Da Teoria À Prática
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Resumo: Este artigo apresenta o resultado de uma atividade interventiva realizada em uma unidade escola de
ensino fundamental. Objetiva, pois, refletir sobre a importância do reconhecimento acerca dos níveis de
desenvolvimento da escrita dos discentes como elemento de partida para a promoção do processo de alfabetização
com base no método fônico. Partimos do pressuposto de que avaliar o nível no qual cada aluno encontra-se
representa o primeiro passo para a construção de metodologias conscientes, ou seja, capazes de promover ao aluno
o desafio e levá-lo a progredir, transcender níveis de aquisição da aprendidazagem da língua escrita. Pelo teor
reflexivo da prática educativa, contribui para a construção de paradigmas voltados ao desenvolvimento da
aprendizagem e da alfabetização.
Introdução
1
Graduada em Pedagogia e Letras, Especialista em Psicopedagogia, em Literatura Brasileira e em Coordenação Pedagógica e Práticas
Pedagógicas Interdisciplinares; Mestranda em Ciências da Educação pelo Programa de Pós-Graduação – PPG da Absolute Christian
University. E-mail: franmarly@bol.com.br.
2
Licenciada em Normal Superior e Especialista em Psicopedagogia; Mestranda em Ciências da Educação pelo Programa de Pós-
Graduação – PPG da Absolute Christian University E-mail: irineidesantosleandro@gmail.com.
3
Graduação em Pedagogia e Especialização em Metodologia do Ensino Mestranda em Ciências da Educação pelo Programa de Pós-
Graduação – PPG da Absolute Christian University. E-mail: girlandia.cz@hotmail.com.
4
Graduada em Pedagogia e Especialista em Psicopedagogia. Mestranda em Ciências da Educação pelo Programa de Pós-Graduação
– PPG da Absolute Christian University. E-mail: edinalda_ferreira@hotmail.com.
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e escrita. Nesse sentido, acreditamos que os estudos do método fõnico são indicados para
promover a alfabetização e aquisição da leitura e escrita, porém é importante frizar que ele
sempre deve ser adaptado às necessidades do educando, visto que a escrita mapeia a fala.
Infelizmente, as políticas educacionais voltadas ao desenvolvimento alfabético são
permeadas por verdadeiros momentos de testagem, ou seja, não há uma consolidação de
práticas educativas, visto que estas vêm mudança de uma fase governamental a outra. Percebe-
se, ainda, a ausência de estímulo à pesquisa e produção científica, aspecto fundamental ao
contexto educacional, haja vista que a sala de aula consiste em um verdadeiro laboratório e cada
nova experiência vivenciada por aqueles que, efetivamente, conhecem e compreendem o fazer
educativo, representa uma contribuição real.
É este caminho que os educadores precisam trilhar, para além de políticas educacionais
que, na maioria das vezes, são produzidas por pessoas que pouco entendem do contexto da sala
de aula. É preciso, pois, investir em práticas que já vêm dando certo e fazer dessas um caminho
para a produção de novas metodologias em busca de soluções educacionais para o fracasso
escolar, com base na pesquisa de pedagogia experimental.
É importante ressaltar, também, que as discussões sobre as práticas de ensino da língua
encontram-se sempre direcionadas por dois elementos dicotômicos. De um lado, os que
acreditam na função de métodos tradicionais, fundamentados exclusivamente na construção da
escrita com base no processo decodificatório. Por outro lado, os que defendem que a
decodificação é falha, visto que, embora dê condições para a apreensão do código, não é
eficiente do ponto de vista da inserção do indivíduo em situações de leitura e produção com
base em contextos de uso, ou seja, levar o discente a perceber as funções sociais para as quais
o código escrito pode ser usado, ou seja, práticas sociais de leitura, o letramento. No meio desta
discussão, estão os que acreditam em um ensino de língua baseado no entremeio, na união de
tudo de bom que há nos métodos ascendentes e nos descendentes, progredindo para uma visão
sociointerativa de ensino.
Em meio a essas duas visões, dividem-se de um lado os teóricos forcados nas práticas
de ensino focadas apenas no letramento, fundamentando que a aquisição do código dá-se de
maneira natural assim como a aquisição da fala (JOLIBERT, 1984; GOODMAN, 1982); e, em
oposição, os teóricos que estudam o desenvolvimento metalinguístico, enfatizando a
importância do conhecimento do código escrito, através de métodos como o fônico (BRYANT;
BRADLEY, 1985; CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2000; GOMBERT, 2003).
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Em oposição, há ainda aqueles que defendem a união dos elementos importantes
presentes nos dois lados da moeda, como ressalta Soares (1999), “é preciso ir além da simples
aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-
se da função dessas duas práticas, é preciso letrar-se".
Dessa forma, compreendemos que a pesquisa experimental é, portanto, o ato pelo qual
buscamos obter conhecimentos sobre determinados fatos ou fenômenos. Outrossim, na busca
de produzir um conhecimento que ultrapasse o nosso saber imediato, isto é, aquilo que já se
encontra estabelecido pelo senso comum. É necessário, ainda, ter certo cuidado para que não se
caia na própria concepção do senso comum de que tudo é pesquisa, o que na verdade é parte da
pesquisa.
Logo, através de uma pesquisa experimental aplicada num grupo de alunos na faixa
etária de quatro (4) e cinco (5) anos da Educação Infantil, foi fácil perceber o equívoco existente
entre alguns educadores da escola básica sobre a concepção do que é pesquisa.
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Castanheira; Maciel; Martins (2009, p. 16) explicitam que:
Acreditar que é possível alfabetizar letrando é um aspecto a ser refletido, pois não
basta compreender a alfabetização apenas como a aquisição de uma tecnologia. O ato
de ensinar a ler e escrever, mais do que possibilitar o simples domínio de uma
tecnologia, cria condições para a inserção do sujeito em práticas sociais de consumo
e produção de conhecimento e em diferentes instâncias sociais e políticas.
Na perspectiva de Ferreiro (1987, p.12), “[...] o objeto (a escrita) não deve ser tomado
como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras, mas sim como um sistema da
representação que evoluiu historicamente”. Desse modo, é que ele deve ser enfocado no
processo de alfabetização, isto é, não se deve privilegiar a mera decodificação de sinais gráficos
no ensino/escrita, mas sim, respeitar o processo de simbolização, e este a criança vai percebendo
que a escrita representa na medida do próprio desenvolvimento da alfabetização.
Conforme Capovilla; Capovilla (2000), a consciência fonológica é a habilidade de
discriminar e manipular os segmentos da fala, ou seja, as palavras, as sílabas e os fonemas.
Baseado nessa afirmação, podemos confirmar tal citação através de uma investigação do nível
de alfabetização que realizamos com um grupo de alunos na faixa etária de quatro (4) e cinco
(5) anos da Educação Infantil da E.M.E.I.E.F. Costa e Silva, no município de Cajazeiras-PB.
Para isso, foi adotado um teste, no qual as crianças pesquisadas receberam uma folha
com várias imagens, sendo solicitado que primeniramente elas pintassem a atividade a critério,
sem a interferência do professor. Em seguida, foi solicitado, também, que escrevessem o nome
das imagens.
A seguir, apresentaremos cada atividade trabalhada com as crianças, uma vez que será
analisado o nível de escrita que cada aluno se encontrava.
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Atividade – corresponde ao aluno – Aluno 1 de cinco (5) anos, da E.M.E.I.F. Costa e
Silva.
Outro tópico importante no processo das aquisições iniciais é aquele que trata da
apropriação do sistema alfabético pela criança. O que se espera, nessa fase, é que ela
desenvolva a chamada consciência fonológica, a capacidade de a criança perceber que
o que nós falamos é um bloco sonoro e que ele pode ser dividido em pedacinhos que
podem se combinar de diversas maneiras. Ser capaz de manipular conscientemente os
sons da língua é uma etapa importante que tende a favorecer as combinações que o
aluno poderá fazer na escrita (FERRAREZI JR.; CARVALHO, 2015, p. 45).
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Atividade – corresponde ao aluno 2, de cinco (5) anos, da E.M.E.I.E.F. Costa e Silva.
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A aluna encontra-se no Nível Silábico-alfabético, pois a criança compreende que cada
som representa uma letra, mas com algum desvio na escrita, demonstrando que ela ainda não
domina os princípios da ortografia. A criança ainda não consegue escrever alfabeticamente
considerando todos os sons presentes nos nomes das figuras, ainda acaba omitindo letras que
impede de escrever alfabeticamente.
Nesta situação, é necessário enfatizar a importância de dispor de métodos que levem o
aluno a reconhecer a omissão destas letras e como incidem na construção fonética das palavras,
para que, conscientemente, estruturem sua aprendizagem da língua.
Atividade – corresponde ao aluno 4, de quatro (4) anos, da E.M.E.I.E.F. Costa e Silva.
A aluna encontra-se no Nível Silábico com valor sonoro. Nesse nível, a criança percebe
a correspondência entre as letras daquilo que é falado. Interpreta a letra a sua maneira,
atribuindo valor de sílaba a cada uma, cada sílaba representa uma letra. Segundo Moreira (2009,
p. 364)
Tendo em vista a análise das imagens acima, sobretudo a identificação dos níveis de
escrita nos quais as crianças supracitadas encontram-se, resta-nos inferir sobre a importância
de o professor reconhecer essas etapas em sala da aula, quando são oportunizadas metodologias
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condizentes à realidade dos discentes, para que, a partir desse processo, ele saiba quais
procedimentos facilitam o processo de alfabetização.
Na visão de Moreira (2009),
[...] quanto maiores e mais diferenciadas forem as experiências da criança com textos
escritos, maiores serão as chances de que ela tenha êxito na escola; pois, manuseando
textos impressos, a criança familiariza-se com esses textos e conhece o papel da escrita
para a sociedade. Na escola, ela apenas irá aprender aqueles aspectos que não podem
ser aprendidos sem instrução explícita, quais sejam, no caso do português, as relações
fonográficas e arbitrárias entre letra e som. Além disso, muitos dos estudos de
letramento chegam à conclusão de que as reflexões acerca das propriedades da escrita
da própria língua acontecem muito antes de a criança entrar na escola; e não são
apenas reflexões acerca dos aspectos semânticos, como também de aspectos fonéticos
e gráficos (MOREIRA, 2009, p. 365).
Considerações Finais
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Justifica-se nessa atividade pedagógica a importância de que o método fônico como
resposta para os limites de dificuldades encontrados na alfabetização no Brasil como parecem
crer alguns pesquisadores (CAPOVILLA, 2001). O processamento da língua escrita é muito
mais complexo que a mera aquisição de um código. Envolve sem dúvida os aspectos cognitivos,
mas também aspectos sociais e afetivos.
Assim, as práticas de ensino da leitura e escrita devem englobar todos esses aspectos
para uma efetivação consistente no processo de alfabetização.
Referências
FERRAREZI JR., Celso; CARVALHO, Robson dos Santos. Produzir textos na Educação
Básica: o que saber, como fazer. São Paulo: Parábola, 2015.
SOARES, Maria Inês Bizzoto. Alfabetização Linguística: da teoria à prática. Belo Horizonte:
Dimensão, 2010. 144p.
SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
MOREIRA, Cláudia Martins. Os estágios de aprendizagem da escritura pela criança: uma nova
leitura para um antigo tema. Linguagem em (Dis)curso, Palhoça, SC, v. 9, n. 2, p. 359-385,
maio/ago. 2009.
Recebido: 07/04/2019
Aceito 11/04/2019
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