Universidade Eduardo Mondlane: Estimativa de Carbono em Uma Área Florestal em Mossurize
Universidade Eduardo Mondlane: Estimativa de Carbono em Uma Área Florestal em Mossurize
Universidade Eduardo Mondlane: Estimativa de Carbono em Uma Área Florestal em Mossurize
Autor:
Calisto Afonso Vilanculo
Supervisor:
Doutor Mário Paulo Falcão
Elaborado por:
Calisto Afonso Vilanculo
Supervisionado por:
Doutor Mário Paulo Falcão
ii
RESUMO
Os ecossistemas florestais são considerados reservatórios de carbono e têm sido apontados como
alternativas para redução de gases de efeito estufa, principais gases responsáveis pelas mudanças
climáticas globais. Este trabalho tem como objectivo estimar o carbono acima do solo sequestrado
numa área florestal em Mossurize, província de Manica. A recolha dos dados recorreu-se a
amostragem aleatória em que o número de parcelas foi seleccionado sobre uma grelha sistemática
de pontos. Definiu-se a utilização de 125 parcelas circulares simples com raio de 20 m (área de
1.256,64 m2), em cada parcela foram medidas todas as árvores com DAP≥5cm, em seguida
estimou-se as alturas e identificou-se os nomes das espécies. A área de recolha de dados foi
separada em diferentes classes de cobertura florestal, com cobertura arbórea entre: 10 a 30% da
superfície; 30 a 40% da superfície; e 40 a 50% da superfície.
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Afonso Tecane Vilanculo e Helena Luís Machohe pelo sacrifício, dedicação,
aposta na minha formação, que potenciou o sucesso nos meus estudos.
Aos meus irmãos Alzira, Anária, Emilia, Esperança, Hilton e Fiodosa, meus sobrinhos e primos,
pela força e inestimável apoio.
Aos meus tios António Simeão Vilanculos e Pascoal Simeão Vilanculos, pelos conselhos e
confiança.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu supervisor, Doutor Mário Paulo Falcão, por todo apoio científico e disponibilidade que
demonstrou, assim como pelas críticas, correcções e sugestões de modo a tornar este trabalho
uma realidade. ‘‘O meu muito obrigado’’
Aos meus colegas e amigos: Leovigildo Paulo, Gildo Chivale, Esmeraldo Nicumua, Macedo
Damas, Celso Naface, Hercilo Odorico, Bernabé Langa, Domingos Machava, Alismo
Nhanengue, Angelina Matsinhe, Vania Somar, Neri Varela, Cecilia Bié, Felício Guelume,
Saquina Mazoio, Marcela Sitoe, Sérgio Simão, Miguel Osório, Calisto da Paz, Egas Daniel,
Mouzinho Eduardo, Kondwane Enoque, Sérgio Noa, António Ricardo Húo e outros que aqui não
mencionei pelo apoio que proporcionaram durante a minha formação.
Manifesto aqui a minha gratidão a todos os meus familiares, amigos, docentes, investigadores
que directa ou indirectamente deram o seu contributo para a concretização do presente trabalho,
especialmente a turma dos florestais da geração de 2011.
v
ÍNDICE
RESUMO ....................................................................................................................................... iii
DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. iv
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
vi
3.1.3 Topografia e Solos ................................................................................................... 12
3.1.4 Infra-estruturas......................................................................................................... 12
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 30
6 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................ 31
7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
LISTA DE ANEXOS
x
LISTA DE ABREVIATURAS
C Carbono
CO2 Dióxido de carbono
DAP Diâmetro à Altura do Peito
FAO Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
GEE Gás Efeito Estufa
GPS Sistema de Posicionamento Global
g Gramas
Gt Giga toneladas
ha Hectares
INE Instituto Nacional de Estatística
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
ton Toneladas
tC/ha Toneladas de carbono por hectare
o
C Graus centígrados
% Percentagem
MAE Ministério de Administração Estatal
REDD+ (Redução de Emissões do Desmatamento, Degradação florestal e aumento dos
estoques de carbono)
Kms Quilómetros
EN Estrada Nacional
Cm Centímetros
m Metros
m2 Metros quadrados
m3 Metros cúbicos
BEF Factor de expansão de biomassa
Frel Frequência relativa
Arel Abundância relativa
xi
Drel Dominância relativa
IVI Índice de Valor de Importância
xii
1 INTRODUÇÃO
1.1 Antecedentes
Mudanças climáticas é resultado do acúmulo de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Estas
concentrações são provenientes das actividades industriais como a queima de combustíveis
fósseis e o desmatamento (IPCC, 2007).
Segundo Machoco (2008), a conservação de estoques de carbono nos solos, florestas e outros
tipos de vegetação, a preservação de florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperação de áreas degradadas são algumas acções que contribuem para a
redução da concentração do CO2 na atmosfera. As florestas, os sistemas agroflorestais e os solos
podem ser tanto reservatórios como fontes de carbono dependendo de como e com que motivos
são manejados e, como são utilizados seus produtos.
Moçambique é um dos países mais pobres do mundo com uma elevada taxa de desmatamento e
degradação de florestas. Contudo, ainda mantém uma proporção considerável da sua área coberta
com florestas naturais. Em 2008, Moçambique iniciou o processo de engajamento nacional em
REDD+ em resposta aos interesses globais para financiar esforços de redução das emissões do
desmatamento e degradação de florestas (REDD+) nos países em vias de desenvolvimento (Sitoe
et al., 2012).
Segundo Walker (2011), na tentativa de manter as florestas tropicais e seus vastos estoques de
carbono intactas, a comunidade internacional está trabalhando para implementar políticas para
compensar nações dos trópicos que reduzirem suas emissões de carbono provenientes de
desmatamento e degradação florestal. Políticas bem-sucedidas irão exigir entre outras coisas o
desenvolvimento de sistemas de medições florestais operacionais e, de monitoramento para
acompanhar os ganhos e perdas de carbono florestal ao longo do tempo. Portanto em áreas
florestais de Mossurize existem poucos estudos de sequestro de carbono, assim surgiu a
necessidade de pesquisas que quantifiquem potencial de sequestro de carbono nestes
ecossistemas florestais.
1.3 Objectivos:
Geral:
Específicos:
2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Coraiola (1997), a análise da estrutura horizontal deve quantificar a participação das
diferentes espécies em relação às outras, e verificar a forma de distribuição espacial de cada
espécie, podendo ser determinada pelos índices de abundância e frequência.
Para Lamprecht (1990), a abundância mede a participação das diferentes espécies na floresta.
Define-se a abundância absoluta como sendo o número total de indivíduos pertencentes a uma
determinada espécie e, a abundância relativa indica a participação de cada espécie e m
percentagem do número total de árvores levantadas na parcela respectiva, considerando o
número total igual a 100%.
Segundo Hosokawa (1986) a dominância é a medida da projecção total da copa da planta e que a
dominância de uma espécie é a soma de todas as projecções horizontais dos indivíduos
pertencentes a esta espécie. Embora definida originalmente como projecção total da copa
(Expansão Horizontal), utiliza-se a área basal dos fustes para representar a dominância, uma vez
que existe uma estreita correlação entre ambas e por apresentar maior facilidade na obtenção de
dados. Para Finol (1969), através da dominância pode se medir a potencialidade produtiva da
floresta, constituindo-se um parâmetro útil para a determinação da qualidade das espécies.
3
composição florística homogénea e valores baixos (1% a 40%) significam alta heterogeneidade
(Zavala, 2013). Segundo Coraiola (1997), a frequência indica a dispersão média de cada espécie,
medida pelo número de sub-parcela da área amostrada. Para Lamprecht (1990), a frequência
absoluta de uma espécie é expressa pela percentagem das sub-parcelas em que ocorre sendo o
número total de sub-parcelas igual a 100%. A frequência relativa indica percentagem de
frequência de cada espécie em relação a frequência total por área.
2.2 Miombo
O miombo é o principal tipo florestal de Moçambique, caracterizado pela dominância de árvores
de género Brachystegia, Julbemardia e Isoberlina (Campbell, 1996). Estas florestas apresentam
normalmente 1 ou 2 estratos arbóreas de essências decíduas ou sub-deciduas com essenciais
sempre verdes ou subperenifolias em fraca percentagem. O crescimento em altura não excede em
geral 20m, sendo o mais comum de 15 a 18m (Gomes e Sousa, 1996). Campbell (1996) descreve
para miombo que altura de árvores nalgumas regiões de clima húmido e sub-húmido a floresta
toma um grau de concentração mais elevada, com árvores de grande porte que podem alcançar
27m, neste tipo de florestas dominam as espécies como a Brachystegia speciformis,
Erythrophleum guineense, Lecontedoxa henriquesii, Albizia adinthifolia, entre outras.
As florestas do miombo têm tendências a diminuir, isto porque apresentam muitas ameaças por
parte da exploração florestal, derrubas para a preparação de terras de cultivos, queimadas (Gomes
e Sousa, 1996). Segundo Campbell (1996), afirma que o desflorestamento do miombo tem
consequências no aquecimento do clima. A destruição do miombo causa remoção de carbono
aéreo e do solo de aproximadamente 21 t C/ha e 8.6 t C/ha respectivamente (Ryan, 2009) e o
desmatamento tem implicações claras na concentração de dióxido de carbono atmosférico.
4
2.3 Efeito estufa
Grande parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve a um aumento
nas concentrações de gases-estufa de origem antropogénicas (IPCC, 2007). O dióxido de
carbono tem sido apontado como o grande vilão da exacerbação do efeito estufa, já que
sua presença na atmosfera decorre em grande parte de actividades humanas
(Tolentino et al. 1998). As queimadas que acompanham o desmatamento determinam as
quantidades de gases emitidas não somente da parte da biomassa que queima, mas também da
parte que não queima (Fearnside, 2002). Outra fonte é o uso de combustíveis fósseis e a
contribuição em metano pode ser também considerada significativa (Tolentino et al.,
1998).
A Terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte dela para o espaço.
Segundo Silva e Paula (2009), os gases responsáveis pelo efeito estufa, como vapor de água,
clorofluorcarbono (CFC), ozónio (O3), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), e dióxido de
carbono (CO2), absorvem uma parte da radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra
e irradiam, por sua vez, uma parte da energia de volta para a superfície. Como resultado a
superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera em comparação com a energia
recebida do sol, resultando em um aquecimento da superfície terrestre.
2.6 REDD+
O REDD+ (Redução de Emissões do Desmatamento, Degradação florestal e aumento dos
estoques de carbono) é um mecanismo que foi acordado em Bali pela Conferência, no âmbito da
Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas. Este mecanismo visa
reconhecer o papel das florestas na mitigação do efeito das mudanças climáticas, e a necessidade
de compensar os países que contribuem para o efeito através de medidas que reduzam a
conservação destas florestas. Com efeito, o REDD+ vem reforçar outros instrumentos como o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) com relação a iniciativas de redução de emissões
6
de gases de efeito de estufa, através de actividades relacionadas com uso e cobertura da terra no
período pós-Quioto (Sitoe et al., 2012). Segundo Zolho (2010) e Havemann, (2009) os
mecanismos do REDD+ pretendem alcançar em simultâneo a redução das emissões, participar na
redução da pobreza conservação da biodiversidade e manutenção dos serviços do ecossistema.
Alguns dos desafios que o REDD+ enfrenta é a competição com outras formas de uso de terra
consideradas essenciais para o desenvolvimento socioeconómico do país, particularmente a
produção alimentar, biocombustíveis, expansão de infra-estruturas sociais, adiciona-se a estes
desafios a metodologia para a quantificação do volume de carbono que as florestas têm e que
pode ser conservado, que seria usada como base nas negociações (Gibbs at al., 2007).
7
Para Higuchi e Carvalho Júnior (1994), os estudos para quantificação de biomassa florestal
dividem-se em métodos directos (ou determinação) e métodos indirectos (ou estimativas).
Métodos directos significam uma medição real feita directamente na biomassa, por exemplo, a
pesagem de um fuste inteiro por meio de um dinamómetro ou uma balança. Todas as árvores de
uma determinada parcela são derrubadas e pesadas, sendo feita em seguida a extrapolação da
avaliação amostrada para a área total de interesse.
Métodos indirectos consistem em correlacioná-la com alguma variável de fácil obtenção e que
não requeira a destruição do material vegetal. As estimativas podem ser feitas por meio de
relações quantitativas ou matemáticas, como razões ou regressões de dados provenientes de
inventários florestais (dap, altura e volume), por dados de censoriamente remoto (imagens de
satélite) e utilizando-se uma base de dados em um sistema de informação geográfica (GIS).
Em geral, todos os métodos baseiam-se em informação gerada com base em métodos directos.
Isto é, requerem que haja equações com parâmetros ajustados para a área de estudo ou valores
médios de biomassa por tipo de vegetação ou tipo de cobertura vegetal. Para regiões onde não há
funções ajustadas será necessário iniciar com os métodos indirectos. O uso de parâmetros
estimados em outros lugares ou em modelos globais pode ser permitido para dar uma ideia geral
da distribuição de biomassa numa dada região, porém, pode resultar em dados não confiáveis
para a planificação de uso da biomassa (Sitoe e Tchaúque, 2007).
8
B(t /ha) V .WD.BEF
Onde :
B = biomassa acima do solo;
V = volume por hectare;
WD = densidade média da madeira;
BEF = factor de expansão de biomassa.
Outra forma de se estimar biomassa de forma indirecta é realizando o ajuste de equações pelo uso
de técnicas de regressão. Segundo Koehler; Watzlawick; Kirchner (2002) é o procedimento mais
comum, no qual algumas árvores são amostradas, o peso de cada componente é determinado e
relacionado por meio de regressão com variáveis dendrométricas.
10
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Fonte: O autor
Figura 1: Mapa de localização do Distrito de Mossurize.
11
precipitações de Dezembro a Março. A evapotranspiração de referência média anual é cerca de
1170mm, a temperatura média anual varia de 200C a 250C dependendo das regiões (MAE, 2005).
3.1.4 Infra-estruturas
A rede rodoviária comporta somente estradas secundárias e terciárias, que após beneficiarem de
obras de reabilitação se encontram transitáveis numa extensão de 235Kms (MAE, 2005).
12
O distrito de Mossurize comunica-se com outros distritos da província, bem como com o resto do
país através da EN216 e ER412 (MAE, 2005). Uma das grandes dificuldades que o distrito
continua a enfrentar é o mau estado de algumas vias de acesso, originado pela falta de
manutenção e solos acidentados que têm sobretudo, dificultando a circulação de veículos de
grandes tonelagem e a comercialização de excedentes agrícolas. A situação do abastecimento de
água ainda está aquém de satisfazer as necessidades das populações, pois 57% dos habitantes do
distrito beneficiam de água potável. Em Mossurize há escolas, postos de saúde, igrejas e outros
serviços, contudo estes não são suficientes em quantidade e qualidade de serviços prestados
(MAE, 2005).
O distrito possui uma diversidade de espécies vegetais, dos quais se destacam algumas como,
Afzelia quanzensí, Albizia versicolor, Cordila africana, Milletia stuhlmannii e Pterocarpus
angolenses, Diplorhynchus condylocarpon, Bauhimia galpinii, Combretum fragrans,
Julbernardia globiflora. Dentre os principais animais que constituem os recursos faunísticos do
distrito contam-se o elefante, a pala-pala, o hipopótamo, o cabrito cinzento e o macaco-cão
(MAE, 2005).
Este distrito possui potencialidades agrárias, cuja exploração domina a actividade económica das
famílias. Dos 502 mil hectares da superfície do distrito, estima-se em cerca de 250 mil hectares o
potencial de terra arável deste distrito, dos quais só 19 mil são explorados pelo sector familiar
(8% do distrito). A forma mais comum de ocupação da terra é por herança. Muito embora a terra
seja um recurso disponível em Mossuríze, tem sido reportado conflitos pela sua posse entre os
pequenos agricultores (MAE, 2005).
O sistema de produção predominante nos solos de textura pesada e mal drenado é monocultura de
batata-doce em regime de camalhões ou matutos, enquanto nos solos moderadamente bem
drenados predominam as consociações de milho, mapira, mandioca e feijão nhemba. Algodão,
cana-de-açúcar, e girassol são culturas de rendimento, produzidas em regimes de monoculturas.
Este sistema de produção é ainda complementado por criação de espécies como gado bovino,
caprino, e aves. O comércio, a pequena indústria local (carpintaria e artesanato) e a pesca
13
artesanal surgem como alternativa à actividade agrícola, ou prolongamento da sua actividade.
(MAE, 2005).
Os dados de campo foram utilizados para determinar a estrutura horizontal da floresta, na qual foi
estabelecida em função dos seguintes parâmetros (Hosokawa, 1986 e Lamprecht, 1990):
a) Abundância absoluta
A abundância absoluta foi determinada com base no número de árvores por hectare de cada
espécie (n/ha).
14
Ab. Abs
n
A
Onde:
b) Abundância relativa
Este parâmetro exprime a participação de cada espécie no povoamento como se indica na fórmula
que segue:
n / ha
Ab. Re lativa(%)
N / ha
Onde:
c) Dominância
Dom..Rletiva
ab / haespecie
AB / ha
d) Frequência
Este parâmetro exprime a distribuição de cada espécie sobre o terreno através da quantidade de
amostras nas quais ocorrem.
15
Freq. Absoluta
Freq. Re lativa(%)
Fat
Onde:
H ' pi ln pi
ln é o logaritmo natural
Para cálculo do carbono, primeiro determinou-se a biomassa e depois usou-se a proporção de que
50% de biomassa seca é constituído por carbono (Brown, 1997).
Onde:
16
V = Volume da madeira em m3/ha
WD = Densidade média da madeira de várias espécies na região (WD =0,58 por Reyes et al.,
1,992 Citado por Brown 1997)
C B.Fc
Onde:
C =carbono em (t / ha)
17
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O maior número de árvores na floresta em causa foi observado nas classes diamétricas inferiores
e a medida que os diâmetros aumentam proporcionam diminuição de número de árvores por
hectare (Figura 2).
250 234
Numero de arvores por hectare
200
150
100
51
50
23
10 4 2 1 1 0
0
]5-15[ [15-25[ [25-35[ [35-45[ [45-55[ [55-65[ [65-75[ [75-85[ [85-95[
Classes diametricas
19
Brachystegia glaucescens 2.63 2.63 6.13 11.38
20
Hibiscus sp. 0.02 0.02 0.02 0.06
21
Strychnos coculoides 0.18 0.18 0.05 0.40
22
heterogeneidade (Zavala, 2013). Tomo (2012), em floresta de Miombo, em Gondola, verificou
que as espécies mais frequentes são a Diplorhynchus condylocarpon e Pseudolachnostylis
maprouneifolia, que ambas foram encontradas em parcelas observadas com frequência relativa
por espécie de 4.8%, seguida da Brachystegia spiciformis e Pterocarpus angolensis, com 3.8% de
cada espécie.
A espécie mais dominante foi a Brachystegia spiciformis com cerca de 17,93%, seguida de
Diplorhynchus condylocarpon, Julbernardia globiflora, Brachystegia glaucescens, com 9,58%,
9,21%, 6,13%, respectivamente. Matusse (2013), em um estudo em Lugela na província da
Zambézia verificou que espécies dominantes na floresta são Terminalia stenostachya (9%),
Diplorhynchus condylocarpon (8,1%) e Pseudolachnostrylis maprounefolia (7,3%) e são típicas
da floresta de miombo.
23
Sclerocarya birrea, Burkea africana, Diospyros kirkii, Pterocarpus angolensis,Terminalia
stenostachya.
O Índice de diversidade de shannon foi de 3,345431. De acordo com (Barbour et al., 1999), um
ecossistema com índice de Shannon (H’) maior do que 2 tem diversidade de espécies média a
alta. Guedes, (2004) em Moribane, Zomba e Maronga (Província de Manica) encontrou índices
de diversidade de 3,71 a 4,09. Williams et al., (2007) encontrara em Nhambita 2.7. Giliba et al.,
(2011) encontrara índice de diversidade (H’) igual a 4,27.
25
A figura 3 apresenta o comportamento das espécies em termos de sequestro de carbono na
floresta com grau de cobertura arbórea 10-30%, neste caso, são ilustradas as espécies que se
destacaram maioritariamente pela sua capacidade de sequestro de carbono, portanto verificou-se
que a Brachystegia spiciformis, Erythrophleum lasianthum, Julbernardia globiflora contribuem
mais em termos de sequestro de carbono. Embora as espécies desta classe de cobertura arbórea
tenham contribuído para sequestro de carbono, verifica-se que espécies desta classe de cobertura
são as que têm menor potencialidade de sequestro de carbono em toda a floresta em causa.
0.4
0.35
Carbono em ton/ha
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
Diplorhynchus condylocarpon
Millettia stuhlmannii
Sclerocarya birrea
Albizia versicolor
Terminalia sericea
Albizia versicolor
Vitex doniana
Julbernardia globiflora
Pterocarpus rotundifolius
Kaya nyasica
Crossopterix febrifuga
strychnos madagascariensis
Xeroderris stuhlmannii
Brachystegia spiciformis
Piliostigma thonningii
Xanthocercis zambesiaca
Swartzia madagascariensis
Albizia adianthifolia
Pericopsis angolensis
Tabernaemontana elegans
Combretum erythrophyllum
Parinari curatellifolia
Combretum fragrans
Pteleopsis myrtifolia
Erythrophleum lasianthum
Pseudolachnostylis maprouneifolia
Especies
26
Figura 3: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 10-30% de cobertura
27
A figura 4 apresenta o comportamento das espécies em termos de sequestro de carbono na
floresta com grau de cobertura arbórea 30-40%, neste caso, são ilustradas as espécies que se
destacaram maioritariamente pela sua capacidade de sequestro de carbono, portanto a partir do
gráfico verificou-se que a Brachystegia spiciformis, Julbernardia globiflora, Brachystegia
glaucescens contribuem mais em termos de sequestro de carbono, verifica-se ainda que a floresta
com este grau de cobertura arbórea, a Brachystegia spiciformis tem o potencial do sequestro de
carbono muito acentuado, isto se deve a maior contribuição de biomassa que a espécie em causa
possui, portanto a maior potencialidade destas espécies contribuiu bastantemente para que esta
classe seja a que sequestra maior carbono em toda floresta.
4
Carbono em ton/ha
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Especies
Figura 4: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 30-40% de cobertura arbórea.
28
A figura 5 apresenta o comportamento das espécies em termos de sequestro de carbono na
floresta com grau de cobertura arbórea 40-50%, neste caso, são ilustradas as espécies que se
destacaram maioritariamente pela sua capacidade de sequestro de carbono. Portanto a partir do
gráfico verificou-se que a Breonadia salicina, Brachystegia glaucescens e Erythrophleum
lasianthum contribuem mais em sequestro de carbono nesta classe de cobertura arbórea. Embora
as espécies acima descritas tenham contribuído significativamente em sequestro de carbono,
mostra-se que a capacidade destas espécies é menor em relação aos das espécies da classe com
cobertura arbórea 30-40%, conforme são ilustradas na figura 4.
0.45
0.4
Carbono em ton/ha
0.35
0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
Especies
Figura 5: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 40-50% de cobertura arbórea
29
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados apresentados e discutidos, em concordância com os objectivos deste
trabalho constatou-se que:
30
6 RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se que ajuste-se uma equação local para estimativa de carbono, uma vez que
os coeficientes usados foram desenvolvidos em outros locais, logo surge a necessidade
que se desenvolva coeficientes locais de modo a estimar o carbono com maior precisão;
Recomenda-se que se faça estudo de estimativa do carbono sequestrado pelo solo, uma
vez que em florestas do miombo o solo sequestra mais carbono em relação as árvores, no
entanto há necessidade de conhecer o potencial de carbono sequestrado por solo.
31
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36
ANEXOS
Nome científico
Acacia abissínica
Acacia nigrescens
Albizia adianthifolia
Albizia versicolor
Amblygonocarpus andongensis
Annona senegalensis
Antidesma venosum
Artabotrys brachypetalus
Azanza garckeana
Bauhinia galpinii
Berchemia discolor
Brachylaena discolor
Brachystegia boehmii
Brachystegia glaucescens
Brachystegia spiciformis
Brackenaidgea zanguebarica
Breonadia salicina
Catunaregam spinosa
Combretum erythrophyllum
Combretum fragrans
Combretum molle
Cordyla Africana
Crossopterix febrifuga
Cussonia arborea
Cymbopogon excavatus
Dalbergiella nyassae
Desmondium salicifolium
Dicrostachys cinerea
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Diospyros mespiliformis
Diospyrus quiloensis
Diplorhynchus condylocarpon
Dracaena usamberensis
Entada rheedii
Eragrostis aspera
Eragrostis rigidon
Erythrophleum africanum
Erythrophleum lasianthum
Eugenia natalensis
Ficus sp.
Friesodielsia obovata
Friodesia obovate
Gardenia volskei
Grevia cafra
Hibiscus canabinus
Hollarrhena pubescens
Hymenocardia acida
Hyparrhemia filipendula
Hyparrhemia hirta
Indigofera sp.
Ipomeia aquatica
Julbernardia globiflora
Justica flava
Justicia betonica
Kaya nyasica
Kyphocarpa angustifolia
Landolphia kirkii
Lannea schweinfurthii
Lantana camara
Lippia javanica
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Lonchocarpus bussei
Macaranga capensis
Markhamia obtusifolia
Markhamia zanzibarica
Maytenus heterophylla ou Gymnosponia heterophylla
Melhanea sp.
Millettia stuhlmannii
Mucuna coriacea
Nidorella sp.
Ormocarpum kirkii
Panicum coloratum
Panicum maximum
Panicum natalense
Parinari curatellifolia
Pavetta sp.
Peltophorum africanum
Percicopsis angolensis
Phyllanthus sp.
Piliostigma thonningii
Pseudolachnostylis maprouneifolia
Pteleopsis myrtifolia
Pterocarpus angolensis
Pterocarpus rotundifolius
Rhus chimindensis
Sclerocarya birrea
Securinega sp.
Senecio panduriformis
Senecio panduriformis
Setaria megaphylla
Sporobolus panicoides
Strychnos coculoides
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Strychnos madagascariensis
Strychnos potatorum
Strychnos sp.
Strychnos spinosa
Strychnos usamborensis
Surilax anceps
Swartzia madagascariensis
Tabernaemontana elegans
Tabernaemontana ventricosa
Tarenna supra-axillaris
Tephrosia purpurea
Terminalia sericea
Terminalia stenostachya
Tinta lartabro
Trema orientalis
Uapaca kirkiana
Vangueria infausta
Vernonia centaureoisdes
Vernonia colonata
Vernonia myriantha
Vigna luteola
Vitex doniana
Wrightia natalensis
Xanthocercis zambesiaca
Xeroderris stuhlmannii
Ximenia americana
Zanthoxylum dugoense
Zauricurcas zacurifolia
40
Anexo 2. Ficha do campo
Província Posto administrativo_______________ .
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