Curso de Apneia 1

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História do mergulho 1

"Os seres humanos estão prestes a voltar ao mar, como alguns mamíferos
fizeram há poucos milhões de anos, para se tornarem focas, toninhas e
baleias? Na ausência de drásticas mutações anatômicas e fisiológicas, é
bastante improvável. Nossa silhueta, membros, pulmões, coração, veias e
artérias; nossa gordura e fígado; nossos rins, pele, sangue - tudo teria de ser
modificado de maneira radical para que pudéssemos ficar submersos por
semanas ou meses a fio, sem morrer de exposição ao frio, sem perder a pele
ou ser compelido a voltar com uma freqüência excessiva à superfície em busca
de ar. Apesar da recente popularidade das atividades do mergulho, não há
qualquer indicação de que no grande esquema de evolução os homens
estejam programados para se tomar criaturas marinhas.”

“Contudo, à sua maneira, que é artificial, o homem está preparando seu


retorno ao mar.”

“Compensa a falta de gordura isolante pelo desenvolvimento de melhores


trajes de mergulho. Empenha-se para aperfeiçoar os equipamentos de
respiração e compreender a fisiologia do mergulho. Já passou um mês inteiro
em colônias submarinas. É o proprietário orgulhoso e usuário de dezenas de
submersíveis de exploração, já desceu em batiscafos além das profundezas
alcançadas pelos cachalotes. O homem não pode voar. E não pode mergulhar
muito bem. Mas conquistou o ar, a lua e a mais profunda fossa oceânica.”

“Os esforços do homem para penetrar no elemento estranho que acalentou


seus ancestrais remontam aos tempos mais antigos. Em portos do leste do
mediterrâneo, nas águas quentes do golfo Pérsico e Oceano Índico, em ilhas
dispersas do Pacífico, até mesmo nas águas geladas da Terra do Fogo, o
homem já mergulhava antes mesmo que houvesse escribas registrando seus
feitos. Esses mergulhadores primitivos eram ao mesmo tempo práticos e
místicos. Das águas misteriosas traziam alimentos e tesouros, além de
histórias fantásticas que mantiveram viva a mitologia - pérolas, corais e
histórias de monstros, esponjas e lendas de sereias.”

“Através do conhecimento empírico, esses pioneiros aperfeiçoaram o mergulho


nu, alcançando profundidades de 50 a 65 metros, em mergulhos que duravam
dois minutos, ás vezes mais. As técnicas eram transmitidas de geração a
geração. Foi somente no começo do século XX que a tecnologia e a ciência
puderam melhorar esses métodos e desenvolver o equipamento

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necessário para abrir todo um mundo novo ao homem. O progresso no
mergulho foi veloz e coincidiu com as explosões, demográfica e industrial.”

"Os primeiros mergulhos efetuados por homens ou seus ancestrais


antropóides foram provavelmente em busca de alimento. No começo eles
recolhiam ostras ou mariscos na maré baixa, depois entraram no mar e foram
se aventurando cada vez mais fundo. Mais tarde, as conchas passaram a ser
usadas também como decoração. Figuram entre os artefatos mais antigos
encontrados pelos arqueólogos. Já em 4500 a.C. havia mergulhadores
recolhendo madrepérola, como se pode comprovar pelos ornamentos nas
paredes de Bismaya.”

“As façanhas mais bem registradas são as mediterrâneas, onde os gregos


recolheram esponjas desde tempos imemoriais. Aristóteles descreveu o valor
de esponjas a soldados que a usavam para amortecer as armaduras
pesadas.”

“No século V a.C. dois famosos mergulhadores da antigüidade, Sília de Sione


e sua filha Ciana, mergulharam para cortar os cabos das âncoras dos navios
de guerra do rei persa Xerxes. Houve uma terrível tempestade, os navios
encalharam e afundaram. Sília e Ciana tornaram a mergulhar para saquear os
destroços.”

“Durante o sítio de Alexandre o Grande à Ilha-fortaleza de Tiro, em 332 a.C. Os


mergulhadores foram usados para destruir as defesas submersas dos fenícios.
Alexandre teria observado a operação, submergido num barril de vidro ou sino
de mergulho.”

“As japonesas figuram entre as mulheres mais liberadas do mundo em tudo


que se relaciona com o mar. As mergulhadoras amas operam na Coréia e
Japão há pelo menos 1.500 anos. Já foram pescadoras de pérolas, mas hoje
as trinta mil praticantes mergulham quase exclusivamente em busca de
alimentos. No passado, ambos os sexos empenhavam-se no mergulho, mas
hoje bem poucos homens praticam essa arte. Como as mulheres possuem
camadas adicionais de gordura por de baixo da pele, que as protegem dos
efeitos da água fria, os homens em sua maioria ficam relegados ao papel de
ajudá-las, tripulando os barcos.”

“Talvez mais importante do que a diferença fisiológica, no entanto, seja o


treinamento que as mulheres recebem. Podem começar quando estão com
onze ou doze anos e às vezes elas continuam a mergulhar até a casa dos
sessenta anos.”

“Mergulhar exige bem pouca força muscular, mas grande flexibilidade do corpo
e muita resistência ao frio. “Assim, as mulheres são perfeitas para o

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mergulho, hoje como ontem.”

“O homem é um animal tecnológico e ao longo dos séculos criou muitos


artefatos para complementar sua capacidade limitada de mergulhar e sua
total incapacidade de respirar debaixo d'água.”

Até a invenção do aqualung, os artefatos para se respira abaixo d'água tinham


muitas desvantagens. Para que o ar fosse respirado na mesma pressão da
superfície, o mergulhador precisava estar fechado numa carapaça, protegido
da água e dos efeitos da pressão. Com a invenção da bomba de ar
comprimido, o homem podia se movimentar pelo leito do oceano a maiores
profundidades e por períodos mais prolongados, mas ainda estava preso á
embarcação na superfície por cabos e correntes; ainda era um animal
acorrentado.

A maioria dos projetos antigos, até mesmo os de Leonardo da Vinci, era


fantasiosa demais, além de impraticáveis. Em 1715, por exemplo, John
Lethbridge descreveu sua caixa de couro com cavas em que alegava ter
descido a “dez braças muitas centenas de vezes” - um feito impossível.

Em 1715, um inventor inglês, John Lethbridge, projetou este


implausível aparato blindado para mergulhos. Alegou ter descido a
dez braças no tanque lacrado centenas de vezes - um feito impossível.

Teoricamente, os problemas de trabalhar debaixo d'água poderiam ser


resolvidos por um traje de mergulho articulado. Os projetos antigos usavam
pregas de couro como as de um acordeom para as articulações, mas sempre
endureciam e encolhiam sob a pressão. O primeiro traje bem-sucedido,
patenteado em 1913, combinava articulações de bilhas e esfera para

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aumentar a flexibilidade. Não obstante, durante a primeira operação de
resgate bem-sucedida em mar profundo (120 metros), em 1931, os
mergulhadores logo abandonaram os trajes de mergulho. Em vez disso,
sentaram-se em câmaras de mergulho e orientaram manipuladores baixando-
os da superfície para recuperar 95% do ouro transportado pelo S.S. Egypt.

Quatro anos antes da publicação do clássico de Júlio Verne, Vinte Mil Léguas
Submarinas, Benoît Rouquayrol e Auguste Denayrouze produziram um artefato
que permitia ao mergulhador armazenar uma pequena quantidade de ar
comprimido nas costas, desligar a mangueira de ar que o ligava à superfície e
andar livre pelo leito do oceano. A liberdade era de curta duração e o sistema
primitivo, mas esses primeiros passos foram dados em 1865. “A chave do
artefato de Rouquayrol e Denayrouze era um regulador que ajudava a
controlar o fluxo de ar do reservatório submarino para a boca do
mergulhador.”

"Houve outros passos, certos e errados, ao longo do caminho. Um deles foi o


aparelho de respiração de oxigênio, inventado por Remi Fleuss em 1878. O
sistema fornecia apenas oxigênio ao mergulhador e suas exalações eram
filtradas através de um agente químico, a fim de expurgá-las do dióxido de
carbono. Na segunda Guerra Mundial os homens-rã usaram esse sistema,
que provavelmente levou-os aos limites, descobrindo que o oxigênio puro sob
pressão causa convulsões perigosas e que os mergulhos prolongados de

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oxigênio só eram seguros perto da superfície, a uma profundidade não superior
a sete metros.”

“Dez anos depois, outro francês, George Cornheines, testou um regulador


semi-automático, preso a um recipiente de ar comprimido. Era uma versão
modificada do aparelho de respiração usado pelos bombeiros em atmosferas
tóxicas. Infelizmente, Cornheines morreu num dos seus primeiros mergulhos.
A esta altura, Emile Gagnan e eu já trabalhávamos em nosso aqualung
totalmente automático, que fornecia ar sob demanda ao mergulhador,
exatamente na pressão apropriada. Estávamos no limiar da verdadeira
liberdade sob o mar.”

"O aqualung é baseado no principio do sistema de respiração de circuito


aberto, que permitia que o ar exalado escapasse para o oceano; trata-se de um
desperdício de oxigênio, é claro, mas é apenas o preço da simplicidade e
segurança.”

“No sistema, os cilindros de ar comprimido são carregados nas costas. O ar


passa do recipiente por uma válvula de controle, que baixa sua pressão para
cerca de 7 kg / cm² acima da pressão ambiente. O ar passa em seguida pela
válvula de demanda, operada por uma membrana que é submetida, do
exterior, à pressão da água ao redor. O ar no interior da membrana é logo
igualado com a pressão hidrostática. Cada inalação exerce uma pequena
depressão na superfície ampla da membrana, que atua como uma força
multiplicadora e abre a válvula: o ar é fornecido ao mergulhador. Quando ele
exala, a membrana torna a cair, uma mola fecha a válvula e o ar para de fluir.
O ar exalado escapa livremente pela água, através de uma válvula de
descarga só de saída, nunca se misturando com o ar a ser inalado. Um
sistema de advertência simples alerta o mergulhador quando o suprimento de
ar está baixo, com a garantia de uma reserva suficiente para o retorno à
superfície.”

"O equipamento de mergulho abriu a última fronteira do planeta à exploração


de aventureiros, fotógrafos, executivos e donas-de-casa. O mundo dos
peixes é agora o nosso mundo também. Desde a introdução do aqualung, o
esporte da exploração submarina conquistou milhões de adeptos só nos
Estados Unidos. Mergulhar é um esporte desafiante, singular na medida em
que combina o uso da habilidade e força com autocontrole e apreciação
estética - exercício físico com oportunidades educacionais. Não há ninguém
que mergulhe numa área de vida marinha abundante que possa resistir á
necessidade de aprender mais sobre o novo mundo que contempla diante de
seus olhos."

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Sistema desenvolvido por Emile Gagnan e Jaques-Yves Cousteau.

Como funciona a válvula reguladora: A inalação reduz a pressão na câmara (A)


por cima da membrana (B), fazendo-a levantar. A alavanca (C) ativada por
essa membrana permite o fluxo de ar através da válvula de baixa pressão (D).
Uma redução na pressão ocorre dentro da câmara (E), abrindo a válvula
reguladora de alta pressão (F) e permitindo o fluxo de ar para o mergulhador. O
ar expirado flui por uma válvula só de saída (G) para a câmara (H), que é
aberta para a água através de orifícios (linhas pontilhadas).

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Certificadoras 2

As certificadoras existentes espalhadas pelo mundo são entidades tais como


sociedades, associações, corporações, federações e confederações, que tem
por objetivo a padronização na instrução do mergulho autônomo. Cada qual
possui seu próprio programa na formação porem todas seguem um padrão
mínimo comum a formação de um futuro mergulhador. As operadoras filiadas
a uma ou mais entidades costumam exigir que o mergulhador que dela se
utilize seja filiado à mesma, ou pelo menos a outra entidade reconhecida por
ela. Existem ainda outras entidades, que se dedicam aos estudos da fisiologia
hiperbárica, sindicatos, etc. Que nada tem haver com certificadoras. Abaixo
algumas das entidades existentes no mundo:

CMAS - Confédération Mondiale des Activités Subaquatiques CBPDS


- Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquática PDIC -
Professional Diving Instructors Corporation
TDI - Technical Diving International

NAUI - National Association of Underwater Instructors


PADI- Professional Association of Diving Instructors SSI -
Scuba Schools International
UHMS - Undersea and Hyperbaric Medical Society

NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration SINTASA -


Sindicato dos Trabalhadores Subaquáticos e Afins
Por definição mergulhador profissional é, todo tripulante ou não tripulante com
habilitação certificada pela autoridade marítima para exercer atribuições
diretamente ligadas à operação da embarcação e prestar serviços eventuais a
bordo ligados as atividades subaquáticas. A certificação referente ao
mergulho profissional fica a critério de cursos homologados pela DPC
(Diretoria de Portos e Costa), de acordo com as diretrizes estabelecidas nas
portarias 113/DPC, de 16 de dezembro de 2003 e nº 106/DPC, de 23 de
dezembro de 2004 que Aprovam as Normas da Autoridade Marítima para as
Atividades Subaquáticas, NORMAM-15/DPC sem a qual nenhuma escola esta
habilitada a formar mergulhadores profissionais no país.

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Equipamentos 3

- EQUIPAMENTOS

Os equipamentos abaixo citados, máscara, snorkel e nadadeiras, são aqueles


indispensáveis para pratica das atividades do mergulho, por esta razão há
este grupo de equipamentos convencionou-se chamar de EQUIPAMENTO
BÁSICO DE MERGULHO.

Máscara

Tem como objetivo adequar nossa visão, já que esta não está adaptada ao
meio aquático, criando um espaço de ar entre os olhos e a água. Variam
muito de acordo com os diversos fabricantes, estas podem ser em borracha
sintética ou silicone, transparentes, pretas ou coloridas, o importante é que
seu vidro seja sempre temperado. Quanto menor seu volume interno, mais
fácil a equalização da pressão interna da máscara com a pressão hidrostática
ambiente. Deve-se escolher a que melhor se adapte ao rosto, pois disto
dependerá sua perfeita vedação e conforto durante o mergulho.

Há três tipos básicos:

A ovalada; a de nariz moldado com visor único; e a de nariz moldado de visor


duplo.

As duas últimas são as mais recomendadas, pois geralmente apresentam um


volume interno pequeno e seu nariz moldado torna mais fácil a
compensação. As de visor duplo são melhores para aqueles que tenham
problemas visuais, pois, é mais fácil a troca do vidro por lentes corretivas (em
casas especializadas).

Procedimento na compra da máscara:


 Colocar a máscara na sua fase sem a tira posterior.
 Inspirar pelo nariz.
 A máscara deve permanecer grudada a face mesmo sem a tira, é a
comprovação da perfeita vedação.

Uma máscara é composta de:


 Lentes - Fabricadas com vidro temperado, de alto impacto,
proporcionando maior segurança.
 Corpo - Fabricado em silicone (transparente ou preto) ou borracha na
cor escura ou colorida. Deve assegurar uma perfeita adaptação ao

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rosto para evitar a passagem de água e também ter um espaço
confortável e flexível para o nariz, para ajudar na compensação.
 Armação - É a parte rígida onde a lente e o sistema de fixação e ajuste
da tira estão apoiados.
 Tira de ajuste do mesmo material do corpo.
 Fivelas para ajuste da tira.

Snorkel

É um tubo acoplado a um bocal que tem como função permitir a


respiração na superfície mesmo quando a cabeça esta voltada para
baixo, este é provavelmente o mais simples dos equipamentos de todo
conjunto, e o mais importante. Deve ser utilizado tanto em mergulho livre
(apnéia) como com equipamento autônomo. A escolha depende do
costume de cada mergulhador, no entanto recomenda-se que não seja
muito comprido ou fino (deve ter o diâmetro interno entre 1,7cm e 2cm, e
comprimento entre 7 e 12 cm) o que aumenta a resistência a respiração. O
indicado será sempre o mais simples possível, sem válvulas e sem
sistemas que possibilitam panes e a entrada de água durante o mergulho.
Outro motivo para não usar tubo com válvulas é que, embora para quem
experimente pela primeira vez as válvulas ajudem no esvaziamento do
tubo, elas tornam-se um tormento para quem quer afundar. Nas subidas
e descidas, o tubo vibra muito mais devido à dimensão dessas válvulas, o
que o torna muito desconfortável. O seu sistema de diafragma sofre
desgaste natural com o tempo e, portanto, a manutenção torna-se
onerosa. O bocal deve ser macio e anatômico para impedir a entrada de
água.

Deve ser preso à tira da máscara, por uma presilha e não passado sob ela,
prevenindo assim sua possível perda caso seja necessária a retirada da
máscara. Em situações especiais, onde possa atrapalhar o mergulhador
deslocando a máscara e acarretando seu alagamento, pode ser colocado no
bolso do colete.

Nadadeiras

É o equipamento que permite a propulsão em meio aquático. Quase 100% do


deslocamento do mergulhador deverão depender exclusivamente das
nadadeiras. As mãos só são utilizadas apenas para uma brusca mudança de
direção. Devem ajustar-se confortavelmente aos pés, não ficando nem
folgadas ou apertadas de mais. Para nadadeiras um pouco folgadas é
recomendado o uso de ligas, meias ou botas de neoprene.

Existem vários tipos de nadadeiras; de calçadeiras com calcanhar inteiro e

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nadadeiras de calçadeiras com calcanhar de tiras posteriores, elas ainda se
diferenciam também em relação ao tamanho de sua pala (ou palhetas), as de
pala curta são ideais para mergulhos em apnéia a baixa profundidade, as de
pala média são muito usadas em mergulho autônomos e técnicos, e as longas
em apnéias profundas.

Cinto de Lastro

Tem por função deixar o mergulhador com flutuabilidade neutra, compensando


a flutuabilidade da roupa de neoprene, ou, por conseguinte, em casos
especiais, aquela que o mergulhador desejar. Sua fivela deve ser de soltura
rápida para quando haja qualquer necessidade, possamos nos livrar sem
dificuldades.

SOLTE-O EM QUALQUER SITUAÇÃO QUE POSSA TER


DIFICULDADES DE CHEGAR A SUPERFÍCIE.

Existem cintos de nylon, borracha ou PVC e os chumbos podem ser fixos ou de


desengate rápido pesando em geral 0,5 Kg; 1 Kg; 2 Kg ou 3 Kg.

O peso adequado para o lastro depende da espessura do traje, do


equipamento, do tipo de água (doce ou salgada), do tipo de mergulho e da
flutuabilidade de seu próprio corpo. O peso do lastro ideal é quando, boiando
na posição vertical, a linha d`água estiver na altura do nariz.

O cinto de lastro deve ser seguro pelo lado oposto da fivela para evitar que os
pesos se soltem.

Facas

É um equipamento de segurança indispensável em qualquer tipo de


mergulho. Existe com os mais variados formatos e tamanhos, sua escolha
depende do tipo de mergulho a que se destina, por exemplo, as facas
pequenas e de laminas finas e alongadas como adagas, são muito utilizadas
na caça submarina, já as facas com ponta quadrada e encaixe para porcas são
muito úteis no mergulho autônomo.

O maior cuidado ao comprar uma faca é com as laminas que não pegam bom
fio. Só a faca não adianta, tem que estar afiada.

Existem pontos para colocarmos a faca, na perna, no cinto ou no colete


equilibrador. Todos os lugares você deverá alcançar com as duas mãos. A
faca no braço, não é uma boa opção, pois só a alcançaremos com uma das
mãos.

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Luvas

Sem dúvida o uso de luvas que protejam contra eventuais escoriações é uma
precaução conveniente, como também nos oferece uma proteção térmica
adequada em condições mais severas.

Existem luvas de PVC e de neoprene que são grossas e dão boa proteção,
mas tiram bastante a sensibilidade do mergulhador. As de algodão são mais
finas e flexíveis, mas deixam penetrar espinhos como os do ouriço. A
mesclagem da luva de neoprene com couro é a melhor opção.

Colete Equilibrado ou B.C. (Bouyancy Compensator)

Tem por objetivo manter o mergulhador numa condição de neutralidade a


qualquer profundidade. Também é utilizado como apoio na superfície
funcionando como colete salva-vidas, em situação critica de emergência ele
pode ser utilizado para auxiliar a volta à superfície.

Uma vez equilibrado pelo uso correto do lastro, o mergulhador inicia a atividade
e, conforme aumenta sua profundidade, perde flutuabilidade devido à
compressão de sua roupa e do próprio corpo (vide Lei de Boyle/ Mariotte e o
Principio de Arquimedes). Esta perda de flutuabilidade se traduz como uma
maior tendência a afundar. Inflando-se gradativamente o
., a neutralidade se restabelece. É uma peça delicada do
equipamento e deve ser operada com o maior cuidado, pois uma subida
descontrolada pode trazer vários danos para o mergulhador. Existem
vários modelos de B.C.’s cada qual para uma especialidade de
mergulho, alguns bastantes sofisticados, nos quais ao cilindro do
mergulhador é acoplado.

Lanternas

Indispensáveis em algumas modalidades de mergulho (ex. noturno, caverna,


profundo). Existem vários tipos e modelos, com pilhas descartáveis ou
recarregáveis, algumas com foco divergente (mais usadas para mergulhos
noturnos) e outros convergentes (usadas para tocas em mergulhos diurnos).
As lâmpadas de halogênio ou Kriptônio são muito mais intensas que as
normais. Nunca pegue na lâmpada (na parte de vidro) com os dedos, pois a
gordura da mão pode fazer com que ela queime.

Seu funcionamento por muito tempo fora d'água não é recomendado, pois
esquenta demais e pode derretes partes da lanterna.

Mais modernamente encontramos lanternas com lâmpadas de LED que são


muito mais econômicas e com ótima durabilidade, sem perder a qualidade do

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foco e luminosidade.

Roupas Isotérmicas

Fabricadas em sua maioria de espuma de neoprene, destina-se


primariamente a proteger o corpo de baixas temperatura e secundariamente
proteger o corpo contra animais marinhos e escoriações.

A princípio distinguiremos os tipos de roupas de neoprene, que são:

 Roupa úmida
 Roupa semi-seca
 Roupa seca

A primeira é comumente usada em mergulho livre e autônomo, apresenta-se


em vários modelos (com ou sem zíper e/ou com ou sem capuz acoplado) e
espessuras (as mais comuns de 3 e 5 mm). Quanto à especificação do
neoprene pode ser duble face, microporoso, plush, etc.

A segunda é uma roupa que possui um no zíper semelhante a da roupa seca


com vedação estanque. Também possuem vedação nos punhos e tornozelos
que diminui a circulação de água dentro da roupa.

A terceira é pouco encontrada, e de uso mais comum em mergulhos em


águas muito frias ou muito poluídas. Com vedação hermética (estanque) no
zíper, pulsos e pescoço o mergulhador não entra em contato com a água.
Deve-se ainda regular a quantidade de ar dentro da roupa, evitando assim o
barotrauma de roupa seca. Três tipos básicos de matérias podem ser
utilizados na sua fabricação, neoprene, borracha vulcanizada ou tecido
trilaminado.

Relógio

No mergulho com uso de ar comprimido, o controle do tempo durante o


mergulho é indispensável, não basta que o relógio seja a prova d'água, tem
de ser a prova de pressão e contar ainda com um cronômetro ou coroa
giratória.

Alguns modelos marcam mais que apenas o tempo, e chegam a ser pequenos
computadores.

Profundímetro

Da mesma forma se faz presente o controle da profundidade, e outro

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elemento indispensável em mergulhos autônomos é o profundímetro. Existem
quatro tipos, relacionados por ordem de sofisticação e precisão:

 Capilar
 Tubo de Bourdon
 Óleo
 Eletrônicos

Bússola

O modelo a prova de pressão, usado pelos mergulhadores aplicam-se há


tipos de mergulho onde se faz necessário a orientação subaquática.

Manômetro

O manômetro de imersão é indispensável em garrafas de mergulho que


possuam registro sem reserva (tipo "k"). Serve para determinar de forma
imediata, a quantidade de ar que resta durante o mergulho. Existem também
os manômetros terrestres, estes servem apenas para leituras fora d'água.

Computadores

São pequenos computadores que tem por objetivo calcular a saturação dos
tecidos do corpo humano baseados em padrões de modelos biofísicos e
tabelas de descompressão. Fornecendo informações importantes
automaticamente como: tempo de descompressão, residual de nitrogênio,
intervalo de superfície, etc.

Bóias e Bandeiras

O uso de uma bandeira sinalizadora para alertar que há mergulhadores na


área é um fator de segurança. A eventual passagem de barcos constitui um
dos mais sérios perigos a que o mergulhador está exposto. Existem dois
modelos, a "Bandeira Alfa" reconhecida oficialmente (Convenção Internacional
para a Salvaguarda da Vida no Mar) e a "Bandeira Diver" criada em 1949 por
Denzel James Dockery (Doc), e difundida pela revista Skyn Diver foi aceita
pelos seus leitores nos USA e hoje reconhecida internacionalmente.

A bandeira é uma obrigação formal na presença de mergulhadores


embarcados ou na água.

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Equipamento Autônomo de Respiração Subaquático (Self-Contained
Underwater Breathing Apparatus - SCUBA)

Conjunto de respiração subaquático autônomo, composto por um ou mais


cilindros de alta pressão, conjunto de válvulas (1° e 2° estágios) e B.C.,
manômetro e profundímetro

Narguile

Caracteriza-se por ser um equipamento de respiração subaquático


dependente, isto é, o equipamento de suprimento de ar do mergulhador está
na superfície.

Pode ser composto tanto por uma fonte de ar de alta pressão, quanto por uma
fonte de ar de baixa pressão (12 a 25 atm), fazem parte do conjunto ainda,
compressor, motor (a explosão ou elétrico), cilindros, tanque de volume,
mangueiras e válvula reguladora. Deve ser lubrificado com óleo sintético
atóxico, e o ar respirado pelo mergulhador deve ser filtrado com sílica gel e
carvão ativado

Este tipo de aparelho é usado em trabalhos em áreas restritas, devido a sua


pouca mobilidade.

- EQUIPAMENTO AUTÔNOMO DE RESPIRAÇÃO SUBAQUÁTICA

Neste capitulo analisaremos individualmente todos os componentes do


conjunto de respiração subaquático autônomo (circuito aberto), e deixaremos
para outra oportunidade a análise do equipamento dependente e de circuito
aberto.

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Cilindro

É o reservatório onde fica a mistura respiratória a ser utilizada no mergulho. O


material constitutivo pode ser aço carbono, aço cromo molibdênio ou alumínio.

Os cilindros de alumínio são maiores externamente que a de aço, para o


mesmo volume interno, pois necessitam de paredes mais espessas para
suportar a mesma pressão, são, entretanto mais leves e resistentes a corrosão.
Atualmente estão muitos difundidos cilindros de aço cromo molibdênio
revestidos por camadas externa de outros materiais não ferrosos, entre eles o
alumínio.

No corpo do cilindro deve conter as marcas da data de fabricação (data do


primeiro teste hidrostático), do último teste hidrostático, tipo de material,
pressão de trabalho, volume interno, número de série, órgão de fiscalização,
etc.

Todo equipamento de mergulho deve passar por manutenção preventiva. No


caso dos cilindros um teste hidrostático a cada cinco anos expondo-o a uma
pressão de teste maior que a de trabalho (geralmente uma vez e meia)
calculando desta forma a deformidade temporária e permanente do cilindro. E
sujeita-lo a uma inspeção visual interna a cada ano.

CTC/DOT - 3AL - 3000 - 580 POOOO LUXFER 8A82

CILINDRO DE ALUMÍNIO CILINDRO DE AÇO


CROMO
MOLIBDÊNIO

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CTC/DOT - Canadian Transport DOT – Department of Transportation.
Commission / Department of
Transportation, marca dos órgãos 3 AA - marcação para Aço
fiscalizadores. Cromomolibdênio. Para os antigos
de liga de carbono, 3A.
3AL - especificação do material
alumínio. 2250 - pressão de trabalho do
cilindro em PSI. 0000B - número de
3000 - pressão em PSI com que deve série.
ser carregado o cilindro (pressão de
trabalho). P8T - marca do fabricante.

S80 - quantidade de ar em pés 8C82+ - mês e ano do primeiro


cúbico quando o cilindro estiver na teste hidrostático. Entre esses, a
pressão de trabalho. No caso 80 marca do inspetor do que executou
pés cúbicos. o teste.

POOOO - número de série do cilindro. + - esse sinal somente é usado nos


Geralmente a variação das letras cilindros de aço e indica que o
depende da capacidade do cilindro: P cilindro poderá ser carregado com
= 80 pés cúbicos; Y = 71,2 pés pressão de
cúbicos; R = 62 pés cúbicos; KK = 105 trabalho 10% maior do que a
pés cúbicos; UT = 100 pés cúbicos. indicada durante o período de
Essas particularidades são do validade do
fabricante Luxfer. primeiro teste.

8A98 - mês e ano do primeiro teste Os cilindros nacionais e os europeus,


hidrostático. Entre esses, a marca além de mostrarem unidades de

Uso correto:

• Nunca exceder a pressão de trabalho.


• Nunca deixar cilindros carregados expostos ao sol ou lugares quentes.
• Não esvazie totalmente seu cilindro, principalmente quando estiver
imerso.
• Guardar com uma pressão de aproximadamente de 50 a 100 PSI.
• Guardar sempre seu cilindro em pé.
• Inspeção visual a cada ano e, se for necessário limpeza interna.
• Mantenha o teste hidrostático em dia (a cada 5 anos).
• Nunca carregue o cilindro fora d'água.
• Não use um cilindro que foi carregado há muito tempo atrás.
• Certifique-se que o ar com que esta sendo carregado o cilindro é de
boa qualidade.

Registro

São válvulas como torneiras que abrem e fecham o fornecimento de ar do

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cilindro. Em todo registro deve existir ainda uma válvula de segurança que
libera o ar da garrafa caso a pressão interna ultrapasse bastante a pressão de
trabalho do cilindro.

Os registros com reserva tipo “J”, hoje em desuso, são aqueles possuem
válvula com mola, com certa pressão (cerca de 30 Kgf./cm²), que impede a
saída total do ar pressurizado no interior do cilindro, quando este atinge a
pressão da mola a passagem de ar é interrompida e, apenas,quando aberta
manualmente, permite que o ar de reserva saia.

Os registros tipo "K" que não possuem reserva, são os mais comumente
encontrados. Neste caso a pressão relativa à reserva, é calculada pelo
manômetro.

Temos ainda o tipo "H" que permitem a acoplagem de outro 1° estágio


independente do principal.

Diferencia-se ainda pelo tipo de sistema de conexão se, "YOKE" ou "DIN" este
último mais seguro por se tratar de um sistema macho/fêmea.

Válvula Reguladora de Demanda (ou Regulador)

É aquela que se acopla ao registro e tem como função diminuir a alta pressão
do cilindro, para uma baixa pressão ambiente, tornando o ar respirável para o
mergulhador. A redução da pressão divide-se em duas etapas. A redução
inicial ocorre no 1° estágio do regulador onde a alta pressão proveniente do
cilindro é reduzida para uma pressão intermediária constante, entre 140 e
150 PSI (aprox. 9 a 10 Kgf./cm²). O ar sob pressão é transportado por uma
mangueira até o 2° estágio redutor, onde será liberado ao mergulhador há
uma pressão ambiente.

Existem basicamente dois tipos de primeiro estágio: os de diafragma


balanceados; e os de pistão, estes por sua vez podem ser simples ou
balanceado.

Podemos definir como primeiros estágios balanceados aqueles que não são
afetados pela diminuição de pressão no cilindro, como conseqüência não
causam aumento gradativo no esforço respiratório, à medida que o cilindro
esvazia.

19
20
20
Back Pack

Composto por uma cinta com fivela de desengate rápido, que passa pelo
apoio das costa, este por sua vez é fixado à braçadeira, onde se acoplará a
garrafa.

Boot

Sapata de borracha que tem como função proteger o fundo do cilindro contra
arranhões e em alguns casos servem para mante-los em pé.

Console

É o conjunto de equipamentos de precisão que se acopla ao manômetro, tais


como o profundímetro, computador, bússola e etc.

21
- CLASSIFICAÇÕES DO MERGULHO QUANTO AO TIPO DE
EQUIPAMENTO E MISTURAS GASOSAS UTILIZADAS

O mergulho pode ser classificado de maneira genérica de dois modos,


mergulho livre ou em apnéia, ou mergulho com respiração subaquática.

O mergulho livre ou em apnéia é aquele no qual não respiramos uma vez


abaixo da superfície das águas.

O mergulho com respiração subaquática é o mergulho no qual respiramos


abaixo da superfície das águas. Este tipo de mergulho pode ainda ser
subdividido quanto ao tipo de equipamento ou quanto ao tipo de gás respirado.

- Circuito aberto (Aqualung)


- Circuito fechado (Rebreater
AUTÔNOMO fechado)
- Circuito semi-fechado
QUANTO AO (Rebreater semi-fechado)
TIPO DE
EQUIPAMENTO
- Narguile
DEPENDENTE - Sino aberto (sinete)
- Sino fechado

RASO - Realizado a cima de 40 m


QUANTO AO TIPO DE
GÁS RESPIRADO EM
RELAÇÃO A
PROFUNDIDADE - Realizado abaixo de 40 m
PROFUNDO
- Saturação

Quanto ao tipo de equipamento

O mergulho autônomo caracteriza-se pela fonte de ar estar junto com o


mergulhador. No circuito aberto (SCUBA) todo o ar que expiramos é liberado
e vai para a superfície; no circuito fechado (rebreather) o gás só escapa do
regulador quando o mergulhador está retomando a superfície, mesmo assim
em quantidades mínimas, o gás expirado retoma ao compartimento de origem,
tendo antes passado por um filtro de CO2; já nos rebreather de circuito semi
fechado, o mergulhador continua expelindo

22
pequenas bolhas intermitentes, porém em menor volume do que no aparelho
de mergulho autônomo convencional.

No mergulho dependente a fonte de gás está na superfície e a mistura


respiratória chega ao mergulhador por meio de uma mangueira. Com o
Narguile o umbilical do mergulhador está ligado diretamente à superfície. No
Sino Aberto o umbilical do mergulhador está ligado a uma campânula com a
parte inferior aberta e provida de estrado, possui sistema próprio de
comunicação e suprimento de gás da superfície. Tem como objetivo conduzir
o mergulhador até a profundidade aproximada do trabalho. A pressão interna é
equivalente a pressão ambiente. O Sino Fechado é muito semelhante ao sino
aberto, só que a campânula é fechada. A pressão interna é diferente da
pressão ambiente. Estas duas pressões só equalizam quando o sino atinge a
profundidade de trabalho.

No mergulho Raso, mergulho realizado até 40 metros de profundidade,


normalmente utiliza-se ar comprimido, contudo a profundidades alem dos 30
metros obtemos níveis de pressão parcial de N2 que produzem efeitos tóxicos
perigosos a segurança do mergulhador. Ultimamente tem se utilizado
misturas gazosas em mergulho raso desportivo (a mais comum é o NITROX),
que diminuem a porcentagem do nitrogênio na mistura gasosa, aumentando o
tempo de fundo sem descompressão e diminuindo o risco do Mal
Descompressivo.

No Mergulho fundo, independente do tipo de equipamento, é aquele


realizado a uma profundidade maior que 40 metros, onde não respiramos ar
comprimido e sim uma mistura de hélio ou hidrogênio como gases inertes (no
lugar do nitrogênio), com o oxigênio. O hidrogênio (HIDROX) é pouco usado
porque é muito explosivo, o hélio (HELIOX) embora muito mais caro, é o mais
seguro, e normalmente mais utilizado no mergulho comercial. Atualmente o
TRIMIX (mistura de hélio, nitrogênio e oxigênio) tem se popularizado no
mergulho técnico em profundidades abaixo de 40 metros.

À medida que a profundidade aumenta a pressão parcial dos gases que


compõem a mistura também aumenta, e em elevadas pressões parciais
determinados gases se tornam tóxicos. A única maneira de evitar esse efeito
indireto da pressão é diminuindo a porcentagem desses gases na mistura (ex.
oxigênio e nitrogênio).

23
Física aplicada ao mergulho 4

- NOÇÕES DE FÍSICA

Para a melhor compreensão do mergulho e seus efeitos sobre o corpo


humano, será necessário o conhecimento de certas noções de física. Neste
capítulo veremos somente a parte da física diretamente aplicada ao
mergulho.

Alguns conceitos básicos.

FÍSICA é a ciência que estuda as propriedades dos corpos, os seus


fenômenos e as leis que as regem, sem lhes alterar a substância.

MATÉRIA é o nome genérico que indica tudo que podemos ver, que ocupa
lugar no espaço e tem peso. A matéria é formada por moléculas que por sua
vez são formadas por átomos. Dependendo do tipo de ligação que une essas
moléculas de que a matéria é formada, ela terá características diferentes. A
ÁGUA (matéria) é formada por moléculas de água. Uma molécula de água é
formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

A matéria se divide em três estados:

SÓLIDOS: Forma e volume definidos. São incompressíveis.

LÍQÜIDO: Forma do recipiente que o contém, volume definido. São


considerados praticamente incompressíveis.

GASOSO: Forma e volume indefinidos adquirem a forma e o volume do


recipiente que os contém. São compressíveis (diminuem de volume com o
aumento da pressão).

24
O ar atmosférico por nós respirado durante o mergulho é, uma mistura
gasosa que, em condições hiperbáricas, tem comportamento diferente
daquela observada na pressão atmosférica, com a seguinte composição
aproximada:

GÁS FÓRMULA PERCENTUAL


Nitrogênio N² 78,08 %
Oxigênio O² 20,95 %
Gás carbônico CO² 0,03 %
Outros gases --- 0,94%

Para efeitos de cálculo no mergulho com ar podemos utilizas as


porcentagens de 80% de N² e 20% de O² .

No mergulho com AR COMPRIMIDO nos preocupamos principalmente com o


oxigênio e o nitrogênio seus principais componentes, e com alguns outros
gases mais raros, mas de grande influência quando ocorrem no meio
respiratório.

25
OXIGÊNIO (O2) existe em estado livre na atmosfera, da qual ocupa a parte de
21 % de seu volume. É incolor, inodoro e sem sabor. É por si só suficiente para
manter a vida. Pode ser usado em circunstancias especial como meio
respiratório durante a descompressão, em misturas respiratórias com outros
gases inertes ou no tratamento do Mal Descompressivo. Se respirado em
pressões elevadas por tempo prolongado, torna-se tóxico, efeitos que
estudaremos mais tarde. Nada pode queimar sem oxigênio, mas ele sozinho
não entra em combustão.

NITROGÊNIO (N2), no seu estado livre, corresponde a 79 % em volume da


atmosfera, é inodoro, incolor e insípido, é também inerte, isto é, não reage
quimicamente, sendo incapaz de manter a combustão ou a vida. Sob pressões
parciais elevadas torna-se narcótico além de aumentar consideravelmente a
densidade da mistura respiratória, tornando-a pesada à respiração.

GÁS CARBÔNICO (DIÓXIDO DE CARBONO OU ANÍDRICO


CARBÔNICO CO2), nas concentrações comumente encontradas no ar
(0,03%) é como os anteriores desprovido de odor, cor ou sabor. Entretanto,
em concentrações mais altas, apresenta cheiro e sabor ácidos. Formado pela
combinação de duas partes de oxigênio para uma de carbono é o resultado da
queima de matéria orgânica e da oxidação dos alimentos nos organismos
vivos. Sua presença, na mistura respiratória do mergulhador, é totalmente
indesejável, como veremos.

MONÓXIDO DE CARBONO (CO) E HIDROGÊNIO SULFURADO


(H²S), resultantes respectivamente da combustão incompleta e da
decomposição de matéria orgânica, são esses gases altamente tóxicos e
instáveis. Reagindo com a hemoglobina do sangue, impedem a combinação
desta com o oxigênio.

- LEIS DA FÍSICA IMPORTANTES AO MERGULHO

Ao mergulha entramos em contato com um mundo completamente novo, em


condições bem diferentes das que encontramos normalmente.

Ao nível do mar, a camada gasosa que envolve a terra exerce sobre o


organismo do homem a pressão de uma atmosfera (aproximadamente
1 kg/cm²), mas, por ser a densidade da água maior que a do ar (800 vezes), o
mergulhador a cada dez metros de profundidade estará sofrendo um
acréscimo de mais uma pressão igual à atmosfera sobre a pressão que
suportava antes.

Assim, a dez metros a pressão total será de 2 atmosferas, a vinte metros de

26
três atmosferas e assim por diante. Se compararmos essa situação com a de
um aviador, veremos que para reduzir a pressão ambiente para meia
atmosfera (0,5 kgf./cm²), ele deverá subir uma altitude de 5.400 metros.

Durante o mergulho, submetido a essa situação especial, o organismo reagirá


seguindo princípios e leis da física cujo conhecimento será importante na
formação do mergulhador.

Lei de Boyle e Mariotte

A Lei de Boyle diz que quanto maior for a pressão exercida sobre o gás no
recipiente; menor volume haverá. Pois as moléculas deste gás se aproximam
umas das outras; e de forma inversa quando menor a pressão exercida maior
o volume. Isso significa que um mergulhador em apnéia respirando fundo antes
de mergulhar, terá seus pulmões sendo “espremidos”, à medida que desce e a
pressão a sua volta aumenta o volume de ar nos pulmões diminui, o tórax se
encolhe e o abdômen também como se estivesse exalando. Quando ele volta
à superfície, o tórax e o abdômen retomam ao normal.

Se nós tivermos uma bola com um volume de 10 litros, ao nível do mar


(pressão absoluta de = 1 atm) e levarmos essa mesma bola a 10 metros de
profundidade (pressão absoluta = 2 atm) o volume da mesma bola será
reduzido a metade do volume inicial (5 litros).

A 10 m será de 1/2 A 20
m será de 1/3 A 30 m
será de 1/4 A 40 m será
de 1/5

27
Ao contrario se subirmos com uma bola de 10 litros, dos dez metros de
profundidade até a superfície, lá ela terá volume dobrado (20 litros).

"Em uma temperatura constante, o volume ocupado por uma


determinada massa de gás, é inversamente proporcional à pressão
absoluta a que está sujeito.”

Lei de Charles e Gay Lussac

A Lei de Charles nos explica que a pressão varia proporcionalmente com a


temperatura se o volume se mantiver constante, é o que observamos ao
recarregarmos os cilindros de mergulho, na medida em que aumentamos a
pressão em seu interior, notamos a elevação de sua temperatura. Da mesma
maneira, a pressão varia proporcionalmente com a temperatura se o volume
se mantiver constante.

"A uma pressão constante o volume natural de uma mesma quantidade


de gás é proporcional a uma temperatura absoluta.”

Equação Geral dos Gases

Quando temos certo volume de gás a uma temperatura e pressão, e fazemos


com que todas estas variáveis se alterem, é a combinação da Lei de Boyle
com a Lei de Charles o que pode se enunciar:

28
"Quando uma quantidade de gás suporta uma variação de pressão e /ou
de temperatura a relação do produto, pressão vezes volume, sobre
temperatura no estado inicial é igual á relação tio produto, pressão vezes
volume, sobre temperatura no estado final"

onde:

P é a pressão do gas.

T é a temperatura termodinâmica.

kPT é uma constante.

Portanto para comparar a mesma substância em estados diferentes (estando


de acordo com as condições acima) afirma-se que:

Lei de Dalton

Os gases numa mistura exibem uma propriedade singular. Cada um exerce


uma pressão que é independente de todos os outros gases. A força exercida
por cada gás é chamada de pressão parcial, e a força exercida pela mistura
(chamada de pressão total) é a sorna de todas as pressões parciais dos gases
constituintes. O ar é composto em grande parte de cerca de 20 % de oxigênio
e 80 % de nitrogênio. Se o ar fosse encerrado dentro de um recipiente e todo
o oxigênio removido, a pressão cairia de l Kg para 0,8 Kgf./cm². E se em vez
disso o nitrogênio fosse removido, a pressão baixaria para 0,2 Kgf./cm². Assim
a pressão parcial do oxigênio é de 0,2 Kgf./cm²; a do nitrogênio é de 0,8
Kgf./cm²; e o total é de l Kgf./cm², a pressão absoluta do ar ao nível do mar.

"Numa mistura gasosa, cada gás comporta-se como se ele ocupasse


sozinho o volume global de mistura: a pressão total da mistura é a
soma das pressões parciais dos diferentes gases que a compõem”

30
Pp X (O2) + Pp Y (N2) = P mistura X+Y(Ar)

Principio de Arquimedes

O Principio de Arquimedes enuncia que um objeto imerso num líquido sofre um


empuxo de baixo para cima igual ao peso do volume de líquido que desloca.
Um objeto flutua quando a força do empuxo supera seu peso. Se o objeto
desloca um volume de líquido de peso
peso exatamente igual ao seu, diz
diz-se que tem
flutuabilidade neutra; não afunda nem flutua. Se o peso do objeto é desloca
uma quantidade de líquido de peso menor que o seu, o objeto afunda.

31
"Todo corpo imerso em um líquido em equilíbrio é submetido a uma
força vertical dirigida de baixo para cima de intensidade igual ao peso
do volume de liquido deslocado.”

32
Princípio de Pascal

A pressão exercida sobre um ponto qualquer de um fluido se transmite em


todas as direções com igual intensidade.

“Quando um ponto de um líquido em equilíbrio sofre uma variação de


pressão, todos os outros pontos do líquido também irão sofrer a
mesma variação.”

Lei de Henry

É interessante substituir a noção de quantidade de gás dissolvido pela noção


de tensão ("pressão" do gás dissolvido) isto permite, tomando como base o
estado de saturação, estabelecer uma simples comparação de pressões.

"Para um sistema liquido/gás e temperatura constante a solubilidade do


gás no liquido é proporcional á pressão excedia por este gás neste
líquido. “Numa mistura gasosa, a quantidade dissolvida de cada gás da
mistura é proporcional à pressão parcial”

MOLÉCULAS
LIQUIDAS

MOLÉCULAS
DE GÁS

33
ESTADO SATURADO - É obtido
quando a tensão de gás dissolvido (no
liquido) e a pressão de gás livre (na
atmosfera) estão em equilíbrio: Fase de
equilíbrio

ESTADO DE NÃO SATURAÇÃO -


Um líquido é dito não saturado quando a
tensão de gás dissolvido é inferior a
pressão do gás livre na superfície: Fase
de absorção de gás.

ESTADO DE SUPERSATURAÇÃO -
Um líquido é dito supersaturado
quando a tensão de gás dissolvido é
superior a pressão de gás livre na sua
superfície. Fase de restituição de gás.
Obs.: Supersaturação crítica é o nível
máximo que um líquido pode admitir
antes da liberação espontânea do gás
em formas de bolhas (macro bolhas)

4.4 - UNIDADES DE EQUIVALÊNCIA PADRÃO

Em nosso país podemos encontrar nas escolas o sistema métrico de medidas,


mas no mergulho muitas vezes utilizamos o sistema inglês, isto porque muitos
dos equipamentos que usamos são fabricados por empresas cujo país
34
de origem adota esse sistema. É interessante que o mergulhador saiba
converter as unidades de um sistema para o outro (Ex.: Existem manômetros
que possuem a escala em atmosfera (atm), outros em BAR, ou ainda em
Libras Por polegadas Quadrada (PSI).

Para convertermos essas escalas utilizamos a regra de três simples.

A=B EQUIVALÊNCIA PADRÃO


C=X EQUIVALÊNCIA À SABER

A·X=B·C logo X = B·C


A

COMPRIMENTO
01 metro (m) = 100 centímetros (cm) = 1000 milímetros (mm) = 3,28 pés (ft.)
= 39,37 polegadas (pol.)
01 pé = 12 polegadas = 0, 3048 m
01" (polegada) = 2,54 cm

Exemplo I Exemplo II

Quantos metros equivalem a 60 pés? Quantos pés equivalem a 24 metros?

1 pé = 0,30 metros 0,30 metros = 1 pé


60 pés = X metros 24 metros = X pés

= 18 metros 80 pés

A seguir veremos algumas definições:

PRESSÃO é, por definição, a força exercida por unidade de área.

FORÇA é toda ação que tende a produzir movimento e pode ser expressa em
libras /força.

ÁREA é a superfície sobre a qual a força é exercida e pode ser medida em


polegadas quadradas.
Assim a pressão pode ser medida em libras força por polegadas quadradas
(PSI) quando no sistema inglês.

Da mesma forma, se estivermos usando o sistema métrico à pressão


será

35
expressa em gramas ou quilogramas força por centímetro quadrado. Isto
nada mais é do que outra expressão de força sobre unidade de área.

O manômetro é o aparelho utilizado para medir a pressão. As unidades


barométricas são:

atm = atmosfera

PSI = libras força/pol²

mm Hg = milímetros de mercúrio

atm = 14,7 PSI = 1, 003 Kgf./cm² = 1,01 Bar = 760 mm Hg = 33,9 pés da
água do mar = 10,3 m de água doce.

Aproximadamente para efeitos de cálculos pode-se usar:

1 atm = 15 PSI = 1Kgf./ cm2 = 1 Bar = 760 mm Hg = 33 pés de água do mar


= 10 m de água doce.

Exemplo I Exemplo II
Quantos PSI têm em 7 atm? Quantos atm têm em 150 PSI?

1atm = 15 PSI 15 PSI = 1 Bar


7atm = X 150 PSI = X

X = 15 PSI x 7 atm = 105 PSI X = 1 Bar x 150 PSI = 10 BAR


15 PSI 15 PSI

Exemplo III
Quantos atm têm em 30 m de água do ATENÇÃO: Neste ultimo problema
mar? estamos calculando equivalência de
pressão e não a pressão absoluta a
10m de água = 1 atm 30m de profundidade (que será de 4
30 m de água = X atm absolutas ou 4 ATA).

X = 1 atm x 30 m de água = 3 atm


10 m de água

36
Pressão Atmosférica

Pressão atmosférica (Patm) é o resultado do peso da atmosfera produzindo


uma determinada força sobre a superfície da terra. Esta pressão ao nível do
mar é de uma atm ou o equivalente em qualquer uma das unidades. Ela atua
em todas as direções e sentidos e em quase todas as estruturas, incluindo o
nosso próprio corpo, que transmite pressão livremente e é exposto á mesma
pressão em todas as direções e sentidos, interna e externamente. Seus efeitos
são assim neutralizados e, por isso, geralmente, ignoramos a presença da
pressão atmosférica.

Pressão Relativa

Pressão relativa (Prel) é toda pressão além da pressão atmosférica. Pode ser
chamada de:

Pressão Hidrostática (Phid) é a pressão relativa na água. Quanto maior a


profundidade maior será a pressão hidrostática. A cada 10 m teremos um
aumento de 1 atm.

Pressão Manométrica (Pman) é a pressão relativa em compartimentos


fechados. Quando dizemos que a pressão de aqualung é de 200 atm,
queremos dizer que a pressão é de 200 atm acima da pressão atmosférica,
porque os manômetros medem a diferença entre uma determinada pressão e
a pressão atmosférica. Os manômetros são construídos de modo que seu zero
indique a pressão atmosférica. Exceto quando especificada, a leitura de uma
pressão refere-se à pressão manométrica.

Pressão Absoluta

Pressão absoluta (Pabs) ou pressão total (Pt)


é a somatória da pressão atmosférica com a
pressão relativa.

Patm + Prel = Pabs

Cálculo de Consumo de Ar

No mergulho autônomo, onde a capacidade


da mistura gasosa é limitada, faz-se
necessário os cálculos da quantidade
disponível, no caso, de ar comprimido, e a
quantidade que iremos consumir em relação
à profundidade.

37
O homem, ao nível do mar, tem um consumo de ar de 20 litros por minuto
(para efeitos de cálculo, uma média que leva em conta fatores como,
condições físicas, temperatura da água, esforço físico, etc.).

Cálculo do Consumo em Relação à Profundidade

Para calcularmos o consumo de ar do mergulhador em diferentes


profundidades basta multiplicar-mos o consumo ao nível do mar pela
pressão ambiente absoluta.

20 l./min. (consumo na super.) X Pabs (pressão absoluta) = Consumo

Qual será o consumo de ar de um mergulhador a 20 metros de profundidade?

Cons. Super. = 20 litros por minuto Pabs a 20 m = 3 ATA 20


X 3 = 60 litros por minuto

Qual será o consumo de ar de um mergulhador a 55 metros de profundidade?

Cons. Super. = 20 litros por minuto Pabs a 55 m = 6,5 ATA


20 X 6.5 = 130 litros por minuto

Cálculo em Relação à Capacidade de Cada Cilindro

A equação resume-se na multiplicação da pressão de enchimento do cilindro


pela sua capacidade volumétrica, desta forma encontraremos sua capacidade
em litros.

Quantos litros existem em uma garrafa de 11 litros e pressão de enchimento


de 200 atm?

Volume = 11 litros Pe= 200 atm

Quantos litros existem em uma garrafa de 18 litros e pressão de enchimento


de 250 atm?

Volume = 18 litros Pe = 250 atm

Cálculo do Ar Disponível e do Ar Reserva

Nos registros mais antigos (tipo “J”) encontra-se o sistema de reserva de ar


(esta reserva não deve ser considerada para o consumo durante o mergulho).
Resume-se a uma mola com pressão de 30 atm instalada no interior do

38
registro, a mesma fecha a passagem de ar quando a pressão da mola
equaliza-se com a do interior da garrafa, o mergulhador avisado que seu ar
disponível chegou ao fim deve acionar a alavanca de reserva (restabelecendo
assim sua respiração normalmente) e dirigir-se a superfície. Nos conjuntos de
respiração autônomos mais modernos a leitura do ar reserva é feita pelo
manômetro.

Quantos litros de Ar Reserva existem em uma garrafa de 11 litros e pressão


de enchimento de 200 atm?

Pressão da mola = 30 atm


Volume = 11 litros
Pressão de enchimento = 200 atm

200 atm X 11 l. = 2200 l. - Ar Total 30


atm X 11 l. = 330 l. - Ar Res.
2200 l. - 330 l. = 1870 l. - Ar Útil

4.1 - LUZ, ÓTICA E SOM

A luz branca visível é constituída por um espectro de todas as cores -


vermelha, laranja, amarela, verde, azul, índigo, violeta. Quando olhamos para
um objeto e o vemos como azul, estamos vendo a luz azul do espectro refletida
do objeto. Todas as outras cores são absorvidas e não podem ser vistas. No
caso do mar, a luz vermelha é absorvida assim que rompe pela superfície da
água. E a uma profundidade de cerca de oito metros

39
praticamente toda luz vermelha discernível ao olho humano já desvaneceu; o
tanque de ar de vermelho brilhante de um mergulhador, por exemplo, pareceria
um marrom escuro opaco. A uma profundidade de 22 metros um tanque de ar
amarelo parece mais de um azul esverdeado, porque a luz amarela
discernível foi absorvida pela água. Os raios ainda mais curtos de luz
(comprimento de onda) são quase todos absorvidos na altura de trinta metros.
Só restam os raios mais curtos: azul índigo e violeta. Abaixo de trinta metros
ou por ai, toda luz parece um azul monocromática. Assim quando o mar é puro
e claro, como acontece no oceano aberto, à tonalidade menos absorvida do
espectro, azul, é refletida para os olhos.

Mergulhe no mar, abra os olhos, olhe ao redor. O que você vê? Formas
indistintas, completamente desfocadas. Sem detalhes. Cores esmaecidas,
dificilmente algo reconhecível. Fora da água, a luz passa pelo ar e penetra em
seu olho - que contém um fluido similar em densidade à água do mar. A
diferença de densidade entre o ar e esse fluido desvia ou refrata os raios da
luz ao entrarem em seu olho. A luz refratada focaliza-se na retina. Debaixo
d'água, no entanto, a luz passa da água do mar para seu olho com uma
refração mínima, por causa da densidade similar dos fluidos; assim, tudo
parece desfocado. Você se toma extremamente hipermetrope.

Se você interpõe um bolsão de ar entre a água e o olho, o cristalino ocular


funciona direito.

Para formar esse bolsão de ar, você põe uma máscara de mergulhador. Mas
uma máscara não é um instrumento perfeito. A refração da luz através da
superfície plana de separação entre a água e o ar, como a placa de vidro de
uma máscara ou um aquário, possui o efeito de ampliar tudo o que vemos em
33%. Um peixe visto a três metros de distância parece estar apenas a dois

40
metros, e dá a impressão de ser do tamanho que você esperaria se estivesse
a dois metros. Os problemas adicionais na visão submarina incluem a visão
afunilada e a distorção da visão periférica.

E tudo que enxergamos nos parecerá uns 25% mais próximo e 33%
maior do que na realidade.

O som na água

A velocidade do som na água é quatro vezes maior do que no ar e tem maior


alcance.
O que poderia parecer uma vantagem traz consigo um perigo potencial:
qualquer ruído irá atingir quase contemporaneamente os dois ouvidos e,
devido a isso, perde-se a capacidade de localizar a sua origem.
Quando mergulhados pode se perceber que uma embarcação está se
aproximando porque o ruído que emite está aumentando, mas não se
consegue saber de onde ele está vindo.
Nesta situação um mergulhador em apnéia no fundo é obrigado a uma difícil
decisão: terá fôlego para esperar a embarcação passar ou
sobe

41
imediatamente, para escapar de sua rota.
Quando em apnéia, para aumentar sua segurança e marcar sua presença,
deve rebocar uma bóia, de preferência com uma bandeira. Mesmo que um
“lancheiro” ignore seu significado, vai se manter afastado para evitar um
enrosco em seu hélice.

42
Fisiologia do mergulho 5

Neste capítulo abordaremos somente a parte da anatomia e fisiologia que


estão ligadas diretamente com o mergulho, sendo dadas noções suficientes
para o entendimento das alterações fisiológicas e patológicas que possam
surgir em um mergulhador.

A unidade fisiológica do corpo são as células. Um agrupamento de células de


mesma função formam os tecidos. O agrupamento dos tecidos com a mesma
função compõe um órgão. Sangue é um composto de liquido (plasma), células
(hemácias,
s, leucócitos, plaquetas) e de substâncias desenvolvidas.

Hemácias - Transportam O2 e CO2. Leucócitos - Ajudam a combater as


infecções. Plaquetas - Ajuda na coagulação do sangue.

O sangue transporta o O2 e a glicose até as células. Estas duas substâ


substâncias
citadas são básicas para o funcionamento celular.

O N2 é transportado dissolvido no plasma.

Células dos tecidos. Paredes vasculares.

Funções dos sistemas do organismo humano

Sistema Ósseo - Estruturas, sustentação e proteção dos órgãos vitais.


Sistema Muscular - Movimentação, e proteção aos órgãos vitais.
Sistema Nervoso - Coordena todas as funções e atividades do corpo humano.
Sistema Circulatório - Conduz o alimento celular do local de entrada no
organismo até todas as células
célu do corpo.

43
Sistema Respiratório – É o conjunto de órgãos responsáveis pelas trocas
gasosas do organismo dos animais com o meio ambiente,, ou seja, a hematose
pulmonar, possibilitando a respiração celular.
Sistema Digestório - Desdobra o alimento a uma forma que possa ser
absorvida e levada a célula. E o que não é utilizado será eliminado.
Sistema Linfático - O sistema linfático possui três funções interrelacionadas:
remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais, absorção
absorção dos ácidos
graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório e,
produção de células imunes.

- APARELHO CIRCULATÓRIO

A circulação do sangue
é o movimento
incessante devido à
contração e dilatação de
uma bomba chamada
coração. O sangue é um
tecido pouco mais denso
que a água e que
carrega para as células
nutrientes e O2,
retirando das mesmas o
CO2 para que ele seja
eliminado na respiração
do ar dos pulmões, após
a troca gasosa, chamada
hematose. Sua
característica mais
importante para o
mergulhador é a
possibilidade, em que se
tratando de um liquido,
de permitir que os gases
dissolvam-se nele (Lei
de Henry). Quando o sangue é rico em CO2 (em sua volta desde os tecidos
até os pulmões), é chamado de venoso. Quando o sangue é rico de O 2 (na ida
dos pulmões para os tecidos), é chamado de arterial. O sangue circula em
nosso organismo através das artérias e veias propulsionado pelo coração, que
é um músculo involuntário. O coração é dividido em duas partes
partes longitudinais,
que não se comunicam. Por sua vez, cada parte é dividida transversalmente
em duas cavidades comunicantes. As superiores são as aurículas, as
inferiores os ventrículos. Na metade direita, circula o sangue

44
venoso, na esquerda o arterial.

Mecanismo da circulação:

A contração do coração é denominada sístole, e a dilatação do mesmo é


chamada diástole.

A circulação que ocorre entre o coração e os pulmões, e vice-versa, é


denominada pequena circulação, o sangue venoso sai do coração (VD) e
chega aos alvéolos através dos capilares. Nos alvéolos ocorre a troca, onde o
sangue sede o CO2 e recebe o O2, e o sangue arterial volta ao coração (AE).
Está é a pequena circulação.

A grande circulação é o que ocorre entre o coração e os tecidos, e vice-versa.


Continuando o ciclo, do AE o sangue passa para o VE e através de vasos é
levado aos tecidos (até as células mais remotas). O O2 é cedido às células e o
CO2 retirado das mesmas. Daí, o sangue volta ao coração (AD) passa para o
VD e assim o ciclo recomeça.

A freqüência cardíaca normal é de 60 a 80 batimentos por minuto, estando o


organismo em repouso.

- APARELHO RESPIRATÓRIO

Proporciona a entrada,
no organismo, do O2 e
a retirada do CO2. Isso
se dá através de uma
troca denomina
hematose, que ocorre a
nível alveolar por
difusão simples. O ar
cede O2 para o
sangue (pressão
parcial do O2 no ar
alveolar ê superior a
pressão parcial do
CO2
no sangue venoso) e
cede CO2 para o ar.
esse

45
Componentes anatômicos.

Boca, cavidade nasal, faringe,


laringe, traquéia, brônquios,
alvéolos, pulmões, diafragma e
parede torácica.

Mecanismo da respiração

Inspiração: Intercostais se
contraem e, como a primeira
costela acha-se fixa, todas as
demais se levantam, o
diafragma se achata e com isso
a caixa torácica se expande. Os
pulmões dilatam-se se
adaptando à nova forma da
caixa, produzindo uma menor
pressão em seu interior,
provocando assim a entrada do
ar atmosférico pelo nariz e
boca.

Expiração: Intercostais relaxam, as costelas voltam à posição reduzindo a


caixa (o diafragma que estava estendido levanta-se encurtando a caixa),
assim o ar é expulso dos pulmões.

Freqüências respiratórias normais - HOMENS – 20 X /minuto


MULHERES – 16 X / minuto

Quando o indivíduo se encontra em atividades físicas, esta freqüência é maior.

Volumes Respiratórios:

Na figura abaixo estão representados quatro "volumes pulmonares distintos, os


quais, somados, representam o maior volume que os pulmões podem atingir
quando expandidos.

O significado de cada um desses volumes é o seguinte:

1 - O volume de ar corrente é o volume de ar inspirado e expirado a cada


inspiração normal e equivalente a cerca de 500 ml no adulto jovem.

46
2 - O volume inspiratório de ar reserva é o volume de ar adicional que pode
ser inspirado além do volume corrente normal, sendo geralmente igual à
cerca de 3000 ml no adulto jovem.

3 - O volume expiratório de reserva é a quantidade de ar que ainda pode


ser eliminada por uma expiração forçada após o término de uma expiração
normal; de regra está em torno de 1100 ml no adulto jovem.

4 - O volume residual é o volume de ar que permanece nos pulmões mesmo


após a expiração forçada máxima. É em média cerca de 1200 ml no adulto
jovem.

5 - Capacidade vital é a soma do volume de ar corrente mais o volume de


reserva inspiratório, mais o volume de respiratório de reserva ou também a
capacidade pulmonar total, menos o volume residual (cerca de 4500 ml).

6 - A capacidade pulmonar total é o maior esforço inspiratório possível


(cerca de 5800 mI).

Todos os volumes e capacidades pulmonares são aproximadamente 20 a


25% menores na mulher do que no homem, obviamente maiores em indivíduos
altos e atléticos do que em indivíduos pequenos e astênicos.

Gráfico mostrando as execuções respiratórias durante a respiração e a


inspiração normais e a expiração máximas.

Gráfico mostrando as excursões respiratórias durante a respiração


normal de durante a inspiração e expiração
máximas.

47
- APARELHO AUDITIVO E SEIOS DA FACE

E constituído pela orelha externa, orelha média e orelha interna.

Tímpano - é uma parede delgada que separa a orelha média da orelha interna
e a faringe.

À medida que o mergulhador desce, ele terá que compensar o ouvido


quantas vezes for necessário.

A compensação se faz engolindo a seco ou pela manobra de Valsalva (fechar


o nariz e a boca tentando soprar para fora).

Se por acaso não consegui compensar, deve subir e abortar o mergulho. É o


melhor e mais aconselhável a fazer.

Se continuar forçando, poderá ter BAROTRAUMA DA ORELHA.

orelha externa orelha orelha interna


média

tuba
auditiva

Seios da face - são espaços com ar que existem dentro de alguns ossos da
face.

Todos eles possuem comunicação com as fossas nasais e são revestidos por
uma camada de células muito delicada. Entre esta camada de células e o
tecido ósseo apresentam-se vasos sanguíneos.

48
- OS EFEITOS DIRETOS DA PRESSÃO NO ORGANISMO

O organismo do mergulhador sofre dois tipos de efeitos pelas variações


hiperbáricas.

Os efeitos diretos ou primários são os efeitos mecânicos ocasionados


diretamente pelo aumento da pressão. Podem provocar os Barotraumas e a
Hiperdistensão Pulmonar (Embolia Arterial Gasosa - EAG) e são regidos
pela Lei de Boyle.

E ainda os efeitos indiretos ou secundários que


ue são os efeitos fisiológicos,
bioquímicos e biofísicos exercidos pelos componentes de misturas gasosas
sobre determinados tecidos. Podem provocar as Intoxicações e o Mal
Descompressivo, sendo regidos, no primeiro caso pela Lei de Dalton e no
segundo pela Lei de Henry.

Efeitos diretos: Barotraumas


Hiperdistensão Pulmonar (Embolia Arterial Gasosa - EAG)

Efeitos Indiretos: Intoxicação


Doença Descompressivo

Podem ainda serem descritas


descritas como Hipobaropatias (relacionadas com a
diminuição da pressão do meio ambiente) ou Hiperbaropatias (relacionadas
com o aumento da pressão do meio ambiente).

49
Barotraumas

Se o homem fosse constituído apenas de tecidos incompressíveis, poderia


mergulhar a centenas de metros. Porém, seu organismo apresenta cavidades
pneumáticas, de conteúdo gasoso, que exigem adaptação fisiológica quando
submetidos à variação hiperbáricas. Se essas variações sobre as cavidades
citadas a cima excedem certos limites, a capacidade de adaptação do
mergulhador é ultrapassada, e surgem acidentes que embora de gravidade
limitada em geral, são os mais freqüentes nas atividades de mergulho: o
barotrauma.

Além das cavidades pneumáticas naturais, estruturas aéreas artificiais


criadas pelo equipamento de mergulho podem provocar lesões.

Barotrauma da Orelha Média

Quando o mergulhador indicia a descida, a pressão externa a orelha começa


a aumentar. O ar respirado, passando da nasofaringe pela tuba aditiva,
atingindo a orelha média e equilibrando a pressão exercida exatamente no
tímpano. Qualquer obstrução da tuba auditiva impede essa passagem de ar, e
a pressão na orelha média permanece mais baixa, já que não é equilibrado
pelo ar vindo da faringe. A pressão na orelha externa passa a deformar a
membrana timpânica, que sofre um abaulamento, podendo romper-se com
facilidade.

Causas. .
 Velocidade de descida do mergulhador.
 Proximidade da superfície.
 Hábito e treinamento.
 Infecção nas vias aéreas superiores.
 Otites agudas ou crônicas.

50
Obs.: Esse barotrauma pode ocorrer com ou sem ruptura de Tímpano.

Sintomas.

Imediatos no fundo; tonteiras, desorientação, dor de orelha.

Procedimento.

NOTA: VOCÊ NÃO PERDE A CONSCIÊNCIA, FIQUE CALMO.


SEGURE EM ALGUMA COISA FIXA, SE NÃO HOUVER ABRACE
A SI MESMO.

 Esperar um pouco até passar a tonteira.


 Soltar o cinto de chumbo.
 Subir lentamente.
Profilaxia.

 Nunca force uma manobra de valsalva.


 Nunca mergulhar gripado.
 Nunca mergulhar com tampões de ouvido ou capuz muito apertado
(Barotrauma da orelha externa).

Tratamento.
 Procurar um médico especializado (Otorrinolaringologista).

Barotrauma da Orelha Externa

Se o mergulhador usa um capuz de neoprene muito justo, ou tampões


obstruindo por completo o conduto auditivo forma, na descida, uma câmara
aérea isolada no meato acústico. A pressão dos tecidos circunjacentes e do ar
na rinofaringe acompanha a pressão ambiente. Se a tuba auditiva está
permeável, essa pressão da orelha externa vai se tornando relativamente
mais baixa. Ocorre o abaulamento do tímpano para fora, que podem acarretar
traumatismos leves, ou mesmo a ruptura (obs. os tampões são empurrados
para dentro do conduto auditivo).

Barotrauma Sinusal

Os seios da face comunicam-se com a faringe por condutos que permitem o


equilíbrio da pressão do meio ambiente em variação com a pressão no seu
interior. A obstrução num destes condutos por um processo inflamatório ou por
muco, impede o equilíbrio da pressão ambiente com a do interior dos sinus
causando problemas tais como edemas e hemorragias.

51
Sintomas.

Forte dor localizada e sangramento pelo nariz.

Profilaxia.

Não mergulhe resfriado.


Caso não consiga compensar, não force, suspenda o mergulho.

Barotrauma Dental

É um barotrauma de rara incidência, não tendo suas causas seguramente


definidas. Presume-se que isso ocorra devido a pequenas bolhas gasosas que
estariam no "interior da polpa dentária ou em tecidos moles adjacente". Esta
região, não tendo comunicação com o exterior, já possuiria uma pressão
levemente negativa que se agravaria durante a descida.

Este barotrauma, quando ocorre, se faz predominantemente em dentes


recentemente tratados ou em tratamento. Num mergulhador desavisado,
pode ter, como conseqüência da forte dor que apresenta, uma subida
precipitada de graves resultados.

Barotrauma de Máscara

A pressão no interior da máscara facial deverá ser mantida equilibrada com a


pressão exterior, o que é possível pela sua comunicação com as fossas
nasais. Caso contrário, a pressão relativamente menor no interior da máscara
transformará esta numa verdadeira ventosa causando lesões ao redor do
globo ocular e nos tecidos da face.

Expansão do Estômago e Intestinos

É proveniente da expansão dos gases deglutidos durante o mergulho quando


o mergulhador está subindo.

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Barotrauma Cutâneo ou de Roupa

É certamente o mais benigno dos barotraumas. A roupa mal ajustada


propicia a formação de dobras entre o neoprene e a pele, que funcionam
como espaços mortos que não podem ser equalizados. Ao retornar do
mergulho nada se sente, entretanto a pele poderá apresentar pequenas
manchas vermelhas nessas regiões. Logo em seguida desaparecem.

Já quando utilizando roupa seca necessita-se de equilibrar constantemente a


pressão interna com a pressão exterior.

Barotrauma Pulmonar

Limites do Mergulho em Apnéia para as Pessoas, em Geral.

Para que possamos bem entender este conceito, precisamos saber, primeiro,
que nós jamais conseguimos esvaziar totalmente os pulmões. Quando
exalamos tudo, sempre ficamos com um "volume residual" que, didaticamente,
vamos considerar como sendo de 1 litro. Esse ar residual é o responsável pela
manutenção da menor pressão interna possível nos pulmões.

Considerando que a nossa capacidade pulmonar seja de 5 litros (para efeito


de segurança de cálculo).

Profundidade Pressão Volume Pulmonar (em


(em metros) (em atm) l)
0m 1 5
10 m 2 2,5
20 m 3 1,66
30 m 4 1,25
40 m 5 1

Ao atingirmos a profundidade de 40 metros, num mergulho em apnéia, nosso


volume pulmonar estar igual ao valor do volume do ar residual. Como dissemos
anteriormente, este valor de 1 litros é o que oferece a menor pressão interna
para que as paredes pulmonares não venham a se fechar contra si mesmas.
Um valor menor que esse ocasionaria um grave acidente que chamamos de
barotrauma pulmonar total. E se ultrapassarmos os quarenta metros, em
apnéia, isso pode ocorrer.

Portanto, podemos dizer que, para o ser humano, de uma maneira geral, o
limite de profundidade/segurança recomendada para essa modalidade seria
na faixa dos 35 metros.

53
Sistema de Imersão Profunda dos Mamíferos.

Você já deve ter ouvido falar ou lido sobre o fato do homem ter atingido, em
apnéia, profundidades maiores do que os 40 metros. Realmente, o recorde,
hoje, está na faixa dos 120 metros. Ocorre que estes mergulhadores possuem
funcionando em seus organismo um processo que se encontra latente,
hibernado, nas demais pessoas. O chamado sistema de imersão profunda dos
mamíferos.

Para simplificar, diríamos que esse processo funciona da seguinte maneira:


ao ser atingida a profundidade dos 40 metros (portanto, na faixa onde se daria
o barotrauma pulmonar total), por algumas razões de diferença de pressão
entre o interior do pulmão e a pleura começa a haver um fluxo de sangue para
o interior dos alvéolos. O sangue é um liquido, e os líquidos são
incompressíveis. Esta incompressibilidade sustenta o esmagamento que se
daria na caixa pulmonar e o mergulhador, então, ultrapassa a profundidade
crítica e vai em busca do recorde.

Muitas pessoa que jamais mergulharam podem ter, ativos em seus


organismos, este processo; muitas que mergulham a vida toda não o
tem.
Mas todos nós o temos, pelo menos em estado latente.

Barotrauma Pulmonar Total em Apnéia Rasa.

Tudo que falamos até agora, diz respeito a apnéia inspiratória, isto é, aquela
onde o mergulhador inicia com os pulmões cheios. Nesse caso o volume
mínimo só seria atingido por volta dos 40 metros de profundidade. Entretanto,
caso já se iniciasse o mergulho com os pulmões em volume reduzido (apnéia
expiratória = exalou o ar e mergulhou), o volume mínimo (1 litro) seria
atingido bem antes dos 40 metros. Num mergulho a partir dos pulmães vazios,
podem ocorrer graves problemas já aos 5 metros de profundidade (barotrauma
pulmonar total, de acordo com a lei de Boyle). Soltar o ar durante o mergulho
em apnéia, dependendo da profundidade onde se está, pode criar um quadro
semelhante ao que ocorreria numa profundidade de 40 metros. Portanto, não é
recomendado soltar-se o ar num mergulho em apnéia. O correto é tomar o ar
normalmente, mergulhar, permanecer e voltar sem soltar o ar.

Embolia Arterial Gasosa (EAG)

O uso do ar comprimido nos equipamentos de mergulho exigiu consideráveis


adaptações do mergulhador, com risco para sua vida. Uma subida de
emergência executada incorretamente poderá ocasionar um dos mais graves
acidentes de mergulho, a Embolia Arterial Gasosa (EAG)

54
É um acidente que ocorre com o mergulhador que, tendo respirado
ar comprimido no fundo, retém esse ar durante a subida com o
aumento da pressão intrapulmonar, distensão e ruptura alveolar e
penetração do ar na circulação sanguínea, interrompendo a irrigação
de estruturas importantes do organismo.

Esse acidente não ocorre no mergulho livre porque os pulmões do


mergulhador, que não receberam nenhum ar no fundo, não poderão conter na
volta à superfície, volume de ar superior ao que tinha ao iniciar o mergulho.

Existem diversos fatores predisponentes para a ocorrência do acidente,


sendo um deles a asma.

Outro fator que deve ser considerado é a instabilidade emocional do


mergulhador, que em face de uma emergência no fundo, poderá levar o
mesmo ao pânico, ocasionando o fechamento da glote, desencadeando o
acidente.

Sintomas.

Doença leve: Tonteiras, mal estar.

Doença moderada: Tonteiras, desorientação, náuseas, tosse com escarro


hemorrágico, falta de ar, convulsões, cianose, choque

Obs.: O quadro se instala rapidamente podendo o mergulhador chegar


inconsciente na superfície.

Profilaxia.

Todo candidato a mergulhar deve ser submetido a um exame médico de


seleção, com especial atenção para o aparelho respiratório. O treinamento da
manobra denominada "subida livre" é importante para prevenir eventuais
situações de emergência.

JAMAIS SUBIR À SUPERFÍCIE RETENDO O AR NOS PULMÕES


APÓS TER RESPIRADO AR COMPRIMIDO NO FUNDO.

Tratamento:

Mergulhadores devem ser aconselhados a procurarem os centros de saúde


antes de serem encaminhados a uma câmara de recompressão. Mesmo
quando os mergulhadores chegavam à superfície com claros sintomas de
uma embolia gasosa arterial, o tratamento de escolha deve ser o serviço de

55
emergência local ou hospital. Sua melhor opção é usar os serviços de
emergência existentes para um mergulhador acidentado.

As razões:

 Hospitais e instalações de cuidado urgências têm uma fonte ilimitada de


oxigênio, fluidos intravenosos e medicamentos.
 Um prestador de cuidados médico / necessidades de emergência para
descartar outras doenças, tais como pneumotórax (colapso pulmonar),
infarto do miocárdio (ataque cardíaco), e lesões neurológicas e músculo-
esqueléticas com sintomas semelhantes ao da Doença Descompressiva.
 Um paciente ferido precisa ser estabilizado antes e durante o
transporte e devem ser transferidos sob supervisão médica.
 Transportar um mergulhador sem uma avaliação adequada pode
prejudicar a saúde do mergulhador e/o resultado do tratamento.
 A situação operacional da câmara pode mudar. Câmaras podem fechar
para manutenção programada, férias de pessoal ou um número
limitado de funcionários por causa de uma grande demanda de
tratamento durante o dia ou alta de paciente. Você pode estar se
dirigindo para uma câmara que não esta disponível. Notificação prévia
de uma instalação de avaliação é geralmente necessária para iniciar a
chamada de procedimento ao pessoal um tratamento hiperbárico.
Finalmente, as maiorias das instalações hiperbáricas têm horário
comercial normal durante o dia e não funcionam à noite e nem nos finais
de semana. Na verdade, algumas instalações de câmaras escolhem por
não terem uma equipe em sua unidade depois da hora de trabalho e não
desejam tratar mergulhadores. A maioria dos casos de doença
descompressiva foi relatada para avaliação após o horário comercial
normal.

Se você suspeitar que um mergulhador tenha um acidente de mergulho


relacionados com as necessidades e avaliação, com segurança você deve:

 Monitor das vias aéreas, respiração, circulação.


 Fornecer oxigênio a 100 por cento se você houver um prestador de
oxigênio treinado.
 Ligue para a emergência local para o transporte ou ajudar no
transporte do mergulhador para cuidados médicos.

56
 Ligue para a DAN Hotline de emergência em +1-919-684-9111
(emergências pode ligar a cobrar) para consulta e aconselhamento. No
Brasil 0800 684 9111

O ar no alvéolo estourado poderá causar o seguinte:

ENFISEMA DO MEDIASTINO - É a formação de ar nos tecidos em volta do


coração.

ENFISEMA SUBCUTÂNEO - É o resultado do ar forçado sob a pele (mais


freqüentemente encontrada em tomo do pescoço).

PNEUMOTÓRAX - É a dilatação da bolha de ar localizada entre a parede


interna do tórax e a parede externa do pulmão, provocada por ruptura dos
alvéolos pulmonares. Este acidente pode ocorrer só ou seguido de Embolia

Distribuição Percentual dos Barotraumas

BAROTRAUMA %
Timpânico 71,62 %
Dental 1,35 %
Sinusal 19,60 %
Facial 4,06 %
Toráxico 3,37 %

FONTE: casuística da BACS (Marinha do Brasil)

ENFISEMA
INTERSTICIAL

57
- OS EFEITOS INDIRETOS DA PRESSÃO NO ORGANISMO

Intoxicação pelo Nitrogênio (N2) - Narcose pelo Nitrogênio ou


Embriaguez das Profundezas

Efeito narcótico provocado por gases inertes ao se difundirem no sistema


nervoso central. A ocorrência depende da pressão parcial do nitrogênio e da
sua solubilidade nos tecidos. É semelhante à embriaguez causada pelo álcool
58
ou efeito de gases anestésicos.

Varia de indivíduo para indivíduo. Começa discretamente á partir dos 30 metros


de profundidade, manifestando-se de acordo com a suscetibilidade do
indivíduo. Quando maior a profundidade, pelo efeito tóxico decorrente, maior a
deterioração da destreza física e mental, até a apresentação de um quadro de
desordem total das reações.

Profilaxia.

Não mergulhar com ar comprimido em profundidades maiores que 40 metros.


Não ingerir álcool antes de operações de mergulho. Respirar moderadamente,
pois o CO2 potencializa esta operação.

Tratamento.

Reduzir imediatamente a profundidade de permanência do mergulhador; o


efeito reverte, não permanecendo seqüelas.

Intoxicação pelo Oxigênio (O2)

No mergulho amador, cujas profundidades superiores aos 35 metros não são


recomendadas, o percentual de oxigênio contido no ar comprimido não
oferecerá os efeitos que conhecemos como intoxicação.

59
Todavia qualquer mergulhador pode vir a precisar de submeter-se a
tratamento hiperbárico com oxigênio. O desejável é que todo mergulhador
soubesse suas margem de tolerância ao oxigênio puro, não por causa do
mergulho, uma vez que na nossa área de atuação não se fará uso de misturas
de gases nem altas profundidades; mas devido as possibilidades de algum
tratamento.

Ao mesmo tempo que assim consideramos, reconhecemos também que essas


possibilidades são mínimas. Tal exigência dificultaria muito a realização de
cursos de mergulho amador, cujo público seria solicitado a atender
parâmetros para os quais não pretende e nem imagina atingir.

Generalidades Sobre o Oxigênio

Uma pessoa pode respirar oxigênio puro, sob pressão atmosférica normal,
por longo tempo, sem que apresente sintomas da toxicidade aguda em
relação ao sistema nervoso.

Entretanto, com 12 horas desta respiração, apresentará congestão das vias


aéreas pulmonares e edemas pulmonares. Em resumo, apresentará diversas
lesões no revestimento de brônquios e alvéolos. A este efeito tóxico sobre o
aparelho respiratório denominamos de efeito de Lorain Smith, o qual possui um
longo estudo. Ao efeito tóxico do oxigênio hiperbárico, agindo sobre o sistema
nervoso, denominamos efeito de Paul Bert, que se constitui também num
complexo estudo.

O oxigênio puro torna-se tóxico já a partir dos 9 metros de profundidade.

Sintoma clássico: o surgimento súbito de uma redução progressiva do campo


visual, (como se fossemos observando a tela de uma televisão que
desligamos naquele momento) é um dos indicativos mais comuns do início de
uma intoxicação por oxigênio.

Para saber mais sobre a Pp O2

Os principais órgãos afetados são o pulmão (efeito Lorain Smith) e o sistema


nervoso central (efeito Paul Bert). O efeito Lorain Smith trata dos efeitos
tóxicos do oxigênio sobre o tecido pulmonar. Os alvéolos são revestidos por
uma substancia sulfactante, que impede que os mesmos colabem e permite
que eles mantenham sua função de efetuar a troca gasosa. Exposições muito
prolongadas de oxigênio em pressões parciais intermediarias podem causar
remoção da substancia sufactante e lesões nos alvéolos, fazendo com que o
mesmo possa vir a colabar, prejudicando a troca gasosa. Os sintomas são dor
no peito, dificuldade de respirar, diminuição da capacidade vital e tosse.

60
Estes sintomas, muito parecidos com um caso grave de gripe, muito
raramente causam danos permanentes, principalmente a mergulhadores
amadores e técnicos, já que a maioria das exposições com equipamento
autônomo, mesmo as superiores a 6 horas de duração estão normalmente
dentro dos limites considerados seguros. Esse tipo de problema está mais
presente em mergulhos de saturação, tratamentos hiperbáricos longos, e em
centro de terapia intensiva em hospitais.

Efeito Paul Bert Paul Bert em 1878 foi o primeiro a observar os efeitos de altas
pressões parciais de oxigênio no sistema nervoso central. Altas pressões
parciais de oxigênio alteram o metabolismo das células nervosas, trazendo
todo tipo alteração neurológica: as mais comuns costumam ser lembradas com
a ajuda do acrônimo CONVANTIT: Convulsões, Distúrbios Visuais, Distúrbios
Auditivos, Náuseas, Tonturas, Irritabilidade e Tremores. A boa noticia é que
convulsões, algo extremamente inconveniente, pois pode levar ao afogamento,
são raras. A notícia ruim é que ela pode ocorrer sem que nenhum dos outros
sintomas apareça, ou seja, sem avisos. É bom lembrar que a convulsão por si
só não causa danos, exceto se houver afogamento ou uma pancada na
cabeça. A intoxicação do sistema nervoso central, ao contrário da pulmonar,
demanda maior atenção dos mergulhadores, inclusive dos que utilizam nitrox
dentro dos padrões do mergulho amador. Estes, como estão limitados a
mergulhos sem descompressão, sem trocas de gás, e com percentagens de
O2 até 40%, só precisam estabelecer a profundidade máxima de operação da
mistura a ser utilizada baseado na PpO2 máxima desejada, e se manter em
exposições com durações máximas seguras.

Como regra básica podemos dizer que o sinal amarelo inicia-se em 1,4 de
pressão parcial, e a pressão de 1,6 deve ser a máxima utilizada em qualquer
circunstância, pois apesar da probabilidade de convulsão ser pequena, a
margem de erro é menor ainda. Ou seja, o limite deve ser evitado se o
mergulhador e o mergulho não estiverem em condições ideais, pois situações
como frio e esforço físico podem aumentar a probabilidade de intoxicação por
O2.

Intoxicação pelo Dióxido de Carbono (CO2)

O metabolismo humano é o principal responsável pela presença do CO2,


sendo o mesmo produto final da respiração. A eliminação deste gás é,

61
portanto, resultado de um fluxo respiratório adequado.

O impedimento de uma correta respiração, com a adequada eliminação do


CO2. Quantidade anormal de CO2 na mistura respiratória.

Sintomas.

A retenção do CO2 causa sintomas que acusam a depressão do sistema


nervoso central, do tipo: convulsão, diminuição da acuidade sensorial,
depressão respiratória.

Tratamento.

Se mergulhador for resgatado e levado a superfície, irá se recuperar ao


respirar ar fresco, restando sintomas como cefaléia, náuseas e vômitos.

Intoxicação pelo Monóxido de Carbono (CO)

A presença do CO no suprimento respiratório do mergulhador é grave, pois


este gás combina-se com a hemoglobina causando diminuição do transporte
de oxigênio nos tecidos. A afinidade da hemoglobina ao CO é de 200 a 300
vezes maior que o O2. A hemoglobina monoxicarbonizada tem cor brilhante, o
que mascara a cianose, apresentando apenas intensa vermelhidão nos
lábios, unhas e pele.

Causas.

O CO ocorre em descargas de motores à combustão, compartimentos


fechados onde tintas ou provisões estejam se deteriorando.

Sintomas.

Náuseas e vômitos, cefaléia, alterações mentais, perda de consciência súbita,


pressão sobre a fronte e têmporas latejando.

Tratamento.

Interrupção imediata da exposição ao CO, exposição ao ar fresco, ventilação


artificial se necessário.

Intoxicação pelo gás Sulfídrico (H2 S)

O gás sulfídrico é um dos elementos resultantes do metabolismo de bactérias


anaeróbias. Estas bactérias se proliferam em locais fechados, corno porões
de navios afundados, cavernas submarinas e fundos de chatas, onde ficam

62
confinados.

Em pequenas concentrações tem cheiro de ovo podre e em altas não tem


cheiro (o que o torna muito perigoso).

Profilaxia.

Quando você entrar em algum compartimento subaquático fechado (navios,


cavernas, etc.) nunca retire a máscara e nunca deixe de respirar em sua
válvula, a menos que você note vida animal no local.

Porque vida animal? - Porque a respiração destes animais é a mesma que a


nossa e o H2S é incompatível com a vida.

Sintomas.

Dor de cabeça, tonteiras, lábios, pálpebras e unhas em tom vermelho vivo.

Tratamento.

O tratamento e semelhante ao da intoxicação por CO e consiste em ventilar


bem a vítima com ar e de preferência com O2 puro.

- Doença Descompressiva

Desde meados do século passado, com o aperfeiçoamento dos equipamentos


de mergulho, o homem pode permanecer mais tempo no fundo do mar para
conhecê-la e explorá-la. Com isso uma nova entidade mórbida passou a figurar
na literatura médica: A DOENÇA DESCOMPRESSIVA

A construção de câmaras de recompressão e a instituição de tabelas de


descompressão com finalidades terapêuticas, e principalmente preventivas,
foi um marco decisivo na história da medicina submarina e raras vezes o índice
de mortalidade de uma doença foi tão bruscamente reduzido.

No Brasil, a Marinha de Guerra vem atendendo em câmaras hiperbáricas,


mergulhadores militares e civis vitimados por acidentes compressivos.

Para melhor compreensão deste tema faz-se necessário a análise de duas


definições. Descompressão é o tempo necessário que o mergulhador deverá
levar desde deixar o fundo até chagar na superfície (com ou sem parada para
descompressão). Tempo este, para eliminar parte do N2 em excesso do seu
organismo, que seria suficiente para causar uma doença descompressiva.
Este tempo depende da profundidade que o mergulhador atingirá e seu
tempo de fundo.

63
Doença Descompressiva (Mal Descompressivo, DD ou BENDES), é uma
doença freqüente entre mergulhadores, embora o índice de mortalidade seja
baixo, o de morbidade é muito alto, podendo o mergulhador passar vários
meses para se recuperar, e às vezes é de caráter permanente.

Três elementos fundamentais na gênese da doença descompressiva, com


variações independentes: a profundidade, a duração, e o tempo de
descompressão do mergulho. A duração do mergulho deve ser inversamente
proporcional à sua profundidade, ou seja, quanto maior a pressão ambiente,
menor o tempo que organismo poderá suportá-la sem problemas. Quanto
maior a profundidade e a duração do mergulho, mais lenta deverão ser à volta
à superfície, programadas pelas tabelas de descompressão. Existem alguns
fatores predisponentes, cujos principais são:

OBESIDADE - Experiências com animais e a prática dos trabalhos sob ar


comprimido tem demonstrado que esta doença ocorre mais comumente entre
indivíduos gordos, provavelmente devido à maior solubilidade do nitrogênio nos
tecidos gordurosos que, por serem pobremente vascularizados, dificultam a
liberação do nitrogênio na volta à superfície.

GÁS CARBÔNICO - O uivei de gás carbônico na mistura gasosa respirada


quando ultrapassados os limites normais permissíveis, aumenta a incidência
e a gravidade da doença descompressiva.

EXERCÍCIO FÍSICO DURANTE A DESCOMPRESSÃO - Embora certos


autores afirmem que o exercício moderado durante a descompressão
melhora a circulação sangüínea e a remoção do nitrogênio, admite-se
atualmente que o mesmo predispõe ao aparecimento da doença
descompressiva, não só pelo aumento do nível de gás carbônico como pela
elevação das tensões mecânicas dos tecidos.

TEMPERATURA AMBIENTE - O papel da baixa temperatura ambiente na


predisposição da doença descompressiva tem sido valorizado por vários
autores.

BALANÇO HÍDRICO - A desidratação aumenta a suscetibilidade da doença


descompressiva e estudos recentes concluíram que a ingestão reduzida de
líquidos e um débito urinário baixo, são elementos importantes na gênese
deste acidente.

FATORES LOCAIS - O traumatismo mecânico predispõe ao aparecimento de


formas localizadas da doença descompressiva, provavelmente devido a um
mecanismo de cavitação na circulação sanguínea dos tecidos lesados.

64
ADAPTAÇÃO - É reconhecido o desenvolvimento de uma tolerância
progressiva aos efeitos da descompressão pelos indivíduos que se submetem
a períodos prolongados em condições hiperbáricas.

Patogenia.

Várias teorias tentaram explicar a Patogenia da doença descompressiva,


destacando-se a da embolia gasosa. Há consideráveis evidências de que as
bolhas gasosas são o agente patogênico primário da doença
descompressiva.

Quando o indivíduo permanece em condições hiperbáricas a quantidade de


nitrogênio que se dissolve em seus tecidos aumenta proporcionalmente a
pressão ambiente, segundo a Lei de Henry. O sangue é transportador dessa
sobrecarga gasosa que vai saturar gradativamente os tecidos. A
despressurização lenta e controlada, segundo tabelas de descompressão
programadas, permite a volta à pressão atmosférica sem problemas, sendo o
excesso de nitrogênio gradativamente conduzido pelo sangue para os
pulmões e eliminado para o meio ambiente. A despressurização brusca
provoca a supersaturação dos tecidos e do sangue, formando as bolhas de
nitrogênio, e causando obstrução da circulação sanguínea e manifestações
regionais e gerais da doença descompressiva. Discute-se se as bolhas
preexistem em estado potencial sob a forma de micronúcleos ou se a sua
formação pela despressurização brusca se dá sem ponto de partida. No
primeiro caso, essas partículas gasosas cresceriam por difusão dos gases do
meio circunjacente para seu interior.

65
Quando a patogenia da dor, segundo alguns, o aparecimento de bolhas nas
estruturas articulares provoca dor por pressão direta sobre os tecidos
sensíveis. A localização no interior da medula óssea é outra hipótese infeliz,
tendo em vista a semelhança da dor da doença descompressiva com a
osteomielite. Admitem outros que a dor é de origem central, pela localização
das bolhas em regiões cerebrais responsáveis pela sensibilidade das áreas
aparentemente comprometidas, à semelhança do que acontece com as dores
fantasmas dos membros amputados.

Localização das Bolhas de Nitrogênio

INTRAVASCULAR - Desde 1670, Boyle assinalou em animais submetidos a


uma descompressão brusca, a presença de bolhas intravasculares na
circulação arterial, venosa e linfática. Essas bolhas são revestidas por uma
membrana lipoproteica relativamente resistente e seu crescimento vem a
provocar a obstrução ou mesmo a ruptura dos vasos sangüíneos, com
fenômenos de êxtase, hipoxia, isquemia, edema, hemorragia e
eventualmente necrose da área comprometida.

EXTRAVASCULAR - A formação de bolhas no espaço intersticial ocorre


principalmente em estruturas ricas em lipídios como tecidos gordurosos córtex
supra-renal, bainha de mielina dos nervos periféricos, e podem comprimir
extrinsecamente os vasos sangüíneos provocando fenômenos isquêmicos
semelhantes aos conseqüentes às bolhas intravasculares.

INTRACELULARES - As bolhas intercelulares são de detecção bastante difícil


pelos métodos atuais de microscopia, freqüentemente prejudicada pelos
artifícios da técnica, tendo sido constatados principalmente no fígado e na
medula espinhal. Ultrapassando o seu limite de resistência, a membrana
celular se rompe, dando saída a resíduos celulares, materiais gordurosos,
agentes farmacologicamente ativos, bem como às próprias bolhas gasosas
que podem alcançar a corrente sangüínea, reforçando o mecanismo
intervascular já mencionado.

66
Quadro clínico

De acordo com os órgãos ou sistemas mais atingidos, temos as seguintes


formas clinicas.

Formas de Manifestação

MANIFESTAÇÕES OSTEOMUSCULOARTICULARES - A dor desta


origem é indiscutivelmente a manifestação mais freqüente: ocorre em mais de
noventa por cento dos casos, pode constituir o único sintoma. Sua instalação é
geralmente gradativa, crescendo até atingir um nível insuportável. É contínua,
lembrando nos casos mais graves a dor da osteomielite. Freqüentemente inicia-
se por um foco limitado, estendendo-se centrifugamente e comprometendo uma
área bem mais extensa. Pode ser acompanhado de edema e hipermia
localizados e a aplicação de calor e massagem dão alívio temporário. As
articulações mais comprometidas pela ordem de freqüência são: ombro,
cotovelo, joelho e quadril.

MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS - O comprometimento do sistema


nervoso central entre mergulhadores é predominantemente medular. A
substância branca é afetada normalmente nas colunas laterais e posteriores
dos seguimentos lombar superior, torácico inferior e cervical inferior, pela
ordem de freqüência. Hemiplegia, tetraplegia, paraplegia ou monoplegia,
espasticidade, distúrbios esfincterianos podem ocorrer com uma distribuição
correspondente à área medular atingida. O comprometimento dos centros
nervosos superiores mais encontrados em acidentes com aviadores,
trabalhadores de caixões pneumáticos e no interior de câmaras hiperbáricas

67
caracteriza-se por comprometimento progressivo da consciência, colapso,
náuseas e vômitos, distúrbios visuais, cefaléia, tonteira e vertigem.

O comprometimento do sistema nervoso periférico pode atingir isoladamente


os nervos cranianos, espinhais e sistema nervoso autônomo, com
manifestações sensitivas ou motoras superponíveis às do sistema nervoso
central, com as quais podem se confundir.

MANIFESTAÇÕES PULMONARES - Resultam provavelmente da obstrução


emboligênica dos vasos pulmonares, caracterizando-se por mal estar ou
queimação retroesternal agravada pela inspiração profunda provocando
acessos de tosse irreprimíveis, tornando a respiração superficial e
acentuando-se progressivamente até ocupar ambas as fases da respiração.
Surge agitação, sensação de morte iminente e o quadro pode evoluir para
uma situação de choque, cianose, síncope respiratória e morte se não for
devidamente tratado.

MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS - Apresenta-se com sensação má definida de


picadas, coceira, queimação na pele, durante ou logo após a descompressão
de um mergulho geralmente profundo e rápido. Podem surgir também
extensas manchas urticariformes, aspectos circunscrito de lividez, manchas
lineares acastanhadas em fundo branco, ou pequenas manchas avermelhadas
distribuídas irregularmente pela superfície atingida.

CHOQUE - Algumas vezes


encontramos um quadro de choque,
provavelmente pelo grande
extravasamento de plasma pelos
vasos sangüíneos abdominais, com
fuga de considerável volume de
líquido para a cavidade peritoneal.

Outra explicação é a formação das


bolhas nas glândulas supra-renais.
Esse quadro, por vezes bastante
grave ou mesmo mortal deve ser
combatido precocemente

Para Fins de Tratamento da Doença Descompressiva é Dividido em:

68
Doença Descompressiva Tipo I - Doença descompressiva onde os sintomas
são percebidos como de origem não neurológica, com sintomas como coceira,
erupções cutâneas e dores nas articulações ou musculares.

Doença Descompressiva Tipo II - Qualquer doença descompressiva onde


existam sintomas ligados ao sistema nervoso ou cardiovascular.

Doença Descompressiva Tipo III - Doença descompressiva mais séria ou


severa, algumas vezes encontrada após mergulhos profundos e longos,
possivelmente com subidas rápidas. Pensa-se que as doenças
descompressivas do tipo III são causadas por ocorrência de embolia arterial
gasosa após mergulhos onde grandes quantidades de gás inerte tenham sido
absorvidas por tecidos corpóreos.

Os sintomas podem aparecer antes do mergulhador chegar à superfície


até 24 horas após o mergulho.

EAG X DOENÇA DESCOMPRESSIVA

EAG DD
INÍCIO SÚBITO E IMEDIATO LENTO E TARDIO
EVOLUÇÃO RÁPIDA LENTA E
PROGRESSIVA
COMPARTIMENTO PULMONAR, OSTEOARTICULAR E
PREDOMINANTE NEUROLÓGICO NEUROLÓGICO
(ENCÉFALO) (MEDULAR)
E
CORONÁRIO
PROGNÓSTICO MAU BOM

CUIDADO: Não confunda. A EAG são bolhas de ar na circulação sanguínea


originado da ruptura alveolar pulmonar, causada pela retenção do ar durante
a subida. E a DD são bolhas de nitrogênio nos vasos sangüíneos, causada por
falta de descompressão adequada quando o mergulhador esta retomando a
superfície.

CONDUTA COM PACIENTES ACIDENTADOS

NO FUNDO - Caso o mergulhador esteja inconsciente e com parada


respiratória, deve-se conduzi-lo até a superfície, levantando o seu queixo e
mantendo o regulador em sua boca (para evitar uma possível EAG).

69
Caso o mergulhador esteja inconsciente, mas sem parada respiratória, deve-
se conduzi-la até a superfície, lentamente e prestando muita atenção na sua
respiração.

NA SUPERFÍCIE

A posição correta para remoção ou espera do paciente com provável EAG ou


DD deve obedecer ao seguinte procedimento:

 Deitado de bruços, levemente virado sobre o lado esquerdo.


 Administre O2 puro.

70
PROCEDIMENTOS APÓS A CONDUTA NA SUPERFÍCIE

Tanto o paciente afogado como com EAG ou DD deverão ser aquecidos e


adiministrar oxigênio puro se possível.

O acompanhante deverá prestar atenção e anotar a evolução dos sinais e


sintomas que o paciente e a conduta que está sendo realizada.

No caso de uma DD ou EAG, acionar assistência médica mais próxima.

No caso de DD, o transporte por via aérea terá que ser feita o mais baixo
possível ou em cabine pressurizada.

No caso de afogamento, hemorragia e omissão de descompressão, o


tratamento deverá ser realizado conjuntamente.

No caso de DD ou EAG que seja necessário realizar o método de


ressuscitarão, o paciente terá que ficar com o ventre para cima.

71
5.3 - "APAGAMENTO" E OUTRAS SÍNCOPES DO MERGULHO LIVRE
Atenção: observe, nos tipos de acidente explanados neste tópico, a
importância da cota de equilíbrio como fator de segurança.

Hiperventilação e Cota de Equilíbrio

Uma hiperventilação exagerada e uma cota de equilíbrio adulterada têm sido


a causa de diversos acidentes no mergulho livre e, particularmente, na pesca
subaquática.

Consiste, a hiperventilação, numa série de rápidas inspirações e expirações


que teriam como resultado a elevação da
pressão parcial de oxigênio no sangue. Em
conseqüência propiciaria um maior tempo
de apnéia para o mergulho a seguir.
Realmente, se consegue esta elevação do
teor de oxigênio. Mas se produz, em
conseqüência, outro fenômeno: a queda da
pressão parcial do dióxido de carbono. Como
a cada inspiração (na técnica de
hiperventilação) obriga também a uma
expiração, se perde mais CO2 do que a
quantidade que se ganha em oxigênio.

Iniciando-se o mergulho com um percentual


baixo de dióxido de carbono, vai demorar
mais para que o sistema que aciona a
necessidade de respirar entre em
funcionamento. O mergulhador desavisado,
vendo que seu tempo de apnéia melhora,
considera ser devido ao acréscimo de
oxigênio que, hiperventilando, obteve. Na
verdade é muito mais devido ao baixo nível de
dióxido de carbono.

Embora o CO2 ainda não tenha subido o


suficiente para desencadear a necessidade de
respirar e o coerente fim daquela apnéia,
pode acontecer que o O2 tenha chegado a
níveis minimos. Então, o mergulhador
"apaga" sem ter tido falta de ar.

72
A partir daí, duas hipóteses podem ocorrer:

O Apagamento se deu acima da cota de equilíbrio.

Em um primeiro momento a glote se fecha e o mergulhador não bebe água. A


flutuabilidade positiva leva o corpo, com velocidade crescente, para a
superfície. Ao receber a primeira ventilada de ar fresco, são grandes as
probabilidades do mergulhador acordar, tossindo, engasgado, porém vivo e
tendo adquirido um ensinamento do qual jamais se esquecerá.

O Apagamento se deu abaixo da cota de equilíbrio.

Neste primeiro momento a glote também se fecha e o mergulhador não bebe


água. A flutuabilidade, agora negativa, levar o corpo para o fundo. Embora
inconsciente, a taxa de CO2 continua subindo no sangue. Em dado momento
desta descida ou mesmo já tendo chegado ao fundo, o estímulo para respirar
torna-se compulsivo, devido as altas taxas de CO2 existentes no organismo
(apesar de estar inconsciente, o mergulhador continua em apnéia). Então,
movimentos espasmódicos e característicos da ânsia de respirar forçam a
abertura da glote e o corpo começa a "respirar água". É o início do
afogamento.

Por estar abaixo da cota de equilíbrio, a tendência ser cada vez ir mais para o
fundo. A menos que seja resgatado por um companheiro nesse primeiros
minutos, as probabilidades de jamais ser encontrado são quase totais.

73
Síncope por Falta de Oxigênio

Acidente típico de pesca subaquática, tendo já vitimado diversos


mergulhadores, em sua maioria possuindo formação incompleta, sem
maiores esclarecimentos como os que devem ser propiciados num curso de
mergulho. Nesta modalidade de acidente podemos diferir duas particularidades:

O Acidente Ocorre Durante a Subida:

O mergulhador inspira e inicia-se o mergulho. No momento em que toma o ar


e entra em apnéia (posição 1) a Pressão atmosférica é, naturalmente, de 1 atm
e a Pressão parcial de oxigênio no sangue é de 20%.

Na medida em que vai afundando a Pressão total aumenta e a parcial


também, embora percentualmente o oxigênio esteja sendo consumido.

Na posição 3, aos 10 metros, a Pressão total é de 2 atm e a parcial pode estar


em torno de 0,36 atm, mas o percentual de oxigênio no sangue é de 18%.

Tomando posição, um pouco mais abaixo dos 10 m, o mergulhador prepara-


se para o tiro. Sente-se bem. Capricha na pontaria e espera. Sente-se com
fôlego e julga ser isso devido as corridas que tem executado diariamente. Na
verdade o que está ocorrendo é que seu sistema de irrigação sangüínea está
pressionado pela profundidade (Dalton). Então, apesar do oxigênio estar
baixando, a difusão do gás continua, como uma fraca intensidade de água
circulando fortemente numa mangueira de fino diâmetro. Então, apesar do
percentual de oxigênio estar baixando, o "estreitamento da mangueira" por
onde o sangue circula fornece uma "compressão" para que o oxigênio seja
distribuído ao cérebro.

Na posição 5, já subindo e passando pelos 10 metros, a Pressão parcial do


oxigênio pode ser de 0,2 atm, mas percentualmente já pode ser de 10% e o
cérebro continua irrigado.

Na posição 6, diminuindo ainda mais a profundidade, passando por uma cota


em que a Pressão total seja de 1,2 atm, os condutos do sangue oxigenado
retornam ao seus diâmetros normais e, agora, não possuem mais compressão
para fazer circular uma percentagem de, digamos, 8% de oxigênio. Então, o
mergulhador "apaga" por falta de oxigênio.

Se o percentual de oxigênio descer ao nível de 8%, ocorre o desmaio.

É devido a este processo que os mergulhadores se sentem bem na


profundidade, mesmo consumindo oxigênio. O problema é na volta.

74
Este acidente, conforme descrito e ilustrado, tem afinidade com os dias de
águas muito claras. Nessas ocasiões o apneísta sente-se mais a vontade para
aprofundar. As águas claras iludem a noção de profundidade e apenas na
subida é que o mergulhador percebe que "ainda falta chegar onde já devia ter
chegado".

Uma boa técnica para se livrar deste acidente é respeitar seu tempo de
apnéia, em qualquer profundidade. Se for necessário um mergulho mais
fundo, tenha certeza de que esteja sendo observado por alguém capaz de
intervir a seu favor. É devido a freqüência deste acidente nas águas claras,
que a água muito azul é chamada, na gíria da pesca sub, de "água azul-
caixão".

75
O Acidente Ocorre Ainda no Fundo:

É um Apagamento que ocorre após o mergulhador ter sido fartamente


advertido pelo seu organismo de que era hora de ventilar. Geralmente se dá
momentos antes de um tiro ou mesmo logo após ele. (este é o motivo por que
sempre se conta de alguém que morreu e foi encontrado com um peixe
fisgado no arpão). A causa parece ser a emoção; parece ser adrenalina que
"disfarçaria" a verdadeira situação do nível de oxigênio no sangue. Na
verdade a causa é a imprudência, a superavaliação ou a dificuldade de abrir
mão de um peixe quase capturado... em suma, a imaturidade.

Isso ocorre da seguinte maneira:


O pescador tem um peixe quase em posição de tiro, o qual, segundos antes,
se movimenta e passa a oferecer uma área menor para a visada. Aos poucos,
lentamente, começa a oferecer, novamente, uma melhor posição. Então, o
pescador espera que o peixe se coloque em situação favorável...
Nesse espaço de tempo, o mergulhador já sentiu vontade de respirar... mas
procura se conter, uma vez que basta mais um pouco apenas para atirar. A
emoção é grande. O peixe, uma "peça" respeitável. O homem não quer perdê-
la. Se subir para respirar, provavelmente não o encontrar de novo. Então, usa
de tudo que sabe para poder "agüentar", permanecendo até o tiro e, com esta
finalidade, o mergulhador chega mesmo a soltar um pouco de ar para se aliviar
da pressão que o CO2 faz no comando de "respirar". E sente melhoras. E
permanece. O nível de oxigênio já é mínimo. A taxa de dióxido de carbono é
compulsivamente alta. Mas a emoção e o desejo são ainda maiores. Então,
finalmente, atira. Vê que acertou e corre ao arpão para garantir a ferrada.
Apaga, mas sentiu muita falta de ar antes disso.

- O FRIO, COMO CAUSADOR DE ACIDENTES NO


MERGULHO

Devido ao fato da água ter uma condutividade térmica 25 maior do que o ar, o
mergulhador perde calor com mais facilidade do que uma pessoa que esteja na
superfície.

No caso específico das mulheres, devido a possuírem menos glândulas


sudoríparas e contarem com mais gordura subcutânea, retém calor com mais
facilidade que o sexo oposto.

76
Entretanto, quando se trata de mulheres magras, sendo a massa do corpo
menor que a massa normal do corpo de um homem, apresentam um maior
coeficiente na proporção superfície / massa do corpo e, geralmente, ficam
com frio mais depressa.

Num mergulho onde se realiza esforço, perde-se calor mais rapidamente.


Nesses casos, devido ao sangue circular com maior velocidade, o calor é
dispersado de forma mais acelerada.

"...o náufrago, o mergulhador que aguarda socorro, deverão permanecer tão


quietos quanto possível, adotando uma posição próxima da fetal, com o que
protegerão as áreas responsáveis pela maior dispersão de calor."
Numa operação de mergulho como as que realizamos, onde os indivíduos
não são necessariamente atletas, pertencem a ambos os sexos e com idades
que podem ultrapassar mais de trinta anos entre o mais novo e o mais velho, o
instrutor deverá estar atento para a maior sensibilidade ao frio que um ou outro
mergulhador apresente.

A tremedeira característica é sinal que o mergulho começa a deixar de ser


uma atividade de lazer. A mergulhadores que apresentem esse sintoma,
melhor sugerir-lhes que retornem à embarcação. Melhor assim, enquanto a
pessoa pode por si mesma se recompor termicamente ao sair da água, do que
vir a precisar socorros por ter sido vitimada de hipotermia.

Fases de uma Hipotermia

1- Excitação: calafrios e vasoconstrição periférica. A temperatura do corpo já


é próxima dos 34 graus C.

2- Adinamia: respiração acelerada (taquipnéia) e aumento do débito


cardíaco até 5 vezes os valores em repouso. A temperatura do corpo, nesses
casos, está entre 34 e 30 graus C.

3- Fase de paralisia: situação já bastante grave, com tendências a evoluir


para o coma. Os músculos e as articulações ficam rígidos e a pele apresenta-
se muito fria, em tudo aparentando uma rigidez cadavérica. A respiração é
quase imperceptível e não se sente o pulso.

O reaquecimento lento é o melhor remédio. Alguma bebida doce e quente


(café) pode ser de utilidade. O aquecimento ao sol, em local seco da

77
embarcação (de preferência abrigado do vento), agasalhado em qualquer
coisa seca, é a providencia mais imediata.

Quanto ao neoprene, se por vezes, antes do mergulho, pode provocar


excesso de calor, após o esfriamento conserva umidade. Melhor é retira-lo,
por diversos motivos.

Não se deve ingerir ou fornecer bebida alcóolica para "aquecer". Até algum
tempo atrás acreditava-se que a bebida fosse importante auxiliar no processo
de aquecimento.

Hoje o conceito é outro: tomado sem alimentação ou duas horas depois de


exercício físico pesado (o mergulhador nadou muito?) causa uma queda de
glicemia, alterando para pior o processo normal de manutenção da
temperatura.

Num processo de esfriamento, as funções mentais são as que mais sofrem. O


frio cria distúrbios de memória, dificuldade de concentração e um estado de
vago torpor (entorpecimento)

Obs.: quando acima, na segunda fase da hipotermia, dissemos que ocorre um


"débito cardíaco" 5 vezes maior que o valor em repouso, assim citamos
como ilustração a registrar quão profundas são as alterações. Obviamente,
numa operação de mergulho, não se espera que o instrutor tenha condições
de medir tal variável.

- A MULHER E O MERGULHO

(IN: Ramo, Augusto Marques. www.brasilmergulho.com )

“As mulheres são mais suscetíveis à doença descompressiva que o homem


por apresentarem mais tecido adiposo?”

“Não necessariamente seria por esse motivo que as mulheres teriam maior
probabilidade de desenvolver doença descompressiva. Se esse fosse o fator
mais importante, homens com adiposidade extra, correriam o mesmo risco.”

“As evidências apontam que mulheres saudáveis não têm maior risco de
desenvolver doença descompressiva que homens com características físicas
semelhantes. Elas seguem as mesmas orientações de segurança preconizadas
pelas certificadoras de mergulho que os homens.”

78
Menstruação Durante a Atividade de Mergulho

“Com base na informação disponível no momento relacionada à prática do


mergulho autônomo, as mulheres que estão menstruando não têm risco
aumentado de desenvolver doença descompressiva quando comparadas com
mulheres que não estão menstruando.”

“Em relação ao ciclo menstrual, pode-se dizer que, se a mulher não apresenta
sintomas ou desconfortos que afetem a sua saúde, não há motivo para deixar
de mergulhar durante a menstruação.”

Fluxos intensos acompanhados de anemia podem prejudicar a dinâmica


circulatória e estar correlacionados com mais cansaço durante o mergulho.”

“Apesar de ser um fator predisponente para infecções pélvicas, não há


correlação entre menstruação, banho e infecção pélvica.”

“Não existem evidências de que tampões vaginais ou outros objetos


intravaginais sejam perigosos sob os efeitos diretos do aumento de pressão
ambiente.”

“Relatos de ataques de tubarões a mulheres são raros. Não há evidências de


aumento de ataques de tubarões a mergulhadoras que estejam menstruando.
Informações atuais referem que muitos tubarões não são atraídos por sangue
ou outros restos teciduais encontrados na menstruação.”

“A explicação para uma maior predisposição estaria relacionada com as


mudanças fisiológicas que ocorrem durante a fase menstrual do ciclo, tais
como: alterações hormonais, eletrolíticas, reatividade vasomotora e
vasoconstrição periférica. Tais mudanças fariam com que as mulheres
manejassem diferentemente a saturação de gases no corpo em mergulhos
que necessitassem paradas para descompressão. Em tese, devido à retenção
de líquidos e reações teciduais específicas, as mulheres estariam com menos
capacidade de liberar o nitrogênio dissolvido após um mergulho.”

“Assim, seria prudente que durante a menstruação as mulheres


mergulhassem de maneira mais conservadora. Isto é, que mergulhassem
menos, que os mergulhos ocorressem em águas mais rasas e que
prolongassem as paradas de segurança. No entanto, deve ficar claro que,
com base na informação disponível no momento relacionada à prática do
mergulho autônomo, as mulheres que estão menstruando não têm risco

79
aumentado de desenvolver doença descompressiva quando comparadas com
mulheres que não estão menstruando.”

Anticoncepção e Mergulho

“Até o momento não há pesquisa específica que evidencie que o uso de


anticoncepcionais orais constituam uma contra-indicação à prática do mergulho
autônomo recreacional.”

“Existem doenças herdadas da coagulação sanguínea relacionadas a fatores


da coagulação que têm sido implicadas nas complicações vasculares
associadas ao uso de anticoncepcionais orais. Há registros na literatura
ginecológica de que 50 % dos episódios tromboembólicos decorrentes do
uso de anticoncepcionais viriam de interações entre eles e a desordem de
fator de coagulação herdada. Desta maneira, mulheres que têm esta
associação identificada devem receber orientação médica específica
relacionada à prática do mergulho autônomo amador.”

“Em relação aos outros métodos, podemos dizer que o uso de dispositivo
intrauterino (DIU) não acarreta perigo à mergulhadora. Muitas mulheres têm
aumento do tempo e de quantidade de fluxo menstrual durante a utilização de
DIU, o que pode ser somente um inconveniente. Quanto aos métodos de
barreira, o enxágue que pode ocorrer com o banho e contato com a água é
mínimo, não acarretando maiores problemas.”

Síndrome de Tensão Pré-Menstrual

“Não há evidência científica de associação entre TPM e acidentes em mergulho


ou com a doença descompressiva.”

“Mulheres com comportamento anti-social e depressão devem ser bem


avaliadas quanto à possibilidade de alterações psicofisiológicas imporem riscos
de segurança a si e aos companheiros de mergulho tanto na embarcação
como durante o mergulho.”

Implantes Mamários

“Implantes mamários são utilizados tanto na cirurgia plástica reconstrutiva


quanto na estética. Vários são os tipos de materiais utilizados na sua
confecção. Não se pode mergulhar até completa cicatrização da cirurgia e
liberação pelo cirurgião. Deve-se rever os tirantes de coletes equilibradores e o
formato das roupas para evitar a pressão indesejada e desconfortável sobre

80
o implante. Os implantes de silicone são mais pesados que a água e podem
alterar a flutuabilidade e a posição da mergulhadora durante o mergulho. Isto é
particularmente válido nos implantes volumosos. Os implantes de salina são
neutros e não acarretam maiores problemas.”

“Foi realizado um estudo experimental em que vários tipos de implantes foram


colocados em câmara hiperbárica e submetidos a vários perfis de mergulho.
Observou-se que há uma diferença de solubilidade do nitrogênio em função da
composição do implante. Houve um aumento do tamanho das bolhas das
várias próteses que dependeu da profundidade e de tempo de mergulho a que
foram submetidas. Esse aumento foi maior nas próteses de silicone e salina
juntas. O aumento das bolhas observados não foi suficiente para provocar
ruptura. Com o tempo, as bolhas voltaram ao tamanho original. Por ser um
estudo experimental, salientaremos que ele não responde definitivamente
sobre a questão dos implantes em mergulhadoras.”

O Mergulho e a Gravidez

"A mesma mulher que não fumará ou beberá durante sua gravidez gostará de
saber por que ela não pode mergulhar. Nesta sociedade litigiosa somente
existe uma única resposta: não mergulhe enquanto grávida ou mesmo
enquanto tenta engravidar", relata a Dra. Maida Taylor. “Existe escassa
informação científica relevante sobre gravidez e mergulho. Poucos são os
dados relativos ao risco das mulheres grávidas e de seus fetos decorrentes da
prática do mergulho autônomo.”

“As mulheres grávidas têm maior risco teórico de apresentar doença


descompressiva. Este risco decorre das alterações fisiológicas da gravidez.”
“Durante a gravidez a mulher retém líquido, cuja redistribuição, nos vários
compartimentos, está alterada. Esse fenômeno, diminui a retirada de gases
dissolvidos na circulação central, favorecendo a embolia gasosa. O volume
de distribuição passa a ser maior e passando a ser um local de retenção de
nitrogênio. Logo, aumenta a potencialidade para a ocorrência de doença
descompressiva. A retenção de líquidos na gravidez também pode ocasionar
o inchume do nariz, ouvidos e garganta, ou seja, das vias aéreas. O que
aumenta, pelo menos teoricamente, o risco de barotrauma nos ouvidos e
seios da face. Outro problema é a ocorrência de náuseas e vômitos durante a
gravidez. Isto favorece ao enjôo na embarcação e pode levar à fadiga por
desidratação e perdas de sais (eletrólitos). Além disso, o cansaço e o
estresse

81
relacionados a essa situação durante a navegação favorecem as reações de
pânico.”

“É uma constatação fisiológica que os fetos não têm a proteção dos pulmões
para filtrar e eliminar as bolhas gasosas na corrente sanguínea como os
adultos. Estudos laboratoriais são restritos a animais. O modelo animal
correspondente ao humano é a ovelha pelo fato da sua placenta ser muito
semelhante à humana. Estudos de doença descompressiva nesses animais
mostraram altas taxas de mortalidade fetal provavelmente pela passagem de
bolhas à circulação arterial através de foramens ovais patentes. Outros
estudos animais de doença descompressiva durante a gravidez revelaram um
maior índice de malformações cardíacas.”

“A verdade é que não existem estudos bem delineados que provem que
mergulhar durante a gravidez não é seguro. No entanto os riscos existem e
devem ser alertados. Quem gostaria de participar de um estudo controlado
com este tipo de risco? Dificilmente ele seria liberado por alguma comissão de
ética em pesquisa. Como o mergulho é uma atividade eletiva e, via de regra,
de lazer, para as mulheres mergulhadoras grávidas não há sentido em
mergulhar já que existe um risco teórico.”

Mergulho em Início de Gravidez

“Se uma mulher mergulhou sem saber que estava no início da gestação, não
há dados que justifiquem a indicação de abortamento. A tese que justifica a
ocorrência de mal formações associadas ao mergulho baseia-se na
possibilidade de transferência de bolhas intravasculares da mãe ao feto.
Como não há uma circulação efetiva no início da gestação, o risco inexiste.”

“O embrião não se gruda realmente à parede do útero na primeira semana.


Nesse período, recebe sua nutrição por embebimento de fluidos secretados
pela trompa de falópio e o útero. A formação de uma circulação sanguínea
materno-placentária efetiva é mais tardia, em torno de 7 a 10 dias. Muitas
mulheres devem ter mergulhado sem saber que estavam grávidas e no início
da gestação. No entanto, não há relatos relacionando abortos ou outros
problemas na gravidez em mulheres que mergulharam no início da concepção.”

82
Retorno ao Mergulho Após a Gravidez

“O reassumir das atividades físicas depende de vários fatores. Entre eles


incluem-se o nível prévio de condicionamento físico e a continuidade da prática
de exercícios durante a gravidez.

“Gravidez complicada por doenças subjacentes, nascimentos múltiplos,


partos e cesáreas complicadas podem postergar a recuperação, e a resposta
sobre a questão do retorno ao mergulho deve ser individualizada por um
médico.”

“Internações prolongadas com repouso no leito levam à perda da condição


física e da capacidade aeróbica que são importantes na prática do mergulho
autônomo amador. Não se deve esquecer que a mergulhadora durante a
gravidez perde muito da sua condição de tolerância ao exercício prévia e que
o equipamento é pesado e exige um esforço físico adicional. Após o parto, os
cuidados com o bebê podem limitar o tempo disponível da mulher para se
dedicar à recuperação da condição física prévia. Além disso, a fadiga
decorrente do pouco sono devido aos cuidados com o bebê e amamentação
podem retardar o início das atividades de mergulho ou potencializar a fadiga
durante o mergulho e até mesmo facilitar o pânico. O sentido da maternidade
pode adiar o reinício das atividades de mergulho por motivos psicológicos.”

Em Caso de Parto

“A mergulhadora poderá retornar ao mergulho após seu útero retornar ao


tamanho normal, quando não houver secreção vaginal ou estiver liberada
para manter relações sexuais.”

Em Caso de Cesárea

“A cesárea é uma cirurgia. Além dos fatores mencionados anteriormente deve-


se considerar a completa cicatrização da ferida operatória e a reabilitação
física da paciente. Deve-se também considerar a doença subjacente que
indicou a cesárea.”

Amamentação e o Mergulho

“Há quem pergunte se é seguro mergulhar durante o período da


amamentação. Quantidades insignificantes de nitrogênio podem estar
presentes no leite materno após o mergulho. Entretanto não existe risco de a
criança acumular esse nitrogênio. Em relação à mãe, não existe um bom

83
motivo para não mergulhar a menos que haja alguma condição clínica
relevante, como uma infecção da mama (mastite) com inflamação intensa e
febre, ou até mesmo um abscesso, que comprometa o estado de saúde da
mergulhadora e a impeça de mergulhar.”

O Mergulho Autônomo e a Menopausa

“Não existe informação disponível relacionada à doença descompressiva em


mulheres em fase de climatério ou menopausa de maneira definitiva. Na
prática, o que podemos observar é que a população que está envelhecendo,
tem mergulhado em segurança.”

Reposição Hormonal

“A reposição hormonal na menopausa é individualizada e as medicações


prescritas dependem de cada caso.

As considerações pertinentes aos efeitos dos estrógenos e progestágenos no


mergulho são as mesmas feitas em relação ao uso dos anticoncepcionais em
mergulhadoras. Os estudos observacionais em relação à doença
descompressiva em geral identificam que aproximadamente um quarto das
mulheres usa anticoncepcionais e que nessas não se observou uma maior
incidência de doença descompressiva. Em relação aos estrógenos, devemos
considerar o risco aumentado de trombose. Durante o seu uso, podem
ocorrer mais eventos trombóticos espontâneos não fatais do que na
população que não usa. Além disso, os pesquisadores em medicina
hiperbárica especulam que seu uso pode aumentar o risco de doença
descompressiva ou o grau de comprometimento e severidade do dano
tecidual ocorrido num acidente. Contudo, nenhum estudo em animais apoiou
essa hipótese.”

84
Tabelas de descompressão 6

EMPREGO DAS TABELAS DE DESCOMPRESSÃO

As tabelas para mergulhos com uso de ar comprimido, correntes no país, são


homologadas pela DPC (Departamento de Portos e Costas), que são as
mesmas usadas na US Navy convertidas par a unidades métricas, são as
seguintes.

- Tabela Padrão de Descompressão a ar;

- Tabela de Limites sem Descompressão;

- Tabela de Tempo de Nitrogênio Residual.

PROFUNDIDADE - É a profundidade máxima atingida durante o mergulho,


medida em metros ou em pés. Caso não tenha na tabela usar a próxima
maior.

DEIXOU A SUPERFÍCIE (DS) - É o momento que o mergulhador começou a


mergulhar (imergir).

DEIXOU O FUNDO (DF) - É o momento em que o mergulhador deu início a


sua subida.

CHEGOU A SUPERFÍCIE (CS) - É o momento em que o mergulhador chega


à superfície (emerge).

TEMPO REAL DE FUNDO (TRF) - É o tempo percorrido desde DS até DF.

TEMPO TOTAL DE FUNDO (TTF) - É o tempo durante o qual o organismo


do mergulhador assimila N2. Freqüentemente igual ao TRF. No caso de
mergulho repetitivo e alguns outro onde usamos os procedimentos especiais o
TRF fica diferente do TTF. É o TTF que usamos para o calculo da
descompressão e caso não encontremos nas tabelas, utilizamos o próximo
maior.

TEMPO TOTAL DE DESCOMPRESSÃO (TTD) - É o tempo percorrido desde


DF até CS. Durante o este tempo o organismo do mergulhador elimina N2.

TEMPO TOTAL DE MERGULHO (TTM) - É o tempo percorrido desde DS até


CS ou a soma do TRF com o TTD.

85
PARADA PARA DESCOMPRESSÃO - É um determinado tempo que o
mergulhador deverá ficar em uma determinada profundidade com a finalidade
de eliminar o excesso de gases inertes que estão dissolvidos em seu
organismo (no caso do mergulho com ar comprimido é o N2).

ESQUEMA DESCOMPRESSIVO - É o esquema profundidade/TTF utilizado


para acharmos na tabela, a descompressão necessária para um determinado
mergulho. Nem sempre é semelhante ao mergulho realizado (ver
procedimentos especiais).

INTERVALO DE SUPERFÍCIE (IS) - É o tempo que o mergulhador passa na


superfície entre dois mergulhos.

MERGULHO SIMPLES - É qualquer mergulho realizado com intervalo de


superfície maior que 12 horas. Pode ser com ou sem parada para
descompressão.

MERGULHO REPETITIVO OU SUCESSIVO - É qualquer mergulho realizado


com intervalo de superfície inferior a 12 horas.

NITROGÊNIO RESIDUAL - É a quantidade de nitrogênio (acima do normal)


dissolvido nos tecidos dos mergulhadores após sua chegada a superfície.
Levando no máximo 12 horas para ser eliminada.

TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL (TRN) - É a quantidade de


nitrogênio que ainda resta dissolvido no organismo do mergulhador no
momento em que vai DS em um mergulho repetitivo, já transformado em tempo
(minutos) e em relação à profundidade máxima que se programou atingir no
novo mergulho.

LETRA DO GRUPO REPETITIVO (LGR) - É uma letra relacionada com um


mergulho, utilizada para calcular o TRN de um mergulho repetitivo. Representa
a quantidade de nitrogênio residual que se tem após um determinado
mergulho. Quanto mais próximo do início do alfabeto, menor a quantidade de
N2 que ela representa. Se o mergulhador chega à superfície com certa letra, à
medida que o IS aumenta a letra do novo grupo vai mudando até chegar ao
inicio do alfabeto. Após 12 horas não se tem mais nitrogênio residual e nem
letra.

VELOCIDADE DE DESCIDA - É a velocidade ideal de descida. Deve ser em


tomo de 21 metros por minuto.

86
VELOCIDADE DE SUBIDA - É a velocidade que devemos utilizar para subir e
deve ser de 9 metros por minuto. Não devemos desrespeitar esta velocidade,
pois ela faz parte do TTD.

OS MERGULHOS COM PARADAS DESCOMPRESSIVAS, NÃO DEVEM SER


REALIZADOS POR MERGULHADORES ESPORTIVOS.

E mesmo um mergulhador treinado deve evitar mergulhos com paradas


descompressivas, sempre que algumas das seguintes condições estiverem
presentes:

- Pouca ou nenhuma visibilidade.


- Água muito fria.
- Correnteza muito forte.
- Em mergulhos noturnos.
- Mar muito agitado e ou com grandes vagas.
- Local com muitos animais perigosos (tubarões, águas vivas, etc.).

Critérios para seleção das tabelas.

a) Tabela de Descompressão Padrão a Ar. - As condições permitem a


descompressão na água. Apresenta esquemas para tempos normais e
excepcionais de exposição (tempos de fundo), sendo também usada para
calcular a descompressão dos mergulhos sucessivos.

b) Tabelas de Limites sem Descompressão. - Mergulho sem descompressão


fornece a letra designativa do grupo de repetição.

c) Tabela de tempo de Nitrogênio Residual. - Para determinação do TNR em


mergulhos sucessivos. Fornece grupos de repetição para intervalos de
superfície maiores que 10 minutos e menores que 12 horas, com os quais, se
determina o TNR.

Tabela Padrão de Descompressão.

a) Argumento de Entrada.
- Profundidade - a próxima maior existente na tabela; e
- Tempo de Fundo - o próximo maior existente na tabela.

b) Dados Obtidos.
- Profundidade das paradas de descompressão;
- Tempo para chegar à primeira parada;
- Tempo em cada parada; e tempo total de descompressão;
- Letra designativa do grupo de repetição.

87
c) Velocidade de Subida.
- 9 m/min. (30 pés/min.).

EXEMPLOS
Estabelecer os procedimentos de descompressão para o mergulho abaixo:
Profundidade – 40 m
DS (Deixou a Superfície) - 12h00min DF
(Deixou o Fundo) -12h37min.

Solução:

Argumento de entrada.
- Profundidade - 40 m entra-se com a próxima maior, isto é, 42 m.
- Tempo de Fundo - 12h00min - 12h37min = 00h37min, entra-se com 40
minutos.
O esquema é por tanto 42 m/40min.

Procedimentos.
- Deixar o fundo com na velocidade de subida de 9 m/min.
- Parar aos 9 m por 2 minutos, subir para 6 m.
- Parar aos 6 m por 16 minutos, subir para 3m.
- Parar aos 3m por 26 minutos, subir à superfície, caso realizar outro mergulho
com intervalo de superfície menor que 12 h, o grupo de repetição será "N".

Tabela de Limites sem Descompressão.

a) Argumento de Entrada.
- Profundidade - a próxima maior existente na tabela; e
- Tempo de Fundo - o próximo maior existente na tabela.

b) Dados Obtidos.
- Máximo tempo de fundo sem descompressão para a profundidade de
mergulho; e
- Letra designativa do grupo de repetição para mergulhos
sem descompressão.

c) Velocidade de Subida.
- 9 m/min.

88
EXEMPLO

Qual o tempo de fundo máximo para que um mergulho realizado a 17 m seja


sem descompressão? Qual o grupo de repetição caso se faça o mergulho com
um tempo de fundo de 21minutos?

Argumento de entrada.

- Profundidade - 17 m; encontra-se 18 m.

- Tempo de Fundo -21; encontra-se 25 minutos.

Dados Obtidos.

- Máximo tempo de fundo sem descompressão para a profundidade de 18 m


é igual a 60 min.; e

- Grupo de repetição para 25 minutos é igual à letra "E".

Procedimento para Descompressão.

- Subir do fundo até a superfície na velocidade constante de 9 m/min.

Tabela de Tempo de Nitrogênio Residual.

Primeira etapa:

a) Argumento de Entrada.
- Grupo de repetição do mergulho anterior; e
- Intervalo de superfície.

b) Dados Obtidos.
- Novo grupo de repetição; e
Segunda etapa:

a) Argumento de Entrada.
- Novo grupo de repetição; e
- Profundidade do novo mergulho.

b) Dados Obtidos.
- Tempo de nitrogênio residual a ser somado ao tempo real de fundo no novo
mergulho.

89
EXEMPLO

Tendo sido realizado o mergulho do exemplo anterior, foi desejado realizar


um novo (2° mergulho) à profundidade de 14 m que se iniciou 1 hora após o
termino do mergulho anterior (1° mergulho). Com que TRN, se iniciou o
segundo mergulho? Quais os procedimentos caso o tempo real de fundo
desse novo mergulho seja de 80 minutos?

Solução:

Primeira etapa:

Argumento de Entrada.

- Grupo de repetição anterior - "E"; e

- Intervalo de superfície (IS) - igual há 60 minutos, portanto entre 00:55min e


01:57min (valores tabulados).

Segunda etapa:

Dados Obtidos.

- Novo grupo de repetição "D"; e

- Profundidade do novo mergulho 14 m, encontra-se 15 m.

Dados Obtidos:

- TNR 29 minutos.

Se tempo real de fundo desse novo mergulho for de 40 minutos, o tempo a


ser considerado, para estabelecer a descompressão, será igual à soma com o
TNR encontrado.

90
Casos Especiais para Intervalos de Superfície Inferior a Dez Minutos

EXEMPLO

Nesse caso, não se calcula a TNR, bastando somar os tempos de fundo dos
dois mergulhos e adotar a profundidade maior.

Se, no exemplo anterior, o intervalo de superfície fosse de sete minutos


apenas, como deveria proceder?

- Pela regra citada, devemos somar os tempos de fundo dos dois mergulhos,
assim temos:

- 21min + 80min = 101min

- A profundidade considerada será a maior, isto é, 17 m.

- O esquema será, portanto 18 m/120min cuja descompressão é bastante


longa (00h26min./3m), o que mostra a inconveniência de intervalos menores
que 10 minutos.

Procedimentos Especiais

Parada de Segurança

Para mergulhos a menos de 12 metros, a parada de segurança padrão de 3


minutos entre 3 e 6 metros (ideal 5 metros) deve ser observada.

Parada de Segurança Profunda

Para qualquer mergulho mais fundo que 12 metros, deve-se fazer uma
parada funda por 2 a 3 minutos (sendo considerado 2.5 minutos o tempo
ideal) na metade da maior profundidade alcançada 1 minuto na faixa dos 3
aos 6 metros de profundidade, como parada rasa (de segurança).

A parada de segurança pode ser considerada neutra para contagem de tempo


de mergulho ou de tempo de intervalo de superfície.

Atraso na subida.

O retardo ocorre em profundidade maior que 12 metros.


- Utilizar a Parada de Segurança.

O retardo ocorre em profundidade acima dos 12 metros.


- Utilizar a Parada de Segurança Profunda.

91
Velocidade de subida maior que 9 m/min.

Mergulho sem descompressão.


- Utilizar a Parada de Segurança.

Excesso de esforço ou frio exagerado durante o mergulho.

Usar o esquema de descompressão previsto para o tempo imediatamente


maior.

EXEMPLO GRÁFICO DEMONSTRATIVO DE MERGULHO

-TEMPO DE ESPERA PARA VOAR

Um intervalo de superfície de 12 horas é necessário para garantir que o


mergulhador fique livre dos sintomas do Mal Descompressivo quando voar em
um avião comercial (altitude até 8 000 pés). Mergulhadores que planejarem
fazer mergulhos múltiplos diários, durante vários dias, ou mergulhos que
necessitem parada descompressiva, devem tomar precauções especiais e
esperar por um intervalo de superfície maior que 12 horas antes de voar.

- CONCEITO DE ALTITUDE, NO MERGULHO

Embora a partir de 100 metros já exista um diferença de pressão, é norma


geral considerar como mergulho em altitude aquele realizado sob uma lâmina
d'água situada a mais de 300 metros de altitude. Simplificando, é o mergulho
em locais situados a mais de 300 acima do nível dos mares.

92
Procedimentos, Técnica e Sinais 7

Desembaçando a Máscara

Um dos fatores que mais atrapalham a boa visão do mergulhador é a máscara


embaçada.

Existem várias maneiras de desembaça-la. A primeira, mais fácil e mais


utilizada, é lavar a parte interna do vidro com saliva (não funciona se a máscara
estiver com óleo), a segunda, é passar produtos desembaçantes (detergentes)
vendidos em lojas especializadas. Logo após, o mergulhador deverá lavar a
máscara com água do mar.

Vestindo a Roupa de Neoprene

Para facilitar a colocação da roupa de neoprene, devemos molha-Ia ou passar


em seu interior xampu neutro.

Nunca utilize substâncias oleosas, porque estas penetram no neoprene e


quando você quiser consertar sua roupa não haverá cola que segure.

Como Montar o Equipamento Autônomo

01- Remover a fita do registro. 02-


Checar o o'ring.
3- Abrir um pouco o registro e fechá-lo rapidamente, para expulsar prováveis
impurezas.
4- Colocar o primeiro estágio fazendo com que o segundo estágio passe
pelo lado direito do mergulhador.
5- Checar a pressão da carga.
6- Testar a válvula de segundo estágio, primeiramente a purga e depois
respirando nela

Como Entrar na Água

Ao colocar-se na posição de entrada, não se demore impedindo que outros


mergulhadores já equipados também entrada na água; ao cair no mar receba
de alguém a bordo a lanterna ou o material fotográfico, que são sensíveis ao
impacto da água e dirija-se para um local pré-combinado com seu dupla,
deixando o local da queda na água livre para outro mergulhador. São bons
lugares para esperar o dupla: o cabo da âncora ou um cabo lançado de popa
com uma bóia. Nesta posição, verifique todo o equipamento, pois algo pode

93
ter-se soltado ou se deslocado durante a queda.

Queda dorsal

A queda dorsal é uma das entradas clássicas no mergulho autônomo. Nela, o


mergulhador (todo equipado e com o regulador) senta na borda da
embarcação, com as pernas para o interior, procurando posicionar-se o mais
para a beirada possível olhando para frente e firmando com a mão direita a
máscara e o regulador junto ao rosto e com a mão esquerda firmando a fivela
do cinto de lastro.

E importante verificar se não há ninguém onde se vai cair. Em seguida,


impulsione o corpo levemente para trás, mantendo as pernas dobradas (na
mesma posição de quando sentado).

E um bom procedimento quando o equilíbrio do mergulhador está prejudicado


pelo movimento do mar e/ou a altura do barco não é muito grande, pois do
contrário pode-se dar uma volta completa no ar e cair com a frente do corpo na
água.

Salto vertical

Também conhecido como passo de gigante, o salto vertical é um movimento


simples e adequado para grandes alturas (mais de um metro), já que o
primeiro impacto na água faz-se com os pés. Consiste em se ficar em pé na
borda da embarcação olhando para frente e firmando com a mão direita a
máscara e o regulador junto ao rosto e com a mão esquerda firmando a fivela
do cinto de lastro, como nas outras manobras, e, com um passo largo, deve se
afastar do barco com uma das pernas sempre em contato com a borda do
barco para se manter uma distância segura do mesmo. Essa entrada torna-se
problemática, caso a embarcação esteja oscilando muito e a borda não
ofereça suporte para facilitar o equilíbrio. Nestas circunstâncias, pode o
mergulhador cair, com todo o equipamento, para dentro do barco ou d'água,
resultando daí contusões ou perda do equipamento.

Entrada silenciosa

A entrada silenciosa é um dos melhores procedimentos: o mergulhador


sentado tonto à superfície, com as pernas dentro d'água, gira o corpo para um
dos lados, de maneira a apoiar as duas mãos no local onde está sentado. A
seguir, com o apoio das mãos, deve deslocar o corpo suavemente para fora
do assento, provocando a rotação do corpo que, agora, fica de frente para o
barco, após o que, flexionando os braços, o corpo deve escorregar devagar
para a água. Com o corpo já deixando a superfície, uma das mãos mantém-se

94
apoiada na borda para que o corpo permaneça afastado do barco, enquanto a
outra segura a máscara e o regulador junto ao rosto.

Esta técnica é aconselhável, pois o material e o mergulhador sofrem um


mínimo de impacto contra a água e não provoca muito barulho, o que
assustaria a vida marinha local. É ideal para entrada em barcos infláveis ou que
possuam plataforma de popa para fotógrafos subaquáticos e em locais com
pouca profundidade, visto que, ao contrário de outras técnicas, não se corre o
risco de atingir o fundo.

Entrada frontal

A entrada frontal é aconselhável em barcos infláveis ou com a borda muito


pequena, resolvendo o problema da entrada na água com equipamentos de
vídeo, fotográfico ou com a lanterna, sem necessidade de alguém que
coloque este material na água. Nela, o mergulhador já todo equipado e com o
regulador na boca ajoelha-se no fundo do barco apoiando a barriga na borda.
Uma das mãos, com o equipamento frágil, é colocada na água de maneira a
que não sofra impacto: com a outra apoiada na borda, escorrega-se
suavemente até a cabeça atingir a superfície, evitando-se um choque da água
contra o vidro da máscara. Neste momento, dá-se um impulso com as pernas
para que o resto do corpo se desloque como uma alavanca e escorrega-se
para fora do barco. Essa operação tem a desvantagem de permitir que o cinto-
lastro possa se abrir ao arrastar-se contra a borda. No entanto, é uma entrada
suave, silenciosa e que deixa uma das mãos livre.

Entrada leve

Atualmente há mais um tipo de entrada que exige o uso do colete equilibrador


tipo jaqueta. Este procedimento elimina os desequilíbrios e a dificuldade de
locomoção por causa do peso do cilindro, bastando que se entre no mar com
o equipamento básico. O cilindro é passado junto com o BC ligeiramente
inflado onde estarão prazos os, 2° estágio e manômetro já instalados no
cilindro. A colocação do material nas costas será bastante fácil dada à
conformação do dispositivo tipo jaqueta. Esta manobra é possível, já que com
este colete o cinto de lastro pode ser colocado primeiro. Com o conjunto
voltado na direção do mergulhador com o cilindro voltado para baixo e o
registro apontando em sua direção, o mergulhador passa os braços elas alças
do BC até a altura dos cotovelos. Em um movimento ritmado o mergulhador ao
mesmo tempo em que passa por baixo do cilindro levanta este o jogando por
cima de sua cabeça. Logo em seguida lança suas costas em direção ao BC
deixando que os bolsos (abas) passem por de baixos dos braços. Este
procedimento deve ser evitado quando o mar estiver agitado, muito frio ou
com forte correnteza para evitar perda de calor

95
desnecessariamente ou deriva para longe do barco enquanto se efetua a
equipagem.

Saindo da d'água

O bom senso manda que não se entre em um lugar do qual não se possa sair.

Contudo, muitos já mergulharam a partir de uma escuna e se viram no final do


mergulho diante de uma fina e frágil escada, completamente imprópria para a
subida de um mergulhador, sendo que a altura deste tipo de embarcação é um
obstáculo para a passagem do material a alguém embarcado.

Em face disto, aqui vão algumas sugestões que tornarão a subida para o
barco mais fácil e segura.

Um erro freqüente constatado entre os mergulhadores é o hábito de levantar


a máscara, deixando-a junto à testa, quando se está na superfície. Esta atitude
pode provocar a perda dela se uma onda mais forte chegar ou mesmo se
houver uma queda durante a subida pela borda. Além do mais, em alguns
países, a máscara na testa é sinal de emergência e o mergulhador estará
sujeito a ver-se subitamente cercado por vários Dive-Supervisors. Desta forma,
se for necessário retirar a máscara, puxe-a para o pescoço de onde
certamente não cairá. Da praia; em caso de arrebentação é conveniente
mergulhar e passar por debaixo das ondas. Antes entrar em locais com
rebentação, é bom ficar olhando as ondas. Há sempre uma quantidade de
ondas menores seguidas por ondas maiores. Esta seqüência se estende com
uma constante o dia todo. À hora de entrar é logo após, a última seqüência de
ondas maiores.

Da praia

Em caso de arrebentação é conveniente mergulhar e passar por debaixo das


ondas. Antes entrar em locais com rebentação, é bom ficar olhando as ondas.
Há sempre uma quantidade de ondas menores seguidas por ondas maiores.
Esta seqüência se estende com uma constante o dia todo. À hora de entrar é
logo após, a última seqüência de ondas maiores.

96
97
Como Bater Perna

Quando um mergulhador fica cansado, inconscientemente passa abater


perna de maneira errada, diminuindo assim seu rendimento cansando-se
ainda mais.

Em atividades especificas como mergulhos em cavernas, existem batidas de


pernas apropriadas, para lugares apertados e de modo a não levantar a
suspensão decantada.

CERTO

ERRADO

ERRADO

Troca de Reguladores

Para casos de emergência, quando o regulador de um dos mergulhadores


deixa de funcionar:

- O mergulhador que tem o equipamento funcionando é que segura a válvula


de Segundo Estágio e com a outra mão o companheiro.

- Se o mergulhador o mergulhador de socorro estiver equipado com o


Octopus, se posicionaram um de frente para o outro.

Cada um respira duas vezes e passa ao companheiro. Após estabelecer um


calmo regime de trocas, deverá ser iniciada a subida. Nessa ocasião
obviamente, se tem de exalar de maneira adequada.

98
Como Controlar a flutuabilidade

A roupa de neoprene por ter flutuabilidade bastante positiva deve ser


compensada, através do cinto de lastro. E a melhor maneira de se fazer isto, é
colocar-se na posição vertical, sem bater os pés, ao inspirar você fica boiando
e ao expirar você começa a afundar, a linha d'água fica na altura do visor da
máscara.

Em mergulho livre, isso significa que você terá flutuabilidade positiva até
aproximadamente quatro metros de profundidade. Entre os quatro e oito
metros de profundidade, terá flutuabilidade neutra e abaixo dos oito metros de
profundidade flutuabilidade negativa.

Quando mergulhando em locais de rasa profundidade (até 6 metros),


principalmente se utilizando equipamento de respiração subaquática é
conveniente acrescentar mais 1 Kg de chumbo em seu cinto.

ENCHER ESVAZIAR

99
Como Desalagar a Máscara

Os dois métodos existentes são:

Na posição vertical, comprimindo levemente com a mão a parte superior da


máscara e expirar pelo nariz com a cabeça, olhando para cima.

Na posição horizontal, comprimimos com a mão a parte superior lateral da


máscara, e expiramos pelo nariz.

Como Subir

- Olhando para cima.

- Se a água estiver muito suja, com a mão para cima.

Em mergulhos com respiração subaquática, com


velocidade de subida máxima de 9 m por minuto. Todas
as bolhas que o mergulhador soltar (inclusive as
menores) deve estar acima do mergulhador.

100
OUTROS PROCEDIMENTOS DE MERGULHO

- Nunca mergulhe sozinho.


- Não mergulhe se estiver muito cansado ou se sentido mal.
- Não continue a descer se sentir dores nos tímpanos e nos seios da face.
- Nuca pare de respirar na subida.
- Use fivelas de desengate rápido no cinto de chumbo nos tirantes do Back
Pack e nas alças dos BC.
- Numa subida livre de emergência, expire continuamente durante todo o
tempo.
- Use sempre uma faca afiada guando mergulhar.
- Saiba como usar as tabelas de descompressão.
- Use sempre um relógio e um profundímetro nos mergulhos com respiração
subaquática.
- Saiba sempre a localização da câmara hiperbárica mais próxima.
- Nuca carregue garrafas com oxigênio puro, use sempre ar comprimido.
- Seja capaz de reconhecer os sintomas das doenças de mergulho.
- Não hiperventile em excesso antes de mergulhos livres.
- Compense as pressões ao mergulhar. Não insista se doer.
- Em qualquer situação de emergência, PENSE antes de AGIR.
- Antes de mergulhar em uma área desconhecida, verifique se não existem
perigos em potencial e planeje como vai ser feito o mergulho.
- Antes de mergulhar faça um "CHECK" de todo o equipamento.
- Não deixe suas garrafas cheias expostas ao sol.
- Faça sempre uma manutenção preventiva do seu equipamento.
- Carregue suas garrafas somente onde tiver certeza de que o ar é puro.
- Não carregue sua garrafa acima da pressão de trabalho.
- Não continue o mergulho após acionada a reserva de ar.
- Não se esquecer de colocar o protetor de primeiro estágio antes de lavá-lo.
- Iniciar o mergulho sempre pelo local mais fundo que se pretende alcançar.
- Não respire em bolsões de gás submerso, porque você não sabe se esse gás
é toxico ou não.
- Após acionar, para registros, tipo “J", ou quando o manômetro de imersão
estiver marcando menos que 50 BAR, o procedimento correto é avisar o
companheiro e subir.
- Cuidado com cabos, redes e linhas de pesca muito encontrada em navios
afundados, em costões de pedra, píer e plataformas.
- Tenha dormido pelo menos 7 horas.
- Não se alimente com fartura antes de mergulhar.
- Na refeição anterior, se alimente com comidas leves e sem muita gordura e
sem bebida alcoólica.
- Não fume, se fumar antes de mergulhar, terá 7% de suas hemácias (células
que transportam oxigênio) transportando CO (monóxido de carbono). Isto

101
acarretará numa grande diminuição em sua capacidade respiratória.
- Programe o mergulho com seu dupla antes de entrar na água.
- Sempre sinalize o local de mergulho com bóias, barcos, etc.
- Não continue mergulhando se sentir qualquer indisposição ou sintomas tipo:
dor de cabeça, câimbras, etc.
- Não leve bebida alcoólica para o local de mergulho.
- Ao se apoiar no fundo observe a presença de animais perigosos.
- Nunca faça tudo o que você acha que pode fazer, faça sempre 30% menos.
- Ajude seus colegas.

102
103
104
Animais Marinhos 8

8.1 ANIMAIS MARINHOS

Os seres marinhos são em sua maioria tímidos e inofensivos, e quase sempre


fogem da presença humana. Os animais agressivos são raramente
encontrados e a maioria dos incidentes ocorre porque o animal foi provocado.
Evitando molestar estes animais raramente o mergulhador terá qualquer tipo de
problemas.

A seguir abordaremos alguns animais que devemos ter especial cuidado.

Barracuda

Os dentes afiados como navalha e as poderosas mandíbulas da barracuda,


somando-se a capacidade de se abater sobre a presa com uma velocidade
impressionante, deram-lhe a reputação de matadora de homens.

Na verdade, porém, esse peixe poderoso, que pode crescer até quase dois
metros e pesar cinqüenta quilos, só esteve envolvido em umas poucas
dezenas de casos de ataque - e na maioria dos casos as informações não são
fidedignas.

O banhista estava em águas


turvas e o ataque
provavelmente foi acidental;
a identidade do peixe atacante não foi confirmada com precisão. Quando um
mergulhador, mesmo desarmado, nada em direção de uma barracuda, ela se
afasta - mas não muito depressa - e logo volta por trás do homem. Como a
impressão de ser seguido por um predador tão enigmático é extremamente
desagradável, o cauteloso mergulhador se vira e torna a enxotar o peixe - por
alguns segundos. Esse jogo de intimidação pode se prolongar por horas, sem
qualquer fadiga aparente de parte da barracuda.

Mangangá

O mangangá, também conhecido como peixe-


escorpião ou peixe-pedra, pela sua capacidade
de se mimetizar com as pedras, possui uma
aparência que não muito agradável; além de
feio, é perigoso. Os lados e o focinho

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são cobertos por espinhos e dobras de pele. Os primeiros raios de suas
barbatanas anais e dorsais possuem ferrões venenosos. As glândulas
venenosas pesam apenas algumas gramas, mas seu veneno é perigoso,
podendo provocar desde forte dor com inchaço no local até levar ao estado
de choque. Também o muco que lhe cobre a pele é venenoso e pode fazer
infeccionar um simples arranhão.

Medusas

O pequeno guarda-chuva levemente azulado, que você


encontra às vezes flutuando nas ondas, não é
inofensivo. O mergulhador que tocar esse "objeto"
transparente, logo sentirá uma sensação de
queimadura. Esse guarda-chuva é a medusa, também
conhecida popularmente como água-viva. É um
metazoário que possui uma arma: células urticantes,
cujo veneno paralisa presas menores e pode mesmo ser
nocivo às pessoas. Seu nome foi tomado de uma das
Górgonias de mitologia grega - A Medusa, que tinha a
cabeça rodeada de serpentes.

Na parte inferior de seu corpo gelatinoso, em forma de


disco, está a boca rodeada de tentáculos curtos. De
uma espécie de tubo central, denominado "manúbrio"
saem quatro longos "braços" com os quais a auréola consegue pegar os
micros organismos de que se alimenta.

Moréia

A moréia é uma grande comedora de carne e todos os peixes evitam chegar


perto dos seus dentes curvos e pontudos. Existem 80 espécies de moréias
vivendo em todos os mares quentes. Seu corpo cilíndrico tem somente duas
nadadeiras. Estas nadadeiras não são vistas
facilmente e correm como fitas ao longo das
costas e do ventre.

Ela é venenosa, mas seu veneno não sai das


presas, como na serpente, e sim do céu da
boca.

Escondida numa fendas de rocha, a moréia fica à espera de sua vítima. Ela
tem excelente olfato e seu alimento favorito são os moluscos.

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Serpentes Marinhas

Algumas das mais venenosas criaturas do mar são as serpentes marinhas.


Seu veneno paralisa o sistema nervoso da vitima, incapaz de acionar os
músculos para a respiração, logo morre sufocada. Já se disse muitas vezes
que as serpentes marinhas têm a boca muito pequena e só podem morder a
pele tenra do homem na base do polegar. Não é verdade. Essas serpentes
podem morder em qualquer lugar, mas só o fazem se provocadas. No Golfo
Pérsico, muitos mergulhadores de pérolas sem máscara de mergulho foram
mortos por serpentes marinhas, porque não puderam vê-Ias e agarraram-nas
por acidente.

Polvo

Os olhos do polvo têm pálpebras e são capazes de distinguir as cores. Para


focalizar os objetos, o cristalino do olho se desloca ao invés de modificar sua
forma como ocorre no olho humano. O polvo é um animal inteligente, com um
cérebro comparável a dos vertebrados mais desenvolvidos.

O polvo comum existe em todos os oceanos. Ele caça tudo o que se move.
Costuma abrigar-se nas fendas das rochas onde se torna invisível, mudando
de cor. A sua pele é muito sensível à luz. Para escapar aos seus inimigos, ele
solta um jato de tinta negra que atordoa o seu perseguidor, privando-o
temporariamente da visão e do olfato.

É um animal solitário, exceto na época do acasalamento quando ocorrem


lutas entres os machos.

Um dos tentáculos do macho é seu órgão reprodutor. Um mês depois do


cruzamento, a fêmea está ocupada com os ovos que ela prende nas paredes
do seu abrigo. Mais tarde, ela ira cuidar dos filhotes.

Raia

Raia é o nome genérico dos peixes da ordem dos Rajiformes. Há dois


grupos: Os Torpedinidae, ou raias-elétricas, e
os Ragidae, ou raias-verdadeiras. Este último
grupo é mais importante e o mais variado. Nele
se incluem as jamantas, as raias venenosas,
como a águia-do-mar, as raias-chitas, que são
raias pequenas com espinhos laterais na cauda,
e a raia-lisa, cuja cauda produz uma carga

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elétrica bem fraca.

Não são escamas que cobrem o corpo das raias e sim pequenos dentes,
chamados dentículos.

Parecem muito com pequenos ganchos. Um deles é especialmente perigoso;


trata-se de um super dente ligado à cauda, estreita e comprida, e que solta
veneno. Caçam em pequenos cardumes, apanhando peixes e crustáceos. A
pele por não possui escamas, e o fato de ser lisa dá grande agilidade ao peixe.
A jamanta consegue pular fora d'água com uma agilidade inesperada para
um peixe de seu tamanho. E é durante pulos desse tipo que a fêmea dá à luz
seus filhotes.

Ouriço-do-mar

Esta pequena bola um pouco achatada, coberta


de espinhos, é um ouriço-do-mar. Na parte de
baixo do animal fica uma boca com dentes
afiados e um possante mecanismo de
mastigação. Os pés em forma de tubo, que saem
por entre os espinhos, raramente são usados
para paralisar um inimigo agressor. Com esses
pés, o ouriço-do-mar se movimenta lentamente
pelo leito do mar, procurando abrigo nas cavidades das rochas e alimentos.

O alimento consiste principalmente em algas, mas o ouriço-do-mar come


também pedaços de peixes e restos de animais. O mergulhador sem proteção
adequada que se chocar num ouriço-do-mar logo saberá por que tem este
nome. Apesar de inofensivo é o grande responsável pela maioria dos
"acidentes" durante o mergulho seus espinhos penetram e quebram na pele e
sua remoção é sempre dolorosa.

Tubarão

O tubarão tem placas compactas


em lugar das escamas. São
como dentes na pele, com polpa
revestida de marfim e recobertas
de esmalte.

As inúmeras espécies de tubarões incluem algumas inofensivas, como o


tubarão-zebra e o tubarão-de-pregas e outra carnívoras como o tubarão-
branco, o tubarão-azul e o tubarão-tigre. Os menores alimentam-se de
pequenos peixes nas águas próximas da costa, os mais agressivos são

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aqueles cujo tamanho e estruturas dos dentes indicam que são caçadores
vorazes. São rápidos nadadores, impelidos pela cauda assimétrica; o lobo
dorsal da nadadeira caudal é maior. O tubarão-azul e o tubarão martelos
podem atacar as pessoas. Cada maxilar tem uma fileira de dentes funcionais
e 5 a 6 fileiras de reserva.

O gigante tubarão-baleia, que pode alcançar 15 m de comprimento, tem


dentes reduzidos, apropriado à sua dieta de pequenos crustáceos e
peixinhos.

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