Curso de Apneia 2

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APNEIA

1. Em termos clínicos, apnéia é a suspensão temporária da respiração. De forma


involuntária, a apnéia pode ser uma ocorrência patológica em pessoas que sofrem de
´apneia do sono´, ou seja, um distúrbio no qual a pessoa pára de respirar com
freqüência quando encontra-se dormindo. Como resultado a pessoa não obtém o
oxigênio que seu corpo necessita e não consegue repousar adequadamente.

2. Como modalidade esportiva, o mergulho em apneia (ou mergulho livre), é aquele


onde o praticante mantém o ar em seus pulmões durante a imersão sem o uso de
aparelhos. Ou seja, há a suspensão voluntária da respiração para manter o fôlego
durante o mergulho. Quanto maior o volume de ar inspirado, maior pode ser o tempo da
apnéia.

O mergulho em apnéia é derivado da prática recreativa de observar o fundo do mar


através do uso de máscara, respirador e nadadeiras. Elevado à categoria de esporte, o
desafio é manter o fôlego para percorrer a maior distância, atingir a maior profundidade
ou estabelecer o maior tempo possível submerso.

A imagem de que a apnéia é um esporte para super-homens acabou. As regras de


segurança e de competição ajudaram a desmistificar este esporte. Exigindo do atleta o
máximo de concentração e condicionamento físico para suportar fortes pressões e
longos períodos sem respirar, a prática da apnéia é considerada um esporte de risco,
comparado ao paraquedismo, vôo livre, corridas, esqui e outros esportes radicais.
Mesmo equipado com roupas especiais, o mergulhador enfrenta as mais severas
condições no ambiente aquático, principalmente nas modalidades de mergulho profundo
em que a pressão absoluta (pressão atmosférica e a pressão da água) aumenta
gradativamente e a temperatura da água é muito baixa.

A figura de um mergulhador desafiando os limites do seu próprio corpo e as condições


impostas pela natureza é de grande impacto emocional. Como em todo esporte, o
importante é superar marcas e limites, mas o mergulho em apnéia é fascinante pela sua
plástica, concentração e harmonia com o ambiente onde é praticado.

O corpo do mergulhador é envolto numa atmosfera de paz que contrasta com o alto
nível técnico usado para estabelecer recordes. Sem o uso de aparelhos para respiração, o
mergulho em apnéia é praticado no mar, lagos e piscinas.

Modalidades de Mergulho Livre

O mergulho livre, como prática esportiva e de competição, está dividido em 5 modalidades bem
distintas. Cada uma delas representa um desafio diferente o que se reflete em especialização por
parte de vários atletas apneístas.
Em campeonatos mundiais, as únicas provas realizadas são de apnéia estática e lastro constante,
pois seria necessária uma estrutura física e de tempo muito grande para que dezenas de atletas
realizassem performances em mais do que duas modalidades. Mas há vários torneios de apnéia
realizados em vários países, onde se pratica o combinado de apnéia estática, dinâmica e lastro
constante.

A única modalidade que não é considerada como esportiva ou de competição é a mais dura: ´No
Limits´ é uma modalidade de exibição, mesmo tendo os recordes obtidos nesta prática
reconhecidos pela AIDA Internacional.

APNÉIA ESTÁTICA
Mantendo o seu fôlego, o apneísta fica o
maior tempo possível submerso ou
flutuando imóvel com as vias respiratórias
imersas na água.

APNÉIA DINÂMICA
Com ou sem nadadeiras
(dependendo da sub-modalidade), o
apneísta deve percorrer
a maior distância horizontal
possível submerso.

LASTRO CONSTANTE
Praticado no mar e em lagos,
o apneísta desce a uma determinada
profundidade usando um cinto-lastro, mas
não pode utilizar-se do cabo-guia.

LASTRO CONSTANTE
SEM NADADEIRAS
Valem as mesmas regras do
lastro constante, porém sem
o uso de nadadeiras.
IMERSÃO LIVRE
É a modalidade de mergulho
em apnéia mais natural, pois sem
nadadeiras ou lastro, o apneísta
se utiliza apenas do cabo-guia para ir o mais
fundo possível em lagos ou no mar.

LASTRO VARIÁVEL
Também praticado no mar ou em
lagos, o apneísta desce com o auxílio de
lastro controlado (sled) ligado
ao cabo-guia. Após atingir a profundidade
desejada, o atleta abandona o lastro e
retorna à superfície utilizando
o cabo-guia ou simplesmente
usando as nadadeiras.

NO LIMITS
Essa é a modalidade dos grandes
profundistas. É derivada do lastro
variável, porém a diferença está no
modo de retorno à superfície.
O apneísta pode utilizar-se
de um balão ou colete inflável,
ou ainda outro meio mecânico para subir
o mais rápido possível, devido à grande
profundidade atingida.

A HISTÓRIA DO MERGULHO LIVRE


O mergulho livre, ou em apnéia, é a técnica mais antiga de mergulho.
Começou a ser praticada com a finalidade de encontrar alimentos e
tesouros. Homens e mulheres têm praticado mergulho em apnéia por
séculos. Evidências têm aparecido através de artefatos marinhos achados
há mil anos em terra e em representações de mergulhadores afogados.

Na Grécia antiga, apneístas ficaram conhecidos por


terem participado de explorações militares em 500A.C., fugindo pelo mar,
da prisão no navio feita pelo rei persa Xerxes I, e soltando os navios
persas ancorados, enquanto os guardas presumiam que os gregos tinham se
afogado. O mergulho em apnéia também tem sua finalidade comercial nas
áreas menos desenvolvidas do mundo.
Os melhores apneístas conhecidos são as caçadoras de pérolas do Japão e
da Coréia. Essas mulheres vêm de comunidades que se especializaram em
mergulho em 4500A.C., fascinando os artesãos da época com seus
achados. Na Segunda Guerra Mundial, o apneístas também foram usados
para localizar minas e colocar explosivos sob os navios de guerra, sem
chamar a atenção dos inimigos. Atualmente, o mergulho em apnéia vem
ganhando cada vez mais adeptos e se tornou um esporte de competição.

O primeiro praticante de mergulho livre da história chamava-se Giorghios


Haggi Statti, que em 1911, para conseguir dinheiro e permissão para
pescar utilizando dinamite, ofereceu-se à marinha italiana para resgatar a
âncora do navio Regina Marguerita a 77 metros de profundidade.
Giorghios criou a técnica utilizada até hoje no mergulho livre: descer em
pé com o auxílio de pesos. Ele utilizou uma pedra de 50 Kg, abandonando-
a no fundo do mar; resgatou a âncora e voltou à superfície amarrado por
uma corda que era puxada pela tripulação do navio.

Mas as competições tiveram início somente quatro anos após o final da


Segunda Guerra Mundial com um ítalo-húngaro capitão da força aérea
italiana, Raimondo Bucher, que utilizando máscara, snorkel e nadadeiras,
desceu 30 metros em apnéia, deixando um bilhete na marca para a
comprovação. Em 1951, apareceram Enio Falco e Alberto Novelli, que
desceram a 35 metros, mas foram ultrapassados no ano seguinte por
Bucher com a marca de 39 metros.

Mas foi da década de 60 que surgiram os maiores apneístas: o italiano


Enzo Majorca, o brasileiro Américo Santarelli, o polinésio Tetake
Williams, o francês Jacques Mayol e o norte-americano Robert Croft. Em
1960, Américo Santarelli desceu 44 metros e em 1961, Enzo Majorca
chegou aos 51 metros.

Em 1965, surgiu Tetake Williams que foi aos 59


metros, mas no ano seguinte Jacques Mayol conseguiu a marca de 60
metros e Majorca, 62 metros. Em 1967, apareceu Robert Croft marcando
64 metros de profundidade. No final dos anos 60, Mayol rompeu os 70
metros, mas Croft desceu 73 e Majorca 74 metros. Em 1972, a marca já
estava em 80 metros, estabelecida por Enzo Majorca. Então ele montou
uma equipe para auxiliá-lo nos treinamentos e realizar estudos sobre os
efeitos do mergulho no corpo humano. Mayol também passou a se
dedicar aos estudos
sobre apnéia. Durante vários anos Mayol e Majorca travaram duelos e se revezavam na posição
de "The deepest man in the world".
Em 1976, Jacques Mayol foi o primeiro homem a alcançar os 100 metros
de profundidade. Majorca só conseguiu esta marca em 1988.

Em 1982 surge o cubano Francisco ´Pipin´


Ferreras, chegando aos 112 metros. O italiano
Umberto Pellizzari aparece dois anos depois,
batendo o recorde de 115 metros de Pipin,
estabelecendo a marca de 118 metros. Nascia assim mais uma rivalidade
na história do mergulho livre. Atualmente Pipin e Pellizzari têm se
dedicado ao desenvolvimento de técnicas e divulgação do esporte pelo
mundo, cedendo espaço para o francês Löic Leferme e o italiano Gianluca
Genoni.

Hoje o recorde mundial nesta modalidade, conhecida como ´NO LIMITS`


é do belga Patrick Musimu, que atingiu 209,6 metros de profundidade em
julho de 2005.
Em 1993, foi fundada a Associação Internacional para o Desenvolvimento
da Apnéia (AIDA) pelo apneísta e treinador francês Claude Chapuis, para
regulamentar o esporte, organizar campeonatos, formar instrutores,
publicar artigos e dar treinamentos de apnéia.

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