Revista Educação Básica em Foco, v.2, n.2, abril a junho de 2021
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RETRATOS DA ESCOLA PÚBLICA EM CRISE
Ana Laura Godinho Lima1
Como celebrar o aniversário de 50 anos da Faculdade de Educação e de
60 anos da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo, no atual
contexto de crise da escola pública, crise essa que parece se aprofundar e
agravar a cada dia? Evidentemente, convidando pessoas comprometidas com
a defesa da escola pública para pensarem juntas sobre o momento que
atravessamos, os desafios, os riscos, mas também as possibilidades e as
saídas que se pode vislumbrar. O livro A Escola Pública em Crise: inflexões,
apagamentos e desafios registra as reflexões que esse encontro, o I
Seminário Internacional da Educação, tornou possível, na forma de dezoito
retratos da crise da escola feito por diferentes retratistas que conhecem a
fundo seu próprio domínio de estudos. Não tendo podido acompanhar todas
as atividades do evento, foi com alegria que recebi o livro de presente.
Merece elogio a disposição dos organizadores que se prontificaram a realizar
essa coletânea, empreendimento trabalhoso e praticamente desconsiderado
nas avaliações institucionais dos professores universitários, apesar de seu
valor, afinal uma coletânea, ao reunir pesquisadores de diferentes gerações
pensando juntos sobre uma questão comum, permite apreender o mesmo
problema por diferentes ângulos e oferece abertura para aprofundamentos em
diferentes direções.
Ao iniciar a escrita desta resenha, lembrei-me da suíte para piano2
Quadros de uma Exposição (1874), de Modest Mussorgsky, composta em
homenagem ao pintor e arquiteto Viktor Hartmann, seu grande amigo, recém
falecido. Na peça, Mussorgsky compõe dez músicas distintas para quadros
escolhidos da última exposição do artista, as quais são ligadas por um tema
comum. A leitura do livro A Escola Pública em Crise proporcionou-me uma
1
Livre-docente (2020) em Educação pela Faculdade de Educação da USP. Professora da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo - SP.
2
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vXDunw-3iO0>.
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experiência análoga à de quem visita uma exposição, nesse caso reunindo as
obras de diferentes artistas sobre um mesmo objeto. Assim, a crise da escola
pública aparece retratada por estudiosos cujas representações, expostas lado
a lado, nos proporcionam uma visão complexa e multifacetada do problema.
Cada um dos capítulos é elaborado a partir de um ângulo diferente, cada um
deles representa a crise da escola pública por uma perspectiva própria,
oferecendo desde visões mais panorâmicas até trabalhos focados em um
elemento ou aspecto específico da escola pública em crise, os quais longe de
serem detalhes insignificantes, relacionam-se com diversos outros aspectos,
mostrando-se decisivos para uma compreensão mais profunda e abrangente
da situação atual e dos acontecimentos que permitem elucidá-la. No livro, os
dezoito capítulos, cada um dos quais compostos com diferentes tonalidades e
graus de intensidade também aparecem ligados por um tema comum, o qual
corresponde aos sentimentos de justa indignação em face do atual estado de
coisas, mas também de confiança na possibilidade de sua transformação.
A composição do livro em homenagem à Faculdade de Educação e à
Escola de Aplicação evidencia, na fala de todos os que foram convidados a se
pronunciar, a disposição de participar na defesa da vida dessas instituições e
dos
valores
que
elas
representam,
bem
como
da
continuidade
das
experiências que elas tornaram possíveis. Manifesta ainda a sua determinação
de ampliar o alcance desses valores e experiências, de modo que sejam
conhecidos, apropriados, desafiados e enriquecidos pelos conhecimentos e as
vivências de todas as pessoas que compõem juntas o público da escola.
Beneficia-se, assim, da contribuição dos movimentos sociais em defesa dos
direitos das mulheres, dos negros, dos indígenas, pessoas LGBT+ e das
pessoas com deficiências, dentre eles o direito à escola pública. Também se
favorece das teorias contemporâneas relativas à articulação entre saber e
poder incorporadas nas atuais críticas às políticas educacionais, ao currículo e
às avaliações.
No primeiro capítulo, Demerval Saviani apresenta inicialmente uma
história das relações entre escola e democracia, escrita na perspectiva do
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materialismo histórico. Em seguida tece reflexões sobre o futuro dessas
relações em dois cenários possíveis. Para o autor, o primeiro cenário é o que
se pode prever como resultado da situação atual se nada for feito para
transformá-la
e
consiste
na
intensificação
das
tendências
atuais
de
“investimento capitalista na escola”, com sua busca incessante pela novidade
– “variantes do neo-escolanovismo, neoconstrutivismo e neotecnicismo” – e a
“fetichização das novas tecnologias” que lhe é característica, tendências que
tendem a desviar a escola de sua função de garantir aos estudantes o acesso
aos conhecimentos sistematizados. O outro futuro possível requer um
movimento de resistência a essa situação, exigeque a escola se torne
verdadeiramente espaço de reflexão sobre a organização da sociedade atual,
“assegurando sua plena compreensão por parte de todos os educandos”
(SAVIANI, 2020, p. 37).
No capítulo seguinte, José Carlos Libâneo aproxima o foco de análise da
escola,
elaborando
reflexões lúcidas
sobre
um
conjunto
de
questões
fundamentais e não resolvidas acerca da finalidade da escola pública e do
modo de assegurá-la. Retoma a questão da democratização do acesso e o
desafio de assegurar uma educação de qualidade para todos os estudantes,
bem como a questão sobre qual a função precípua da escola, instruir ou
socializar.Enfrenta ainda a questão desafiadora de como garantir a todos e
todas o direito de ter acesso aos conhecimentos e habilidades socialmente
valorizados e indispensáveis para a vida, reconhecendo-se e valorizando-se ao
mesmo tempo a diversidade de conhecimentos e habilidades das pessoas que
a frequentam. Propõe então “atender a todos por meio de um currículo de
formação cultural e científica, articulado pedagogicamente com a diversidade
sociocultural, e diretamente enlaçado às condições sociais, culturais e
materiais de vida dos alunos” (LIBÂNEO, 2020, p. 55). Marcos Neira
apresenta outro ponto de vista no capítulo “O currículo cultural e a afirmação
das diferenças”, de modo que a leitura de ambos permite compreender bem
os termos de uma controvérsia que ocupa um lugar destaque no discurso
educacional contemporâneo.
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Segundo Neira, a imposição de uma Base Nacional Comum Curricular
apresenta-se como obstáculo à afirmação da diversidade cultural na escola.
Sem recusar que a cultura hegemônica seja objeto de ensino na escola, o
autor contesta que ela deva continuar a ocupar uma posição central,
mantendo as outras na periferia do saber. Entende, em vez disso, que as
diferentes culturas que chegam à escola por meio das linguagens, dos
conhecimentos, das habilidades e dos interesses dos estudantes, assim como
a cultura escolar tradicionalmente legitimada, devem ser ensinadas lado a
lado, sem que se estabeleça hierarquia entre elas. Considera ainda que o
currículo deve resultar do encontro entre docente e sua turma de estudantes,
constituindo a cada vez um percurso singular, em vez de ser pré-estabelecido
em documento oficial a que todas as escolas devam se conformar. O capítulo
que se segue, “Educação, Diversidade, Emancipação e Lutas em Tempos
Antidemocráticos”, de Nilma de Lino Gomes, amplifica as reflexões propostas
nesses capítulos sobre como conceber o currículo que convém à escola pública
na relação com o direito à educação de todas as pessoas. A autora lembra a
contribuição dos movimentos sociais em defesa do direito à educação das
mulheres,
dos negros,
dos indígenas
e
das pessoas
LGBT+
para a
democratização do acesso à escola e para a valorização das diferenças em seu
interior. Ela detém-se no exame das transformações recentes no ambiente
universitário a partir da implementação das cotas, expressando de maneira
arguta e sensível o impacto do encontro entre culturas anteriormente
apartadas e agora reunidas na sala de aula nas relações entre os sujeitos e no
currículo. Cotidianamente os professores e as professoras se defrontam com
estudantes que os desafiam a reconhecer e enfrentar os limites de seus
próprios conhecimentos e os seus preconceitos em relação às culturas que
desconhecem. A autora mostra bem como os esforços dos professores na
superação
dessas
dificuldades
pode
ampliar
e
enriquecer
a
cultura
universitária, em benefício de todos os envolvidos.
Se a questão do direito à educação e à escola pública atravessa todos os
retratos da crise expostos no livro, dois deles examinam a questão mais de
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perto: “O Direito à Educação no Contexto da Internacionalização dos Direitos
Humanos” de Pedro Dallari, e “O futuro dos Direitos Humanos: notas sobre
memórias e possibilidades da educação em direitos humanos no Brasil, da
autoria de Flávia Schilling e Fernanda Castro Fernandes. O primeiro, sóbrio e
panorâmico, situa o direito à educação, “um dos alicerces da civilização”
(DALLARI, 2020, p. 69) no âmbito da formulação, disseminação internacional,
ampliação e inserção dos direitos humanos na construção jurídica dos
Estados, com foco no direito à educação. O segundo, elaborado em cores
muito vivas, chama a atenção – no duplo sentido de orientar o olhar e
advertir – para a necessidade do estudo da Declaração Universal dos Direito
Humanos
(DUDH)
nas
escolas
e
universidades.
As
autoras
iniciam
expressando a ideia segundo a qual, em face da valorização sempre crescente
da
novidade,
“talvez
exista
uma
enorme
importância
na
repetição”.
Desafiando o senso comum pedagógico que desqualifica a repetição, como
monótona e contrária ao interesse, elas observam que educação também se
realiza por meio dela, pela insistência nas mensagens importantes, de modo a
impedir que se esqueça o que é fundamental. Defendem que esse é o caso da
DUDH, uma carta que se dirige a todas as pessoas, a qual nos elucida acerca
dos direitos que precisam ser considerados quando se trata de pensar sobre
“como viveremos juntos” (SCHILLING; FERNANDES, 2020, p. 125).
Como que respondendo à questão, António Gomes Ferreira lembra que
é preciso começar assegurando o direito à vida para todas as crianças. O
autor recorre a dados estatísticos de diferentes países para demonstrar que
historicamente a desigualdade entre as crianças “é bem expressa na
mortalidade infantil”, sendo que as chances de sobreviver relacionam-se não
apenas ao período histórico em que se veio ao mundo, mas também ao lugar
de nascimento. O texto “Do Universal na Educação aos Fundamentos da
Educação Especial no Brasil” também pode ser apreciado como uma resposta
à mesma questão. Assim como Ferreira, Cássia Sofiato recorre à perspectiva
histórica para mostrar como o direito à educação das crianças cegas e surdas
foi lentamente conquistado. A autora elabora um quadro rico em detalhes do
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funcionamento do Instituto Imperial dos Meninos Cegos, fundando em 1854 e
o
Imperial
Instituto
dos
Surdos-Mudos,
criado
três
anos
depois,
caracterizando suas condições, semelhanças e diferenças em relação à
educação que então se proporcionava às outras crianças.
Se é verdade que certas mensagens fundamentais devem ser objeto de
repetição e insistência, então esse é o caso da afirmação do valor das ciências
humanas para a nossa civilização. Embora bem presente entre os intelectuais
dedicados às questões educacionais, ela é reiterada em diferentes capítulos
do livro, dada a gravidade das ameaças que nos assombram no contexto
atual. Bruno Bontempi se pronuncia de maneira enérgica “Em Defesa da
Universidade, dos Cientistas e das Ciências Humanas” título de seu texto.
Detém-se na análise dos discursos que desqualificam as ciências humanas, os
quais tendem a reconhecer valor apenas nos conhecimentos que parecem ter
utilidade imediata. Contrapõe-se a esses discursos registrando alguns dos
impactos
mais
relevantes
das
ciências
humanas,
reconhecidos
pela
comunidade científica internacional, dentre os quais “o impacto cultural, pelo
qual se transformam habilidades e atitudes mediante a compreensão dos
fenômenos naturais e sociais; o impacto social, relacionado à melhoria do
bem-estar ou à promoção de mudanças de concepções” (Bontempi, 2020, p.
160-161). Milton Lahuerta retoma a questão no último capítulo do livro, no
qual apresenta uma análise tão abrangente quanto profunda dos efeitos da
transformação nos modos de produção e das inovações tecnológicas na
educação e na política. Diante da complexidade do cenário atual, o autor
observa que as ciências humanas não são apenas importantes para o avanço
do conhecimento e as transformações sociais, mas indispensáveis para guiar a
educação e a política. No capítulo “Educação pública brasileira: lengua de
madera e políticas de apagamento, Vinício de Macedo Santos examina os
efeitos dessas transformações tendo em vista um aspecto específico, que diz
respeito aos efeitos da “política neoliberal para a educação voltada aos ‘países
em desenvolvimento’” na política educacional brasileira. Mesmo apesar das
profundas mudanças no governo do país, observa a continuidade da
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orientação neoliberal na política educacional, com ênfase na adoção das
avaliações em larga escala que, ao desconsiderarem as especificidades
regionais, têm efeito deletério no cotidiano escolar.
Em
uma
época
de
“Inovações
permanentes
e
desigualdades
crescentes”, o texto de Roberto Rafael Dias da Silva retrata com riqueza de
detalhes dos discursos que sustentam o imperativo da inovação no campo
educacional, em particular no currículo, os quais se configuram a partir de
termos como entretenimento, protagonismo do estudante e formação de
competências socioemocionais, relacionando tais elementos à emergência do
que vêm sendo designado como capitalismo artista e capitalismo emocional.
Não se deixando capturar pelo caráter encantatório dos discursos próinovação, outros retratistas voltam-se para o passado da escola pública, da
cultura e da forma escolar, lembrando uma série de acontecimentos e
realizações
que
fizeram
dela
uma
instituição
central
nas
sociedades
modernas, cujo (re)conhecimento permite compreender de maneira mais
adequada a crise na qual estamos instalados. Com essa preocupação, Marta
Maria Chagas de Carvalho lembra que a forma escolar, como a conhecemos, é
fruto de uma conquista, resultado de um conjunto de disputas e lutas por
princípios que estão atualmente sob ameaça, de modo que cabe-nos
continuara defender “o sistema público de escola única, laica e gratuita no
país” (Carvalho, 2020, p.117). Em vista do mesmo tema, Edmilson Menezes
retrocede à Alemanha do século XVIII para retratar as circunstâncias nas
quais Basedow e Kant formularam a sua defesa da escola pública. Basedow
argumentava que essa era a instituição mais adequada à educação de
pessoas responsáveis pelo bem comum, enquanto Kant entendia que era
apenas no espaço público que se podia conquistar a autonomia no exercício
da razão.
António Carlos da Luz Correia, Carlota Boto e Vivian Batista da Silva
retratam aspectos distintos, mas complementares da história cultural da
escola. Correia põe em questão a afirmação recorrente segundo a qual a
escola resiste à mudança, estabelecendo uma distinção importante entre a
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escola como instituição, a qual se mostrou bem sucedida e duradoura,
justamente
porque a
escola como organização
passou
por diferentes
transformações com vistas a superar numerosos problemas, dificuldades e
desafios do mundo em transformação. Carlota Boto contribui para a
compreensão do argumento do autor ao retratar dois dos personagens mais
importantes da Escola Nova em Portugal e no Brasil, Faria de Vasconcelos e
Lourenço Filho.Ao fazê-lo, descreve com nitidez os aspectos mais importantes
do movimento escolanovista, por meio do qual os pedagogos buscaram
contribuir para a renovação das práticas escolares em bases científicas,
fazendo da criança em desenvolvimento um objeto privilegiado de estudo e
intervenção pedagógica. Dentre as práticas escolares que passaram por
transformações ao longo do tempo, sobressai a avaliação, como evidencia
Vivian Batista da Silva, em estudo minucioso de 58 manuais de ensino
destinados a formação docente publicados entre 1870 e 1970. Seu capítulo
mostra a centralidade da avaliação no funcionamento da escola, uma vez que
determina desde o planejamento e a execução das atividades dos professores,
até o destino dos alunos, em função dos resultados alcançados nessas
avaliações. Se o desempenho nas avaliações escolares parece medir o valor
dos estudantes, a nota em matemática parece expressar melhor do que as
obtidas em outras disciplinas o seu nível de inteligência. Trazendo o leitor de
volta aos dias atuais, Zaqueu Oliveira apresenta resultados de uma pesquisa
sobre as representações de licenciandos acerca da matemática. O estudo
evidencia que é comum considerar a matemática como um saber oculto que
subjaz à realidade e é inacessível às pessoas comuns, representação que
dificulta o envolvimento positivo dos estudantes com o seu estudo.
Os retratos da crise da escola pública expostos no livro são exercícios de
pensamento potentes para a compreensão dos desafios que nos confrontam.
Além da análise das atuais circunstâncias, e de como chegamos a esse estado
de coisas, os capítulos identificam também as saídas possíveis, aliando
inteligência e generosidade. Evidenciam que, apesar de todos os nossos atuais
pesares em relação aos atuais retrocessos, em especial no que se refere ao
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direito à educação pública, a Faculdade de Educação da USP e sua Escola de
Aplicação têm o que comemorar: a fertilidade do trabalho de suas professoras
e professores e de tantos outros que, a partir de diversas instituições, atuam
em interlocução e colaboração com seu corpo docente, formando uma grande
rede de pessoas dedicadas à pesquisa, à proposição e à implementação de
práticas educacionais condizentes com a formação de pessoas empenhadas
em conhecer e admirar, mas também desafiar e transformar o mundo,
responsabilizando-se por suas escolhas.
REFERÊNCIAS
BROTO, C.; SANTOS, V. M.; SILVA, V. B.; OLIVEIRA, Z. V. (Orgs.). A escola
pública em crise: inflexões, apagamentos e desafios. São Paulo: FEUSP,
2020. 385 p. Disponível em:
<http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/564>.
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