SOUZA, Sandoélia Barbosa (2021)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CAMPUS – SOBRAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA E


POLÍTICAS PÚBLICAS
MESTRADO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

Nº DE INSCRIÇÃO

O PAPEL DO PSICÓLOGO NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

NARA MARIA FORTE DIOGO ROCHA

FRANCISCA DENISE SILVA VASCONCELOS

SOBRAL – CE
2022
RESUMO

No Brasil, a psicologia é caracterizada por sua influência na elaboração dos princípios


pedagógicos, durante todo o século XX, mesmo sendo considerada uma trajetória controversa
e complexa, a mesma deixa explicita a importância desta ciência enquanto área científica e
profissional para a instituição escolar. Uma questão bastante pertinente a ser discutida neste
cenário corresponde à situação de vulnerabilidade social de milhões de alunos da escola
pública brasileira, que influencia diretamente no processo de ensino-aprendizagem,
apresentando-se como foco de atuação necessário deste profissional. Diante desta perspectiva
o presente estudo tem como principal propósito analisar a importância do profissional da
psicologia no ambiente escolar como agente de mudança dentro e fora da sala de aula,
objetivando uma educação mais inclusiva para alunos em situação em vulnerabilidade social.
Esta pesquisa pretende, a partir da análise das políticas públicas, implementar práticas
psicológicas inclusiva na construção de uma educação emancipatória desenvolvidas pela(o)
psicólogos(as) escolares, de forma que os objetivos gerais almeja compreender as
contribuições da prática pedagógica libertadora na vivência do psicólogo escolar no processo
de inclusão educacional no município de Crateús-CE.Os objetivos específicos pretende
contextualizar a prática pedagógica progressista libertadora defendida por Paulo Freire;
Discutir sobre o processo de inclusão/integração educacional; Debater a relação entre a
psicologia escolar e os processos de inclusão social; Elaborar, com base nos dados levantados,
um e-book de auxílio para atuação profissional dos psicólogos (as) escolares.A metodologia
adotada neste trabalho consistira-se em uma pesquisa qualitativa, por meio de uma pesquisa
de campo, entrevistas semiestruturadas e questionários que, conforme Minayo (2010) trabalha
com significados mais profundos das relações sociais, trazendo à tona a história, os motivos
das crenças, dos valores e das atitudes dos indivíduos na sociedade. E se fundamentará com
base nos dispositivos legais para dá suporte as discussões, será pertinente realizar uma revisão
bibliográfica através da busca de referências nas bases de dados científicas: SciELO,(Brasil
Scientific Eletronic Library Online) Pepsic (Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia) e
BVS(Biblioteca Virtual em Saúde) que regulamentam a matéria e também nos pressupostos
de autores dos quais se destacam Freire (1987), Mantoan (2003), Patto (1999), Petroni
(2006)dentre outros. Ao longo do primeiro capítulo realiza-se uma breve contextualização
político-educacional da temática, no qual serão apresentados os fundamentos históricos, legais
e políticos da psicologia educacional numa perspectiva de Educação Inclusiva. O segundo
capítulo faz uma releitura do conceito de integração e inclusão escolar e os diversos
significados dados à inclusão e suas muitas possibilidades e, ainda, como a escola e os seus
profissionais psicologia escolares, abordam as questões pedagógicas sob a ótica da educação
inclusiva e não da educação especial. O último capítulo apresenta uma proposta de
intervenção para o aprimoramento das políticas públicas de educação inclusiva e a
importância do papel do psicólogo escolar no município pesquisado e também direciona
encaminhamentos que visem a melhorar a operacionalização dessas políticas na Rede
Municipal de Ensino de Crateús Ce, a partir das práticas exitosas que serão constatadas na
pratica da psicologia escolar .

Palavras-Chave: Psicologia. Educação. Inclusão.

INTRODUÇÃO

O histórico do sistema educacional público brasileiro é “marcado pela evasão de


uma parte significativa dos seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso por privações
constantes” (MANTOAN, 2003, p. 18), carências materiais e psicológicas oriundas de uma
vida sem dignidade, transmitida de geração a geração, de forma oculta, em comum acordo
entre as partes: oprimido e opressor. Relação a qual Freire (1989) atribui a uma “conivência”
inconsciente de medo e submissão do marginalizado em relação a seu algoz, como resultado
da baixa autoestima e insegurança emocional características de pessoas em vulnerabilidade
social.
Neste contexto, fica evidente o grande desafio no âmbito educacional brasileira no
século XXI, uma vez, que seja quase impossível avançar junto à educação, quando não existe
de forma simultânea, iniciativas efetivas de erradicação da pobreza e da marginalização. A
educação é um direito subjetivo, e deveria atuar de forma a garantir o atendimento necessário
para a singularidade de cada aluno, por isso devem-se priorizar políticas de equidade na
educação brasileira. Assim, além do desigual sistema de ensino, muitos jovens e crianças se
deparam com vulnerabilidade econômica.
A escola contemporânea caracteriza-se por receber toda e qualquer pessoa, porém,
é necessário sempre atentar às diferenças e com isso dedicar uma atenção especial àqueles que
são mais vulneráveis à exclusão. Por conta disso, a escola deve ter em seu quadro de
profissionais diversos especialistas, entre eles, o psicólogo que poderá fazer uma diferença
significativa com relação ao desenvolvimento de um trabalho eficiente no ambiente escolar,
pois o mesmo é capacitado para atender as diferentes demandas que possam surgir durante o
processo de escolarização dos alunos.
Dentro deste cenário educacional, uma questão bastante discutida é a atuação da
psicologia junto à prática pedagógica, como instrumento mediador de ações sociais
transformadoras que poderia surgir como possibilidade de uma “produção de um
conhecimento ainda não utilizado pela profissão, um conhecimento que subsidiam técnicas,
mas que pudesse ser maleável a ponto de adequar-se à pluralidade da população brasileira”
(Dantas et.al. 2010, p. 02).
Célebre professor Paulo Freire tem como base temática de seu trabalho pedagógico o
analfabetismo, visto pelo autor como uma herança sociocultural reproduzido erroneamente na
instituição escolar. Diante desta narrativa histórica a perspectiva Freireana propõe o
rompimento com as concepções educacionais corretivas e moralizantes, que vislumbram os
problemas sociais, como a própria pobreza, apenas a partir de uma visão moral, o que, de
acordo com Freire (1987), só seria possível apenas através de uma nova concepção de
educação a “Educação Libertadora” que incomoda e questiona as teorias fatalistas e
consequentemente conformismo.
As contribuições advindas do pensamento de Paulo Freire consolidaram não apenas a
construção de uma nova e específica metodologia pedagógica para as camadas mais pobres da
população, como também trouxe luz ao problema da humanização versus desumanização e
“coisificação” do ser humano perante a sociedade (MEDEIROS, 2013). Diante disso, surge a
“Pedagogia do Oprimido”, “entendida como uma Pedagogia Humanista que luta pela
humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como
pessoas, como seres para si” (MEDEIROS, 2013, p.129).
Para isso, Freire (1987) prioriza a existência de “uma relação dialógica” crítica e
amorosa, enquanto instrumento metodológico, entre educando e educador, baseado na
compreensão da realidade a partir das perspectivas de mundo do aluno, formulado por suas
vivências, valores e linguagens, capaz de despertar a consciência e consequente a intenção e
vontade de querer agir.
Esta realidade evidencia o nascimento da opressão como um ato violento que envolve
a todos, e segue em ciclo repetitivo o qual precisa ser quebrado. Enquanto isso não acontece,
este ciclo de violência é reproduzido “de geração a geração de opressores” (FREIRE, 1987,
p.25), tal herança torna seus sucessores cada vez mais “possessivos” (idem, p.25) com
“consciências necrófilas” (idem, p.25) em relação a tudo que o ambiente oferece inclusive a
outros indivíduos, reduzindo tudo que existe a coisa que deve ser de sua propriedade.
Neste ambiente de conflitos Paulo Freire acredita que haja a naturalização e interiorização da
opressão pelo próprio oprimido, pois ele desconhece sua condição de sujeição imposta pela
sociedade, e acontece o que o autor chama de “aderência ao opressor”, ou seja, quando existe
a possibilidade do oprimido sair da condição de oprimido só lhe resta ser opressor.
No entanto, para que aconteça a libertação de fato do oprimido enquanto ser humano é
imprescindível que ele tenha consciência do seu lado opressor, também chamado por Freire
de “hospedeiro”, somente após este reconhecimento o oprimido livra-se da opressão, ele não
se tornará mais opressor e sim um “’homem novo”, um homem realmente livre das
imposições contradições dominantes. (FREIRE, 1987)
O mesmo conclui afirmando que: “ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta
sozinho: os homens se libertam em comunhão” (Idem, p.29), assim Freire (1987),
vislumbrando a essência social do ser humano, reafirma a necessidade da harmonia entre eles
para que então seja possível a libertação deste ciclo de opressão, que só pode acontecer
mediante uma educação conscientizadora. Esta educação libertadora, baseada na ação
reflexiva e dialógica contraria a então educação tradicional vigente, a qual Freire passa a
conceituar como uma educação alienada e alienante (FREIRE, 2007).
Diante disso a teoria pedagógica Freiriana que contraria o modelo educacional
opressor vigente, vislumbra uma perspectiva emancipadora e comprometida com a
transformação sócio-política do oprimido, sendo considerado por alguns estudiosos, um
instrumento de mudança e de compromisso democrático para com a nação (BITTAR,2008).O
trabalho de Paulo Freire representa um pensamento conciliador das massas populares mais
vulneráveis através da sua conscientização, como também direciona a escola a
responsabilidade intransferível de induzir a reflexão e ação critica submetidas ao interesse
desta classe.
Uma educação baseada na tomada de consciência dos direitos sociais e políticos são
capazes de mudar as desigualdades sociais, e consequentemente desconstruir visão
desumanizada da população mais carente. A proposta Freireana de defesa da educação como
um instrumento de luta social pelo direito à liberdade, à igualdade, ao diálogo, a
conscientização e autonomia para todo cidadão brasileiro, também pode ser vista como
abordagem sutil e precisa da inclusão escolar.
Assim “Lutar contra a marginalidade através da escola significa engajar-se no esforço
para garantir aos trabalhadores um ensino de qualidade necessário para a compreensão das
condições históricas atuais” (SAVIANI, 2005, p. 35). Para tanto, o processo de ensino deve
romper abordagens excludentes, utilizadas ao longo da história como um instrumento cruel de
dominação, fundamentado por muito tempo por concepções científicas psicossociais de
opressão e coação, que culpabilizam e desapontam o oprimido o tornando mais vulnerável e
fraco. Neste contexto de contradição, Santos (1995) apud Matoan (2003, p.21) conclui que “é
preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e
o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza”.
Vale ressaltar que a pluralidade escolar significa diferenças, assim, depende dos
aspectos culturais e principalmente econômicos, tal diversidade pode se transformar em
preconceito e desigualdade, legitima do pela propagação do discurso de ódio dos opressores.
Para isso que a psicologia escolar e o compromisso do profissional de psicologia são
necessários para que tenhamos uma educação democrática e emancipatória, mesmo
entendendo a trajetória histórica da relação entre educação e psicologia que acontece tanto de
maneira sutil, como de forma controversa e complexa, esta união entre educação e psicologia
teve como principal proposito ressaltar a importância da psicologia, enquanto área cientifica e
profissional no contexto escolar; entretanto, inicialmente esta atuação passa apenas a
reproduzir conceitos preestabelecidos pela classe dominante, ratificando temáticas seletivas
eu adequa o aluno a determinado modelo visto como padrão social ( PATTO;PEDROZA,
2013).
Nesta linha de raciocínio é destinada à escola a função da educação formal, local
onde ocorre a transmissão dos conhecimentos adquiridos e construídos pela humanidade ao
longo dos tempos, a sua função vai além de repasse de informação, pois deve preocupar-se
também com a formação integral do sujeito.
À escola é confiada, a formação das crianças assim como sua ampliação de
competências e habilidades preparando-as para atuar no meio social no qual serão inseridas
tais instituições desenvolvem assim sua função social, através da mediação do educador,
expondo crianças a um contato que ocorre naturalmente, com inúmeras atividades mentais e
complexas.
Neste âmbito social “estariam o tipo de cultura, as condições e relações político-
sociais e econômicas vigentes, o tipo de estrutura social, as ideologias dominantes e as
relações explícitas ou implícitas desse aspecto com a educação escolar” (WEISS, 2008, p.16).
Quando este aluno chega à escola, está envolto pelas vivências que ele teve na primeira
instituição social que é a família e das relações familiares e da sua comunidade, determinantes
para o seu desenvolvimento. O papel social da escola e seu propósito continuam o mesmo ao
longo dos anos, mas a forma de atuação tem se modificado para adaptar-se ao modelo
econômico, social e histórico vigente.
De modo que, nas últimas décadas a escola passa a representar um espaço
privilegiado, um lugar de encontro não apenas com conhecimentos teóricos, mas com o outro,
“um espaço democrático e competente para trabalhar com todos os educandos sem distinção
de raça, classe, gênero ou características pessoais, baseando-se no princípio de que a
diversidade deve não só ser aceita como desejada” (LAPLANE, 2006, p. 40), ação está
imprescindível para a concepção e efetivação da inclusão social.
Assim, entende-se a educação inclusiva como uma urgente necessidade. No
entanto, é essencial que a inclusão escolar não seja reduzida unicamente a visão peculiar de
educando com deficiência, e sim como conceito inerente “à satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem”, essencial para a “eliminação das barreiras à aprendizagem e a
participação de todos no sistema educativo” (MATTOS, 2012, p.01).
A inclusão evidencia-se na participação de forma efetiva, ou seja, atuação com
poder de decisão, de todos os indivíduos da sociedade, para isso, é primordial que a inserção
da criança na escola, aconteça de forma plena, sendo aceita e respeitada, independentemente
de suas experiências socioculturais, o que passa a garantir sua permanência na sala de aula.
A escola também tenta administrar essa diversidade e realidades tão singulares e
ainda as dificuldades de aprendizagem com as quais o educador irá lidar, buscando
diversificar as situações de aprendizagem para mediar o processo de ensino-aprendizagem.
Entretanto, este tema ainda gera discussões e divergências teóricas. Muitos
estudiosos defendem a ampliação da inclusão escolar para todos sem nenhuma exceção. E
outros pesquisadores ressaltam o despreparo da escola contemporânea, ratificado pela
resistência de muitos profissionais da área de educação em relação à inclusão, e assim cogita-
se a necessidade de reformulação e inovação do sistema que possibilite o desenvolvimento
sócio afetivo e cognitivo de todos, de forma realmente efetiva e integral (DECHICHI, 2008).
Mantoan (2003) ressalta que o atual paradigma de inclusão educacional provoca
“uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a
identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno”
(MANTOAN, 2003, p. 20), ou seja, o parâmetro de homogeneidade apresentado na escola
inclusiva atual não possibilita o educando apresenta identidade singular.
Como enfatiza Freire (2007, p.38) “o destino do homem deve ser criar e
transformar o mundo, sendo [ele próprio] o sujeito de sua ação”, sendo possível apenas com
uma educação emancipadora e democrática que garanta o direito à diferença, e
consequentemente a libertação da opressão dominante. Diante do exposto, constata-se a
relevância da minha pesquisa na contribuição e atuação do psicólogo no processo de
escolarização, ao fortalecer processos democráticos e participativos baseados na pedagogia
libertadora de Freire que possibilita que ocorra o desenvolvimento do empoderamento do
excluído, o que por sua vez, não pode ser vislumbrado como uma condição utópica, pois
existem meios de efetivá-la.
A prática interventiva da psicologia no âmbito escolar atua na valorização do ser
humano desenvolvendo o poder do indivíduo, por vezes excluído, de falar em seu próprio
nome, capacidade que deve ser vista como uma condição de sobrevivência dos indivíduos
ainda oprimidos, privados de pensar e agir, sobrevivendo sem nenhuma dignidade, o que
provoca sua desumanização e consequentemente o torna invisível aos olhos da sociedade.
Sendo observadas ainda, inúmeras ponderações acerca da temática, principalmente em relação
à necessidade de reformulação das obrigações no âmbito escolar e reestruturação acadêmica
deste profissional.
Tal busca consiste na reformulação de conceitos teóricos e de práticas
interventivas no meio escolar, que exclua as medidas de remediação educativa, e passe atuar
no espaço escolar forma reflexiva e libertadora, contribuindo para a transformação deste
espaço. E na superação que possibilita novas adaptações essenciais para o reequilíbrio e
continuação evolutiva da história da psicologia escolar.
Vale ressaltar que a função emancipadora e democrática de libertação atribuída à
educação, sobre a qual Paulo Freire diz “Educação não transforma o mundo. Educação muda
às pessoas. Pessoas transformam o mundo”; mudança que pode ser compreendida na atual
relação entre escola e psicologia capaz de proporcionar à comunidade escolar, oportunidades
para a construção de um conjunto de saberes e habilidades, a possibilidade de novas e
diferentes concepções teóricas consolidadas acerca da função da psicologia escolar e
educacional.
Neste sentido, o trabalho do psicólogo faz-se necessário, para contribuir
juntamente com família e professores e o próprio indivíduo, para que sejam enfrentadas as
dificuldades, bem como, percebê-lo como um ser com inúmeras possibilidades de desenvolver
suas capacidades, para que dessa forma possa prosseguir rumo à sua formação integral, como
sujeito capaz de analisar sua realidade social, histórica e cultural, criando possibilidades para
modificá-la.

Diante desta perspectiva a presente pesquisa será construída sobre a seguinte questão:
como o profissional da Psicologia tem contribuído ou pode contribuir para a manutenção ou
implantação de práticas pedagógicas mais inclusivas? A elaboração deste estudo tem como
principal propósito analisar a importância do profissional da psicologia no ambiente escolar
como agente de mudança dentro e fora da sala de aula.
Com isso, esse estudo visa demonstrar a relevância dessa temática da educação
libertadora a partir do olhar do psicólogo, para provocar reflexões e discussões sobre a prática
dos mediadores de aprendizagem, para que despertem para uma maior valorização desta área,
apresentando propostas estratégicas de intervenção, assim como resultados, articulando
espaços e oportunidades que favoreçam aquele que está em processo de crescimento.

OBJETIVO GERAL

 Compreender as contribuições da prática pedagógica progressista libertadora na


vivência do psicólogo escolar no processo de inclusão educacional no município de
Crateús-CE.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Contextualizar a prática pedagógica progressista libertadora defendida por Paulo


Freire;

 Discutir sobre o processo de inclusão/integração educacional;

 Debater a relação entre a psicologia escolar e os processos de inclusão social;

 Elaborar, com base nos dados levantados, um e-book de auxílio para atuação
profissional dos psicólogos(as) escolares.

METODOLOGIA

A pesquisa será estruturada na abordagem metodológica qualitativa, que, conforme


Minayo (2010) trabalha com significados mais profundos das relações sociais, trazendo à tona
a história, os motivos das crenças, dos valores e das atitudes dos indivíduos na sociedade.
Soma-se a essa pesquisa a abordagem teórica empírica que Flick (2010) denomina a partir dos
conhecimentos oriundos do cotidiano e a resolução de problemas que possa evidentemente se
tornar o ponto de partida para o desenvolvimento da teoria e para a pesquisa empírica, ou seja,
são as que mais aprofundam o conhecimento da realidade, pois têm como finalidade explicar
através da práxis os fenômenos sociais.
Nesta perspectiva, o local para a investigação será na secretaria de educação do
município de Crateús, que conta com uma equipe de psicólogos escolares que auxiliam as
escolas municipais. A equipe conta com 8 psicólogos (as) escolares no qual desenvolvem
atividades voltadas para a integralização e processos de ensino e aprendizagem dos
alunos(as). Assim, pretendo investigar como se dá a contextualização da pratica pedagógica
com as vivências dos alunos, a relação entre escola e sociedade, a permanência sobre o
contexto educacional, a provocação para produzir uma formação humana e ética na
perspectiva de diminuir as desigualdades que permeiam a sociedade. E também como a
educação municipal pode construir um elo entre a teoria e a prática.
Para tanto, recorrerei à entrevista semiestruturada com os psicólogos escolares, como
técnica de coleta de informações, uma vez que, as entrevista semiestruturadas, são preparadas
várias perguntas abertas e fechadas que cobrem o escopo pretendido da entrevista (FLICK,
2013). Assim, com um roteiro baseado nos objetivos da pesquisa, adotarei os seguintes
critérios de inclusão: 1) os psicólogos (as) escolares que atuem na educação básica, 2)
psicólogos (as) escolares vinculados a rede municipal de ensino, 3) psicólogos (as) escolares
com mais de 6 meses de experiência. E como critérios de exclusão: 1) não participarão os
psicólogos (as) clínicos e organizacionais, 2) os psicólogos (as) que não estão ligados a
secretaria de educação diretamente.
Proponho realizar uma oficina de formação alinhando prática pedagógico libertadora
de Paulo Freire e a prática do psicólogo escolar, trazendo investigação da realidade educativa,
cultural, social e econômica que cerca os alunos.
Para dá suporte as discussões, será pertinente realizar uma revisão bibliográfica
através da busca de referências nas bases de dados científicas: SciELO,(Brasil Scientific
Eletronic Library Online) Pepsic (Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia) e
BVS(Biblioteca Virtual em Saúde) concretizando-se através de uma apreciação crítica do
material científico elaborados por autores como: Freire (1987), Mantoan (2003), Patto (1999),
Petroni (2006)dentre outros. O material científico disponibilizado e selecionado em tais bases
de dados será obtido partir de estudo dos termos padronizados: Psicologia Escolar, Educação
libertadora e Inclusão.
Para a análise dos dados, será lançada mão de uma análise de conteúdo envolvendo e
considerando o contexto psicossocial e cultural do material pesquisado. Segundo Bardin
(2011) uma análise de conteúdo não deixa de ser uma análise de significados, ou seja, a
função primordial da análise do conteúdo é o desvendar crítico.

PRODUTOS DE TÉCNICOS POTENCIAIS

O produto técnico desta pesquisa será um material didático, ou seja, um e-book para
auxiliar no processo de orientação dos psicólogos (as) escolares. No sentido, que possam
nortear sua prática profissional levando em consideração um reposicionamento no que toca
uma nova postura na educação municipal capaz de consolidar aplicação da metodologia de
projeto numa visão libertadora e contextualizada com o meio, onde os alunos estão inseridos.
A fundamentação teórica, a analise das entrevistas, bem como o diálogo com os
psicólogos da área escolar, certamente constituirão elementos imprescindíveis para a
elaboração dos pressupostos que orientam a metodologia de psicologia de projetos.
A proposta do e-book deverá atender as necessidades dos psicólogos escolares para
poderem auxiliarem os professores de como respeitar a diversidade cultural e religiosa, propor
várias atividades desafiadoras aos alunos, estimular a superarem as dificuldades e a
desenvolverem a criatividade e autonomia através de diferentes formas de representação, e
através do conhecimento da vida da comunidade local, da pesquisa do meio como elemento
facilitador no processo de ensino e aprendizagem e através dessa pratica possa encontrar
caminhos para emancipação.
No desenvolvimento usarei de diferentes textos, entrevista, trazendo a fala dos
psicólogos escolares, leituras e praticas psicológicas para o desenvolvimento (valorização dos
saberes, da cultura e das vivencias de sujeitos), ou seja, a proposta do e-book é fomentar
possibilidades reflexivas a partir destes escritos, gerando debates acerca do psicólogo escolar
e sua atuação como agente transformador. O e-book será uma oportunidade de divulgação de
pesquisa da psicologia escolar e educacional, mesmo que durante muito tempo permaneceu a
ideia a prática do psicólogo escolar como uma pratica meramente clinica, essa pesquisa
pretende mostrar a importância concreta da atuação desse profissional e mostrar que a
psicologia tem produzido no campo educacional.
Também será destinada a alunos de graduação, especialização, com interesses no
campo da psicologia escolar e nos temas transversais aqui apresentados. Ademais, a pesquisa
também poderá acolher as docente, podendo, inclusive, auxiliar os futuros ingressantes na
psicologia, seja em seus ingressos, seja na fase inicial de descoberta de suas pesquisas. A
intenção é que os escritos aqui apresentados possam inspirar reflexões sobre a psicologia
escolar e, quem sabe, novas possibilidades de pesquisa.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ANO 2022 2023 2024

ATIVIDADES/ 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5
MESES

Cursar as x x x x x x X x x x x x x x x x x x x x x
disciplinas exigidas

Aperfeiçoamento x x x x x
do Projeto de
Pesquisa

Busca nas bases x x X x x

Escrita e Análise x x x x
dos dados
levantados

Submissão no x x x x
Comitê de Ética

Pesquisa de Campo x x x x x x x x x x x x x x

Entrevistas x x x x x x x x x x x x

Escrita e Análise x x x x x x X x x x x x x x
dos dados
levantados

Qualificação x

Elaboração da x x x x x x x x x x x x x
dissertação

Revisão geral x x x x x x x x x x x x x x

Defesa da x
dissertação

REFERÊNCIAS
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exclusão social. Ijuí: Unijuí, 1988. p. 9-44.
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CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto /
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DANTAS, C. M. B.; OLIVEIRA, I. F.; YAMAMOTO, O. H. Psicologia e pobreza no Brasil:


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