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RESENHA

Competência social e habilidades sociais: Manual


teórico-prático

Social competence and social skills: Theoretical-practical


manual

Competencia social y habilidades sociales: Manual teórico-


práctico

Lucas Cordeiro Freitas*


Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ, São João del Rei, Minas Gerais,
Brasil

Del Prette A., Del Prette, Z.A.P. (2017). Competência Social e


Habilidades Sociais: Manual Teórico-prático. Petrópolis: Editora
Vozes, 252 p.

As dificuldades de relacionamento interpessoal, que muitas vezes


podem se caracterizar como déficits em habilidades sociais e baixa
competência social, estão associadas a uma diversa gama de
transtornos mentais. Mesmo em indivíduos que não apresentam
indicadores de transtornos psiquiátricos, as habilidades sociais são
reconhecidamente uma variável preditora de bom ajustamento social,
acadêmico e ocupacional, podendo atuar como um fator de proteção
frente ao desenvolvimento de dificuldades interpessoais mais graves
(Caballo, 2003; Del Prette & Del Prette, 1999).
No livro “Competência social e habilidades sociais: Manual teórico-
prático”, os autores apresentam contribuições em termos conceituais
e aplicados no que se refere à concepção, ao planejamento, à
implementação e à avaliação de intervenções baseadas nos princípios
e evidências científicas do campo teórico-prático das Habilidades
Sociais.
A obra está estruturada em três partes, contendo dez capítulos no
total. Na primeira parte, composta por quatro capítulos, são
apresentados os conceitos fundamentais que embasam a teoria e a
prática no campo das Habilidades Sociais. O Capítulo 1 é dedicado ao
conceito de habilidades sociais, com ênfase na sua definição mais
atual, nas classes e subclasses de comportamentos que compõem
esse conceito, bem como na apresentação de um portfólio geral das
principais habilidades sociais identificadas na literatura. O Capítulo 2
discorre sobre o conceito de competência social, apresentando os

ISSN 1808-4281
Setembro a
Estudos e Pesquisas em Psicologia Rio de Janeiro v. 19 n. 3 p. 847-850
Dezembro de 2019
Lucas Cordeiro Freitas

critérios avaliativos relacionados a esse conceito e discutindo em


profundidade a dimensão ética como critério básico para a
competência social. Nota-se, nesse capítulo, a tentativa dos autores
de estabelecer a dimensão ética enquanto critério básico da
competência social, noção esta que norteia todo o restante da obra.
O Capítulo 3 trata das definições de tarefa interpessoal e práticas
culturais, contextualizando as habilidades sociais em função dos
papéis sociais e das variáveis do contexto cultural mais amplo.
Nesses três primeiros capítulos, os autores avançam na
fundamentação conceitual de termos chave do campo das Habilidades
Sociais, quando se compara à definição desses mesmos termos em
obras anteriores (Del Prette & Del Prette, 1999, 2001, 2009).
No capítulo 4, são apresentadas as bases conceituais e empíricas dos
programas de Treinamento de Habilidades Sociais (THS) e do Método
Vivencial, proposto pelos autores. São descritos, brevemente, os
problemas associados a déficits em habilidades sociais que podem ser
foco de intervenções, as principais aplicações e clientelas dos
programas de THS, bem como as definições e modalidades do Método
Vivencial.
Na segunda parte do livro, direcionada para orientações para a
prática, o Capítulo 5 apresenta diretrizes para a avaliação da
efetividade dos programas de intervenção, contemplando todas as
fases do processo: avaliação inicial, avaliação continuada ou de
processo, avaliação final de resultados e avaliação de follow-up ou de
acompanhamento. O Capítulo 6 apresenta uma variedade de
técnicas, procedimentos e recursos terapêuticos que podem ser
utilizados em programas de THS. São apresentadas tanto técnicas
clássicas na aplicação do THS, como técnicas atuais, a exemplo das
tarefas interpessoais de casa e da utilização de recursos multimídia.
No capítulo 7, os autores discutem como promover os requisitos da
competência social, por meio dos procedimentos e recursos
apresentados anteriormente. São enfatizadas a importância da
automonitoria e da análise de contingências, do conhecimento prévio
do ambiente social, dos valores de convivência e do
autoconhecimento.
A terceira parte do livro é dedicada ao planejamento e à condução de
intervenções que visam à promoção de habilidades sociais e de
competência social. O capítulo 8 é voltado especificamente para o
planejamento e a estruturação de programas de THS. Questões
práticas e metodológicas são discutidas como, por exemplo, o
número de participantes, a duração das sessões, os critérios de
definição dos objetivos das intervenções, bem como o planejamento
de todas as etapas do programa. No capítulo 9, são apresentadas
orientações para a condução de programas de intervenção, em
formatos individuais ou grupais. Nesse capítulo, cabe destacar a
ênfase dos autores nas habilidades exigidas do facilitador ou

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Lucas Cordeiro Freitas

terapeuta na condução de programas dessa natureza.


Adicionalmente, há exemplos de casos ilustrativos que englobam
desde o histórico ou queixas dos participantes até a avaliação dos
resultados finais da intervenção.
No capítulo 10, são apresentadas, detalhadamente, uma série de
vivências e outras atividades que podem ser utilizadas em programas
de THS com finalidades e públicos diversos, contendo a descrição de
objetivos, materiais e procedimentos específicos para cada uma
delas. Os autores dividem as vivências entre aquelas mais adequados
para as fases de início e término de sessão e aquelas vivências
centrais em uma sessão terapêutica. Nesse sentido, o terapeuta ou
facilitador pode se beneficiar de orientações detalhadas que podem
servir como guia para planejar e implementar cada fase de uma
sessão.
Considerando a obra em seu conjunto, pode-se salientar que sua
publicação representa uma contribuição importante no que se refere
à disseminação de intervenções em THS para o contexto acadêmico e
a sociedade em geral, que sejam embasadas em princípios
conceituais bem estabelecidos e na busca por evidências científicas
de efetividade. Além disso, vislumbra-se o potencial de aplicação do
conteúdo do livro em termos da realização de intervenções para
promoção de saúde mental, prevenção e tratamento em Psicologia ou
áreas afins. Por ter um caráter didático, o livro pode ser útil também
na formação básica de habilidades terapêuticas com estudantes de
Psicologia.

Referências

Caballo, V. E. (2003). Manual de avaliação e treinamento das


habilidades sociais. São Paulo: Santos.
Del Prette A., Del Prette, Z. A. P. (2001). Psicologia das relações
interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis:
Editora Vozes.
Del Prette A., Del Prette, Z. A. P. (2017). Competência Social e
Habilidades Sociais: Manual Teórico-prático. Petrópolis: Editora
Vozes.
Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (1999). Psicologia das Habilidades
Sociais: Terapia, educação e trabalho. Petrópolis: Editora
Vozes.
Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (2009). Psicologia das Habilidades
Sociais na Infância: Teoria e prática (4ª ed.). Petrópolis: Editora
Vozes.

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Lucas Cordeiro Freitas

Endereço para correspondência


Lucas Cordeiro Freitas
Universidade Federal de São João del Rei
Departamento de Psicologia – Laboratório de Pesquisa em Saúde Mental
Praça Dom Helvécio, 74, Dom Bosco, CEP 36301-160, São João Del Rei - MG, Brasil
Endereço eletrônico: lcordeirofreitas@ufsj.edu.br

Recebido em: 20/03/2019


Reformulado em: 09/11/2019
Aceito em: 12/11/2019

Notas
* Doutor em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos, com
estágio no exterior realizado na Louisiana State University. Realizou estágio de Pós-
doutorado no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos.
Atualmente é Professor Adjunto no Departamento de Psicologia da Universidade
Federal de São João del Rei.

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