MIGsLIOLI A M Disssertacao de Msstrado PDF
MIGsLIOLI A M Disssertacao de Msstrado PDF
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São Carlos – SP
2006
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Aos meus amigos Luiz Henrique e Bel, um dos grandes presentes deste
mestrado.
A presente dissertação tem como objetivo geral estudar de que forma as ferramentas ou
sistemas informatizados de apoio à decisão podem auxiliar os tomadores de decisão da
pequena empresa. A partir da revisão bibliográfica sobre o assunto e das inquietações do
pesquisador, foram formuladas as variáveis e as questões desta pesquisa. No trabalho de
campo foram estudadas três pequenas empresas da região de Ribeirão Preto, uma de
cada segmento produtivo. Por meio do trabalho de campo, foi possível cruzar as
informações obtidas na literatura com a realidade encontrada nas empresas pesquisadas,
levantando informações sobre a utilização das ferramentas informatizadas de apoio à
decisão nestas empresas. Ao longo deste estudo, procurou-se analisar os fatores que
dificultam ou incrementam a utilização destas ferramentas nas pequenas empresas,
respeitando as suas particularidades de gestão e o seu processo decisório. Após a
condução do trabalho, pôde-se concluir que a utilização efetiva destas ferramentas está
diretamente relacionada ao perfil e às habilidades de seus proprietários-administradores.
Diante disso e dos dados apresentados ao longo desta pesquisa, foram apresentadas
algumas propostas para a condução de projetos que visem à utilização de ferramentas de
apoio à decisão na pequena empresa. Estas propostas baseiam-se na criação de
ambientes de aprendizagem voltados à realidade das pequenas empresas, onde o
proprietário-administrador possa adquirir conhecimentos necessários para manipular as
ferramentas de apoio à decisão; e na necessidade de se reforçar e demonstrar a
importância da tomada de decisões com base em informações relevantes e confiáveis.
MIGLIOLI, M. A. (2006). Decision making in the small company: multi case study of
the use of computing tools in the decision support. 107 p. Dissertation (Master). São
Carlos Engineering School, São Paulo University, São Carlos, 2006.
The present dissertation has as its general idea to study in which ways the tools or
computing systems for decision support can assist the people that take the decision in
the small company. Based on a bibliographical revision of the subject and the fidgets of
the researcher, it was possible to formulated the variables and the questions of this
research. In the field work three small companies of the region of Ribeirão Preto had
been studied, one of each different productive segment. By means of the field work, it
was possible to cross the information gotten in all the literature with the reality found in
the companies researched, raising information of the use of the computing tools in the
decision support of these companies. Along of this study it was analyzed the factors that
makes it difficult to develop the use of these tools in the small companies, respecting its
particularities of management and its power of decision. By the end of this work, it was
possible to conclude that the use of these tools are directly related with the profile and
the abilities of its proprietor-administrators. According to the data presented during this
research, it was mentioned some proposals for the conduction of projects that aim the
use of the tools for the decision support in the small company. These proposals are
based on the environment studied in the small companies, where the proprietor-
administrator can acquire knowledge necessary to manipulate the tools of the decision
support; and in the necessity of strengthening the importance of the taking of decision
based on the excellent and trustworthy information.
Keywords: Small Company, Decision Making, Systems and Tools of Support to the
Decision.
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES..................................................................................96
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
1
PALVIA, P. C.; PALVIA, S. C. (1999). An examination of the IT satisfaction of small business users.
Information & Management, v. 5, n. 35, p. 127-137.
17
2
FULLER, T. (1996). Fullfilling IT needs in small businesses: a recursive learning model. International
Small Business Journal, v. 14, n. 4, p. 25-44.
18
isolados e sem contextualização. Dessa forma, esses dados não servem de sustentação
para o processo decisório, pois estando dispersos e sem interpretação, refletem apenas
uma parte do que ocorreu no passado (COLMANETTI, 2003).
Adicionalmente a esse cenário, é importante ressaltar a notória dificuldade
enfrentada pela pequena empresa com relação à obtenção e ao uso de informações que
possam sustentar os seus processos decisórios, sendo que essas informações, segundo
83,7% dos entrevistados de uma pesquisa publicada sobre gestão do conhecimento,
encontram-se dentro da própria empresa (HSM, 2004).
O que pode explicar em parte essas dificuldades é a falta de tecnologia e de
ferramentas que atendam às necessidades e sejam acessíveis à realidade dessas
empresas, principalmente, no tocante aos processos estratégicos e de apoio às decisões
(EL-MANAKI3, 1990 apud PRATES e OSPINA, 2004). Em função desses cenários,
muitas vezes, a pequena empresa não consegue viabilizar e/ou otimizar o uso dos seus
recursos informacionais.
Contudo, é importante destacar um aspecto inerente ao ambiente da pequena
empresa, o qual geralmente, contribui para aumentar a dificuldade de implementação de
qualquer projeto voltado para apoiar o processo decisório. Esse aspecto diz respeito às
especificidades de gestão presentes nessas empresas, dentre as quais, a que torna o
processo de decisão baseado no sentimento e na experiência do proprietário-
administrador (ALBUQUERQUE, 2004; LEONE, 1999).
Segundo Leone (1999), nas pequenas empresas:
3
EL-MANAKI, M. S. S. (1990). Small business: the myths and the reality. Long Range Planning, v. 23,
n. 4, p. 78-87.
19
A pequena empresa que consegue firmar-se além dos cinco primeiros anos
depara-se muitas vezes com problemas organizacionais decorrentes do crescimento sem
planejamento. A influência da incerteza nos aspectos internos sobre as estruturas
organizacionais afeta o comportamento estratégico das pequenas empresas. O ambiente
externo obriga o dirigente da pequena empresa a adotar uma postura centralizadora de
administrar o negócio, preferindo agir por conta própria, guiado mais pela sua
sensibilidade do que pelos meios técnicos de administração (LEONE, 1999).
Uma alternativa para diminuir o quadro de mortalidade na pequena empresa
brasileira é a melhoria no processo de gestão dessas empresas, tendo como apoio a
utilização efetiva da informação. Entretanto, segundo Albuquerque (2004), essas
empresas não dispõem de ferramentas adequadas de gestão da informação.
Ao se analisar a peculiaridade do processo de tomada de decisão da pequena
empresa, percebe-se claramente que o proprietário-administrador é o principal
responsável pela atividade de decidir, estando presente, muitas vezes, nas decisões dos
três níveis organizacionais (ZAMARIOLI, 2003).
Além disso, nota-se que o processo de tomada de decisão nestas empresas é de
certa forma empírico e extremamente dependente da percepção do proprietário em
levantar e analisar todas as informações disponíveis.
Diante desse contexto, este trabalho pretende estudar de que forma as
ferramentas ou sistemas de apoio à decisão podem auxiliar o trabalho dos tomadores de
decisão das pequenas empresas, contribuindo assim para a melhoria na gestão e para a
diminuição da taxa de mortalidade dessas empresas.
O tema escolhido deve ser questionado [...] pela mente do pesquisador, que
deve transformá-lo em problema de pesquisa, mediante seu esforço de
reflexão, sua curiosidade ou talvez seu gênio. Descobrir os problemas que o
tema envolve, identificar as dificuldades que ele sugere, formular perguntas
ou levantar hipóteses significa abrir a porta, através da qual o pesquisador
pode penetrar no terreno do conhecimento científico. (CERVO e BERVIAN,
2002, p. 84).
Etapa 1
Definição da pesquisa
Etapa 2
Pesquisa bibliográfica
Etapa 3
Estudo exploratório
Etapa 4
Apresentação e discussão dos resultados
sintético que trará informações sobre a situação atual do problema, sobre os trabalhos já
realizados a respeito e sobre opiniões existentes”.
estabelecidos. Por exemplo, para fins legislativos, as pequenas empresas podem ser
definidas de acordo com o número de empregados e para outros fins de acordo com o
volume faturado, valor dos ativos e volume de depósitos (LONGENECKER, MOORE e
PETTY, 1997).
A classificação das empresas é um assunto problemático para os pesquisadores,
em função da heterogeneidade de critérios existentes, do tamanho das empresas e das
suas condições econômicas e produtivas. Desse modo, esta subseção não visa analisar
os diversos critérios de classificação existentes, mas apenas discutir os mais relevantes e
os mais discutidos entre os pesquisadores de pequenas empresas, apresentando, ao final,
a classificação a ser utilizada neste trabalho.
Na maioria das vezes, os critérios utilizados para definir o tamanho de uma
empresa são de ordem qualitativa ou quantitativa. O Quadro 1, abaixo, foi elaborado a
partir das considerações de Albuquerque (2004), Duarte (2004) e Terence (2002), e tem
como objetivo resumir os principais aspectos adotados pelos critérios qualitativos e
quantitativos de classificação de empresas.
Critérios de
Aspectos adotados Vantagens
classificação
Tecnologia utilizada.
Estrutura da organização.
Apresenta com maior
Nível de especialização da mão-de-obra.
Qualitativos veracidade a natureza da
Relacionamento entre administrador e empregados. empresa.
Tipos de máquinas e ferramentas.
Utilização de técnicas de administração.
Faturamento bruto anual.
Número de empregados. Facilidade na coleta das
Volume de salários. informações.
Capital social.
Quantitativos
Lucro. Uso corrente em todos os
Patrimônio líquido. setores (governo,
Produtividade. universidades e estatísticas).
Participação no mercado.
Natureza artesanal da atividade. Possibilidade de combinação
Predominância do trabalho próprio e de familiares. de indicadores econômicos
Mistos
Capital empregado. com características sociais e
Renda bruta anual. políticas.
adotados pelo Estatuto das MPEs, e utilizados atualmente no Brasil, são apresentados no
Quadro 2, abaixo:
O que pode ser observado através dos diversos trabalhos publicados sobre
definição de pequena empresa, é que não existe um consenso sobre qual o melhor
critério a ser utilizado. Portanto, cabe ao usuário da informação escolher o critério que
melhor se ajustar aos seus objetivos (LEONE, 1991; LONGENECKER, MOORE e
PETTY, 1997).
Dessa maneira, o presente trabalho adotará o mesmo critério utilizado pelo
SEBRAE e pelo IBGE, que tem como base o número de funcionários e o setor de
atuação da empresa.
(MTE), é possível afirmar que as atividades típicas das micro e pequenas empresas
mantêm cerca de 35 milhões de pessoas ocupadas em todo o país. Esse número equivale
a 59% das pessoas ocupadas no Brasil (DUARTE, 2004).
Diante desse quadro pode-se assegurar que as pequenas empresas contribuem
sobremaneira para a economia do país como um todo. Além do aspecto da
empregabilidade, apontado nos números acima, elas oferecem contribuições
excepcionais na medida em que fornecem novos empregos, introduzem inovações,
estimulam a competitividade, auxiliam na rede de distribuição e na cadeia de
suprimentos das grandes empresas (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997).
Cardozo (2003), atual presidente da Ernest & Young do Brasil, considera que as
pequenas empresas são fortes aliadas na condução do Brasil rumo ao desenvolvimento.
Durante muito tempo, acreditou-se que a gestão da pequena empresa deveria ser
semelhante a das grandes corporações, pois dominava o paradigma da “pequena grande
34
empresa”, a qual seria uma empresa grande que ainda não havia crescido (WELSH e
WHITE4, 1981 apud BENZE, CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003).
No entanto, atualmente diversos autores defendem a necessidade de se estudar a
gestão das pequenas empresas sob outro enfoque, em função de possuírem algumas
características específicas que as distinguem das de grande porte (ALBUQUERQUE,
2004; BENZE, CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003; LEONE, 1999; LONGENECKER,
MOORE e PETTY, 1997; TERENCE, 2002).
Cêra e Escrivão Filho (2003) e Benze, Cêra e Escrivão Filho (2003), analisam e
discutem em seus trabalhos, três grandes conjuntos de condicionantes que podem ser
apontados como os causadores de algumas particularidades existentes na pequena
empresa. Os condicionantes discutidos por esses autores são, resumidamente, de ordem:
- Ambiental ou contextual: são as forças contextuais, ou seja, oriundas do
ambiente externo às empresas e que estabelecem para a pequena empresa uma série de
restrições e imposições. Segundo os autores essas imposições vão desde a exigência por
produtos e serviços de alta qualidade, à escassez do capital ou tecnologia até a proibição
pelos regulamentos governamentais. Esses fatores são responsáveis por algumas
particularidades existentes na pequena empresa, entre elas, a concorrência desleal
imposta pelas grandes empresas, o grande poder de barganha de clientes e fornecedores,
a pequena ou nenhuma representatividade perante as imposições do macro-ambiente;
- Organizacional ou estrutural: representada pela estrutura organizacional
não formalizada, rudimentar e reduzida, demonstrando uma alta fragilidade estrutural.
Esses fatores contribuem para algumas particularidades encontradas na pequena
empresa, entre elas, a estrutura organizacional informal, o baixo nível de especialização
e a centralização;
- Comportamental: diz respeito à maneira pela qual os empresários se
comportam frente à gestão de suas empresas. As ações do pequeno empresário,
geralmente são orientadas pela tradição (o empresário confia na manutenção dos
costumes), pela ação afetiva (muito presente nas relações familiares e de amizade
presentes na pequena empresa) e pela ação racional (os pequenos empresários acreditam
que podem agir de acordo com sua própria racionalidade). Esses fatores contribuem
para particularidades como a não utilização de instrumentos administrativos formais;
informalidade no relacionamento e falta de habilidade na gestão do tempo, uma vez que
4
WELSH, J. A.; WHITE, J. F. (1981). A small business is not a little big business. Harvard Business
Review. V. 59, n. 4, p. 18-32, jul/aug.
35
Especificidades organizacionais
ou estruturais
- Estrutura organizacional informal;
- Baixo nível de especialização;
- Estrutura organizacional reduzida;
- Centralização.
Especificidades ambientais ou
Especificidades comportamentais contextuais
- Ausência de instrumentos - Concorrência desigual com as
administrativos formais; grandes empresas;
- Informalidade no relacionamento; - Clientes e fornecedores com maior
- Falta de habilidade na gestão do poder de barganha;
tempo. - Pouco ou nenhum poder de
influência no macroambiente.
5
EARL, M. (1990). Information management. Oxford: Clarendon Press.
37
100%
100% 81%
81%
80%
80%
60%
60%
40%
40%
40%
40%
20%
20%
0%
0%
Pequena empresa Microempresa
Pequena empresa Microempresa
6
SOLOMON, S. (1986). A grande importância da pequena empresa: a pequena empresa nos Estados
Unidos, no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica.
39
O confronto da análise destes números com uma das principais conclusões desta
pesquisa, destaca a importância do estudo das pequenas empresas no tocante à
utilização e maximização dos seus recursos de tecnologia da informação no apoio à
gestão empresarial. Daí, entre outras coisas, a motivação pelo tema do presente trabalho
acadêmico.
Além disso, corroborando com Beraldi e Escrivão Filho (2001), acredita-se que
a tecnologia da informação só atinge seu objetivo quando é vista como uma ferramenta
que permite às empresas, mesmo às de pequeno porte, melhorar sua produtividade e
competitividade através de um adequado tratamento e uso das informações.
O ato de tomar decisões faz parte de qualquer atividade humana, desde a mais
simples e rotineira atividade individual, até o mais complexo projeto empreendido por
40
uma grande organização. Para cada situação existem diferentes problemas envolvidos e
diferentes graus de dificuldade para se tomar uma decisão.
Quanto maior for o número de alternativas, mais complexa se torna a tomada de
decisão. Afinal, em um problema de decisão, seleciona-se uma alternativa de ação com
a intenção de conseguir resultados ao menos tão satisfatórios quanto aquele que teria
com qualquer outra opção disponível (DACORSO, 2000).
A tomada de decisão consiste na escolha de uma opção ou mais dentre diversas
alternativas existentes, seguindo passos previamente estabelecidos a fim de culminar
numa solução que resolva ou não o problema. De acordo com Zamarioli, Benze e
Escrivão Filho (2003), é através de suas inúmeras tomadas de decisão e das respectivas
ações que o executivo conduz a empresa.
Nas próximas seções são apresentados os principais aspectos relacionados à
tomada de decisão. É importante ser destacado que não se pretende aqui aprofundar na
ciência da decisão, tampouco, esgotar as discussões sobre esse assunto. O objetivo desta
seção e de suas subseções é a compreensão do processo de tomada de decisão na
pequena empresa, a fim de fornecer subsídios para se explorar as empresas do estudo de
caso.
7
GLAUTIER, M. W. E; UNDERDOWN, B. (1976). Accounting: theory and practice. Londres: Pitman.
43
Comparação
alternativas riscos alternativa
PROBLEMAS
Implementação
Feedback Avaliação
da alternativa
8
Nota de aula fornecida pelo Prof. Dr. Edson Walmir Cazarini, através da disciplina de Sistemas de
Apoio à Decisão, da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, em São Carlos,
em março de 2004.
44
empresa é algo importante não apenas para o seu ambiente interno. Prova disso, é a
pressão que o tomador de decisão sofre, principalmente, de seus clientes.
De acordo com Bispo (1998), é necessário estabelecer prioridades, sobretudo,
quando existem posições antagônicas entre os envolvidos na decisão (clientes versus
acionistas versus empregados). Para o autor, as decisões são atos de poder, pois a partir
do momento em que alocam recursos, definem estratégias, conduzem o destino de
organizações e de pessoas, os tomadores de decisão assumem uma dimensão política
muito semelhante à de um governo. No cotidiano, a viabilização desse processo, que na
maioria das vezes é cheio de conflitos de interesses, exige objetivos compartilhados,
liderança, comunicação efetiva e habilidade de negociação constante.
Diante deste quadro, para que os decisores tomem boas decisões, há a
necessidade de que estas sejam baseadas em dados confiáveis que serão transformados
nas variáveis do problema a ser solucionado e, posteriormente, indicarão as alternativas
de solução do problema (OSTANEL, 2005). Quanto mais informações precisas e
confiáveis o decisor tiver acesso, melhor poderá delinear o problema, suas alternativas e
encontrar a melhor solução (BISPO, 1998).
Surgiu então o conceito de sistemas de apoio à decisão (SAD), o qual de acordo com
Sprague Júnior e Watson (1991) originou a partir do trabalho de diversas empresas e
grupos de pesquisas, que tinham como meta criar sistemas computacionais interativos
que auxiliassem no processo decisório de problemas considerados não estruturados.
Viotti e Braga (1998) consideram que a partir da década de 90, começaram a
surgir aplicativos para atender a um tipo de uso mais sofisticado, o qual necessitava de
processamento analítico, a fim suprir às necessidades de informação para as tomadas de
decisão gerencial em áreas críticas do negócio das empresas. Surgiu então, uma forte
tendência em fornecer aos gerentes das empresas sistemas capazes de auxiliá-los em sua
principal tarefa, ou seja, a tomada de decisão.
O que pode ser observado através da literatura existente sobre a evolução da
tecnologia da informação e dos próprios sistemas de informação rumo ao surgimento
dos SADs, é que até meados da década de 60 somente as grandes corporações podiam
utilizar o computador. Foi a partir da década de 70, com o surgimento dos
microprocessadores e da tecnologia de armazenamento e acesso a dados, que os
microcomputadores passaram a ser vistos como poderosas máquinas de apoio aos
negócios. Daí em diante, com a explosão e a popularização da microinformática em
geral a partir das décadas de 80 e 90, a infra-estrutura necessária para a disseminação e
evolução dos SADs estava pronta. A partir de então, ficou clara a diferença entre os
objetivos dos SIGs (processamento de transações) e dos SADs (análise de negócios).
9
TEIXEIRA, R. C. F.; TEIXEIRA, I. S. (2000). Abordagem sistêmica da gestão empresarial no processo
competitivo. Disponível em http://upis.br/upis_web/revista_multipla/n_003/neto.htm. Acessado em
05/05/2004.
50
um SAD de maneira rápida, fácil e com baixo custo. Essas ferramentas são
implementadas ou colocadas em uso com finalidades e pré-requisitos definidos que
atendam ao processo de tomada de decisão de determinado segmento de empresas ou
processos de negócios genéricos. (VIOTTI e BRAGA, 1998).
Um exemplo da utilização das ferramentas de apoio à decisão, sobretudo as
planilhas eletrônicas, pode ser obtido em O’Brien (2003):
Viotti e Braga (1998), afirmam que apesar de haver diferenças entre os SIGs e os
SADs, isso não significa que as características de um SAD não possam ser encontradas
em um SIG, elas simplesmente não são comuns.
Segundo os autores, um SAD pode ser usado para a solução de problemas
inesperados, ou ad hoc (destinados a determinadas finalidades), que exijam decisões
realizadas geralmente apenas uma vez. Já a maioria dos SIGs suporta apenas decisões
baseadas em informações estruturadas, pré-definidas e apresentadas através de relatórios
e/ou consultas consolidadas.
51
Î Marketing
dessas informações, pesquisa-se através do SAD quantos clientes ainda estão abaixo
desse ponto. Os clientes apresentados nessa pesquisa ainda necessitam de investimento
de marketing e propaganda. Dessa forma, a retenção fica mais eficaz, uma vez que pode
haver clientes com valores abaixo da média que não tem tido mais propaganda, e
exatamente o inverso, no caso de clientes com valores acima da média.
- Análise de potencial: imaginando uma empresa cujo maior cliente seja
um grande banco, os tomadores de decisão podem cruzar dados internos com dados de
mercado, entre os quais a relação de todas as agências bancárias do país. Esse
cruzamento de dados pode revelar que apesar desse grande banco ser o seu maior
cliente, apenas um pequeno percentual de suas agências é atendido. Dessa maneira,
chega-se à conclusão de que parte da sua força de vendas deve ser deslocada para
angariar novas agências desse banco, uma vez que o custo para isso é bem menor do
que conquistar novos clientes.
Î Finanças
10
MANZINI, B. R. (2001). Ainda há tempo para acertar? Disponível em http://www.crm.inf.br.
Acessado em 25/04/2001.
57
- Geradores de consultas;
- Geradores de relatórios;
- Softwares que utilizam características OLAP;
- Planilhas eletrônicas;
- Internet;
- Correio eletrônico;
- Groupware.
Essas ferramentas e suas principais características servirão de base para a
exploração do ambiente de apoio à decisão na pequena empresa, a fim de levantar de
que forma possíveis ferramentas computacionais podem auxiliar o tomador de decisão
destas empresas.
Outros autores também confirmavam há mais de dez anos atrás, através de seus
estudos sobre a utilização das planilhas eletrônicas, a difusão dessas ferramentas nas
empresas no tocante ao suporte à decisão. Cragg e King11 (1992a, 1992b apud
HOLSAPPLE e WHISTON, 1996, p. 186) afirmam em pesquisas da época que “as
planilhas eletrônicas voltadas para o suporte à decisão estão com seu uso difundido
atualmente”.
Confirmando essas tendências, autores contemporâneos destacam as planilhas
eletrônicas como integrantes da classe dos sistemas de apoio à decisão (LAUDON e
LAUDON, 2004; O’BRIEN, 2003). Esses autores ressaltam ainda que as planilhas
eletrônicas são freqüentemente utilizadas para responder às perguntas do tipo “se-
então”, bastando para isso que o tomador de decisões simplesmente altere o valor de
determinada fórmula e analise o seu resultado.
Desse modo, as planilhas eletrônicas constituem-se como ferramentas de suporte
à decisão, as quais, segundo Coles e Rowley (1996), beneficiam o contato de gerentes
com o uso efetivo da tecnologia da informação e o desenvolvimento de modelos que
auxiliam na tarefa de decidir. As autoras mencionam também que as planilhas
eletrônicas têm recursos suficientes para integrar o ambiente de sistemas de apoio à
decisão e serem amplamente utilizadas como tal.
11
CRAGG, P. B.; KING, M. (1992a). A review and research agenda for spreadsheet based DSS.
International Society for Decision Support Systems Conference, Ulm, Germany.
______. (1992b). Spreadsheet modeling practice. Loughborough University Management Research
Series, Loughborough University Business School, Leicestershire, UK.
60
Î Gráficos
Î Tabelas dinâmicas
Para Leme Filho (2004), as tabelas dinâmicas ou pivot tables (Figura 7),
representam uma ótima modalidade de visualizar e explorar o potencial dos dados de
uma planilha. De acordo com o autor, a partir de uma lista ou de um banco de dados, é
possível o cruzamento das informações, variando linhas e colunas relacionadas.
Leme Filho (2004) afirma:
A formatação da planilha não é um fator importante nesse caso, pois esta será
base para a construção da tabela dinâmica e não será visualizada. Contudo, a
construção deve ter a aparência de um banco de dados ou de uma lista, com
um rótulo de dados na primeira linha e, muitas vezes, repetindo valores nas
demais linhas. (LEME FILHO, 2004, p. 293).
Î Atingir meta
empréstimo, que produzam um valor específico para a prestação. Para estes casos,
existe um outro recurso chamado solver, descrito mais adiante.
Î Cenários
Î Solver
Leme Filho (2004) define o solver como um recurso poderoso para se resolver
problemas que podem ter diversas variáveis, permitindo também que sobre estas
variáveis sejam especificadas restrições, além de possibilitar a criação de relatórios
sobre o problema tratado.
O solver é uma ferramenta de software que ajuda os usuários a encontrar a
melhor maneira de alocar recursos. Os recursos podem ser materiais crus, tempo de
máquina ou tempo das pessoas, dinheiro, ou qualquer outra coisa em quantidade
limitada.
O solver está baseado no princípio de encontrar a solução ótima para um
problema.
2.5.5 Internet
12
FIGUEIREDO, S. P. (2002). Gestão do conhecimento a partir do e-mail. Informal. Disponível em
http://www.informal.com.br/artigos. Acessado em 10/07/2002.
68
2.5.7 Groupware
Cabe definir ainda, segundo Godoy (1995), a expressão ciências sociais como
sendo aquelas que se preocupam com os fenômenos sociais, econômicos, políticos,
culturais, educacionais, enfim, fenômenos que englobam relações de caráter humano e
social.
considerando também, outros aspectos como o ambiente em que os dados são coletados
e as formas de controle das variáveis envolvidas (GIL, 2002).
Dessa forma, o elemento mais importante para o planejamento estratégico de
uma pesquisa, de acordo com Gil (2002), é o procedimento adotado para a coleta de
dados. O autor define dois grandes grupos de procedimentos de coleta de dados:
- Aqueles que utilizam as chamadas fontes de “papel” (pesquisa
bibliográfica e documental); e,
- Aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas (pesquisa experimental,
levantamento – survey – e estudos de caso).
Além disso, Cervo e Bervian (2002) ressaltam que a pesquisa com tipo de
investigação exploratória, independentemente da forma de abordagem ou da estratégia
de pesquisa adotada, trabalha sobre os dados ou fatos colhidos no próprio ambiente do
objeto pesquisado, portanto, a coleta de dados configura-se como uma atividade
fundamental e de grande relevância para esse tipo de pesquisa. Entretanto, os autores ao
discutirem sobre as pesquisas exploratórias, destacam que “essa pesquisa requer um
planejamento bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos
aspectos de um problema ou de uma situação”. (CERVO e BERVIAN, 2002, p. 69).
Um dos grandes procedimentos de coleta de dados é a pesquisa bibliográfica, ou
de fontes secundárias. Essa pesquisa, de acordo com Marconi e Lakatos (2003), envolve
toda a bibliografia disponível já tornada pública, em relação ao tema estudado. Segundo
Gil (2002), essa bibliografia disponível é constituída principalmente de livros e artigos
científicos.
A principal fonte bibliográfica desta pesquisa, em função de abordar alguns
temas que são atuais – estando ainda em debate ou em evolução –, constitui-se de
artigos científicos publicados em periódicos, congressos, textos encontrados em
dissertações, teses e sites da Internet. No entanto, os conceitos e temas já teorizados,
têm como fontes de pesquisa os livros de diversos autores, os quais são geralmente
debatidos a fim de enriquecer e fornecer maior embasamento teórico sobre o tema.
Outro grande procedimento de coleta de dados é o estudo de caso, que para Yin
(2005) é considerado como uma estratégia de pesquisa abrangente, pois:
- Com relação aos seus fins e à sua investigação, como exploratória, pois
se busca a familiarização com o fenômeno estudado e/ou a obtenção de uma nova
compreensão deste;
- Com relação à estratégia de pesquisa propriamente dita, como
bibliográfica e de estudos de casos múltiplos, visto que se pretende confrontar o
referencial teórico pesquisado com o ambiente explorado, procurando-se evitar a
ocorrência de excesso de formalismo (teorização sem a observação do real) e excesso de
empirismo (observação do real sem teoria).
A Figura 9 (abaixo) foi elaborada como o objetivo de resumir e apresentar
didaticamente os aspectos metodológicos adotados nesta pesquisa.
QUANTITATIVA
FORMA DE
ABORDAGEM
QUALITATIVA
EXPLORATÓRIA
ASPECTOS TIPO DE
METODOLÓGICOS INVESTIGAÇÃO DESCRITIVA
ADOTADOS
EXPLICATIVA
BIBLIOGRÁFICA
DOCUMENTAL
EXPERIMENTAL
ESTRATÉGIA DE
PESQUISA LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
A coleta de dados para esta pesquisa foi realizada por meio de:
- Entrevistas semi-estruturadas, direcionadas por um roteiro base
elaborado a partir da revisão bibliográfica. Cabe destacar que as entrevistas buscaram
dar a oportunidade ao entrevistado de expressar suas opiniões a respeito do tema
explorado;
- Observações diretas realizadas no ambiente das pequenas empresas
exploradas, a fim de identificar o modus operandi destas empresas com relação às
questões da pesquisa;
- Exploração de artefatos físicos, que exemplificassem as respostas dos
entrevistados, como por exemplo, a utilização de alguma ferramenta computadorizada
ou de algum material impresso.
De acordo com Triviños (1992), a entrevista é importante, pois permite que
sejam feitos questionamentos básicos apoiados em teorias, ao mesmo tempo em que
permite o surgimento de novas questões, as quais vão surgindo conforme se recebem as
respostas do informante.
Para Yin (2005), a entrevista é uma das mais importantes fontes de informações
para um estudo de caso. Segundo o autor, é muito comum que as entrevistas para o
estudo de caso sejam conduzidas de forma espontânea, pois dessa forma, o entrevistador
pode tanto indagar o respondente quanto pedir a opinião dele sobre determinados
eventos.
Essa forma espontânea de entrevistar, apontada por Yin (2005), foi utilizada nas
explorações ao campo desta pesquisa. Notou-se com isso, certa facilidade na condução
da entrevista, pois o entrevistado sentia-se à vontade para responder e apontar suas
opiniões, sem a necessidade rígida de ficar preso às questões fechadas.
80
É importante destacar também, que o relato dos casos múltiplos desta pesquisa
será no formato de apresentação de dados, acompanhado de análises e conclusões
parciais, de modo a facilitar o encadeamento das idéias, bem como facilitar a sua leitura
e compreensão.
82
4.2.1 Empresa C
4.2.2 Empresa I
4.2.3 Empresa S
Quem prepara /
Centralização das Motivos de não preparar / manipular
Casos manipula as
decisões no proprietário as informações
informações
O próprio tomador
C Grande de decisões.
Funcionários. Falta de tempo.
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DRUCKER, P. (2001). O melhor de Peter Drucker: obra completa. São Paulo: Nobel.
GIL, A.C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas.
PEGN (2002). Roteiro para vencer em 2002. Revista Pequenas Empresas Grandes
Negócios, São Paulo: Globo, n. 156, p. 21, jan.
105
SANTOS, M. (1998). Fora de foco: por que boa parte das pequenas empresas não
consegue tirar vantagens efetivas da informática e da informação. Revista Pequenas
Empresas Grandes Negócios, São Paulo: Globo, n. 108, p. 60-61, fev.