Composição de Grãos - Leguminosas
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Lição 06
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Tal fato é importante, sob o ponto de vista social e econômico, pois, comparadas a outros
alimentos, as leguminosas são fontes proteicas mais acessíveis e sua produção exige menos do meio
ambiente, especialmente, como já salientado, quanto ao uso da água.
As leguminosas estão presentes na dieta habitual de praticamente todas as nações, seja a lentilha e
o grão de bico, na culinária árabe, a soja no oriente, ou o feijão no Brasil e outros países do
ocidente.
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Apresenta uma variedade de representantes, cada qual com suas especificidades nutricionais,
gastronômicas e geográficas: feijão e seus diversos tipos, lentilha, ervilha, grão de bico, fava e soja.
A produção de soja, por sua vez, é vista sob diferentes aspectos: apesar de ser um importante
incremento ao agronegócio brasileiro e, desta forma, contribuir com a economia, sua forma de
produção de cultivo majoritária no país possui aspectos negativos, os quais trataremos mais
adiante.
Plantação de Soja.
A explicação para o elevado teor de proteína nas leguminosas está no fato de que em suas raízes há
a presença de uma bactéria do gênero Rhizobium (rizóbios) atuando de forma simbiótica com as
leguminosas. Tais bactérias possuem a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico e disponibilizá-lo
para a planta, sendo fundamentais para o Ciclo do Nitrogênio. Vale ressaltar que o substrato
fundamental para a produção de proteínas é o nitrogênio.
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Vale ressaltar que a proteína presente nas leguminosas, mesmo que em quantidades satisfatórias,
não são consideradas de alto valor biológico. Além de apresentarem composição limitada de
aminoácidos, com a metionina como aminoácido limitante, as proteínas das leguminosas
apresentam digestibilidade reduzida quando comparadas a diversas proteínas de origem animal. A
presença de fatores antinutricionais também é fator determinante para a redução da qualidade
proteica.
Nunca é demais lembrar que a qualidade proteica das leguminosas pode ser potencializada com a
união destes alimentos com os cereais, promovendo a complementaridade das proteínas destes dois
alimentos, garantindo a ingestão de uma proteína completa do ponto de vista da composição em
aminoácidos, em quantidade e qualidade. Ressalta-se, porém, que a junção destes dois alimentos
não gera uma proteína de excelente qualidade, pois fatores antinutricionais ainda estão presentes e
a digestibilidade destas proteínas é naturalmente inferior à de proteínas de origem animal.
Veja abaixo um artigo que compara a qualidade proteica de diferentes fontes, incluindo
leguminosas!
Leguminosas são também ricas em carboidratos, tanto digeríveis quanto não digeríveis. Em média,
50% do peso dos grãos são carboidratos, dos quais grande parte (entre 12% e 25% do grão) é fibra
alimentar, em especial a celulose. Entre os carboidratos digeríveis, predomina o amido. Devido a
seu alto teor de fibra alimentar, leguminosas normalmente apresentam baixo índice glicêmico.
A composição em lipídios não configura regra entre as leguminosas. Entre os diversos grãos que
compõem esse grupo alimentar, apenas dois são considerados grãos oleaginosos (com alto teor de
lipídios): soja e amendoim.
A soja possui entre 18% e 22% de lipídios, sendo, inclusive, o principal grão a originar óleo vegetal
para comercialização e consumo. Já o amendoim apresenta cerca de 45% de lipídios. Para se ter
uma ideia de como esses dois grãos se destacam das demais leguminosas, o feijão preto, um dos
mais consumidos no Brasil, possui apenas 1,2% de lipídios.
Vale ressaltar a importância das leguminosas como fonte de ferro para a população brasileira.
Quantitativamente, os grãos apresentam excelentes concentrações do mineral. Porém, o ferro das
leguminosas, como em todos os vegetais, possui qualidade limitada devido à sua característica
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química. Nesses alimentos, o ferro apresenta carga positiva Fe+3(ferro não heme), sendo que sua
absorção ocorre quando se apresenta como Fe+2 (ferro heme), necessitando portanto, de um
componente capaz de reduzir o Fe+3 para Fe+2, como por exemplo, vitamina C.
Vit. Vit.
Umidade CHO PTN LIP FA Zn Fe K
Leguminosa B1 B3
(%) (g) (g) (g) (g) (mg) (mg) (mg)
(mg) (mg)
Amendoim, 6,4 20,3 27,2 43,9 8,0 3,2 2,5 580 0,10 10,2
cru
Ervilha, 10,6 68,6 17,1 1,33 25,1 3,5 4,7 808 0,72 2,84
grão, seca
Feijão Preto, 14,9 58,8 21,3 1,2 21,8 2,9 6,5 1.416 0,12 4,6
cru
Grão de 12,3 57,9 21,2 5,4 12,4 3,2 5,4 1.116 0,52 Tr
Bico, cru
Lentilha, 11,5 62,0 23,2 0,8 16,8 3,5 7,0 887 0,11 5,1
crua
Soja, farinha 5,8 38,4 36,0 14,6 20,2 4,5 13,1 1.922 0,20 Tr
Soja, grão 9,7 22,6 40,0 22,4 11,9 3,5 13,5 1.591 0,98 1,8
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Fatores antinutricionais são componentes presentes nos alimentos que de alguma forma
interferem negativamente no aproveitamento de nutrientes, seja interferindo no processo digestivo
ou absortivo. Alguns fatores antinutricionais podem possuir outros tipos de efeitos, como tóxico,
provocando lesão nas microvilosidades intestinais, por exemplo.
PARA REFLETIR:
Se as leguminosas são tão ricas assim em fatores antinutricionais, seu consumo deve ser restrito?
Já essas proteases, como o próprio nome sugere, são responsáveis pela digestão de proteínas. As
principais são a tripsina e a quimiotripsina, produzidas pelo pâncreas.
As leguminosas apresentam estruturas proteicas que se ligam a estas duas classes de enzimas,
inativando-as. São os chamados inibidores de amilase e inibidores de proteases. Desta forma, são
responsáveis por interferir negativamente na digestão de carboidratos e proteínas, podendo gerar
déficit calórico-proteico, o que, cronicamente, pode potencializar quadros de desnutrição.
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3.2. Fitatos
Os fitatos são derivados do ácido fítico ou ácido hexafosfórico mioinositol, com habilidade de
formar quelantes com íons divalentes, formando complexos solúveis resistentes à ação do trato
intestinal, que diminuem a disponibilidade desses minerais e, embora esse seja seu maior efeito, os
fitatos também interagem com resíduos básicos de proteínas, participando da inibição de enzimas
digestivas, como a pepsina, pancreatina e amilase.
Por possuir carga negativa em condições naturais, o ácido fítico tem alta capacidade de se ligar com
cátions de zinco, ferro (tanto íon férrico quanto ferroso), magnésio e cálcio, além de determinadas
proteínas. Desta forma, a ação dos fitatos sobre tais componentes tende a reduzir a disponibilidade
destes nutrientes, prejudicando o alcance dos requerimentos nutricionais e prejudicando a ação do
organismo.
A ação dos fitatos também pode ser inibida pela ação de temperatura, no processo normal de
cocção. Estima-se que os processos térmicos reduzam em 70% estes compostos.
3.3. Lectinas
As lectinas, também chamadas de hemaglutininas, são proteínas reconhecidas pela sua capacidade
de aglutinar eritrócitos. Tal capacidade é atribuída à afinidade que estas substâncias possuem em
se ligar a carboidratos específicos presentes na superfície da célula, especialmente glicoproteínas.
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Estudos já realizados com animais sugerem que as lectinas prejudicam o crescimento, afetam
diversos tecidos e podem causar lesões graves em órgãos, o que evidencia o efeito tóxico dessas
proteínas.
3.4. Oligossacarídeos
Os principais oligossacarídeos presentes nas leguminosas são a rafinose e a estaquiose. Seu efeito
não está na redução de digestibilidade ou da absorção de nutrientes, mas sim no seu potencial de
produção de gases que levam à flatulência.
Ainda não há consenso sobre o efeito do tratamento térmico sobre a redução da produção de gases
em leguminosas.
4.1. Soja
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O Brasil é segundo maior produtor de soja do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A
maior parte destes grãos é comercializado como commodities para diversos países.
Commodities é uma expressão do inglês que se difundiu no linguajar econômico para fazer
referência a um determinado bem ou produto de origem primária comercializado nas bolsas de
mercadorias e valores de todo o mundo e que possui um grande valor comercial e estratégico
(www.mundoeducação.bol.uol.com.br).
Vale destacar que apesar da soja ser considerada por muitos profissionais e estudiosos uma
excelente substituição aos produtos de origem animal, a proteína da soja possui reduzida qualidade
quando comparada às carnes e aos ovos, por exemplo. Desta forma, como já salientado outras
vezes, seu consumo deve ser complementado com outras fontes de proteínas (não leguminosas),
como cereais, para garantir o adequado escore de aminoácidos.
O consumo de soja no Brasil ocorre de diversas maneiras, especialmente pelos seus diversos
subprodutos. É possível encontrarmos no mercado a farinha de soja, o tofu (que imita o aspecto e
utilização de queijo), o shoyu (molho de soja), o missô (pasta de soja), o extrato de soja em pó ou
fluido (comumente chamado de “leite de soja” e que pode ser saborizado), proteína texturizada de
soja (que imita a carne), dentre outros.
Diversos dos subprodutos citados aqui precisam ter seu consumo moderado pela população.
Muitos deles são alimentos ultraprocessados e, consequentemente, apresentam baixa qualidade
nutricional. Outros, como o shoyu, podem conter elevadíssimos teores de sódio. Portanto, a
orientação a ser dada quanto ao consumo desses alimentos é a moderação.
Especialmente sobre o extrato de soja, é comum as pessoas consumirem esse alimento como
substituto do leite de vaca. Há de se ressaltar que o leite de vaca, como veremos no módulo 8,
possui características específicas de um alimento de origem animal. Além de possuir proteína de
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Sendo assim, é importante frisar que a substituição do leite de vaca pelo extrato de soja precisa
levar tais diferenças em consideração. Normalmente, a indústria adiciona cálcio ao extrato de soja.
Porém, é necessária uma análise da biodisponibilidade deste mineral adicionado, assim como de
todos aqueles que são adicionados em produtos industrializados.
Além disso, a soja é o principal grão com o qual se produz óleo vegetal, gorduras vegetais e
margarinas, todos bastante utilizados em produtos industrializados, como biscoitos, bolos,
salgados, dentre outros.
Por fim, mas não menos importante, salienta-se que a soja, apesar de notoriamente ser considerado
um alimento saudável dentro das condições de variedade e harmonia que permeiam a alimentação
adequada e saudável, desde quando foi inserida no comércio internacional como mercadoria
globalizada vem perdendo outros elementos fundamentais que a caracterizam como “saudável”.
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4.2. Feijão
O feijão é nativo das Américas, tendo sido muito usado pelas populações indígenas. É uma
leguminosa que origina vagens com até 15 cm de comprimento.
O Brasil é grande produtor de feijão, ocupando o segundo lugar para o gênero Phaseolus e o
primeiro lugar para a espécie Phaseolus vulgaris, chamado de “feijão comum”, que recebe vários
nomes, a depender da região do país e das características visuais: carioquinha, carioca 80, carioca
SH, rosinha, preto, jalo, rajado, roxo, mulatinha.
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A variedade de feijão no Brasil é identificada pela diversidade de tamanho, cores e sabores, além
das diversas formas de preparo que cada um proporciona. Porém, a composição nutricional destes
grãos não varia consideravelmente, salvo algumas evidentes exceções, como a quantidade de ferro
no feijão rajado e os teores de fibra alimentar e vitamina B1 no feijão roxo, conforme tabela 2,
abaixo.
Carioca, cru 14,0 61,2 20,0 1,3 18,3 2,9 8,0 1.352 0,17 4,0
Fradinho, cru 12,7 61,2 20,2 2,4 23,6 3,9 5,0 1.083 0,14 Tr
Jalo, cru 13,5 61,5 20,1 0,9 30,3 3,0 7,0 1.276 0,10 Tr
Preto, cru 14,9 58,8 21,3 1,2 21,8 2,9 6,5 1.416 0,12 4,6
Rajado, cru 15,0 62,9 17,3 1,2 24,0 2,6 18,6 1.135 0,07 Tr
Rosinha, cru 12,0 62,2 20,9 1,3 20,6 4,0 5,3 1.109 0,16 3,9
Roxo, cru 12,6 60,0 22,2 1,2 33,7 3,3 6,9 1.221 0,26 Tr
Fonte: TACO;
CHO: Carboidrato; PTN: Proteína; LIP: Lipídio; FA: Fibra Alimentar; Zn: Zinco; Fe: Ferro; K: Potássio; Vit. B1: Vitamina
B1(tiamina); Vit. B3: Vitamina B3 (niacina) Tr: Traços
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Tremoço
À exceção do amendoim, que possui semente com agradável sabor após torrefação, e da ervilha, que
pode ser consumida fresca, em vagem, as leguminosas são consumidas cozidas, refogadas ou em
preparação de sopas e pastas. Além disso, muitas delas, como a ervilha, o grão de bico e o tremoço
são encontradas na forma industrializada, em conserva. Neste caso, o consumo precisa de
moderação, uma vez que a conserva inclui elevados teores de sódio, possibilitando aumento do
risco de hipertensão arterial.
5. Conclusão
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Além disso, do ponto de vista econômico, ambiental e social, as leguminosas cumprem função de
destaque. A produção de leguminosas, em especial a soja, apesar de contribuir inquestionavelmente
com o Produto Interno Bruto do país, produz importante prejuízo para o meio ambiente e para a
ampliação das desigualdades no campo. Ao mesmo tempo, as leguminosas podem regenerar solos
por estimularem o ciclo do nitrogênio, sendo importante cultura cultivada por pequenos
agricultores preocupados com a sustentabilidade dos sistemas alimentares.
6. Referências
CARLI, L. et al. Estudo da estabilidade do complexo ácido fítico e o íon Ni(II). Ciênc. Tecnol.
Aliment. v.26, n.1, p.19-26, 2006.
PHILIPPI, S. T. (org.). Pirâmide dos Alimentos: fundamentos básicos da nutrição. São Paulo:
Manole, 2008.
YouTube. (2016, Julho, 22). ONU Brasil. Leguminosas, superalimentos para um futuro
sustentável e saudável. 04min04seg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
time_continue=107&v=MWIB7RjCCps>. Acesso em: 28 jul 2018.
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