1a. Ética e A Enfermagem Na Uti
1a. Ética e A Enfermagem Na Uti
1a. Ética e A Enfermagem Na Uti
Foi realizada uma revisão integrativa com o objetivo de identificar a abordagem da ética
no contexto do cuidado de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva apontada na
literatura científica. Através do levantamento bibliográfico foram identificados 12
artigos considerando os critérios: data, idioma e os descritores, Ética; Cuidados de
Enfermagem; Enfermagem e Unidades de Terapia Intensiva. As publicações indexadas
ocorreram, nos últimos nove anos, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os estudos
analisados foram descritos por meios de três categorias: A vivência do enfermeiro frente
às questões bioéticas; Postura do enfermeiro frente aos erros de enfermagem; e o
conhecimento do enfermeiro acerca das questões bioéticas. Os resultados desta revisão
evidenciaram que a abordagem da ética no contexto da unidade de terapia intensiva é de
extrema relevância para o planejamento das ações de enfermagem direcionadas ao
cuidado humanizado ao paciente visando alcançar resultados efetivos.
Descritores: Ética. Unidades de Terapia Intensiva. Cuidados de Enfermagem.
INTRODUÇÃO
RESULTADOS
DISCUSSÃO
A vivência do enfermeiro frente às questões bioéticas
Alguns enfermeiros demonstram falta de preparo para assimilar a filosofia dos
cuidados paliativos, na medida em que reagem com julgamentos e negligência às
manifestações de autonomia do doente que ainda parecem absurdas diante de um
modelo assistencial em que o paradigma da cura é predominante. No entanto, valorizam
a importância da implementação dos cuidados paliativos, reconhecem seus benefícios à
qualidade da assistência dos doentes e afirmam que esse modelo de cuidar preenche
uma lacuna na assistência do paciente terminal, sendo capaz de proporcionar maior
integração entre os membros da equipe de saúde (21).
O enfermeiro se confronta e lida construtivamente com desafios da doença e
dele mesmo que surgem em seu dia-a-dia. Daí que não podemos meramente negar as
tradições sócio-morais, pois estas, em grande parte, definem nossa sensibilidade e sem
nossa tradição nos arruinaríamos. O que nós devemos fazer é alterar aspectos de nossa
tradição para fazê-los consistentes com nossos conhecimentos, pois esse é o caminho
como a humanidade dá sentido às coisas e os seres motivados para agir. Portanto, de
uma ética criadora de valores a partir dos valores existentes (22).
Os cuidados paliativos, ao contrário do que se pensa, não representam uma
omissão de tratamentos e cuidados, mas sim, tem sua filosofia baseada na prestação de
cuidados que avaliam o indivíduo dentro das dimensões que o compõe, bem como nos
cuidados que podem ser atribuídos a esse paciente de modo a lhe oferecer o conforto e o
alívio necessário, procurando atenuar ou minimizar os efeitos decorrentes de uma
situação fisiológica desfavorável originada por um quadro patológico que não responde
mais a intervenções terapêuticas curativas (19).
Uma das principais questões bioéticas nas UTIs está relacionada à manutenção
da vida e aos cuidados prestados aos pacientes terminais. As pessoas que estão
morrendo necessitam ser tratadas com dignidade e integridade, ou seja, que tenham
garantidos os direitos a uma morte digna, que recebam cuidados contínuos e que seja
respeitada a sua autonomia. Para que isso ocorra, são necessários profissionais que
respeitem princípios como a justiça, a beneficência, a não maleficência e a autonomia
na prestação da assistência (11).
A condição de enfermidade gera sentimentos como incapacidade, dependência,
insegurança e sensação de perda do controle sobre si mesmo. Os doentes encaram a
hospitalização como fator de despersonalização por reconhecerem a dificuldade para
manter sua identidade, intimidade e privacidade. O ambiente hospitalar é estressante por
diversos fatores, essencialmente ao doente, por perder o controle sobre os que o afetam,
e dos quais depende para a sua sobrevivência. Além disso, a internação é angustiante
por evidenciar a fragilidade a que estão sujeitos, devido à exposição emocional e física
(23)
.
Entende-se que conhecer a percepção dos clientes não é suficiente para a
implementação de intervenções de enfermagem direcionadas à privacidade. É
necessário compreender como se sentem e se comportam esses profissionais, visto que,
na UTI, são os elementos que mais atuam como "invasores" da intimidade do cliente.
Entretanto, pressupõe-se que a enfermagem tem dificuldade em contornar conflitos
gerados pela exposição corporal do cliente, também sente desconforto e que o sexo do
cuidador influencia a reação do cliente (24).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressalta-se que a ética no contexto da UTI é de extrema relevância para a
formação do profissional de enfermagem, pois lidamos com vidas, pacientes que
apresentam todo o contexto diante da realidade em que está inserido.
A Enfermagem não presta assistência somente a corpos ou doenças, mas as
pessoas que apresentam/apresentavam vida social/ afetiva/familiar. É inadmissível que
ainda nos dias atuais não exista respeito ou cuidado digno com o próximo,
principalmente quando se está fora de possibilidades terapêuticas.
Diante do contexto citado, faz-se necessário a inclusão da educação permanente
dos profissionais de enfermagem da UTI sobre os aspectos éticos, como exemplo a
administração de medicamentos, pois sabemos que é de caráter totalmente antiético
administrar um medicamento e simplesmente não saber a razão de sua utilidade.
Os resultados desta revisão evidenciaram que a abordagem da ética no contexto
da Unidade de Terapia Intensiva é de extrema relevância para o planejamento das ações
de enfermagem direcionadas ao cuidado humanizado ao paciente visando alcançar
resultados efetivos.
Portanto, o tema estudado é de extrema importância para que se possa prestar
uma assistência de Enfermagem de qualidade seguindo os preceitos éticos do cuidado
ao paciente diante de situações críticas.
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