornando a operadora responsável pela guarda
do veículos, e que os termos de uso relacionados a eles fixam um período máximo de
estadia.
Bicicletários são mesmo seguros? Para responder a esta pergunta, é preciso saber
quantos furtos ou roubos a bicicletas foram registrados pelas operadoras. Dados dos
últimos três anos apontam que o número de casos é baixo.
Operadora
Bicicletários
2017
2018
2019
CPTM
33
0
2
4
EMTU
3
0
8
1
METRÔ
4
2
0
0
SOCICAM
10
0
0
2
VIAMOBILIDADE
9
0
0
0
VIAQUATRO
4
1
1
1
Total geral
63
3
11
8
Tabela: Números de furtos ou roubos de bicicletas reportados pelas operadoras6
Chama a atenção o número de casos relacionados à EMTU, que opera apenas três
bicicletários. Os bicicletários dos terminais metropolitanos Jabaquara e São Bernardo
são de tipo gradil aberto e o de Santo André é misto, com uma área aberta na frente e
fechada atrás7. À noite, esses bicicletários são fechados e ficam sem vigia. Por este
motivo, os termos de uso da EMTU não permitem o pernoite da bicicleta.
De acordo com os dados reportados, pode-se dizer que a praticamente todos os
bicicletários são seguros. Nas entrevistas realizadas com as operadoras fica clara a
importância da existência de zeladoria para a segurança dos equipamentos.
Há funcionários terceirizados cuidando dos bicicletários. No mais, esquema de
segurança é o mesmo do Metrô. Acontece roubo e furto, há casos em que a pessoa diz que perdeu a plaqueta e na verdade era de outra pessoa. Aí fazemos o
BO. Mas é raro acontecer.
Fonte: Entrevista com operadoras, Metrô, 2019
Em caso de ocorrer [furto ou roubo], segue o trâmite de uma ocorrência normal:
faz BO, ativa a seguradora e o cliente é ressarcido direto pela seguradora. A frequência é muito baixa. Tem o fato de haver funcionário, equipe de segurança,
comunicação com órgãos públicos, câmeras etc. A experiência que temos no
compartilhamento de patinetes e bicicletas é que a criminalidade existe e quanto
menos você se coloca vulnerável a ela menos se expõe. No sharing, por exemplo,
houve o extravio de um patinete alugado e o GPS foi acompanhado até a casa da
pessoa. Isso cai no boca-a-boca, de que não é fácil de roubar, e acontece também
com o bicicletário.
Fonte: Entrevista com operadoras, CCR, ViaQuatro, ViaMobilidade e Scoo, 2020
dava para testar. Começaram a haver furtos. Tentamos monitorar por câmera.
A pessoa deixava sem a trava, levavam. Outra opção foi fazer a pessoa descer
até o SSO para fazer o registro de entrada, mas isso ficou desconfortável para
o usuário. O sistema mais funcional é o da trava magnética e da biometria, que
traz seus desafios como pessoas com digital ruim, mas funciona bem. Ainda não
há uma solução autônoma tão boa que supra ter uma pessoa lá para orientação,
conferir os requisitos etc. (...) Vamos atualizando o termo de uso conforme a
experiência de uso. Tentamos deixar o Fradique sem controle e não funcionou.
Sistema de abertura por interfone e não funcionou. E manter atendente dentro do
bicicletário é o que mais mitiga furto e roubo.
Fonte: Entrevista com operadoras, CCR, ViaQuatro, ViaMobilidade e Scoo, 2020
Nos bicicletários do Paraíso e da Praça dos Arcos, chegaram a quebrar os vidros
algumas vezes, à noite. O alarme e a câmera são ligados com a empresa de
segurança, mas fazem muito rápido. Entram para pegar celular, notebook, nunca
levaram bicicletas. No Largo da Batata, tem um cara que rouba as bikes paradas
no paraciclo [colado no bicicletário]. Todo mundo sabe quem é, ele já apareceu
até na TV, mas não conseguiram pegá-lo em flagrante ainda, mesmo com a GCM
do lado. Caso tenha roubo de bicicletas, temos um seguro. Nosso maior diferencial é que a gente nunca esperou chegar no seguro. Reembolsamos o valor cheio
da bicicleta. Qualquer coisa que acontece com ciclistas, damos a resposta de
imediato - primeiro resolve problema para o ciclista, depois resolvemos para nós,
pois tem muita burocracia.
Fonte: Entrevista com operadoras, Tembici, 2020
Em Santo André, havia um bicicletário que era da Prefeitura. Era uma viela com
paraciclos. Fechou, pois roubavam muitas bicicletas. Pela legislação, a gente [o
Estado] é responsável por manter a bicicleta. A empresa terceirizada que cuida
dos nossos bicicletários já é ciente disso e tem que treinar os funcionários para
que não aconteça. Temos pouca reclamação. Furtos foram dois em um ano. Na
terceira, houve um roubo armado, o assaltante escolheu a bicicleta. Quando é
assim, exigimos nota fiscal. A empresa de segurança fez o ressarcimento e também pagou os dois furtos.
Fonte: Entrevista com operadoras, EMTU, 2019
A segurança é a mesma do terminal. As câmeras são do terminal que acabam
pegando os bicicletários, mas não tem um monitoramento específico. Em alguns
lugares, a gente reposicionou a câmera. Em caso de roubo, tem que fazer o BO.
O que a gente pede é que a pessoa comprove que a bicicleta é dela: ter foto,
ter recibo, nota fiscal. Não temos seguro, nós é que fazemos o ressarcimento.
Tem muito caso de pessoas que montaram a bicicleta, então o valor é difícil de
mensurar. A gente avalia, conversa. Teria que ter um cadastro com o valor da
bicicleta, para inclusive poder ir atrás de seguro. [Nas estruturas] que não têm
controle de acesso, é difícil alguém deixar a bicicleta. Teve caso de furto que nem
chegava pra gente, pois quando não tem o controle em muitos casos a pessoa
nem reclama, ela assume o risco.
Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020
O bicicletário tem um custo operacional, que tentamos diminuir de várias maneiras. Primeiro, tentamos não manter um funcionário lá. No Butantã e no Morumbi
não dava para testar, mas [nas estações] Fradique Coutinho e Pinheiros no início
6 Dados não disponíveis para Ascobike e Tembici.
7 É neste último onde está a maior parte dos casos: 5 em 2018 e 1 em 2019.
104
105
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE VAGAS EM BICICLETÁRIOS OPERACIONAIS
Observação: os dados deste item estão atualizados até 15 de julho de 2020.
Bicicletários possuem diferentes tamanhos. A cidade de São Paulo possui 49 bicicletários, dos quais o menor é o da Sé, com 20 vagas, e o maior é o da USP Leste, com
270 vagas. A média dos bicicletários operacionais da cidade fica em 126. O gráfico a
seguir mostra a distribuição dos tamanhos dos bicicletários ativos da capital paulista
em faixas de 30. Nota-se a maior parte possui entre 60 e 90 vagas
12
10
8
6
4
DISTÂNCIAS PERCORRIDAS PARA CHEGAR AOS BICICLETÁRIOS
Uma pesquisa da CPTM junto com a Ascobike em 2005 estimou que ciclistas percorriam uma distância, em geral, de 3 a 6 quilômetros para chegarem ao bicicletário
de Mauá (Paiva, 2017). Com o objetivo de fazer o mesmo tipo de estimativa, a Ciclocidade acessou o banco de dados da pesquisa de perfil de quem usa os bicicletários da
CPTM realizada pela companhia em 20098, para calcular as distâncias em via percorridas até os bicicletários. Para isso, georreferenciou os endereços de origem declarados nas entrevistas e traçou rotas de tais pontos até os bicicletários, tendo como base
a ferramenta Open Route Service. A metodologia e os resultados completos podem
ser vistos no “Caderno de Anexos”, uma publicação separada deste texto. O resumo
encontra-se na tabela abaixo.
Local
Dentro da cidade de SP
Fora da cidade de SP
Amostra
501
381
dist_10%
1.115
2.167
dist_25%
1.485
2.836
dist_50%
2.148
3.909
dist_75%
3.217
4.723
dist_85%
4.327
5.332
dist_90%
4.945
5.717
Tabela: Distribuição das distâncias estimadas percorridas para chegar aos bicicletários da
CPTM em 2009, em metros. Fonte: Ciclocidade, 2020.
2
Para bicicletários situados dentro da cidade de São Paulo, a maior parte das viagens
(percentil 75%) percorreu 3,2 km para chegar aos bicicletários. Quando observado o
percentil 90%, as distâncias foram de até 5 km em via. Apenas 6% dos deslocamentos
foi de menos de 1 km.
0
Já os fora da capital e ligados às linhas férreas e ao corredor de ônibus ABD são
maiores. Somam ao todo 18 bicicletários, dos quais o menor é o de Jandira, com 48
vagas, e o maior é o de Mauá, com 1.968 vagas. A média dos bicicletários operacionais metropolitanos fica em 287. O gráfico a seguir mostra a distribuição dos tamanhos dos bicicletários ativos fora capital paulista em faixas de 30. Nota-se que estão
bem distribuídos, com número um pouco maior nas faixas entre 60 e 90 e entre 150
e 180 vagas.
Em bicicletários fora da cidade, muito influenciados pela grande amostragem de
Mauá, as distâncias foram maiores: o percentil 90% ficou até 5,7 km em via; o percentil
75% até 4,7 km em via; apenas 0,5% percorreu menos de 1 km (Ciclocidade, 2020).
Tamanhos de bicicletários fora da capital paulista
3
2
1
0
8 Ao todo, a CPTM realizou quatro pesquisas de perfil de usuários de bicicletários. As já citadas de 2005
(somente em Mauá) e 2009, outra em 2012 e a última em agosto de 2020. A análise de dados realizada
em 2019 usou a base da pesquisa de 2009, cujas informações de origem estavam mais consolidadas que
a de 2012.
106
107
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
AUMENTO DE ENTREGADORES E USO DOS BICICLETÁRIOS
O aumento do número de entregadores de bicicleta é uma realidade em São Paulo
e estes trabalhadores se tornaram grandes usuários dos bicicletários. Durante as visitas a campo aos equipamentos, entre fevereiro e março de 2020, estavam presentes
em grande número em locais tão diferentes (e distantes) quanto as estações Santa
Cruz (zona sul), Carrão (zona leste) Fradique Coutinho e Faria Lima (zona oeste).
Há poucos dados sobre este aumento, mas ele é considerado como uma das fortes
motivações para que a organização Aliança Bike fizesse, em 2019, uma pesquisa de
perfil desses ciclistas. No relatório, citam que “na ciclovia da Av. Brigadeiro Faria Lima
(eixo cicloviário de maior uso em todo o país), onde a Aliança Bike realiza contagens
sistemáticas, ciclistas com bolsas térmicas eram 2% dos 4.840 contados em 2018.
Passaram a ser 7% dos 6.377 em 2019. Em números absolutos, trata-se de aumento
de 5,4 vezes em um ano” (Aliança Bike, 2019).
A pesquisa traz ainda um gráfico comparativo entre as contagens de 2018 e 2019
em que se vê a concentração de ciclistas com bolsas térmicas principalmente das
10h às 18h.
Entregadores concentrados na estação Santa Cruz.
Fotos: Carlos Lopes.
Gráfico. Ciclistas com bolsa térmica, por turno, na Av Faria Lima. Fonte: Aliança Bike, 2019.
Uma movimentação similar é percebida nos bicicletários do Largo da Batata, Praça
dos Arcos e estação Paraíso, todos situados na região centro-oeste e operados pela
empresa Tembici.
Dados do sistema informatizado para o acumulado do ano 2018 registraram um
saldo entre entradas e saídas de característica tipicamente pendular. Pela manhã,
a partir das 8h, a maior parte das pessoas guardava a bicicleta, movimentação que
durava até o horário do almoço. A partir das 15h, o fluxo invertia e os veículos começavam a dar saída até às 23h.
Mochilas guardadas junto com as bicicletas no bicicletário da estação Carrão.
Flavio Soares, 2020..
108
Em 2019, o fluxo inverte de forma acentuada e demonstra aumento expressivo na
rotatividade das vagas. As bicicletas passaram a entrar às 9h, mas começaram a sair
cedo, a partir das 11h. O movimento de saída é muito mais forte e permanece até
às 16h, horário em que as pessoas começam a voltar com seus veículos. Inicia-se
então uma forte movimentação de entrada nos bicicletários, que dura até o início da
madrugada.
109
Dados gerais sobre bicicletários Tamanho, uso, tempo de estadia, abandono, furtos
SUGESTÕES DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DO SISTEMA
Variação Entrada / Saída - Bicicletários Largo da Batata, Praça dos Arcos e Paraíso 2018
A movimentação de bicicletas (entradas em bicicletários). Trata-se do mínimo denominador comum a todas as operadoras, mesmo quando a coleta é realizada de
forma manual. A relação entre a quantidade de entradas e a capacidade de vagas
disponível é um indicador de rotatividade e ajuda a entender o quanto o bicicletário
está sendo usado para alimentar o transporte público de média e alta capacidades.
455
273
171
203
432
265
96
78
18
-82
Dados de ocupação (entradas + estacionárias). O número de entradas não informa
quantas bicicletas não se movimentaram ao longo do dia nos bicicletários. Portanto
sugerem mas não são capazes de indicar lotação dos estacionamentos. Este dado só
é possível de conseguir em sistemas informatizados ou digitalizados.
45
40
-32
-104
-108
45
4
-56
-99
-143
-210
-299
-422
Tempo médio de estadia. Capaz de dizer o quanto as bicicletas estão ficando paradas. Tempos muito altos, em especial acima dos permitidos nos termos de uso das
operadoras, resultam em custos logísticos extras relacionados à retirada das bicicletas para um local de guarda e, finalmente, doação.
-545
Bicicletas abandonadas. Relacionado ao indicador acima. Após a percepção de que
há bicicletas estacionadas por mais tempo do que deveriam, há uma série de esforços
que as operadoras buscam empreender para não chegar à quebra da trava e retirada
da bicicleta. O indicador de bicicletas abandonadas informa com maior precisão o
quanto tais esforços não deram resultados. Idealmente, este número deve ser muito
baixo ou próximo de zero.
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
0
1
2
3
4
Gráfico: Variação entre entradas e saídas nos bicicletários Largo da Batata, Praça dos Arcos
e estação Paraíso em 2018. Fonte: Elaboração própria, 2020.
Variação Entrada / Saída - Bicicletários Largo da Batata, Praça dos Arcos e Paraíso 2019
1.979
1.416
853
704
732
624
645
453
210
202
21
425
67
34
3
Roubos e furtos. Sendo a característica principal dos bicicletários a segurança, estes números devem estar próximos de zero.
Transparência dos dados. Trata-se de um indicador não negociável, sendo premissa
para a operação do sistema. Sem a possibilidade de acessar os dados é impossível
monitorá-lo. O acesso aos dados deve estar previsto desde o momento da assinatura
dos contratos entre poder público e operadoras.
Número de reclamações (?). Tende a ser um indicador almejado pelas operadoras,
pois em teoria é fácil de obter sem muitos esforços. A (pouca) informação que ele é
capaz de gerar costuma a refletir essa falta de esforço. Na prática, não há informações nos bicicletários sobre os canais de reclamação. Quando ela acontece, a crítica
é jogada para serviços gerais de atendimento, sendo virtualmente impossível distinguir quais se referem aos equipamentos. Ademais, os índices de qualidade presentes
na forma de avaliação das empresas concessionárias ignoram a existência dos bicicletários, fazendo com que críticas ou sugestões relacionados a eles não os afetem.
Com isso, a adoção de um indicador com base somente no número de reclamações
é questionável.
-6
-49
-93
-208
-488
-1.282
-1.357
-2.839 -2.149
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
0
1
2
3
4
Gráfico: Variação entre entradas e saídas nos bicicletários Largo da Batata, Praça dos Arcos
e estação Paraíso em 2012019 (à direita). Fonte: Elaboração própria, 2020.
110
111
6. OPERAÇÃO
DOS BICICLETÁRIOS
A tabela abaixo traz um resumo da quantidade de bicicletários e vagas por operadora.
Observação: os dados desta seção estão atualizados até 15 de julho de 2020.
Municipal
Operadora
Bicicletário
Metropolitano
Paraciclo
Bicicletário
Paraciclo
Quantidade Vagas Quantidade Vagas Quantidade Vagas Quantidade Vagas
ASCOBIKE
1
1.968
CPTM
18
3.466
15
2.790
EMTU
1
225
2
402
METRÔ
4
340
SCOO
13
1096
SME
1
302
18
5.160
SOCICAM
10
833
TEMBICI
2
170
Total geral
49
6.432
25
450
24
1022
49
1472
1
32
1
32
Tabela: Bicicletários e paraciclos separados por operadora ou órgão principal.
Fonte: Elaboração própria (2020).
Bicicletas com lacres numéricos de identificação no bicicletário
da estação Engenheiro Goulart. Foto: Flavio Soares, 2020
Operação dos bicicletários
A operação varia em tipo: a cargo da própria companhia, parcerias público-privadas,
associações ou empresas. Os formatos de operação se baseiam, por sua vez, em
diferentes tipos de relação contratual observados: contrato de prestação de serviços,
convênio de cooperação técnica, termo de permissão de uso, termo de cessão de uso,
termo de cooperação e termo de credenciamento. Todos os dados desta seção têm
como fonte os contratos estabelecidos entre Poder Público e as operadoras, acessados via Lei de Acesso à Informação.
A falta de uma diretriz ou de uma política consistente relacionada aos bicicletários,
carência comum tanto ao Município quanto ao Estado, é refletida nos contratos entre
Poder Público e operadoras, nos termos de uso entre as operadoras e seus usuários,
assim como na qualidade (em geral, ruim) das informações contidas nos sites das
operadoras.
Os 49 bicicletários da cidade de São Paulo e os 18 fora da capital ligados às linhas
férreas e ao corredor de ônibus ABD são mantidos por 8 diferentes operadoras1, cada
qual com diferentes tipos de contrato fixado com o Poder Público.
1 O bicicletário mantido pela Secretaria Municipal de Educação (SME) junto ao CEU Parelheiros e em
frente ao Terminal Parelheiros é muito pouco documentado. Não fosse pelo alerta de alguns técnicos
durante as rodadas de apresentação de resultados, não teria sido incluído. O bicicletário consta aqui com
as informações básicas que puderam ser mapeadas, mas os contratos e termos de uso não puderam ser
acessados.
112
113
Operação dos bicicletários
Não sendo a atividade central das operadoras dos sistemas de transporte de média
e alta capacidades, os bicicletários tendem a ser terceirizados, ficando por vezes a
vários degraus de distância do órgão fiscalizador - órgão este que em casos mais
críticos pode chegar a sequer se preocupar com que tipo de informação pode receber.
Tal posição é bem ilustrada nos diagramas apresentados abaixo.
Caso a concatenação de contratos não preveja itens essenciais como forma de
gestão e repasse de dados, dias e horários de operação e responsabilidade da operadora, e caso esses diversos tipos de contratos não estejam alinhados entre si para
exigirem operações similares, torna-se virtualmente impossível avaliar o desempenho
dos sistemas de bicicletários municipal e metropolitano, mesmo para um órgão público. A própria difusão dos dados existentes hoje é um elemento dificultador, pois
não chegam a órgãos centrais como a Secretaria de Transportes Metropolitanos ou a
Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes.
Os dados, a gente guardava, não repassávamos. Não fazia acompanhamento.
Aí quando veio o pedido [de s-SIC] mudou tudo. Todo mundo queria ver o controle. Em janeiro [de 2020] consolidamos uma nova forma de monitorar e então
os dados já começaram a ir para a SPTrans com base na cobrança [do e-SIC].
(...) Pra nós foi uma vitória chegar nisso, mas tem muita coisa para melhorar. A
questão do Bilhete Único, como a gente já faz as catracas, seria o ideal para fazer
o controle de acesso. Hoje, para você ter o bilhete você precisa ser cadastrado.
Facilitaria. Você teria que ter o aparelho igual ao que tem aqui: a catraca não cobra passagem nem reduz o seu saldo de viagens, ela só faz o controle de acesso.
Basicamente esse controle você teria no bicicletário.
Fonte: Entrevista com operadoras, Socicam, 2020.
Em geral, os termos e contratos realizados têm sido satisfatórios no que se refere à
obrigatoriedade de vigilância/zeladoria, manutenção dos espaços e prestação de contas (o que é diferente de fornecer dados de uso), mas desconexos ao não estabelecer
horários de funcionamento compatíveis com os dos terminais e estações, pouco claros sobre de quem é a responsabilidade em casos de furtos ou roubos e às vezes ausentes no que se refere ao acompanhamento e fornecimento dos dados de operação2.
O Metrô alternou a operação dos bicicletários entre termos de cooperação com empresas, permitindo que fornecessem também bicicletas compartilhadas, e a própria
companhia. Entre 2008 e 2013, foi firmado um Convênio de Cooperação Técnica com
o Instituto Parada Vital. Em 2013, a operação passou para a empresa FGTV Produções, tendo como base um Termo de Credenciamento, cujo contrato durou menos
de um mês. Quando o Metrô assumiu a operação, a vigilância e a manutenção dos
bicicletários passaram a ser feitas pelas mesmas empresas contratadas para os serviços das estações, por meio de contratos oriundos de licitação.
Nas linhas do Metrô concedidas à iniciativa privada (ViaQuatro e ViaMobilidade), a
operação dos bicicletários fica a cargo das concessionárias, que podem terceirizar
o serviço. Inicialmente, eram operados por elas, com exceção da estação Butantã
que foi mantido pelo Instituto Parada Vital entre 2011 e 2013. Em novembro de 2019,
a operação e a manutenção dos bicicletários de ambas as linhas passaram para a
startup Scoo Mobilidade por meio de contrato direto de prestação de serviço. Por se
tratar de um documento firmado entre duas empresas, não é possível acessá-lo via
Lei de Acesso à Informação.
ESTADUAL
fiscaliza a operação
CONCESSÃO
No caso da CPTM, a gestão dos bicicletários é por conta da própria companhia,
que abre licitação para contratar empresas terceirizadas para executar os serviços de
manutenção e vigilância das estações. Nesses contratos, os bicicletários aparecem
como locais em que deve haver manutenção e como um dos postos de vigilância
onde deve haver funcionário exclusivo dedicado. À cargo da CPTM fica a fiscalização.
As exceções são o bicicletário da estação Mauá, da Linha 10 - Turquesa, administrado
pela Ascobike desde 2002, e os das estações Santo André e Pinheiros, administrados
pela EMTU e ViaQuatro/Scoo, respectivamente.
EMTU
CPOS
fiscaliza
(até 2019)
LICITAÇÃO
NO ESTADO DE SÃO PAULO
STM
SeGov
Empresas de
vigilância e de
manutenção
administra
(até 2019)
fiscaliza
(a partir
de 2020)
Terminais
de ônibus
intermunicipais
CPTM
METRÔ
fiscaliza a
operação
LICITAÇÃO
ViaQuatro
Linha 4
Amarela
ViaMobilidade
Linha 5 Lilás
fiscaliza a
operação
TERMO DE
PERMISSÃO
DE USO
LICITAÇÃO
fiscaliza a
operação
TERMOS E
CONDIÇÕES
DE USO
Empresas
de vigilância
e manutenção
Ascobike
Empresas
de vigilância
e manutenção
SCOO
Estações
de trem
Estação
Mauá
Estações
de metrô e
monotrilho
Estações
da Linha 4
Amarela e
Linha 5 Lilás
Diagrama: Hierarquia institucional em nível estadual. Fonte: Elaboração própria, 2020
Com relação à EMTU, até 2019 a contratação das empresas de vigilância e de manutenção era realizada por meio de licitações separadas pela CPOS - Companhia Paulista de Obras e Serviços, que ficava também a cargo da fiscalização do contrato,
embora a administração do serviço ficasse na prática com a EMTU. A partir de 2020,
os processos passaram a ser feitos diretamente pela EMTU. O contrato com as empresas, assim como na CPTM, prevê a vigilância, manutenção e elaboração de relatórios para a EMTU.
2 Ver mais detalhes no capítulo “Dados gerais sobre bicicletário”
114
115
Operação dos bicicletários
NA CIDADE DE SÃO PAULO
De acordo com a licitação de concessão dos serviços de transporte coletivo de
passageiros da cidade de São Paulo assinada em 2019, a administração, operação e
manutenção dos terminais e estações municipais de ônibus deverão ser realizadas
de forma conjunta entre todas as diferentes empresas concessionárias e fiscalizados
pela SPTrans. As empresas designaram o SPUrbanuss - Sindicato das Empresas de
Transportes Coletivos de Passageiros de São Paulo, que por sua vez estabeleceu um
contrato de prestação de serviços com a empresa Socicam Administração, Projetos
e Representações Ltda.
Pelo Termo de Referência da licitação, a operadora deve se responsabilizar pela
guarda das bicicletas e os bicicletários devem ter controle de acesso. Embora a licitação dos ônibus obrigue as empresas concessionárias a manter os terminais e
estações de ônibus e, com eles, os bicicletários, a perspectiva de receber dados da
operação dos bicicletários não está prevista no instrumento. A avaliação e a fiscalização são feitas com base em um Sistema de Mensuração de Desempenho - SMD, cujos
indicadores desconsideram o equipamento como um todo. Os terminais, assim como
os bicicletários, devem funcionar 24h por dia.
MUNICIPAL
fiscaliza a
operação
Subprefeitura
Pinheiros
Subprefeitura
Sé
TERMO DE
COOPERAÇÃO
SMT
SPTrans
TemBici
fiscaliza a
operação
fiscaliza a
SPUrbanuss/ operação
SOCICAM
Os bicicletários da Tembici instalados como mobiliário urbano têm como base Termos de Cooperação com as Subprefeituras de cada território - Largo da Batata, Paraíso e Praça das Arcos. No Terminal Cidade Tiradentes, um Termo de Cessão de Uso foi
firmado entre Tembici, Socicam e SPUrbanuss. Em geral, nos termos há obrigatoriedade da Tembici de realizar a operação, manutenção e gerar relatórios mensais do fluxo.
Já no caso do bicicletário mantido pela Secretaria Municipal de Educação (SME)
no CEU Parelheiros e em frente ao Terminal Parelheiros, não foi possível delinear o
organograma (ver primeira nota de rodapé desta seção).
Subprefeitura
Vila Mariana
TERMO DE CESSÃO
CONTRATO
Bicicletário como
mobiliário urbano:
Largo da Batata, Praça
dos Arcos e Paraíso
Empresas
de vigilância
e manutenção
TemBici
Terminais de ônibus
municipais e estações
do Expresso Tiradentes
Terminais Cidade
Tiradentes
Diagrama: Hierarquia institucional em nível municipal. Fonte: Elaboração própria, 20203
3 O bicicletário mantido pela Secretaria Municipal de Educação (SME) junto ao CEU Parelheiros não consta no diagrama pois há poucas informações disponíveis sobre ele.
116
117
Operação dos bicicletários
ITENS ESSENCIAIS A SEREM PREVISTOS NOS CONTRATOS RELACIONADOS A
BICICLETÁRIOS
Tendo como base os diferentes contratos estabelecidos entre Poder Público e operadoras ao longo dos anos, é possível observar alguns itens essenciais de serem abordados nos casos de bicicletários. Sem o objetivo de exaurir o tema, os itens abaixo
podem servir como uma lista de checagem para que os elementos mais importantes
não deixem de ser abordados.
No caso de contratos curtos, de um a dois anos, tais informações podem estar contidas diretamente no termo a ser assinado. Para o caso de contratos de longa duração
ou cujo objeto principal não é o bicicletário em si mas uma linha ou um terminal, é recomendável que os itens sejam definidos em uma regulamentação ou normativa operacional externa, já existente ou que venha a ser delineada posteriormente. É o modo
como o Metrô faz com as empresas de vigilância e como foram feitos os contratos de
concessão das linhas 4 - Amarela e 5 - Lilás. A prática permite menor engessamento
de eventuais pontos que necessitarão ser revistos e é especialmente válida caso um
mesmo órgão gestor (por exemplo, secretarias de mobilidade e transporte) seja responsável pela assinatura de diferentes contratos, pois garante um padrão facilmente
reconhecível de operação.
Conforme comentado, os problemas mais comuns observados nos contratos se
referem a não estabelecer horários de funcionamento compatíveis entre bicicletários
e terminais e estações aos quais estão interligados; a não explicitar de quem é a responsabilidade em casos de furtos ou roubos; e em não prever como serão fornecidos
os dados de operação, fundamentais para identificar se os equipamentos estão cumprindo com os objetivos e se há melhorias a serem feitas.
LISTA DE CHECAGEM DE ITENS A SEREM CONTIDOS EM CONTRATO COM OPERADORAS
Observação: A lista de checagem não é exaustiva e pode conter outros itens, a depender do contexto de cada local/equipamento.
• Duração do contrato, bem como possibilidade e forma de renovação;
•Caso seja preciso construir o bicicletário ou implantar os suportes, quem o faz,
em quanto tempo, quantas vagas terá e o que acontece com os equipamentos
após o término do contrato;
• Dias e horários de funcionamento dos bicicletários, que idealmente devem seguir
o horário de funcionamento das estações ou terminais aos quais pertencem;
• Obrigatoriedade ou não de fazer cadastramento, assim como quais dados devem
ser solicitados. Informações típicas são dados pessoais, gênero, idade, endereço
e formas de contato. O cadastro deve prever também formas de identificar a bicicleta e de associá-la à(s) pessoa(s) cadastrada(s), o que pode incluir fotografias,
descrições, número de série e/ou características marcantes do veículo;
• Caso o bicicletário tenha conveniências como banheiros, bebedouros ou kit de
reparos, como será o acesso;
• Como será a zeladoria, se presencial, se eletrônica ou ambas;
• Como será feita a gestão do processo de guarda / controle de acesso e quais
dados serão registrados no momento da entrega da bicicleta;
• Obrigatoriedade de disponibilização de termos de uso e onde ficarão disponíveis.
Idealmente, os regulamentos devem estar afixados nos locais físicos dos equipamentos, ficarem disponíveis online no site da operadora ou do órgão responsável
(fiscalizador) e serem enviados por email tanto no momento do cadastro quanto
no caso de eventuais atualizações;
118
• Em caso de zeladoria presencial, obrigatoriedade de manter pelo menos um funcionário presente no local;
• Obrigatoriedade (ou não) de uso de uniforme e/ou crachá de identificação de
funcionários;
• Regime de trabalho (quantidade de horas diárias), escala, substituição e posto de
trabalho de funcionários. Caso o contrato seja dirigido a uma empresa de vigilância, o bicicletário deve estar especificado como um posto de trabalho;
• Obrigatoriedade de cumprimento das leis trabalhistas e previdenciárias para com
funcionários empregados, prevendo encargos trabalhistas e responsabilização em
caso de acidentes de trabalho;
• Definir com clareza quem responde pela guarda das bicicletas. Em outras palavras, caso haja furto ou roubo dos veículos, quem será responsabilizado. Normalmente, este item fica a cargo das operadoras;
• Obrigatoriedade ou não de contratação de seguro e o que o seguro deve cobrir;
• Como será feita a fiscalização da operação. Para que a fiscalização seja feita,
é comum prever acesso às dependências físicas e aos dados de operação (em
formato resumido e/ou bruto) e amplos poderes ao órgão fiscalizador. Dentre os
poderes está o de vetar métodos de trabalho ou mesmo o de sustar atividades em
execução que estejam em desacordo com o contrato;
• Definir com clareza quem lida com reclamações de usuários e quais canais serão
utilizados para isso. Normalmente, este item fica a cargo do poder concedente,
mas há casos em que a própria operadora se responsabiliza
• Caso a remuneração da operadora dependa de indicadores de qualidade, definir
se e como a operação dos bicicletários faz parte de tais indicadores;
• Obrigatoriedade de fornecimento de dados de operação. Os dados podem variar em tipo e abrangência. No mínimo, devem cobrir o número de bicicletas que
deu entrada por dia por bicicletário, número de bicicletas roubadas ou furtadas e
número de bicicletas consideradas abandonadas. Dados extras e que são úteis
são os relacionados ao perfil de usuários (gênero, faixa etária), tempo médio de
estadia, número de bicicletas cadastradas no sistema, quantidade de bicicletas
estacionadas por dia (considerando entradas + bicicletas estacionárias que não
se movimentaram). Os dados devem ser fornecidos de forma resumida e em sua
versão bruta (base de dados);
• Se o bicicletário for fruto de cessão de espaço, definir se a cessão será gratuita
ou se haverá algum tipo de pagamento mensal;
• Possibilidade de cobrança ou não pelo uso;
• Quem faz a manutenção do espaço, dos equipamentos e dos suportes para as
bicicletas (paraciclos);
• Quem cuida e quais são as despesas recorrentes, tais como energia elétrica,
água, internet, sistema de cadastro, seguro, instalação de câmeras etc;
• Eventuais restrições relacionadas aos equipamentos, tais como veto a exploração
comercial, uso para outros fins ou mesmo caracterização de lucro com a operação;
• Quais são as obrigatoriedades do poder concedente. Em geral, estão relacionadas a estabelecer regras de operação; fornecer informações necessárias; vetar
práticas que estejam em desacordo com diretrizes estabelecidas; receber dados
de operação e indicadores de segurança (roubos e furtos); lidar com reclamações;
exercer fiscalização; aplicar sanções; e, a depender do caso, receber um montante
mensal pelo uso do espaço concedido.
119
Operação dos bicicletários
RESUMO DOS CONTRATOS ESTABELECIDOS COM AS OPERADORAS
Ascobike
O bicicletário de Mauá é operado pela Ascobike - Associação dos Condutores de
Bicicleta do Município de Mauá desde maio de 2002, ocasião em que foi assinado um
Termo de Permissão de Uso para Fins Diversos entre a associação e a CPTM.
O termo cede de forma gratuita uma área da CPTM à associação, em troca da implantação, manutenção e operação de um bicicletário para uso da comunidade local
mediante pagamento de impostos e taxas que incidem sobre o imóvel e sua utilização.
Para se manter, a Ascobike cobra uma taxa mensal de R$ 30 seus associados e R$
3 para o estacionamento avulso para quem não é associado4. O bicicletário oferece
comodidades para associados como oficina de conserto para bicicletas, assessoria
jurídica e café. O bicicletário funciona 24h por dia, todos os dias da semana.
Órgão principal relacionado: CPTM
Obrigatoriedades da operadora: Pelo termo, fica a cargo da associação instalar os
suportes em ganchos; manter a limpeza e a segurança da área cedida; conservar,
reparar e fazer a fiscalização do bicicletário; manter com recursos próprios funcionários para a segurança e cuidados com as bicicletas; responsabilizar-se por acidentes
com empregados; pagar a terceiros ou à CPTM danos e perdas que possam ocorrer; e
divulgar as informações que se fizerem necessárias para que a CPTM possa exercer
o papel de fiscalização das atribuições fixadas pelo contrato.
Fiscalização: À CPTM cabe o papel de fiscalizar se todas as obrigações estão sendo
cumpridas e fica isenta de danos sofridos em equipamentos do bicicletário ou em
bicicletas estacionadas.
Proibições: O termo não permite exploração comercial na área cedida.
O primeiro Termo de Permissão de Uso para Fins Diversos assinado pela
CPTM foi junto à Prefeitura Municipal de Barueri no dia 1º e maio de 2000.
Naquela ocasião, muitos ciclistas prendiam suas bicicletas na calçada ao
redor da estação Jardim Silveira.
Para endereçar o problema, as duas partes assinaram o termo em que cabia à Prefeitura a instalação de um bicicletário junto ao gradil da estação. O
equipamento deveria ser fechado “com grades ou tela, providenciando ainda
o fechamento do vão inferior das escadas”. Ficava ainda sob a responsabilidade da Prefeitura a segurança das bicicletas, manter a área ajardinada da
área e pagar impostos e taxas que incidissem sobre o imóvel e sua utilização.
O termo era muito similar ao assinado com a Ascobike, com a diferença
principal de que a Prefeitura deveria pagar à CPTM uma taxa mensal de R$
230 (cerca de R$ 1.000 em valores atuais5). Outra diferença é que a CPTM se
isentava de forma explícita quanto a possíveis roubos das bicicletas estacionadas, cláusula que é mais genérica no termo de 2002.
Ao que parece o bicicletário da prefeitura nunca chegou a ser concretizado.
No local, foram instalados suportes verticais para as bicicletas (paraciclos
verticais) sem zeladoria ou o fechamento previsto. Em 2018, a CPTM desativou os paraciclos e implantou um bicicletário com 279 vagas e controle de
acesso a alguns metros do vão da estação.
CPTM COM EMPRESA DE SEGURANÇA
O contrato foi firmado em setembro de 2015 por meio de licitação entre a companhia e a empresa Works Construção & Serviços Eireli para o serviço de controle, operação e fiscalização das dependências da CPTM incluindo bicicletários e ciclovias nas
Linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 8-Diamante, 9-Esmeralda, 11-Coral 12-Safira. Um contrato
típico pode durar 15 meses, podendo ser prorrogado por Termo de Aditamento. Vale
não apenas para os bicicletários como também para outras dependências da CPTM.
Ao longo dos anos foram feitos 5 Termos Aditivos para prorrogação do contrato,
acréscimo no quadro de funcionários e redução do valor por funcionário. Em 2015, o
contrato previa vigilância em 25 bicicletários e o último termo aditivo 33 estruturas,
sendo que por exemplo o de Suzano prevê 4 funcionários para atender a demanda.
Para os bicicletários, o regime de trabalho fixado no edital é de 24 horas diárias em
período diurno, de segunda a domingo. Não está especificado no contrato a duração
dos turnos e escala, mas na entrevista foi informado o turno de 12h6.
O contrato não informa de quem é a responsabilidade pela energia elétrica, água,
luz, impostos municipais e limpeza, e compreendendo-se por entrevista com operador
que é a cargo da companhia.
Órgão principal relacionado: CPTM
Obrigatoriedades da operadora: Embora não trate especificamente dos bicicletários, alguns itens se relacionam às atividades relacionadas aos equipamentos: manter
atualizado o cadastro dos funcionários seguindo as normas regulamentadoras internas; responsabilizar-se por danos à companhia ou a terceiros decorrentes de dolo
na execução do contrato; responsabilizar-se por eventuais perdas de equipamentos;
disponibilizar funcionários em quantidade necessária para execução do serviço; fornecer equipamentos para monitoramento (uniforme, prancheta, lápis/caneta e rádio).
4 Fonte: Website da Ascobike, link e Ficha de Associação.
120
5 Valor calculado com base no índice IGP-M (FGV) pela Calculadora do Cidadão do Banco Central do
Brasil, tendo como base os meses de maio de 2000 e junho de 2020.
6 Fonte: Entrevista com operadoras, CPTM, 2019.
121
Operação dos bicicletários
Fiscalização: Cabe à CPTM fiscalizar a qualidade dos serviços prestados, sendo
que a própria companhia tem orientações internas para as atividades desenvolvidas
pelos funcionários.
Proibições: O termo é geral e não faz restrições específicas ao funcionamento dos
bicicletários, mas há a proibição de subcontratação dos serviços.
EMTU COM EMPRESA DE SEGURANÇA
Os três bicicletários sob controle da EMTU e que estão relacionados com a linha férrea ou com o Corredor ABD ficam nos terminais metropolitanos Jabaquara, Prefeito
Celso Daniel-Santo André e São Bernardo do Campo. A operação dos equipamentos é
feita por uma empresa terceirizada.
A contratação dos serviços de “controle, operação e fiscalização de portarias e edifícios”7 para atender à EMTU era realizada até 2019 pela CPOS - Companhia Paulista
de Obras e Serviços, empresa vinculada à Secretaria de Governo do Estado. A partir
de 2020, passou a ser feita pela própria EMTU. O instrumento é um edital de oferta
de compra com pregão eletrônico. É no Termo de Referência deste edital, que passa
a fazer parte integrante do contrato a ser assinado, onde são definidas as atribuições
da prestadora de serviços.
Um contrato típico pode durar 12, 15 ou 30 meses, podendo ser prorrogado por Termo de Aditamento. Vale não apenas para os bicicletários como também para outras
dependências da EMTU. Para os bicicletários, o regime de trabalho fixado no edital é
de 12 horas diárias em período diurno (escala 12x36), de segunda a domingo. São 4
funcionários por bicicletário, que trabalham em dupla e fazem o revezamento de horários, das 6h-18h e das 10h-22h8.
É interessante observar que o bicicletário de São Mateus foi fechado em agosto de
2014, mas os editais de 2016 e de 2019 (com termos de aditamento 1 e 2) ainda traziam este equipamento como um dos postos de trabalho para o serviço contratado.
Só na licitação de 2020 é que ele foi retirado.
Obrigatoriedades da operadora: Segundo o termo, a empresa contratada fica responsável por fazer os controles de acesso, operação e fiscalização dos bicicletários,
bem como “registrar e controlar diariamente as ocorrências do posto em que estiver
prestando seus serviços” de forma que possa ser realizado “o acompanhamento diário do serviço prestado”.
Fiscalização: Também pelo termo, cabe à empresa contratante a fiscalização da
boa execução dos serviços. No caso dos bicicletários, na prática isso é feito pela própria EMTU, que recebe diariamente as informações sobre o número de bicicletas que
deram entrada nos diferentes bicicletários. A conduta dos funcionários contratados
com o público, o registro diário das ocorrências no posto designado, a operação dos
sistemas de controle de acesso e a reposição de mão de obra em caso de ausência
fazem parte de uma Avaliação de Qualidade, que pode impactar na remuneração da
empresa contratada.
Proibições: O termo é geral e não faz restrições específicas ao funcionamento dos
bicicletários.
7 A manutenção predial, que inclui os bicicletários, é realizada por outro edital de licitação, em um processo similar.
8 Fonte: Entrevista com as operadoras, EMTU, 2019.
122
METRÔ COM EMPRESA DE SEGURANÇA
Os quatro bicicletários sob controle do Metrô ficam nas estações Sé, Carrão, Vila
Guilhermina-Esperança e Corinthians-Itaquera. A operação dos equipamentos é feita
por uma empresa terceirizada de vigilância.
A contratação dos serviços de “vigilância e segurança patrimonial ostensiva no âmbito das instalações da Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô” é feita por
meio de licitação e engloba não apenas os bicicletários, mas as estações como um
todo. O documento técnico anexo ao contrato define vigilância ostensiva como aquela
que atua em “locais onde há a necessidade de preservação do patrimônio do Metrô
sendo executada por pessoas (...) preparadas para impedir ou inibir qualquer atuação
criminosa”.
O contrato assinado em 2019 tem a duração de 31 meses, podendo ser prorrogado
por períodos sucessivos por até 5 anos. A escala de trabalho é fixada por Ordem de
Serviço interna e os serviços são executados sob regime de empreitada por preço
unitário. No caso dos bicicletários, a escala é de 12x36 com turnos de 12 horas, sendo o turno diurno das 6h às 18h e o noturno das 18h às 6h. O custo de trabalho para
24 horas é de R$ 16.686,20 por mês9, embora os bicicletários operados pelo Metrô
funcionem somente das 6h às 22h e contem com 1 vigilante por turno, divididos nos
turnos 6h-14h e 14h-22h10.
Obrigatoriedades da operadora: A empresa deve disponibilizar vigilantes em quantidades necessárias para cada posto de trabalho não podendo deixá-los descobertos,
sendo que os quatro bicicletários são postos caracterizados no contrato. O termo
não é explícito sobre a responsabilidade em caso de roubos ou furtos de bicicleta,
mas deixa implícito ser da empresa ao responsabilizá-la por “danos causados a terceiros decorrentes de sua culpa ou dolo na execução dos serviços” e ao estabelecer
que deve fazer o “ressarcimento, reposição ou reparo de equipamentos, ferramentas, materiais e/ou instalações (...) que venham a ser danificados, roubados, furtados
ou extraviados por empregados da CONTRATADA ou quando a eles confiados”. Deve
prestar informações relativas aos serviços executados.
Fiscalização: Cabe ao Metrô fazer a ampla e completa fiscalização dos serviços
prestados, tendo para isso amplos poderes, inclusive o de vetar métodos de trabalho
que estejam em desacordo com as exigências estabelecidas pelo contrato.
Proibições: Não há proibições relacionadas aos bicicletários.
STM COM VIAQUATRO E VIAMOBILIDADE
Longas, com prazos que vão de 20 a 35 anos, as concessões realizadas pela Secretaria de Transportes Metropolitanos das linhas de Metrô têm adotado o caminho de
não especificar os bicicletários diretamente no contrato, mas tratá-los como bens integrantes das estações que serão operadas pelas empresas ganhadoras da licitação.
Os contratos preveem que a concessionária “poderá explorar fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados à concessão”, desde que não comprometam os padrões de qualidade do serviço concedido. Os bicicletários caem nessa categoria, podendo as concessionárias terceirizarem-nos “por sua
conta e risco” de forma a diminuir custos de operação e promover receitas acessórias.
9 Fonte: Pedido de e-SIC dirigido ao Metrô. A segurança é feita em 01 (um) posto de trabalho, diurno e
01 (um) posto noturno, por local, com escala de revezamento 12 X 36. O custo de trabalho para o vigilante
diurno é de R$235,78, o posto/dia, valor na data base 01/01/2018. Utilizado para o item 1.1.1, sendo:
R$235,78/dia x 30,44/mês = R$7.177,14/mês. O custo de trabalho para o vigilante noturno é de R$275,88,
o posto/dia, valor na data base 01/01/2018. Utilizado para o item 1.1.2, sendo: R$275,75/dia x 30,44/mês
= R$8.397,79/mês. Totalizando = R$15.574,93 X 1,07135. (Índice de Reajuste para todos os item da PSP).
Valor reajustado em: R$16.686,20, na data base 01/01/2020. Fator de multiplicação/mês = 30,44 e 21,75,
critério utilizado no CADTERC – Volume 1 – Vigilância e Segurança Patrimonial.
10 Fonte: Entrevista com as operadoras, Metrô, 2019.
123
Operação dos bicicletários
O interessante desses contratos (4-Amarela e 5-Lilás e 17-Ouro) é que mantêm a
regulamentação relativa à prestação dos serviços com o Poder Público, jogando-a
para um momento posterior em vez de fixá-las em um instrumento tão rígido quanto
o contrato de concessão. Tais disposições podem ser modificadas unilateralmente
“para melhor adequação ao interesse público e às conveniências dos demais modos de transporte público”, desde que respeitado o equilíbrio econômico-financeiro
do contrato.
de São Paulo, que por sua vez estabeleceu um contrato de prestação de serviços com
a empresa Socicam Administração, Projetos e Representações Ltda. Tal configuração
permanecerá até a eventualidade de os próprios terminais serem privatizados, individualmente ou em lote. A Prefeitura de São Paulo tem manifestado o interesse de
concedê-los em outro processo de licitação, com prazo de 30 anos. Após sucessivas
tentativas desde 201714, o processo foi suspenso em abril de 202015.
A remuneração das empresas depende de um indicador de qualidade ou desempenho do serviço, que costuma responder a um percentual baixo da composição (cerca
de 5%). O único item que poderia se referir aos bicicletários seria o genérico “Reclamações gerais da linha”, que por sua vez é um dentre vários do indicador.
Uma vez que os bicicletários são equipamentos que pertencem aos terminais, ficam
portanto sob a responsabilidade da Socicam. Pelo contrato de concessão, a empresa deve “manter o Bicicletário em perfeitas condições de uso, efetuando controle de
acesso e permanência das bicicletas, assumindo a responsabilidade pela guarda das
mesmas, durante o período da operação do Terminal”16.
Obrigatoriedades da operadora: Sendo parte das estações, os bicicletários devem
ser mantidos, vigiados e operados, mantendo a qualidade do serviço encontrada na
linha como um todo. O contrato exige a contratação de um seguro amplo, mas este
está mais relacionado aos equipamentos e às instalações como um todo, não sendo
específico ao bicicletário e não necessariamente relacionado às bicicletas que ficarão
estacionadas.
No caso do bicicletário do Terminal Cidade Tiradentes, a empresa cedeu o uso do
espaço (na prática, terceirizando a operação) para outra empresa, a Tembici. Na qualidade de gestora e fiscal dos contratos da licitação e da operação do Sistema de
Transporte Coletivo Urbano de Passageiros na Cidade de São Paulo, cabe à SPTrans
- São Paulo Transporte S/A o papel de fiscalizadora17, sempre com base nos termos
dos contratos assinados.
Fiscalização: A fiscalização fica a cargo do poder concedente, que deve ter acesso a
todas as dependências e tem “amplos poderes” para eventualmente sustar “qualquer
atividade em execução que, comprovadamente, não esteja sendo realizada de modo
satisfatório ou em desconformidade com o contrato”. Para exercer tal fiscalização, as
concessionárias ficam obrigadas a prestar informações e mesmo reportar em até 24
horas qualquer ocorrência anormal na linha.
A operação é feita 24h por dia, todos os dias, sendo necessários cerca de 1 funcionário por turno em uma escala de 12x36. Em momentos de maior movimentação do
bicicletário, outro funcionário é chamado por rádio para dar apoio operacional18.
Ainda como forma de exercer a fiscalização, os contratos podem conter uma cláusula específica garantindo ao poder concedente o acesso a todos os softwares “desenvolvidos e relacionados ao contrato de concessão”. O Poder Público também fica
responsável por receber e apurar queixas e reclamações de usuários.
Proibições: Não há proibições específicas relacionadas aos bicicletários.
SPTRANS COM SOCICAM
Pela licitação de concessão dos serviços de transporte coletivo de passageiros da
cidade de São Paulo assinada em setembro de 2019, a administração, operação e
manutenção dos terminais e estações municipais de ônibus deverão ser realizadas
de forma conjunta e “solidária, cabendo, por força de dispositivo contratual, a todas as
concessionárias que operam no sistema de transporte público municipal”11 - ou seja,
às empresas ganhadoras da licitação de 15 anos12.
Esta conjuntura passou a vigorar durante o período de transição anterior à assinatura dos novos contratos de concessão, momento em que houve a “formalização do
Termo de Aditamento aos Contratos de Concessão, em que foram transferidos aos
concessionários do sistema a responsabilização pelas atividades e os serviços de
manutenção geral, de vigilância e de segurança, limpeza e conservação, como também as regras para exploração das atividades econômicas acessórias no âmbito dos
terminais urbanos do sistema de transporte coletivo do município. Dentre as atividades e responsabilidades das concessionárias, consta a que devem cuidar da operação dos bicicletários instalados nos Terminais por todo o período de vigência dos
contratos”13.
Órgão principal relacionado: SPTrans (órgão fiscalizador)
Obrigatoriedades da operadora: Cabe à Socicam manter o bicicletário em perfeitas
condições de uso, efetuando o controle de acesso e de permanência das bicicletas e
assumir a responsabilidade pela guarda durante o período de operação do terminal.
Também deve fornecer facilidades como sanitários, bebedouros, quiosques de alimentação, caixas eletrônicos de bancos (entre outras) nos terminais e prestar informações sempre que solicitada por usuários. Os terminais e estações devem prestar
serviços 24h por dia, todos os dias do ano. Os pontos estratégicos, que incluem os
bicicletários, devem ser supervisionados por sistema de vigilância. Pelo contrato, a
empresa operadora é a única e exclusiva responsável pela execução de todos os serviços e deve emitir mensalmente, por local, relatório gerencial das atividades, contendo,
dentre outros itens, ocorrências operacionais e ocorrências de roubos e furtos.
Fiscalização: Fica a cargo da SPTrans exercer rigoroso controle do cumprimento do
contrato, em especial quanto à qualidade da execução dos serviços. Pode solicitar a
qualquer instante à empresa operadora informações necessárias para a fiscalização
e deve, por sua vez, prestar todas as informações necessárias para a execução do
contrato. Importante salientar que apesar da obrigatoriedade em fazer a fiscalização
dos serviços executados nos terminais, a SPTrans afirma fazê-la apenas com base no
Sistema de Mensuração de Desempenho (SMD), cujos indicadores não contêm itens
de avaliação relacionados aos bicicletários. Até o final de 2019, o órgão não pedia
ou acompanhava informações relativas ao uso dos bicicletários19, assim como não
acompanhava números relativos a furtos e roubos de bicicletas20.
Proibições: Ficam vedadas alterações nas características dos terminais e estações
no âmbito da administração, manutenção, operação e vigilância sem autorização prévia do poder concedente. Realizar atividades não inerentes à rotina de operação e
administração dos terminais e estações também ficam proibidas.
Pela conjuntura atual, para ficar responsável por tais funções as empresas designaram o SPUrbanuss - Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos de Passageiros
11 Fonte: Resposta fornecida pela SPTrans a pedido de e-SIC, 2020.
12 Os termos estão constantes no Anexo 11.1 do contrato de concessão.
13 Fonte: Resposta fornecida pela SPTrans a pedido de e-SIC, 2020.
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19
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Fonte: reportagem no site Diário do Transporte, 2020.
Fonte: site da Secretaria de Governo no portal da Prefeitura de São Paulo, 2020.
Fonte: Anexo 11.1 do contrato de concessão.
Atribuição expressa em despacho do secretário de Mobilidade e Transportes de 5 de abril de 2019.
Fonte: Entrevista com as operadoras, Socicam, 2020.
Esta afirmação provém de diversos pedidos de e-SIC respondidos pela empresa.
Informação contida em resposta a pedido de e-SIC dirigido à empresa.
125
Operação dos bicicletários
SUBPREFEITURAS COM ITAÚ / TEMBICI
Largo da Batata
O bicicletário do Largo da Batata é fruto de um Termo de Cooperação21 estabelecido
entre a empresa Itaú Unibanco S.A. com a Subprefeitura de Pinheiros e assinado em
junho de 2014. Em dezembro de 2018, o termo passou por um Aditivo retroativo que
o atualizou e mesmo mudou algumas de suas cláusulas. Pela atualização, a empresa
Tembici (2PTM Soluções em Mobilidade Urbana Ltda22) passou a ser a cooperante
enquanto o Itaú tornou-se interveniente anuente, por patrocinar a operação do bicicletário. O valor estimado dos serviços é de cerca de R$ 260,7 mil por ano23. A operação
é feita 24h por dia, todos os dias, sendo necessários cerca de 6 funcionários em uma
escala de 12x3624.
Ambos os contratos preveem duração de 36 meses e que não haverá custos para
a Prefeitura. No termo original, o Itaú ficaria responsável por contratar uma empresa
para fazer a operação; no aditivo, a empresa Tembici assume diretamente a responsabilidade da operação. Atualmente, discute-se um novo Termo de Cooperação de 3
anos, similar aos anteriores, que começaria a valer em junho de 2020.
Interessante observar que o Aditivo pede a inclusão de uma área adicional que seria
para “oferecer serviço de atendimento à população nos horários de pico de retirada e
devolução de bicicletas (...) conforme o projeto e a descrição de serviços prestados
no BICICLETÁRIO”25. O contrato usa indistintamente o termo ‘bicicletário’ para se referia ora ao bicicletário, ora ao serviço de compartilhamento de bicicletas operado
pela empresa. Esta área, esquina da Av. Faria Lima com a Rua Teodoro Sampaio é, na
verdade, para estacionar as bicicletas do sistema de bicicletas compartilhadas, não
do bicicletário.
Órgão principal relacionado: Subprefeitura Pinheiros
Obrigatoriedades da operadora: Fica a cargo da “cooperante” construir o bicicletário e compartilhar o banheiro construído com o permissionário do espaço comercial
contíguo. Depois, fazer a manutenção e conservação do bicicletário, fazer a gestão do
processo de guarda e retirada de bicicletas e o cadastramento de usuários. O bicicletário deve ter sempre pelo menos um funcionário no local e contar com uma estação
básica de manutenção com ferramentas disponíveis26. Para os usuários, deverá ser
disponibilizado um documento com os “termos de uso” para o estacionamento de
bicicletas. Todas as despesas como energia elétrica, água, internet, sistema de cadastro, contratação de seguro contra roubos/furtos e instalação de câmeras também
ficam por conta da operadora ou interveniente anuente. Também devem ser fornecidos à Subprefeitura de Pinheiros relatórios trimestrais contendo dados de uso do
bicicletário27, contendo número de usuários com informações de gênero e idade28,
número de bicicletas cadastradas, número de acessos/dia e horários de entrada e
saída. Ao fim do termo de cooperação, o equipamento passa a ser patrimônio público
21 Termos de Cooperação como este têm como base o Decreto 52.062/2010
22 A empresa Tembici (nome fantasia) tem dois CNPJs diferentes
23 De acordo com a última proposta de celebração de Termo de Cooperação, publicada no Diário Oficial
da Cidade em 21 de dezembro de 2019, o custo anual para manter os “bens se serviços” do bicicletário do
Largo da Batata seria de R$ 260,7 mil, ou R$ 21,7 mil por mês. O mesmo valor aparece no aditivo ao termo
de cooperação então vigente, publicado em 15 de dezembro de 2018. Uma vez que a partir deste aditivo
de 2019 a Tembici pediu a inclusão uma área externa voltada para o estacionamento de bicicletas compartilhadas junto com o termo referente ao bicicletário, não fica claro se os valores se referem a ambas
as coisas ou somente ao bicicletário. Em conversa, a Tembici confirmou que o valor se refere apenas à
estrutura do bicicletário. Fonte: Histórico de termos de cooperação entre Tembici e Subprefeituras, 2014 a
2019.
24 Fonte: Entrevista com as operadoras, Tembici, 2020.
25 A caixa alta vem do texto original.
26 A obrigatoriedade de manter uma estação básica de manutenção talvez nunca tenha funcionado na
prática e não consta na proposta para o novo Termo de Cooperação
27 Inicialmente, os dados seriam fornecidos em formato de planilha aberta de Excel. Após o aditivo, o
formato vira um PDF. A diferença não é significativa pois o conteúdo permanece o mesmo.
28 A obrigatoriedade de constar gênero e idade nos relatórios não consta na proposta para o novo Termo
de Cooperação.
126
municipal.
Fiscalização: Fica a cargo da Subprefeitura Pinheiros receber os dados da operadora, fiscalizar e dar as informações necessárias para o bom cumprimento do termo.
Proibições: O Termo de Cooperação de 2014 veda explicitamente a cobrança do
serviço de estacionamento a usuários do bicicletário. Já o Aditivo de 2018 abre essa
possibilidade. Por ambos os contratos, o bicicletário não pode ser fechado, devendo
funcionar 24h por dia, todos os dias da semana.
PRAÇA DOS ARCOS
(PRAÇA MARECHAL CORDEIRO DE FARIAS)
Os Termos de Cooperação fixados para o bicicletário na Praça dos Arcos são similares ao termo original do bicicletário do Largo da Batata29, tendo a figura da empresa
Itaú Unibanco S.A. como cooperante que pode terceirizar a operação do equipamento.
O primeiro foi assinado em julho de 2015 e o segundo em outubro de 2016, ambos
prevendo a duração de 12 meses30 e garantia que não haveria custos para a Prefeitura.
O termo inicial previa a instalação também de uma “cozinha pop-up”, que não aparece
no segundo.
Este termo faz referência a “serviços descritos na proposta de cooperação”, que não
aparece publicada em Diário Oficial mas pôde ser acessada via pedido de e-SIC (a
proposta refere-se ao projeto e funcionamento do bicicletário). Ao contrário do termo
de cooperação para o Largo da Batata, este não prevê o fornecimento de dados ou
relatórios contendo os dados de uso e, portanto, não fixa quais informações devem
ser repassadas à municipalidade.
A operação era feita inicialmente 24h por dia, todos os dias, sendo necessários cerca de 4 funcionários em uma escala de 12x36 e, com o tempo, o bicicletário acabou
sendo fechado no período da madrugada31.
Órgão principal relacionado: Subprefeitura Sé
Obrigatoriedades da operadora: Fica a cargo da “cooperante” construir bicicletário
com 44 vagas, fazer sua manutenção e operacionalizar o software para controle de
usuários. Todas as despesas como energia elétrica, água, esgoto, internet e sistema
de cadastro ficam por conta da cooperante. Ao fim do termo de cooperação, o equipamento passa a ser patrimônio público municipal.
Fiscalização: Fica a cargo da Subprefeitura Sé exercer permanente fiscalização sobre os serviços propostos e dar as informações necessárias para o bom cumprimento
do termo.
Proibições: O Termo de Cooperação veda explicitamente que a área objeto da cooperação seja fechada, que haja restrição ao uso público e que a área seja utilizada
para outra finalidade que não a de estacionamento de bicicletas.
29 Este Termo de Cooperação está inserido no contexto do Decreto 55.610/2014, então vigente e hoje
substituído pelo Decreto 57.583/2017. Ambos se referem a programas de manutenção e zeladoria de
praças e estabelecem as regras para termos de cooperação com a iniciativa privada.
30 O bicicletário da Praça dos Arcos fechou em 31 de dezembro de 2019. Não há registros de termos
aditivos ampliando o prazo do termo assinado em 2016.
31 Fonte: Entrevista com as operadoras, Tembici, 2020.
127
Operação dos bicicletários
ESTAÇÃO PARAÍSO (PRAÇA MAXIMUS SAYEGH IV)
TERMINAL CIDADE TIRADENTES
O Termo de Cooperação32 fixado para o bicicletário ao lado da estação de Metrô
Paraíso, na Praça Maximus Sayegh IV, é similar aos anteriores do Largo da Batata e da
Praça dos Arcos, tendo a figura da empresa Itaú Unibanco S.A. como cooperante que
pode terceirizar a operação do equipamento. Assinado em outubro de 2016, previa a
duração de 12 meses com prorrogação de mais 12 meses e garantia que não haveria
custos para a Prefeitura.
Pela licitação de concessão dos serviços de transporte coletivo de passageiros da
cidade de São Paulo, a administração, operação e manutenção dos terminais e estações municipais de ônibus deverão ser realizadas de forma conjunta entre todas as diferentes empresas concessionárias (ganhadoras da licitação). Para ficar responsável
por tais funções, as empresas designaram o SPUrbanuss - Sindicato das Empresas de
Transportes Coletivos de Passageiros de São Paulo, que por sua vez estabeleceu um
contrato de prestação de serviços com a empresa Socicam Administração, Projetos
e Representações Ltda.
O termo faz referência a “serviços descritos na proposta de cooperação”, que não
aparece publicada em Diário Oficial. Ao contrário dos termos de cooperação para o
Largo da Batata, este não prevê o fornecimento de dados ou relatórios contendo os
dados de uso e, portanto, não fixa quais informações devem ser repassadas à municipalidade.
A operação era feita inicialmente das 4h à 1h, todos os dias, horário similar mas
maior do que o da estação de metrô ao lado do equipamento, sendo necessários cerca de 4 funcionários em uma escala de 12x36 e, com o tempo, o bicicletário acabou
passando a operar das 5h30 às 23h3033.
Órgão principal relacionado: Subprefeitura Vila Mariana
Obrigatoriedades da operadora: Fica a cargo da “cooperante” construir o bicicletário, fazer sua manutenção e limpeza. Todas as despesas como energia elétrica, água,
esgoto, internet e sistema de cadastro ficam por conta da cooperante. Ao fim do termo de cooperação, caso haja interesse da administração pública, o equipamento passa a ser patrimônio público municipal.
Fiscalização: Fica a cargo da Subprefeitura Vila Mariana fazer a fiscalização permanente da execução dos serviços propostos e dar as informações necessárias para o
bom cumprimento do termo.
Proibições: O Termo de Cooperação veda explicitamente que a área objeto da cooperação seja fechada, que haja restrição ao uso público e que a área seja utilizada
para outra finalidade que não a de estacionamento de bicicletas.
A operação do bicicletário do Terminal Cidade Tiradentes foi passada da empresa
Socicam à empresa Tembici (M2 Soluções em Engenharia Ltda34) por meio de um
Instrumento Particular de Cessão de Uso de Espaço Público assinado em março de
2018. O prazo de duração era de 1 ano, podendo ser renovado por meio de um aditivo
contratual.
Pelo contrato, a Tembici pôde reservar metade da área para a instalação de uma
estação Bike Sampa de bicicletas compartilhadas enquanto a outra metade funciona
como um bicicletário público - na definição do contrato, “espaço destinado ao estacionamento gratuito de bicicletas mediante o cadastro prévio de usuários”. O instrumento prevê que a cessão é gratuita e que não haverá pagamento entre as partes.
A operação é feita inicialmente das 4h às 24h, todos os dias, horário similar mas um
pouco mais restritivo do que o do terminal onde está inserido, sendo necessários cerca de 4 funcionários em uma escala de 12x36 e 1 mecânico específico para a oficina
de bicicletas compartilhadas em período integral de segunda à sexta-feiras35.
Órgão principal relacionado: SPTrans (órgão fiscalizador)
Obrigatoriedades da operadora: Fica a cargo da Tembici se responsabilizar de forma exclusiva pela gestão, operação e manutenção dos bicicletários e estações de bicicletas compartilhadas que instalar no local. Deve também ficar a cargo de todas as
reclamações, notificações, demandas judiciais decorrentes da operação do bicicletário e do sistema de bicicletas compartilhadas. Também são deveres fazer a gestão do
processo de cadastro informatizado de usuários e das bicicletas, manter pelo menos
um funcionário presente no bicicletário, manter os termos de uso afixados em local
visível, fazer o pagamento das despesas mensais de internet, telefone, seguros contra
furtos e/ou roubos exclusivos para o bicicletário e instalar câmeras de segurança.
O bicicletário deve funcionar das 4h às 24h, sete dias por semana. Mensalmente, a
Tembici deve fornecer à Socicam relatórios mensais com o número de usuários cadastrados, número de bicicletas cadastradas, número de acessos por dia e listagem
de horários de entrada e saída (incluindo gênero e idade).
Fiscalização: Fica a cargo da Socicam fornecer as diretrizes e informações necessárias para o uso do espaço cedido e o desenvolvimento das atividades e receber
mensalmente os relatórios de uso relativos ao bicicletário.
Proibições: É vedada a cobrança pelo estacionamento de bicicletas, uma vez que o
termo ‘bicicletário’ é definido no contrato entre as partes como gratuito.
32 Este Termo de Cooperação está inserido no contexto do Decreto 55.610/2014, então vigente e hoje
substituído pelo Decreto 57.583/2017. Ambos se referem a programas de manutenção e zeladoria de
praças e estabelecem as regras para termos de cooperação com a iniciativa privada.
33 Fonte: Entrevista com as operadoras, Tembici, 2020.
128
34 A empresa Tembici (nome fantasia) tem dois CNPJs diferentes
35 Fonte: Entrevista com as operadoras, Tembici, 2020.
129
A leitura dos termos de uso de 7 das 8 operadoras1 relacionadas aos sistemas de
média e alta capacidades de São Paulo mostra que há desde regulamentos abrangentes a um impresso com pequeno conjunto de regras.
7. TERMOS DE USO
E INFORMAÇÕES ONLINE
Com relação ao conteúdo, não seguem um padrão e, assim como os contratos estabelecidos entre Poder Público e operadoras, podem deixar de fora informações essenciais como procedimentos em caso de roubos ou furtos, eventuais sanções para
usuários, possibilidade de estacionar mais de uma bicicleta ou como proceder para
quem tem menos de 18 ou 12 anos.
Por mais que seja importante que folhetos explicativos atenham-se ao essencial, é
recomendável haver um termo de uso mais denso que cubra todos os seguintes itens
comentados a seguir.
Aqui sua bicicleta é bem-vinda.
Horário: Horário de funcionamento da estação.
Utilização: gratuita, exclusiva para bicicletas convencionais, desprovidas de motor a combustão.
Obrigatório uso de dispositivo de segurança (cadeado, trava, etc).
Menores de 12 anos: somente se acompanhados por um adulto responsável.
Menores entre 12 e 17 anos devem realizar o cadastro mediante a presença de um responsável
legal. Depois disso o uso desacompanhado é liberado.
Entrada
A bicicleta não retirada do bicicletário
dentro do prazo de 72 horas, terá seu
Preencher, assinar e entregar a ficha
lacreda
rompido
cadastral ao funcionário
em
serviço
no
Termos de uso de bicicletários
CPTM. e será removida pela
CPTM
bicicletário e apresentar documento
de da CPTM,
Fonte: Site
2019.para doação.
identificação oficial com foto e
Caso o usuário compareça para
comprovante de residência para
retirada antes da efetivação da
realização do cadastro.
doação, a bicicleta será liberada,
i
mplicando ao responsável o
O
cadastro
só
garante
o
acesso
ao
Termos de uso (regulamento)
impedimento de utilização dos
bicicletário em que foi realizado.
bicicletários da CPTM por 12 horas, na
Apresentar documento de
O regulamento
ou os termos de uso do bicicletário
devem estar
disponíveis
reincidência,
esse
período tanto
será onidentificação com foto ao funcionário
line, noem
site
da
operadora,
quanto
afixados
no
local
físico
de
estacionamento
das bidobrado.
serviço sempre que for utilizar o
cicletas.
Afinal, ele não somente rege o funcionamento
básicodedosegurança
equipamento
como
bicicletário.
O dispositivo
rompido
é a ele Levar
que todas
as pessoas
caso
aconteça algo indesejável
a bicicleta
até umenvolvidas
paraciclo se referirão
não será
reembolsado.
enquanto
a bicicleta
estava
constituindo
umaceitas
instrumento
essencial
disponível
e prendê-la
comparada,
dispositivo
Nãoem
serão
bicicletas
além da da
de segurança de sua propriedade.
operação.
capacidade máxima do bicicletário.
Saída
O cadastro da bicicleta deve ser
preenchido em nome do responsável
Apresentar documento de
que utilizará o serviço. Caso outra
identificação oficial com foto ao
pessoa se utilize da mesma bicicleta e
funcionário em serviço no local, que
faça uso do bicicletário, essa pessoa
realizará a conferência dos dados
deve constar no cadastro do
pessoais e das características da
responsável.
bicicleta antes de liberar a saída.
Notas
O prazo máximo de permanência da
bicicleta no bicicletário é de 72 horas.
A CPTM não se responsabiliza por
acessórios deixados na bicicleta.
A dimensão total da bicicleta não deve
ultrapassar os limites de uma vaga.
Abr/19
1 Os regulamentos da Ascobike e Socicam não estão disponíveis online e foram enviados a pedido; o
da CPTM, EMTU e SCOO estão online; o do Metrô não está online e foi avaliado com base em informativo
afixado no bicicletário da estação Corinthians-Itaquera; o da Tembici não está online e foi avaliado com
base em email informativo e Termos de Cooperação assinados com o poder público. Não foi possível
acessar o regulamento referente ao bicicletário mantido pela Secretaria Municipal de Educação (SME) no
CEU Parelheiros, em frente ao Terminal Parelheiros.
130
131
Termos de uso e informações online
O que regulamento informa?
ASCOBIKE
CPTM
EMTU
METRÔ
SOCICAM
TEMBICI
SCOO
Horários de funcionamento
N/A (24h)
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Custo ou gratuidade para usar
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Necessidade de levar trava
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Como fazer o cadastramento
Não
Sim
Informação
conflita com site
N/A
Sim
Não
Informação
conflita com site
Se cadastramento serve
para mais de uma estação
N/A
Sim
Não
N/A
Não
Sim
Sim
Se há limitação de número
de bicicletas por pessoa
Não
Não
Não
Não
Limitado a duas pessoas
Sim
Sim
Se pode cadastrar mesma
bicicleta para mais de uma pessoa
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Não
O que fazer se menor 18 anos
Não
Sim
Não
Não
A partir de 16 pode
utilizar com autorização
de reponsável
Sim
Sim
O que fazer se menor 12 anos
Não
Sim
Sim
Sim
Limita uso à maioridade
Não
Não
Funcionamento para entrega e retirada
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim, de forma implícita
Se há uso de lacre
Não
Não, embora usem
ao fazer a operação
Sim
N/A
Sim
Sim
(chave do cadeado)
Sim
Como bicicleta é identificada
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim, não permite a
entrada de bicicletas com
valor superior a R$ 300
Sim, não permite a
entrada de bicicletas
“não convencionais”
(com motor a combustão)
Não
Não
Não
Checar
Sim, bicicleta não
pode ser motorizada
(combustão ou elétrica)
Possibilidade de estacionar, ao mesmo
tempo, mais de uma bicicleta
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Informa se pode deixar itens na bicicleta
Sim
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Tempo máximo de estadia
N/A (vaga reservada)
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
O que acontece se estadia
ultrapassa tempo máximo
N/A (vaga reservada)
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Quanto tempo para que bicicleta
seja considerada abandonada
N/A (vaga reservada)
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Encaminhamento de
bicicletas abandonadas
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Se há previsão de sanções para usuários
Não
Sim
Não
Não
Não
Checar
Sim
O que acontece em caso de dano,
furto ou roubo
Sim
Não
Não
Não
Não
Checar
Sim
Onde começa e onde termina
responsabilidade da operadora
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Condições para ressarcimento
Sim
Não
Não
Não
Não
Checar
Sim
Se há restrição a tipos de bicicletas
132
133
Termos de uso e informações online
RECOMENDAÇÕES DE ITENS QUE DEVEM ESTAR PRESENTES NOS REGULAMENTOS
TODOS OS TERMOS DE USO DEVEM INFORMAR:
FUNCIONAMENTO
• Os dias e horários de funcionamento do bicicletário e se há horários diferentes
em finais de semana ou feriados. Caso esta informação não esteja no próprio
termo de uso, o texto deve indicar onde encontrá-la - normalmente nos sites da
empresa operadora e/ou afixado impresso ao lado do regulamento no próprio
bicicletário. Por fazerem parte dos terminais e estações, bicicletários devem ter
horário de funcionamento igual ao do terminal/estação no qual está inserido;
• Se há custo para deixar as bicicletas estacionadas ou se o uso é gratuito;
• Se há a necessidade de levar trava/tranca para prender a bicicleta ou se é
fornecida pela operadora;
• Como são os procedimentos para deixar a bicicleta estacionada e para retirá-la depois. A descrição pode ser mais ou menos detalhada, mas é importante
que cubra como a pessoa e a bicicleta são identificadas nessas duas etapas.
Caso a operadora use lacres, cartões, chaves numeradas ou outro tipo de identificador associado à pessoa ou à bicicleta (ou a ambas), é nesta seção que tais
informações devem estar;
• Se é possível estacionar mais de uma bicicleta ao mesmo tempo sob a mesma pessoa ou o mesmo CPF. Uma vez que termos de uso podem ser atualizados, a prática pode depender da demanda observada e ser modificada caso
mude. O mais comum é que haja limite de apenas uma bicicleta estacionada
por pessoa ao mesmo tempo;
• Se é possível deixar itens na bicicleta. O mais comum é que não seja permitido ou que haja uma cláusula informando que a operadora não se responsabiliza por eles. Bicicletários têm sido utilizados cada vez mais por entregadores e
alguns permitem que as mochilas de entrega fiquem presas junto dos veículos.
Embora não esteja escrita oficialmente em regulamento, é uma boa prática,
sensível a uma das necessidade principais de usuários crescentes do sistema;
• O tempo máximo de estadia da bicicleta. Há casos em que as bicicletas podem ficar um dia, três dias ou quatro dias. Também há locais em que o pernoite
é proibido por motivos de segurança. Uma vez que os bicicletários estão relacionados às estações e terminais de transporte público, o tempo máximo de
estadia também deve levar em conta a demanda observada, de modo que o
número de bicicletas estacionadas por mais de um dia não ocupe vagas que
poderiam ser utilizadas por outras pessoas;
• Em bicicletários em que o cadastro é necessário, se uma mesma pessoa pode
cadastrar mais de uma bicicleta sob um único CPF ou se a mesma bicicleta
pode ser cadastrada no nome de mais de uma pessoa. Sugere-se que ambos
os casos sejam permitidos desde que haja facilidade em associar o veículo às
pessoas, algo que acontece principalmente em sistemas informatizados que
permitem o registro de fotos;
• Se há algum tipo de restrição etária no uso do bicicletário. Há operadoras que
permitem o uso de menores de 12 anos desde que acompanhados, enquanto
outras permitem o cadastro a menores de 16 ou 18 anos desde que chancelados por um adulto e outras ainda que permitem o uso apenas por maiores de
idade;
RESTRIÇÕES
• Se há restrição a qualquer tipo de bicicleta. É comum que bicicletas motorizadas ou que “ultrapassem os limites de uma vaga” sejam vetadas. Bicicletas
elétricas podem ter algum tipo de restrição devido ao alto custo do veículo e/ou
peças ou devido ao peso. Pela Lei Municipal 17.322 de 2020, bicicletários dentro da cidade de São Paulo não podem restringir bicicletas ou triciclos de carga;
• O que acontece com as bicicletas que ficaram estacionadas por tempo maior
do que o permitido. Isso inclui para onde serão levadas, por quanto tempo ficarão depositadas neste novo local e em quanto tempo serão consideradas
como abandonadas, bem como quem deverá ser contatado em cada um desses locais de modo a reaver a bicicleta. O destino mais comum para bicicletas
abandonadas é a doação;
• Se há algum tipo de sanção para usuários que descumprirem as regras. Em geral, uma sanção típica para quem deixa a bicicleta estacionada por mais tempo
do que o permitido é perder a trava, que deverá ser quebrada para que o veículo
possa ser movido. Outra sanção comum é suspender o uso do bicicletário por
um número determinado de dias, que pode aumentar em caso de reincidência.
Finalmente, pode haver penalidades financeiras, embora estas não estejam em
nenhum dos regulamentos analisados;
COMUNICAÇÃO
• O que fazer em caso de dano, furto ou roubo da bicicleta. Este item deve
endereçar quais os procedimentos devem ser adotados e em que ordem, a depender do que aconteceu. Algumas informações típicas são como comprovar
a propriedade da bicicleta, se é preciso fazer boletim de ocorrência na polícia,
quais os procedimentos a serem realizados para ressarcimento, qual a quantia
máxima a ser reembolsada, quanto tempo levam os processos internos de avaliação sobre a documentação apresentada e quem, da operadora, é responsável
por fazer este acompanhamento e dialogar com o usuário;
•Canais de sugestões ou reclamações referentes ao uso do bicicletário.
CADASTRO
• Se é preciso fazer cadastramento e como fazê-lo. Este ponto se relaciona
a quais procedimentos são necessários para se cadastrar em um sistema e
quais documentos devem ser levados. Deve informar também se o cadastro é
válido apenas para aquela estação/terminal ou para um conjunto de estações
(por exemplo, operadas pela mesma empresa);
ITENS EXTRAS
Alguns termos de uso trazem também as seguintes informações:
• Legislação pertinente relacionada aos bicicletários. Não custa salientar que
se for este o caso, é importante que seja citada a legislação correta;
• Número do contrato assinado entre operadora e poder público;
134
135
Termos de uso e informações online
INFORMAÇÕES ONLINE
Se as informações sobre a existência dos bicicletários integrados às estações e
terminais de média e alta capacidades tendem a se limitar ao próprio equipamento
e a uma placa de sinalização, como estão as informações online sobre eles? Manter
informações disponíveis na internet é uma forma simples e útil de manter as pessoas
informadas. Visitas aos sites das operadoras apontam que em geral as informações
são deficitárias.
Por exemplo, a localização dos equipamentos é genérica ou mesmo imprecisa, com
mapas apontando o lugar errado. Outras informações básicas como número de vagas, dias e horários de funcionamento, gratuidade ou tarifação também não estão
presentes em todos os endereços. Finalmente, boa parte dos termos de uso (regulamento) não está online. Os resultados estão sistematizados na tabela a seguir.
OPERADORA
Informação sobre
a existência
Informação precisa
de localização
Número
de vagas
Dias / Horários
de funcionamento
ASCOBIKE
Sim
Ruim
Endereço escrito e mapa com
localização desatualizada
Sim
Sim
CPTM
Sim
Médio
Site contém apenas estações que possuem bicicletários. Não cita
bicicletários de outras operadoras que podem estar integrados
Sim
Sim
EMTU
Sim
Médio
Site contém apenas estações que possuem bicicletários. Não cita
bicicletários de outras operadoras que podem estar integrados
Sim
METRÔ
Sim
Médio
Site contém apenas estações que possuem bicicletários. Há link para
a ViaQuatro mas não para ViaMobilidade ou outras operadoras que
podem estar integrados
SME
Não
SOCICAM
TEMBICI
Possui
Custo /
regulamento
gratuidade
online?
Link página
no site
Link regulamento
(termos de uso)
Não
http://www.ascobike.org.br/index.
html
Não está online
Sim
Sim
https://www.cptm.sp.gov.br/sua-viagem/bicicletas-CPTM/Pages/
Bicicletario.aspx
https://www.cptm.sp.gov.br/sua-viagem/bicicletas-CPTM/Documents/
Regulamento%20%20Biciclet%C3%A1rio.pdf
Sim
Sim
Sim
http://www.emtu.sp.gov.br/emtu/
lazer-e-cultura/lazer/bicicletarios.
fss
http://www.emtu.sp.gov.br/emtu/
lazer-e-cultura/lazer/bicicletarios/
regulamento-bicicletarios.fss
Não
Sim
Não
Não
http://www.metro.sp.gov.br/sua-viagem/bicicletas/bicicletarios.
aspx
Não está online
Não há informações
disponíveis online
Não
Não
Não
Não
Não há site específico
Não está online
Não
Não consta
Não
Não
Não
Não
Não há área em site da SPTrans
ou da Socicam
Não está online
Não
Não consta
Não
Não
Não
Não
https://tembici.com.br/estacionamentos
Não está online
VIAMOBILIDADE
Sim
Médio
Site contém apenas estações que possuem bicicletários. Não cita
bicicletários de outras operadoras que podem estar integrados
Sim
Sim
Não
Sim
https://www.viamobilidade.com.
br/guia-do-usuario/bicicletas
https://www.viamobilidade.com.
br/guia-usuario-site/Documents/
TERMO_DE_USO_DO_BICICLETARIO_2019_NOV_VM.pdf
VIAQUATRO
Sim
Médio
Site contém apenas estações que possuem bicicletários. Não cita
bicicletários de outras operadoras que podem estar integrados
Sim
Sim
Não
Sim
http://www.viaquatro.com.br/
guia-do-usuario/bicicletario
http://www.viaquatro.com.br/media/archives/TERMO_DE_USO_DO_
BICICLETARIO_2019_NOV.pdf
Sim
Tabela. Informações sobre os bicicletários disponíveis online para usuários.
Fonte: Elaboração própria com base nos sites das operadoras de bicicletários, 2020.
136
137
8. ONDE ACESSAR
OS DADOS DE USO - SP
O cadastro nas estações da CPTM é feito de forma manual e se limita à estação
onde foi realizado. Em outras palavras, não é possível fazer o registro em uma estação e parar a bicicleta em outra, sendo necessária a realização de outro cadastro. A
bicicleta recebe um numeral, que é colocado como um lacre e servirá de identificador
no dia-a-dia - as pessoas chegam, apresentam este número e um documento de identificação para deixar a bicicleta. Um funcionário preenche manualmente uma ficha de
registro de entrada e saída. Este controle de entrada e saída é passado diariamente ao
pessoal da operação, que repassa ao setor de pesquisa da CPTM.
A partir de junho de 2018, a CPTM passou a informatizar o controle de acesso, sendo que 14 bicicletários estavam informatizados até o final de 2019. Não é possível
acessar os dados informatizados via e-SIC.
Bicicletário da estação Engenheiro Goulart Sul.
Foto: Flavio Soares, 2020.
Bicicletários - Onde acessar os dados de uso?
CPTM
A CPTM possui 33 bicicletários distribuídos em 32 estações (a de Engenheiro Goulart
tem dois) e outros 3 bicicletários em terrenos que são da companhia mas operados
por outros órgãos. São eles os de Mauá, operado pela associação Ascobike; o de
Santo André, sob a supervisão da EMTU (operado por uma empresa de segurança);
e o de Pinheiros, operado inicialmente pela ViaQuatro e a partir do final de 2019 pela
startup Scoo.
Até dezembro de 2019, era possível acessar os dados de uso de 35 desses equipamentos. A única exceção era os de Mauá, uma vez que a Ascobike deixou de repassar
os dados à CPTM em agosto de 2018.
Como é o dado?
A planilha possui dados de uso diário dos bicicletários, número de vagas por bicicletário, média de uso em dias úteis, sábados e domingos/feriados, data de inauguração e registro do dia em que o equipamento registrou maior número de uso. Pela
planilha, não fica claro se o número do uso diário computa somente a entrada de
bicicletas naquele dia ou conta também bicicletas que ficaram de um dia para o outro
estacionadas, mas uma confirmação por email junto à equipe de pesquisa da CPTM
confirmou que os registros se referem apenas ao número de entradas de bicicletas no
dia, sem contar as que já haviam sido estacionadas em dias anteriores e pernoitaram
no equipamento.
Formato fornecido
PDF, embora o original provenha de uma planilha Excel.
A quem pedir?
O dado pode ser solicitado diretamente à CPTM via o Sistema Integrado de Informações ao Cidadão (SIC) do Governo do Estado de São Paulo. Note que os bicicletário
de Santo André, operado pela EMTU, e de Pinheiros, operado pela ViaQuatro/Scoo,
estão em terreno da CPTM, sendo possível acessar os dados desses equipamentos
também via EMTU (Santo André) e Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (Pinheiros).
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Onde acessar os dados de uso - SP
METRÔ
EMTU
O Metrô possui 4 bicicletários distribuídos em 4 estações. Até dezembro de 2019,
era possível acessar os dados de uso de todos, assim como o histórico dos bicicletários fechados pela companhia.
A EMTU possui 3 bicicletários distribuídos em 3 estações, sendo um deles o de Santo André, em terreno da CPTM. Até dezembro de 2019, era possível acessar os dados
de uso de todos, assim como o histórico dos bicicletários fechados pela companhia.
O cadastro nas estações do Metrô é feito de forma manual e se limita à estação
onde foi realizado. O site não traz informações sobre as regras de uso ou regulamento. No dia-a-dia, as pessoas apresentam um documento com foto para deixar a
bicicleta. Um funcionário preenche manualmente uma ficha de registro de entrada e
saída. O controle de entrada e saída é passado ao pessoal do setor de operação do
Metrô.
O cadastro nas estações da EMTU é feito de forma manual e se limita à estação
onde foi realizado. No dia-a-dia, as pessoas se identificam ao deixar a bicicleta e pegam uma plaqueta de identificação associada à vaga. O controle de entrada e saída é
passado diariamente por telefone ao pessoal do administrativo da EMTU.
Como é o dado?
O Metrô fornece duas planilhas diferentes. A primeira possui dados de uso diário
dos bicicletários, com especificação visual relacionada a dias de sábado, domingos e
feriados, além de um cálculo da média. Pela planilha, não fica claro se é computada
apenas a entrada de bicicletas ou também bicicletas que ficaram de um dia para o
outro estacionadas - a confirmação veio por um novo pedido de e-SIC, em que o Metrô informou que o número se refere a ambas as coisas. Diariamente, um funcionário
conta quantas bicicletas amanheceram estacionadas no bicicletário e então passa a
registrar as novas entradas.
A segunda planilha está relacionada ao número de vagas em bicicletários e/ou em
paraciclos em estações do metrô, contendo números apenas informações de bicicletários operados pela companhia.
Formato fornecido
Planilha Excel.
A quem pedir?
O dado pode ser solicitado diretamente ao Metrô via o Sistema Integrado de Informações ao Cidadão (SIC) do Governo do Estado de São Paulo.
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Como é o dado?
A EMTU fornece uma planilha com dados de uso diário dos bicicletários, com uma
célula contendo a média de uso por dia. Não fica claro se o número computa apenas
a entrada de bicicletas ou também bicicletas eventuais que tenham ficado de um dia
para o outro estacionadas. No entanto, como a EMTU não permite que as bicicletas
pernoitem e o número de bicicletas que efetivamente o fazem é baixo (média de 18
por bicicletário por ano nos últimos 3 anos de acordo com e-SIC específico sobre este
dado), não é uma quantidade que influenciaria muito nas médias. É possível também
pedir os valores agregados por mês e/ou ano.
Formato fornecido
Planilha Excel ou, a depender da sorte, um scan em PDF das planilhas Excel.
A quem pedir?
O dado pode ser solicitado diretamente à EMTU via o Sistema Integrado de Informações ao Cidadão (SIC) do Governo do Estado de São Paulo. Note que o bicicletário de
Santo André, operado pela EMTU, está em terreno da CPTM, sendo possível acessar o
dado desse bicicletário também via CPTM.
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Onde acessar os dados de uso - SP
TEMBICI
A Tembici operava quatro bicicletários até o final de 2019, sendo três deles instalados no nível da rua (Largo da Batata, Praça dos Arcos e Paraíso) e outro no terminal
de ônibus Cidade Tiradentes - este, a partir de um termo de cessão de uso de espaço
público com a Socicam, responsável pelos terminais da cidade. Para esta pesquisa,
a empresa nos forneceu acesso aos dados dos quatro bicicletários até o início de
dezembro de 2019. No dia 2 de janeiro de 2020, desativou os bicicletários da Praça
dos Arcos e do Paraíso.
O cadastro nos bicicletários da Tembici é feito online pelo site da empresa, sendo
preciso uma etapa presencial de confirmação dos termos de uso e de fotografia das
bicicletas cadastradas. No dia-a-dia, as pessoas se identificam com o número do CPF
a um funcionário, de modo a deixar a bicicleta e pegar uma plaqueta de identificação
associada à vaga. Informatizado, o sistema gera informações não apenas sobre o
controle de entrada e saída como sobre o perfil de quem usa os equipamentos.
Como é o dado?
A Tembici fornece uma planilha geral, com uma combinação de dados fornecidos
pelo sistema desde que resguardados as informações pessoais de quem faz uso dos
equipamentos. Dentre esses dados, estão dados de uso diário, divisão por gênero1,
idade e horário de uso, e número de bicicletas cadastradas, assim como valores agregados.
Formato fornecido
Planilha Excel.
A quem pedir?
Os dados dos bicicletários operados pela Tembici deveriam ser pedidos diretamente ao Poder Público e acessados via e-SIC. Porém, tais pedidos podem se tornar confusos devido às limitações dos contratos estabelecidos com o Poder Público - mais
especificamente, devido à falta de cláusulas de obrigatoriedade.
a bicicletários com evasivas e há dúvidas se realmente faz a fiscalização dos equipamentos, um pedido de e-SIC provavelmente teria de ser reforçado até as instâncias
superiores.
Uma alternativa é pedir os dados diretamente à empresa, mas será preciso justificar
o uso.
VIAQUATRO
A ViaQuatro possui 4 bicicletários, todos na Linha Amarela do Metrô (operação privada). Até dezembro de 2019, era possível acessar os dados de uso de todos eles. A
partir do final de 2019, todos os bicicletários da ViaQuatro e da ViaMobilidade passaram a ser operados pela startup Scoo, por meio de um contrato entre as partes (o
contrato em si não é público).
O cadastro nos bicicletários da ViaQuatro é feito online pelo site da operadora, sendo preciso uma etapa presencial de confirmação dos termos de uso e de fotografia
das bicicletas cadastradas. No dia-a-dia, as pessoas se identificam com o número do
CPF a um funcionário, de modo a deixar a bicicleta. O sistema registra informações
de controle de entrada e saída das bicicletas, embora seja possível fazer a associação
dentro do banco de dados com os dados das pessoas cadastradas.
Como é o dado?
Os dados variam de acordo com a estação. As estações Fradique Coutinho e Pinheiros contam com cadastro informatizado biométrico, que registram a data e horário
de entrada, associados ao nome da pessoa que usou o equipamento. Uma vez que
o nome é um dado pessoal, será retirado da planilha, fazendo com que a associação
entre entrada e saída da bicicleta seja perdida. A tabela torna-se, assim, um registro
de entrada e saída de bicicletas.
Dos termos de cooperação fixados com as subprefeituras, apenas o relacionado ao
Largo da Batata prevê a obrigatoriedade de fornecimento de dados de uso completos.
Pelo menos no caso da Subprefeitura Vila Mariana (bicicletário Paraíso), é possível
acessar os dados resumidos em PDF via e-SIC.
Já no caso do bicicletário no terminal Cidade Tiradentes, será mais difícil. Pelo termo particular de cessão de uso do espaço público, a empresa deve fornecer os dados para a Socicam. Teoricamente, tais dados deveriam ser repassados à SPTrans
para que fizesse a fiscalização. Como a SPTrans responde os pedidos relacionados
1 Segundo informações da companhia, essa informação passou a não ser mais obrigatória (ver seção
“Termos de uso e Informações online”, deste caderno), então o dado dependerá do ano e do bicicletário
solicitado.
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Onde acessar os dados de uso - SP
Já a estação Butantã e Morumbi dependem da sorte. A estação Butantã possuía
controle alimentado por um funcionário que ficava no local e associava entradas e
saídas ao ID da pessoa usuária. Isso fazia com que o dado fosse mais completo e
permitisse calcular o tempo de estadia das bicicletas no bicicletário. Entretanto, isso
mudou ao longo do tempo e hoje as informações de entrada e saída ficam registradas
na mesma linha e sem o ID, impossibilitando a análise sobre usuários frequentes das
estações. Os dados da estação Morumbi estão seguindo a mesma padronização.
Formato fornecido
Planilha Excel.
A quem pedir?
O dado deve ser solicitado à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos
via o Sistema Integrado de Informações ao Cidadão (SIC) do Governo do Estado de
São Paulo, explicitando que, por ser uma empresa privada, a ViaQuatro não possui
canal de e-SIC no site dela. É possível pedir diretamente à empresa via o formulário do
Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do site, mas te pedirão para ligar para
um telefone 0800 para explicar o porquê do pedido.
VIAMOBILIDADE
A ViaMobilidade possui 9 bicicletários, todos na Linha Lilás do Metrô (operação
privada). Até dezembro de 2019, era possível acessar os dados de uso de todos eles.
A partir do final de 2019, todos os bicicletários da ViaQuatro e da ViaMobilidade passaram a ser operados pela startup Scoo, por meio de um contrato entre as partes (o
contrato em si não é público).
O cadastro nos bicicletários da ViaMobilidade é feito online pelo site da operadora,
sendo preciso uma etapa presencial de confirmação dos termos de uso e de fotografia das bicicletas cadastradas. No dia-a-dia, as pessoas se identificam com o número
do CPF a um funcionário, de modo a deixar a bicicleta. O sistema registra informações
de controle de entrada e saída das bicicletas, embora seja possível fazer a associação
dentro do banco de dados com os dados das pessoas cadastradas.
Formato fornecido
Planilha Excel.
A quem pedir?
O dado deve ser solicitado à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos
via o Sistema Integrado de Informações ao Cidadão (SIC) do Governo do Estado de
São Paulo, explicitando que, por ser uma empresa privada, a ViaMobilidade não possui canal de e-SIC no site dela. É possível pedir diretamente à empresa via o formulário
do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do site, mas te pedirão para ligar
para um telefone 0800 para explicar o porquê do pedido.
SOCICAM
A Socicam Administração, Projetos e Representações Ltda opera cerca de 30 terminais de ônibus e outras 6 estações da linha Expresso Tiradentes. Todos possuem
alguma estrutura de estacionamento de bicicletas, mas apenas 11 possuem controle
de acesso e podem ser considerados bicicletários. Um deles é o do Terminal Cidade
Tiradentes, operado pela empresa Tembici.
Embora realizasse o controle de acesso nos outros 10 bicicletários, até janeiro de
2020, a Socicam não sistematizava ou repassava os dados à SPTrans, que também
não os cobrava. A partir do início de 2020, no entanto, a empresa passou a digitalizar
e centralizar os dados de todos os bicicletários em uma planilha única, sendo similar
aos registros de sistemas informatizados. Com isso, a informação passou a ser encaminhada mensalmente à SPTrans.
O cadastro nos bicicletários da Socicam é feito presencialmente e se limita à estação onde foi realizado. Em outras palavras, não é possível fazer o registro em um terminal e parar a bicicleta em outro, sendo necessária a realização de outro cadastro. A
bicicleta recebe um numeral, que é colocado como um lacre e servirá de identificador
no dia-a-dia - as pessoas chegam, apresentam este número e um documento de identificação para deixar a bicicleta. Um funcionário preenche manualmente uma ficha de
registro de entrada e saída. Este controle de entrada e saída é passado diariamente à
administração da Socicam.
Como é o dado?
A planilha registra informações de entrada e saída das bicicletas, abrindo espaço
para registro de data e hora de rompimento da trava (no caso de bicicletas abandonadas) e para o caso de a estadia haver ultrapassado as 72h máximas permitidas pelo
regulamento. O formato possibilita avaliar o tempo de estacionamento das bicicletas,
mas, por não ter um ID associado a cada linha, impossibilita análises sobre usuários
frequentes das estações.
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Onde acessar os dados de uso - SP
Como é o dado?
A planilha registra informações de entrada e saída das bicicletas, número de cadastro do usuário e uma marcação de quantas bicicletas estavam estacionadas naquele
momento. O formato possibilita avaliar o tempo de estacionamento das bicicletas,
lotação do bicicletário e a quantidade de usuários frequentes das estações.
9. GLOSSÁRIO
E REFERÊNCIAS
Formato fornecido
Planilha Excel.
A quem pedir?
Oficialmente, o dado deveria ser solicitado à SPTrans via o Sistema e-SIC do Portal
da Transparência da Prefeitura de São Paulo. O problema é que a SPTrans não fazia a
fiscalização dos bicicletários e não pedia os dados de uso à Socicam até 2019. Como
alternativa era preciso pedir os dados diretamente à empresa e justificar o uso. Em
janeiro de 2020, a Socicam passou a consolidar os dados e encaminhá-los à SPTrans,
sendo possível acessá-los via e-SIC.
ASCOBIKE
A Ascobike - Associação de Condutores de Bicicletas Mauá opera o bicicletário de
Mauá, um dos maiores bicicletários da América Latina e que fica em terreno da CPTM.
Pelo termo de permissão de uso assinado em 2002, a associação deve repassar todas as “informações que se fizerem necessárias” à CPTM.
Até agosto de 2018, a associação passava os dados de uso diário do bicicletário
à CPTM, mas parou de fazê-lo. Com isso, não é possível saber quantas pessoas o
utilizam.
Uma alternativa é pedir os dados diretamente à associação.
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Glossário e Referências
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS - CADERNOS TÉCNICOS
ACBC, Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú. Guia para construção de bicicletários adequados. Balneário Camboriú, 2012. Disponível em: http://
www.ciclovida.ufpr.br/wp-content/uploads/2012/10/Guia-bicicletarios-adequados-19-10-12-ACBC.pdf
TA, Transporte Ativo. Prenda ou perca: Um guia rápido para proteger sua bicicleta.
Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: http://ta.org.br/educativos/docs/prenda_ou_perca.pdf
ASCOBIKE, ITDP BRASIL. Manual de bicicletários - Modelo Ascobike Mauá. Rio de
Janeiro, 2009. Disponível em: http://itdpbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/03/
Manual-ASCOBIKE-03-2009.pdf
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2017. Disponível em: http://uniaodeciclistas.org.br/guia-estacionamentos/
CET, Companhia de Engenharia de Tráfego. Boletim técnico 50 - A história dos estudos de bicicleta na CET. São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.cetsp.com.br/
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REFERÊNCIAS - PESQUISAS
CET, Companhia de Engenharia de Tráfego. Manual para instalação de paraciclos na
cidade de São Paulo. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.cetsp.com.br/media/404326/manualparaciclos.pdf
ALIANÇA BIKE. Pesquisa do Perfil dos Entregadores Ciclistas de Aplicativo. São Paulo, 2019. Disponível em https://aliancabike.org.br/wp-content/uploads/2020/04/relatorio_s2.pdf.
CPTM, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Programa de bicicletários.
São Paulo, 2016. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1rK977Km8RlfyI0WkRiWotBABDzsuKGD7/view
CICLOCIDADE - Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo. Análise dos dados
- “Pesquisa sobre os bicicletários da CPTM 2009”. São Paulo, 2020. Disponível em
https://docs.google.com/document/d/1ys_2CZx_eZDDxKOWTVbc6eBeryLK2Lby5f6V-dZ4QdE.
GEIPOT, EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES. Estudos de
transporte cicloviário 2: Estacionamento. Brasília, 1984. Disponível em: https://observatoriodabicicleta.org.br/uploads/2020/02/Estacionamentos-Bicicletas-1984-Geipot.
pdf
CICLOCIDADE - Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, MULTIPLICIDADE
MOBILIDADE URBANA. Tableau Public Pesquisa Origem Destino 2017 da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, 2020. Disponível em https://public.tableau.com/
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GEIPOT, EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES. Manual de
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CICLOCIDADE - Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo. Tableau Public Pesquisa Acesso Difusão 2017 - CPTM. São Paulo, 2020. Disponível em https://public.
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SEMOB, SECRETARIA NACIONAL DE TRANSPORTE E DA MOBILIDADE URBANA. Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade Urbana. Brasília, 2015.
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Glossário e Referências
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METRÔ, Companhia do Metropolitano de São Paulo. Mapa do transporte metropolitano. 2020. Disponível em: http://www.metro.sp.gov.br/pdf/mapa-da-rede-metro.pdf
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Disponível em: https://vimeo.com/12472256
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm
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MUNICIPAL
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legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-35860-de-6-de-fevereiro-de-1996
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Cidade de São Paulo, autoriza o Poder Público a delegar a sua execução, e dá outras
providências. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-13241-de-12-de-dezembro-de-2001
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http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-13995-de-10-de-junho-de-2005
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Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-14223-de-26-de-setembro-de-2006
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16.885, de 16 de abr. de 2018). Dispõe sobre a criação do Sistema Cicloviário no Município de São Paulo e dá outras providências. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-14266-de-6-de-fevereiro-de-2007
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Decreto n. 52.062, de 30 de dez. de 2010 (Revogado pelo
Decreto n. 57.667, de 19 de abr. de 2017). Confere nova regulamentação ao artigo 50
da Lei nº 14.223, de 26 de setembro de 2006 (...) e revoga o Decreto nº 50.077, de 6
de outubro de 2008. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-52062-de-30-de-dezembro-de-2010
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Resolução SMDU.CPPU/009/2011, de 12 de nov. de 2011.
Inclui o equipamento denominado paraciclo como mobiliário urbano, nos termos
do artigo 22 da Lei nº 14.223, de 26 de setembro de 2006. Disponível em: https://
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/participacao_social/conselhos_e_orgaos_colegiados/cppu/index.php?p=169955
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Lei n. 16.050, de 31 de jul. de 2014. Aprova a Política de
Desenvolvimento Urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo e revoga a Lei nº 13.430/2002. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/
lei-16050-de-31-de-julho-de-2014
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Decreto n. 55.610, de 20 de out. de 2014 (Revogado pelo
Decreto n. 57.583, de 23 de jan. de 2017). Institui o Programa Praças Mais Cuidadas e
estabelece regras especiais para a celebração, no âmbito do referido Programa, de termos de cooperação com a iniciativa privada, que tenham por objeto as áreas que especifica. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-55610-de-20-de-outubro-de-2014
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Glossário e Referências
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de 2 de jun. de 2015. Estabelece diretrizes e orienta os interessados na instalação de
paraciclos. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/portaria-secretaria-municipal-de-mobilidade-e-transportes-47-de-3-de-junho-de-2015
BLUE, Elly. Bikenomics: Como a bicicleta pode salvar a economia. Rio de Janeiro:
Babilonia Cultura Editorial, 2016.
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Decreto n. 56.834, de 24 de fev. de 2016. Institui o Plano
Municipal de Mobilidade Urbana de São Paulo – PlanMob/SP 2015. Disponível em:
http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-56834-de-24-de-fevereiro-de-2016
CARVALHO NETO, Alziro Azevedo. A Bicicleta Como Um Meio de Transporte Urbano:
O Caso do Rio de Janeiro. Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação
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dissertacao/dissertacao_alziro_carvalho.pdf, acessado em 30/06/2020>
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Decreto n. 57.583, de 23 de jan. de 2017. Institui o Programa Adote Uma Praça e estabelece regras especiais para a celebração de termos de
cooperação com a iniciativa privada, no âmbito do referido Programa; revoga o Decreto nº 55.610, de 20 de outubro de 2014. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.
sp.gov.br/leis/decreto-57583-de-23-de-janeiro-de-2017/
CASTRO, Catarina Miranda Sampaio e; BARBOSA, Heloisa Maria; OLIVEIRA, Leise Kelli
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2238-10312013000200008,
acessado em 30/06/2020>
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Decreto n. 57.667, de 19 de abr. de 2017. Dispõe sobre a
celebração de termos de cooperação com a iniciativa privada de que trata o artigo
50 da Lei nº 14.223, de 26 de setembro de 2006, que tenham por objeto o restauro
e a conservação de bens de valor cultural (...) e revoga o Decreto nº 34.511, de 8 de
setembro de 1994. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-57667-de-19-de-abril-de-2017
CUSTÓDIO, Neila; MIKARO, Michelle; YOSHIDA, Juliana; SILVA, Mayara. Ciclovia Linha 15 - Prata: Corredor verde como elemento de qualificação urbana. São Paulo,
2016. Disponível em: http://www.aeamesp.org.br/22semana/wp-content/uploads/
sites/5/2016/09/T5-Neila-Cust%C3%B3dio-artigo.pdf.
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Lei n. 16.885, de 16 de abr. de 2018. Cria o Sistema Cicloviário do Município de São Paulo – SICLO, revoga a Lei nº 14.266, de 06 de fevereiro de
2007, e dá outras providências. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/
leis/lei-16885-de-16-de-abril-de-2018
SÃO PAULO (MUNICÍPIO). Lei n. 17.322, de 18 de mar. de 2020. Cria a Política Municipal de Ciclologística, que visa regulamentar, promover, estimular e monitorar a logística sustentável na cidade de São Paulo, e dá outras providências. Disponível em: http://
legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-17322-de-18-de-marco-de-2020
REFERÊNCIAS CONSULTADAS MAS NÃO CITADAS
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ALMEIDA, L. A. P.; CARDOSO, L.; OLIVEIRA, L. K.; LOBO, C. F. F.; COSTA, B. G. S.; SANTOS, L. M. B.; BARROS, R. M. COELHO, F. M. A bicicleta como meio de transporte integrado a terminais de ônibus: o caso do terminal Vilarinho (Belo Horizonte/Minas Gerais). 7º Congresso Luso Brasileiro para o Planejamento Urbano, Regional, Integrado
e Sustentável. Contrastes, Contradições e Complexidades. Maceió - Brasil, Outubro,
2016. <Disponível em http://www.fau.ufal.br/evento/pluris2016/files/Tema%203%20
-%20Mobilidade%20e%20Transportes/Paper650.pdf, acessado em 30/06/2020>
PAIVA, Reginaldo A. de. A cidade em quinze minutos (a CPTM e o bicicletário da
estação Mauá). Revista dos Transportes Públicos. São Paulo, 4º trimestre, 2006. Disponível em: https://docplayer.com.br/155129182-A-cidade-em-quinze-minutos-a-cptm-e-o-bicicletario-da-estacao-maua.html
PAIVA, Reginaldo A. de. Integração com modos saudáveis. Apresentação durante a
13ª Semana de Tecnologia Metroviária da AEAMESP, Associação dos Engenheiros
e Arquitetos do Metrô. São Paulo, 2007. 22 slides. Disponível em: https://docplayer.
com.br/36770384-Integracao-com-modos-nao-motorizados-integracao-com-modos-saudaveis.html
PUCHER, J & BUEHLER, R. Integrating bicycling and public transport in North America. Journal of Public Transportation, 12(3): 79:104. 2009. <Disponível em https://
scholarcommons.usf.edu/jpt/vol12/iss3/5/, acessado em 30/06/2020>
SILVEIRA, Mariana Oliveira da. Mobilidade Sustentável: A bicicleta como um meio
de transporte integrado. UFRJ/COPPE, 2010. <Disponível em http://objdig.ufrj.br/60/
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VANDERBILT, Tom. What Would Get Americans Biking to Work? Decent parking. Slate.
2009. <Disponível em How decent bike parking could revolutionize American cities,
acessado em 30/01/2020>
AQUINO, Aida Paula Pontes de. Análise das Potencialidades da Integração entre Trem
e Bicicleta e da sua Viabilidade em um Aglomerado Urbano Brasileiro. Universidade
Federal da Paraíba, Centro de Tecnologia, João Pessoa, 2007. <Disponível em Análise
das Potencialidades da Integração entre Trem e Bicicleta e da sua Viabilidade em um
Aglomerado Urbano Brasileiro., acessado em 30/01/2020>
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Glossário e Referências
REFERÊNCIAS - CONTRATOS
Termo de Permissão de Uso para Fins Diversos. Entre CPTM e ASCObike
Termo de Permissão de Uso . Entre CPTM e Municipal de Barueri
Contrato. Entre CPMT e empresa de vigilância
5 Termos Aditivos. CPTM
Pregão eletrônico 2016. Entre CPOS e empresa de vigilância
Pregão eletrônico 2019. Entre CPOS e empresa de vigilância
Termos de aditamento 1 e 2. CPOS
Edital Pregão eletrônico 2020
4-Amarela e 5-Lilás e 17-Ouro
Empresa terceirizada de vigilância. Entre Metrô e empresa de vigilância
Anexo 11.1 SPTrans
Termo de Cooperação. Entre Tembici e Subprefeitura de Pinheiros
Aditivo retroativo. Entre Tembici e Subprefeitura de Pinheiros
Termo de Cooperação 2018. Entre Tembici e Subprefeitura Pinheiros
Termos de Cooperação. Entre Tembici e Subprefeituar Sé
Termo de Cooperação. Entre Tembici e Subprefeitura Vila Mariana
Instrumento Particular de Cessão de Uso de Espaço Público. Entre Tembici e SPTrans
GLOSSÁRIO
Ascobike: Associação dos Condutores de Bicicleta de Mauá;
CPTM: Companhia Paulista de Trens Metropolitanos é uma sociedade de economia
mista vinculada a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM) e controlada pelo Governo do Estado de São Paulo;
CPOS: Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa de economia mista vinculada à Secretaria de Governo;
EMTU: Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo é uma empresa
vinculada a STM;
Estadual: legislações no âmbito do Estado de São Paulo;
METRÔ: Companhia do Metropolitano de São Paulo é uma empresa de capital misto
subordinada a STM;
Municipal: legislações no âmbito Município de São Paulo;
Scoo: empresa que administra bicicletários da Linha 4-Amarela, 5-Lilás e 17-Ouro, e
fornece patinetes e bicicletas compartilhadas.
SMT: Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, responsável pela administração da SPTrans e CET;
SOCICAM: empresa que administra terminais de passageiros urbanos no Município
de São Paulo;
SPTrans: São Paulo Transporte S/A é uma empresa de economia mista com a Prefeitura do Município de São Paulo como acionista majoritário, sendo representado pela
Secretária Municipal de Transportes (SMT);
SPUrbanuss: Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros
de São Paulo;
STM: Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo
Subprefeituras: cada subprefeitura é responsável pelos termos de cooperação dentro
de seu limite territorial;
Tembici: empresa privada responsável por bicicletários instalados no espaço público
do Município;
VIAMOBILIDADE: concessionária responsável pela operação da Linha 5-Lilás e 17Ouro;
VIAQUATRO: concessionária responsável pela operação da Linha 4-Amarela.
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