Polares 13
Polares 13
Polares 13
y P
x O
O
P
Se o valor do raio vetor de um ponto P do plano for negativo, troca-se o sinal e acrescenta-se ou
reduz-se o argumento de π. Exemplos: (−1, π4 ) = (1, 5π 4 ); (−2, − 3 ) = (2, 3 ); (−3, 3 ) = (3, 3 ).
π 2π π 4π
1
2
y P
ρ
θ
O x
{ {
x = ρ cos(θ) ρ2 = x 2 + y 2
y = ρ sen(θ) tg (θ) = xy , x ̸= 0
ρ = f(θ)
Expressões da forma ρ = f (θ) são denominadas funções em coordenadas polares. O traçado de seu
gráfico pode ser feito de maneira ”primitiva”, como no caso de coordenadas cartesianas y = f (x).
Em outras palavras, após localizar alguns pontos (ρ, θ) que verificam a igualdade ρ = f (θ) o
gráfico é obtido ”interpolando-se” os pontos localizados no sistema de coordenadas.
Expressões algébricas envolvendo as coordenadas ρ e θ, mesmo que não se possa explicitar uma
dessas coordenadas, serão denominadas equações de curvas em coordenadas polares.
Algumas vezes, transformando a expressão algébrica de coordenadas polares para cartesianas, ou
vice-versa, pode ser útil no traçado das curvas.
Exemplos
Nos exemplos 1 e 2 abaixo, a transformação para coordenadas cartesianas facilita o traçado.
1) ρ + 3 sen(θ) = 0.
Multiplicando-se por ρ obtemos ρ2 + 3ρsen(θ). A identificação da curva em coordenadas carte-
sianas, x2 + y 2 + 3y = 0, é mais fácil. De fato, somando e subtraindo 94 , podemos escrever
3
3/2 3 3/2 3
Figure 1
O exemplo a seguir mostra que a transfomação de coordenadas cartesianas para polares pode
facilitar o traçado da curva
A lemniscata.2
É o lugar geométrico dos pontos P de um plano π cujo produto das distâncias a dois pontos
fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, é constante e igual a (d(F1 , F2 )/2)2 .
⋆ Equação cartesiana
Para obtermos uma equação simples da lemniscata em coordenadas cartesianas, fixamos um sis-
tema de coordenadas cartesianas {O, x, y} adequado. Neste caso, tomando-se o eixo 0x contendo o
segmento F1 F2 e o eixo 0y passando pelo ponto médio de F1 F2 , obtemos, F1 = (−a, 0), F2 = (a, 0),
e assim d(F1 , F2 ) = 2a.
2Do dicionário Aurélio
lemniscata [Do lat. lemniscata, ‘ornada de fitas’; a sua forma, um 8, lembra um laço de fitas.] Substantivo
feminino. 1.Geom. Lugar geométrico dos pontos de um plano cujas distâncias a dois pontos fixos desse plano são
constantes.
Algumas edições deste dicionário contém este erro.
4
ρ
F
. F
. F
. F2
.
1 2 1
As curvas definidas como o lugar geométrico dos pontos P de um plano π cujo produto das
distâncias a dois pontos fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, é constante são chamadas ovais de Cassini. A
lemniscata é um caso particular dessas ovais.
Ovais de Cassini tem a aparência de certas fatias da superfı́cie de um tóro (donut).
Curvas obtidas como fatias de um cone são definidas de modo análogo à lemniscata.
Cônicas
1) Elipse3
É o lugar geométrico dos pontos P de um plano π cuja soma das distâncias a dois pontos fixados,
F1 ∈ π e F2 ∈ π, é uma constante. Essa constante, que indicaremos por 2a, tem que ser maior
que a distância d(F1 , F2 ) entre os pontos F1 e F2 . Em outras palavras, d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = 2a.
3Do dicionário Aurélio (neste caso o dicionário está certo!)
elipse [Do gr. élleipsis, ‘omissão’, pelo lat. ellipse.] Substantivo feminino. 1.E. Ling. Omissão deliberada de
palavra(s) que se subentende(m), com o intuito de assegurar a economia da expressão. 3.Geom. Lugar geométrico
dos pontos de um plano cujas distâncias a dois pontos fixos desse plano tem soma constante; interseção de um cone
circular reto com um plano que faz com o eixo do cone um ângulo maior que o do vértice.
5
O sistema de coordenadas foi escolhido de modo a fornecer uma equação bem simplificada da
curva. Esta equação é denominada equação reduzida da elipse.
centro
b
-a
.
F1
-c
F2
c
. a
eixo menor
-b
eixo maior
Exemplo 1: A elipse com focos nos pontos F1 e F2 cujas coordenadas no sistema S = {O, x, y} são
F1 = (−2, 0) e F2 = (2, 0) e medida do semi-eixo maior igual a 3 tem equação 5x2 + 9y 2 − 45 = 0.
De fato, temos c = 2, a = 3 e portanto b2 = a2 − c2 = 5. Assim, a equação da elipse é:
x2 y 2
+ = 1.
9 5
Ou seja, 5x2 + 9y 2 − 45 = 0.
Exemplo 2: A elipse com focos nos pontos F1 e F2 cujas coordenadas no sistema S = {O, x, y}
são F1 = (1, 1)S e F2 = (3, 1)S e medida do semi-eixo maior igual a 2 tem equação 3x2 + 4y 2 −
12x − 8y + 4 = 0.
y‘
y
y
y‘
.P
k
.
F1
O‘
.
F2
x‘
O‘ x‘
x O h x
Ou seja, 3(x − 2)2 + 4(y − 1)2 = 12, que é o mesmo que 3x2 + 4y 2 − 12x − 8y + 4 = 0.
y‘ x‘
y .
P
3 .
F2 x‘
-4 y‘
O 4 x O x
F1. -3
4 3 3 4
11( x + y)2 + 36(− x + y)2 = 396.
5 5 5 5
Simplificando obtemos a equação da elipse:
20x2 − 24xy + 27y 2 − 396 = 0.
d
.F .
c
{
θ 2 θ
d+c = cos(θ)
Com essa escolha, a relação entre as coordenadas cartesianas e polares é dada por: x = c −
ρ cos(θ) e y = −ρ sen(θ), 0 ≤ θ < 2π.
Substituindo na equação (a2 − c2 )x2 + a2 y 2 = a2 (a2 − c2 ), obtemos:
(a2 − c2 )(c2 − 2cρ cos(θ) + ρ2 cos2 (θ)) + a2 ρ2 sen2 (θ) = a4 − a2 c2 .
Expandindo,
a2 c2 − 2a2 cρ cos(θ) + a2 ρ2 cos2 (θ) − c4 + 2c3 ρ cos(θ) − c2 ρ2 cos2 (θ) + a2 ρ2 sen2 (θ) = a4 − a2 c2 .
Simplificando,
−2a2 cρ cos(θ) + a2 ρ2 (cos2 (θ) + sen2 (θ)) + 2c3 ρ cos(θ) − c2 ρ2 cos2 (θ) = (a2 − c2 )2 .
Ou seja,
cρ cos(θ)(−2a2 + 2c2 − cρ cos(θ)) + a2 ρ2 = (a2 − c2 )2 .
Portanto,
a2 ρ2 = (a2 − c2 )2 + 2(a2 − c2 )cρ cos(θ) + (cρ cos(θ))2 .
Isto é,
a2 ρ2 = ((a2 − c2 ) + cρ cos(θ))2 .
Extraindo a raiz quadrada de ambos os membros 5, devemos ter,
aρ = ((a2 − c2 ) + cρ cos(θ)).
Assim,
a2 − c2 b2
ρ= = , 0 ≤ θ < 2π.
a − c cos(θ) a − c cos(θ)
Pondo e = c/a, a equação polar da elipse torna-se:
a − ec
ρ= , 0 ≤ θ < 2π.
1 − e cos(θ)
Note que quando θ = 0, ρ = a + c e quando θ = π, ρ = a − c
O número e = c/a é chamado excentricidade da elipse. Note que 0 < e < 1.
Fixado o número a, quanto menor for a excentricidade (desvio ou afastamento do centro), menor
será o valor de c e portanto os focos da elipse estarão mais próximos do centro da elipse.
4Esta escolha, pouco natural, é importante para uma certa unificação deste exemplo com os dois exemplos
seguintes
5Temos que, para qualquer valor to argumento θ, (a2 − c2 ) + cρ cos(θ) > 0. De fato, sempre a > c > 0 e quando
cos(θ) < 0, isto é, π/2 < θ ≤ 3π/2, o valor de ρ cos(θ) fica entre 0 e ρcos(π) = (a − c)(−1). Portanto, o valor
mı́nimo da expressão (a2 − c2 ) + cρ cos(θ) é a2 − c2 + c((a − c)(−1)) = a2 − ac > 0.
9
. . . .
excentricidade
pequena grande
2) Hipérbole6
É o lugar geométrico dos pontos P de um plano π cuja diferença das distâncias a dois pontos
fixados, F1 ∈ π e F2 ∈ π, é uma constante. Essa constante, indicamos por 2a, é menor que a
distância d(F1 , F2 ) entre os pontos F1 e F2 . Em outras palavras, |d(P, F1 ) − d(P, F2 )| = 2a.
F1 F2
Isto é, √
(x + c)2 + y 2 − 4a2 − (x − c)2 − y 2 = 4a (x − c)2 + y 2 .
Novamente elevando-se ao quadrado,
((x + c)2 + y 2 − 4a2 − (x − c)2 − y 2 )2 = 16a2 ((x − c)2 + y 2 ).
Simplificando,
(4cx − 4a2 )2 = 16a2 ((x − c)2 + y 2 ).
Ou seja,
6Do dicionário Aurélio
hipérbole [Do gr. hyperbolé, pelo lat. hyperbole.] Substantivo feminino. 1.E. Ling. Figura que engrandece ou
diminui exageradamente a verdade das coisas; exageração, auxese. 2.Geom. Lugar geométrico dos pontos de um
plano cujas distâncias a dois pontos fixos desse plano tem diferença constante; interseção de um cone circular reto
com um plano que faz com o eixo do cone um ângulo menor que o do vértice. Com uma escolha adequada das
coordenadas cartesianas x e y, sua equação pode ser simplificada a (x2 /a2 ) − (y 2 /b2 ) = 1, onde a e b são constantes.
10
x2 y 2
− 2 = 1.
a2 b
Note que o sistema de coordenadas foi escolhido de modo a fornecer uma equação bem simplificada
da curva. Esta equação é denominada equação reduzida da hipérbole.
.
F1 -a
-c
a .
F2
c
x
assíntotas
y‘
y
2 . x‘
.3 . x
assíntotas
Temos que a = 1. As retas assı́ntotas cruzam no ponto O′ de coordenadas (3, 2). No sistema de
coordenadas S ′ = {O′ , x′ , y ′ } as equações das assı́ntotas são y ′ = ±x′ . Assim, b/a = 1 e portanto
b = 1. Logo, no sistema S ′ a hipérbole tem equação x′ 2 − y ′2 = 1. Note que o sistema S ′ é o
transladado do sistema S = {O, x, y} para o ponto O′ = (h, k) = (3, 2). Assim, x′ = x − 3 e
y ′ = y − 2. Portanto, a equação da hipérbole é x2 − y 2 − 6x − 4y + 12 = 0.
De fato vamos obter a equação polar de apenas um dos ramos da hipérbole. Neste caso, o
argumento θ deve variar no setor definido pelas assı́ntotas. Em outras palavras, ϕ−π < θ < π − ϕ,
sendo ϕ tal que tg(ϕ) = ab ; ou seja, ϕ é a inclinação da reta assı́ntota 7.
x c
F2 θ
θ
ramos da
hipérbole assíntotas
Escolhido o sistema polar S ′ obtemos as seguintes relações com o sistema S = {0, x, y}:
x = c − ρ cos(θ) e y = −ρ sen(θ).
Substituindo na equação (c2 − a2 )x2 − a2 y 2 = a2 (c2 − a2 ), obtemos:
(c2 − a2 )(c2 − 2cρ cos(θ) + ρ2 cos2 (θ)) − a2 ρ2 sen2 (θ) = a2 c2 − a4 .
Expandindo,
c4 − 2c3 ρ cos(θ) + c2 ρ2 cos2 (θ) − a2 c2 + 2a2 cρ cos(θ) − a2 ρ2 cos2 (θ)) − a2 ρ2 sen2 (θ) = a2 c2 − a4 .
Ou seja,
(c2 − a2 )2 − 2(c2 − a2 )cρ cos(θ) + c2 ρ2 cos2 (θ) − a2 ρ2 = 0.
Portanto,
a2 ρ2 = ((c2 − a2 ) − cρ cos(θ))2 .
Extraindo a raiz quadrada de ambos os lados, e sabendo que (c2 − a2 ) − cρ cos(θ) > 0, obtemos:
aρ = (c2 − a2 ) − cρ cos(θ)).
Ou seja,
c2 − a2 b2
ρ= = , ϕ − π < θ < π − ϕ.8
a + c cos(θ) a + c cos(θ)
Pondo e = c/a, obtemos:
ec − a
ρ= , ϕ − π < θ < π − ϕ.
1 + e cos(θ)
O número e = c/a é chamado excentricidade da hipérbole. Note que e > 1. Fixado 0 número a,
quanto maior for a excentricidade (desvio ou afastamento do centro), maior será o valor de c e
portanto os focos da hipérbole estarão mais afastados do centro da hipérbole.
3) Parábola9
É o lugar geométrico dos pontos P de um plano π equidistantes a um ponto fixado F ∈ π e uma
reta fixada r ⊂ π, F ∈/ r. Em outras palavras, d(P, F ) = d(P, r).
7admitindo valores negativos para ρ e variando θ no intervalo (π − ϕ, π + ϕ) obtemos o traçado do outro ramo
da hipérbole
8No exemplo anterior obtivemos para a elipse a equação polar : ρ = b2
a−c cos(θ)
, 0 ≤ θ < 2π. Mudando a variação
2
do argumento de 0 ≤ θ < 2π para −π ≤ θ < π, a equação polar da elipse torna-se: ρ = a+c bcos(θ) , −π ≤ θ < π.
9Do dicionário Aurélio
parábola [Do lat. parabola ¡ gr. parabolé.] Substantivo feminino. 1.Narração alegórica na qual o conjunto
de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior. 2.Geom. Lugar geométrico plano dos
pontos equidistantes de um ponto fixo e de uma reta fixa de um plano.
12
excentricidade
pequena
grande
-c c F
.
y‘
y
F .
V x‘
x
1 a c
reta projetiva b
plano projetivo
14
Um ponto no infinito é a direção de uma reta. Uma reta juntamente com o seu ponto no infinito
é chamada reta projetiva. Retas paralelas tem o mesmo ponto no infinito. O plano euclidiano R2
juntamente com todos os seus pontos no infinito constitui o chamado plano projetivo P2 .
No plano projetivo as três curvas, elipse, parábola e hipérbole, são curvas fechadas. A hipérbole
tem dois pontos no infinito, a parábola um e a elipse nenhum ponto no infinito 10.
a
b
b
a
2) Propriedades ópticas
Supondo que as curvas elipse, parábola e hipérbole são refletoras, então um raio de luz que emana
de um dos focos reflete por um caminho bem definido (Figura 5). No caso da elipse ele reflete
e se dirigi ao outro foco. No caso da parábola ele reflete paralelamente ao eixo de simetria da
parábola. Finalmente, no caso da hipérbole a reflexão se dá na direção da reta determinada pelo
ponto onde o raio de luz toca um ramo da hipérbole e pelo foco do outro ramo.
F .
.
F1
.
F2
.
F1 .
F2
F .
P
Portanto são iguais os ângulos de incidência e reflexão do raio F P que reflete, em relação à reta
tangente, paralelamente ao eixo de simetria da parábola (neste caso, eixo dos y ′ s.)
10No estudo da equação geral do segundo grau em duas variáveis Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 verifica-se
uma analogia interessante entre esta equação e a equação geral do segundo grau em uma variável ax2 + bx + c = 0.
De fato, o sinal do número ∆ = B 2 − 4AC discrimina as três cônicas; isto é, o fato do conjunto dos pontos (x, y)
tais que Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 ter dois pontos no infinito, um ponto no infinito ou nenhum ponto
no infinito corresponde aos valores de ∆ positivo, nulo ou negativo, respectivamente
15
3) Seções cônicas
parábola hipérboles
elipses
As curvas elipse, parábola e hipérbole são obtidas como interseção de um cone circular reto com
um plano. De fato, na figura 6 nota-se que as curvas têm muita semelhança com a parábola, elipse
e hipérbole. Cada caso depende do ângulo que o plano faz com o eixo do cone e também da posição
do plano. Por exemplo, se o plano for paralelo a (e não contém) uma das retas geratrizes do cone
obtém-se uma curva semelhante à parábola. De fato a curva é uma parábola. Uma pequena
mudança neste plano, de modo que ele deixa de ser paralelo à qualquer uma das geratrizes, e a
curva interseção se torna uma hipérbole (se o plano cortar as duas folhas do cone) ou uma elipse
(se o plano só corta uma folha do cone).
Demonstraremos essa afirmação para o caso da elipse. Esferas de Dandelin é o nome da construção
em homenagem a Germinal Dandelin (1794-1847).
Antes porém, vamos mostrar que a interseção de um cilindro circular reto por um plano π oblı́quo
ao eixo do cilindro é uma elipse (figura 7(a)).
F1
P
F2
(a) (b)
Figure 3
Introduzimos na parte superior do cilindro uma esfera de raio igual ao raio do cilindro até tocar o
plano π no ponto F1 . Fazemos o mesmo na parte inferior e obtemos o ponto F2 onde a esfera intro-
duzida tangencia o plano. Essas duas esferas têm em comum com o cilindro duas circunferências
contidas em planos paralelos. Seja P um ponto qualquer da curva interseção do cilindro com o
plano π. Considere o segmento AB da geratriz do cilindro passando por P. Como os segmentos P A
e P F1 são tangentes à esfera superior então eles têm o mesmo comprimento, em outas palavras,
d(P, F1 ) = d(P, A). Analogamente, os segmentos P B e P F2 têm o mesmo comprimento, isto é,
d(P, F2 ) = d(P, B). Como d(P, A)+d(P, B) = d(A, B) é constante, segue-se que d(P, F1 )+d(P, F2 )
é constante. Portanto os pontos P da interseção do cilindro com o plano π constituem de fato
uma elipse de focos F1 e F2 .
Passemos agora à construção de Dandelin no caso da elipse como seção de um cone circular reto.
Considere a interseção do cone por um plano π de modo a obter uma curva que se assemelha à
elipse (figura 7(b)). O plano corta apenas uma das folhas do cone. Vamos demonstrar que existem
16
dois pontos D ∈ π e E ∈ π tais que qualquer ponto B da curva interseção verifica d(B, D)+d(B, E)
é uma constante, isto é, a soma das distâncias de B aos pontos D ∈ π e E ∈ π é uma constante.
Teremos portanto que os pontos B constituem uma elipse cujos focos são os pontos D e E.
De fato, o plano divide a folha do cone em duas partes, uma limitada e a outra não. Em cada
uma dessas partes introduzimos uma esfera que tangencia o plano e toca o cone ao longo de uma
circunferência. Essas duas circunferências estão contidas em planos paralelos. A esfera de raio
menor tangencia o plano num ponto digamos E e a de raio maior no ponto D. A geratriz do cone
que parte do vértice V e passa pelo ponto B cruza a circunferência da esfera menor no ponto A e
a maior no ponto C.
Como os segmentos BA e BE são ambos tangentes à esfera menor então eles têm o mesmo
comprimento. O mesmo acontece com os segmentos BC e BD.
Portanto, qualquer que seja o ponto B na curva obtida da interseção do cone com o plano π, a
soma das distâncias de B aos pontos de tangência das esferas com o plano, D e E, é constante
e igual ao comprimento do segmento AC, que é constante, qualquer que seja o ponto B, pois as
circunferências estão em planos paralelos. Logo, o lugar gemétrico dos pontos da curva interseção
é de fato uma elipse, com focos D e E.
17
φ P
ρ
θ y
x
ρ2 = x 2 + y 2 + z 2 x = ρcos(θ)sen(ϕ)
y
tg(θ) = y = ρsen(θ)sen(ϕ)
x
z
cos(ϕ) = z = ρcos(ϕ)
ρ
Coordenadas cilı́ndricas
P
y
ρ2 = x 2 + y 2 x = ρcos(θ)
y
tg(θ) = y = ρsen(θ)
x
18
Exercı́cios
1) Obtenha uma equação reduzida da elipse
(a) cujo centro é o ponto (0, 0), os focos estão no eixo Ox, o eixo menor mede 6 e a distância focal
é igual a 8.
(b) cujos focos são os pontos de coordenadas (0, 6) e√(0, −6) e o eixo
√ maior mede 34.
(c) cujos focos são os pontos de coordenadas (0, 2 3) e (0, −2 3) e a amplitude focal (latus
rectum)11 é 2. [22-7]
(d) cuja excentricidade é 3/5, os vértices são os pontos de coordenadas (5, 0) e (−5, 0) e cujos
focos estão no eixo Oy. [22-37]
2) Determine as coordenadas dos focos, vértices e as medidas dos eixos maior e menor das elipses:
(a) 16x2 + 25y 2 = 100 (b) 50 − y 2 − 2x2 = 0 (c) 3x2 + 4y 2 = 12. [22-8]
3) Calcule a área do quadrado cujos lados são paralelos aos eixos coordenados e está inscrito na
elipse 9x2 + 16y 2 = 100. [22-12]
5) Calcule o produto das distâncias de um ponto (x0 , y0 ) da hipérbole x2 /a2 − y 2 /b2 = 1 às retas
assı́ntotas (em função de a e b). [22-23]
6) Determine as coordenadas do foco, do vértice, e uma equação da reta diretriz das parábolas
y 2 + 8x = 0 e 5x2 = 8y. [22-30]
8) Usando translação e rotação, obtenha uma equação da elipse cujos focos são (1, 0) e (3, 2) e
vértice (4, 3).
11latus rectum ou amplitude focal da elipse é o comprimento da corda que passa por um dos focos e é perpendicular
ao segmento focal