SANTOS, Zidelmar - Resenha - Mississipi em Chamas
SANTOS, Zidelmar - Resenha - Mississipi em Chamas
SANTOS, Zidelmar - Resenha - Mississipi em Chamas
Mississipi em chamas2
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Graduando em Histria pela Universidade Estadual de Santa Cruz UESC.
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Referncia: SANTOS, Zidelmar. RESENHA - Mississipi em chamas. Revista Eletrnica Boletim do
TEMPO, Ano 5, N16, Rio, 2010 [ISSN 1981-3384]
McDormand, aponta que os partidrios do grupo racista justificam a violncia
contra os pretos na religio, quando a mesma personagem diz que a
segregao ensinada aos jovens na escola e que esta est presente na
Bblia em Gnese 9, versculo 27. O discurso cristo marcante no filme. O
personagem Clayton Townley, interpretado por Stephen Tobolowsky, membro
da Ku Klux Klan, demonstra dio contra os judeus pois rejeitaram Cristo. As
prticas de violncia eram exercidas, tambm, contra turcos e orientais,
sempre sob a justificativa religiosa e sob o discurso de proteo ao estilo de
vida americano e anglo-saxo.
Quem assiste ao filme percebe uma espcie o conformismo da
comunidade negra local com as agresses por parte dos membros da Ku Klux
Klan. Este conformismo s questionado na medida em que as agresses se
intensificam. A partir deste momento comeam as manifestaes, por parte da
comunidade negra, nas ruas da cidade.
Algumas passagens do filme despertam a curiosidade do telespectador,
tais como: a cruz em chamas, simbolizando os ataques da KKK e alguns
personagens dizendo: isso coisa do Martin Luther King, s pra citar
exemplo. O filme ambientado na dcada de 60 do sculo XX, justamente
quando o movimento dos direitos civis dos Estados Unidos, a qual Martin era
ativista, lutava em busca de uma sociedade sem segregao, onde tanto
negros quanto brancos pudessem ter os mesmos direitos.
Fica ntido pra quem assiste que a Ku Klux Klan um movimento
extremamente organizado e conservador, posto que pretende manter a
tradio segregacionista vigente no sul em contraposio ao avano nos
direitos civis, representado no filme pela cidade de Chicago. O
conservadorismo da KKK consiste no descontentamento com as tendncias
que anseiam por mudanas na estrutura da sociedade.
Apesar dos avanos na luta pelos direitos civis, no podemos deixar
despercebido o fato de que o preconceito decorrente das prticas
segregacionistas ainda est presente, no s nos Estados Unidos, mas em
todo o mundo. evidente que alguns acontecimentos, a exemplo da eleio de
um presidente negro nos EUA, esto passando a imagem de que a
discriminao racial est diminuindo no pas. Sim, est. Entretanto, no
podemos mascarar a realidade: a discriminao racial uma chaga presente
nas sociedades mundo afora. O sculo XX nos legou a luta de Gandhi,
Mandela e Luther King; mas e o sculo XXI? Seremos epigonos desses lderes
ou esperaremos um implacvel vitiligo nos salvar?
Mississipi em Chamas destinado queles que acreditam num mundo
onde as pessoas no se julguem de acordo com princpios racistas, como a
questo da superioridade/inferioridade de acordo com a cor da pele. para
aqueles que acreditam que o respeito entre as pessoas deve existir por que
todas as pessoas so iguais e para os que entoam o respeito entre os homens,
visto que nossa igualdade reside justamente em nossas diferenas. Mississipi
destinado tambm s pessoas que lutam por um mundo melhor, sem
violncia, muito embora o filme seja impregnado da mesma, o que pode soar
como paradoxo, mas que pode demonstrar que qualquer prtica
segregacionista errada.