Comportamento Organizacional PDF
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Comportamento
Organizacional
Comportamento
Organizacional
Autora
Eunice Nascimento
1.ª edição
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor
dos direitos autorais.
204 p.
ISBN: 978-85-7638-823-4
CDD 158.7
1.ª reimpressão
O processo motivacional | 49
Introdução | 49
É possível motivar uma pessoa? | 49
A motivação segundo Sigmund Freud | 51
Teoria de motivação de Maslow | 51
Teoria da fixação de metas | 53
Teoria da eqüidade | 54
Teoria da expectativa | 54
Teoria ERC | 55
Teoria da auto-eficácia | 56
Teoria motivacional dos dois fatores | 56
Teoria do R.A.P. | 57
Fatores que levam o ser humano à ação | 58
Auto-motivação como um caminho | 58
Gabarito | 195
Referências | 197
O ser humano no
ambiente de trabalho
Introdução
Não é difícil pensar na cadeia de causas e efeitos a partir do momento em que o ser humano pos-
sui autoconsciência e auto-aceitação das suas potencialidades e limitações. Segundo o filósofo Emanuel
Kant o autoconhecimento é o início de toda a sabedoria. A partir do momento que existe esta autocons-
ciência o indivíduo é capaz de direcionar sua trajetória, suas necessidades, revendo suas habilidades,
comportamentos, atitudes e valores.
Para entendermos como funciona o processo de autodesenvolvimento e quais são seus fatores,
é importante considerar que o processo de mudança tem início, mas não tem fim, ele é dinâmico e ao
mesmo tempo contínuo, sendo considerado uma questão de sobrevivência. Ou entra-se com ética e
harmonia nessa dança, ficando atento ao ritmo da música e à melodia, ou fica-se estagnado. A viabi-
lidade e a velocidade dessa mudança dependerão de fatores tais como: maturidade, sensibilidade e
capacidade de adaptação, além de outros essenciais nesse processo.
::: Agressividade
A extensão que uma sociedade estimula as pessoas a serem duras, confrontadoras, agressivas e
competitivas, em contraste com serem suaves e humildes. Essa dimensão equivale ao valor rela-
tivo a quantidade de vida do modelo de Hofstede.
::: Orientação para o futuro
Como a sociedade estimula e recompensa as pessoas por pensarem no futuro, por meio de com-
portamentos como o planejamento, investimentos e adiamento de recompensas. Essa dimensão
equivale à orientação para longo prazo no modelo de Hofstede.
::: Diferenças entre sexos
Em que grau a sociedade maximiza as diferenças dos papéis sexuais.
::: Fuga de incertezas
Como a sociedade se baseia em normas e procedimentos para lidar com a imprevisibilidade de
futuros acontecimentos.
::: Distância do poder
O grau em que as pessoas de um país aceitam que o poder seja distribuído desigualmente nas
instituições e nas organizações.
::: Individualismo/coletivismo
Grau em que as pessoas são estimuladas pelas instituições.
::: Coletivismo de grupo
Grau em que as pessoas se sentem orgulhosas de participar de pequenos grupos, como a família,
um círculo de amigos ou a empresa para a qual trabalham.
::: Orientação para o desempenho
A extensão em que a sociedade estimula e recompensa as pessoas por sua melhoria de desempe-
nho e excelência.
::: Orientação humanista
A extensão em que a sociedade estimula e recompensa as pessoas por serem justas, altruístas, genero-
sas, atenciosas e gentis com as outras. Está próxima da dimensão de qualidade de vida de Hofstede.
Uma comparação entre as dimensões identificadas entre o dois modelos, sugere que estas últi-
mas são uma extensão da pesquisa de Hofstede que ainda são consideradas válidas. Podemos esperar
que os novos estudos sobre valores, questões multiculturais que afetam o comportamento humano
sejam ampliadas e possam servir de subsídios para respaldar as diferenças entre os países.
inovação nas metodologias de trabalho se o principal – as pessoas – não estiverem preparadas para
exercer suas atividades com qualidade e produtividade. As questões que serão abordadas a seguir são
essencias neste contexto.
O conhecimento
O saber como base do desenvolvimento. Ressaltando que o saber não tem limites, é infinito, é im-
portante acelerar, manter, retroalimentar esse saber, e só é possível com interesse, curiosidade, esforço,
vontade e ousadia para aprender.
A determinação para aprender é a mola propulsora, pois o comprometimento e a busca da ex-
celência possibilitam a visualização da compreensão mostrando a vida em uma dimensão mais ampla.
Podemos aqui fazer uma reflexão importante, a grande maioria das instituições de ensino do nosso país,
tentam ensinar às pessoas o que pensar, e não como pensar. Ao contrário do que disse Francis Bacon
(apud MAXWELL, 2003), o conhecimento em si mesmo não é poder. O conhecimento tem valor apenas
nas mãos de quem tem aptidão para pensar direito. As pessoas devem aprender como pensar bem para
realizar seus sonhos e desenvolver seu potencial.
A habilidade
Entende-se por habilidade a capacidade, reconhecimento e plena consciência das aptidões que
possui o indivíduo sentindo-se seguro em seus propósitos, capaz para atender expectativas, demons-
trando interesse na busca de realizações, de objetivos a serem almejados. E assim, é possível fazer acon-
tecer utilizando as habilidades como fator essencial para o sucesso. Os autores Schermerhorn Jr, Hunt e
Osborn, em seu livro Fundamentos de Comportamento Organizacional (1999), esclarecem as diferenças
entre aptidão e habilidade entre indivíduos. A aptidão representa a capacidade de uma pessoa apren-
der alguma coisa, enquanto a habilidade reflete a capacidade existente de uma pessoa desempenhar
várias tarefas necessárias para um dado cargo, ambas incluem conhecimento relevante e habilidades
específicas. Em outras palavras, aptidões são habilidades potenciais, enquanto habilidades são o conhe-
cimento e as habilidades específicas que um indivíduo possui correntemente.
É importante ressaltar que não é fácil fazer acontecer. Significa sair de uma zona de conforto, dei-
xar o conhecido e principalmente fazer com que as idéias possam se transformar em ações, que sejam
passíveis de serem colocadas em prática, aproveitando as habilidades existentes e buscando outras
para serem utilizadas.
os sentimentos, pode-se mudar as ações e mudando as ações com base no pensamento correto, é
possível mudar a vida.
James Allen, filósofo do espírito humano, escreveu que
bons pensamentos e ações jamais podem produzir maus resultados. Maus pensamentos e ações jamais podem produ-
zir bons resultados. Isso é simplesmente como dizer que nada pode vir do milho a não ser milho, das urtigas somente
urtigas. Os homens entendem essa lei no mundo natural, e trabalham com ela. Mas poucos a entendem no mundo
mental e moral (embora sua operação lá seja igualmente simples e inevitável), e eles, portanto, não cooperam com ela.
(ALLEN, 1988)
É preciso que todas as realizações sejam concretizadas de corpo, alma e que sejam comparti-
lhadas. Vivemos num mundo muito veloz e para termos uma atuação efetiva nessa velocidade, não
podemos abrir mão de compartilhar e também termos uma postura individualizada. É comum termos a
tendência de considerar que os grandes cientistas, os pensadores e principalmente os inovadores agem
por conta própria, mas o que a prática tem nos demonstrado é que a inovação não ocorre no vácuo e
sim, resulta da colaboração. Fazer o “impossível” se tornar possível, somente é passível de ser concreti-
zado quando existe envolvimento integral, fazendo tudo com boa vontade e prazer. As probabilidades
de dar certo aumentam muito quando se é otimista e perseverante. Albert Einstein observou: “Muitas
vezes por dia, percebo quanto a minha própria vida interior e exterior é construída sobre o trabalho dos
meus semelhantes, vivos e mortos, e quando tenho de esforçar-me sinceramente para dar em troca
tudo que recebi”. Se tivermos idéias e somarmos com as idéias dos outros, podemos nos surpreender
com resultados que nunca tivemos antes.
Bossidy e Charan (2006), relatam que “líderes que demonstram sua incapacidade de executar não
costumam ter uma segunda chance. A grande questão atual é: o mundo dos negócios não tem dado a
devida atenção à execução”. A execução é a nova moeda capaz de distinguir os autênticos líderes dos
candidatos mal-sucedidos. Os autores argumentam que os líderes só adquirem real credibilidade quan-
do são capazes de criar uma cultura genuína e orientada à execução.
Os autores relatam ainda que:
[...] ter disciplina na execução é o mesmo que fazer acontecer [...] mas com uma visão sistemática abrangente, capaz de
fazer a integração entre o objetivo da missão e as ferramentas, os critérios de mensuração, as pessoas e os processos
que fazem você chegar lá. Resumindo, as organizações que demonstram incapacidade de execução ficam para trás.
(BOSSIDY; CHARAN, 2006)
niões externas. É importante que o ser humano possa desenvolver a sua auto-referência, que significa
situar a sua própria e verdadeira identidade e propósito dentro de si mesmo.
Atitudes
A sabedoria popular diz que uma ação vale mais que mil palavras. As ações são a manifestação das
atitudes. Saber agir, como agir, e o momento de agir, é fundamental para a preservação da imagem pes-
soal. Um simples gesto pode contribuir positiva ou negativamente na imagem pessoal e profissional.
Formação de atitudes
As atitudes têm sido consideradas como prontidão mental ou predisposição implícita que exer-
cem influência geral e coerente numa classe relativamente ampla de respostas de avaliação. Tais respos-
tas são usualmente dirigidas para algum objeto, pessoa ou grupo. As atitudes são vistas como predispo-
sições duradouras, mas predisposições aprendidas e não inatas. Por isso, embora as atitudes não sejam
momentaneamente passageiras, são perceptíveis às mudanças.
Tipos de atitudes
As atitudes são divididas em três componentes: afeto, cognição e comportamento. O componente
afetivo é formado pela avaliação que a pessoa dá de uma resposta emocional a algum objeto ou alguma
pessoa. O componente cognitivo é conceituado como as crenças de uma pessoa a respeito de objeto
ou pessoa, ou conhecimento de fatos a eles referentes. O componente de comportamento inclui o com-
portamento manifesto da pessoa com relação à outra pessoa ou ao objeto.
Se as atitudes são conceituadas dessa forma, podemos ver como as técnicas planejadas para mu-
dar apenas as reações emocionais de alguém com relação a algum objeto ou a alguma pessoa ataca-
riam somente um componente da atitude considerada. Essa concepção de componentes de atitudes
não apenas sugere interessantes métodos para mudar atitudes, mas também nos dá algumas idéias
quanto a maneira de medi-las.
::: O componente afetivo – respostas fisiológicas ou apresentações verbais do fato de gostar ou
não gostar.
::: O componente cognitivo – por auto-avaliação de crenças ou pela quantidade de conheci-
mento que uma pessoa tem de certo tópico.
::: O componente de comportamento – por observação direta da maneira e da forma como a
pessoa se comporta em situações estimuladoras específicas.
Dissonância cognitiva
Cognição é o ato ou processo de conhecer. Inclui a atenção, a percepção, a memória, o raciocínio,
o juízo, a imaginação, o pensamento e o discurso. As tentativas de explicação da forma como a cognição
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trabalha são tão remotas como a própria Filosofia. De fato, o termo tem origem nos escritos de Platão
e Aristóteles. Com a separação entre Psicologia e Filosofia, a cognição tem sido investigada a partir de
diversos pontos de vista.
De acordo com a teoria de dissonância cognitiva, existe uma tendência nos indivíduos de procu-
rar uma coerência entre suas cognições (convicções, opiniões). Quando existe uma incoerência entre
atitudes ou comportamentos (dissonância), algo precisa mudar para eliminar a dissonância. No caso
de uma discrepância entre atitudes e comportamento, é mais provável que a atitude possa mudar para
acomodar o comportamento.
Dois fatores afetam a força da dissonância: o número de convicções dissonantes e a importância
atribuída a cada convicção.
Âmbito de aplicação
A teoria da dissonância se aplica a todas as situações envolvendo formação e mudança de atitu-
de. Ela é especialmente relevante para tomada de decisões e resolução de problemas.
Princípios da dissonância
::: A dissonância acontece quando um indivíduo precisa escolher entre atitudes e comportamen-
tos que são contraditórios;
::: A dissonância pode ser eliminada reduzindo-se a importância das convicções conflitantes, ad-
quirindo novas convicções que mudam o balanço, ou removendo a atitude ou comportamen-
to conflitante.
significativo e consistente ao longo da vida, precisamos levar em conta aspectos da consciência como
um dom que percebe nossa coerência ou desvio dos princípios corretos, e nos leva até eles – quando
está em forma. Assim como a educação dos músculos e nervos é vital para a excelência atlética, e a edu-
cação da mente vital para o estudioso, a educação da consciência é vital pra a pessoa verdadeiramente
proativa, altamente eficaz. Treinar e educar a consciência, contudo, exige uma concentração imensa,
muita disciplina equilibrada, uma vida honesta e coerente. Exige dedicação regular à literatura de inspi-
ração, pensamentos nobres e, acima de tudo, à vida em harmonia com sua pequena voz interior.
Assim como comida inadequada e falta de exercício podem arruinar com a condição de um
atleta, as coisas obscenas e rudes podem gerar uma escuridão no íntimo, capaz de obscurecer nossa
sensibilidade e substituir a consciência natural . Nas palavras de Dag Hammarskjöld: “você não pode
brincar com o animal dentro de si sem se tornar um animal completo, flertar com a falsidade sem des-
truir seu direito à verdade, envolver-se com a crueldade sem perder a sensibilidade da mente. Quem
quer manter o jardim bonito não guarda um canto para as ervas daninhas” (HAMMARSKJÖLD apud
COVEY, 1989).
Como temos a autoconsciência, devemos escolher os propósitos e princípios segundo os quais vi-
veremos. De outro modo, o vácuo será preenchido por outras coisas, perderemos nossa autoconsciência
e nos tornaremos animais vis que só vivem para a reprodução e a sobrevivência. As pessoas que existem
neste nível não estão vivendo, elas “são vividas”. Reagem, sem saber nada dos dons únicos que jazem
dormentes e obscurecidos dentro de si.
E não existe atalho algum para seu desenvolvimento. A lei da colheita nos governa: sempre
colhemos o que semeamos – nem mais, nem menos. A lei da justiça é imutável, e quanto mais vivemos
em conformidade com nossos princípios, melhor será nosso julgamento sobre a forma como o mundo
opera e mais precisos serão nossos paradigmas – os mapas de nossos territórios. Abaixo algumas ques-
tões relevantes que devem se fazer presente no nosso cotidiano.
Ética
A ética está associada aos valores presentes na conduta profissional. O profissional deve traçar sua
trajetória de sucesso e de vencedor, calcada no compromisso, no comprometimento com os resultados,
na responsabilidade social, no resgate da dignidade humana, no desenvolvimento da competência téc-
nica e interpessoal. A conduta deve moldar-se em valores sólidos, e o indivíduo deve saber investir na
valorização da ética, das relações de trabalho e também pessoal. Não se trata de padrão moral, mas de
respeito, de estabelecimento de critérios de justiça, de direito, zelo ao sigilo e a lealdade.
Pautar a vida profissional em princípios e valores é um mandamento do profissional, mas é im-
portante lembrar que não pode haver diferença entre os valores defendidos e a forma como realmente
a pessoa se comporta.
Carisma
As pessoas carismáticas constituem maravilhosas exceções nesse mundo ao mesmo tempo exaus-
tivo e paradisíaco. Enquanto outros se massacram, se destroem, se conturbam, o carismático se movimen-
ta irradiando harmonia, transformando problemas em aprendizado, plantando amor e fraternidade.
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Identifica-se uma pessoa carismática pela espiritualidade, serenidade e fé manifesta. Com sua
humildade e sabedoria, atraem os demais, sendo convincentes, sensatos e amistosos, além de dar o
prazer de usufruir a sua companhia, nos trazem ensinamentos, exemplo de respeito, justiça e amor ao
próximo. Com ela se aprende a viver harmoniosamente com as incertezas e as surpresas, encarando-
as naturalmente como parte do processo da vida. As pessoas carismáticas conseguem respeito e
credibilidade.
Empatia
Empatia é a habilidade de perceber as reações de outra pessoa, conseguindo identificar o que o
outro está sentindo, pensando e compreendendo-o. A empatia é de grande importância na comunica-
ção, pois ela facilita a compreensão correta da mensagem. Ao colocar-se no lugar do outro, podemos
perceber melhor suas necessidades e sentimentos. Ao fazê-lo aumenta-se a probabilidade de atendê-la
em maior plenitude, compreendendo-a melhor.
Credibilidade
Está associada à imagem. Como ser acreditada se as ações são respaldadas na “lei do menor esfor-
ço”, na “lei do tirar vantagem em tudo” ou na falta de ética. Para ter credibilidade faz-se necessário a éti-
ca, a discrição, a integridade, o profissionalismo, a honestidade, o conhecimento e uma boa imagem.
O processo de desenvolvimento pessoal é necessário em todas as etapas da vida, a dificuldade
está em o ser humano aceitar os desafios que se apresentam, sendo este o primeiro e decisivo passo
para tomar as decisões certas para as mudanças, seja na vida pessoal ou profissional. Quando não acei-
tamos a realidade, estamos abrindo mão do direito de fazer as escolhas importantes e necessárias.
Estrutura da personalidade
No processo de desenvolvimento pessoal é importante entendermos que a estrutura de personali-
dade do ser humano, tem uma influência decisiva nas várias etapas de desenvolvimento, e que segundo
os vários estudiosos da área de Psicologia, como Sigmund Freud, a personalidade é constituída por três
grandes sistemas: o id, o ego e o superego. Embora cada uma dessas partes da personalidade tenha suas
próprias funções, propriedades, componentes, princípios de operação, dinamismos e mecanismos, elas
interagem tão estreitamente que é difícil, senão impossível, desemaranhar seus efeitos e pesar sua re-
lativa contribuição ao comportamento humano. O comportamento é quase sempre o produto de uma
interação entre esses três sistemas; e raramente um sistema opera com a exclusão dos outros dois.
O mundo interno – Id
Para entendermos um pouco mais, vamos abordar estas instâncias de forma separadas. O id é a
parte original da personalidade, consiste em tudo que é herdado e que se acha presente no nascimen-
to, incluindo os instintos. Ele está em estreito contato com os processos corporais, dos quais deriva sua
energia. Freud chamava o id de “a verdadeira realidade psíquica” porque ele representa o mundo inter-
no da experiência subjetiva e não tem nenhum conhecimento da realidade objetiva. É o reservatório da
energia psíquica e fornece toda a energia para a operação do ego e superego.
Trabalho integrado
As três instâncias não colidem entre si, nem têm propósitos opostos e sim, trabalham juntas,
como se fossem integrantes de uma equipe, tendo como líder o ego, sendo assim, é importante ressal-
tar que a personalidade funciona como um todo e não como três instâncias separadas.
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Segundo D’Andrea (2001) a personalidade é um tema complexo, devemos considerar que não
existem duas personalidades idênticas como não existem duas pessoas idênticas, embora muitas pes-
soas possuam traços em comum. O autor ainda aborda que a personalidade é temporal, pertence a
uma pessoa que nasce, vive e morre e que na sua temporalidade, não pode ser considerada como uma
simples soma de funções vitais mas uma integração dinâmica cuja resultante se expressa pelo compor-
tamento individual frente a estímulos de variada natureza.
O meio, as condições ambientais, sociais, culturais e afetivas nas quais o indivíduo se desenvolve,
somados aos dados adquiridos na interação hereditariedade-meio, possibilitam o comportamento do
indivíduo frente às demandas futuras. Sendo assim, o planejamento do processo de desenvolvimento
pessoal deve ser individualizado, levando-se em consideração as histórias individuais.
Mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa normalmente são utilizados diante de situações complexas, podemos
citar sofrimentos, perdas, medos, inseguranças e ansiedade. Normalmente as pessoas tendem a acio-
nar os mecanismos como uma forma de proteção, sendo que estes mecanismos são na sua grande
maioria inconscientes, devendo ser utilizados pelas pessoas apenas diante de situações complexas. No
entanto, se forem utilizados em um grau exagerado, poderão gerar efeitos disfuncionais na estrutura
do indivíduo, levando a um falso ajustamento e desviando-se dos objetivos individuais e até mesmo
organizacionais.
No ambiente de trabalho é muito comum a utilização de alguns mecanismos de defesa, como
a projeção, significando a atribuição de culpa de algo ocorrido em outra pessoa. Percebemos aí a difi-
culdade da pessoa, em assumir a responsabilidade pelo ato praticado, é uma fuga da realidade. Outro
mecanismo bastante utilizado é a negação, o não aceitar os fatos no momento em que ocorrem, não
acreditar nas evidências, enfim, são inúmeras as razões que levam o ser humano a se distanciar da
realidade seja de forma momentânea ou definitiva. Outros mecanismos também se fazem presentes
conforme especificados a seguir:
::: Frustração – bloqueio ou impedimento de consecução do objetivo. Este fenômeno é defi-
nido em função das condições das pessoas e não das condições dos ambientes externos. A
frustração pode crescer até o ponto em que o indivíduo assume comportamento agressivo e a
agressão pode conduzir a comportamentos destrutivos como hostilidade e ataque.
O ser humano no ambiente de trabalho | 39
O medo é uma emoção que sinaliza ao homem a existência de um perigo, de uma ameaça (real
ou imaginária), positiva ou negativa. A necessidade do homem em sentir-se protegido e seguro é natu-
ral. Porém, o medo ou a fobia muitas vezes tem o poder de paralisar e impedir o crescimento pessoal ou
profissional, assim o indivíduo pode esconder-se de si mesmo, das relações com o próximo, de sonhar,
inovar, arriscar, crescer.
Medo natural
Tem como objeto principal um perigo (fato ou situação) que realmente atinge o bem-estar e pro-
voca males. Muitas vezes é possível vencer o medo natural através da fé e da coragem ou confiando no
gesto de apoio do outro. O medo natural pode ter a função de sinalizar ao homem sobre um perigo ou
ameaça iminente e assim contribuir para proteção deste.
Medo traumático
Este é o forte medo desencadeado por situações traumáticas que marcaram a vida ou imaginado
desta forma pela pessoa. Esse medo também pode se apresentar como uma ausência de coragem e
40 | Comportamento Organizacional
forte dificuldade em lidar com as perdas que o indivíduo já sofreu evitando reviver as mesmas situações.
Há casos em que se manifesta através de um forte desânimo ou depressão, trazendo barreiras ou impe-
dimentos ao crescimento pessoal e profissional. Há profissionais que por medo, escondem seus talentos
limitando seus potenciais e crescimento, ou seja, não acreditam em suas potencialidades e assim, vivem
frustrados e não investem no aprimoramento de suas habilidades e competências. Na verdade, alguns
nem acreditam que as têm.
A fobia
Pode ser considerada como uma grave angústia que apresenta sensação de ansiedade; imo-
biliza e restringe o indivíduo. O fóbico vivencia verdadeiro tormento e pânico diante do objeto te-
mido ou situação, que nem sempre apresenta um perigo real. A fobia é um tipo de medo excessivo
e irracional de algo específico, provocando ação de evitar a qualquer custo este encontro descon-
fortável.
Pode apresentar os seguintes sintomas fisiológicos: aceleração cardíaca e de respiração, sudo-
rese, secura na boca, tensão muscular e tremores. Quando o indivíduo está diante de uma situação
ou circunstância por ele temida, ocorre um desequilíbrio de substâncias (serotonina e dopamina) no
cérebro. Esta pode ser uma reação normal que possibilita ao indivíduo enfrentar, defender-se ou fugir,
preservando assim seu equilíbrio e/ou integridade física. No entanto, no caso da fobia, a situação nor-
malmente não representa um perigo real, pelo menos não na proporção imaginada.
Popularidade
Algumas qualidades pessoais produzem a popularidade. Vários estudos mostram que pessoas
populares são mais precisas na percepção das pessoas, têm habilidade de rápido entrosamento, coope-
ração, são pouco ansiosas. A ansiedade social leva à impopularidade.
Liderança informal
Pessoas autoconfiantes têm mais probabilidade de exercer a liderança. Os líderes apresentam
percepções sociais mais precisas de outros membros do grupo.
Auto-imagem e auto-estima
É a extensão em que uma pessoa tem atitudes favoráveis em relação a si própria. Entretanto, se
a auto-estima está baseada nas reações dos outros, deveríamos observar que as pessoas respondem
umas às outras socialmente em termos de duas dimensões principais: status e poder e cordialidade e
amabilidade.
A principal origem da auto-imagem e da auto-estima está, provavelmente, nas reações dos ou-
tros. Quando os outros reagem negativamente, dando estima insuficiente, isto é fonte de ansiedade e
tensão e quando reagem positivamente elevam a nossa auto-estima.
Diferenças individuais
São as diferenças individuais que tornam este mundo tão diversificado. Uma gama de fatores
concorre para que no mundo inteiro seja praticamente impossível encontrar duas pessoas que sejam
iguais. As semelhanças podem existir no que diz respeito ao temperamento semelhante, atitudes e opi-
niões, mas a igualdade jamais será encontrada, pois cada pessoa tem a sua própria individualidade.
42 | Comportamento Organizacional
Texto complementar
– os chamados “silos verticais” – em que trabalham, e não segundo a importância de suas atribuições
ou a experiência ou demais qualidades pessoais necessárias para desempenhar seu papel.
Não há nenhum esforço de classificar as pessoas horizontalmente, de acordo com o quanto
são “cruciais para o negócio”, independentemente das funções que exercem ou das unidades de
negócio a que pertencem. E, mesmo quando uma empresa decide considerar a contribuição de
seus funcionários ao sucesso da organização, quase sempre a iniciativa se restringe a uma discussão
do desempenho individual; nunca se torna uma consideração dos parâmetros organizacionais de
sucesso.
Acreditamos que as empresas precisam compreender muito melhor o valor estratégico dos
funcionários – isso é crítico para o sucesso no mercado mundial. O crescimento e a competitivi-
dade da empresa no futuro dependem mais do que nunca da capacidade de atrair trabalhadores
qualificados – um recurso cada vez mais escasso – e de contribuir para que trabalhem juntos com
eficiência dentro da organização. Uma organização comercial é como uma trupe teatral: seu suces-
so depende do senso de oportunidade – timing – e de cada pessoa desempenhar bem o seu papel,
qualquer que seja.
Conseqüentemente, uma abordagem estratégica para gerenciar o valor dos funcionários re-
quer, em primeiro lugar, uma definição dos papéis que precisam ser desempenhados no “palco”
corporativo. Isso significa criar uma taxionomia – descrição – dos cargos existentes na empresa que
sejam consistentes entre as unidades de negócio, países e funções, e também sejam totalmente
divorciadas dos indivíduos que ocupam esses cargos.
No que diz respeito à organização, um funcionário deve antes e, acima de tudo, desempenhar
uma função realizando uma série de tarefas para as quais se requer certo número de habilidades.
Algumas dessas tarefas são técnicas, outras se referem ao relacionamento de cada funcionário com
seus colegas de trabalho e com entidades externas.
O caixa de um banco, por exemplo, precisa ser capaz de lidar com transações simples e ser
amável; um chefe tem de ser um bom cozinheiro, atuar como líder de equipe e gozar de reputação
confiável; espera-se que um piloto comercial saiba conduzir bem um avião e facilite a rápida carga
e descarga da aeronave; e um operário deve desempenhar uma série de tarefas técnicas em confor-
midade com parâmetros ISO de qualidade.
Depois que os diferentes papéis forem definidos, a administração terá condições de determi-
nar a importância de cada um para a capacidade de a empresa criar valor para clientes e acionistas.
Em termos teatrais, equivale a determinar quais são os papéis principais, que terão mais destaque
na divulgação da peça, e quais serão representados por atores coadjuvantes.
Alguns cargos têm um impacto sobre o valor da organização maior que o de outros (veja Qua-
dro 1) e o desempenho financeiro ou a reputação da empresa correm grave risco caso essas tarefas
não sejam bem realizadas. Em alguns casos - embora não em todos - a remuneração desses cargos é
maior. Outros papéis possuem um forte impacto sobre os custos, pois seu bom desempenho exige
muito treinamento, desenvolvimento e habilidades complexas. Esses papéis quase sempre rece-
bem os maiores salários da organização.
Com base nisso, podemos classificar os papéis de uma organização em quatro amplos seg-
mentos. Em cada um deles, a gestão do talento requer uma abordagem distinta e diferente:
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Embaixadores Criadores
Impacto sobre o Valor
Em nosso sistema, as diferenças entre esses quatro segmentos são expressas em termos de
valorização do talento. Isto é, atributos como conhecimento, experiência, habilidade e aptidão para
interagir com pessoas – e não em termos de estruturas organizacionais (como unidades de negócio)
ou de gestão de recursos humanos (como idade, grau de instrução, tempo de serviço ou remunera-
ção). Esse conceito de gestão estratégica do valor dos funcionários leva as maneiras de lidar com os
recursos humanos para um novo patamar.
46 | Comportamento Organizacional
Atividades
1. Qual é a influência dos valores no ambiente das empresas?
a) Os valores não exercem influência nas atitudes e no comportamento das pessoas. As culturas
diferentes é que ocasionam uma influência significativa.
b) Os valores exercem uma influência significativa nas atitudes e no comportamento das pessoas
e podem variar muito de um grupo para outro. No entanto, o processo educacional e familiar
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são os responsáveis pela criação dos valores empresariais, principalmente quando as pessoas
estudam na mesma instituição de ensino ou são parentes.
c) Os valores exercem uma influência significativa nas atitudes e no comportamento das pessoas
e podem variar muito de um grupo para outro, culturas diferentes e mesmo o processo educa-
cional e familiar exercem influência na formação de valores.
d) Os valores individuais exercem uma influência significativa no ambiente organizacional. Com
a soma dos valores dos colaboradores é possível formar a cultura da empresa. É preciso fazer
uma seleção dos valores positivos e dos valores negativos e posteriormente divulgar para to-
dos os colaboradores para que possam ser internalizados.