Material Digital Historias Bem Contadas
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HISTÓRIAS
BEM-CONTADAS
Contos da tradição popular brasileira
MATERIAL DIGITAL
Ilustrações
Cassia Naomi Nakai
Londrina, 2018
1ª edição
Copyright dos textos: © Marcia Paganini e Ricardo Dalai, 2018
Direitos de publicação: © Editora Madrepérola
www.editoramadreperola.com
ISBN 978-85-69839-63-7
Os autores
SOBRE OS AUTORES
Marcia Paganini nasceu no norte do Paraná. Formou-se em Letras na
Universidade Estadual de Londrina – UEL – instituição na qual fez também o
mestrado em Educação. É autora e editora de livros didáticos de língua portuguesa
para os ensinos fundamental I e fundamental II. Ministra cursos de formação de
professores e dá consultoria pedagógica. Seus estudos acadêmicos versam sobre
livro didático, formação de professores, formação de leitores e ensino de língua e
linguagem.
Contato: marciacavequia@hotmail.com
Contato: ricardodalai@gmail.com
Contato: cassia.naomi@gmail.com
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SOBRE AS HISTÓRIAS BEM-CONTADAS
Ah, a arte de contar histórias... Milenar, imprescindível. Imagine só a arte de
recontá-las?!
Entre reis, princesas, moços simples, porém corajosos, e seres sobrenaturais
se colocam Marcia Paganini e Ricardo Dalai. É, portanto, em boa companhia
que esses dois autores ousam desafiar, por meio da reescritura, o prognóstico
benjaminiano de que a arte de narrar já estava em extinção em meados da década
de 1930. Para o pensador alemão, a guerra atravessara os homens de tal modo que
eles, perplexos diante da destruição, mostravam-se “privados de uma faculdade
que nos parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências”[1].
Durante todo o século XX, neste início de século XXI (e acreditamos que pelos
séculos e séculos, amém!), tantos narradores continuam pondo em circulação as
mais variadas histórias que alimentam o imaginário de crianças, jovens e adultos,
e conservam a memória das narrativas que têm se constituído como base formadora
de leitores e suas personalidades. Desse modo, ainda podemos intercambiar
experiências, e o recontar histórias é um dos modos de fazê-lo.
As “histórias bem-contadas” reunidas neste volume inserem-se numa já
longa e profícua linhagem de reescrituras. A reescritura possibilita que a dimensão
dialógica[2] da linguagem insemine-se nas práticas linguísticas de leitores em
formação, a começar pelo exercício de percepção do dialogismo. Para Samoyault,
as práticas literárias intertextuais vão mais além, constituindo o que ele chama de
“memória da literatura”:
A literatura se escreve com a lembrança daquilo que é, daquilo que foi. Ela a exprime,
movimentando sua memória e a inscrevendo nos textos por meio de um certo número de
procedimentos de retomadas, de lembranças, cujo trabalho faz aparecer o intertexto.
Ela mostra assim sua capacidade de se constituir em suma ou em biblioteca e de sugerir
o imaginário que ela própria tem de si. Fazendo da intertextualidade a memória da
literatura, propõe-se uma poética inseparável de uma hermenêutica: trata-se de ver e de
compreender do que ela procede, sem separar esse aspecto das modalidades concretas
de sua inscrição[3].
1 BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: ______. Magia e técnica, arte
e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,
1994. p. 197-221.
2 BAKHTIN, Mikhail; VOLOSHINOV, Valentin N. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais
do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 10. ed. São Paulo:
Hucitec; Annablume, 2002.
3 SAMOYAULT, Tiphaine. A intertextualidade. Tradução Sandra Nitrini. São Paulo: Aderaldo & Hothschild, 2008. p. 47.
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E poucas são as produções literárias que contribuem mais significativamente
para a construção de uma memória literária do que os contos populares. Os recontos
aqui reunidos são devedores do meticuloso trabalho de recolha de narrativas
populares empreendido por Sílvio Romero (1851-1914) e Luís da Câmara Cascudo
(1898-1986), mas também se alinham às reflexões contemporâneas sobre a
importância da valorização da oralidade no espaço escolar. Tão importante quanto
valorizar os diferentes falares brasileiros que constituem nossa heterogeneidade
escolar é a preservação de traços de nossa cultura por meio de narrativas, como
ressalta Teresa Colomer[4] para quem a literatura de tradição oral como “[...]
substrato cultural básico foi transferida ao propósito educativo da literatura dirigida
às crianças contemporâneas. O folclore viu-se, então, assim como a herança que
a humanidade oferece aos jovens e que a ruptura na cadeia oral de transmissão
torna urgente proteger e repassar através da moderna instituição escolar”.
E assim voltamos a nosso ponto de partida: Benjamin tinha razão ao perceber
o mutismo de seu tempo diante das trágicas experiências de guerra, mas nem tudo
está perdido! Enquanto houver contadores e recontadores de histórias, viva estará
nossa memória e alimentado nosso imaginário com personagens fantásticos e a
eterna sabedoria popular, num profícuo círculo de “foi assim... foi assado...”.
Sonia Pascolati
Londrina, inverno de 2018.
4 COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário: narrativa infantil e juvenil atual. Tradução Laura Sandroni. São
Paulo: Global, 2003, p. 58.
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MOTIVOS PARA LER ESSA OBRA LITERÁRIA
Quem não gosta de uma boa história? Como vimos, desde tempos remotos,
as pessoas se reuniam para contar e ouvir narrativas. Pode-se dizer que não há
povo sem narrativa. Ao serem narradas, as histórias estimulam a imaginação e
engendram os sonhos. As pessoas contam/escutam histórias para adormecer;
conhecer/apresentar outras pessoas e lugares; lidar melhor com os desafios do
dia a dia; sentir/provocar emoção, medo, ira, compaixão, justiça, amor. Tantos
sentimentos que se perdem nesse mar de histórias...
Os contos aqui apresentados nasceram há muito tempo, tanto tempo que
é impossível dizer exatamente onde e quando. Eles se originaram na oralidade,
isto é, foram sendo transmitidos de uma pessoa para outra, de geração em gera-
ção, perdendo e ganhando características e detalhes. A partir de um momento,
essas histórias, nas suas diferentes versões, foram registradas por meio da es-
crita; e a cada reconto, oral ou escrito, as histórias são reavivadas, recriadas e
perpetuadas. Lê-las e contá-las é, antes de tudo, participar dessa corrente que
atravessa os séculos.
Atualmente, as histórias não chegam mais (apenas) pela voz. Graças aos
avanços tecnológicos, são muitas as maneiras de contar e conhecer uma história.
Nesse contexto, são poucas as oportunidades em que as crianças e os jovens têm
de escutar histórias contadas presencialmente, especialmente no contexto familiar.
Por isso, um livro de contos populares pode ajudar a reproduzir as situações em
que os antigos contadores de história, nos primórdios da civilização, narravam a
uma plateia curiosa e estupefata.
E, se hoje temos as narrativas de heróis e heroínas incríveis, personagens
altamente complexos e mundos surreais, devemos aos contos primordiais, aos
primeiros heróis e às primeiras heroínas, para que nossa capacidade de criar e
narrar pudesse evoluir.
Conhecer as origens da narrativa, vivenciar a saga dos heróis em busca da
realização de seus sonhos, a vencer os obstáculos que lhes são atribuídos,
torna-nos pessoas mais capazes de seguir nossa própria jornada. Portanto, a
leitura destas histórias bem-contadas pode oferecer aos leitores uma experiência
fascinante e única.
O editor
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A OBRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Neste livro, o leitor irá se deparar com versões de alguns contos que chega-
ram ao Brasil com os imigrantes europeus e que percorreram o país sofrendo adap-
tações a cada vez que alguém os contava. É por isso que se diz que “quem conta
um conto aumenta um ponto”. Os autores, Marcia Paganini e Ricardo Dalai, que
ouviram essas histórias quando eram crianças, recontaram-nas a partir de seus
estilos próprios de escrever, de suas lembranças, de seus afetos.
Nos contos apresentados, predominam o mistério, a fantasia e a aventura.
Em cada história, conhecemos a jornada do herói na busca pela realização pessoal
e, para isso, percorre um caminho para alcançar seu objeto de desejo. Ao final,
após passar por diversas adversidades, recebe sua recompensa e tem sua situação
inicial transformada.
Embora os temas, personagens e enredos possam parecer, em um primeiro
momento, obscuros para a literatura infantojuvenil, muitos são os estudiosos
(dentre eles, o mais conhecido talvez seja o psicanalista austro-americano Bruno
Bettelheim) que atestam que os contos populares, maravilhosos e de fadas, em
sua essência, têm muito a colaborar com a formação das crianças e dos jovens,
enriquecendo suas experiências. Por meio da linguagem simbólica e metafórica,
aprende-se a lidar com o próprio medo, com os anseios, com os perigos do
mundo, com as frustrações, com a própria índole. Imagens como a da morte, a
do diabo, a da madrasta má, a da feiticeira ou bruxa, assim como as situações
de traição, mentira, esperteza, amor e compromisso com a verdade, presentes
nessas histórias, cristalizam a visão de mundo de uma época e, ao mesmo tempo,
tratam de questões universais e atemporais.
Outros temas também são possíveis de serem percebidos: o mundo natural
e social, à medida que os cenários se mesclam entre ambientes naturais e
sociais, em um jogo de aproximação e distanciamento (características regionais,
especialmente em alguns contos, como “O moço de jogou com o diabo”, são bem
evidentes, o que reforça a brasilidade das narrativas); encontros com as diferenças,
a partir dos personagens arquetípicos, que representam o bem ou o mal, o feio ou
o belo, o fraco ou o forte, o miserável ou o abastado etc., possibilitando a reflexão
acerta do maniqueísmo próprio dos contos populares; diálogos com a história e
a filosofia, ao revelarem a visão de mundo de determinada época, podendo ser
contrastada com a(s) da atualidade.
Sobre os contos desta coletânea, no bem-humorado “O compadre da
Morte”, o herói, um homem miserável para o qual nada dá certo e, por isso, é
mal aceito na sociedade à qual pertence, encontra na morte a chance de mudar
a sorte. Torna-se, então, compadre da Morte ao fazer um pacto com ela. Tentando
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agir com astúcia e ser mais esperto que a comadre, acaba por descobrir que é
possível enganá-la por algum tempo, mas não para sempre. Em algum momento,
iremos nos deparar com nossa finitude.
Em “A Moura Torta”, a natureza humana é desvelada por meio de uma
trágica personagem que, marginalizada durante toda a sua vida, torna-se amarga e
vingativa. Ao se deparar com uma situação da qual vê a chance de tirar proveito,
utiliza trapaças para conseguir se sair bem. O final, como comumente ocorre nos
contos populares tradicionais, culmina com o castigo do(a) vilão(ã) e com a vitória
do que se entende por bem sobre o que se entende por mal.
Em “O moço que jogou com o Diabo”, no qual predomina um misto de
suspense e humor, o obstáculo é representado pela figura do Diabo, personagem
recorrente em muitos contos populares. Este ganha em uma aposta a sombra de
um desavisado jogador de cartas e, para recuperá-la, o herói lança-se aos maiores
desafios, impostos por seu credor. Recebe a ajuda da esperta e travessa Branca Flor,
que, por meio de sua esperteza e carisma, ajuda o herói a vencer seus obstáculos.
No final, perpetua-se o que é recorrente nos contos populares: o bem vence o mal
e o final é feliz para o herói.
Temos, em “A Princesa de Bambuluá”, um belo exemplar de conto de
fadas com características brasileiras. Embora seja clara a relação com os contos
maravilhosos europeus (na presença da poção mágica, dos ajudantes animais,
das figuras da Princesa e dos Reis, dos instrumentos musicais que encantam,
de feitiços e encantamentos), temos também um protagonista que, embora não
seja um típico herói, empenhado em se casar com o grande amor de sua vida,
percorre uma longa jornada na qual vivencia uma série de perigos e obstáculos. É
João Amarelo, herói tupiniquim, que esconde o medo com o amor que sente pela
misteriosa Princesa de Bambuluá.
Em “O Bicho Manjaléu” é nítido o diálogo com o conto “A Bela e a Fera”,
escrito em 1756 pela autora francesa Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, em que
o feio e aparentemente cruel, na verdade, pode ter sido fruto da maldade alheia e
esconder a real beleza. A convivência pode levar à descoberta da beleza oculta,
interior, verdadeira. Diferentemente da Fera de Beaumont, o Bicho Manjaléu não
teve a chance de restaurar sua essência e aparência. Nessa narrativa, o herói,
um rapaz que teve as três irmãs sequestradas, após uma longa jornada em que as
reencontra, conhece uma princesa e se torna seu esposo. Porém, ela é sequestrada
pelo Bicho. A convivência com a princesa selará o destino da criatura.
Em resumo, as histórias, seus temas e o modo como são contadas torna a obra
motivadora e adequada para ser lida, em especial, mas não exclusivamente, por
alunos de 6º e 7º anos.
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PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS A SEREM
DESENVOLVIDAS A PARTIR DA OBRA
A leitura da obra e o trabalho que ela proporciona o desenvolvimento de
algumas competências. Destacamos as seguintes, que constam da Base Nacional
Comum Curricular.
Competências gerais
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre
o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
[...]
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das
locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção
artístico-cultural.
[...]
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias
do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.[5]
5 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 9.
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aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar
para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
[...]
5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas
manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas
pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de
práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural,
com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.[6]
6 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 63.
7 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017, p. 85.
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SUBSÍDIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Conto popular: que gênero é esse
A principal característica do conto popular é que ele não tem um autor.
As histórias são criações do imaginário coletivo e, como a imaginação humana
não conhece limites, essas narrativas não se restringem a representar aquilo que
conhecemos por realidade. As pessoas, os lugares e as situações apresentadas
estão envoltas numa aura de fantasia, magia, encantamento. Os personagens são
(além de reis, rainhas, príncipes, princesas, belas moças e corajosos rapazes)
assombrações, bruxas, diabos, dentre outros seres fantásticos, que vivenciam
todo tipo de encantamento, sortilégio, amor e vingança que o imaginário humano
coletivo é capaz de criar. A época e o lugar onde essas histórias acontecem também
não importam: sabe-se que ocorreram há muito tempo, em lugares tão longínquos
quanto desconhecidos.
Quanto se fala em conto popular, é importante esclarecer o que se deve enten-
der por popular, no caso dos gêneros literários. Conforme nos explica a estudiosa
no assunto Irene Machado, o conceito de popular costuma ser entendido por “um
tipo de criação rústica, caracterizada pela simplicidade e pobreza expressiva”. Ela
nos alerta para o fato de que, se fosse assim, não se poderia justificar a influência
que a tradição popular exerceu e continua exercendo sobre a literatura e as outras
manifestações artísticas e culturais. Se esse legado existe, ela observa, é porque
“a cultura popular é algo mais rico do que podemos imaginar”.
8 MACHADO, Irene A. Literatura e redação: os gêneros literários e a tradição oral. São Paulo: Scipione, 1994. p. 28.
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formava. O professor, jornalista, escritor e filósofo sergipano Sílvio Romero (1851-
1914) coletou esses contos entre o povo e os compilou em um livro intitulado
Contos populares do Brasil, publicado originalmente em Lisboa, em 1885. Depois
dessa edição, várias outras foram feitas. Nessa obra, Romero divide os contos em
três grupos: Contos de origem europeia, Contos de origem indígena e Contos de
origem africana e mestiça.
A grande maioria dos contos de origem europeia veio da tradição portuguesa.
Ao serem contados pelas pessoas, foram se transformando, adaptando-se às
mais diversas situações, moldando-se à cultura popular brasileira. Muitos dos
contos compilados por Romero possuem versões semelhantes na obra de Adolfo
Coelho. Dos contos de origem indígena, os mais conhecidos estão aqueles sobre o
jabuti, a onça e a raposa; os de origem africana já se acham entrelaçados com as
modificações mestiças. Vários contos guardam grande analogia com os da tradição
portuguesa, como o conto “O macaco e o rabo”, que entre os Contos populares
portugueses, de Adolfo Coelho, recebe o título de “O rabo do gato”.
Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), o mais importante folclorista bra-
sileiro, cuja produção bibliográfica é vastíssima, também recolheu entre o povo
histórias populares e as recontou por escrito, publicando-as no livro Contos tra-
dicionais do Brasil. José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), o mais importante
escritor de literatura infantojuvenil brasileiro, recontou as histórias tradicionais
brasileiras, recolhidas por Silvio Romero, por meio da personagem Tia Nastácia,
em Histórias de Tia Nastácia, assumindo, mais uma vez, características próprias
do falar e do saber popular brasileiro.
Embora seja uma criação coletiva, transmitida e perpetuada pela oralidade,
o conto popular apresenta características que o torna singular se comparado a
outros tipos de narrativas. Assim, esse gênero narrativo apresenta traços que são
recorrentes em histórias que surgiram nos mais diversos locais e épocas.
Suas principais características composicionais, portanto, são:
• a distância no tempo e no espaço;
• a disputa entre fortes e fracos; ricos e pobres;
• a vitória do bem contra o mal.
Essas características, ou traços, fazem com que o conto popular tenha uma
“cara” comum, que os estudiosos chamaram de fórmula do conto. Mesmo quando
há versões de um mesmo conto (por exemplo: diferentes maneiras de contar a
história dos irmãos abandonados na floresta à própria sorte, pelo pai) certos traços
se mantêm identificáveis, tanto em relação às versões quanto na relação de uma
delas com outros contos populares.
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A fórmula do conto popular
A fórmula do conto popular é, pois, composta pelos seguintes elementos:
1. Situação inicial: o(s) personagem(ns) é(são) apresentado(s) vivendo
determinada situação, num lugar e num tempo não muito bem definidos. O narrador
conta quem são os personagens, onde moram e como vivem. Geralmente, o(s)
personagem(ns) está(ão) passando por algum tipo de problema, que vai provocar
o conflito da narrativa.
2. Motivo: é o elemento chave da narrativa a partir do qual tudo se organiza.
É ele que leva ao conflito e a todos os outros problemas da narrativa.
3. Motivações: são as razões e os objetivos que levam os personagens
a agir. Cada motivação provoca uma nova situação, formando uma cadeia de
acontecimentos.
4. Tempo: no conto popular, esse elemento é indefinido, não preciso. Ao
se dizer “Era uma vez”, fica expresso que a história aconteceu no passado,
mas não se sabe exatamente quando. A duração da ação também é igualmente
imprecisa. Muitas vezes se passam anos, décadas; enquanto outras vezes tudo
não ultrapassa a duração de uma noite. Mais importante que o tempo ou a
duração dos acontecimentos são os conflitos, as ações decorrentes deles e as
soluções encontradas.
5. Resolução dos conflitos: nesse gênero, sempre haverá a resolução do con-
flito. Resolve-se o problema e volta-se à situação de normalidade do começo. Por
isso é que nos contos populares, como nos contos de fadas, o final é predominan-
temente feliz.
Vamos analisar os contos presentes na obra Histórias bem-contadas a partir
da perspectiva da fórmula do conto.
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FÓRMULA DO CONTO
“O compadre da Morte”
17
FÓRMULA DO CONTO
“A Moura Torta”
Um príncipe, antes de assumir a coroa, decide sair para
Situação inicial
conhecer o mundo e suas belezas e, quem sabe, um verdadeiro
/ conflito(s)
amor.
Motivo O desejo de conhecer o mundo e encontrar um amor.
Ao sair pelo mundo, o príncipe ajuda uma senhora. A senhora,
em agradecimento, dá ao príncipe três suculentas laranjas, que
são mágicas. Ao abrir a primeira laranja, sai de dentro uma
moça, que pede água. Não tendo água para dar a ela, a moça
evapora. O mesmo ocorre com a segunda laranja. Ao abrir
a terceira laranja e tendo cuidado para ter água por perto, o
príncipe consegue salvar a moça. Deixa a moça, que é muito
linda, aguardando em cima de uma árvore enquanto vai buscar
roupas para ela. A Moura vai ao rio buscar água para seus
senhores e vê na água o reflexo da moça. A Moura pensa que é
a sua imagem e fica revoltada, volta para os senhores sem água.
A Moura é castigada por isso. Volta ao rio e novamente vê o
reflexo. Novamente, volta sem água e é castigada. Da terceira
Motivações
vez em que a Moura olha para a imagem do riacho, a moça ri.
A Moura descobre seu equívoco. Querendo usurpar o lugar da
moça, a Moura a engana: pede para ela e descer, penteia seus
cabelos e espeta um alfinete e sua cabeça. A moça transforma--
se em pomba e voa. A Moura sobe na árvore, no lugar da moça. O
príncipe chega e estranha a aparência da moça (que na verdade
é a Moura). Ela o engana, dizendo que foi o Sol que a queimou
etc. O príncipe leva a Moura para seu reino. Uma pombinha
chama a atenção do príncipe. O príncipe solicita que capturem
a pomba e nota, em sua cabeça, um carocinho espetado. Ao
tirá-lo, o feitiço lançado pela Moura desaparece, e a pomba se
transforma novamente na jovem e linda moça. Assim, a Moura
é desmascarada.
Indeterminado (quando ocorreu). Começa com o pedido do
Tempo
príncipe de sair pelo mundo e vai até o desencanto da pomba.
Resolução
O príncipe casa-se com a moça e castiga a Moura.
do(s) conflito(s)
18
FÓRMULA DO CONTO
19
FÓRMULA DO CONTO
“A Princesa de Bambuluá”
Uma antiga gruta guarda um segredo: uma aparição de apenas
Situação inicial um rosto de mulher (a Princesa de Bambuluá) que assombra
/ conflito(s) viajantes. Um dia, um rapaz chamado João Amarelo, ao
descansar na gruta, vê a assombração e decide ajudá-la.
Motivo O desejo de mudar a própria sorte.
A aparição da Princesa pede a João que fique debaixo de uma
árvore e aguente as surras que vierem. João obedece, uma a
uma, durante três noites, e em todas as três recebe cuidados
e alimentos. Após a terceira surra, a Princesa estava toda
desencantada. Ela diz que seguirá para o reino de Bambuluá
e pede que, depois de um ano de estudo e trabalho, João
Amarelo a espere na casa da professora de linguagem dos
pássaros, pois ela o visitará três vezes, ano a ano. Ela entrega
a João cordas de viola. Antes de cada visita da Princesa, a
professora engana João, fazendo-o adormecer. Uma das filhas
da professora acaba tendo piedade do jovem e conta toda a
verdade. João sai em busca do reino de Bambuluá. Para isso,
ele conta com a ajuda do Príncipe, do Rei e do Imperador
Motivações dos Pássaros. Um urubu conduz João ao reino de Bambuluá,
onde ele encontra uma velhinha, que o alimenta e lhe mostra
uma viola sem cordas. João se lembra das cordas recebidas
da Princesa e começa a tocar. A música é maravilhosa. Uma
funcionária do Castelo ouve a música e começa a dançar.
Esquece de voltar ao Castelo. O Rei envia um soldado, que
também fica por lá, encantado com a música. Outras pessoas
do vilarejo começam a dançar. Torna-se uma festa. O Rei
manda buscar João para tocar no casamento da Princesa. João
fica triste ao descobrir que a Princesa irá se casar. Entra no
Castelo. Toca a música. A Princesa reconhece João e o insulta.
João conta o que realmente aconteceu. O Rei e a Rainha
concedem que a Princesa escolha com quem deseja se casar.
Ela escolhe João Amarelo.
Indeterminado. Passam-se anos desde a primeira noite na
Tempo
gruta até a resolução do conflito.
Resolução João Amarelo e a Princesa se casaram numa linda festa em
do(s) conflito(s) que o próprio João tocou.
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FÓRMULA DO CONTO
“O Bicho Manjaléu”
Um velho muito pobre, gameleiro, estava trabalhando quando
Situação inicial
um forasteiro, num cavalo, chega a sua porta e pede que lhe
/ conflito(s)
venda uma das três filhas.
Motivo A coação.
Sob ameaça e com medo, ele acaba aceitando e se despede de
uma delas, conseguindo um bom dinheiro. Assim se sucede
também com as outras duas filhas, vendidas a outros dois
belos e misteriosos forasteiros. Com a venda das filhas, o
velho fica rico. Ele e sua mulher têm outro filho, um rapaz.
Numa briga de escola, o rapaz descobre que o pai não era rico,
que ganhou dinheiro com a venda das filhas. Decide sair pelo
mundo em busca das irmãs. No caminho, encontra três irmãos
que brigavam por causa de objetos que diziam mágicos: uma
bota, uma carapuça e uma chave. O rapaz se oferece para
comprar os objetos. Com a ajuda da bota, chega à casa de
cada uma das irmãs. Com a ajuda da carapuça, consegue se
esconder dos maridos ciumentos até o momento oportuno para
Motivações
aparecer. Ao ser apresentado aos cunhados, ganha a simapatia
deles e elementos que também são encantados: uma escama,
uma lã e uma pena. Com a bota, encontra uma princesa, no
reino de Castela, e vence um desafio para casar-se com ela,
tornando-se príncipe. A Princesa, com a chave mágica do
marido, liberta inadvertidamente uma criatura perigosa, o
Bicho Manjaléu, que a sequestra. O Príncipe e o Rei chegam
da caçada e descobrem o que houve. O Príncipe, com a ajuda
da bota, consegue encontrar a esposa cativa. Convence-a
a descobrir o segredo da vida do Manjaléu, que até então
mostrava-se indestrutível. Ao descobrir o segredo, o Príncipe
se vale dos objetos mágicos que ganhara dos cunhados e
consegue matar o Manjaléu.
Indeterminado. Os acontecimentos vão da venda da primeira
Tempo
filha até a morte do Bicho Manjaléu.
Resolução O indestrutível Bicho Manjaléu é, enfim, vencido. Assim, a
do(s) conflito(s) princesa e todo o reino são libertados.
21
As seguintes referências podem ser consultadas pelo professor para obter
subsídios e orientações para o trabalho com a obra, com os contos populares e com
a contação de histórias de modo geral.
A recepção da obra
O convite à leitura dessas Histórias bem-contadas pode começar pela
discussão do título e as possíveis interpretações dele: qual seria a diferença de
uma história e de uma história bem-contada? Conhecem alguma história que
poderia ser considerada bem-contada? Qual e por quê?
Na sequência, pode-se propor a observação da capa e dos elementos que a
compõe: a cor predominante e o que essa cor poderia sugerir; a tipologia usada no
título e nos demais elementos (se está em bom destaque, se é agradável etc.); as
ilustrações e o que elas representam.
Quando temos um livro em mãos, os elementos paratextuais muitas vezes
são tão importantes quanto o texto em si. Portanto, além da análise da capa, que
já comentamos, analise com os alunos outros elementos paratextuais presentes na
obra, por exemplo, a folha de crédito. Ensine-os a verificar as informações nela
22
presentes: copyright dos direitos da obra; nome dos profissionais que atuaram
na elaboração dela, como o editor, o revisor etc.; ficha catalográfica; número de
ISBN; quantidade de páginas etc. Analise ainda o sumário, discutindo a função
dele. Promova também a análise da quarta capa, considerando seus elementos e
a função deles.
Além desses, no final do livro, nas páginas 52 a 57, há outros elementos
paratextuais que são importantes de serem analisadas: informações sobre os
autores e sobre a obra; outras informações que se prestam a fornecer o contexto
da obra e oferecer elementos adicionais, de modo a complementar o universo de
referências dos alunos e os preparar para a leitura dos contos.
Após a inspeção do livro e dos elementos que o compõem, convide os alunos
a fazerem a leitura dos contos. Planeje com a turma como desejam ler: se um conto
por dia, sendo a leitura feita em sala de aula, seguida de discussão; se preferem
ler em casa e discutir as histórias em sala de aula, numa roda de conversa, entre
outras possibilidades.
Ao lerem os contos, oriente-os a anotarem as palavras cujos significados
desconheçam. Posteriormente, para não atrapalhar a fruição da leitura, eles
podem pesquisar essas palavras no dicionário e retornar ao texto para verificar se
o compreenderam de fato.
Quanto às estratégias de leitura, é oportuno que os alunos façam,
primeiramente, uma leitura individual e silenciosa. Essa estratégia garante
o contato pessoal, singular, com o texto. Após, pode-se fazer a leitura oral e
compartilhada do texto. A leitura oral do professor também é um recurso
importante para servir-lhes de modelo de fluência, ritmo e entonação.
Sobre estratégias de leitura, sugerimos a leitura das seguintes referências.
BRÄKLING. Kátia Lomba. Leitura colaborativa. In: Glossário Ceale. Disponível em:
<http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitura-colaborativa>.
Acesso em: 5 jun. 2018.
GALVÃO, Ana Maria de Oliveira Galvão. Leitura silenciosa. In: Glossário
Ceale. Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/
verbetes/leitura-silenciosa>. Acesso em: 5 jun. 2018.
KLEIMAN, Angela. Compreensão leitora. In: Glossário Ceale. Disponível em:
<http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/autor/angela-b-kleiman>.
Acesso em: 5 jun. 2018.
SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguística da leitura
e do aprender a ler. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.
23
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ABORDAR A
OBRA E O GÊNERO COM OS ESTUDANTES
As atividades a seguir têm por objetivo fornecer possibilidades de atividades
que ajudem o professor a explorar a obra Histórias bem-contadas: contos da
tradição popular brasileira, bem como o gênero conto popular.
Tempo estimado
2 a 5 aulas (dependendo do planejamento do professor e do interesse da turma)
Objetos do conhecimento
• Estratégias e procedimentos de leitura
• Relação do verbal com outras semioses
• Procedimentos e gêneros de apoio à compreensão
• Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição
• Estratégias de produção: planejamento e produção de apresentações orais
• Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações orais
• Conversação espontânea
24
Habilidades
EF69LP32 Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas
(impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes,
e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as informações necessárias
(sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas
ou gráficos.
EF67LP21 Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais,
painéis, artigos de divulgação científica, verbetes de enciclopédia, podcasts
científicos etc.
EF69LP41 Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações orais,
escolhendo e usando tipos e tamanhos de fontes que permitam boa visualização,
topicalizando e/ou organizando o conteúdo em itens, inserindo de forma adequada
imagens, gráficos, tabelas, formas e elementos gráficos, dimensionando a
quantidade de texto (e imagem) por slide, usando progressivamente e de forma
harmônica recursos mais sofisticados como efeitos de transição, slides mestres,
layouts personalizados etc.
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
Bibliografia de apoio
AZEVEDO, Ricardo. Formação de leitores, cultura popular e contexto brasileiro.
Disponível em: <http://www.ricardoazevedo.com.br/wp/wp-content/uploads/
Formacao-de-leitores.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2018.
BUSATTO, Cléo. A arte de contar histórias no século XXI: tradição e ciberespaço.
Petrópolis – RJ: Vozes, 2013.
COELHO, Betty. Contar histórias: uma arte sem idade. 10 ed. São Paulo: Ática, 1999.
LEAL, J. C. A natureza do conto popular. Rio de Janeiro: Conquista, 1985
MACHADO, Irene A. Conto popular: a sabedoria do imaginário popular. In:
______. Literatura e redação: os gêneros literários e a tradição oral. São Paulo:
Scipione, 1994. p. 27-40.
25
Condução:
Peça aos alunos que façam a pesquisa em grupo de três integrantes.
Produza cópias da ficha a seguir, entregando uma para cada grupo para que
a preencham com as informações pesquisadas.
Gabarito
27
Avaliação
Verifique se os alunos:
• compreenderam que os contos populares são da tradição oral não tendo um
autor definido, mas criados pelas pessoas, pela coletividade;
• (re)conheceram os principais autores/pesquisadores dos contos de tradição
oral;
• interessaram-se pela pesquisa;
• engajaram-se no momento da discussão e na apresentação do painel e/ou na
produção do post do blog (caso tenham sido realizados).
Tempo estimado
3 a 4 aulas
Objetos do conhecimento
• Conversação espontânea
• Estratégias de leitura
• Apreciação e réplica
• Sequências textuais
Habilidades
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
EF67LP28 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos
e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta
28
características dos gêneros e suportes –, romances infanto-juvenis, contos
populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas
de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias
em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis),
vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o
texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
EF67LP37 Analisar, em diferentes textos, os efeitos de sentido decorrentes do
uso de recursos linguístico-discursivos de prescrição, causalidade, sequências
descritivas e expositivas e ordenação de eventos.
Bibliografia de apoio
AZEVEDO, Ricardo. Cultura popular, literatura e padrões culturais. Disponível
em: <http://www.ricardoazevedo.com.br/wp/wp-content/uploads/Cultura-
popular.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2018.
MACHADO, Irene A. Conto popular: a sabedoria do imaginário popular. In:
______. Literatura e redação: os gêneros literários e a tradição oral. São Paulo:
Scipione, 1994. p. 27-40.
Condução
Pergunte aos alunos se eles já repararam que os contos populares possuem
características comuns. Após pensarem um pouco, exemplifique: o tempo, por
exemplo, geralmente é indeterminado, num passado distante, sem que seja possí-
vel precisá-lo. Também o final (desfecho): geralmente o bem vence o mal, o final
é feliz para o herói/a heroína. Pergunte-lhes que outras características podemos
destacar como sendo comuns aos contos populares.
Anote as respostas na lousa. Em seguida, explique que essa “cara” comum
dos contos populares é chamada de fórmula do conto. Apresente informações sobre
isso. Se desejar, reproduza a ficha a seguir e entregue cópias a eles.
29
Fórmula do conto
30
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Fórmula do conto:
....................................................................................................................................
1. Situação inicial
2. Motivo
3. Motivações
4. Tempo
5. Resolução dos
conflitos
Avaliação
Verifique se os alunos:
• compreenderam a fórmula do conto (características que os contos populares
partilham);
• identificaram os elementos da fórmula de cada conto;
• dedicaram-se na realização das tarefas;
• foram colaborativos uns com os outros.
Objetivos
• Concluir que, ao serem recontados e ao migrarem de uma região para outra,
os contos populares sofrem transformações, o que gera diferentes versões de
uma mesma história.
• Conhecer diferentes versões de um mesmo conto popular.
Tempo estimado
4 a 5 aulas
Objetos do conhecimento
• Conversação espontânea
• Estratégias de leitura
• Apreciação e réplica
Habilidades
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
32
EF67LP28 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos
e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta
características dos gêneros e suportes –, romances infanto-juvenis, contos
populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas
de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em
quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-
poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e
estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
Condução
Convide os alunos a pesquisarem um conto popular entre os adultos,
especialmente os mais velhos, do convívio deles. Eles devem pedir à pessoa que
conte a história. Num material para registro (em caderno ou bloco de notas),
devem anotar o nome do conto, o nome da pessoa que lhes contou, os principais
acontecimentos da história. Se possível, podem gravar a fala da pessoa, narrando.
Em uma aula própria para isso, socializam as versões. Conduza a atividade
de modo que o mesmo conto, escutado por diferentes alunos, sejam confrontados.
Outra possibilidade é eleger um conto bastante conhecido, por exemplo, João
e Maria, e pesquisar, entre pessoas do convívio, as versões para essa história.
Reproduza na lousa ou em um equipamento de projeção a ficha a seguir para
completá-la com os alunos.
33
Conto .....................................................................................
Versão 1 Versão 2
Contada por Contada por
........................................ ........................................
Situação inicial /
conflito(s)
Tempo
Motivo
Motivações
Resolução dos
conflitos
Avaliação
Verifique se os alunos:
• compreenderam que os contos populares, ao serem recontados, sofrem
transformações, o que gera diferentes versões de uma mesma história;
• compararam diferentes versões de um mesmo conto;
• sentiram-se motivados pela atividade.
Tempo estimado
2 a 3 aulas
Objetos do conhecimento
• Conversação espontânea
• Estratégias e procedimentos de leitura
• Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
• Apreciação e réplica
• Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos
provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos
Habilidades
Bibliografia de apoio
CANTON, Kátia. Era uma vez Esopo. São Paulo: DCL, 2006.
LA FONTAINE, Jean de. Fábulas: antologia. São Paulo: Martin Claret, 2012.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Globinho, 2017.
MACHADO, Irene A. Fábulas: no tempo em que os animais falavam pelos
homens. In: ______. Literatura e redação: os gêneros literários e a tradição oral.
São Paulo: Scipione, 1994. p. 55-76.
TESTA, Fúlvio. Fábulas de Esopo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
36
Condução
Pergunte aos alunos se sabem o que é uma fábula e quais as principais
características que poderiam citar desse gênero. Peça-lhes que também mencionem
fábulas que conheçam. Anote as respostas na lousa ou peça a eles que, após
explicitarem-nas oralmente, escrevam-nas no caderno.
Convide-os a pesquisar sobre a origem das fábulas, os principais fabulistas e
o contexto em que viveram. Peça-lhes que também pesquisem alguns exemplares
de fábulas e listem suas principais características composicionais: tempo, espaço,
personagens, foco narrativo, extensão, recursos linguísticos predominantes, além
de sua função sociocomunicativa. A partir dos elementos pesquisados e analisados,
peça-lhes que comparem esse gênero com os contos populares.
A ficha a seguir pode ser reproduzida e entregue aos alunos para que eles as
completem.
37
FÁBULA CONTO POPULAR
Narrativa curta.
Presença de um narrador.
Narrativa curta.
X
Presença de um narrador.
X X
39
No momento de discutir as respostas com a turma, deixe claro que ambas as
narrativas são antigas e surgiram da oralidade. Comente também que, em certo
momento, houve o registro por escrito destas por uma ou mais de pessoa. No caso
das fábulas, o principal escritor a propagá-las foi Esopo, supostamente um escravo
que teria vivido na Grécia, no século VI. Por esse motivo é comum atribuírem a ele
a criação do gênero.
Fábulas têm a função principal de transmitir uma lição de moral, de criticar o
mau comportamento humano. Seus personagens principais são animais que agem
como seres humanos. Nos contos populares, também ocorre um ensinamento (o
bem vence o mal, devemos ser bons, o amor vence tudo, não devemos confiar em
estranhos etc.), contudo, esse ensinamento é mais simbólico que o que acontece
na fábula.
Nos contos populares, assim como nas fábulas, também há animais que
falam, contudo, costumam ser mágicos, diferentes dos animais das fábulas, que
personificam defeitos e qualidades humanas: trabalhador, preguiçoso, vaidoso,
incauto, ingênuo, medroso, corajoso...
Tanto as fábulas quantos os contos populares podem ser escritos em versos,
mas essa característica é mais inerente às fábulas. Nas fábulas, as frases (os
períodos) são mais curtas, pouca ocorrência de locuções adjetivas, ao contrário do
que ocorre nos contos populares.
As conclusões podem ser organizadas em um quadro comparativo.
Avaliação
Verifique se os alunos:
• (re)conheceram o gênero fábula como também sendo uma narrativa de
origem oral, seus principais fabulistas e o contexto em que viveram;
• compreenderam as principais semelhanças e diferenças entre fábula e conto
popular;
• dedicaram-se à pesquisa das informações.
40
Comparação de contos populares com contos de
autoria
Objetivos
• Comparar conto popular com conto de autoria, reconhecendo semelhanças
e diferenças.
• Perceber, na comparação, nuances e subjetividades no comportamento
humano nas diferentes narrativas, reconhecendo traços do contexto de
produção.
Tempo estimado
2 a 3 aulas
Objetos do conhecimento
• Conversação espontânea
• Estratégias de leitura
• Apreciação e réplica
• Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos
provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos
Habilidades
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
EF67LP28 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos
e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta
características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos
populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas
de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias
em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis),
41
vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o
texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
EF69LP47 Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de
composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem
do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a
caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes
dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das
variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o
enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes
gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero,
da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e
psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em
discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões
conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais
próprios a cada gênero narrativo.
Bibliografia de apoio
ALLAN POE, Edgar. Histórias extraordinárias. Seleção e tradução José Paulo
Paes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2008.
CARRASCOZA, João Anzanello. Aquela água toda. São Paulo: Alfaguara, 2018.
GARCIA, Edson Gabriel. Contos assombrosos. São Paulo, Callis, 2018.
TCHÉKHOV, Anton. Um negócio fracassado e outros contos de humor. Porto
Alegre: L&PM, 2010.
Condução
Convide os alunos a pesquisarem um conto que tenha um autor definido,
isto é, que tenha sido fruto da imaginação de um indivíduo e não da coletividade,
como no caso dos contos populares. No item Bibliografia de apoio, anteriormente
citado, há algumas sugestões de referências que podem servir de fonte de
pesquisa dos contos.
Após os alunos lerem um conto, peça-lhes analisem a narrativa. Para isso,
podem seguir este roteiro.
1. O conto apresenta um autor definido ou foi registrado por alguém, sem que
seja, necessariamente, seu criador?
42
2. Os personagens representam uma coletividade, por exemplo: o moço pobre
que luta e, depois dos desafios, sai vitorioso, geralmente enriquece e casa-se com
uma linda mulher?
3. O foco narrativo é sempre em 3ª pessoa?
4. O tempo e o espaço são indefinidos, não precisos?
5. A narrativa é sempre linear, isto é, conta-se o que aconteceu no começo
da história, depois, o que houve no meio, e finalmente, os acontecimentos finais?
6. O final é sempre feliz?
1. Mesmo que os contos populares sejam “assinados”, por exemplo, por Sílvio
Romero, Monteiro Lobato, Ruth Guimarães (e, como no caso da obra em questão,
Marcia Paganini e Ricardo Dalai), são pessoas que recontaram essas histórias, que
na verdade, foram criadas pelo imaginário coletivo.
2. Os personagens, no conto de autoria, são os mais variados possíveis.
Podem ser tanto humanos quanto fantásticos. No caso dos personagens dos contos
populares, são sempre arquetípicos, ou seja, são modelos de aspectos da vida e
consciência humanas, imagens primordiais e universais, como a Morte, o Diabo
etc., frutos da experiência humana sobre o tema transmitida entre gerações. “Trata-
-se de um recipiente que nunca podemos esvaziar, nem encher. Ele existe em si
apenas potencialmente e quando toma forma em alguma matéria, já não é mais o
que era antes. Persiste através dos milênios e sempre exige novas interpretações”[9].
São personificações das experiências, dos pensamentos e dos saberes humanos.
3. Nos contos de autoria, o foco narrativo pode ser em 1ª ou 3ª pessoa (além
de outras possibilidades); já os contos populares ocorrem sempre a 3ª pessoa.
4. Nos contos de autoria, o tempo e o espaço podem ser indefinido, mas pode
não ser, não há uma regra, uma regularidade.
5. Nos contos modernos e pós-modernos, pode-se começar contando o que
houve no final para depois contar o começo e/ou o meio etc. Não há obrigatoriedade
com a linearidade do tempo, ao contrário, a inversão temporal ocorre com
frequência.
6. Nos contos de autoria pode ou não ocorrer um final feliz. A tendência atual
para finais não felizes é bastante grande.
9 JUNG, Carl G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. p. 179.
43
Enfim, no conto de autoria não existe uma fórmula, como ocorre no conto popular.
As informações podem ser organizadas em um quadro-resumo.
Avaliação
Verifique se os alunos:
• foram capazes de estabelecer as principais semelhanças e diferenças entre
o conto popular e o conto de autoria;
• sentiram-se motivados a escolher um conto de autoria para ler e analisar;
• foram colaborativos uns com os outros.
Objetivos
• Reescrever conto popular, adaptando-o em texto para ser encenado.
• Estabelecer relações entre texto narrativo em prosa e texto dramático.
Tempo estimado
3 a 4 aulas
Objetos do conhecimento
• Conversação espontânea
• Relação entre textos
• Consideração das condições de produção
• Estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão/edição
44
Habilidades
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
EF69LP50 Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de romances, contos, mitos,
narrativas de enigma e de aventura, novelas, biografias romanceadas, crônicas,
dentre outros, indicando as rubricas para caracterização do cenário, do espaço,
do tempo; explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens e
dos seus modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso direto e dos tipos
de narrador; explicitando as marcas de variação linguística (dialetos, registros e
jargões) e retextualizando o tratamento da temática.
EF69LP51 Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização,
revisão/ edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais
e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção
– o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades
etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao
texto literário.
Bibliografia de apoio
MAINGUENAU, Dominique. Duplicidade do diálogo teatral. In: ______.
Pragmática para o discurso literário. Tradução Marina Appenzeller. São Paulo:
Martins Fontes, 1996. p. 159-180.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.
São Paulo: Parábola, 2008.
Condução
Proponha aos alunos que transformem os contos populares lidos na obra em
textos teatrais para que possam, eventualmente, ser encenados.
Eles podem optar por:
Avaliação
Verifique se os alunos:
• foram capazes de transformar o conto popular em texto teatral, considerando
as características desse gênero;
• produziram o texto, considerando todas as etapas: planejamento, escrita,
revisão e avaliação;
• sentiram-se motivados e socializar os textos produzidos;
• organizaram-se de maneira eficiente e produtiva;
• foram colaborativos e solidários nas tarefas.
46
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ANTES E
APÓS A LEITURA DOS CONTOS
47
Principais habilidades a serem desenvolvidas
EF69LP44 Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de
diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas
de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e
considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
EF69LP47 Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de
composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem
do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a
caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes
dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das
variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o
enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes
gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero,
da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e
psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em
discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões
conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais
próprios a cada gênero narrativo.
EF69LP46 Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de
obras literárias/ manifestações artísticas, como rodas de leitura [...], dentre outros,
tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando
suas apreciações [...].
EF67LP28 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos
e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta
características dos gêneros e suportes –, romances infanto-juvenis, contos
populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas
de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias
em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis),
vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o
texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
48
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
1. Em uma história em que a Morte seja personificada e seja um personagem, você acha
que ela será querida, desejada ou indesejada? Por quê?
2. Por qual motivo você imagina que alguém tenha se tornado compadre da Morte?
5. Será que a história vai causar medo, humor, suspense ou outro efeito? Por quê?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
Verifique se os alunos consideram que a morte não costuma ser desejada por nin-
guém. Ao ser tornar uma personagem, supõe-se que será igualmente indesejada.
2. Resposta pessoal.
3. Resposta pessoal.
Os alunos podem dizer que não é possível e que é possível. Verifique os argu-
mentos deles para sustentar suas respostas.
4. Resposta pessoal.
5. Resposta pessoal.
50
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
5. Como eram as receitas/prescrições que o falso médico dava aos pacientes para que
eles ficassem bons?
6. Por que o compadre decidiu enganar a comadre?
7. Neste trecho:
“Como aqueles que ele ‘tratava’ ficavam bons, o homem passou a nadar em dinheiro.”
Por que a palavra tratava está escrita entre aspas?
10. A Morte é introduzida sem nenhuma apresentação prévia. Por que isso ocorre?
11. Por que a palavra morte aparece escrita com letra inicial minúscula neste trecho:
“— Era melhor encontrar a morte que ficar vagando pelo mundo sem esperança de nada”
E com letra inicial maiúscula neste e nos demais trechos:
“A Morte, que por um acaso passava por aquele caminho naquela hora, escutou”?
“— Passe o rabo de um gato por cima da ferida sete vezes ao dia. É tiro e queda!”;
“— Tratem do funeral, pois logo, logo esse aí estará na terra dos pés juntos!”
“— Minha nossa! Essa que é a minha vela? Então eu estou por um sopro!”
O que podemos concluir a partir delas acerca do nível de linguagem do personagem: ele
usa um registro formal ou informal? Que efeito isso provoca no leitor?
13. Considerando que as pessoas, assim que viram a placa na porta do casebre dizendo
que o homem estava atendendo como médico, foram rapidamente se consultar e
observando as prescrições dadas por ele, o que podemos concluir acerca da maneira
delas pensarem?
14. Que efeito a leitura do conto provocou em você? Justifique sua resposta e compartilhe-a
com os colegas.
Gabarito
1. Porque, não encontrando ninguém que aceitasse ser padrinho de seu filho, lamenta
dizendo que preferia a morte a isso.
2. Ao ouvir o homem dizer que preferia a morte, achou que estava sendo desejada e
ofereceu-se para ser madrinha da criança?
3. Ela o ajudaria a passar-se por médico e dizer se uma pessoa doente iria morrer ou
sobreviver. Com isso, ele ficaria rico.
4. Ele sempre sabia se o paciente iria morrer ou viver, pois a Morte ficava no pé da cama
de quem iria morrer e na cabeceira de quem iria viver. Com isso, o falso médico ganhava
fama de acertar os diagnósticos e curar os doentes.
5. As receitas/prescrições eram coisas inócuas, não fazia diferença para o paciente valer
delas ou não. Na verdade, o paciente iria sarar de qualquer maneira, pois o que tinha
não era grave. A Morte dava a dica ao compadre, que prescrevia qualquer coisa. Com
isso ganhava fama.
6. O filho do rei estava doente e iria morrer. O falso médico, então, enganou a Morte para
que o menino não morresse e ele ganhasse honrarias do rei. Ele virou a cama do paciente
de posição de modo que a Morte, que estava nos pés, ficou na cabeceira, indicando que
a pessoa não iria morrer.
7. A palavra aparece entre aspas porque o homem não tratava de fato; ele iludia as
pessoas.
8. Nadar em dinheiro quer dizer ter dinheiro de sobra.
9. Porque os personagens dos contos populares não são muito caracterizados. Muitas
vezes, sequer são nomeados com um nome próprio. Costumam ser: o homem, o moço,
a moça, o rei, a princesa, o príncipe, a bruxa... Nessa história, não importa o nome do
homem, se ele é alto ou baixo, loiro ou moreno. O que basta é que ele era muito pobre,
tinha esposa e seis filhos para alimentar. A pobreza é o motivo que o faz sair pelo mundo
e encontrar a Morte.
10. Porque ela é conhecida de todos. Assim como o diabo, a morte dispensa apresentações,
pois está no imaginário coletivo.
11. Porque a primeira vez que o homem se referiu à morte, estava falando do fenômeno
que põe fim à vida. Depois, a ela passa a ser uma personagem. Por isso, torna-se a Morte.
12. Registro informal. Esse uso causa o efeito de humor no texto. Para um médico,
esperava-se que usasse a linguagem de maneira mais formal, com vocabulário adequado
à profissão. Contudo, o personagem usa o registro no mesmo nível que provavelmente
usava em seu dia a dia, antes de se passar por médico.
13. Que as pessoas, em suas carências e necessidades, acabavam se fiando em qualquer
coisa, sem muita condição de discernimento.
14. Resposta pessoal.
É provável que os alunos tenham achado o conto engraçado, divertido.
54
Proposta para trabalhar o conto “A Moura Torta”
Objetos de conhecimento
• Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
• Apreciação e réplica
• Oralização
• Estratégias de leitura
• Conversação espontânea
• Relação entre textos
55
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
4. Será que a leitura dessa história vai causa humor, medo, suspense ou outro efeito? Por quê?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
Explique aos alunos que são chamados de mouros os habitantes do norte da África, fiéis
do Islamismo, que migraram para a Europa durante a Idade Média. Assim, ao chamar
a personagem de Moura, o narrador-popular não apenas se refere à origem dela como,
eventualmente, à cor de sua pele.
Ajude os alunos a compreenderem as nuances do emprego dessa palavra, utilizada para
inferiorizar a personagem. Aproveite para discutir que os contos populares cristalizam os
valores da sociedade da época em que surgiram. À época, o preconceito contra mouros
era comum e encarado inclusive como legítimo. Nos dias atuais, o preconceito, qualquer
que seja, é algo que tem sido e deve continuar sendo combatido.
É interessante observar que, no folclore português, existem as mouras encantadas, seres
fantásticos com poderes sobrenaturais. Segundo as lendas, são moças encantadas, muito
belas, que foram destinadas a guardar os tesouros que os mouros encantados esconderam
antes de partirem para a terra dos mouros. Aparecem frequentemente juntos de nascentes,
fontes, rios etc. cantando e penteando os longos cabelos e prometem tesouros para quem
libertá-las do encanto. No caso do conto lido, a moura não é bela, mas feia (torta). O
conto talvez faça uma sátira a esse ser do folclore.
2. Resposta pessoal.
Nesse momento, crie um ambiente de debate, a fim de sondar questões éticas e
perspectivas morais nos alunos. Espera-se que eles reconheçam que, se por um lado,
devemos aproveitar certas chances, por outro, temos de agir acima de tudo com respeito
ao outro e à verdade.
3. Resposta pessoal.
Como na questão anterior, esse é um bom momento para sondar o ponto de vista dos
alunos em relação a questões éticas. Espera-se que eles reconheçam que sob nenhuma
circunstância devemos causar o prejuízo de outra pessoa.
4. Resposta pessoal.
57
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
1. Após a leitura do texto, sua resposta para o efeito que o conto lhe causaria se confirmou?
Comente.
4. Em sua opinião, a forma como tratavam a personagem Moura Torta está correta? Por quê?
5. Por que a Moura teria agido do modo como agiu (enganando e enfeitiçando a moça)?
7. Nesse conto, alguns acontecimentos se repetem por três vezes, sendo que na última
vez algo diferente acontece. Por exemplo: o Príncipe descasca três laranjas para só
mudar a situação na terceira delas; a Moura busca água por duas vezes e na terceira
algo diferente ocorre; os criados do príncipe tentam capturar a pombinha e conseguem
somente na terceira tentativa. Você acha que essas ocorrências são intencionais,
significativas? Por quê?
b) Em sua opinião, por que a Moura teve esse pensamento ao ver seu reflexo?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
2. A função dela é apenas dar ao príncipe algo (as três laranjas mágicas).
3. Porque, por ter um problema nas costas, todos a incomodavam, gritando nomes feios
quando ela passava.
4. Resposta pessoal.
Espera-se que os alunos percebam o preconceito que a Moura sofria desde sempre
e que pode tê-la tornado uma pessoa má. Esse é um bom momento para se abordar
temas delicados e essenciais, como bullying, racismo, preconceito e padrões estéticos.
É muito importante que o jovem leitor perceba, por meio de uma leitura crítica, atitudes
condenáveis nos personagens que xingavam ou maldiziam a mulher. Discuta também
sobre o fato de que não no cabe fazer juízo de valor ao que é próprio da cultura popular,
do coletivo, do folclore. As histórias servem para nos ajudar a refletir, a compreender
sentidmentos e visões de mundo e tirar as melhores lições para nossa vida.
5. Resposta pessoal.
Avalie a coerência das respostas. O importante aqui é que os alunos reconheçam que foi
uma oportunidade enxergada pela Moura de mudar radicalmente de vida. Chame atenção
dos alunos para uma característica própria dos contos populares: a esperteza/o engodo.
Apesar de encontrarmos na narrativa elementos do maravilhoso, é pela esperteza e pelo
engodo que o Príncipe é enganado.
6. As frutas encantadas recebidas da anciã e o alfinete que transformou a moça em uma
pombinha.
7. Espera-se que os alunos respondam que sim, pois reforça as ideias, os símbolos
presentes na trama.
8. Avalie a coerência das respostas que surgirem. Sugestões: Príncipe: corajoso, fiel,
sincero, autêntico, justo, apaixonado etc. Moura: humilde, humilhada, solitária, maldosa,
esperta, trapaceira etc.
Mais uma vez, pode-se discutir a visão de mundo de uma sociedade, em um determinado
tempo, além dos valores que os contos pretendiam transmitir. Mais que demonstrar
preconceito, o conto pretendia mostrar que pessoas que com atitudes más sofreriam as
consequências por seus atos.
9.
a) A história mitológica de Narciso. Aproveite o momento para contar, caso os alunos
não conheçam, o mito de Narciso.
b) Resposta pessoal. Ajude os alunos na conclusão de, já que era chamada por todos de
vários nomes, talvez a Moura pensasse que, por isso, não tinha direito à felicidade.
Quando acredita ser uma pessoa “mais bonita”, ela então encontra forças para rejeitar
ser submissa.
61
Proposta para trabalhar o conto “O moço que jogou
com o Diabo”
Objetos do conhecimento
• Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
• Apreciação e réplica
• Oralização
• Estratégias de leitura
• Conversação espontânea
• Variação linguística
62
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
Questões para serem trabalhadas antes da leitura do conto “O moço que jogou com o Diabo”
1. Nessa história, um rapaz que adorava jogar baralho, um dia jogou com o Diabo. Quem
você acha que ganhou? Por quê?
3. O moço, herói da história, terá a ajuda especial de alguém. Quem você imagina que seja?
4. Na sua opinião, que efeito essa história vai causar: medo, humor, suspense, terror ou
outro efeito? Por quê?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
Os alunos podem responder que o Diabo ganhou, pois ele tem poderes. Podem ainda
achar que foi o moço, por ter sido esperto.
2. Resposta pessoal.
3. Resposta pessoal.
4. Resposta pessoal.
Por seu uma história em que o Diabo é personagem, os alunos provavelmente irão supor
que o conto causará medo, terror... Contudo, a história é contada com certo humor. Após
a leitura, a questão será retomada e os alunos poderão confirmar ou não suas hipóteses.
64
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
Questões para serem trabalhadas depois da leitura do conto “O moço que jogou com o Diabo”
2. O rapaz teria conseguido vencer os desafios não fosse ajudado por Branca-flor?
Explique.
6. No conto, aparecem alguns termos para nomear elementos que são típicos da cultura
brasileira, especialmente da região nordeste. Por exemplo: pamonha, virado, merendar,
mandacaru, calango. Em sua opinião, por que isso ocorre?
“— Eu devolvo sua sombra se tu plantar uma carreira de pés de milho de manhã e colher
deles, à tarde, espigas granadas. Me deu uma vontade danada de merendar pamonha.”
a) Essa fala do personagem está em registro formal ou informal?
b) Volte ao texto e localize outras falas dos personagens e observe-as. Depois, responda
se estão nesse mesmo registro e que efeito isso provoca no texto.
8. Reescreva essas frases, substituindo as palavras destacadas por outras de sentido
semelhante (sinônimos).
c) “O moço foi para o quintal do Diabo, sentou-se num toco e começou a se lamentar.”
9. Caso a autora tivesse empregado as palavras que você citou, o efeito no texto seria o
mesmo? Justifique sua resposta.
10. Observe a pontuação destacada nesses trechos e explique o efeito causado em cada
emprego.
a) “Quem sabe não negociamos...”
11. Que efeito a leitura do conto provocou em você? Justifique sua resposta e, depois,
compartilhe-a com seus colegas.
Gabarito
1. Algumas possibilidades: Branca-flor, em um mesmo dia, plantou e colheu uma roça
de milho; também plantou e colheu, no mesmo dia, feijões; os peixes obedeceram à
Branca-Flor e encontraram um anel perdido no mar; cuspes que falam; os personagens
transformaram-se em outros seres: animais, plantas etc.
2. Provavelmente, não, pois tudo o que ele fazia ao receber as ordens do Diabo era sentar
e se lastimar. Branca-Flor é que tinha as ideias e as realizava.
3. Ela era esperta, decidida, proativa. No final do texto, aparecem os adjetivos “esperta”
e “travessa” para se referir a ela.
4. Ela faz da vida do marido um verdadeiro inferno. Dá-lhe ordens, obrigando-o a agir
conforme sua a própria maneira de pensar.
5. Tinhoso, Cão, Sinistro. A finalidade é evitar a repetição do mesmo nome, além de dar
expressividade ao texto.
6. Porque o conto pertence à cultura brasileira e é ambientado especialmente no nordeste
brasileiro; por isso, contém elementos típicos da cultura daquela região.
7.
a) A fala está em registro informal.
b) As falas estão no registro informal. O efeito é de autenticidade à fala de pessoas
comuns usadas em seu cotidiano; nas situações de uso informal da linguagem.
Leve os alunos a observar inclusive alguns regionalismos na fala dos personagens.
8.
a) O moço pensou por um instante/minuto e resolver aceitar [...].
b) O moço foi para casa muito confuso/desnorteado/apoguentado.
c) O moço foi para o quintal do Diabo, sentou-se num toco e começou a se lamentar.
9. O efeito seria outro, pois cada maneira de usar a linguagem, o que envolve as escolhas
dos vocábulos, provoca um efeito no leitor.
10.
a) “Quem sabe não negociamos...” expressa um suspense na fala.
b) “— Aqui estou, quase dormindo...” expressa uma fala que se prolonga e se esvai.
c) “— Plante estes feijões!” expressa uma ordem, uma imposição.
d) “— Mas o mar é muito imenso! — justificou o moço.” Expressa um espanto, uma
lamúria.
11. Resposta pessoal.
69
Proposta para trabalhar o conto “A Princesa de
Bambuluá”
Objetos do conhecimento
• Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
• Apreciação e réplica
• Oralização
• Estratégias de leitura
• Conversação espontânea
70
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
1. O que você faria se entrasse em uma gruta e visse um rosto flutuante, de uma moça?
2. Nesse conto, o rosto flutuante é o da Princesa de Bambuluá. Ela foi encantada. De que
maneira você acha que seja possível desencantá-la?
4. Bambuluá é um reino distante. Como você imagina que ele seja: pacífico, violento,
rico, pobre?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
2. Resposta pessoal.
3. Resposta pessoal.
4. Resposta pessoal.
72
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
1. Você teria tido a mesma reação que os viajantes, ao entrar na gruta e ver o rosto
flutuante? Por quê?
2. O conto começa da seguinte maneira: “Os mais antigos contam que”. Qual o efeito de
sentido provocado por essa maneira de enunciar?
4. Nesse conto, assim como em outros contos populares, o número três é bastante
recorrente. O que acontece três vezes na história?
5. No conto, aparecem frequentemente os seguintes sinais: ***
Qual é a finalidade deles?
7. Explique o efeito de sentido da repetição do verbo nesse trecho: “João Amarelo andou,
andou, andou muito.”
8. “Nenhum pio”, a palavra pio foi empregada com duplo sentido. Explique qual.
9. O Príncipe, o Rei e o Imperador dos Pássaros viviam em casas simples e antigas. Por
que você imagina que isso ocorria?
10. Reveja a fala de João ao dirigir-se ao Imperador dos Pássaros.
“– Caro Imperador dos Pássaros, – começou João – eu vos imploro que perdoe
minha intrusão e me ajude. Preciso chegar com urgência até o Reino de Bambuluá, mas
nem seu filho, o Rei dos Pássaros, nem seu neto, o Príncipe dos Pássaros, souberam me
dizer onde fica.”
Nessa fala, João usa a linguagem de maneira bastante formal. Por que você imagina que
isso ocorra?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
Aproveite o momento para promover a interação entre os alunos, valorizando a troca de
ideias, o respeito à fala do outro, a organização dos turnos de fala.
2. Distanciar a ação, dando a ideia de que ela ocorreu há muito tempo, além de criar o
efeito de um narrador coletivo e de uma narrativa que vem sendo contada e recontada.
3. Conforme ele mesmo diz, ele era “feio, fraco e faminto”. Também, segundo o narrador,
era medroso. Mas se tornou corajoso e muito perseverante para realizar todas as árduas
tarefas que lhe forma dadas.
4. João sobe a serra três vezes e três vezes ganha uma sova; três vezes a Princesa o visita
e ele estava dormindo pelo efeito da bebida que a professora dos pássaros lhe deu; João
encontrou três seres que eram senhores dos pássaros (Príncipe, Rei e Imperador); ao
chegar a casa desses seres, João bate três vezes até conseguir a atenção.
5. A finalidade é marcar mudança de espaço e também indicar uma passagem de tempo,
um salto no tempo.
6. Tempo pretérito. Por se tratar de uma narrativa de acontecimentos que se passaram,
esse é o verbal tempo mais adequado.
7. Significa que João andou bastante.
Observe com os alunos a força expressiva da repetição. Dizer “andou bastante” e “andou,
andou, andou muito” cria efeitos distintos.
8. A palavra pio pode significar que não disseram nada, nenhuma palavra, mas também
que não piaram, por serem pássaros.
9. Para expressar que eles eram simples e velhos, antigos.
10. Provavelmente, por estar se falando com um imperador, com alguém que possui
realeza e, portanto, requer que seja tratado com bastante cerimônia.
76
Proposta para trabalhar o conto “O Bicho Manjaléu”
Objetos do conhecimento
• Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
• Apreciação e réplica
• Oralização
• Estratégias de leitura
• Conversação espontânea
77
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
1. O conto começa apresentando um velho gameleiro. Você acha que esse personagem é
um homem rico, abastado, ou pobre, sem muitas posses? Explique o que você observou
para responder.
2. O gameleiro do conto tem três filhas. Como você imagina que elas sejam o que
acontecerá com elas na história?
3. No conto, aparece um herói. Você imagina que ele terá uma jornada longa ou curta?
Difícil ou relativamente tranquila? Terá ajuda de alguém?
4. Você já ouviu falar na criatura que dá nome a esse conto? Se sim, explique o que sabe
sobre ela. Caso não tenha ouvido falar, como imagina que seja esse ser?
5. Qual o desfecho que você imagina que terá a criatura Bicho Manjaléu. Por quê?
Gabarito
1. Resposta pessoal.
Verifique se os alunos respondem que o gameleiro é provavelmente pobre, pois geralmente
os contos populares começam com um personagem em situação de pobreza ou qualquer
outra situação desfavorável. Ainda, o fato de ser gameleiro sugere que não é muito bem
remunerado pelo trabalho.
2. Resposta pessoal.
3. Resposta pessoal.
Provavelmente passará por uma longa e difícil jornada e terá a ajuda de uma ou mais
pessoas, como é típico nesses contos.
4. Resposta pessoal.
5. Resposta pessoal.
79
Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
2. Os forasteiros que chegaram à sua porta foram levando, uma a uma, as três
filhas do velho. O que esse sequestro provocou na vida do gameleiro?
3. Qual dessas razões fez que o gameleiro não pudesse impedir o sequestro das
filhas? Sublinhe-a.
• A falta de segurança, pois ele morava em um lugar ermo e não tinha a quem
recorrer para pedir proteção.
• O destino, pois os homens chegaram repentinamente e colocaram o gameleiro
em uma situação que não lhe restava escolha.
• A pobreza, pois era melhor ficar sem as filhas que vê-las passar necessidade.
4. Qual é a função dos três irmãos que o rapaz encontrou pelo caminho?
7. Releia:
“Num dos tantos dias em que estava entretido talhando uma peça, parou à sua
porta um homem, bonito que só, montado num cavalo que parecia ter saído de uma
pintura de tão belo. Seria um freguês?”
a) A quem pertence a “voz” do trecho destacado: ao personagem ou ao narrador?
10. Analise o sentido da palavra bota nas duas ocorrências na frase: “Bota, me
bota na casa de minha irmã”.
11. Como você viu, no conto, a jornada do rapaz, o herói, foi longa e árdua. Faça
um breve resumo sobre ela.
12. O que você imagina que teria acontecido caso a Princesa não tivesse revelado
ao marido o segredo da vida do Manjaléu?
Gabarito
1. A chegada de um homem a cavalo ordenando que lhe vendesse uma das filhas.
2. O gameleiro recebeu muito dinheiro e se tornou rico.
3. O destino, pois os homens chegaram repentinamente e colocaram o gameleiro em uma
situação que não lhe restava escolha.
4. A função dos três irmãos é fazer que o rapaz possuísse os objetos encantados. Depois
de cumprir esse papel, eles somem na narrativa. Função semelhante é a dos três reis.
Eles entregam objetos encantados ao rapaz, que irá ajudá-lo, futuramente, a vencer seus
desafios.
5. O discurso direto provoca na narrativa o efeito de estar ouvindo os personagens
falando; escutando a própria voz deles.
6. O discurso indireto obriga o leitor a imaginar a fala e isso é também interessante.
7. Embora esteja sendo dito pelo narrador, é a “voz” do personagem.
Outro exemplo similar a esse:
“No outro dia, estava ele novamente talhando uma gamela, quando chegou outro homem,
mais bonito que o primeiro, com um cavalo ainda mais formoso que o anterior. O que
haveria de querer? Um frio percorreu a espinha do velho.”
Explore também com os alunos o pensamento do personagem filtrado pelo narrador
nestes trechos:
“Nos dias que sucederam, o moço não conseguia parar de pensar nas irmãs: como seria
o rosto delas? Como estariam vivendo? Seriam felizes? Não conseguia conviver com essa
angústia! Tomou uma decisão: sairia mundo afora para encontrar as irmãs que o destino
cruelmente lhe tirou.”
“Os pais acharam que aquilo era loucura. Como haveria de encontrar as irmãs, tanto
tempo depois de terem sido levadas, num mundo tão vasto? E, mesmo que as encontrasse,
certamente os maridos não aceitaria que ele se aproximasse delas. Mas, por mais que
argumentassem, o rapaz estava resoluto. Despediu-se dos velhos e partiu.”
8. São vários os elementos coesivos, como: certa vez, num dos tantos dias, mal teve
tempo, então, diante, outra vez, quando, desta vez, mas um dia, estava seguindo viagem
quando, num instante.
O interessante é ler o conto com os alunos para juntos localizarem esses elementos.
Atenção: vale sempre o lembrete de que não devem riscar, anotar no livro. Toda anotação
deve ser feita à parte, em um caderno, um bloco de notas, um fichário etc.
9. Os acontecimentos se repetem por três vezes. São eles: a chegada de três cavaleiros,
um por vez, à casa do gameleiro pedindo-lhe que vendam as filhas, a inicial recusa do
velho, seguida da ameaça de morte e do consentimento compulsório, o dinheiro deixado
em troca. A frase que cada um diz é: “Velho gameleiro, venda-me uma de suas filhas”;
o moço ordenando à bota que o levasse à casa de cada irmã. A frase que ele diz é “Bota,
me bota na casa de minha irmã (e especifica a irmã); a chegada dele na casa de cada uma
83
das irmãs; a maneira como elas o receberam e como os maridos, todos reis, chegaram,
bravos, dizendo: “Sinto cheiro de gente estranha!”. O modo como as esposas davam
desculpas e como os reis, após tomarem banho e se acalmarem, receberam o cunhado; A
frase que eles dizem quanto perguntados pela espeço sobre como receberiam um irmão
delas é: “Eu o receberia com grande alegria e o trataria muito bem!”; o modo como
dele se despediram; os presentes dados pelos reis ao cunhado com a recomendação
de como deveria usá-los; a invocação aos reis no momento de encontrar o caixão que
estava no fundo do mar com a vida do Manjaléu. A frase que o personagem diz é: “Valha-
me o Rei dos Peixes/Carneiros/Pássaros!”; o uso dos três objetos encantados: a bota, a
carapuça e a chave. Essa recorrência causa ritmo na narrativa e reforça o simbolismo
dos acontecimentos. É comum nos contos populares a repetição de acontecimentos por
três vezes.
10. Na primeira ocorrência, trata-se do nome do objeto/do calçado, usado como vocativo
(Bota, me bota...); na segunda ocorrência, trata-se da forma verbal no imperativo do
verbo botar, que significa colocar, pôr.
11. Sugestão de resposta:
O rapaz, ao descobrir a verdade sobre a riqueza do pai e a existência das três irmãs,
levadas antes de ele nascer, decide sair pelo mundo para procura-las. Consegue comprar
de três irmãos três objetos mágicos: uma bota, uma carapuça e uma chave. Ao encontrar
as irmãs, ganha de seus cunhados elementos que também são encantados: uma escama,
uma lã e uma pena. Com a bota, encontra uma princesa, no reino de Castela, e vence
um desafio para casar-se com ela, tornando-se príncipe. A Princesa, com a chave
mágica do marido, liberta inadvertidamente uma criatura perigosa, o Bicho Manjaléu,
que a sequestra. O Príncipe, com a ajuda da bota, consegue encontrar a esposa cativa.
Convence-a a descobrir o segredo da vida do Manjaléu, que até então mostrava-se
indestrutível. Ao descobrir o segredo, o Príncipe se vale dos objetos mágicos que ganhou
dos cunhados e consegue matar o Manjaléu.
12. Resposta pessoal.
Avalie a coerência das respostas dos alunos.
84
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
INTERDISCIPLINARES
85
SANTOS, Vivaldo Paulo dos. Interdisciplinaridade na sala de aula. São Paulo:
Edições Loyola, 2007.
SILVA, Ezequiel Theodoro da (Orgs.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. 5.
ed. São Paulo: Ática, 2004.
Tempo estimado
4 a 5 aulas
86
Objetos do conhecimento
• Conversação espontânea
• Elementos da linguagem
• Processos de criação
• Produção de textos orais
Habilidades
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
EF69AR26 Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos
acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e
reconhecer seus vocabulários.
EF69AR27 Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o
acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.
EF69AR28 Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os
limites e desafios do trabalho artístico coletivo e colaborativo.
EF69AR29 Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de
maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.
EF69AR30 Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos
dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.), caracterizando
personagens (com figurino e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e
considerando a relação com o espectador.
EF69LP52 Representar cenas ou textos dramáticos, considerando, na caracterização
dos personagens, os aspectos linguísticos e paralinguísticos das falas (timbre
e tom de voz, pausas e hesitações, entonação e expressividade, variedades e
registros linguísticos), os gestos e os deslocamentos no espaço cênico, o figurino e
a maquiagem e elaborando as rubricas indicadas pelo autor por meio do cenário,
da trilha sonora e da exploração dos modos de interpretação.
87
Bibliografia de apoio
ARAÚJO, José Sávio Oliveira de. A cena ensina: uma proposta pedagógica para a
formação de professores de teatro. Natal: UFRN, 2005.
BROOK, Peter. A porta aberta: reflexões sobre a interpretação e o teatro.
Tradução Antônio Mercado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
BULHOES, Marcos Aurélio. Dramaturgia em jogo: uma proposta de
aprendizagem e criação em teatro, São Paulo: EdUSP, 2006.
CABRAL, Beatriz. Ação cultural e teatro como pedagogia. Sala Preta, nº. 12,
2012. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57542>.
Acesso em: 23 jun. 2018.
DESGRANGES, F. A pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. 2. ed. São
Paulo: Hucitec, 2006.
PAIVA, Sonia. Encenação: percurso pela criação, planejamento e produção
teatral. Brasilia: Editora Universidade de Brasília, 2011.
REVERBEL, O. Um caminho do teatro na escola. São Paulo: Scipione, 1997.
Condução
Convide os alunos a fazerem a dramatização dos contos transformados em
texto teatral (proposta da seção Sugestões de atividades para abordar a obra e o
gênero com os estudantes, deste Manual) Eles podem encenar um conto ou mais
de um.
Antes da encenação, peça aos alunos que realizem uma pesquisa sobre:
• os diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos
cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) de modo
a (re)conhecer o vocabulário próprio para nomear tais elementos;
• as formas de dramaturgias e espaços cênicos para que o teatro aconteça.
Como proposta de cronograma para a montagem da peça, sugerimos o seguinte
passo a passo:
1) Discuta com os alunos os elementos que constituem o fazer teatral, como
figurino, cenários, iluminação e sonoplastia, a partir das informações encontradas
nas pesquisas que fizeram.
2) Após essa discussão inicial, combine com os alunos:
a) Qual será a função de cada um, já que por vezes nem todos podem
e querem participar como atores. Assim, preencha as funções dos
bastidores, como contrarregras, diretos, sonoplasta, iluminador,
88
figurinista etc. Entretanto, em um primeiro momento, não deixe
ninguém de fora por timidez. Esse é um ótimo momento para
trabalhar o trabalho coletivo com a turma e firmar laços de amizade
e o autoconhecimento.
b) A data da apresentação, que pode ser algo apenas para a turma,
mas que também pode ser aberta às outras turmas e, inclusive, à
toda comunidade escolar.
c) Qual(is) texto(s) será(ão) encenado(s). Combine tudo isso tendo
em vista o tempo de preparo de cada etapa.
Após realizar esse planejamento prévio, é hora de começar os ensaios, sendo
que cada aluno deve ficar responsável por decorar suas falas. Para iniciar os
ensaios, organize uma leitura dramática com os alunos. Assim eles criam, pouco a
pouco, intimidade com o texto teatral. Em seguida, comece a realização de ensaios,
desenvolvendo os diálogos, expressões e movimentação corporal, atentando-se aos
diálogos, que devem ser o mais natural possível, assim como treinar gestos e ações.
Busca-se contemplar, assim, o que diz a BNCC sobre esse tipo de proposta:
Avaliação:
Verifique se os alunos:
• compreenderam os elementos constitutivos do teatro e os diversos espaços
cênicos;
• produziram a peça de acordo com as orientações do texto (cenário, iluminação,
sonoplastia);
10 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. p. 96.
89
• produziram adequadamente os convites, de acordo com o meio/a mídia
escolhida;
• realizaram os ensaios;
• souberam se portar em cena, de acordo com o papel de cada um;
• foram receptivos com o público.
Objetivos
• Compreender o povo brasileiro é constituído de maneira plural.
• Compreender que as pessoas se deslocam no espaço geográfico e o ocupam
e, com isso, acabam por transformá-lo.
• Reconhecer a diversidade das paisagens brasileiras.
• Compreender que a interação humana com a natureza, a construção das
cidades, o desenvolvimento da agropecuária e a industrialização modificam
a paisagem.
Tempo estimado
3 a 4 aulas
Objetos do conhecimento
• Identidade sociocultural
• Transformação das paisagens naturais e antrópicas
• Características da população brasileira
• Biodiversidade brasileira
• As origens da humanidade, seus deslocamentos e os processos de
sedentarização
• Conversação espontânea
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• Curadoria de informação
• Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição
Habilidades
EF06GE01 Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os
usos desses lugares em diferentes tempos.
EF06GE02 Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade,
com destaque para os povos originários.
EF06GE06 Identificar as características das paisagens transformadas pelo
trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e do processo de
industrialização.
EF06GE07 Explicar as mudanças na interação humana com a natureza a partir do
surgimento das cidades.
EF07GE04 Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando
a diversidade étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática), assim como
aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
EF07GE11 Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território
nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade (Florestas Tropicais,
Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária).
EF06HI05 Descrever modificações da natureza e da paisagem realizadas por
diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos indígenas originários
e povos africanos, e discutir a natureza e a lógica das transformações ocorridas.
EF06HI06 Identificar geograficamente as rotas de povoamento no território
americano.
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
EF67LP20 Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente,
usando fontes indicadas e abertas.
EF67LP21 Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais,
painéis, artigos de divulgação científica, verbetes de enciclopédia, podcasts
científicos etc.
EF67LP22 Produzir resumos, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o uso
adequado de paráfrases e citações.
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Bibliografia de apoio
Escola Kids. O povo brasileiro. Disponível em: <https://escolakids.uol.com.br/o-
povo-brasileiro.htm>. Acesso em: 18/05/2018.
TORERO, José Roberto; PIMENTA, Marcus Aurelius. Nuno descobre o Brasil.
São Paulo: Alfaguara, 2015.
PIMENTEL, Luis. Pau-brasil: a arte e o engenho do povo brasileiro. São Paulo:
Moderna, 2010.
Condução
Proponha aos alunos a pesquisa sobre diversos aspectos da população e das
paisagens brasileiras, bem como da biodiversidade (Florestas Tropicais, Cerrados,
Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária) e dos deslocamentos humano no
continente americano; das transformações das paisagens nos lugares de vivência e
os usos desses lugares em diferentes períodos.
A pesquisa pode ser realizada em grupos, sendo que cada grupo pode ficar
responsável por um dos aspectos dela. O resultado pode ser socializado em forma
de pôster físico ou digital, post em blog, posdcast, slides, entre outros.
A análise da própria origem e do próprio lugar de vivência (a rua ou o bairro)
é bastante interessante para que os alunos compreendam os aspectos em estudo.
Eles podem preencher uma ficha como a seguinte:
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Aluno(s): .....................................................................................................................
.....................................................................................................................
Turma: ......................................... Data: .........................................
Avaliação
Verifique se os alunos:
• compreenderam que o povo brasileiro possui uma formação plural, o que o
torna um povo único;
• compreenderam que as pessoas ocupam os espaços e os transformam, por
meio do trabalho e de outras intervenções, como a construção de moradias,
a produção agrícola e o desenvolvimento industrial;
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• (re)conheceram a diversidade das paisagens brasileiras;
• conseguiram organizar as informações de maneira clara e eficiente;
• interagiram oralmente durante a realização das atividades.
Objetivos
• Compreender as principais características geológicas do planeta Terra e
seus principais ecossistemas.
• Apropriar-se de conhecimentos científicos, com base em fontes de pesquisas
diversas, e disseminá-los.
Tempo estimado
4 a 5 aulas
Objetos do conhecimento
• Forma, estrutura e movimentos da Terra
• Diversidade de ecossistemas
• Conversação espontânea
• Curadoria de informação
• Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição
Habilidades
EF06CI11 Identificar as diferentes camadas que estruturam o planeta Terra (da
estrutura interna à atmosfera) e suas principais características.
EF06CI12 Identificar diferentes tipos de rocha, relacionando a formação de fósseis
a rochas sedimentares em diferentes períodos geológicos.
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EF06CI13 Selecionar argumentos e evidências que demonstrem a esfericidade da
Terra.
EF06CI14 Inferir que as mudanças na sombra de uma vara (gnômon) ao longo do
dia em diferentes períodos do ano são uma evidência dos movimentos relativos
entre a Terra e o Sol, que podem ser explicados por meio dos movimentos de
rotação e translação da Terra e da inclinação de seu eixo de rotação em relação ao
plano de sua órbita em torno do Sol.
EF07CI07 Caracterizar os principais ecossistemas brasileiros quanto à paisagem,
à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade de luz solar, à temperatura
etc., correlacionando essas características à flora e fauna específicas.
EF67LP23 Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e
em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular
perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas,
apresentação oral, seminário etc.
EF67LP20 Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente,
usando fontes indicadas e abertas.
EF67LP21 Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais,
painéis, artigos de divulgação científica, verbetes de enciclopédia, podcasts
científicos etc.
EF67LP22 Produzir resumos, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o uso
adequado de paráfrases e citações.
Bibliografia de apoio
BROOKS, Sue. A geografia da Terra. São Paulo: Impala, 2006.
CAMILLO, Ana Paula Nogueira; LINO, Fábia, PEREIRA, Washington
Gomes. Construção dos Pontos Cardeais Utilizando um Gnômon. In:
Ciência à mão. Disponível em: <http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.
php?midia=aas&cod=_indefinidognomon>. Acesso em: 24 jun. 2018.
FRANÇOIS, Michel. A geologia em pequenos passos. São Paulo: IBEP
Nacional, 2006.
LOBATO, Monteiro. Geografia de Dona Benta. Rio de Janeiro: Globo, 2007.
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Condução
Alguns contos da obra possuem aspectos que podem servir de mote para o
desenvolvimento de objetos do conhecimento e habilidades de Ciências. Alguns
deles são:
“A Princesa de Bambuluá”, em que a Princesa vivia em uma gruta; o
personagem João Amarelo sobe em um morro e depois rola de cima dele; João
sobrevoa o planeta, rumo ao reino de Bambuluá;
“O moço de jogou com o Diabo”, o rapaz perdeu sua sombra.
A partir desses episódios, que estão em uma obra fruto da fantasia, proponha
aos alunos que, organizando-se em grupos, pesquisem e demonstrem:
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
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Para a apresentação do seminário, podem ser elaborados cartazes, painéis,
slides, entre outras possibilidades. Se preferir, os alunos poderão utilizar o seguinte
passo a passo:
1) Elaboração de roteiro:
Assim os alunos podem verificar, antes de começar a pesquisa, quais temas
e assuntos podem ser mais interessantes. Oriente-os no início e durante todo o
processo de pesquisa, promovendo perguntas que sejam interessantes e fazendo a
curadoria das fontes utilizadas. Oriente-os quanto a sites não confiáveis.
2) Fichamento de informações:
Os resultados encontrados deverão ser fichados. Nessa etapa, os grupos já
podem definir a parte de cada integrante na apresentação oral.
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Avaliação
Verifique se os alunos:
• compreenderam que a Terra possui características geológicas específicas;
• reconheceram os principais ecossistemas e suas relações com a água, solo,
luz, temperatura etc.
• compreenderam o fenômeno da propagação e variação da sombra,
relacionando-o aos movimentos da Terra e do Sol;
• organizaram as informações pesquisadas adequadamente.
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