Papers by Marcelo Amorim Checchia
Revista Cadernos de Psicanálise - CPRJ v.43, n.44, jan./jun. 2021, 2021
O artigo compara a forma como Sigmund Freud, Otto Gross e Sabina Spielrein se referem às mulheres... more O artigo compara a forma como Sigmund Freud, Otto Gross e Sabina Spielrein se referem às mulheres e aos homens, ao feminino e ao masculino e ao binômio sadismo e masoquismo. O objetivo é localizar determinações machistas e patriarcais, condicionadas historicamente nas primeiras teorias sobre a etiologia das neuroses, e sua sobrevivência em utilizações e atualizações mais recentes. A releitura de psicanalistas contemporâneos a Freud que foram silenciados e esquecidos – mas que recentemente retornaram do recalque histórico dentro da “história oficial da psicanálise” – nos permite considerar de que forma a lógica patriarcal influenciou a vida e as teorias dos primeiros psicanalistas.
Revista da Associação Psicanalítica de Curitiba, 2019
As eleições presidenciais de 2018 provocaram um verdadeiro fenômeno político e clínico. A prolife... more As eleições presidenciais de 2018 provocaram um verdadeiro fenômeno político e clínico. A proliferação de enunciados de ódio tomou conta da sociedade e dos consultórios psicanalíticos. Como se deu esse fenômeno na clínica? Como compreendê-lo? Como tratá-lo? Quais são as possibilidades da psicanálise e quais são as posições éticas e políticas do psicanalista diante de tal cenário? Como fica a direção do tratamento? Este artigo aborda estas questões apoiando-se em reflexões de psicanalistas da primeira geração em diálogo com considerações de psicanalistas da atualidade, bem como na análise de dois sonhos de minha própria clínica.
Lacuna - uma revista de psicanálise, 2018
Este texto é fruto de uma indignação. Indignação em só ter descoberto Otto Gross ao acaso, por ou... more Este texto é fruto de uma indignação. Indignação em só ter descoberto Otto Gross ao acaso, por outros meios que não a psicanálise; indignação ao saber da história de exclusão de Otto Gross e de suas ideias da comunidade psicanalítica; indignação ao perceber como o recalque dessa história retorna em inúmeras e ainda frequentes repetições de violência no interior das comunidades psicanalíticas com supostas justificativas de “defesa à causa psicanalítica”. Por isso é importante dizer que embora o tom desse texto seja duro (era muito mais na primeira versão), ele não é contra a psicanálise; ao contrário, trata-se de uma espécie de advertência para que os psicanalistas não se considerem isentos dos fenômenos de grupo e do narcisismo das pequenas diferenças e possam, assim, melhor exercer a psicanálise em suas clínicas e instituições. Espero não ser muito ingênuo ou pretensioso em relação a isso...
Texto no link: https://revistalacuna.com/2018/06/04/n05-02/
A Peste Revista De Psicanalise E Sociedade E Filosofia, 2011
A Peste Revista De Psicanalise E Sociedade E Filosofia, 2011
A Peste Revista De Psicanalise E Sociedade E Filosofia, 2010
Resumo: Com o propósito de tentar especifi car os elementos que compõem a técnica psicanalítica, ... more Resumo: Com o propósito de tentar especifi car os elementos que compõem a técnica psicanalítica, os psicanalistas lacanianos têm frequentemente recorrido à noção de dispositivo psicanalítico, por vezes apontando que se trata de uma expressão inventada por Lacan. Mas o que é um dispositivo? A partir da retomada da noção fi losófi ca desse termo, este artigo busca estabelecer uma defi nição psicanalítica de dispositivo, indicando ao mesmo tempo as limitações dessa defi nição. Palavras-chave: dispositivo; psicanálise; Lacan; Foucault; Agamben.
Books by Marcelo Amorim Checchia
Um sonho fantástico, 2021
Com base em um sonho real, este romance é uma viagem pelo inconsciente e pelos devaneios de um ps... more Com base em um sonho real, este romance é uma viagem pelo inconsciente e pelos devaneios de um psicanalista inconformado com o contexto político do Brasil. Sua angústia o leva a sonhar com um evento em que recebe, em São Paulo, diversos psicanalistas, filósofos, escritores e antropólogos, curiosamente todos estrangeiros e já falecidos, para um debate a respeito do autoritarismo brasileiro. Em meio às preparações e ao próprio evento ocorre, no entanto, uma série de fatos inusitados e divertidos, culminando em um desfecho enigmático.
Origens psíquicas da autoridade e do autoritarismo, 2020
Por que os seres humanos tendem a estabelecer relações de domínio e servidão? Além dos fatores so... more Por que os seres humanos tendem a estabelecer relações de domínio e servidão? Além dos fatores sociais, políticos e históricos em jogo, quais são as bases psíquicas de tal tendência? Este livro é um ensaio em torno de tais questões, tomando como eixo central o modo como se institui psiquicamente a autoridade e se forma o Eu autoritário. Sua referência principal é a psicanálise, mas não sem diálogos com a antropologia, filosofia, sociologia, linguística e literatura. Por meio desses diálogos, elabora dois conceitos-chave: desejo de poder – extraído especialmente de uma leitura das teorias de Saussure e Lacan – e vontade de potência – embasado principalmente nas teorias de Gross, Freud e Lacan. Esses conceitos servirão, dentre outras coisas, para sustentar a tese de que a vontade de dominação e de submissão não são inerentes à condição humana. Ao final, levanta reflexões sobre por que e como o autoritarismo pode ser combatido a partir da psicanálise.
Combate à vontade de potência, 2016
Se no palco do poder grassam, há eras, dois sólidos palanques — o daquele que domina e o do que é... more Se no palco do poder grassam, há eras, dois sólidos palanques — o daquele que domina e o do que é dominado —, também não é de hoje o fato de que a circulação dos que ali se inscrevem, em cena, permite que as suas posições não se revelem sempre as mesmas. No entanto, se é a vontade de potência (para si ou para o outro) que segue constituindo o rodízio desses papéis, pouco se sai de um jogo em que parece não restar enredo algum que não o de devorar ou ser devorado, querer tragar ou se ver tragado; pouco se desvia da ideia de que é no outro que se encontra o limite (a ser transposto ou fomentado) daquilo que, em nós, persevera no silêncio do potencial. Combater a vontade de potência é reconhecer espaços nos interstícios, por debaixo das máscaras, nos entredentes dessas engrenagens que a conjuntura, escamoteando, dá. Trata-se de um trabalho de busca, por outras vias, não de um giro em falso nessa roda desafortunada de uma violência contra o outro ou contra si, mas o entusiasmo de querer se haver com novos laços, novas lidas com a alteridade: um giro que desarma por aceitar-se desarmado; um giro em torno de outros e novos como — por inventar, por construir, por reconhecer ou despertar nas lacunas do presente.
Partindo do projeto do psicanalista Otto Gross com o escritor Franz Kafka, este livro coloca em debate, sob diferentes prismas – psicanálise, filosofia, sociologia antropologia e literatura –, essa paixão humana pela dominação e pela servidão e as possibilidades de combatê-la por meio desses giros que propiciem novas formas de laço.
Poder e política na clínica psicanalítica, 2015
Poder e política na clínica psicanalítica é um livro necessário, original, bem escrito e, sobretu... more Poder e política na clínica psicanalítica é um livro necessário, original, bem escrito e, sobretudo, de uma honestidade intelectual ímpar, no qual o autor faz uma leitura política da clínica psicanalítica. Sua porta de entrada foi a clínica de Lacan, o que não o impediu, e é uma das qualidades de seu trabalho, de mapear tanto a obra freudiana, como a de outras escolas psicanalíticas e suas respectivas políticas.
Sua tese é clara: não só a direção do tratamento é indissociável de sua política, como todo psicanalista está implicado numa política que o remete à finalidade de seus atos. De fato, basta pensarmos nas conseqüências políticas decorrentes da escuta analítica que privilegia apenas um tipo de associação e ouve apenas alguns significantes em detrimento de outros. Política é também a experiência analítica que, ao permitir a desconstrução do Um e a queda de determinados significantes mestres, transforma a relação do sujeito com a ideologia, levando-o a conceber a política de outra maneira.
Caterina Koltai
Por uma psicanálise revolucionária (Otto Gross), 2017
Edição que reúne pela primeira vez em português textos psicanalíticos e políticos de Otto Gross.
Prefácio do livro "Combate à vontade de potência".
Prefácio do volume 1 dos escritos psicanalíticos de Otto Gross. Trata-se de uma biografia resumida.
Se no palco do poder grassam, há eras, dois sólidos palanques — o daquele que domina e o do que é... more Se no palco do poder grassam, há eras, dois sólidos palanques — o daquele que domina e o do que é dominado —, também não é de hoje o fato de que a circulação dos que ali se inscrevem, em cena, permite que as suas posições não se revelem sempre as mesmas. No entanto, se é a vontade de potência (para si ou para o outro) que segue constituindo o rodízio desses papéis, pouco se sai de um jogo em que parece não restar enredo algum que não o de devorar ou ser devorado, querer tragar ou se ver tragado; pouco se desvia da ideia de que é no outro que se encontra o limite (a ser transposto ou fomentado) daquilo que, em nós, persevera no silêncio do potencial. Combater a vontade de potência é reconhecer espaços nos interstícios, por debaixo das máscaras, nos entredentes dessas engrenagens que a conjuntura, escamoteando, dá. Trata-se de um trabalho de busca, por outras vias, não de um giro em falso nessa roda desafortunada de uma violência contra o outro ou contra si, mas o entusiasmo de querer se haver com novos laços, novas lidas com a alteridade: um giro que desarma por aceitar-se desarmado; um giro em torno de outros e novos como — por inventar, por construir, por reconhecer ou despertar nas lacunas do presente.
Partindo do projeto do psicanalista Otto Gross com o escritor Franz Kafka, este livro coloca em debate, sob diferentes prismas – psicanálise, filosofia, sociologia antropologia e literatura –, essa paixão humana pela dominação e pela servidão e as possibilidades de combatê-la por meio desses giros que propiciem novas formas de laço.
"Poder e política na clínica psicanalítica é um livro necessário, original, bem escrito e, sobret... more "Poder e política na clínica psicanalítica é um livro necessário, original, bem escrito e, sobretudo, de uma honestidade intelectual ímpar, no qual o autor faz uma leitura política da clínica psicanalítica. Sua porta de entrada foi a clínica de Lacan, o que não o impediu, e é uma das qualidades de seu trabalho, de mapear tanto a obra freudiana, como a de outras escolas psicanalíticas e suas respectivas políticas.
Sua tese é clara: não só a direção do tratamento é indissociável de sua política, como todo psicanalista está implicado numa política que o remete à finalidade de seus atos. De fato, basta pensarmos nas conseqüências políticas decorrentes da escuta analítica que privilegia apenas um tipo de associação e ouve apenas alguns significantes em detrimento de outros. Política é também a experiência analítica que, ao permitir a desconstrução do Um e a queda de determinados significantes mestres, transforma a relação do sujeito com a ideologia, levando-o a conceber a política de outra maneira" (Caterina Koltai).
"Este livro realiza um exame detalhado das incidências da política não só como inflexão fundamental da psicanálise para a teoria social, mas, principalmente, para a ideia de que o próprio tratamento, como experiência do inconsciente para um determinado sujeito, deve ser considerado à luz de uma política. A arqueologia política da psicanálise, a incorporação crítica e a resposta circunstanciada aos que apontaram sua periculosidade ideológica e moral, bem como a extração de consequências para a política em sentido estrito, no espaço público, são inflexões salientes da teoria e da clínica de Lacan para nossa época. Este livro é mais uma prova de como boa clínica é também crítica social feita por outros meios. Derrogando a mitologia científica de uma psicanálise definida pela técnica sem método e pela ética sem controle, este livro mostra como a política está na intimidade mesma do tratamento. Desenvolvendo a tese lacaniana da psicanálise como uma ética, no interior da direção da cura, o texto mostra como a separação inadvertida entre ética e política é mais um dos álibis que a psicanálise historicamente chamou contra si, imunizando-a voluntaria ou involuntariamente, contra a revisão crítica de seus próprios procedimentos. Extraindo consequências da noção lacaniana de ato o texto combina, admiravelmente, a reconstrução precisa de conceitos com a análise de material e de casuística histórica. Examinando as noções de ato e de discurso o livro levanta poderosos argumentos contra aqueles que gostariam de ver a psicanálise apenas como uma técnica institucionalizada a serviço de modos de subjetivação hegemônicos" (Christian Dunker)
A questão inicial desta pesquisa surgiu da experiência clínica psicanalítica. Em meu consultório,... more A questão inicial desta pesquisa surgiu da experiência clínica psicanalítica. Em meu consultório, bem como em um dos atendimentos realizados na Clínica Psicológica do IPUSP, recebi alguns sujeitos que se queixavam de uma adolescência demasiadamente prolongada. Essas pessoas poderiam ser consideradas anos) do que a do período que se convencionou chamar de adolescência. No entanto, relatavam estarem presos a alguns conflitos geralmente concebidos como próprios desse período por exemplo, o de romper os laços com os pais. A partir disso, percebi ser necessário compreender por que é cada vez mais comum recebermos na clínica pessoas cronologicamente adultas com conflitos próprios da adolescência.
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Texto no link: https://revistalacuna.com/2018/06/04/n05-02/
Books by Marcelo Amorim Checchia
Partindo do projeto do psicanalista Otto Gross com o escritor Franz Kafka, este livro coloca em debate, sob diferentes prismas – psicanálise, filosofia, sociologia antropologia e literatura –, essa paixão humana pela dominação e pela servidão e as possibilidades de combatê-la por meio desses giros que propiciem novas formas de laço.
Sua tese é clara: não só a direção do tratamento é indissociável de sua política, como todo psicanalista está implicado numa política que o remete à finalidade de seus atos. De fato, basta pensarmos nas conseqüências políticas decorrentes da escuta analítica que privilegia apenas um tipo de associação e ouve apenas alguns significantes em detrimento de outros. Política é também a experiência analítica que, ao permitir a desconstrução do Um e a queda de determinados significantes mestres, transforma a relação do sujeito com a ideologia, levando-o a conceber a política de outra maneira.
Caterina Koltai
Partindo do projeto do psicanalista Otto Gross com o escritor Franz Kafka, este livro coloca em debate, sob diferentes prismas – psicanálise, filosofia, sociologia antropologia e literatura –, essa paixão humana pela dominação e pela servidão e as possibilidades de combatê-la por meio desses giros que propiciem novas formas de laço.
Sua tese é clara: não só a direção do tratamento é indissociável de sua política, como todo psicanalista está implicado numa política que o remete à finalidade de seus atos. De fato, basta pensarmos nas conseqüências políticas decorrentes da escuta analítica que privilegia apenas um tipo de associação e ouve apenas alguns significantes em detrimento de outros. Política é também a experiência analítica que, ao permitir a desconstrução do Um e a queda de determinados significantes mestres, transforma a relação do sujeito com a ideologia, levando-o a conceber a política de outra maneira" (Caterina Koltai).
"Este livro realiza um exame detalhado das incidências da política não só como inflexão fundamental da psicanálise para a teoria social, mas, principalmente, para a ideia de que o próprio tratamento, como experiência do inconsciente para um determinado sujeito, deve ser considerado à luz de uma política. A arqueologia política da psicanálise, a incorporação crítica e a resposta circunstanciada aos que apontaram sua periculosidade ideológica e moral, bem como a extração de consequências para a política em sentido estrito, no espaço público, são inflexões salientes da teoria e da clínica de Lacan para nossa época. Este livro é mais uma prova de como boa clínica é também crítica social feita por outros meios. Derrogando a mitologia científica de uma psicanálise definida pela técnica sem método e pela ética sem controle, este livro mostra como a política está na intimidade mesma do tratamento. Desenvolvendo a tese lacaniana da psicanálise como uma ética, no interior da direção da cura, o texto mostra como a separação inadvertida entre ética e política é mais um dos álibis que a psicanálise historicamente chamou contra si, imunizando-a voluntaria ou involuntariamente, contra a revisão crítica de seus próprios procedimentos. Extraindo consequências da noção lacaniana de ato o texto combina, admiravelmente, a reconstrução precisa de conceitos com a análise de material e de casuística histórica. Examinando as noções de ato e de discurso o livro levanta poderosos argumentos contra aqueles que gostariam de ver a psicanálise apenas como uma técnica institucionalizada a serviço de modos de subjetivação hegemônicos" (Christian Dunker)
Texto no link: https://revistalacuna.com/2018/06/04/n05-02/
Partindo do projeto do psicanalista Otto Gross com o escritor Franz Kafka, este livro coloca em debate, sob diferentes prismas – psicanálise, filosofia, sociologia antropologia e literatura –, essa paixão humana pela dominação e pela servidão e as possibilidades de combatê-la por meio desses giros que propiciem novas formas de laço.
Sua tese é clara: não só a direção do tratamento é indissociável de sua política, como todo psicanalista está implicado numa política que o remete à finalidade de seus atos. De fato, basta pensarmos nas conseqüências políticas decorrentes da escuta analítica que privilegia apenas um tipo de associação e ouve apenas alguns significantes em detrimento de outros. Política é também a experiência analítica que, ao permitir a desconstrução do Um e a queda de determinados significantes mestres, transforma a relação do sujeito com a ideologia, levando-o a conceber a política de outra maneira.
Caterina Koltai
Partindo do projeto do psicanalista Otto Gross com o escritor Franz Kafka, este livro coloca em debate, sob diferentes prismas – psicanálise, filosofia, sociologia antropologia e literatura –, essa paixão humana pela dominação e pela servidão e as possibilidades de combatê-la por meio desses giros que propiciem novas formas de laço.
Sua tese é clara: não só a direção do tratamento é indissociável de sua política, como todo psicanalista está implicado numa política que o remete à finalidade de seus atos. De fato, basta pensarmos nas conseqüências políticas decorrentes da escuta analítica que privilegia apenas um tipo de associação e ouve apenas alguns significantes em detrimento de outros. Política é também a experiência analítica que, ao permitir a desconstrução do Um e a queda de determinados significantes mestres, transforma a relação do sujeito com a ideologia, levando-o a conceber a política de outra maneira" (Caterina Koltai).
"Este livro realiza um exame detalhado das incidências da política não só como inflexão fundamental da psicanálise para a teoria social, mas, principalmente, para a ideia de que o próprio tratamento, como experiência do inconsciente para um determinado sujeito, deve ser considerado à luz de uma política. A arqueologia política da psicanálise, a incorporação crítica e a resposta circunstanciada aos que apontaram sua periculosidade ideológica e moral, bem como a extração de consequências para a política em sentido estrito, no espaço público, são inflexões salientes da teoria e da clínica de Lacan para nossa época. Este livro é mais uma prova de como boa clínica é também crítica social feita por outros meios. Derrogando a mitologia científica de uma psicanálise definida pela técnica sem método e pela ética sem controle, este livro mostra como a política está na intimidade mesma do tratamento. Desenvolvendo a tese lacaniana da psicanálise como uma ética, no interior da direção da cura, o texto mostra como a separação inadvertida entre ética e política é mais um dos álibis que a psicanálise historicamente chamou contra si, imunizando-a voluntaria ou involuntariamente, contra a revisão crítica de seus próprios procedimentos. Extraindo consequências da noção lacaniana de ato o texto combina, admiravelmente, a reconstrução precisa de conceitos com a análise de material e de casuística histórica. Examinando as noções de ato e de discurso o livro levanta poderosos argumentos contra aqueles que gostariam de ver a psicanálise apenas como uma técnica institucionalizada a serviço de modos de subjetivação hegemônicos" (Christian Dunker)