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CARACOL

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GEOLOGIA E RECURSOS

MINERAIS DA FOLHA
CARACOL
FOLHA SB.21-X-C
Escala 1:250.000
PROGRAMA LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS BÁSICOS DO BRASIL
PROJETO ESPECIAL PROVÍNCIA MINERAL DO TAPAJÓS

COORDENAÇÃO GERAL
Xafi da Silva Jorge João
Sabino Orlando C. Loguércio

COORDENAÇÃO E SUPERVISÃO TÉCNICA

Cartografia Geológica Orlando José Barros de Araújo


Geologia Estrutural Reginaldo Alves dos Santos
Geofísica Mário J. Metelo e Rui Célio Martins
Geocronologia João Orestes Schneider dos Santos
Geoprocessamento Jorge Pimentel e Paulo Branco
Metalogenia Inácio de Medeiros Delgado
Petrografia Ana Maria Dreher
Sensoriamento Remoto Cidney Rodrigues Valente e Manoel Roberto Pessoa
Operação e Logística José Waterloo Leal

EQUIPES EXECUTORAS

Superintendência Regional de Belém


Chefia de Equipe Alfreu dos Santos
Equipe Executora Evandro Luiz Klein
Marcelo Lacerda Vasquez
Paulo dos Santos Freire Ricci
Rui Célio Martins

Superintendência Regional de Manaus


Chefe de Equipe Marcelo Esteves Almeida
Sandoval da Silva Pinheiro
Equipe Executora Amaro Luiz Ferreira, Cláudio Couto Reis, Marcelo Esteves Almeida,
Marcus Vinícius Fonseca Popini, Maria de Fátima Lima de Brito

Residência de Porto Velho


Chefe de equipe Ruy Benedito Calliari Bahia
Equipe executora Ruy Benedito Calliari Bahia
Marcos Luiz do Espíroto Santo Quadros
Colaborador Alclemar Lopes Noé

GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS DA FOLHA CARACOL


MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

PROGRAMA LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS BÁSICOS DO BRASIL

PROJETO ESPECIAL PROVÍNCIA MINERAL DO TAPAJÓS (PROMIN-TAPAJÓS)

GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS


DA FOLHA CARACOL
FOLHA SB.21-X-C
Estado do Pará

Organizado por
Ruy Benedito Calliari Bahia
Marcos Luiz do E. S. Quadros

BRASÍLIA 2000
CRÉDITOS DE AUTORIA

Capítulos 1 a 6 Ruy Benedito Calliari Bahia e


Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros

Revisão Final:
Ruy Benedito Calliari Bahia e Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros

PROGRAMA LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS BÁSICOS DO BRASIL


PROJETO ESPECIAL PROVÍNCIA MINERAL DO TAPAJÓS
Executado pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil
Residência de Porto Velho

Coordenação Editorial a cargo da


Divisão de Editoração Geral – DIEDIG
Departamento de Apoio Técnico – DEPAT

B151 Bahia, Ruy Benedito Calliari


Projeto Especial Província Mineral do Tapajós. PROMIN Tapajós. Geologia e recursos minerais da Fo-
lha Caracol - SB.21-X-C. Estado do Pará. Escala 1:250.000. organizado por Ruy Benedito Calliari Bahia e
Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros. – Brasília: CPRM, 2000.
1 CD-ROM
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil.
Executado pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Residência de Porto Velho.
1. Geologia – Pará – Mapas. 2. Mapeamento geológico – Pará. I. Quadros, Marcos Luiz do Espírito
Santo. II. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. III. Título.

CDD 558.115

Ficha elaborada pelas bibliotecárias Sonja Henie Pinheiro e Marilucia R. Pinheiro


SUMÁRIO
RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix

1 INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Localização e Acesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Aspecto Fisiográficos e Geomorfológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 GEOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1 Contexto Geológico Regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Unidades Litoestratigráficas e Litodêmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2.1 Complexo Cuiú-Cuiú (Pcc) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2.2 Suíte Intrusiva Parauari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.2.1 Fácies Granodiorítica (Pp1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.2.2 Fácies Granítica (Pp2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.2.3 Fácies Granítica a Titanita (Pp3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.2.4 Fácies Tonalítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.2.5 Fácies Subvulcânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.3 Suíte Intrusiva Ingarana (Pin) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.4 Formação Bom Jardim (Pbj) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.5 Grupo Iriri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.5.1 Formação Salustiano (Psa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.5.2 Fomação Aruri (Par) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.5.3 Discussão e Interpretação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.6 Suíte Intrusiva Maloquinha (Pm1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2.6.1 Fácies Granítica a Biotita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.6.2 Fácies Subvulcânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.7 Suíte Intrusiva Porquinho (Ppo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.8 Lamprófiros Jamanxim (Pjx) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.9 Formação Buiuçu (Pbu1 e Pbu2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.10 Diabásio Crepori (Pcr) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2.11 Suíte Intrusiva Cachoeira Seca (Mcs) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

–v–
2.2.12 Rochas Básicas Indiferenciadas (Kdb) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.13 Coberturas Detríticas e Lateríticas (Tdl) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.14 Depósitos Aluvionares Recentes (Qa1 e Qa2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3 GEOLOGIA ESTRUTURAL E TECTÔNICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


3.1 Análise Descritiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2 Análise Interpretativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4 RECURSOS MINERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.1 Ouro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.1.1 Mineralizações de Ouro Controladas por Estruturas Regionais . . . . . . . . . . . 43
4.1.2 Mineralizações de Ouro Associadas às Rochas Gabróicas . . . . . . . . . . . . . 43
4.1.3 Mineralizações de Ouro Hospedadas em Granitóides e Ortognaises do
Complexo Cuiú-Cuiú. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.1.4 Mineralizações de Ouro Associadas a Granitos da Suíte Itrusiva Parauari . . . . . . 44
4.2 Outros Bens Minerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.3 Indícios Geoquímicos e Geofísicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

ANEXOS
l Carta Geológica

– vi –
RESUMO
E sta Nota Explicativa contém os resultados do
levantamento geológico multidisciplinar do Projeto
loquinha e Suíte Intrusiva Porquinho, esta última de
natureza alcalina, relacionada a uma fase mais tar-
Província Mineral do Tapajós – PROMIN-Tapajós, dia do magmatismo. Terminado o evento magmáti-
na escala 1:250.000, desenvolvido na Folha Cara- co, extensa cobertura sedimentar plataformal foi
2
col (SB-21-X-C), numa área de 18.000km , situada depositada, designada neste trabalho de Forma-
na região sudoeste do Estado do Pará. O trabalho ção Buiuçu. Da interface Paleo-Mesoproterozóico
de mapeamento faz parte do Programa Levanta- até o Neoproterozóico, sucessivos eventos extensi-
mentos Geológicos Básicos do Brasil – PLGB, em onais condicionaram a instalação de rochas bási-
execução pela CPRM – Serviço Geológico do Bra- cas, designadas de Diabásio Crepori, Lamprófiros
sil, através da Residência de Porto Velho–REPO. Jamanxim e Suíte Intrusiva Cachoeira Seca. No
Na área da Folha Caracol ocorrem gnaisses e Cretáceo ocorreram manifestações básicas na for-
granitóides foliados do Complexo Cuiú-Cuiú, cons- ma de diques. O Cenozóico é caracterizado pelas
tituíndo o embasamento cristalino regional, relacio- Coberturas Detríticas e Lateríticas e Depósitos Alu-
nado ao Paleoproterozóico. Intrudidos no embasa- vionares Recentes, fonte da grande produção de
mento, nesta mesma Era geológica, está a Suíte ouro da Província Mineral do Tapajós.
Intrusiva Parauari, composta de batólitos graníticos Em termos tectono-estruturais, a área em foco é
sin a tardiorogênicos, de natureza calcioalcalina e caracterizada por dois grandes sistemas de linea-
rochas gabróicas incluídas na Suíte Intrusiva Inga- mentos rúpteis ou rúpteis-dúcteis separados em
rana. Ainda no Paleoproterozóico, como conse- dois domínios denominados Domínio Jamanxim,
qüência da ativação de um regime extensional que com direção geral E-W, e Domínio Crepori-Tapajós,
abrangeu todo o Cráton Amazônico, formou-se com predominância de falhas transcorrentes sinis-
uma seqüência vulcano-sedimentar da qual fazem trais NW-SE, às quais estão condicionandos os de-
parte o Grupo Iriri, composto de rochas vulcânicas pósitos auríferos primários e secundários.
acidas e intermediárias, tufos e ignimbritos, além As ocorrências dos jazimentos de ouro são dos
de sedimentos de origem vulcânica, constituindo tipos aluvionar, supergênico e primário. Este último
as formações Salustiano e Aruri, respectivamente. ocorre em veios de quartzo tipo filoneano, relacio-
Finalizando este evento magmático aparecem, nado às zonas de cisalhamento, ou disseminado na
cortando toda a seqüência, stocks graníticos rocha tipo stockworks, em zonas de alteração hi-
pós-orogênicos, designados de Suíte Intrusiva Ma- drotermal nos stocks graníticos.

– vii –
ABSTRACT
T he results of the geological survey in the
Caracol Sheet (SB. 21-X-C), at 1:250 000 scale
After the magmatic event, an extensive shelf
sedimentary cover was deposited, named the
are pre sented as part of Projeto Es pe cial Buiuçu Formation. From the Paleo-Neoproterozoic
Província Mineral do Tapajós – PROMIN-Tapajós, bound ary to the Neoproterozoic, suc ces sive
covering an area of 18 000 km², in the southwest- extensional events have conditioned the emplace-
ern region of the State of Pará. Foliated gneiss ment of basic rocks such as the Crepori Diabase,
and granitoid plutons of the Cuiú-Cuiú Complex the Jamanxim Lamprophyre and the Cachoeira
represent the regional crystalline basement of Seca Intrusive Suite. In the Cretaceous there were
Paleoproterozoic age, intruding the basement. intruded dykes of basic rocks.
Also in Paleoproterozoic times there occurred the The Ce no zoic is char ac ter ized by de tri tal,
Parauari Intrusive Suite, composed by syn to lateritic and alluvial cover, the source of the great
tardi-tectonic granitic batholiths of sub-alcaline gold production in the Tapajós Mineral Province.
composition and gabroic rocks of the Ingarana In- In respect to the tectono-structural constrains,
trusive Suite. Later in the Proterozoic Era, as a the area is characterized by two major systems of
consequence of an extensional regime that af- lineaments of the brittle or brittle-ductile type. The
fected the entire Amazonic Craton, there ap- first strikes E-W, and is called the Jamanxim Do-
peared a volcanic-sedimentary sequence repre- main. The second, is called the Crepori-Tapajós
sented by the Iriri Group, composed of acid and Domain, and is characterized by the predominance
intermediate volcanic rocks, tuff and ignimbrite, of sinistral strike-slip faults of NW-SE strike, in
represented by Salustiano and Aruri formations. which primary and secondary gold deposits were
Post-tectonic gra nitic stocks, called the strongly conditioned. Three types of gold de -
Maloquinha and Porquinho intrusive suites, fol- pos its oc cur in the area: al lu vial, supergene
lows this magmatic event, cutting the entire se- and pri mary. The last one oc curs in quartz
quence. The Maloquinha Intrusive Suite, of alkaline veins re lated to shear zones or stockworks in
nature, is related to the last phase of magmatism. gra nitic stocks.

– ix –
SB.21-X-C (Caracol)

1
INTRODUÇÃO
A Província Mineral do Tapajós, localizada
nos estados do Pará e Amazonas, abrange os mu-
Para auxiliar os trabalhos de campo foram reali-
zados levantamentos aeromagnéticos e aerocinti-
nicípios de Itaituba, Jacareacanga, Novo Progres- lométricos, através de linhas de vôo com espaça-
so e Trairão; corresponde a uma das maiores fontes mento de 1.000m. Como produto deste levanta-
de produção de ouro do País. mento foram gerados mapas geofísicos em escala
Com a perspectiva de exaustão das reservas de 1:250.000.
ouro aluvionar, a CPRM, no papel de Serviço Geoló- O presente relatório contém os dados conclusivos
gi co do Bra sil, de sen vol veu o Pro je to referentes ao mapeamento geológico e metalogenético
PROMIN-Tapajós (Província Mineral do Tapajós). da Folha Caracol (SB. 21-X-C), na escala 1:250.000,
Este Projeto teve como objetivo principal fomentar a executado pela CPRM − Residência de Porto Velho.
atividade mineradora de ouro primário na região do
Tapajós, com o intuito de incentivar novos investi- 1.1 Localização e Acesso
mentos de pesquisa mineral, a serem realizados
através das empresas de mineração, cooperativas A área em foco compreende aproximadamente
2
de garimpeiros ou consórcios entre ambas. O Proje- 18.480km , limitada pelos paralelos 05°00’00’’S e
to PROMIN-Tapajós foi desenvolvido em dois níveis: 06°00’00’’S e meridianos 55°º30’00’’W e 57°00’00’’W,
o nível macro teve como objetivo o mapeamento ge- abrangendo parte dos municípios de Trairão e Itaitu-
ológico básico, em escala 1:250.000, das folhas Ja- ba (figura 1.1). O acesso principal à área é feito a par-
ca re a can ga (SB.21-Y-B); Vila Ma mãe Anã tir de Ita i tu ba, atra vés de ro do vi as fe de ra is
(SB.21-Y-D); Vila Riozinho (SB.21-Z-A); Rio Novo não-pavimentadas, mais precisamente pela BR-163
(SB.21-Z-C) e Caracol (SB.21-X-C). Como produto (Rodovia Santarém-Cuiabá), que atravessa a porção
final deste mapeamento será apresentado um mapa leste da Folha Caracol, e pela BR-230 (Rodovia Tran-
geológico integrado em escala 1:500.000. Conco- samazônica), que corta o extremo-noroeste da folha.
mitante a este mapeamento foram realizados estu- Da mesma forma, os rios, Tapajós e Jamanxim com
dos detalhados de prospectos, visando a determi- seus principais afluentes, os rios Rato, Tocantins,
nação da gênese do ouro primário e seu modelo de Branco, Aruri e Carapuça, e os igarapés Botica, Uru-
mineralização, com o intuito de auxiliar a prospec- buquara, Tocantinzinho, Bom Jardim e Salustiano,
ção mineral na região. Em nível micro foram desen- podem ser utilizados, principalmente na época das
volvidos estudos específicos relacionados ao meio cheias, para deslocamento de barcos dentro da
am bi en te, de sen vol vi men to de téc ni cas área. Aeronaves de pequeno porte, que executam
não-poluentes de extração do ouro e recuperação vôos diários a partir de Itaituba para as diversas pis-
de áreas degradadas em uma área-piloto na região tas de garimpos em atividade na Bacia do Tapajós,
do garimpo Creporizão, onde foi realizado mapea- materializam uma opção adicional de acesso à re-
mento geológico em escala 1:25.000. gião estudada.

– 1–
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 1.1 – Mapa de localização da Folha Caracol (SB.21-X-C).

1.2 Metodologia res remotos e levantamentos aerogeofísicos, co-


2
brindo uma área de aproximadamente 90.000km ,
O Projeto PROMIN-Tapajós teve seu início num cor res pon den te às fo lhas Ja ca re a can ga
amplo debate, realizado em Itaituba no mês de ju- (SB.21-Y-B); Vila Mamãe Anã (SB.21-V-D); Vila Rio-
nho de 1995, com representantes das empresas de zinho (SB.21-Z-A); Rio Novo (SB.21-Z-C) e Caracol
mineração, cooperativas de garimpeiros, além de (SB.21-X-C).
organismos governamentais das esferas munici- A Folha Caracol já havia sido alvo de levanta-
pal, estadual e federal. Nesta reunião foram traça- mento geológico sistemático, com a execução do
das as diretrizes básicas do Projeto, objetivando o Projeto Jamanxim (Pessoa et al., 1977), trabalho
mapeamento geológico/metalogenético, em esca- este considerado pioneiro na região, introduzindo
la 1:250.000, com suporte nos produtos de senso- novos conceitos e definições estratigráficas, que

– 2–
SB.21-X-C (Caracol)

refletiram a cultura geológica da época. Durante a 1:125.000. Nesta primeira etapa dos trabalhos, fo-
execução do Projeto PROMIN-Tapajós, o acervo de ram retiradas das imagens todas as feições linea-
dados geográficos, geomorfológicos e geológicos res e planares e os principais elementos da rede de
foram atualizados a partir da nova cobertura aeroge- drenagem, para uma melhor articulação das ima-
ofísica e de imagens de satélite mais recentes, além gens e localização das estruturas. Na interpretação
de novas informações obtidas durante os trabalhos das feições lineares e planares foi dada atenção
de campo e no laboratório. As lâminas do Projeto Ja- tanto para as estruturas rúpteis como para as dúc-
manxim foram revisadas com base nos novos co- teis, objetivando determinar a movimentação relati-
nhecimentos das unidades geológicas presentes no va entre blocos deslocados. Como auxílio a esta in-
âmbito da Folha Caracol. terpretação, plotou-se todos os pontos descritos no
A metodologia de trabalho seguiu os parâmetros campo e analisados petrograficamente durante a
estabelecidos pelo Programa Levantamentos Geo- execução do Projeto Jamanxim (Pessoa et al.,
lógicos Básicos do Brasil – PLGB, iniciando-se, em 1977).
uma primeira etapa, com o levantamento bibliográ- A segunda etapa correspondeu aos trabalhos de
fico da geologia da região e trabalhos de fotointer- campo, através da execução de perfis contínuos ao
pretação que, com o auxílio de mapas aerogeofísi- longo das rodovias e vicinais existentes na área,
cos, forneceram suporte à elaboração do mapa fo- além dos rios e igarapés que drenam a mesma, fi-
togeológico da Folha Caracol. A fotointerpretação nalizando com visitas aos principais garimpos em
teve início em abril de 1996, utilizando-se imagens atividade na região (figura 1.2). Nestes perfis, den-
de satélite LANDSAT-TM nas escalas 1:100.000 e tro das condições que a região Amazônica oferece,
1:250.000, imagens de radar na escala 1:250.000 e foram descritos e amostrados afloramentos, segun-
fo to gra fi as aé re as con ven ci o na is na es ca la do os padrões estabelecidos no PLGB.

Figura 1.2 – Mapa de garimpos visitados e perfis realizados na Folha Caracol.

– 3–
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

A localização dos pontos teve como importante senvolvimento de uma exuberante floresta equato-
ferramenta o GPS 45 marca GARMIN, com medi- rial.
das precisas de longitude e latitude obtidas em Em termos geomorfológicos, a Folha Caracol en-
graus, minutos e segundos, utilizando South Ameri- contra-se inserida regionalmente no Planalto Resi-
can 69 como map datum. dual do Tapajós. Análises morfológicas e morfomé-
As atividades de campo do projeto foram inicia- tricas, ao nível da área em estudo, permitiram a
das em agosto de 1996, complementando a fase compartimentação da fisiografia do relevo em duas
inicial de pesquisa bibliográfica e fotointerpreta- unidades morfológicas principais: o relevo de agra-
ção. Como suporte ao mapeamento geológico re- dação e o relevo de degradação (figura 1.3). Esta
gional, foram utilizados os mapas e dados coleta- análise foi dificultada pela inexistência de mapas
dos em projetos anteriores, mapas aerogeofísicos topográficos mais detalhados, os quais forneceri-
(cintilometria e magnetometria) e sensores remo- am dados sobre amplitude e declividade. Neste
tos. caso utilizou-se, então, as imagens de radar e saté-
A terceira etapa consistiu no tratamento dos no- lite para descrever os sistemas de relevo de forma
vos dados adquiridos, com ênfase aos aspectos relativa.
metalogenéticos da região em foco, apresentados O relevo de agradação constitui a paisagem alu-
na forma desta Nota Explicativa acompanhada do vionar da região, sendo subdividido em Planície de
mapa geológico georeferenciado. Os produtos fi- Inundação Atual/Recente e Planície Aluvionar Anti-
nais do projeto incluem também um Relatório Final ga. É caracterizado principalmente nas regiões
Integrado do Projeto, bem como Relatórios Temáti- com mais baixas cotas topográficas, nas margens
cos de Geofísica, Geoquímica, Mineralizações e dos principais rios que drenam a área estudada.
Petrologia. Nestas regiões, predominam os processos de de-
A execução dos trabalhos desta Folha ficou a posição, desenvolvendo extensas planícies fluviais
cargo dos geólogos Ruy Benedito Calliari Bahia e constituídas por material aluvionar recente, sujeitas
Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros, ambos do a alagamentos nos períodos mais chuvosos. É tam-
Serviço Geológico do Brasil – CPRM/Residência de bém caracterizado nas regiões aluvionares mais
Porto Velho; as descrições petrográficas ficaram antigas (terciárias), que constituem os paleoterra-
sob a responsabilidade dos geólogos Paulo dos ços fluviais, posicionados em níveis topográficos
Santos F. Ricci, Xafi da Silva Jorge João e Ana Ma- mais elevados. Na área em estudo, observa-se que
ria Dreher. A coordenação do Projeto ficou sob a as planícies fluviais estão bem desenvolvidas nas
responsabilidade do geólogo Sabino Loguércio, do margens dos rios, Jamanxim e Aruri, principalmen-
DEGEO (fase inicial) e do geólogo Xafi da Silva Jor- te nas proximidades da confluência entre os dois
ge João, da SUREG-BE. rios, onde é comum a presença de meandros aban-
donados.
O relevo de degradação predomina na região da
1.3 Aspectos Fisiográficos e Geomorfológicos Folha Caracol, sendo sustentado por gnaisses e
granitóides do embasamento, granitóides diversos
O clima da região na qual está inserida a Folha e rochas sedimentares, além de diversos corpos
Caracol é do tipo quente e úmido, com variações básicos intrusivos. As observações de campo per-
médias anuais de temperatura em torno de 25°C. mitiram a subdivisão do relevo de degradação em
Existem apenas duas estações distintas: o verão, subunidades, denominadas: Colinoso, exibindo
abrangendo os meses de junho a outubro e o inver- Colinas Altas, Colinas Médias e Colinas Baixas;
no, que tipifica o restante do ano. As chuvas ocor- Morros, contendo Morros Alongados, Morros Isola-
rem praticamente durante todo o ano, sendo mais dos; e Serras, onde ocorrem Serras de Topo Plano
intensas no inverno, com pluviosidades em torno e Serras de Topo Dissecado, conforme demostra-
de 2.500mm. Esta alta pluviosidade propicia o de- do na (figura 1.3).

– 4–
SB.21-X-C (Caracol)

Figura 1.3 – Mapa Geomorfológico da Folha Caracol.

– 5–
SB.21-X-C (Caracol)

2
GEOLOGIA
2.1 Contexto Geológico Regional Na região em estudo, onde afloram rochas polide-
formadas, suítes intrusivas e uma seqüência vulca-
A Província Mineral do Tapajós está localizada na no-sedimentar, o embasamento corresponde ao
porção central do Cráton Amazônico. Os trabalhos Complexo Cuiú-Cuiú (figura 2.1), relacionado ao Pa-
de mapeamento geológico sistemático nesta região leoproterozóico, correspondendo ao cinturão meta-
começaram na década de 70, com Liberatore et al. mórfico de alto grau que colam os blocos crustais de
(1972), realizando reconhecimento geológico em Hasui et al. (1997). Sua área-tipo está na região da
escala 1:500.000. Santos et al. (1975), mapearam a vila do Cuiú-Cuiú e no igarapé homônimo, porém ou-
Folha SB.21 - Tapajós, em escala 1:1.000.000. Pes- tras exposições estão ao longo de toda porção SW
soa et al. (1977), em trabalho de mapeamento geo- da Província. São migmatitos, gnaisses e anfibolitos
ló gi co e pros pec ção ge o quí mi ca, em es ca la metamorfizados na fácies anfibolito superior, asso-
1:100.000, apresentaram o mapa geológico da Fo- ciados com granitóides isotrópicos a deformados
lha SB.21-X-C - Caracol, na escala 1:250.000. sob condições compatíveis à fácies xisto-verde.
Segundo Amaral (1984), esta região teve sua for- Composicionalmente são tonalitos, granodiorito e
mação consolidada no Arqueano, com retrabalha- mais subordinadamente monzogranitos e dioritos.
mento durante o Ciclo Transamazônico e reativações Sobre este embasamento cristalino foi deposita-
no Mesoproterozóico e intrusões básicas no Ciclo da uma seqüência vulcano-sedimentar, metamorfi-
Brasiliano. Na concepção de Cordani et al. (1979), a zada na fácies xisto-verde, considerada por alguns
evolução do Cráton Amazônico deu-se a partir de um autores como um terreno tipo greenstone belts, de-
núcleo arqueano que sofreu as acresções impostas no mi na da de Gru po Ja ca re a can ga (Fo lha
por um cinturão móvel transamazônico e três meso- SB.21-Y-B). É constituída de quartzo-xisto, quartzi-
proterozóicos. Hasui et al. (1984), compartimentaram to, actinolita-xisto, talco-xisto, metacherts, metargi-
a região em blocos crustais amalgamados na interfa- lito e metagrauvacas, originados possivelmente de
ce Arqueano/Paleoproterozóico, separados por zo- sedimentos plataformais. Sua área de ocorrência
nas de suturas, correspondentes aos terrenos de alto se restringe à porção central da Folha SB.21-Y-B,
grau (cinturões granulíticos), alçados para a crosta na região SW da Província, caracterizada por um
superior por processos colisionais. Costa (1997), ad- relevo dissecado com altos valores radiométricos
voga e complementa esta última hipótese, propondo, (300 a 800cps), contrastando com as faixas de rele-
como segunda etapa de evolução, uma tentativa de vo elevado nos domínios dos quartzitos, com bai-
ruptura continental no final do Mesoproterozóico e iní- xos valores radiométricos (< 200cps). Datações ra-
cio do Neoproterozóico, com movimentações de blo- diométricas pelo método U/Pb em zircões detríti-
cos através de falhas normais e de transferência, com cos, realizadas por Santos et al. (1997), apresenta-
formação de numerosas bacias, nas quais ocorre- ram idades em torno de 2,1Ga, indicando uma se-
ram intenso magmatismo e restrita sedimentação. dimentação durante o Ciclo Transamazônico.

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Cortando as rochas metamórficas do embasa- litoquímica preliminar caracteriza um magmatismo


mento ocorre a Suíte Intrusiva Creporizão, presente calcioalcalino, peraluminoso a metaluminoso, rela-
nas folhas SB.21-Z-A e SB.21-Z-C, porção-sul da cionado a arcos continentais.
Província Mineral do Tapajós. É composta de grani- Após esse plutonismo ácido, ocorreu a implanta-
tóides sin a tardi-orogênicos, sendo o sienogranito ção de um batólito de dimensões regionais, desig-
e o monzogranito os litótipos mais predominantes, nado de Suíte Intrusiva Parauari, constituindo um
ocorrendo também granodiorito e tonalito subordi- magmatismo com ampla variação faciológica/com-
nadamente. Datados pelo método Pb-Pb, em zir- po si ci o nal, re pre sen ta da por quartzo di o ri to,
cão, indicaram idades de 1.997±3 e 1.984±1Ma, granodiorito, monzogranito e sienogranito, com textura
relacionados ao final do Paleoproterozóico. Análise dominantemente isotrópica, localmente foliado em

Figura 2.1 – Mapa geológico da Província Mineral do Tapajós.

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SB.21-X-C (Caracol)

bandas e zonas de cisalhamento. Idades entre tico, é constituída de alcalifeldspato granitos e sie-
1.897±2 e 1.880±14Ma foram obtidas pelo método nogranitos. Datações pelo método Pb/Pb em zircão
U-Pb, por SHRIMP, em titanita e zircão, para os grani- forneceu idade de 1.882±4Ma. Idade bem seme-
tos dessa suíte. Rochas plutônicas básicas mais tardi- lhante foi obtida pelo método Pb-Pb por SHRIMP de
as também fazem parte deste evento intrusivo; foram 1.883±4Ma. Análise petrográfica mais detalhada
designadas de Suíte Intrusiva Ingarana (Folha das rochas dessa suíte nas folhas SB.21-Y-B e
SB.21-X-C); Gabro Rio Novo, Quartzo-Monzogabro SB.21-V-D, permitiu a separação nas fácies a anfi-
Igarapé Jenipapo (Folha SB.21-Z-A) e Gabro Serra bólio e fácies a biotita. A primeira apresenta caráter
Comprida (Folha SB.21-Z-C). São constituídos de olivi- calcioalcalino a alcalino, supersaturada em sílica,
na gabros, augita gabros, leuconoritos, diabásios, fracamente aluminosa, enquanto que a segunda é
quartzo gabros, quartzo monzogabros e quartzo mon- calcioalcalina, medianamente peraluminosa. Tais
zonitos. Essas rochas no geral são isotrópicas, com características levam a crer tratar-se de granitóides
granulação variando de fina a média e textura de ofíti- tipo A, gerados em ambiente intraplaca. Esta unida-
ca a subofítica. Estão entre as unidades rochosas mais de apresenta as mais altas radiações, com varia-
magnetizadas na região, com uma seqüência de altos ções de 1.000 a 2.500cps, com as isolinhas acom-
e baixos de grande amplitude, variando de 260 a 200 panhando as formas dos corpos rochosos. A fase
nT. Análises químicas parcias indicaram um caráter , mais tardia desse plutonismo, no final do Paleopro-
com alto teor de potássio, variando de toleiítos a calci- terozóico, está representada pela Suíte Intrusiva
alcalinos. Datações radiométricas pelo método U-Pb, Porquinho (Folha SB.21-X-C) e pelos granitos Pepi-
por SHRIMP, em amostra da Suíte Intrusiva Ingarana, ta, Igarapé Escondido e Caroçal (folhas SB.21-V-D e
indicaram idades de 1.888Ma em titanita, no garimpo SB.21-Y-B). São rochas com textura rapakivi, carac-
do Jutaí (Folha SB.21-X-C) e 1.900Ma no rio Amana terizadas pela presença de anfibólio alcalino (rie-
(Folha SB.21-V-D). Idades análogas foram obtidas beckita-arfvedsonita), com quimismo alcalino a cal-
pelo método Pb-Pb em zircão, para a Suíte Intrusiva cioalcalino, de caráter aluminoso a peraluminoso,
Ingarana de 1.887±3Ma (Folha SB.21-X-C) e de do tipo A, geradas em ambiente intraplaca.
1.984±1 para Gabro Serra Comprida (Folha 21-Z-C). Recobrindo as rochas magmáticas ocorrem os se-
Após esse evento intrusivo a região foi afetada por dimentos essencialmente clásticos de ambiente con-
um evento distensivo ainda no Paleoproterozóico, tinental, constituídos de arenito arcosiano, conglome-
com a instalação de uma extensa seqüência vulca- rados, siltitos, argilitos e tufos, designados como For-
no-sedimentar, denominado de “Evento Magmático mação Buiuçu, a qual marca o término da seqüência
Uatumã”. Neste contexto, representando as rochas vulcano-plutono-sedimentar. Em um breve período,
vulcânicas, inserem-se: a Formação Bom Jardim Fo- entre o final do Paleoproterozóico e início do Meso-
lha SB.21-V-D), constituída de andesitos, traquitos e proterozóico, ainda ocorreram manifestações mag-
andesitos basálticos, com expressiva anomalia máticas básicas, representadas pelo Diabásio Cre-
magnética (170 nT), representando a fase mais pre- pori, prosseguindo até o final do Mesoproterozóico,
coce de composição química intermediária do vul- com as intrusões dos Lamprófiros Jamanxim e da Su-
canismo. A Formação Salustiano corresponde a um íte Intrusiva Cachoeira Seca (Folha SB.21-X-C).
vulcanismo ácido calcialcalino, de ambiente conti- Finalmente, o Fanerozóico na região é caracteri-
nental, constituído essencialmente de riolitos, rioda- zado por extensas coberturas sedimentares paleo-
citos e dacitos. A Formação Aruri engloba as fácies zóicas, constituindo o Grupo Jatuarana, relacionado
vulcanoclásticas piroclástica e epiclástica do vulca- ao Devoniano, do qual fazem parte as formações
nismo, composta de tufos, ignimbritos, arenitos, bre- Borrachudo Capoeiras e São Benedito, sotopostas
chas e conglomerados. Datações radiométricas às formações Ipixuna e Monte Alegre, relacionadas
pelo método Pb-Pb em evaporação de zircões, ao Permo-Carbonífero, todas fazendo parte da ba-
apresentaram idades de 1.877±4Ma e 1.890±2Ma cia do Alto Tapajós, com exceção da Formação
em amostras de ignimbritos e riolitos, respectiva- Monte Alegre que pertence à bacia do Amazonas.
mente, coletadas nas proximidades da vila Moraes São constituídas de sedimentos clásticos costeiros,
de Almeida (Folha SB.21-Z-A). Entretanto, idade de em ambiente dominado por maré, com alguma in-
2.001±6Ma foi obtida pelo mesmo método, em fluência fluvial. No Mesozóico, além dos diques de
amostra de dacito coletada mais a sul, no rio Ja- diabásios, relacionados ao Cretáceo, ocorrem sedi-
manxim. mentos arenosos continentais, de origem fluvial, fa-
A Suíte Intrusiva Maloquinha, corresponde ao plu- zendo parte da bacia do Amazonas, designados
tonismo ácido pós-orogênico desse evento magmá- de Formação Alter do Chão. O Cenozóico está re-

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

presentado tipicamente na área pela Cobertura De- palmente no Projeto Jamanxim, com ressalvas à
trítica e Laterítica, além dos sedimentos recentes, distribuição areal das unidades, o que permite o es-
que acompanham toda a rede de drenagem que tabelecimento de redefinições estratigráficas ao ní-
corta a região. vel de complexo, grupo, suíte e formação, bem
No âmbito da Folha Caracol, as rochas polideforma- como subdivisões das unidades litoestratigráficas
das do Complexo Cuiú-Cuiú, relacionado ao Paleo- ao nível de fácies, quando possível.
proterozóico, corresponde à unidade mais antiga ma- A principal mudança ao nível de cartografia geo-
peada na folha. Cortando essas rochas metamórficas lógica da Folha Caracol refere-se à área de abran-
do embasamento ocorre a Suíte Intrusiva Parauari, gência do Complexo Cuiú-Cuiú na região do rio Rato
composta de granitóides pós-orogênicos, relaciona- e garimpo do Cuiú-Cuiú, na porção sudoeste da
dos ao final do Paleoproterozóico. Além desse pluto- área, a qual foi submetida a uma significativa redu-
nismo ácido ocorreram intrusões de rochas gabróides, ção em função dos novos dados coletados durante
designadas como Suíte Intrusiva Gabro Ingarana. o projeto. Esta mudança na distribuição do Comple-
Após esse evento intrusivo, a região foi afetada por um xo Cuiú-Cuiú, ampliou a distribuição espacial da Suí-
evento distensivo no final do Paleoproterozóico, com a te Intrusiva Parauari. Com relação à seqüência vul-
ins ta la ção de uma ex ten sa seqüên cia vulca- cano-sedimentar denominada de Supergrupo Uatu-
no-sedimentar, denominado “Evento Magmático Ua- mã (Pessoa et al. 1977), propõe-se a subdivisão em
tumã”. Neste contexto inserem-se: a Formação Salusti- Grupo Iriri e Suíte Intrusiva Maloquinha, sendo o Gru-
ano, que corresponde a um vulcanismo ácido calcio- po Iriri constituído pelas formações Salustiano e Aru-
alcalino, de ambiente continental ; a Formação Aruri, ri. As unidades litoestratigráficas, foram enquadra-
que engloba as fácies vulcanoclásticas piroclástica e das e descritas de acordo com Código Brasileiro de
epiclástica; a Suíte Intrusiva Maloquinha, representan- Nomenclatura Estratigráfica, sendo que em alguns
te do plutonismo ácido pós-orogênico, constituída por casos receberam definições litoestratigráficas infor-
alcalifeldspato granitos e sienogranitos e a Suíte Intru- mais (figura 2.2).
siva Porquinho, caracterizada por riebeckita-granito,
hastingsita-granito, alcalifeldspatos granitos e biotita
granitos, caracterizando um magmatismo alcalino. Re- 2.2.1 Complexo Cuiú-Cuiú (Pcc)
cobrindo as rochas magmáticas ocorrem os sedimen-
tos essencialmente clásticos de ambiente continental, Numerosos trabalhos de mapeamento geológi-
designados como Formação Buiuçu, marcando o tér- co realizados na região do rio Tapajós fazem refe-
mino da seqüência vulcano-plutono-sedimentar. No rências às rochas metamórficas de alto grau que
Paleoproterozóico, ocorreram manifestações magmá- constituem o embasamento regional. Desses tra-
ticas básicas, representadas por sistemas de diques balhos destacam-se os de Barbosa (1966), Libera-
orientados para nordeste, que no âmbito da Folha Ca- tore et al. (1972), Ventura et al. (1974), Santos et al.
racol estão representados pelo Diabásio Crepori. No (1974) e Pessoa et al. (1977). A designação Com-
final do Mesoproterozóico e início do Neoproterozóico, plexo Cuiú-Cuiú foi proposta por Almeida et al.
movimentos distensivos propiciaram manifestações (1998), no âmbito das folhas Mamãe Anã e Jacare-
de plutonismo ácido e básico em toda região amazôni- acanga, constituído por migmatitos, gnaisses e an-
ca, da qual faz parte a Suíte Intrusiva Cachoeira Seca. fibolitos, cortados por granitos intrusivos. Na Folha
Finalmente, o Fanerozóico da área está representado Caracol, a referida unidade restringe-se à porção
por diques de diabásios relacionados ao Cretáceo, e sudoeste da área estudada. Sua cartografia foi ba-
por Cobertura Detrítica-Laterítica e Depósitos Aluvio- seada na morfologia do terreno, padrões de drena-
nares Recentes que acompanham toda a rede de dre- gem, assinatura geofísica e distribuição dos pon-
nagem que corta a região, relacionadas ao Terciá- tos. A maior parte dos afloramentos apresentam-se
rio/Quaternário. sob a forma de matacões, impossibilitando medi-
das mais seguras da foliação metamórfica. Entre-
2.2 Unidades Liltoestratigráficas e Litodêmicas tanto, alguns dados estruturais obtidos no campo e
compilados do Projeto Jamanxim estão registrados
Durante as atividades de campo na Folha Cara- nos mapas, indicando uma foliação com direção
col foram reconhecidos e confirmados os litótipos nordeste e fortes mergulhos para sudeste. As me-
das diversas unidades litoestratigráficas descritas lhores exposições ocorrem nas vizinhanças da vila
e individualizadas em projetos anteriores, princi- Cuiú-Cuiú, mais especificamente nos leitos dos

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SB.21-X-C (Caracol)

Figura 2.2 – Coluna litoestratigráfica da Folha Caracol.

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SB.21-X-C (Caracol)

igarapés Cuiú-Cuiú, Água-Azul, Jerimum, Central subvertical e orientada segundo a direção N20°E,
e Mira-Boa e no médio a alto curso do rio Rato, definida por cristais estirados de feldspato e
onde foram observados somente granitóides foli- quartzo, envoltos por faixas entrelaçadas conten-
ados e metamorfizados, localmente gnaissifica- do biotita e quartzo. Diques e veios aplíticos pre-
dos, de composições tonalítica, granodiorítica, enchidos por microgranito, também deformados,
monzogranítica e diorítica. Os anfibolitos descri- seccionam a rocha na direção N-S. Alguns grani-
tos em projetos anteriores foram reinterpretados tóides apresentam uma foliação nordeste definida
como gabros e leucogabros, localmente foliados, apenas pela orientação dos máficos, principal-
incluídos na Suíte Intrusiva Ingarana. Como se- mente das biotitas, em torno de N10°-15°E subver-
ções de referências destacam-se os afloramen- tical, interpretada como foliação de fluxo magmáti-
tos situados nas redondezas da “currutela” Santa co. Ocorrem também veios de quartzo orientados
Comunidade, garimpo do Ratinho e no médio cur- tanto para NW como também para NE, além de di-
so do igarapé Tocantizinho. ques de diabásios, isotrópicos, orientados segun-
Os tra ba lhos de cam po do Pro je to PRO- do a direção N80°W .
MIN-Tapajós, nestas regiões, revelaram a existên- No garimpo Santa Comunidade, localizado nas
cia somente de granitóides e metagranitóides, com margens do igarapé Bom Jardim, em terras da fa-
litótipos variando de isotrópicos a deformados em zenda Nova Ilusão, foi visitado um afloramento, do
condições rúpteis ou dúcteis, localmente gnaissifi- tipo lajedo, de granitóide ineqüigranular a porfirítico
cados e metamorfizados em fácies anfibolito médio de granulação média, coloração cinza, rico em mi-
a alto (figura 2.3). nerais máficos, foliado, localmente gnaissificado,
Na região da vila do Cuiú-Cuiú, tais granitóides composto por plagioclásio, quartzo e feldspato,
são do tipo porfirítico a localmente eqüigranulares e tendo biotita como varietal. Análises petrográficas
ineqüigranulares, com granulação variando de mé- o classificaram como granodiorito, relacionado ao
dia a grossa, coloração cinza-esbranquiçada, Complexo Cuiú-Cuiú. A foliação Granitóide foliado
tendendo a rosada quando alterados, sendo estes seccionado por veio de compo é do tipo milonítica,
ricos em minerais máficos, principalmente biotita. definida por cristais de feldspatos e quartzo estira-
Alguns tipos apresentam uma foliação milonítica dos, envoltos por faixas entrelaçadas de biotita e

Figura 2.3 – Fotos das litologias do Complexo


Cuiú-Cuiú: A) Detalhe do contato intrusivo entre o
tonalito do Complexo Cuiú-Cuiú e o granodiorito da
Suíte Intrusiva Parauari no garimpo do Ratinho.
B) Ortognaisse bandado do Complexo Cuiú-Cuiú,
aflorante no garimpo Aliança. C) Granitóides foliado
seccionado por veio de composição granítica.

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

quartzo, sendo esta com atitude N40°E/subvertical. alguns granitóides a foliação é definida somente
Cortando o granitóide ocorrem veios irregulares e pela orientação dos minerais máficos, principalmen-
diques de microgranitos com mesma composição te biotita, podendo esta ser interpretada como folia-
e mesma deformação. Ocorrem também veios e di- ção de fluxo magmático. Em geral, tais foliações en-
ques, concordantes e discordantes, de uma rocha contram-se orientadas para nordeste, em torno de
granítica a pegmatóide, sem deformação dúctil, N10°E, com mergulho variando de subvertical a 80°
que pode estar ligada às intrusões de granitos rela- para sudeste ou para noroeste.
cionados à Suíte Intrusiva Parauari, haja vista que Petrograficamente, as rochas metagranitóides,
tais granitos afloram nesta região. Veios de quartzo localmente gnaissificadas (ortognaisses), perten-
leitoso seccionam tardiamente este granitóide, centes ao Complexo Cuiú-Cuiú incluem litótipos
além de fraturas E-W e falhas dextrais subverticais, classificados como:
orientadas na direção N-S. • metagranodioritos protocataclásticos: são gra-
No garimpo do Ratinho, localizado na porção su- nitóides alterados hidrotermalmente, compos-
doeste da Folha Caracol, mais precisamente na tos essencialmente de quartzo, microclina e
margem esquerda do igarapé Ratinho, afluente do plagioclásio, tendo como varietal a biotita clori-
rio Rato, as rochas aflorantes revelam o contato de tizada e como acessórios opacos e zircão. Os
um granitóide relacionado ao Complexo Cuiú-Cuiú, minerais secundários estão representados por
intrudido por um granito porfirítico relacionado à sericita, muscovita e clorita. O arranjo mineraló-
Suíte Intrusiva Parauari. O granítóide é ineqüigranu- gico define uma textura rica em mosaicos
lar a porfirítico de granulação média, coloração cin- quartzosos granoblásticos, dispostos entre os
za, levemente foliado, sendo que a foliação é defini- cristais de plagioclásio e microclina. Seccio-
da pela orientação das biotitas. É composto por nando a rocha ocorrem inúmeras microvênulas
plagioclásio, quartzo, feldspato e biotita como vari- e microfraturas, multidirecionais, preenchidas
etal, classificado no campo como um tonalito. Di- por sericita, opacos e biotita, gerando uma fei-
ques aplíticos também foliados seccionam a rocha, ção protocataclástica.
sendo estes com a mesma composição da rocha e • Quartzo dioritos: são rochas compostas por pla-
interpretados como comagmáticos. gioclásio, quartzo e biotita, tendo como acessó-
Na região do médio a alto curso do rio Rato, os tra- rios minerais opacos, hornblenda, titanita, apati-
balhos de campo revelaram a ocorrência de meta- ta e zircão. Os minerais secundários estão re-
granitóides foliados e isotrópicos, não sendo obser- presentados pela clorita, epidoto/pistacita, seri-
vado nenhum afloramento de gnaisses, migmatitos cita e carbonatos. Apresentam textura ineqüi-
e anfibolitos relacionados ao Complexo Cuiú-Cuiú. granular hipidiomórfica, com plagioclásio zona-
As rochas básicas ocorrentes nesta região foram re- do e com extensas aglutinações ou concentra-
lacionadas à Suíte Intrusiva Ingarana. Os metagrani- ções reunindo biotita, hornblenda, opacos, tita-
tóides variam de eqüigranulares a porfiríticos, apre- nita, clorita, epidoto, apatita e zircão. O plagio-
sentando granulação variando de média a grossa, clásio e a biotita mostram-se intensamente subs-
coloração cinza, localmente rosados quando altera- tituídos por minerais secundários, provenientes
dos, ricos em máficos, apresentando tipos foliados de processos de alterações hidrotermais tardi-
ou isotrópicos, sendo no geral compostos por plagi- os. Seccionando a rocha ocorrem vênulas pre-
oclásio, quartzo e biotita como varietal, classificados enchidas por epidoto.
como granodioritos a monzogranitos. Estes granitos • metagranodioritos localmente gnaissifica-
apresentam-se seccionados por diques e veios aplí- dos/ortognaisses: são granitóides milonitiza-
ticos, concordantes e discordantes, também defor- dos e por vezes gnaissificados, compostos es-
mados. São cortados por veios e diques de um gra- sencialmente de plagioclásio, quartzo e micro-
nito de granulação grossa, coloração rosada, leuco- clina, tendo como varietal, biotita parcial a to-
crático, isotrópico, composto por feldspato, quartzo talmente cloritizada, e como acessórios, mine-
e poucos minerais máficos. Em função da alta quan- rais opacos, apatita, allanita e zircão. Os mine-
tidade de minerais máficos, estes granitóides, quan- rais secundários estão representados pela
do alterados, exibem uma esfoliação esferóidal. Nos clorita, sericita, argilominerais e epidoto. O ar-
tipos deformados a foliação é do tipo milonítica, defi- ranjo de tais minerais define uma textura porfi-
nida por cristais estirados de quartzo e feldspatos, rítica, caracterizada por porfiroclástos de pla-
envoltos por faixas entrelaçadas e anastomóticas gioclásio estirados e amendoados, contor-
constituídas de agregados de biotita e quartzo. Em nados por mosaicos granoblásticos de sub-

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SB.21-X-C (Caracol)

grãos de quartzo e por faixas ricas em palhetas SUDAM/GEOMITEC (1972), encontram-se descritas,
de biotita e biotita cloritizada. O plagioclásio e a na bacia do rio Jamanxim, rochas graníticas, microa-
biotita apresentam-se fortemente pseudomorfi- damelíticas e alasquíticas, incluídas no Complexo
zados por epidoto e/ou clorita e a microclina Adamelítico-Granítico de idade mesoproterozóica.
exibe uma moderada argilização, resultando Santos et al. (1975), durante o desenvolvimento do
de intensos processos de alteração hidrotermal Projeto RADAMBRASIL, identificaram rochas graníti-
e intempérica aos quais a rocha foi submetida. cas na região dos rios Tapajós e Parauari, denomi-
• tonalitos e metatonalitos: são rochas compostas nando-as de Granito Parauari. Pessoa et al. (1977),
essencialmente de plagioclásio saussuritizado e individualizaram, durante a execução do Projeto Ja-
quartzo, tendo como acessórios hornblenda, bi- manxim, corpos de granitóides aflorantes na região
otita, minerais opacos e apatita; como minerais do médio curso dos rios Tapajós e Jamanxim e seus
de alteração epidoto/pistacita, muscovita, serici- afluentes, denominando-os informalmente de Grano-
ta e clorita. A textura é ineqüigranular hipidio- diorito Jamanxim, Granito Mangabal e Quart-
mórfica com o plagioclásio fortemente zonado e zo-Monzonito Santa Helena, todos considerados
alterado para epidoto e/ou sericita. A hornblen- mais novos que o Complexo Cuiú-Cuiú e mais antigos
da encontra-se localmente substituída por bioti- que o magmatismo Uatumã, posicionando-os com
ta. Esta por sua vez encontra-se transformada base em datações radiométricas Pb/Pb no Paleopro-
para clorita e muscovita. Tais transformações terozóico, as quais forneceram idades em torno de
mineralógicas sugerem atuações de intensos 1.968 ± 19Ma. Melo et al. (1980), denominaram de
processos de alteração hidrotermal. Granodiorito Parauari, em substituição ao termo Gra-
• biotita metamonzogranitos: são granitóides fo- nito Parauari, para o conjunto de rochas granitóides
liados, compostos essencialmente de plagio- das regiões dos rios Tapajós e Aripuanã, com predo-
clásio, microclina e quartzo, tendo biotita mínio de rochas granodioríticas (figura 2.4).
como varietal e minerais opacos, titanita, apa- As equipes do Projeto PROMIN-Tapajós adota-
tita e zircão como acessórios. Os minerais se- ram a designação de Suíte Intrusiva Parauari, para
cundários estão representados pelo epidoto, a associação de granitóides acima citada, incluin-
clorita, sericita e argilominerais. A textura é do os seus correlatos vulcânicos e subvulcânicos
granoblástica ineqüigranular, com leve orien- de composição dacítica. As rochas da Suíte Intrusi-
tação das palhetas de biotita cloritizada, bem va Parauari são os litótipos predominantes da Folha
como de cordões de titanita e opacos. Caracol, ocorrendo em toda a sua extensão. Com
Análises químicas indicaram um caráter calcio- base em dados de campo, descrições petrográfi-
alcalino, peraluminoso, com alguns termos metalu- cas, texturas das imagens de satélite e mapas radi-
minosos, representando um arco magmático preté- ométricos canal do Th, esta unidade foi diferencia-
rito. da em função da sua diversidade litológica e ampla
As interpretações dos mapas radiométricos distribuição espacial, em três fácies principais:
(Contagem Total) revelaram baixos valores radio- Granodiorítica, Granítica e Granítica a Titanita, além
métricos (< 200cps), nas áreas de domínio dessa de duas fácies não-mapeáveis que ocorrem asso-
unidade. ciadas às fácies principais e que foram denomina-
Idades obtidas através dos métodos K-Ar e das de Tonalítica e Subvulcânica de composição
Rb-Sr, durante os Projeto Jamanxim e Tapa- dacítica. É importante ressaltar que a separação
jós-Sucunduri, evidenciaram possivelmente um re- em fácies leva em consideração o litótipo predomi-
juvenescimento isotópico relacionado aos eventos nante, muito embora os demais tipos petrográficos
magmáticos e tectônicos posteriores. Idades mais possam ocorrer subordinadamente.
antigas (2.033Ma e 2.005Ma) obtidas por Santos Em escala de afloramento, observa-se uma ro-
(1999), através do método U-Pb em zircões, são cha com textura porfirítica predominante, apre-
mais aceitáveis para esta unidade. sentando fenocristais de feldspato alcalino e pla-
gioclásio de até 3cm de diâmetro. São de granula-
ção média a grossa, com tonalidades de cores
2.2.2 Suíte Intrusiva Parauari cinzas, rosadas e esbranquiçadas, compostos es-
sencialmente de ortoclásio, plagioclásio, quartzo,
Na região do médio curso do rio Tapajós, ocor- hornblenda e biotita, tendo como acessórios clori-
rem diversas rochas granodioríticas, primeiramen- ta, opacos, titanita, epidoto, allanita, apatita e zir-
te referenciadas por Oliveira (1928). No relatório da cão.

– 14 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.4 – Fotos das litologias da Suíte Intrusiva


Parauari no rio Rato. A) Granodiorito isotrópico.
B) Granodiorito deformado, contendo faixas miloniti-
zadas. C) Monzogranito isotrópico aflorante no rio Ta-
pajós, próximo da foz do rio Rato.

rais secundários são epidoto, sericita e clorita.


A textura é porfirítica com fenocristais de plagi-
oclásio e feldspatos, milimétricos a centimétri-
cos, dispersos aleatoriamente, envolvidos por
2.2.2.1 Fácies Granodiorítica (Pp1) uma matriz de granulação média, ineqüigra-
nular xenomórfica. O plagioclásio apresenta
A fácies granodiorítica é a que predomina no âm- um forte zoneamento contínuo e, em geral, exi-
bito da Folha Caracol, sendo caracterizada por uma be fraca a forte alteração seletiva, do núcleo
textura mais rugosa nas imagens de satélite e nos para as bordas dos cristais, para epidoto e/ou
mapas aerogeofísicos cintilométricos, por uma assi- sericita. Os minerais máficos acessórios ocor-
natura radiométrica menor que 450cps. São rochas rem, via de regra, aglutinados uns aos outros.
faneríticas, ineqüigranulares porfiríticas e, subordi- Alguns tipos litológicos, quando alterados hi-
nadamente, eqüigranulares, de granulação média a drotermalmente, apresentam coloração aver-
grossa, coloração cinza-esbranquiçada a rosada melhada e uma intensa alteração do feldspato
quando alterada, holocristalina, localmente com o para epidoto, sericita e argilominerais.
desenvolvimento de uma trama protomilonítica a mi- • biotita-granodiorito: são rochas compostas es-
lonítica, ao longo das principais zonas de cisalha- sencialmente por plagioclásio (42%), quartzo
mento. Esta fácies inclui dois tipos petrográficos: (30%) e K-feldspato do tipo microclina (20%),
• hornblenda-biotita granodiorito porfirítico: são tendo como varietal biotita cloritizada (7%) e
caracterizados por rochas porfiríticas de gra- como acessório opacos (1%), além da titanita
nulação média, de coloração cinza-clara, por e apatita. Como minerais secundários ocorrem
vezes rosadas quando alteradas, leucocráti- sericita, epidoto e argilominerais. A textura é
cas e isotrópicas em geral, sendo compostas eqüigranular hipidiomórfica caracterizada por
essencialmente por plagioclásio, K-feldspato plagioclásios idiomórficos zonados e em geral
(ortoclásio ou microclina) e quartzo. Como va- alterados para sericita e epidoto e com o
rietais ocorrem biotita e hornblenda e como quartzo na forma de grandes cristais que en-
acessórios opacos, zircão e apatita. Os mine- globam os feldspatos.

– 15 –
SB.21-X-C (Caracol)

2.2.2.2 Fácies Granítica (Pp2) fina, isotrópicas, constituídas essencialmente


de plagioclásio (54%), K-feldspato (20%) e
A fácies monzogranítica está presente na porção quartzo (15%), tendo como acessórios biotita
central da Folha Caracol, sendo caracterizada por cloritizada (3%), opacos (3%) e com menos de
uma textura mais lisa e arrasada, com assinatura radi- 1% ocorrem titanita, apatita, além dos minerais
ométrica entre 450 e 650cps. Está representada por secundários representados pelo epidoto, seri-
monzogranitos de granulação média a grossa, colora- cita e argilominerais. A textura é granular média
ção cinza, tornando-se rosados quando alterados, leu- a fina, composta de plagioclásios idiomórficos
cocráticos, com tipos petrográficos, que variam de e zonados, quartzo intersticial, K-feldspato ané-
porfiríticos até eqüigranulares, classificados como: drico e desenvolvidos em volta dos plagioclási-
• hornblenda-biotita monzogranito: são rochas os, além de finos minerais máficos representa-
compostas essencialmente por K-feldspato dos pela hornblenda, biotita cloritizada e opa-
do tipo microclina (48%), plagioclásio (25%) e cos, dispersos aleatoriamente.
quartzo (20%), tendo como acessórios biotita
cloritizada (3%) e hornblenda (2%), além de
opacos (1%), titanita (1%) e com menos de um 2.2.2.3 Fácies Granítica a Titanita
por cento ocorrem zircão e apatita. Como mi-
nerais secundários sericita, epidoto, argilomi- As rochas que compõem a fácies granítica a tita-
nerais, prehnita e hidróxido de ferro. A textura nita são facilmente confundidas, no campo, com
é ineqüigranular hipidiomórfica, contendo aquelas relacionadas à Suíte Intrusiva Maloquinha.
cristais de plagioclásio idiomórficos, zonados Sua assinatura geofísica, pelo método radiométrico
e fortemente alterados, em geral incluídos em (Canal do Th), apresenta valores acima de 650cps,
grandes cristais de K-feldspato argilizado e similares aos da Suíte Intrusiva Maloquinha, tornan-
hematitizado. O quartzo é xeno ou subdiomór- do esta ferramenta pouco recomendada na separa-
fico. Os máficos são predominantemente bioti- ção das fácies mais diferenciada da Suíte Intrusiva
ta e, mais raramente, hornblenda. Por vezes Parauari, daquelas menos diferenciadas da Suíte
ocorrem tipos petrográficos com textura porfi- Intrusiva Maloquinha. A identificação destas rochas
rítica, caracterizada por fenocristais de plagio- tem sido feita a partir de estudos petrográficos, nos
clásio e K-feldspato, dispersos aleatoriamen- quais é possível observar que os granitos mais evo-
te, envoltos por uma matriz microgranular mé- luídos da Suíte Intrusiva Parauari apresentam a mi-
dia a fina, composta por K-feldspato, plagio- croclina como o principal feldspato alcalino, tendo
clásio, quartzo, biotita, hornblenda e opacos. este mineral um intercrescimento mimerquítico com
• Biotita monzogranito: são compostos essenci- o plagioclásio, este último com bordas límpidas e
almente por K-feldspatos (35%), quartzo (40%), núcleos alterados, além das presenças característi-
plagioclásio (20%), biotita por vezes cloritizada cas de titanita, allanita, apatita e opacos.
(4%), opacos (1%), além da hornblenda que A fácies granítica a titanita inclui diversos tipos li-
ocorre eventualmente, titanita, apatita e zircão, tológicos, classificados como:
todos com menos de um por cento, e como • Hornblenda-biotita sienogranito: trata-se de ro-
minerais secundários ocorrem sericita, pum- chas eqüigranulares ou porfiríticas com matriz
pellyíta, argilominerais, clorita e hidróxido de granofírica, de granulação média a grossa, colo-
ferro. A textura é granular hipidiomórfica a lo- ração rósea-avermelhada, isótropa, composta
calmente granofírica, composta por cristais idi- essencialmente de K-feldspato pertítico (45%),
o mór fi cos zo na dos de pla gi o clá sio, quartzo (26%) e plagioclásio (23%), tendo como
K-feldspato e quartzo subdiomórfico. Os máfi- varietal a biotita cloritizada (6%), como acessóri-
cos são raros e estão representados pela bioti- os a hornblenda ou actinolita (3%) e com menos
ta, opacos e eventualmente pela hornblenda. de 1% ocorrem opacos, titanita e apatita. Os mi-
Os plagioclásios estão fortemente alterados no nerais secundários estão representados pela
núcleo para sericita e epidoto. O K-feldspato clorita (3%), epidoto, sericita, argilominerais e hi-
está argilizado e hematitizado. Localmente, foi dróxido de ferro. Os K-feldspato pertíticos ocor-
observado em algumas amostras o desenvolvi- rem na forma de grandes cristais xenomórficos a
mento de uma trama protomilonítica. subdiomórficos, zonados e intensamente argili-
• biotita-hornblenda-quartzo monzodiorito: são zados e impregnados por hidróxidos de ferro. O
rochas eqüigranulares de granulação média a quartzo ocorre como cristais xenomórficos, em

– 16 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

parte intercrescidos com o K-feldspato. O pla- tanita como produtos de alteração do plagioclásio
gioclásio apresenta-se como cristais com for- ocorre a sericita, epidoto e prehnita. A textura é do
mas tendendo à idiomórfica, fortemente zona- tipo granular hipidiomórfica de granulação média,
dos e alterados para sericita, epidoto e argilo- onde o plagioclásio e a hornblenda ocorrem como
minerais. Os máficos são raros e estão repre- cristais idiomórficos, assim como o quartzo e
sentados por agregados de hornblenda e pela K-feldspato como minerais intersticiais.
biotita parcial a totalmente alterada para clorita.
• Anfibólio sienogranito granofírico: rocha porfirí-
tica com fenocristais de feldspato grossos, en- 2.2.2.5 Fácies Subvulcânica
voltos por uma matriz fanerítica de granulação
média a fina, contendo poucos máficos. São As rochas subvulcânicas integrantes da Suíte
compostos essencialmente por K-feldspato Intrusiva Parauari, têm sido identificadas, no cam-
(49%), plagioclásio (25%) e quartzo (18%), po, em regiões com predomínio de monzogranitos
apresentando como varietal a actinolita (5%) e e granodioritos, os quais exibem contatos transicio-
como acessórios opacos (1%), titanita (1%), bi- nais com rochas subvulcânicas de composição da-
otita (1%), fluorita e apatita (<1%), além e mine- cítica. O dacitos, via de regra, apresentam caracte-
rais secundários representados pelo epidoto e rísticas mineralógicas e texturais que sugerem sua
hidróxidos de ferro. Em lâmina delgada a textu- relação genética com os granitóides, sendo estes
ra é porfirítica, com fenocristais milimétricos a classificados petrograficamente como:
centimétricos de plagioclásio, K-feldspato e • dacitos porfiríticos: os dacitos relacionados à Suí-
quartzo, envoltos por uma matriz granofírica te Intrusiva Parauari ocorrem na porção nordeste
quartzo-feldspática, com pequenos grupos da Folha Caracol (estação RB-12), nas proximi-
dispersos de minerais máficos. Localmente, dades da vila do Caracol e da vila de Santa Luzia.
observou-se fenocristais exibindo textura do Identificam-se rochas leucocráticas, em geral
tipo rapakivi. isotrópicas e maciças, muito embora exibam, lo-
• sienogranito porfirítico a titanita: são rochas calmente, pequenos feixes de fraturas. Apresen-
porfiríticas, com fenocristais avermelhados de tam coloração cinza-clara, podendo ser rosada
feldspato com tamanhos de até 1,5cm, envol- quando alterada. Microscopicamente os dacitos
tos por uma matriz de granulação média, de co- são constituídos por plagioclásio, quartzo, orto-
loração avermelhada, leucocrática e isotrópica. clásio, pistacita, actinolita, prehnita, opacos, apa-
Sua composição mineralógica é caracterizada tita, titanita, epidoto e clorita. A textura é porfirítica,
essencialmente por feldspato alcalino, plagio- caracterizada por fenocristais imersos em uma
clásio e quartzo, tendo como acessórios titanita, matriz felsítica microgranular, exibindo também
opacos e apatita. Os minerais secundários estão intercrescimento granofírico em volta de alguns
representados pelos argilominerais, clorita, car- fenocristais. O Plagioclásio exibe um zoneamen-
bonato, sericita e epidoto. A textura é porfirítica, to regular, semelhante ao dos plagioclásios dos
com fenocristais de ortoclásio micropertítico ar- granitóides, o quartzo apresenta bainhas de cor-
gilizado e plagioclásio saussuritizado, imersos rosão magmática e os minerais secundários re-
em uma matriz ineqüigranular xenomórfica. Di- presentados pelo epidoto e a pistacita, ocorrem
versas vênulas de carbonatos seccionam a ro- disseminados na rocha. Datações Pb/Pb nos da-
cha sem apresentar uma direção preferencial. citos indicaram idades de cristalização em torno
de 1.893 ± 2Ma.
As amostras de rocha da Suíte Intrusiva Parauari,
2.2.2.4 Fácies Tonalítica coletadas na região em foco, foram analisadas no
LAMIN/CPRM, com a determinação dos elementos
A fácies tonalítica ocorre, eventualmente, associ- maiores, o que permitiu a sua caracterização como
ada espacialmente às fácies granítica e granodiorí- uma suíte da série com caráter calcioalcalino e com
tica, sendo constituída por tonalitos. Estes são ca- predomínio de termos peraluminosos.
rac te ri za dos por ro chas de co lo ra ção cin- Estruturalmente, no geral, as rochas que compõem
za-escura, isotrópicas, granulação média, com- as fácies acima descritas, são isotrópicas, entretanto
postas por plagioclásio (44%), hornblenda (33%), ocorrem rochas com deformações de natureza dúctil
quartzo (13%), K-feldspato (5%), clorita (2%), preh- com o desenvolvimento de uma trama milonítica pe-
nita (2%), opacos (1%). Além de clinopiroxênio e ti- netrativa mais localizada, apresentando-se na forma

– 17 –
SB.21-X-C (Caracol)

de bandas de cisalhamento com direções N45°W,


concordante com a estruturação regional. Estas são
seccionadas por bandas de cisalhamento mais re-
centes, com direção N80°E, indicando no conjunto
uma movimentação transcorrente sinistral. Exibem
valores radiométricos baixos, geralmente menores
que 200cps e às vezes médios de até 500cps. Cor-
responde à unidade rochosa mais magnetizada, ca-
racterizada por uma seqüência de alto-baixo-alto,
variando de 260 a 200 nT.

2.2.3 Suíte Intrusiva Ingarana (Pin)


Figura 2.5 – Gabro da Suíte Intrusiva Ingarana em sua
A terminologia informal de Gabro Ingarana foi pro- área-tipo (Igarapé Bom Jardim).
posta por Pessoa et al. (1977), para designar o con-
junto de rochas básicas gabróicas que ocorrem na
porção sudoeste da Folha Caracol, no médio curso como epidoto, clorita, hornblenda e carbona-
do igarapé Bom Jardim e no igarapé Ingarana, onde tos. Observa-se, freqüentemente, porções
foi delimitado um corpo irregular abrangendo uma com intercrescimentos granofíricos intersticia-
2
área de aproximadamente 50km . Rochas também is entre o quartzo e o feldspato alcalino, prova-
incluídas nesta unidade ocorrem no médio curso do velmente oriundos de processos de diferenci-
rio Tocantins, a sul da Cachoeira Seca, além de di- ação magmática. Tal litótipo predomina na se-
versas ocorrências restritas e não mapeáveis com a ção-tipo da Suíte Intrusiva Ingarana, localiza-
mesma similaridade petrográfica. da na região dos igarapés Bom Jardim e Inga-
Neste trabalho, será adotada a terminologia Suí- rana, e no corpo do garimpo do Jutaí.
te Intrusiva Ingarana, em substituição a denomina- • leuconoritos e noritos: constituídos por plagio-
ção de Gabro Ingarana utilizada por Pessoa et al. clásio, hiperstênio, biotita, ortoclásio, quartzo,
(1977), para a associação de litótipos de natureza hornblenda, pistacita e epidoto. O arranjo mine-
básica, constituídos por augita gabros, leuconori- ralógico define uma textura ineqüigranular hipi-
tos, noritos e diabásios. Foram incluídos nesta suíte diomórfica, onde o plagioclásio encontra-se in-
mais três corpos, sendo dois cartografados na re- tensamente sericitizado e/ou epidotizado. O or-
gião do médio-alto curso do rio Rato e um no garim- topiroxênio encontra-se alterado parcialmente
po Jutaí, localizado no extremo-noroeste da Folha para hornblenda e/ou biotita e, por vezes, exibe
Caracol, próximo a rodovia Transamazônica, além lamelas de exsolução de clinopiroxênio, defi-
de uma série de pequenos corpos não mapeáveis e nindo uma feição tipo “espinha-de-peixe” (her-
ocorrentes na forma de diques. A Suíte Intrusiva ringbone) e, localmente, apresenta bordas “ke-
Ingarana engloba rochas ineqüigranulares de gra- lifíticas”, caracterizando texturas de coronas de
nulação média a fina, eventualmente grossa, mela- reação, caracterizadas por biotitas “kernifor-
nocráticas a mesocráticas, isotrópicas, coloração mes” entre o hiperstênio e o plagioclásio. Nas
cinza-escura esverdeada (figura 2.5), abrangendo texturas mesocumuláticas, 50% dos cristais
os seguintes tipos petrográficos: são cúmulos de plagioclásio idiomórfico, en-
• Augita gabros: são rochas de granulação mé- quanto que o hiperstênio e o quartzo perfazem
dia, localmente fina (margens resfriadas ou di- os 50% restantes, compondo a fase cúmulos.
ques satélites), constituídas por plagioclásio Heteroadcumulatos também estão presentes,
saussuritizado e augita, além de opacos, horn- cujos intercúmulos são de piroxênio poiquilítico
blenda, quartzo, K-feldspato e apatita, tendo (com inclusões de plagioclásio idiomórfico) e
como minerais secundários clorita, epidoto, quartzo intersticial. Os leuconoritos e noritos
carbonatos e sericita. O arranjo mineralógico ocorrem nos corpos do rios Tocantins e Rato.
define uma textura subofítica a cumulática, • Hiperstênio diabásio: constituídos por plagio-
com tendência localmente a intergranular, clásio saussuritizado, hiperstênio uralitizado,
com intensa pseudomorfização do plagioclá- actinolita, epidoto, biotita, hornblenda, sericita,
sio e da augita, por produtos secundários opacos, quartzo, serpentina, clorita, prehnita e

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

apatita. A textura varia de subofítica a intergra- diogênico, provocado por intrusões ácidas, haja vista
nular, bastante modificada por intensa pseu- que este valor coincide com a idade da Formação
domorfização dos minerais máficos e félsicos Salustiano (Pessoa et al., 1977). Entretanto datações
por produtos de alterações secundárias. O pi- Pb/Pb em zircão indicaram idade de 1.882 ± 7Ma
roxênio encontra-se alterado para hornblenda, para as rochas da Suíte Intrusiva Ingarana.
biotita, actinolita, serpentina e clorita, com li-
beração de opacos.
• micromonzogabros: são rochas que ocorrem 2.2.4 Formação Bom Jardim (Pbj)
subordinadamente na seção-tipo da Suíte
Intrusiva Ingarana, apresentando mineralogia A Formação Bom Jardim foi a designação adotada
semelhante às dos gabros, com variações nas por Almeida et al. (1999), para englobar os extensos
proporções dos constituintes mineralógicos. derrames tabulares de basaltos, andesitos e traqui-
Apresentam-se como rochas porfiríticas, con- tos, além de diversas ocorrências não individualiza-
tendo fenocristais milimétricos de plagioclá- das na escala do mapeamento geológico executado,
sio, imersos em uma matriz microgranular rica anteriormente englobados no Grupo Iriri. Sua
em intercrescimentos granofíricos entre o área-tipo localiza-se no médio curso do igarapé Bom
feldspato alcalino e o quartzo. Jardim, nos domínios da Folha Mamãe Anã, esten-
As rochas que compõem a Suíte Intrusiva Ingara- dendo-se até a Folha Caracol. Inicialmente tentou-se
na são em geral rochas com diferentes graus de correlacionar tais rochas com a Formação Sobrero,
uralitização, cujos piroxênios sofreram transforma- fato este inviabilizado pela grande distância espacial
ções para hornblenda, actinolita, clorita, biotita, entre tais unidades e pela falta de estudos petrológi-
opacos, titanita e/ou pistacita. Os cristais de clino cos mais aprofundados e geocronológicos.
ou ortopiroxênio variam de xenomórficos a hipidio- O posicionamento cronoestratigráfico da Forma-
mórficos, por vezes com contornos irregulares e/ou ção Bom Jardim ainda não esta bem definido, em-
corroídos (amebóides). Quando uralitizados e/ou bora espacialmente as rochas desta unidade ocor-
cloritizados, podem exibir grãos pulverulentos de ram, geralmente, associadas às rochas da Forma-
minerais opacos ou ao longo dos planos de cliva- ção Salustiano. Pessoa et al. (1977) descreveram
gem. O plagioclásio, em geral, apresenta-se quase um andesito na cachoeira do Urubuquara, o qual
que totalmente saussuritizado, cuja intensidade acha-se intrusivo no contato entre os granitos da
mascara os limites dos cristais individuais. Nesses Suíte Intrusiva Parauari e as efusivas ácidas da For-
casos, pode-se aventar a hipótese de metamorfis- mação Salustiano, inserindo-o nas intrusivas inter-
mo, porém, a inexistência de mudanças texturais e mediárias do Subgrupo Carapuça, parte integrante
recristalizações não permitem confirmar tal possi- do Grupo Uatumã.
bilidade. O mais provável mesmo é que tais modifi- Na área em estudo foram mapeados três corpos
cações sejam oriundas de importantes transforma- relacionados à Formação Bom Jardim. O primeiro e
ções tardi magmáticas e/ou hidrotermais. O plagio- o segundo foram individualizados na porção sudo-
clásio apresenta composição que varia de andesi- este da Folha Caracol, em afloramentos situados na
na a labradorita, alguns são zonados, como nos região do igarapé Bom Jardim, estendendo-se em
corpos do Jutaí, do rio Rato e da própria seção-tipo. direção à Folha Mamãe Anã. O terceiro corpo foi
Os resultados das análises químicas das rochas cartografado na Cachoeira do Urubuquara, próxi-
gabróicas da Suíte Intrusiva Ingarana se referem mo à desembocadura do igarapé Urubuquara no
aos elementos maiores. Preliminarmente, identifi- rio Jamanxim. Além destes, ocorre uma série de
ca-se nos diagramas o caráter calcioalcalino desta corpos não mapeáveis em escala regional.
suíte, apresentando composição basáltica/andesí- A rochas andesíticas predominam na área ma-
tica e um nítido enriquecimento em alumínio. peada, sendo que no geral apresentam texturas
A assinatura geofísica da Suíte Intrusiva Ingarana porfiríticas com matriz afanítica, coloração cin-
é caracterizada por fortes anomalias magnéticas e za-escura a marrom-esverdeada, variando de iso-
suas relações de campo sugerem que esta é intrusi- trópica a intensamente fraturada, contendo feno-
va em rochas graníticas da Suíte Intrusiva Parauari . cristais de an desina e augita, eventualmente
O posicionamento cronoestratigráfico da Suíte k-feldspato, anfibólio e quartzo, imersos em uma
Intrusiva Ingarana foi baseado na datação K/Ar em matriz afanítica (figura 2.6). Nas superfícies altera-
olivina gabro, a qual forneceu idade de 1.807 ± 35Ma. das da rocha observa-se, por vezes, uma foliação
Esta idade é interpretada como rejuvenescimento ra- de fluxo magmático.

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SB.21-X-C (Caracol)

ao Evento Uatumã, constituída de riolitos, riodaci-


tos, dacitos e latitos, tendo como seção-tipo o curso
do igarapé Salustiano, afluente do rio Tocantins. Na
Folha Caracol esta unidade ocorre principalmente
na porção central, mais precisamente na região do
rio Jamanxim, no médio curso do rio Aruri e igara-
pés Salustiano e Bom Jardim. Durante os trabalhos
de campo do Projeto PROMIN-Tapajós, esta unida-
de foi descrita nos rios Branco e Aruri e no igarapé
Bom Jardim. Recobre discordantemente as rochas
graníticas da Suíte Intrusiva Parauari, encontra-se
intrudida pelos granitos da Suíte Intrusiva Maloqui-
Figura 2.6 – Andesito da Formação Bom Jardim nha e intercalada na Formação Aruri.
aflorante na cachoeira do URubuquara no É constituída de riolitos, riodacitos e dacitos.
rio Jamanxim. Estas rochas são de colorações avermelhada, cas-
tanha, rosada, cinza-rosada e cinza-escura. Textu-
ralmente são porfiríticas, afaníticas a criptocristali-
2.2.5 Grupo Iriri nas, isotrópicas, às vezes apresentando vênulas e
“pintas” de sulfetos. Outras vezes observa-se a
As primeiras referências às rochas vulcânicas na presença de manchas de concentrações de mine-
bacia do rio Tapajós são atribuídas a Carvalho rais escuros esverdeados (epidoto). Os fenocrista-
(1926). Barbosa (1966) descreve, no médio curso is são de ortoclásio e/ou sanidina, quartzo bipirami-
do rio Tapajós, rochas vulcânicas ácidas intercala- dal e plagioclásio, mais raramente biotita, horn-
das com rochas piroclásticas e sedimentos arcosia- blenda e opacos. A matriz geralmente é micro a
nos, de sig nan do esta se qüên cia vul ca- criptocristalina, com fenocristais de feldspato ori-
no-sedimentar como Grupo Uatumã. O termo Iriri foi entados, caracterizando uma textura traquítica, evi-
primeiramente empregado pelo consórcio SUDAM/ denciando um fluxo ígneo.
GEOMINERAÇÃO (1972), na categoria de Forma- A Formação Salustiano é constituída petrografi-
ção, para agrupar os riolitos, riodacitos, ignimbritos, camente por riolitos, riodacitos, dacitos e latitos:
piroclásticas e intrusivas ácidas, aflorantes no rio ho- • riolitos: macroscopicamente identificam-se ro-
mônimo. Pessoa et al. (1977) denominaram esta uni- chas de colorações cinza a avermelhada, leu-
dade como Grupo Uatumã, subdividindo-o no sub- cocráticas, isotrópicas, com texturas porfiríti-
grupo Iriri, constituído pelas formações Aruri e Sa- ca e afaníticas, caracterizadas pela presença
lustiano e numa Seqüência Híbrida. O outro subgru- de fenocristais de feldspato e concentrações
po foi denominado de Carapuça, constituído pela milimétricas de minerais máficos dispersos em
Formação Maloquinha e Intrusivas Intermediárias. uma matriz afanítica (figura 2.7). Microscopi-
Neste trabalho será adotada a designação de Gru- camente observa-se que esses fenocristais
po Iriri, constituído pelas formações Aruri e Salustia- são de ortoclásio e plagioclásio, fortemente
no (Bahia & Quadros, 1997 e Bahia et al., 1998). A transformados por produtos de alteração hi-
Formação Aruri é constituída pela associação de ro- drotermal (epidotização e sericitização), for-
chas vulcanoclásticas piroclásticas e epiclásticas, mando clots de epidoto, envolvidos por uma
englobando aqui a Seqüência Híbrida, de Pessoa et matriz microcristalina e argilizada, a qual cor-
al. (1977). A Formação Salustiano é composta pelas responde a 65% da rocha. A composição mi-
rochas vulcânicas ácidas a intermediárias, muito neral essencial inclui ortoclásio, quartzo e pla-
embora as evidências de campo mostrem que estas gioclásio. Como minerais acessórios e de alte-
formações ocorrem intercaladas. ração estão presentes: clorita, sericita, apatita,
epidoto e argilominerais.
• dacitos: os dacitos são rochas de coloração
2.2.5.1 Formação Salustiano (Psa) rosada, cinza, cinza-escura e amarronzada,
leucocráticas, variando de isotrópicas a inten-
A denominação de Formação Salustiano foi cria- samente fraturadas, em geral com textura por-
da por Pessoa et al. (1977), para designar a porção firítica, na qual é comum a presença de feno-
do vulcanismo ácido não-explosivo, relacionando cristais finos a médios de plagioclásio e mais

– 20 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

raramente de K-feldspato, quartzo, biotita, terizando-se como uma série expandida, com ter-
hornblenda e opacos, todos disseminados em mos vulcânicos de composições variando de ácida
matriz afanítica a criptocristalina. Em lâmina é a intermediária, sendo que os riolitos e dacitos fica-
possível observar que nos dacitos os fenocris- ram no intervalo de sílica de 65% a 76% e os andesi-
tais de plagioclásio são zonados e profunda- tos de 56% a 60%. Em geral os riolitos e dacitos
mente sericitizados e epidotizados, enquanto apresentam baixos valores de Mg (0,10 a 0,05%),
que os de K-feldspato estão argilizados e he- enquanto que os andesitos apresentam valores in-
matitizados. A matriz microcristalina correspon- termediários (5,0 a 7,0%). Entretanto, ambos apre-
de a 55% da rocha, constituída de quartzo, feld- sentam valores elevados de K entre 3,50% e 5,10%.
spato, sericita, biotita, apatita e hidróxido de fer- Os estudos litoquímicos mostraram que as rochas
ro. De um modo geral são rochas extremamen- da Formação Salustiano associam-se a séries de
te hidrotermalizadas, com substituição da para- caráter calcioalcalino de alto potássio, plotando no
gênese por minerais secundários, tais como: diagrama AFM próximo ao limite dos campos calcio-
actinolita, epidoto, biotita, clorita e carbonatos. alcalino/toleiítico.
• andesitos: trata-se de rochas de coloração cin- Santos et al. (1975) obtiveram, através de isócro-
za, com pontos esbranquiçados, isotrópicas, na Rb/Sr, a idade de 1.700Ma para as rochas vulcâ-
textura porfirítica, com fenocristais de plagio- nicas ácidas da Folha Tapajós. Outras datações
clásio dispersos aleatoriamente em uma matriz pelo método K/Ar em riolito (rocha total), indicaram
afanítica. Ao microscópio é possível verificar idades de 1.189±46Ma e 1.216 ± 49Ma. Segundo
que os fenocristais são de plagioclásio, clorita, Pessoa et al. (1977), o final do magmatismo Uatumã
biotita e opacos. Normalmente estão epidotiza- deu-se a aproximadamente 1.800Ma. As idades
dos e sericitizados, assim como também al- mais jovens que 1.600Ma representam rejuvenesci-
guns representam pseudomorfos de clorita e mento isotópico provocado por eventos tecto-
epidoto, sobre antigos fenocristais de horn- no-termais posteriores. Santos et al. (1997), retraba-
blenda e biotita. A matriz é microcristalina, lhando os dados isotópicos Rb/Sr das rochas vulcâ-
constituída de ripas de plagioclásio dispostas nicas ácidas da Formação Salustiano, obtiveram
em arranjo traquitóide, além de epidoto, biotita, idades de 1.820±21Ma e 1.840±5Ma, sendo estas
clorita e titanita. idades mais condizentes com a geologia regional.

2.2.5.2 Formação Aruri (Par)

O termo Formação Aruri foi proposto por Pessoa


et al. (1977), para designar os tufos ácidos e inter-
mediários que ocorrem tipicamente no rio Aruri.
Encontra-se sobreposta aos derrames ácidos da
Formação Salustiano e serve de encaixante para
stocks graníticos da Suíte Intrusiva Maloquinha.
Durante os trabalhos de campo do Projeto
PROMIN-Tapajós, descrevendo-se os afloramen-
tos ao longo dos cursos dos rios Branco e Aruri, ob-
servou-se que ocorre uma intercalação de derra-
mes ácidos, ignimbritos, tufos ácidos, arenitos e
conglomerados vulcânicos. Como há uma grande
predominância das três últimas litologias, esta re-
Figura 2.7 – Detalhe do riolito relacionado à Formação
gião foi cartografada como Formação Aruri, em vir-
Salusiano, ocorrente no Rio Branco.
tude da difícil individualização dos derrames áci-
dos da Formação Salustiano.
As rochas vulcânicas da Formação Salustiano Os sedimentos vulcanoclásticos são de colora-
foram enviadas para análise química no laboratório ção cinza, granulação média a grossa, com grãos
da CPRM, no Rio de Janeiro (LAMIN). Os resulta- mal selecionados e subangulosos, compostos es-
dos revelaram que tais rochas apresentam valores sencialmente de feldspato, quartzo e subordinada-
de sílica no intervalo de 56,20% a 75,70%, carac- mente fragmentos de rocha. É comum a presença

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SB.21-X-C (Caracol)

de seixos arredondados de arenito e riolito disper- de até 10cm. Localmente esse arenito torna-se
sos aleatoriamente no arenito e, também, níveis con- mais fino, cor-de-rosa, com grãos arredondados e
glomeráticos com seixos arredondados de riolito e bem selecionados, sendo cortado por vênulas de
microgranito de até 10cm de diâmetro. Neste pacote quartzo em várias direções. Por vezes a rocha en-
de sedimentos epiclásticos é evidente a alternância contra-se afetada por uma zona de cisalhamento
de material argiloso laminado e camadas de arenito com direção N50°W, a qual propiciou a verticaliza-
fino, com espessura variando de 10 a 20cm, exibin- ção do acamamento. Às vezes contém seixos arre-
do estratificação cruzada de pequeno porte. No ma- dondados de arenito fino (1cm), e o arenito encon-
terial argiloso ocorrem pequenos seixos arredonda- tra-se laminado e sotoposto aos blocos de arenito
dos de arenito, dispersos aleatoriamente. fino marrom. É comum a presença de estratificação
Outra forma de ocorrência dessa unidade é atra- cruzada de pequeno porte, laminações convolutas
vés de blocos no leito do rio Aruri. A rocha aflorante e estruturas tipo “em chama”, indicativas de desi-
é um arenito marrom, maciço, de granulação fina a dratação devida ao rápido soterramento.
média, com grãos angulosos e mal selecionados, Em termos estruturais, as rochas desta unidade
imersos em uma abundante matriz argilosa (figura apresentam, principalmente, estratificações pla-
2.8). Estratificações plano-paralelas são bem níti- no-paralelas, além de laminações convolutas, es-
das nas superfícies dos blocos, desaparecendo tratificações cruzadas acanaladas e tabulares. O
entretanto nas porções internas dos mesmos. É no- acamamento encontra-se basculado, apresentan-
tável a presença de fragmentos de pelitos lamina- do diferentes atitudes, com direções variando de
dos e de coloração avermelhada, com dimensões N15°-80°W, e mergulho de 15° a 90° para SW. Em
outros locais, o acamamento está mergulhando
para NW. Outras estruturas observadas são as fa-
lhas, fraturas e dobras abertas, com planos vertica-
lizados desenhados pelo acamamento, geralmente
com caimento para os quadrantes NE e NW, e dire-
ções preferenciais N40°-80°W e N65°-80°E. As fra-
turas seccionam a rocha nas direções N40°W,
N80°W, N5°E, N50°E e N10°W. Em alguns pontos

Figura 2.8 – Fotos do arenito e conglomerados


vulcânicos da Formação Aruri, no rio Aruri.
A) Arenito epiclástico com estratificação cruzada
tabular. B) Lente de conglomerado no arenito
eplicástico. C) Detalhe do tufo laminado da
Formação Aruri aflorante na BR–163.

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

elas estão bem marcadas, mostrando que as de di- cos. Estes grânulos estão cimentados por uma
reção NE são mais jovens do que as NW. Os domí- matriz criptocristalina.
nios dessas rochas são marcados por valores mag- • arenitos e conglomerados vulcânicos: As ro-
néticos inferiores a 200cps. chas epiclásticas foram classificadas como li-
As análises petrográficas das amostras da For- toarenito vulcanoclástico, arenitos e conglo-
mação Aruri, coletadas na Folha Caracol, permiti- merados vulcânicos, os quais apresentam to-
ram a classificação e o agrupamento dos litótipos, das as características de transporte e sedi-
descritos abaixo: mentação (retrabalhamento de material vulcâ-
• ignimbritos: macroscopicamente os ignimbri- nico), tais como estruturas sedimentares, tex-
tos são finamente laminados, de coloração tura clástica, diagênese e litificação. Composi-
rosa a vermelha, granulometria muito fina, com cionalmente são semelhantes aos tufitos, en-
alguns fenocristais de tamanho médio. Em al- tretanto com maior grau de maturidade, pas-
guns lo ca is apre sen tam la mi na ção pla- sando o quartzo a ser o constituinte principal
no-paralela e bandamento de fluxo, marcado da rocha, em relação aos feldspatos e frag-
pela orientação preferencial dos cristais e mentos de rochas vulcânicas ácidas. Macros-
fragmentos líticos achatados (“flamas”), ou copicamente a rocha apresenta uma textura
cristais rolados na matriz, com aspectos con- clás ti ca d e trí ti ca, co lo ra ção cas ta-
torcidos. Ao microscópio identifica-se uma nho-avermelhada, com a granulometria vari-
textura porfirítica, caracterizada pela presen- ando de fina a grossa, composta de grãos an-
ça de fenocristas de K-feldspato e plagioclá- gulosos e mal selecionados de fragmentos de
sio, envoltos por uma matriz félsica microcris- rocha, feldspato e quartzo, nesta mesma pro-
talina, composta de quartzo, feldspato, serici- porção. Às vezes apresenta-se maciça, outras
ta, clorita, opacos, leucoxênio e hidróxido de vezes estratificada, fortemente litificada. São
ferro, correspondendo a 92% da rocha. comuns níveis de seixos subarredondados e
• tufos de cinza e/ou cristal: os tufos são de colo- mal selecionados de riolito da Formação Sa-
ração castanho-amarronzado, são rochas ma- lustiano e de granito da Suíte Intrusiva Paraua-
ciças, isotrópicas, às vezes finamente lamina- ri. Em lâmina observa-se que a textura da ro-
das (tufo de queda), a granulometria é muito cha é formada por fragmentos altamente an-
fina, aparentemente detrítica, porém com as- gulosos de fragmentos de rocha vulcânica áci-
pecto vítreo ígneo, intensamente litificadas, da, tufos ácidos, quartzo, plagioclásio e micro-
com algumas porções argilizadas. Em lâmina clina. Os cristais de quartzo exibem contatos
de amostra coletada na estação RB-61, os tu- pontiagudos (shards), bordas curvilíneas e
fos são caracterizados por uma massa cripto- com reentrâncias, evidenciando uma corrosão
cristalina, provavelmente de composição áci- magmática. Às vezes os cristais de quartzo
da, na qual estão dispersas partículas (tama- apresentam contornos triangulares, típicos de
nho silte) de minerais félsicos e micáceos; não material piroclástico aerotransportado. Outras
se observam evidências de composição argi- vezes são bem arredondados, mal seleciona-
losa, encontrando-se profundamente intem- dos, com sobrecrescimento homotaxial, exi-
perizada e impregnada de óxido de ferro. Pos- bin do con ta tos tan gen ci a is e c ô n ca-
sivelmente, trata-se de um tufo de cinzas vul- vo-convexos, indicando a intensa ação de pro-
câ ni cas. Em ou tro aflo ra men to (es ta ção cessos diagenéticos secundários.
RB-200), a rocha apresenta uma granulome-
tria tamanho areia fina, com textura tipicamen-
te piroclástica, caracterizada pela presença 2.2.5.3 Discussão e Interpretação
de fragmentos líticos angulosos de rochas vul-
cânicas ácidas (riolitos e riodacitos), cristais Nos perfis realizados ao longo dos rios Branco e
fra tu ra dos e es ti lha ça dos de quart zo e Aruri foi constatado o grande predomínio de rochas
feldspato alcalino, sendo o primeiro em forma relacionadas às formações Salustiano e Aruri. As ro-
de “cúspide”, encurvados (shards) e triangu- chas vulcânicas da Formação Salustiano caracteri-
lares, além de cristais euédricos de apatita, zam um vulcanismo ácido a intermediário. Erupções
zircão e titanita, incompatíveis com transporte desse tipo são geralmente explosivas devido ao alto
sedimentar, servindo como um dos critérios conteúdo de material volátil (Lajoie & Stix, in Walker
para distingui-los dos sedimentos epiclásti- and James,1994), e podem produzir grandes quan-

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SB.21-X-C (Caracol)

tidades de fragmentos piroclásticos, formando de- quanto que a segunda evidencia um aumento na in-
pósitos de fluxo e de queda (Formação Aruri) (figura tensidade da erupção, podendo ser recoberta dire-
2.9). tamente pelos depósitos de fluxo. Em ambiente su-
Os depósitos de queda são constituídos princi- baquoso o vulcanismo torna-se explosivo quando a
palmente por cinzas vulcânicas, cristais estilhaça- pressão interna da câmara magmática ultrapassa o
dos e fragmentos de rocha, podendo formar depó- Nível de Compensação da Pressão-PCL (Fisher,
sitos maciços ou estratificados. Os maciços suge- 1984).
rem uma erupção explosiva contínua, enquanto O vulcanismo ácido/intermediário é explosivo
que os estratificados indicam flutuações na intensi- até em profundidades próximas de 200m, enquan-
dade da erupção ou mudança na direção do vento. to que magmas ácidos explodem em profundida-
São constituídos de fragmentos mais selecionados des de poucas dezenas de metros. A presença de
do que os depósitos de fluxo. gradação normal, laminação cruzada e estrutura
Os depósitos estratificados podem ter uma gra- tipo slump, não são evidências sólidas de deposi-
dação normal ou inversa. A primeira indica uma ção piroclástica subaquosa. Entretanto, obser-
erupção mais intensa durante a fase inicial, en- va-se que as exposições dos arenitos e eventual-

Tufo Fino Laminado

Tufo Laminado

Brecha

Figura 2.9 – Modelo esquemático de deposição da Formação Aruri.

– 24 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

mente conglomerados vulcanoclásticos epiclásti- dos na direção NNW-SSE, com uma diversidade li-
cos da Formação Aruri, intimamente relacionados tológica e intrusivos em rochas pré-Uatumã. São
às rochas vulcânicas ácidas da Formação Salustia- alasquitos, biotita-granitos, riolitos, granitos sódi-
no, mostram características de deposição cíclica, cos, granodioritos e subordinadamente granitos
típica de corrente de turbidez, a qual é muito co- granofíricos, granófiros, granodioritos e riolitos por-
mum em ambiente marinho profundo. Entretanto, é firíticos, englobando-os na Formação Maloquinha.
importante ressaltar que este tipo de corrente, ape- Segundo os referidos autores o contato destas ro-
sar de incomum, pode ocorrer em qualquer ambi- chas com as demais unidades estratigráficas inferi-
ente subaquoso que permita o desenvolvimento de ores é predominantemente intrusivo e subordina-
correntes de turbidez. Interpreta-se então para es- damente controlado por falhamentos, muito embo-
tas rochas epiclásticas da Formação Aruri, um am- ra de difícil individualização no campo. Almeida
biente deposicional em grandes lagos continenta- (1977) propôs a denominação Suíte Intrusiva Malo-
is, nas proximidade dos vulcões, possibilitando quinha para os diversos corpos graníticos plutôni-
uma sedimentação episódica e retrabalhamento cos do magmatismo Uatumã, em substituição à
do material vulcânico inconsolidado, concomitante Formação Maloquinha, de Pessoa et al. (1977); e
aos pulsos de derrames de lavas ácidas e interme- Granito Maloquinha, de Santos et al. (1975).
diárias com explosões e precipitações de material As idades dos granitóides Maloquinha foram de-
fino que formaram os depósitos de tufos, relaciona- terminadas através dos métodos Rb/Sr e K/Ar, os
dos provavelmente a mais de um episódio vulcâni- quais indicaram valores de 1.730Ma (Santos et al.,
co. 1975), 1.772Ma (Pessoa et al., 1977). Mais recente-
A área-fonte dos sedimentos vulcânicos da For- mente, dados do Projeto Jamanxim, reinterpreta-
mação Aruri estaria representada, principalmente, dos por Santos et al. (1997), pelo método Rb/Sr,
pelas rochas de origem vulcânica da Formação Sa- elevaram para 1.840Ma e Santos (1999), através de
lustiano (derrames mais antigos) e pelas rochas análises U/Pb, confirmou a idade de 1.870Ma.
graníticas da Suíte Intrusiva Parauari. Esta hipótese As equi pes exe cu to ras do Pro j e t o
encontra respaldo na presença de seixos de riolito PROMIN-Tapajós adotaram, para esta unidade, a
e granito nos arenitos como também na presença denominação de Suíte Intrusiva Maloquinha, con-
de estratificação cruzada em material argiloso (re- forme proposta de Almeida et al. (1977), a qual foi
trabalhamento de material tufáceo). Isto é uma evi- individualizada durante a fotointerpretação, princi-
dência de deposição por tração de partículas finas, palmente na porção leste da Folha Caracol, apre-
que posteriormente, através da ação do intempe- sentando-se sob a forma de corpos de característi-
rismo, foi transformada em material argiloso. As ca- cas intrusivas, circulares e ovóides, alongados na
madas contínuas lateralmente de arenitos finos direção NW-SE, cortando as rochas da Suíte Intru-
com laminações plano-paralelas evidenciam depo- siva Parauari e do Grupo Iriri. A assinatura radiomé-
sição em ambiente subaquoso sob regime de fluxo trica da Suíte Intrusiva Maloquinha é caracterizada,
superior, que quando associadas às camadas con- geralmente, por valores radiométricos altos varian-
tínuas com laminação convoluta, assemelham-se do de 1.000 a 2.500cps.
ao intervalo Tb da seqüência ideal de Bouma. Em perfis realizados ao longo dos rios Jamanxim
e Tocantins, observou-se que a ocorrência desses
corpos graníticos abrange uma extensão bem mai-
2.2.6 Suíte Intrusiva Maloquinha (Pm1) or do que aquela estabelecida pelas interpretações
fotogeológica e aerogeofísica. Constatou-se, tam-
O termo Granito Maloquinha foi empregado pela bém, que as porções de terrenos arrasados, obser-
primeira vez por Almeida et al. (1977) para designar vados na fase preliminar de interpretação de sen-
corpos graníticos intrusivos circulares, cratogêni- sores, relacionados à Suíte Intrusiva Parauari, na
cos, com litótipos que incluem granitos subvulcâni- verdade são extensões dos corpos graníticos da
cos, porfiríticos e grosseiros, com tendência “alas- Suíte Intrusiva Maloquinha. É importante ressaltar,
quítica”. Tais corpos foram reconhecidos inicial- a dificuldade quanto às observações de campo, no
mente, no Porto Maloquinha, por Santos et al. tocante a separação entre os granitos dessas duas
(1974), os quais os denominaram de Granito Malo- suítes, em função da grande similaridade petrográ-
quinha. Pessoa et al. (1977), durante a execução fica, principalmente nas fases mais diferenciadas e
do Projeto Jamanxim, individualizaram sessenta e particularmente nas proximidades do contato entre
quatro corpos graníticos de forma elíptica, alonga- essas duas unidades.

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SB.21-X-C (Caracol)

As rochas da Suíte Intrusiva Maloquinha foram a Suíte Intrusiva Maloquinha em duas fácies: graní-
descritas em afloramentos ao longo da Rodovia tica a biotita (correlacionada à fáceis definida por
Santarém-Cuiabá e em alguns trechos dos rios Ta- Brito et al., (1999) e uma fácies subvulcânica, sen-
pajós, Botica, Aruri e Jamanxim. Nesses pontos, os do esta última não mapeável em escala regional.
granitóides são caracterizados por uma coloração
rosa a avermelhada, granulação média a grossa,
maciça, com textura principalmente porfirítica, 2.2.6.1 Fácies Granítica a Biotita
marcada pela presença de fenocristais de quartzo,
com dimensões de até 1cm. Em amostras cole- Esta é composta, em linhas gerais, por dois tipos
tadas fora da área observa-se que esses fenocris- petrográficos, os quais englobam alcalifeldspato
tais podem conter inclusões de microcristais de granitos e, subordinadamente, sienogranitos. Nos
feldspato. Como minerais essenciais ocorrem sienogranitos identificam-se rochas de granulação
quartzo, K-feldspato e biotita, aparecendo com fre- mé dia a fina (mi cro gra ní ti ca), co lo ra ção cin-
qüência o anfibólio como acessório (figura 2.10). za-rosada, leucocrática, isotrópica e holocristalina,
A deformação que afetou as rochas da Suíte a textura eqüigranular xenomórfica, compostas por
Intrusiva Maloquinha foi de caráter notadamente K-feldspato, quartzo, plagioclásio, biotita, opacos e
rúptil, formando zonas de cisalhamento posiciona- zircão. Por vezes exibem tipos porfiríticos, com fe-
das principalmente nas direções N30°-60°W a nocristais de feldspatos grossos, envoltos numa
N80°W (principais) e N40°E (secundária), com alto matriz de granulação média a fina (microgranítica).
ângulo de mergulho. Os planos de fratura/falhas Os alcalifesdapato granitos são rochas faneríticas
geralmente estão preenchidos por quartzo, clorita eqüigranulares a porfiríticas, contendo fenocristais
e/ou epidoto e eventualmente por sulfetos (pirita). de quartzo e feldspato, com tamanhos em torno de
Brito et al. (1999) subdividiram a Suíte Intrusiva 2,5cm; a coloração é avermelhada, são leucocráti-
Maloquinha em duas fácies: granítica a anfibólio e cos, seccionados por fraturas e por discretas zonas
granítica a biotita. Com base nos dados de campo de cisalhamento rúpteis. São compostas essencial-
e nas análises petrográficas foi possível subdividir mente de ortoclásio, plagioclásio, quartzo, opacos,

Figura 2.10 – Fotos de amostra e afloramentos da


Suíte Intrusiva Maloquinha, no rio Tapajós.
A) Vênulos de quartzo sacaróide tipo stockwork.
B) Detalhe do stockwork.
C) Amostra do alcalifeldspato granito.

– 26 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

zircão, fluorita e apatita, tendo como minerais se- do, quartzo bipiramidal e plagioclásio, imersos
cundários: argilominerais, epidoto, clorita e serici- em uma matriz microgranular, intensamente
ta. O arranjo mineralógico define uma textura porfi- argilizada.
rítica, com fenocristais de quartzo bipiramidal, com • granófiros de alcalifeldspato microgranitos hi-
bainha de corrosão magmática, ortoclásio micro- drotermalizados: são rochas faneríticas porfirí-
pertítico argilizado, às vezes manteados com inter- ticas com matriz de granulação fina, de colora-
crescimento gráfico e plagioclásio, albítico, forte- ção avermelhada, leucocráticas e isotrópicas,
mente saussuritizados. De um modo geral, as ro- constituídas essencialmente por K-feldspato
chas mais transformadas são aquelas mais evoluí- (ortoclásio), quartzo e plagioclásio, tendo
das, incluindo tipos petrográficos classificados como acessórios, opacos e zircão, e como mi-
como: nerais secundários argilominerais, clorita, seri-
• biotita sienogranitos: são caracterizados por cita e epidoto. A textura apresenta uma ten-
rochas de granulação média, coloração cin- dência porfirítica com fenocristais de ortoclá-
za-rosada, leucocráticas, isotrópicas e holo- sio e plagioclásio, geralmente manteados por
cristalina, compostas por microclina, quartzo e intercrescimentos granofíricos e/ou micrográ-
plagioclásio, tendo como acessórios a biotita, ficos. O feldspato alcalino apresenta-se inten-
opacos e zircão, cujo arranjo mineralógico de- samente argilizado e o plagioclásio apresenta
fine uma textura ineqüigranular xenomórfica. uma fraca a moderada sericitização.
Alguns tipos petrográficos, pobres em máficos
quando alterados, foram classificados como
sienogranitos com clorita, sendo caracteriza- 2.2.6.2 Fácies Subvulcânica
dos por rochas ineqüigranulares de granula-
ção média a fina, de coloração avermelhada, A fácies subvulcânica da Suíte Intrusiva Maloqui-
isótropas, compostas essencialmente por nha ocorre localmente nas periferias das intrusões
K-feldspato pertítico + albita (54%), quartzo graníticas, sendo caracterizada por rochas riolíti-
(30%) e plagioclásio (13%), além da clorita de- cas a dacíticas. Entretanto, existem dúvidas com
rivada da alteração da biotita (3%), opacos, ti- relação a sua gênese, podendo estar relacionada à
tanita, zircão, apatita, allanita e fluorita. Os mi- Suíte Intrusiva Maloquinha, como também, fazer
nerais secundários são clorita, hidróxido de parte das rochas subvulcânicas da Formação Sa-
ferro, sericita, argilominerais e epidoto. O lustiano do Grupo Iriri.
K-feldspato está representado por cristais • riolitos/dacitos porfiríticos: são rochas porfiríti-
subdiomórficos fortemente argilizados e he- cas com matriz afanítica, coloração casta-
matitizados, o quartzo é idiomórfico a xeno- nho-avermelhado, isotrópicas, compostas es-
mórfico, o plagioclásio é idiomórfico, encon- sencialmente por K-feldspato, plagioclásio e
trando-se intensamente sericitizado e epidoti- quartzo, tendo como acessórios hornblenda,
zado, a albita ocorre como grânulos no contato opacos, biotita, titanita, apatita e zircão, ocor-
entre o K-feldspato e fluorita sobre os plagio- rendo, por vezes, epidoto. A textura é caracte-
clásios alterados. ri za da por fe no cris ta is de quart zo,
• alcalifeldspato microgranito hidrotermalizado: K-feldspato, plagioclásio, hornblenda e opa-
caracterizado por rochas faneríticas porfiríti- cos, milimétricos a centimétricos, imersos em
cas com matriz afanítica, de coloração aver- uma matriz felsítica microcristalina.
melhada, leucocráticas, em geral isotrópicas, Análises químicas em amostras dessa suíte indi-
sendo que localmente encontram-se seccio- caram um caráter alcalino a peraluminoso, gerado
nadas por fraturas e veios de quartzo. A com- em ambiente intraplaca, durante regime distensivo,
po si ção in clui es sen ci al men te or to clá sio pós-orogênico.
(49%), plagioclásio (25%), quartzo (18%), ten-
do como acessórios actinolita (5%), biotita
(1%), opacos (1%) e com menos de 1% ocor- 2.2.7 Suíte Intrusiva Porquinho (Ppo)
rem, titanita, apatita, zircão e eventualmente
fluorita. Como minerais secundários ocorrem A Suíte Intrusiva Porquinho, de idade paleoprote-
argilominerais, epidoto, clorita, sericita e hi- rozóica, está localizada no interflúvio dos rios Aruri
dróxido de ferro. A textura é porfirítica, com fe- e Branco, sendo, o primeiro, afluente da margem
nocristais de ortoclásio micropertítico argiliza- direita do rio Jamanxim, porção leste da Folha Ca-

– 27 –
Nº da Folha ( Nome da Folha )

racol (SB.21-X-C). A designação de Suíte Intrusiva pórfiro, sendo que este define corpos subvulcâni-
Porquinho foi proposta por Bahia et al. (1998), em cos. Em ge r a l exi bem co lo ra ção mar-
substituição à denominação Granito Porquinho rom-avermelhada, isotrópicos, com textura granu-
proposta por Pessoa et al. (1977), para o maciço lar hipidiomórfica e mesopertítica, além da textura
granítico pós-tectônico inserido por Pessoa et al. rapakivi que ocorre esporadicamente. Análises ge-
(1977) no contexto dos Granitos Maloquinha. Seu oquímicas em rochas indicaram caráter alcalino
posicionamento estratigráfico deve-se ao seu cará- peraluminoso, com alguns termos metaluminosos e
ter intrusivo nas rochas piroclásticas da Formação perialcalino para a porção central da suíte, enquan-
Aruri. Em imagens de satélite apresenta-se na for- to que as bordas apresentaram nítidas tendências
ma de um corpo circular, em alto relevo, formando alcalinas, fato compatível com a distribuição da fá-
pequenos morros proeminentes na topografia pla- cies a anfibólios sódicos nestas porções da suíte.
na das encaixantes. Nos mapas radiométricos Os teores de Al mostram tratar-se de granitos meta-
(contagem total) destacam-se pela alta assinatura luminosos a peraluminosos gerados em ambiente
radiométrica (> 11,0 R/h) (figura 2.11). intraplaca. Mineralizações de Sn, Nb, Ta e topázio
Prazeres et al. (1979) com base em dados de presentes na suíte estão relacionadas a processos
campo e análises petrográficas, subdividiram a Su- hidrotermais, em estruturas tipo stockwork ou nas
íte Intrusiva Porquinho em duas fácies: a primeira, zonas apicais greisenizadas, posteriormente enri-
representada por alcalifeldspato granitos e bio- quecidas em Na e K, a partir de processos metas-
tita-granitos, os quais exibem textura granular hipi- somáticos. Com base nas relações de campo e nos
diomórfica, definida por cristais subédricos de aspectos texturais e composicionais de natureza
feldspato alcalino, albita e quartzo, tendo como alcalina, ali ados aos processos de al teração
acessórios fluorita, zircão, apatita, allanita, opacos, pós-magmáticos, conclui-se que a Suíte Intrusiva
topázio e monazita. Os minerais de alteração são Porquinho representa um importante metalotecto
pouco freqüentes e representados por sericita, clo- para me ta is tipo es ta nho, nió bio e co lum bi-
rita, esfeno e argilominerais. A segunda fácies é de- ta-tantalita, além de não-metálicos como topázio e
finida por riebeckita granito e hastingsita granito turmalina (figura 2.12).

Figura 2.11 – Mapa radiométrico (Contagem Total), integrado com a imagem de satélite.

– 28 –
SB.21-X-C (Caracol)

Formação Palmares, criada por Santiago et al.


(1980). Na Folha Caracol, a Formação Buiuçu está
cartografada no extremo-leste, no interflúvio dos
rios Branco e Aruri, onde Pessoa et al. (1977) identi-
ficaram os membros, superior e inferior da Forma-
ção Cubencranquém (Barbosa et al., 1966). O
membro médio dessa unidade foi inserido na For-
mação Aruri, devido à sua composição litológica
ser mais compatível com esta unidade.
Outras áreas de ocorrência dos sedimentos Bui-
uçu são: no médio curso do rio Tocantins e na bacia
do rio Crepori, na porção sudoeste da Folha Cara-
Figura 2.12 – Amostra do granito com riebeckita da col. Esta cobertura sedimentar encontra-se em
Suíte Intrusiva Porquinho. contato discordante com as rochas vulcânicas do
Grupo Uatumã e as plutônicas das suítes intrusivas
Parauari e Maloquinha (figura 2.13).
A Formação Buiuçu é constituída predominante-
2.2.8 Lamprófiros Jamanxim (Pjx) mente por arenitos arcosianos, arenitos ortoquartzí-
ticos e subordinadamente por conglomerados, silti-
Vários corpos de lamprófiros na forma de diques tos, argilitos, tufos e epiclastitos. Os arenitos relacio-
seccionam as rochas relacionadas ao Grupo Iriri, à nados à Formação Buiuçu foram observados nas
Suíte Intrusiva Ingarana e à Suíte Intrusiva Parauari. margens do rio Tocantins, a sul da Cachoeira Seca;
Na área em estudo, tais rochas foram descritas por e na Bacia do Crepori, em afloramentos ao longo do
Almeida et al. (1978), que as denominaram, infor- rio Crepori e igarapé Cuiú-Cuiú. Nos afloramentos
malmente, de Lamprófiros Jamanxim. Os referidos do rio Tocantins está representada por um arenito
autores submeteram as rochas desta unidade a fino, argiloso, avermelhado, laminado, com grãos
análises geocronológicas K/Ar e obtiveram uma subangulosos, bem selecionados, compostos es-
idade de 1.536±31Ma, interpretada como idade sencialmente de quartzo. Como estruturas primárias
mínima para este evento magmático lamprofírico. ocorrem as estratificações plano-paralela e cruzada
Na Folha Caracol, os principais afloramentos destes tabular. O acamamento está verticalizado, com dire-
diques lamprofíricos ocorrem na rodovia Santa- ção N65°W. Localmente, no topo da superfície S0, foi
rém-Cuiabá, situados a aproximadamente 25km a observada a presença de marcas onduladas assi-
sul da Vila do Aruri, tendo como encaixante rochas métricas com cristas sinuosas (marcas de corrente),
vulcanoclásticas da Formação Aruri; no leito do iga- indicando paleocorrente para 235° Az. Ocorrem
rapé Bom Jardim, entre as “Currutelas” do Palhal e também microfraturas preenchidas por sílica, orien-
Santa Comunidade, intrudidos nas rochas gabrói- tadas em várias direções. Em termos de ambiência
cas da Suíte Intrusiva Ingarana; e possivelmente deposicional, considerando o grau de seleção dos
uma ocorrência na margem direita do rio Tapajós, grãos, a presença de estruturas indicativas de cor-
nos domínios das rochas graníticas da Suíte Intrusi- rente unidirecional e a estratificação plano-paralela,
va Parauari, a qual precisa de uma investigação interpreta-se como um depósito fluvial de topo de
mais refinada. Os litótipos que compõem esta unida- barra em regime de fluxo superior. Petrograficamen-
de são porfiríticos a glomeroporfiríticos, com matriz te observa-se que a textura é clástica detrítica, for-
variando de afanítica a fanerítica fina, coloração mada pelo arranjo de grãos de quartzo finos a médi-
amarronzada a cinza-escura, isotrópicas, mesocrá- os, subarredondados e bem selecionados. A matriz
ticas a melanocráticas, apresentando-se localmente é praticamente ausente, o contato entre os grãos ge-
fraturada. Petrograficamente foram reconhecidas ral men te são pon tu a is, tan gen ci a is e côn ca-
duas variedades de lamprófiros, sendo os vogesitos vo-convexos, exibindo evidências de intensos pro-
os mais abundantes, seguido dos espessartitos. cessos diagenéticos, tais com o sobrecrescimento
homotaxial que aparece em quase 95% dos grãos.
2.2.9 Formação Buiuçu (Pbu1 e Pbu2) Na Bacia do Crepori afloram essencialmente se-
dimentos arenosos e subordinadamente pelíticos.
A Formação Buiuçu foi criada por Pinheiro & Fer- Os arenitos são essencialmente arcosianos, even-
reira (1999), em substituição a denominação de tualmente ortoquartzitos, estratificados, de colora-

– 29 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

ção avermelhada e esbranquiçados nas porções côncavo-convexos. Alguns grãos de quartzo


caulinizadas, os grãos variam de finos a médios, exibem sobrecrescimento sintaxial.
bem selecionados e arredondados. • litarenito vulcanoclástico (epiclastito): composto
Petrograficamente, as rochas que compõem a por grãos de quartzo, fragmentos líticos de vul-
Formação Buiuçu são classificadas como: cânica ácida, microgranitos e grãos de plagio-
• arcóseo: compostos de grãos de quartzo, pla- clásio, microclina, zircão e minerais opacos. A
gioclásio, microclina, ortoclásio, minerais opa- textura é do tipo clástica-detrítica, porém com
cos e zircão, além de minerais secundários re- evidências de material piroclástico misturado
presentados pela sericita e argilominerais. A com epiclástico e outros clastos de origem não
textura é clástica, cujos grãos são moderada- vulcânica. Os grãos são em geral mal seleciona-
mente selecionados e algo imbricados, além dos, arredondados a subarredondados, com
de exibirem sobrecrescimento sintaxial no caso considerável cimentação ou sobrecrescimento
dos grãos de quartzo. Os contatos são do tipo sintaxial dos grãos de quartzo. O quartzo apre-
côncavo-convexos e tangenciais, com grãos senta-se como grãos com extinção ondulante e,
de quartzo exibindo extinção ondulante ou reta. raramente, policristalino, podendo também exi-
O plagioclásio exibe, comumente, alteração bir, algumas vezes, bainha de corrosão magmá-
para sericita. tica; em algumas amostras ocorre como “estilha-
• arcóseo lítico: composto por quartzo, plagio- ços” de cristais na forma de lança (shards).
clásio, litoclástos de vulcânica ácida, microcli- • litarenitos feldspáticos: compostos por grãos
na, ortoclásio, opacos, clorita e zircão. A textu- de quartzo, fragmentos líticos de vulcânica
ra é clástica, com grãos mal selecionados, su- ácida, plagioclásio, microclina, ortoclásio, mi-
barredondados a arredondados, cujos conta- nerais opacos e zircão. A textura é clástica e
tos entre si são dominantemente tangenciais e exibe uma má seleção dos grãos, as quais va-

Figura 2.13 – Fotos de amostra e afloramento da


Formação Buiuçu.
A) Detalhe do arenito ortoquartzítico da Formação
Buiuçu no rio Tocantins.
B) Detalhe da intercalação siltito/agilito, no rio Crepori.
C) Amostra de tufo coletado no baixo curso do
Igarapé Cuiú-Cuiú.

– 30 –
SB.21-X-C (Caracol)

riam desde subarredondados a subangulo- ção Buiuçu, foram novamente descritas e estão sen-
sos. O quartzo exibe freqüente sobrecresci- do definidas como Diabásio Crepori, denominação
mento devido à cimentação ou diagênese. atribuída a Santos et al. (1984), em substituição à de-
• pelitos: os pelitos apresentam-se como interca- nominação informal de “Sill Crepori”. Tais rochas
lações lenticulares nos arenitos, principalmente ocorrem na forma de diques subverticais com es-
ao longo do curso do rio Crepori. São de colora- pessuras que variam de 10 a 50m e, também, como
ção cinza e vermelha, bastante fraturados, em megadiques com espessuras em torno de 500m,
profundo estágio de diagênese e litificação. orientados segundo a direção N10°-15°E.
São compostos por argilominerais, quartzo e Esses corpos intrusivos foram detectados pelos
sericita. A textura caracteriza-se pela alternân- levantamentos aeromagnéticos recentes, que re-
cia de lâminas constituídas por argilominerais, velaram a existência de uma série de diques a nor-
com alguma sericita paralelizada aos planos de deste na Folha Jacareacanga, sendo que, o prolon-
laminação, com lâminas mais estreitas com- gamento de tais diques em direção à Folha Cara-
postas de quartzo e/ou cimento silicoso. col, coincide exatamente com a região em que es-
• conglomerados: os conglomerados são poli- tas rochas básicas afloram. Diques com orientação
míticos, com seixos de até 10cm, subarredon- nordeste ocorrem também no igarapé Bom Jardim
dados e mal selecionados de granito e rochas e no rio Rato, sendo estes com características pe-
vulcânicas de composição variada. São sus- trográficas similares, permitindo correlacioná-los
tentados pela matriz de coloração casta- ao Diabásio Crepori (figura 2.14).
nho-avermelhado, constituída de areia média O Diabásio Crepori é petrograficamente caracte-
a grossa, mal selecionada, com intensa litifica- rizado por augita diabásio e subordinadamente oli-
ção, composta de quartzo, feldspato-K, plagi- vina diabásio, apresentando-se em geral como ro-
oclásio, magnetita, opacos e biotita. chas de granulação fina a afanítica, de coloração
• tufos: são rochas finamente laminadas, de colora- cinza-esverdeada, maciças, melanocráticas, iso-
ção amarelada, intensamente alteradas, com- trópicas, compostas essencialmente por plagioclá-
postas por material félsico microcristalino, shards sio e máficos (biotita e anfibólio), contendo sulfetos
de quartzo, fragmentos líticos de vulcânica ácida, em microfraturas e aparentemente disseminados.
minerais opacos e argilominerais. Apresentam • augita diabásio: constituído essencialmente
textura fragmentária, rica em shards de quartzo por plagioclásio e augita, tendo como acessó-
(material devitrificado) e fragmentos líticos esti- rios minerais opacos, biotita por vezes cloriti-
lhaçados, envolvidos por um massa criptocristali- zada, quartzo, K-feldspato e apatita. Como mi-
na, provavelmente, poeira vulcânica. nerais secundários ocorrem epidoto, clorita,
A idade mais aceita para esta unidade é baseada carbonatos e argilominerais. A textura varia de
na datação das soleiras do Diabásio Crepori, que for- ofítica a subofítica, localmente com intercres-
neceu idade Rb/Sr em plagioclásio de 1.611±42Ma, cimento granofíricos intersticiais entre o quart-
conferindo uma posição no Paleoproterozóico para zo e o K-feldspato. O plagioclásio é do tipo an-
os sedimentos da Formação Palmares, correlacioná- desina e ocorre como cristais ripidiformes lím-
vel temporalmente ao Grupo Roraima. pidos e em geral sem alterações significativas,
muito embora em algumas amostras alteradas

2.2.10 Diabásio Crepori (Pcr)

A denominação informal “Sill Crepori” foi introdu-


zida na literatura por Pessoa et al. (1977), no Projeto
Jamanxim, para um sill de olivina diabásio que
ocorre na bacia do rio Crepori, seccionando os are-
nitos da Formação Buiuçu, no extremo-sudoeste
da Folha Caracol, abrangendo uma área de aproxi-
2
madamente 20 km .
Durante os trabalhos de campo do Projeto
PROMIN-Tapajós, as rochas básicas que ocorrem Figura 2.14 – Detalhe do diabásio relacionado à
na região do rio Crepori, no trecho entre os igarapés área-tipo do Diabásio Crepori. Amostra coletada no rio
Acari e Taquara, cortando os sedimentos da Forma- Crepori, entre os igarapés Acari e Taquara.

– 31 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

hidrotermalmente este mineral exiba intensa da do rio Jamanxim. Esta unidade sustenta uma
pseudomorfização por carbonatos. A augita serra de topo plano alongada na direção E-W, me-
encontra-se parcialmente alterada para biotita dindo aproximadamente 35km de comprimento por
e/ou clorita. Os minerais opacos ocorrem 6km de largura, apresentando extensos platôs
como cristais subédricos, amplamente disse- constituídos por coberturas lateríticas descontínu-
minados na rocha. as. As rochas que compõem a Suíte Intrusiva Ca-
• olivina diabásio: composto essencialmente de choeira Seca são, em geral, ineqüigranulares com
plagioclásio e olivina, tendo como varietal, au- granulação variando de fina a média, coloração
gita; e como acessórios, minerais opacos e bi- cinza-esverdeada, melanocráticas e isotrópicas,
otita titanífera. Como minerais secundários seccionadas localmente por fraturas preenchidas
ocorrem: iddingsita, clorita, epidoto e carbo- eventualmente por sulfetos, observadas no contato
natos. A textura é ofítica, apresentando cristais norte do corpo troctolítico, onde ocorrem piritas dis-
límpidos de plagioclásio ripidiformes e cristais seminadas na rocha ou preenchendo microfraturas
de olivina intensamente alterada para indigsi- (figura 2.15). Microscopicamente, são rochas com-
ta. A augita apresenta, localmente, alterações postas essencialmente por plagioclásio e olivina,
parciais para clorita. tendo como varietal clinopiroxênio (titano-augita) e
A idade mínima do Diabásio Cre pori é de como acessórios, opacos, biotita titanífera e even-
1.778±9Ma, obtida pelo método U/Pb em badde- tualmente apatita, apresentando clorita, epidoto e
leyíta, próxima das idades encontradas para os di- flogopita como minerais secundários. O arranjo mi-
abásios Avanavero e Pedra Preta no Estado de Ro- neralógico define uma textura subofítica a local-
raima. mente cumulática.

2.2.11 Suíte Intrusiva Cachoeira Seca (Mcs)

As primeiras referências à unidade Troctolito Ca-


cho e i ra Seca en con tram-se no re la tó rio da
SUDAM/GEOMITEC (1972), descrevendo um cor-
po troctolítico como fazendo parte de um vulcanis-
mo básico (Neopermiano-Eotriássico), representa-
do por um derrame de olivina basalto, o qual encon-
tra-se sobreposto diretamente nas rochas monzo-
graníticas a graníticas. Santos et al. (1975), fazem
alusão a rochas básicas no médio curso do rio To-
cantins, a aproximadamente 50km da sua desem- Figura 2.15 – Foto de amostra do troctolito da
bocadura no rio Jamanxim, embora não tenha sido Suíte Intrusiva Cachoeira Seca.
cartografada a estrutura deste corpo básico. Pes-
soa et al. (1977), fizeram as primeiras descrições
com relação às dimensões, à composição litológi- Pessoa et al. (1977) posicionam cronoestratigra-
ca, às relações de contato, petrografia, litoquímica ficamente a suíte no Mesoproterozóico com base
e idade, propondo a denominação de Troctolito Ca- em datações radiométricas através do método K/Ar
choeira Seca. Quadros et al. (1998) retrabalhando em plagioclásios, as quais forneceram idades de
os dados do Projeto Jamanxim, acrescidos de no- 1.046±50Ma e 1.072±18Ma. Idade de 1.107±25Ma
vos dados de campo, petrográficos e químicos ob- pelo método U/Pb em baddeleyíta, foi encontrada
tidos através do Projeto PROMIN-Tapajós, introdu- por J. O. S. Santos (comunicação verbal).
ziram o termo Suíte Intrusiva Cachoeira Seca, para Esta suíte apresenta uma assinatura geofísica de
designar o conjunto de litótipos de natureza básica um corpo básico com baixo magnético (- 110 nT) e
a intermediária, apesar de sua assinatura geofísica isolinhas direcionadas NE-SW. Este fato tem sido
indicar um corpo não-magnético, com predomínio utilizado para diferenciá-la da Suíte Intrusiva Inga-
de olivina gabro, diorito e subordinadamente troc- rana, que é magnética, em áreas de difícil acesso .
tolito e diabásio troctolítico, aflorantes no médio As análises químicas da Suíte Intrusiva Cachoei-
curso do rio Tocantins, afluente da margem esquer- ra Seca são parciais, com dados apenas dos ele-

– 32 –
SB.21-X-C (Caracol)

mentos maiores, onde pode-se identificar um mag- mente preservados de alterações tardi a
matismo básico, de caráter toleiítico magnesiano pós-magmáticas.
ocorrido no Cráton Amazônico no final do Mesopro- • hornblenda diabásios: são rochas de colora-
terozóico, relacionado à movimentos extensionais ção cinza-esverdeada escura, de granulação
ocorridos após o Evento K′Mudku (1.200Ma). Esta fina a média e estrutura isótropa, levemente
suíte composição basáltica com leve tendência a magnéticas e alteradas, constituídas por pla-
picrobasáltica, apresentando um nítido enriqueci- gioclásio do tipo labradorita (53%), hornblen-
mento em Mg. Além do Mg são marcantes os eleva- da e actinolita (32%), clinopiroxênio (8%), opa-
dos teores de Al, Fe total (principalmente FeO) cos (6%), biotita (1%), sericita e apatita. A tex-
quando confrontados com a sílica, indicando a im- tura é intergranular subofítica de granulação
portância das fases minerais plagioclásio, olivina e fina a média, representada por cristais de la-
ilmenita durante o processo de fracionamento. O bradorita parcialmente envolvidos por massas
CaO apresenta teores abaixo do esperado para ro- de anfibólios do tipo hornblenda e actinolita,
chas desse tipo de associação. Segundo o grau de às quais se associam biotita, opacos e restos
saturação em sílica, através da utilização do dia- de clinopiroxênio.
grama de Yoder & Tilley adaptado de Thompson • microgabros: são rochas faneríticas de granu-
(1984), esta associação apresenta comportamento lação fina, coloração cinza-escura esverdea-
químico similar aos olivina toleiítos, plotando no da, melanocráticas, isotrópicas e maciças,
campo dos basaltos saturados em sílica. constituídas por plagioclásio, augita, opacos,
epidoto, hornblenda e apatita. A textura é inter-
granular, com cristais de plagioclásio límpidos
2.2.12 Rochas Básicas Indiferenciadas (Kdb) e clinopiroxênio relativamente inalterados, ca-
racterizando rochas preservadas de proces-
Foi identificada uma série de rochas básicas, ca- sos tectono-metamórficos posteriores.
racterizadas por diques de olivina basalto, microga-
bro e diabásio, os quais seccionam as rochas das de-
mais unidades litodêmicas. A maioria é de difícil cor- 2.2.13 Coberturas Detríticas e Lateríticas (Tdl)
relação com uma determinada unidade, em função
da carência de informações com relação a composi- As coberturas detríticas e lateríticas, de idade ter-
ção, quimismo e idade de tais rochas. Muitos destes ciária, estão representadas na região do rio Tapajós
litótipos podem ter sua relação com magmatismo bá- por lateritas imaturas, cujo perfil laterítico encon-
sico do Pré-Cambriano e outras relacionados ao Fa- tra-se atualmente fragmentado e incompleto, em
nerozóico (Diabásio Cururu). Foram reconhecidos di- função de processos erosionais recentes. Normal-
versos litótipos classificados como olivina basalto, mente tais horizontes lateríticos foram desenvolvi-
augita diabásio, diabásio e microgabro (figura 2.16). dos em rochas preexistentes, sendo que o processo
• Olivina basalto: são rochas de coloração cin- de formação das lateritas atuou como um importante
za-escura a esverdeada, isotrópicas, melanocrá- agente de remobilização e reconcentração de ouro,
ticas e maciças, compostas por plagioclásio, formando os depósitos auríferos supergênicos .
hornblenda, augita, opacos, olivina, quartzo, epi-
doto e carbonatos. A textura é microporfirítica,
com olivina ocorrendo na forma de fenocristais,
não se fazendo presente na matriz, quartzo inter-
granular, plagioclásio e piroxênio, que encon-
tram-se parcial a totalmente pseudomorfizados
por minerais secundários, em função de altera-
ções hidrotermais a que a rocha foi submetida.
• augita diabásios: são rochas de granulação
fina, eqüigranulares, coloração cinza-escura,
melanocráticas, isotrópicas e maciças, com-
postas por plagioclásio, augita, clorita, sericita
e apatita. A textura varia de ofítica a intergranu-
lar, com piroxênio preenchendo os espaços Figura 2.16 – Dique de diabásio em garimpo no
vazios entre as ripas de plagioclásio, pratica- rio Tocantins.

– 33 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

• Horizonte de solo: caracteriza o horizonte su- principalmente quando esta contém veios e
perior do perfil laterítico, sendo capeado por vênulas de quartzo leitoso.
uma camada centimétrica rica em matéria or- • saprólito: o saprólito pode ser representado pela
gâ ni ca. É cons ti tu í do por ma te ri al are- rocha regional alterada, sendo que em geral ain-
no-argiloso inconsolidado, coloração averme- da é possível o reconhecimento do protólito.
lhada a amarelada, contendo grânulos e sei-
xos de quartzo e de concreções ferruginosas,
dispersos aleatoriamente. Em geral apresen- 2.2.14 Depósitos Aluvionares Recentes
ta-se sem nenhuma estruturação interna e (Qa1 e Qa2)
ocorre sobreposto ao horizonte concrecioná-
rio. Esta unidade é caracterizada por depósitos se-
• Horizonte concrecionário: caracterizado por dimentares arenosos e argilosos mineralizados a
um horizonte com espessura irregular, constitu- ouro, distribuídos ao longo de planícies de inunda-
ído por material coluvionar, proveniente da ero- ção dos prin ci pa is rios, em pa le o ca na is e
são e desmantelamento de uma crosta laterítica paleoterraços, principalmente relacionados aos
pretérita, sendo constituído por fragmentos e rios Jamanxim, Aruri, Rato, Tocantinzinho e Boti-
concreções ferruginosas, além de fragmentos ca. Suas melhores exposições encontram-se nas
de veios de quartzo, envoltos por material are- frentes dass lavras garimpeiras, ao longo dos pa-
noso levemente ferruginizado, com diminuição leoterraços e paleocanais fluviais (figura 2.18).
no tamanho dos fragmentos em direção à por- São em geral sedimentos inconsolidados de ida-
ção superior do horizonte (figura 2.17). de quaternária, localmente lateritizados, constituí-
• Horizonte mosqueado/argiloso: este horizon- dos essencialmente de areia grossa, mal selecio-
te é constituído por material argiloso de colo- nada, composta de quartzo, feldspato e fragmen-
ração amarelada, com tons esbranquiçados tos de rocha, ocasionalmente com níveis de seixos
e avermelhados, em geral maciços, sobre- de quartzo arredondados, com diâmetro em torno
posto diretamente sobre o saprólito e trunca- de 1cm, recoberto por pacotes argilosos inconsoli-
do em sua porção superior pelo horizonte dados. A porção superior do pacote apresenta-se
concrecionário. Localmente ainda é possível nos estágios iniciais de lateritização, marcado pela
observar relações primárias da rocha-mãe, presença do horizonte argiloso/mosqueado. Nos
sedimentos arenosos observa-se como estrutura
primária, estratificações plano-paralela, cruzada
tabular e acanalada.

Figura 2.17 – Corte nos aluviões do rio Tocantins,


mostrando na porção superior o horizonbte
mosqueado do perfil laterítico e na porção inferior
areia com estratificação plano-paralela. Figura 2.18 – Perfil aluvionar em garimpo do
rio Tocantins.

– 34 –
SB.21-X-C (Caracol)

3
GEOLOGIA ESTRUTURAL E TECTÔNICA
O arcabouço estrutural da Folha Caracol foi
elaborado a partir da análise de produtos de senso-
porção central da área mapeada, podendo as
mesmas ser de natureza rúpteis, rúpteis-dúcteis
res remotos (imagens de satélite escala 1:250.000 ou dúcteis, sendo estas últimas muito subordina-
e 1:100.000, radar na escala 1:250.000 e fotografi- das e acompanhadas pelo desenvolvimento de
as aéreas na escala 1:70.000) e dados estruturais uma trama protomilonítica a milonítica. Apresen-
medidos no campo, auxiliados pelos mapas aero- tam traçados sinuosos, sigmoidais e entrecorta-
geofísicos, mais precisamente pelo Mapa de Pseu- dos, caracterizando um padrão anastomosado.
doiluminação do Campo Magnético Total e Mapa Outro sistema de lineamentos com direção E-W,
de Contorno do Campo Magnético Total. Durante a concentra-se na porção nordeste da região estu-
fase de fotointerpretação foram observados em dada, bem ressaltado nas imagens de satélite e
sensores remotos e nos mapas magnéticos, fei- mantendo um paralelismo com as anomalias mag-
ções e anomalias magnéticas, algumas mostrando néticas lineares que aparecem nesta região. Estes
traços linearizados e outras sugerindo a existência lineamentos correspondem a fraturas extensiona-
de feições anastomosadas e sigmoidais, as quais is associadas ao sistema transcorrente NW-SE (fi-
permitiram, juntamente com as litologias ocorren- gura 3.1; segundo Santos, 1999).
tes e os dados de campo, delinear o arcabouço es- No âmbito da Folha Caracol foi possível, com
trutural da Folha Caracol. A estruturação individua- base nessas duas características estruturais distin-
lizada a partir da análise do material supracitado tas, as quais permitiram subdividi-la em dois domí-
sugere a existência de uma estruturação mais anti- nios estruturais: Domínio Crepori -Tapajós e Domí-
ga a qual sofreu sucessivas recorrências ao longo nio Jamanxim (figura 3.2).
do tempo, inclusive com reativações no Mesozóico O Domínio Crepori-Tapajós é caracterizado por
e Cenozóico. É importante ressaltar a existência de feições dúcteis e dúcteis-rúpteis, orientadas na di-
novas direções de fraquezas, as quais controlam a reção NW-SE, observadas principalmente na por-
rede de drenagem atual e a distribuição dos depó- ção sudoeste e subordinadamente noroeste da Fo-
sitos sedimentares fluviais recentes. lha Caracol, onde ocorrem granitóides foliados do
Complexo Cuiú-Cuiú e granitóides da Suíte Intrusi-
va Parauari, sendo também a região mais interes-
3.1 Análise Descritiva sante do ponto de vista metalogenético, em função
da grande atividade garimpeira de ouro, tanto em
As principais estruturas individualizadas na re- mineralizações aluvionares como primárias.
gião são caracterizadas como feixes de falhas/zo- Os granitóides relacionados ao Complexo Cuiú-
nas de cisalhamento transcorrentes, de alto ângu- Cuiú, constituindo o embasamento cristalino regio-
lo, com direção NW-SE, mais concentrada na nal, apresentam uma folição milonítica reliquiar ori-

– 35 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 3.1 – Mapa estrutural da Província Aurífera do Tapajós.

entada para N10°-20°E, discordante portanto do rentes rúpteis, de direções preferenciais em torno
trend da estruturação regional, caracterizando-se de N60°-75°W, com altos valores de mergulho.
como sendo a estruturação mais antiga, com uma Eventualmente, identificam-se deformações de
idade mínima de 2,0Ga relacionada ao Paleoprote- natureza dúctil que se apresentam na forma de
rozóico. Os mergulhos são fortes e moderados para bandas de cisalhamento, com direção N45°W pre-
o quadrante SW, indicando a atuação de um regime enchidas por clorita e epidoto, concordantes com
tectônico compressivo de natureza dúctil, com ver- a estruturação regional, indicando no conjunto
gência para o quadrante NW. Superimposta à defor- uma movimentação transcorrente sinistral, sendo
mação compressiva ocorrem zonas de cisalhamento cortadas por bandas de cisalhamento mais recen-
transcorrente de natureza dúctil-rúptil com direção tes com direção N80°E. Ao longo de tais zonas os
NW-SE e mergulhos fortes a moderados, tanto para granitóides apresentam-se deformados com o de-
NE como para SW, as quais se destacam nas ima- senvolvimento de uma foliação com altos valores
gens de satélite. de mergulho. No mapa geológico é possível ob-
Estruturalmente, os granitóides da Suíte Intrusi- servar que os lineamentos desse domínio contro-
va Parauari, dominantemente isotrópicos, estão laram a colocação dos granitos da Suíte Intrusiva
seccionados por zonas de cisalhamento transcor- Maloquinha.

– 36 –
SB.21-X-C (Caracol)

Figura 3.2 – Mapa dos Domínios Estruturais da Folha Caracol.

O Domínio Jamanxim é caracterizado por zo- As principais descontinuidades estruturais de


nas de cisalhamento rúpteis de direção E-W, ca- natureza rúptil de direção E-W formam grabens
racterística deste domínio; são observadas tanto como o do Urubuquara, nos quais estão preserva-
em sensores remotos como no campo. Nos ma - das as rochas vulcânicas da Formação Salustiano.
pas magnéticos esta feição estrutural é ressalta- Afetam todas as rochas ocorrentes na região. Estas
da por anomalias magnéticas, sugerindo uma es- estruturas E-W, foram reativadas como transcor-
truturação antiga e profunda, não aflorante, com rências sinistrais E-W no Cenozóico, controlando a
um padrão anastomótico e sigmoidal, sugestivo deposição das coberturas sedimentares recentes
de deformações de natureza dúctil. Este fato não e a distribuição da rede de drenagem atual. Essas
é confirmado em superfície, tendo como exemplo falhas podem estar geneticamente associadas ao
a porção leste da Folha Caracol, onde ocorrem evento que gerou as transcorrências rúpteis sinis-
rochas pertencentes ao Grupo Iriri, Formação Bu- trais NW-SE. Estas falhas seriam, originalmente,
iuçu e Suíte Intrusiva Maloquinha, todas afetadas fraturas extensionais de um sistema tipo Riedel, pa-
por estruturas tectônicas de natureza rúptil orien- ralelas a um vetor principal de compressão (δ1) ori-
tadas na direção E-W. Outro dado importante re- entado E-W, com várias reativações. Outras zonas
fere-se à orientação E-W dos diversos diques de de cisalhamento rúpteis, de direção NNE-SSW,
diabásio com posicionamento cronoestratigráfi- controlam parte do curso do rio Jamanxim, a jusan-
co no Mesozóico, mais precisamente no Cretá- te da desembocadura do igarapé Urubuquara,
ceo, principalmente aqueles diques observados onde ocorrem uma sucessão de corredeiras e ca-
ao longo do rio Jamanxim, próximo a Cachoeira choeiras, com os depósitos aluvionares pratica-
do Urubuquara. mente ausentes. Sua origem e evolução está ligada

– 37 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

diretamente às zonas E-W, funcionado como uma relacionados ao Complexo Cuiú-Cuiú. Este terreno
componente subordinada das transcorrências si- apresenta uma estruturação reliquiar de direção
nistrais. NE-SW, visível apenas no campo, fruto de uma de-
Vale ressaltar que a rede de drenagem da bacia formação compressiva, em regime dúctil, mais anti-
do rio Jamanxim, no trecho a montante da desem- ga da região, com idades entre 2,1Ga a 2,0Ga. Ain-
bocadura do igarapé Urubuquara, encontra-se for- da no Paleoproterozóico a região foi afetada por ou-
temente controlada por estruturas E-W, sendo que, tro evento compressivo, cujos vetores principais teri-
a partir da referida desembocadura, o rio Jaman- am a direção NE-SW, durante o qual foram gerados
xim, que possivelmente corria para oeste em dire- uma foliação NW-SE e corpos graníticos relaciona-
ção ao rio Tapajós, foi capturado por esta estrutura dos à Suíte Intrusiva Parauari (1,9Ga), além de cor-
NNE-SSW. Se esta hipótese for verdadeira, possi- pos de natureza básica da Suíte Intrusiva Ingarana.
velmente existem paleoaluviões do rio Jamanxim, No final do Paleoproterozóico a região foi palco de
mineralizados a ouro, distribuídos ao longo dos va- um regime dominantemente extensional, conforme
les dos igarapés Urubuquara, Farmácia e Botica, apresentado na proposta elaborada por Costa & Ha-
onde já existem diversas frentes de lavras garimpe- sui (1997), conhecido como Evento Uatumã, quan-
iras aluvionares. do as antigas estruturas NW-SE foram reativadas,
em forma de falhas normais e transcorrentes, atra-
vés das quais formaram-se extensos derrames de
3.2 Análise Interpretativa rochas vulcânicas ácidas relacionadas à Formação
Salustiano e rochas vulcanoclásticas da Formação
Dentro do quadro tectônico regional, os trends es- Aruri, compondo o Grupo Iriri. Este evento extensio-
truturais noroeste aqui referidos, têm sido considera- nal permitiu também a colocação de corpos graníti-
dos como originados por uma tectônica compressi- cos pós-orogênico, de natureza alcalina, relaciona-
va, de natureza dúctil a dúctil-rúptil, a qual deixou dos à Suíte Intrusiva Maloquinha (1,8Ga). Ainda sob
uma foliação impressa nas rochas com direção geral as condições do mesmo regime, porém em pulsos
NW-SE, com idade em torno de 1,9Ga. Este regime subseqüentes formou-se uma extensa bacia sedi-
foi sucedido por uma tectônica distensiva, de nature- mentar, na qual ocorreu a deposição dos sedimen-
za essencialmente rúptil, com idade mínima de tos clásticos da Formação Buiuçu, em algumas par-
1,8Ga, cronocorrelata ao magmatismo Uatumã, que tes ainda intercalados com tufos da Formação Aruri,
reativou estas estruturas mais antigas e condicionou além da colocação de corpos de diabásio em forma
o vulcanismo Iriri e a colocação dos granitos da Suíte de megadiques, denominados de Diabásio Crepori
Intrusiva Maloquinha. (1,6Ga). A passagem do Mesoproterozóico para o
Ainda no Paleoproterozóico, estas zonas de fra- Neoproterozóico é marcada novamente por movi-
queza, NW-SE, foram reativadas como zonas ex- mentação distensiva que afeta todo o Cráton Ama-
tensionais as quais controlaram toda a evolução zônico, acompanhada de magmatismo básico, tes-
do Grupo Iriri e a intrusão dos granitos da Suíte temunhada na Folha Caracol pelos olivina gabros,
Intrusiva Maloquinha, que apresentam-se sob a troctolitos e diabásios da Suíte Intrusiva Cachoeira
forma de corpos graníticos de formas circulares e Seca (1,0Ga). Esta movimentação pode ser interpre-
ovóides, alongados na direção NW-SE, posterior- tada como um reflexo das movimentações finais do
mente afetados por deformações de caráter nota- evento K′Mudku, (1,2 a 1,0Ga). No Mesozóico, mais
damente transcorrente rúptil, formando zonas de especificamente no Cretáceo, a região em palco foi
cisalhamento posicionadas principalmente nas di- afetada por movimentações de natureza extensio-
reções N30°-60°W e subordinadamente NE-SW, nal, reativando estruturas preexistentes, principal-
com alto ângulo de mergulho. Os planos de fratu- mente aquelas de direção E-W e, subordinadamen-
ra/falhas geralmente estão preenchidos por quart- te, NE-SW, ao longo das quais ocorreram manifesta-
zo, clorita e/ou epidoto e, eventualmente, por sul- ções básicas na forma de diques de diabásio. No
fetos (pirita). Cenozóico, as estruturas E-W foram reativadas
No âmbito da Folha Caracol, a evolução geológi- como zonas normais, com importantes componen-
ca começa, possivelmente, no Paleoproterozóico, tes direcionais, as quais controlaram a deposição
com formação de um terreno do qual fazem parte das coberturas sedimentares terciárias e quaternári-
os granitóides foliados, localmente gnaissificados, as e a rede de drenagem atual.

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SB.21-X-C (Caracol)

4
RECURSOS MINERAIS
A região englobada pela Folha Caracol encon-
tra-se inserida no contexto da Província Mineral do
pela grande produção mineral desta região. Os
bens minerais não-metálicos são ametista, topázio
Tapajós, cujo substrato geológico apresenta poten- e turmalina, além dos materiais utilizados na cons-
cialidade para uma variedade de recursos minerais, trução civil, tais como: granitos, argilas, areias, sei-
com destaque para o ouro, os quais podem ser eco- xos e cascalhos, os quais poderão ser aproveita-
nomicamente aproveitados dentro do atual cenário dos no futuro.
mundial de utilização dos recursos naturais. A metalogenia da Folha Caracol está embasada na
A descoberta de ouro na bacia do rio Tapajós re- integração multidisciplinar dos dados geológicos,
monta à década de 50, sendo que a exploração ga- geoquímicos, geofísicos e das mineralizações, obti-
rimpeira teve seu início em 1958, a partir da explora- dos pela CPRM/Serviço Geológico do Brasil durante a
ção do ouro secundário nas aluviões, estenden- execução do projeto PROMIN-Tapajós, através de
do-se até hoje, ao longo dos vales dos rio Tapajós, mapeamento geológico e das análises dos jazimentos
Jamanxim, Tropas, Crepori, Rato e igarapés Cu- durante as visitas aos principais garimpos em ativida-
iú-Cuiú, Bom Jardim, Botica e outros tantos que de na região do Tapajós (figura 4.1). Realizou-se, tam-
compõem a grande bacia hidrográfica do rio Tapa- bém, compilações de trabalhos anteriores, sendo a
jós. A primeira grande corrida ao ouro do Tapajós principal fonte de dados o Projeto Jamanxim (Pessoa
aconteceu durante os anos de 1960, seguindo com et al., 1977) e o Projeto Estanho dos Granitos Maloqui-
o declínio desta atividade nos anos de 1970. Posteri- nha (Prazeres et al., 1979). Na abordagem desses da-
ormente, houve uma breve retomada nos meados dos são enfatizados somente os elementos de maior
de 1984. Na década de 90 a exploração de ouro de- significado para a interpretação metalogenética, para
caiu, em função da exaustão do ouro aluvionar, e os quais foram adotados símbolos simples e legíveis
pela dificuldade de extração do ouro a partir de jazi- de representação cartográfica dos dados diretos so-
mentos primários, o que requer investimentos maio- bre as mineralizações (garimpos e ocorrência mineral)
res e técnicas mais especializadas. Outros fatores e dos indicadores indiretos (geoquímico e geofísico),
que dificultam investimentos na pesquisa e explora- mostrados na figura 4.2.
ção de ouro são aqueles de ordem econômica, prin-
cipalmente em função das baixas cotações do ouro
no mercado nacional e internacional. 4.1 Ouro
Os recursos minerais da região compreendida
pela Folha Caracol podem ser subdivididos em bens Durante os trabalhos de campo na Folha Caracol
minerais metálicos e não-metálicos. Os bens minera- foram cadastradas 22 ocorrências e/ou garimpos
is metálicos estão representados pelo ouro, estanho, de ouro, além da reinterpretação das ocorrências
cromo, nióbio e tântalo, sendo o ouro responsável minerais cadastradas em projetos anteriores (pro-

– 39 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 4.1 – Fotos dos garimpos na Província Aurífera


do Tapajós. A) Vista aérea de garimpo aluvionar na re-
gião do Cuiú-Cuiú. B) Balsa garimpeira em atividade
no rio Tocantins. C) Garimpo do Guarim em zona de
cisalhamento, na região do Cuiú-Cuiú.

jeto Jamanxim e PNPO), totalizando 29 ocorrênci- ou a falhas em zonas de cisalhamento, seme-


as/garimpo de ouro na Folha Caracol (tabela 4.1). lhante aos descritos por Santos (1996). O tipo
Com base nos dados observados nas frentes de stockwork está relacionado, provavelmente, a
lavras garimpeiras, foi possível caracterizar diver- processos hidrotermais oriundos das intrusões
sas formas de ocorrência dos jazimentos de ouro, graníticas, corroborando com os modelos ge-
as quais podem ser subdivididas em: néticos propostos por Robert (1996), Coutinho
• ouro secundário, nas aluviões antigas e recen- et al. (1997 e 1998). Nos dois grupos tipológi-
tes dos rios e igarapés. cos, as mineralizações de ouro encontram-se
• ouro supergênico, oriundo do enriquecimento associadas com sulfetos e ocorrentes em uma
durante os processos de formação de lateritas variedade de rochas, tais como: granitóides,
sobre rochas previamente mineralizadas. gnaisses e rochas básicas.
• ouro primário, cujas formas de ocorrência per- As mineralizações do tipo stockwork foram ob-
mitem caracterizar dois grupos tipológicos servadas no garimpo do Jutaí (27), na porção noro-
principais, classificados como filoneano e este da Folha Caracol, na qual foi mapeado um cor-
stockwork. Relacionado ao tipo filoneano, fo- po gabróide, alterado hidrotermalmente (potassifi-
ram identificados veios de quartzo simples ou cação), relacionado à Suíte Intrusiva Ingarana. Este
conjugados, associados a fraturas extensionais tipo de jazimento ocorre, também, em granitos da

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SB.21-X-C (Caracol)

Tabela 4.1 – Listagem dos Jazimentos de Ouro da Folha Caracol.

Nº Substância Localidade: UF Estrutura e Tipo/ Encaixante, Unidade Alterações Minerais Mergulho/ Status e Ref. dos
Mineral Garimpo ou Frente Textura Morfologia Hospedeira e/ou Estratigráfica Hidrotermais Metálicos Azimute Dados Dados
de Lavra Associadas Econômicos
Sulfetação, Falha: 85°/200° Projeto
Complexo silicificação e Ouro e Az, Veios de Garimpo PROMIN-
1 Ouro Cuiú-Cuiú PA Veio Filoneana Granitóide Cuiú-Cuiú sericitização/ pirita quartzo: 85°/200° paralisado Tapajós
Jerimum de Baixo epidotização Az, 85°/340° Az,
85°/0° Az,
35°/320° Az
Veios Sulfetação, Ouro, pirita, Falha: 85°/162° Projeto
2 Ouro Cuiú-Cuiú PA conjugados Filoneana Granitóide foliado Complexo silicificação e calcopirita e Az, Veio de Garimpo ativo PROMIN-
Guarim brechóide Cuiú-Cuiú sericitização/ bornita quartzo: 89°/162° Tapajós
epidotização e Az
feldspatização
Cuiú-Cuiú Veios Filoneana Granitóide porfirítico Complexo Sulfetação, Ouro, pirita Veios QTZ: Garimpo Projeto
3 Ouro Filão do Amor PA conjugados Cuiú-Cuiú silicificação e e galena 89°/165° Az, paralisado PROMIN-
sericitização/ 89°/175° Az Tapajós
epidotização
Cuiú-Cuiú Veio/ Filoneana/ Saprólito de rocha Suíte Intrusiva Sulfetação, Ouro e Diques aplíticos Ocorrência/ Projeto
4 Ouro Nhô/Igarapé Central PA disseminado stockwork granítica Parauari silicificação e sulfetos N-S e garimpo ativo PROMIN-
argilização Veios de quartzo Tapajós
88°/220° Az
Cuiú-Cuiú Veio/ Filoneana Granodiorito Suíte Intrusiva Sulfetação, Ouro e Veios QTZ: Ocorrência/ Projeto
5 Ouro Jerimum de Cima PA brechóide eqüigranular Parauari silicificação, pirita 89°/145° Az, garimpo PROMIN-
sericitizaçao e limonitizada 89°/220° Az paralisado Tapajós
epidotização
Filoneana/ Granodiorito Suíte Intrusiva Sulfetação, Ouro e Falha: 70°/345° Ocorrência/ Projeto
6 Ouro Carneirinho PA Veio/ stockwork eqüigranular e Parauari silicificação, pirita Az, Diques garimpo ativo PROMIN-
(Porto Seguro) disseminado e laterítico/ microgranito sericitização, aplíticos: Tapajós
residual epidotização e N50°-40°E,
feldspatização Veios de quartzo:
85°/10° Az
7 Ouro Cuiú-Cuiú PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – – – Ocorrência/ Projeto
Igarapé do Cuiú-Cuiú Recentes garimpo Jamanxim
paralisado
8 Ouro São Francisco PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – – – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo ativo Jamanxim
9 Ouro Isaac PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – – – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo ativo Jamanxim
10 Ouro Cláudio PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ilmenita e – Ocorrência/ Projeto
Recentes magnetita garimpo Jamanxim
paralisado
11 Ouro Salto / PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ilmenita e – Ocorrência/ Projeto
Igarapé Bom Jardim Recentes magnetita garimpo Jamanxim
paralisado
12 Ouro Ratinho PA Veio/ Filoneana, Granodiorito/tonalito Complexo Sulfetação, sili- Ouro e Veio de quartzo: Ocorrência/ Projeto
Disseminado laterítico/ foliado e laterita Cuiú-Cuiú e cificação e pirita 85°/N30°E, falha: garimpo ativo Jamanxim
residual Coberturas muscovitização 89°/N60°E
Recentes
13 Ouro Pista Nova do PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Careca Recentes garimpo ativo PROMIN-
Tapajós
14 Ouro Pista Beija-Flor, Rio PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Tocantinzinho Recentes garimpo ativo PROMIN-
Tapajós
15 Ouro João Leite, Rio Rato PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo PROMIN-
paralisado Tapajós
16 Ouro Botica Velho PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo PROMIN-
paralisado Tapajós
17 Ouro São Pedro PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo PROMIN-
paralisado Tapajós
18 Ouro Santa Rita PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo PROMIN-
paralisado Tapajós
19 Ouro Santa Felicidade PA Veio Filoneana Monzogranito Suíte Intrusiva Sulfetação e Ouro Veio: N40°E(?) Ocorrência/ Projeto
Parauari epidotização garimpo PROMIN-
paralisado Tapajós
20 Ouro Santa Comunidade PA Veio/ Filoneana Granitóide foliado e Complexo Sulfetação e Ouro – Ocorrência/ Projeto
Disseminado e placer aluvião Cuiú-Cuiú e epidotização garimpo PROMIN-
Coberturas paralisado Tapajós
Recentes
21 Ouro Tamarana, Sr. PA Veio Filoneana Granito porfirítico Complexo Sulfetação e Ouro e Foliação Ocorrência/ Projeto
Macedo foliado Cuiú-Cuiú silicificação sulfetos N70°W(?) garimpo PROMIN-
paralisado Tapajós
22 Ouro Conceição, Sr. Pedro PA Veio Filoneana Granito eqüigranular e Suíte Intrusiva Sulfetação, Ouro e Dique Básico Ocorrência/ Projeto
diabásio Parauari silicificação e sulfetos E-W garimpo ativo PROMIN-
epidotização Tapajós
Veio/ Filoneana, Granito, aluvião e Suíte Intrusiva Sulfetação, Ouro e Falhas: 89/50 Az Ocorrência/ Projeto
23 Ouro Novo Porto PA Disseminado placer e laterita Parauari e silicificação e pirita Veios QTZ garimpo ativo PROMIN-
laterítico/ Coberturas epidotização 89°/310° Az, Tapajós
residual Recentes 89°/00° Az e
89°/295° Az
24 Ouro Comandante PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro – Ocorrência/ Projeto
Clodson, Sr. Recentes garimpo PROMIN-
Raimundo paralisado Tapajós
25 Ouro Piririma, Rio Rato PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ouro, – Ocorrência/ Projeto
Recentes ilmenita e garimpo PROMIN-
hematita paralisado Tapajós
26 Ouro Nova Aliança PA Disseminado Placer e Aluvião e laterita Coberturas – Ouro, – Ocorrência/ Projeto
laterítico/ Recentes sulfetos garimpo PROMIN-
residual paralisado Tapajós
27 Ouro Jutaí, Maranhão, PA Disseminado Filoneana Gabro e laterita Suíte Intrusiva – Ouro, Fraturas 80°/160° Garimpo Projeto
Estevão, Ceará e e laterítico/ Ingarana e magnetita e Az, 80°/220° Az e paralisado PROMIN-
Goiano residual e Coberturas sulfetos 89°/290° Az Tapajós
stockwork Recentes
28 Ouro Carivaldo PA Veio Filoneana Gabro Suíte Intrusiva – Pirita e Veio de quartzo Garimpo Projeto
Ingarana calcopirita N10°E, N20°E, paralisado PROMIN-
N70°E Tapajós
29 Ouro Eliana PA Veio Filoneana Gabro foliado Suíte Intrusiva – Pirita Veio N10°E Garimpo PNPO
Ingarana paralisado

– 41 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 4.2 – Mapa Metalogenético da Folha Caracol.

– 42 –
SB.21-X-C (Caracol)

Suíte Intrusiva Parauari, aflorantes nos garimpos do Bo ti ca Ve lho (16), São Pe dro (17), San ta Fe li ci -
Carneirinho (6) e Nhô (4). da de (19), Con ce i ção (22) e Co man dan te Clod -
As mineralizações do tipo filoneana foram des- son (24), apre sen tam ba i xa po ten ci a li da de. (fi-
critas na região do garimpo do Cuiú-Cuiú, mais gu ra 4.2).
precisamente nas frentes de lavra do Jerimum de
Baixo (1), Guarim (2), “Filão do Amor” (3), Nhô (4)
e Jerimum de Cima (5), e nos garimpos do Carnei- 4.1.1 Mineralizações de Ouro Controladas
rinho (6), Ratinho (12), Santa Felicidade (19), por Estruturas Regionais
Santa Comunidade (20), Tamarana (21), Concei-
ção (22), Novo Porto (23), Carivaldo (28) e Eliana O controle por estruturas regionais das minerali-
(29), alojadas em granitóides relacionados ao zações de ouro na Folha Caracol pode ser melhor
Complexo Cuiú-Cuiú e à Suíte Intrusiva Parauari visualizado na porção sudoeste da área mapeada,
e, localmente, em rochas gabróide relacionadas no contexto do Domínio estrutural Crepori-Tapajós.
à Suíte Intrusiva Ingarana. Foram também identifi- Nessa região foram cartografadas uma série de zo-
cadas importantes mineralizações de ouro do nas de cisalhamento ou falhas transcorrentes, ge-
tipo laterítico/residual, oriundas de enriqueci- radas em regime rúptil a rúptil-dúctil, orientadas se-
mento supergênico, com destaque para os ga- gundo a direção NW-SE e com cinemática sinistral,
rimpos do Ratinho (12), Jutaí (27), Carneirinho (6) as quais afetaram rochas do Complexo Cuiú-Cuiú e
e Novo Porto (23). das suítes intrusivas Ingarana e Parauari. Estas
No âmbito da Folha Caracol, tendo-se como descontinuidades, em seus segmentos transtensi-
base os dados das ocorrências minerais cadas- onais, constituem os metalotectos mais regionais,
tradas, aliadas ao contexto litológico e estrutural, em comparação às estruturas locais, exercendo
foram delimitadas doze áreas mineralizadas e um controle sobre a distribuição das mineraliza-
com potencial para ouro, agrupadas em quatro ti- ções auríferas ao nível de campo mineralizado ou
pos de mineralizações, relacionadas principal- pequenos distritos, facilmente visualizados no
mente a veios de quartzo simples e conjugados; mapa. A disposição e forma alongada na direção
stockworks e disseminações em zonas de altera- NW-SE das áreas mineralizadas e potenciais são
ções hidrotermais, tendo como principais metalo- diagnósticos desse controle regional.
tectos os corpos graníticos das suítes intrusivas
Parauari e Maloquinha, além de corpos gabróides
da Suíte Intrusiva Ingarana, nos quais ocorre uma 4.1.2 Mineralizações de Ouro Associadas
grande incidência de garimpos aluvionares em às Rochas Gabróicas
suas periferias.
Den tre as áre as de li mi ta das, des ta ca-se a re - Na área mapeada, as rochas básicas relaciona-
gião que en glo ba os ga rim pos do Cu iú-Cuiú (1, das à Suíte Intrusiva Ingarana constituem metalotec-
2, 3, 4, 5 e 7), Car ne i ri nho (6), Ra ti nho (12) e Ta - tos comprovados, de influência local, devido ao seu
ma ra na (21), com alta po ten ci a li da de com pro - caráter reativo, quando em contato com fluídos hi-
va da para mi ne ra li za ções pri má ri as de ouro, drotermais mineralizados a ouro. No garimpo do Ju-
apre sen tan do como ro chas hos pe de i ras os taí, localizado no km197 da rodovia Transamazôni-
gra ni tói des e or tog na is ses do Com ple xo Cu - ca, foram descritos por Santos (1996) mineraliza-
iú-Cuiú, e como me ta lo tec tos, os stocks da Su í - ções de ouro em rochas gabróicas da Suíte Intrusiva
te Intru si va Pa ra u a ri. Esta re gião apre sen ta alta Ingarana, sendo esta do tipo stockwork, com ausên-
fre qüên cia de ga rim pos. Ou tras re giões pro - cia de veios de quartzo, e com enriquecimento su-
mis so ras são aque las em tor no dos ga rim pos pergênico na crosta laterítica. Outros garimpos,
San ta Co mu ni da de (20), Ca ri val do (28), Eli a na onde a mineralização é descrita como filoneana, são
(29) e Ju taí (27), por apre sen ta rem po ten ci a li - os garimpos Carivaldo e Eliana, cujos veios de
da de mé dia, em fun ção do seu con tex to ge o ló - quartzo encontram-se alojados em rochas básicas
gi co e me ta lo ge né ti co, com ocor rên cia de in tru - da Suíte Intrusiva Ingarana.
sões ga brói cas re la ci o na das à Su í te Intru si va Com relação às rochas básicas da Suíte Intrusiva
Inga ra na, além de in tru sões de gra ni tos re la ci o - Cachoeira Seca e Diabásio Crepori, no âmbito da
na dos às su í tes in tru si vas Pa ra u a ri e Ma lo qui - Folha Caracol, ainda não foi descrita nenhuma mi-
nha. As de ma is re giões, tais como: os ga rim pos neralização aurífera.

– 43 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

4.1.3 Mineralizações de Ouro Hospedadas em A frente de lavra do “Filão do Amor” (garimpo da


Granitóides e Ortognaisses do Complexo Raimundinha) corresponde a uma escavação que
Cuiú-Cuiú acompanha um veio de quartzo principal, de forma
lenticular, subvertical e com espessura centimétri-
As mineralizações primárias de ouro hospeda- ca, aspecto brechóide, encaixado em um granitóide
das em rochas relacionadas ao Complexo Cu- do Complexo Cuiú-Cuiú alterado hidrotermalmente
iú-Cuiú foram descritas na região dos garimpos do (alteração sericítica), mineralizado a ouro e conten-
Cuiú-Cuiú, sendo estas do tipo filoneana (forma do pirita e galena. Associado ao veio principal, ocor-
mais freqüente de jazimento), contida em veios rem veios oblíquos extensionais escalonados, orien-
lenticulares de quartzo com espessura máxima tados na direção N40°E, os quais são indicativos de
em torno de um metro, orientados principalmente movimentação transcorrente sinistral. As caracterís-
para NE-SW e subordinadamente NW-SE, os qua- ticas dese garimpo são semelhantes às descritas
is ocupam zonas distensionais ao longo das sinuo- para o garimpo do Guarim.
sidades de falhamentos sinistrais (p.ex. Guarim,
Jerimum de Baixo, Jerimum de Cima e Filão do
Amor). Associados ocorrem veios conjugados ex- 4.1.4 Mineralizações de Ouro Associadas a
tensionais e oblíquos, com arranjos escalonados Granitos da Suíte Intrusiva Parauari
tipo tension gashes, orientados para NE-SW. Bre-
chas hidrotermais foram descritas no garimpo do Os monzogranitos e granodioritos relacionados
Guarim. à Suíte Intrusiva Parauari, principalmente em suas
No garimpo do Guarim, a mineralização de regiões de periferia, revelaram-se como um impor-
ouro ocorre em um veio de quartzo conjugado, tante metalotecto. Associadas a tais rochas, foram
aspecto brechóide, contendo ouro, pirita, calco- descritas mineralizações primárias de ouro, dos ti-
pirita e bornita, apresentando espessura em tor- pos filoneana e stockwork, com intensa alteração
no de 50cm, orientado na direção N72°E, mergu- hidrotermal, observadas na região dos garimpos
lhando 85° para SE, alojado ao longo de uma do Carneirinho e Cuiú-Cuiú (especificamente na
zona de falha transcorrente sinistral. A rocha en- frente de lavra do Nhô).
caixante é uma grani tói de do Com plexo Cu- No garimpo do Carneirinho, localizado a aproxi-
iú-Cuiú, o qual encontra-se intensamente altera- madamente 10km a norte/noroeste da pista de pou-
do, na zona de contato com o veio, desenvolven- so Porto Seguro, situada na margem direita do rio
do uma zona de alteração hidrotermal rica em se- Crepori, afloram monzogranitos e micromonzogra-
ricita, superposta a uma zona de alteração hidro- nitos, seccionados por veios de quartzo, simples e
termal feldspática. conjugados, alojados ao longo de uma zona de fa-
No garimpo do Jerimum de Baixo, localizado, na lha sinistral de direção N75°E, ao longo da qual ob-
margem direita do igarapé homônimo, a mineraliza- serva-se o desenvolvimento de uma zona de altera-
ção de ouro encontra-se em veios de quartzo con- ção hidrotermal rica em sericita e/ou epidoto e feld-
tendo pirita e em venulações de quartzo com dire- spato. Neste garimpo observam-se, também, venu-
ções diversas, alojados ao longo de um sistema de lações de quartzo, mineralizadas a ouro, configu-
falhamentos transcorrentes dextrais, de direção rando feições tipo stockwork, por vezes, associa-
N70°E, com geometria similar a uma “flor positiva”. das a “bolsões” ricos em minerais máficos.
A encaixante são granitóides isotrópicos relaciona- Situação semelhante ao garimpo do Carneiri-
dos ao Complexo Cuiú-Cuiú. nho, foi observada na frente de lavra do Nhô, no
O garimpo do Jerimum de Cima apresenta, em garimpo do Cuiú-Cuiú, onde ao longo da cava
sua cava principal, um saprólito de um granitóide principal aflora o saprólito de uma rocha granítica,
eqüigranular, isotrópico, alterado hidrotermalmen- seccionada por diques aplíticos orientados para
te (sericitização), relacionado ao Complexo Cu- N, e falhamentos transcorrentes sinistrais orienta-
iú-Cuiú. A mineralização de ouro encontra-se rela- dos para N40°-60°W. Neste garimpo ocorrem vei-
ci o na da a ve i os de quart zo ori en ta dos para os de quartzo simples e irregulares, contendo sul-
N50°-60°E, longitudinais a falhamentos transcor- fetos e ouro, orientados para NW, e intensas venu-
rentes sinistrais, cuja cinemática foi estabelecida a lações preenchidas por material argiloso e quart-
partir de veios oblíquos extensionais, escalonados zo, também mineralizada a ouro, caracterizando
na direção nordeste. desta forma feições tipo stockwork.

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SB.21-X-C (Caracol)

4.2 Outros Bens Minerais feridos autores recomendaram três áreas para
prospecção de estanho, sendo a primeira na região
Além dos indícios diretos de mineralizações de de interflúvio dos rios, Aruri e Branco, onde aflora
ouro, existem outros bens minerais na região estu- um maciço granítico denominado de Suíte Intrusiva
dada, dentre os quais podemos destacar: o esta- Porquinho, sendo que, nesta área foi realizado, em
nho, o topázio e a columbita-tantalita. Com relação 1979, um projeto específico para prospecção de
às mineralizações de estanho, o trabalho da estanho, denominado de “Projeto Estanho dos Gra-
SUDAM/ GEOMITEC (1972) já menciona mineraliza- nitos Maloquinha” (Prazeres et al., 1979). As dema-
ções desse metal, na região de Mangabal e no iga- is áreas estão localizadas na serra da Boa Esperan-
rapé Bom Jardim, no contexto da Folha Caracol. ça, 15km a sudoeste da desembocadura do rio To-
Durante os trabalhos de reinterpretação dos da- cantins no rio Jamanxim, e na região das desembo-
dos cadastrados em projetos anteriores, foram reu- caduras dos igarapés, Botica e Farmácia, no rio Ta-
tilizadas 14 ocorrências minerais na Folha Caracol pajós.
(tabela 4.2). Os materiais para construção civil, tais como:
Pessoa et al. (1977) cadastraram diversas ocor- granito, areia, seixo e cascalho, ocorrem na região
rências de cassiterita, sempre relacionadas aos em grandes quantidades. Destaca-se no cenário
placers dos rios e igarapés Esteira (1), Prainha (2), atual da região o cascalho oriundo do horizonte
Cririó (7), Urumari (12), Arara (13) e na Serra da Boa concrecionário das lateritas, os quais podem ser
Esperança (3), sendo que estes igarapés drenam utilizados de imediato na pavimentação das rodovi-
as regiões onde afloram os granitos relacionados as que são as principais vias de acesso aos maio-
às suítes intrusivas Maloquinha e Porquinho. Asso- res garimpos da região e que se encontram em
ciados aos placers com cassiterita, ocorrem tam- péssimo estado de conservação. Os demais mate-
bém columbita-tantalita, topázio e turmalina. Os re- riais poderão ser aproveitados no futuro.

Tabela 4.2 – Listagem de Outros Jazimentos Minerais da Folha Caracol.

Nº Substância Localidade: UF Estrutura e Tipo/ Encaixante, Unidade Alterações Minerais Controle Status e Ref. dos
Mineral Garimpo ou Frente Textura Morfologia Hospedeira e/ou Estratigráfica Hidrotermais Metálicos Estrutural Dados Dados
de Lavra Associadas Econômicos
1 Ametista Igarapé Esteira PA Blocos e – Granodiorito Suíte Intrusiva – – – Ocorrência Projeto
seixos Parauari Jamanxim
2 Estanho Igarapé Prainha PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Cassiterita – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo Jamanxim
paralisado
3 Estanho Serra da Boa PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Cassiterita – Ocorrência/ Projeto
Esperança Recentes e ouro garimpo Jamanxim
paralisado
4 Cromo Igarapés: Libânio, PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Cromita – Ocorrência/ Projeto
Agulha, Jatauarana e Recentes garimpo Jamanxim
Envira paralisado
5 Nióbio/ Igarapé Torto, PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Columbita- – Ocorrência/ Projeto
Tântalo afluente do Aruri Recentes tantalita, garimpo Jamanxim
limonita, paralisado
magnetita e
cassiterita
6 Nióbio/ Igarapés: Capuaí e PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Columbita- – Ocorrência/ Projeto
Tântalo Graúna Recentes tantalita, garimpo Jamanxim
limonita, paralisado
magnetita e
cassiterita
7 Estanho Igarapé Cricrió PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Cassiterita, – Ocorrência/ Projeto
Recentes ilmenita e garimpo Jamanxim
magnetita paralisado
8 Topázio Igarapé Cricrió PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ilmenita e – Ocorrência/ Projeto
Recentes magnetita garimpo Jamanxim
paralisado
9 Nióbio/ Igarapé Tucandeira PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ilmenita, – Ocorrência/ Projeto
Tântalo Recentes magnetita e garimpo Jamanxim
Cassiterita paralisado
10 Nióbio/ Igarapé Tucandeira PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Ilmenita, – Ocorrência/ Projeto
Tântalo Recentes magnetita e garimpo Jamanxim
Cassiterita paralisado
11 Molibidênio Igarapé Cirio PA Disseminado Não Riodacito porfirítico Formação – – – Ocorrência/ Projeto
especificado Salustiano garimpo Jamanxim
paralisado
12 Estanho Igarapé Uramari PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Cassiterita – Ocorrência/ Projeto
Recentes garimpo Jamanxim
paralisado
13 Estanho Igarapé Arara PA Disseminado Placer Aluvião Coberturas – Cassiterita – – Projeto
Recentes Jamanxim
14 Ametista BR-163, Fazenda PA Pegmatítico Irregular Granito e dacito Suíte Intrusiva Silicificação – – Ocorrência/ Projeto
Santa Rosa Maloquinha e garimpo PROMIN-
Grupo Iriri paralisado Tapajós

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

4.3 Indícios Geoquímicos e Geofísicos bita-tantalita. É possível que as fases mais evoluídas
do magmatismo da Suíte Intrusiva Parauari, ricas em
Os dados de geoquímica de superfície foram ob- potássio, possam apresentar características simila-
tidos durante a execução do Projeto Jamanxim e re- res às das suítes intrusivas Maloquinha e Porquinho.
interpretados durante o projeto PROMIN-Tapajós, a As anomalias da associação Cr-Ni mostram, em
partir da elaboração de Mapas de Distribuição Ge- parte, que estas apresentam uma relação com as ro-
o quí mi ca, cu jas prin ci pa is ano ma li as en con- chas básicas ocorrentes na Folha Caracol, principal-
tram-se plotadas no Mapa Metalogenético da Folha mente aquelas relacionadas às suítes intrusivas Inga-
Caracol (figura 4.2). Os elementos utilizados na rana e Cachoeira Seca. Vale ressaltar que estas suí-
confecção dos mapas foram: arsênio (As); níquel tes podem ser selecionadas para estudos futuros, no
(Ni), cobalto (Co), ferro (Fe), vanádio (V) e cromo que se refere à prospecção dos minerais do grupo
(Cr), associação comum em rochas máficas e ultra- dos platinóides.
máficas; e berilo (Be), estanho (Sn), ítrio (Y), nióbio Os mapas aeromagnéticos apresentam feições
(Nb), wolfrâmio (W) e lantanio (La), associação co- significativas, de importância para a cartografia me-
mum em rochas graníticas. talogenética, com destaque para anomalias de alta
O dados das análises químicas realizadas du- intensidade magnética, que definem trends alinha-
rante o Projeto Jamanxim (Pessoa et al., 1977), em dos segundo a direção geral E-W, e que correspon-
amostras de concentrados de bateia e sedimentos dem às intrusões básicas gabróides da Suíte Intrusi-
de corrente, pelo método de espectometria de ab- va Ingarana e, em parte, ao magmatismo Cachoeira
sorção atômica, mostram que os teores de ouro va- Seca. A grande incidência dessas anomalias mag-
riam entre 50ppb até 100.000ppb, sendo que a ma- néticas alinhadas na direção E-W é indicativa de que
ioria das amostras apresentaram teores abaixo de estas refletem feixes de fraturas de extensão (fratu-
1.000ppb. As amostras anômalas são provenientes ras T), as quais serviram de condutos para o mag-
principalmente dos terrenos cristalinos relaciona- matismo básico, condicionando no Paleoproterozói-
dos ao Complexo Cuiú-Cuiú e à Suíte Intrusiva Pa- co a colocação da Suíte Intrusiva Ingarana e, no final
rauari. As análises revelaram anomalias de cromita do Mesoproterozóico, a intrusão das rochas da Suíte
e níquel, diretamente relacionadas às suítes intrusi- Intrusiva Cachoeira Seca. No Cenozóico, estas es-
vas Cachoeira Seca, Ingarana e Diabásio Crepori, truturas E-W foram reativadas como falhas normais,
e, também, anomalias de Sn, W, Co, Mo, Nb e Ta, gerando um sistema de horts e grabens, os quais
além de pedras preciosas como, ametista, turmali- podem ser interpretados com base nas assinaturas
na e topázio, relacionadas às áreas de ocorrência magnetométricas, sendo estes, controladores da
dos granitos das suítes intrusivas Maloquinha e deposição, distribuição e erosão das aluviões qua-
Porquinho. Ocorrência de ametista foi verificada ternárias, mineralizados a ouro.
em um garimpo abandonado, situado na fazenda Na cartografia geológica os levantamentos aero-
Santa Rosa, na rodovia Cuiabá-Santarém, a aproxi- magnéticos auxiliam na identificação de rochas bá-
madamente 12km a sul da vila do Aruri e em con- sicas magnéticas em áreas de difícil acesso, auxili-
centrados de sedimentos de corrente coletados no ando a separação de corpos básicos magnéticos
igarapé Esteira. relacionados à Suíte Intrusiva Ingarana.
Os valores obtidos de Sn, W, Co, Mo, Nb e Ta per- Na gamaespectrometria, destacam também
mitiram a individualização de anomalias significati- anomalias readiométricas (canal do Th) as quais
vas, que podem ser utilizadas indiretamente no auxí- estão relacionadas a corpos diferenciados, de for-
lio a prospecção mineral, principalmente as associa- ma circular, enriquecidos em elementos radioati-
ções comuns em rochas graníticas que mostram uma vos e relacionados às suítes intrusivas Maloquinha
nítida relação das anomalias geoquímicas com aos e Porquinho, e também, na separação das fácies
dados de ocorrências minerais, mostrando a voca- mais evoluídas do magmatismo ácido Parauari.
ção dos granitos das suítes intrusivas Maloquinha e Estes corpos representam potencialmente minera-
Porquinho para conter mineralizações de cassiterita, lizações de cassiterita e columbita-tantalita, além
tendo como subprodutos, topázio, turmalina e colum- de ametista, turmalina e topázio.

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SB.21-X-C (Caracol)

5
CONCLUSÕES
O s trabalhos de mapeamento geológico/me-
talogenético da Folha Caracol, realizados pela
• Os granitóides da Suíte Intrusiva Parauari, in-
trusivo no Complexo Cuiú-Cuiú, apresentaram
CPRM/Serviço Geológico do Brasil, conduzem a idades em torno de 1.968 ± 19Ma indicando
um estágio satisfatório de conhecimento, tanto nos um posicionamento tardi a pós-orogênico, re-
aspectos estratigráficos e evolutivos, como tam- forçado pela presença de bandas de cisalha-
bém na metalogenia, os quais permitem concluir: mento com direção N45°W, concordante com
• Na cartografia geológica, os levantamentos a estruturação regional.
aeromagnéticos auxiliaram a identificação de • Com relação ao perfil realizado ao longo do rio
rochas básicas magnéticas em áreas de difícil Jamanxim, é importante ressaltar o predomí-
acesso, auxiliando a separação de corpos bá- nio de rochas vulcânicas ácidas a intermediá-
sicos magnéticos relacionados à Suíte Intrusi- ria (riolitos e dacitos) relacionadas à Formação
va Ingarana. Salustiano, conforme a interpretação nas ima-
• A gamaespectometria, destacou anomalias gens de satélite. Estas rochas indicaram ida-
radiométricas (canal do Th), as quais estão re- des entre 1.820 ± 21Ma e 1.840 ± 5Ma. Entre-
lacionadas a corpos de forma circular, enri- tanto, percebe-se no campo que alguns daci-
quecidos em elementos radioativos e relacio- tos estão intimamente relacionados aos grani-
nados às suítes intrusivas Maloquinha e Por- tos da Suíte Intrusiva Parauari, indicando dois
quinho, assim com também, na separação das eventos vulcânicos. Fato corroborado pelas
fácies mais evoluídas do magmatismo ácido análises químicas, compatíveis com o quimis-
Parauari. Estes corpos representam potencial- mo calcioalcalino da suíte.
mente mineralizações de cassiterita e colum- • No trecho do rio Jamanxim, próximo a ca-
bita-tantalita, além de ametista, turmalina e to- choeira Urubuquara, ocorrem vários diques
pázio. de rochas básicas, com direção predominan-
• A região sudoeste da Folha Caracol foi mapea- temente E-W, e um andesito orientado na mes-
da pela equipe do PROMIN-Tapajós como Com- ma direção, o que corrobora a presença das
plexo Cuiú-Cuiú, reconhecendo os granitos ali anomalias magnéticas no mapa aerogeofísi-
existentes como relacionados à Suíte Intrusiva co. Os andesitos foram inseridos na Formação
Parauari. Apenas os granitos foliados foram in- Bom Jardim.
seridos no Complexo Cuiú-Cuiú. Este complexo • Nos perfis realizados ao longo dos rios, Bran-
foi relacionado ao Paleoproterozóico com base co e Aruri, foi constatado o grande predomínio
em idades U/Pb entre 2,15Ga e 2,00Ga, mar- de rochas relacionadas à Formação Aruri. São
cando o final do Ciclo Transamazônico. arenitos e eventualmente conglomerados vul-

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

canoclásticos epiclásticos, intimamente rela- vados marcas de corrente unidirecional; pos-


cionados às rochas vulcânicas ácidas. Mos- sivelmente foram depositados em barras are-
tram características de deposição cíclica, típi- nosas nos canais fluviais, com alta carga e
ca de corrente de turbidez, a qual é muito co- pouco retrabalhamento sedimentar, possibili-
mum em ambiente marinho profundo. Entre- tando a preservação dos grãos de feldspato.
tanto, é importante ressaltar que este tipo de Os pelitos, encontrados principalmente na Ba-
corrente, apesar de incomum, pode ocorrer cia do Crepori, representam os depósitos de
em qualquer ambiente subaquoso que permi- planície de inundação (overbank), formados
ta o desenvolvimento de correntes de turbi- durante as cheias. Essa associação de conglo-
dez. Interpreta-se então, para estes sedimen- merado com arenito fino e pelitos, com grano-
tos epiclásticos da Formação Aruri, uma depo- decrescência ascendente, sugere ambiente de
sição em grandes lagos continentais, nas pro- águas mais profundas nos canais fluviais (Mi-
ximidade dos vulcões, que formariam um am- all,1996), semelhante ao modelo Donjek pro-
biente perfeito para uma sedimentação episó- posto por Miall (1977) para rios entrelaçados
dica, retrabalhando material vulcânico incon- com leitos conglomeráticos.
solidado, concomitante com pulsos de derra- • Com base nos dados obtidos durante a execu-
mes de lavas ácidas a intermediárias, com ex- ção do Projeto PROMIN-Tapajós, aliado aos
plosões e precipitação de material fino que for- dados disponíveis na literatura, permitiu-se a
maram os depósitos de tufos. A principal fonte caracterização dos recursos minerais da re-
dos sedimentos seria as rochas de origem vul- gião compreendida pela Folha Caracol em
cânica e granítica. Esta hipótese é comprova- bens minerais metálicos e não-metálicos. Os
da pela presença de seixos de riolitos e grani- bens minerais metálicos estão representados
tos nos arenitos, como também pela presença pelo ouro, estanho, cromo, nióbio e tântalo,
de estratificação cruzada em material argiloso sendo o ouro responsável pela grande produ-
(retrabalhamento de material tufáceo). Isto é ção mineral desta região. Os bens minerais
uma evidência de deposição por tração de não-metálicos são: ametista, topázio e turmali-
partículas finas, que posteriormente, através na, além dos materiais utilizados na constru-
da ação do intemperismo, foram transforma- ção civil, tais como: granitos, argilas, areias,
das em material argiloso. As camadas contínu- seixos e cascalhos, os quais poderão ser
as, lateralmente de arenitos finos com lamina- aproveitados no futuro.
ções plano-paralelas são evidências de depo- • Com relação à gênese do ouro, vários mode-
sição em ambiente subaquoso sob regime de los genéticos foram propostos para as diver-
fluxo superior, que quando associadas com sas formas de ocorrência dos jazimentos de
camadas contínuas com laminação convoluta, ouro, tais como: ouro aluvionar, relacionado às
assemelham-se com o intervalo Tb da Se- aluviões antigas e recentes dos rios e igara-
qüência Ideal de Bouma. pés, sendo este o grande responsável pela
• Pesquisando trabalhos anteriores constata-se produção aurífera da região do Tapajós (alu-
que várias interpretações são dadas às cober- viões dos rios Tapajós, Rato, Jamanxim e Cre-
turas sedimentares plataformais, comuns em pori, além dos igarapés Tocantins, Tocantinzi-
quase todo o Cráton Amazônico. Normalmen- nho, Ratinho, Bom Jardim, Botica e Farmácia);
te essas interpretações são baseadas em cor- ouro supergênico, oriundo do enriquecimento
relações com outras unidades sedimentares durante os processos de formação de lateri-
sem conteúdo fossilífero ou datações relativas tas, sobre rochas previamente mineralizadas,
necessárias a seu exato posicionamento na sendo sem dúvida o processo de lateritização
coluna estratigráfica. A Formação Buiuçu faz um dos responsáveis pela remobilização e re-
parte dessa cobertura sedimentar plataformal concentração do ouro ao longo dos perfis late-
e seu posicionamento estratigráfico é basea- ríticos, os quais foram erodidos, servindo
do na idade mínima do Diabásio Crepori de como uma das principais fontes do ouro aluvi-
1.611 ± 42Ma, o qual está intrusivo na mesma. onar (p. ex., garimpos do Ratinho, Jutaí, Car-
Os arenitos com estratificações plano-paralela neirinho, Nova Aliança e Novo Porto); ouro me-
e cruzada tabular dessa formação são consti- sotermal hospedado em veios de quartzo em
tuídos de grãos finos e médios, bem selecio- zonas de cisalhamento (filoneano), semelhan-
nados e arredondados, nos quais são obser- te aos descritos por Santos (1996), cujos veios

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SB.21-X-C (Caracol)

encontram-se alojados em granitóides do permitiu a individualização de importantes


Complexo Cuiú-Cuiú e da Suíte Intrusiva Para- ocorrências de cassiterita, sempre relaciona-
uari (p. ex., as frentes de lavra da região do Cu- das aos placers dos igarapés que drenam as
iú-Cuiú, tais como: do Jerimum de Baixo, Jeri- regiões onde afloram os granitos relacionados
mum de Cima, “Filão do Amor” e Guarim. Além às suítes intrusivas Maloquinha e Porquinho.
dos garimpos Santa Felicidade, Tamarana, Associados aos placers com cassiterita, ocor-
Conceição, Carivaldo e Eliana); e ouro disse- rem também columbita-tantalita, topázio e tur-
minado/stockwork, corroborando com os mo- malina. Para prospecção de estanho Pessoa
delos genéticos propostos por Robert (1996) e et al. (1977) recomendaram três áreas , a se-
Coutinho et al. (1997 e 1998), ambos relacio- guir: a primeira, na região de interflúvio dos
nados à processos hidrotermais oriundos das rios, Aruri e Branco, onde aflora um maciço
intrusões graníticas (ex., os garimpos do Car- granítico denominado de Suíte Intrusiva Por-
neirinho, Jutaí e Nhô, este último na região do quinho, sendo que nessa área foi realizado,
Cuiú-Cuiú) em 1979, um projeto específico para prospec-
• Com base nos dados das 29 ocorrências/ga- ção de estanho, denominado de “Projeto Esta-
rimpos de ouro, cadastradas durante a execu- nho dos Granitos Maloquinha” (Prazeres et al.,
ção do projeto PROMIN-Tapajós, foram delimi- 1979); a segunda área, esta localizada na re-
tadas doze áreas mineralizadas e com poten- gião da Serra da Boa Esperança, 15km a su-
cial para ouro, dentre as quais destacam-se: doeste da desembocadura do rio Tocantins,
(1) a região que engloba os garimpos do Cu- no rio Jamanxim; e a terceira área, na região
iú-Cuiú, Carneirinho, Ratinho e Tamarana, das desembocaduras dos igarapés, Botica e
apresentam alta potencialidade comprovada Farmácia, no rio Tapajós.
para mineralizações de ouro primário, tendo • Os materiais para construção civil, tais como:
como rochas hospedeiras os granitóides e or- granito, areia , seixo e cascalho, ocorrem na re-
tognaisses do Complexo Cuiú-Cuiú, e tendo gião em grande quantidade e podem ser utili-
como outros metalotectos, nas periferias dos zados de imediato na pavimentação das rodo-
stocks da Suíte Intrusiva Parauari; (2) a região vias que são as principais vias de acesso aos
em torno dos garimpos Santa Comunidade, maiores garimpos da região as quais se encon-
Carivaldo, Eliana e Jutaí, por apresentarem tram em péssimo estado de conservação.
potencialidade média em função do seu con- • Dentre as áreas delimitadas, a região que mais
texto geológico e metalogenético, com a ocor- se destacou, em função de sua alta potenciali-
rência de intrusões gabróicas relacionadas à dade comprovada para mineralizações primá-
Suíte Intrusiva Ingarana, além de intrusões de rias de ouro, foi a região que engloba os garim-
granitos relacionados às suítes intrusivas Pa - pos do Cuiú-Cuiú, Carneirinho, Ratinho e Ta-
rauari e Maloquinha; e (3) as regiões dos ga- marana, tornando-se esta região como a mais
rimpos Botica Velho, Urubuquara, Zé Lemos, interessante da Folha Caracol, no que se refe-
São Pedro, Serra Dourada, Santa Felicidade, re ao seu potencial metalogenético para ouro e
Conceição e Comandante Clodson, apresen- seus subprodutos. Este fato motivou sugerir
tam baixa potencialidade. que esta área seja melhor investigada, a partir
• A análise dos dados das ocorrências minerais, do desenvolvimento de um projeto de mapea-
cadastradas em projetos anteriores, as quais mento geológico e metalogenético na escala
registram outros bens minerais além do ouro, 1:100.000.

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SB.21-X.C (Caracol)

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– 53 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
Folhas em Execução
NA.19-Z Alto Rio Negro 9 SC.20 Porto Velho8 SD.24-Y-B Ilhéus 1
NA.20 Boa Vista8 SC.21-Z-A Ilha 24 de Maio1 SE.22-V-A Guiratinga1
SA.20-V Rio Cuiuni 1 SC.24.V Aracaju NW8 SE.23-Z-B-IV Serro1
SA.22-X-D Belém4 SC.24-Z Aracaju SE8 SE.23-Z-D-I Conceição do Mato Dentro1
SA.23-Z São Luís SE8 SC.24-V-A-I Riacho Queimadas 1 SF.23-Y Rio de Janeiro SW8
SB.22-X-B Rondon do Pará4 SD.22-Z-A Itapaci 1 SG.22-X-B Itararé1
SB.24.Z Jaguaribe SE8 SD.22-Z-B Uruaçu 1 SH.22 Porto Alegre8

Folhas Impressas
Borda Oeste SC.20-V-D-I Jaciparaná1 SD.23-Z-D-IV Janaúba3
NA.20-X-C-III Paredão1 SC.20-Z-C-V Paulo Saldanha1 SD.23-Z-D-V Rio Pardo de Minas 3
NA.20-X-C-VI Serra do Ajarani 1 SC.20-Z-C-VI Rio Pardo1 SD.24-V-A Seabra2 (CD-ROM)
NA.20-X Roraima Central 9 (CD-ROM) SB.21-V-D Vila Mamãe Anã8(CD-ROM) SD.24-V-A-I Seabra1
NB.20-Z-B-V Monte Roraima 1 SB.21-X-C Caracol8(CD-ROM) SD.24-V-A-II Utinga 1
NB.20-Z-B-VI Monte Caburaí 1 SB.21-Y-B Jacareacanga8(CD-ROM) SD.24-V-A-V Lençóis 1
NB.20-Z-D-II Rio Quinô1 SB-21-Z-A Vila Riozinho8(CD-ROM) SD.24-V-C Livramento do Brumado
NB.20-Z-D-III Rio Cotingo1 SB.21-Z-C Rio Novo8 (CD-ROM) SD.24-V-C-II Mucugê1
NB.20-Z-D-V Vila Pereira1 SC.22-X-A Redenção 4 (CD-ROM) SD.24-Y-A Vitória da Conquista2
NB.20-Z-D-VI Rio Viruquim1 SC.22-X-B Conceição do Araguaia4 SD.24-Y-B-V Ibicaraí1
NB.21-Y-A-IV Sem denominação SC.23-Y-D Formosa do Rio Preto1 SD.24-Y-B-VI Itabuna 1
NB.21-Y-C-I Sem denominação SC.23-X-D-IV Campo Alegre de Lourdes 1 SE.21-Y-D Corumbá1
SA.20-V Rio Cuiuni 1 SC.23-Z-A/Y-B Curimatá/Corrente 1 SE.22-V-B Iporá2
SA.23-Z-C Itapecuru-Mirim 4 SC.23-Z-C Santa Rita de Cássica1 SE.22-V-B Iporá1 (1999)
SA.22-Y-D Altamira4 SC.24-V-A Paulistana1 SE.22-X-A São Luís de Montes Belos 2
SA.23-V-D Turiaçu4 SC.24-V-A-II Paulistana1 SE.22-X-A-III Itaberaí 1
SA.23-X-C Cururupu4 SC.24-V-A-III Santa Filomena1 SE.22-X-A-VI Nazário1
SA.23-Y-B Pinheiro4 SC.24-V-A-IV Barra do Bonito1 SE.22-X-B Goiânia2
SA.23-Z-A São Luís 4 SC.24-V-A-V Afrânio1 SE.22-X-B Goiânia8 (1999)
SA.23-Y-D Santa Inês 4 SC.24-V-A-VI Riacho do Caboclo1 SE.22-X-B-I Nerópolis 1
SA.24-Y-D-V Irauçuba 3 (CD-ROM) SC.24-V-B-IV Cristália1 SE.22-X-B-II Anápolis1
SB.22-X-C Serra Pelada4 SC.24-V-C Petrolina1 SE.22-X-B-IV Goiânia1
SB.22-Y-B São Félix do Xingu4 SC.24-V-C-III Petrolina1 SE.22-X-B-V Leopoldo de Bulhões 1
SB.20-Z-B-VI Mutum1 SC.24-V-D Uauá 2 SE.22-X-B-VI Caraíba 1
SB.22-X-D Marabá4 SC.24-V-D-I Itamotinga 1 SE.22-X-D Morrinhos2
SB.22-Z-A Serra dos Carajás 4 SC.24-X-A Belém de S. Francisco1(CD-ROM) SE.23-V-B São Romão 2
SB.22-Z-B Xambioá4 SC.24-X-C-V Santa Brígida 1 SE.23-Z-B Guanhães2
SB.22-Z-C Xinguara 4 SC.24-X-C-VI Piranhas1 SE.23-Z-C Belo Horizonte2
SB.22-Z-D Araguaína4 SC.24-X-D-V Arapiraca1 SE.23-Z-D Ipatinga2
SB.23-V-A Açailândia4 (CD-ROM) SC.24-Y-B Senhor do Bonfim2 SE.24-V-A Almenara 2
SB.23-V-B Vitorino Freire4 SC.24-Y-B-VI Euclides da Cunha3 SE.24-Y-C-V Baixo Guandu1
SB.23-V-C Imperatriz 4 SC.24-Y-C Jacobina2 SE.24-Y-C-VI Colatina1
SB.23-V-D Barra do Corda4 SC.24-Y-C-V Morro do Chapéu1 SF.21 Campo Grande 8 (CD-ROM)
SB.23-X-A Bacabal 4 SC.24-Y-D Serrinha1 (rev.) SF.21-V-B Aldeia Tomásia1
SB.23-X-B Caxias 1 SC.24-Y-D Serrinha2 SF.21-V-D Porto Murtinho1
SB.23-X-C Presidente Dutra 4 SC.24-Y-D-II Gavião1 SF.21.X.A Aquidauana1
SB.24-V-C-III Crateús 1 SC.24-Y-D-IV Mundo Novo1 SF.23-V-D-V-4 São Gonçalo do Sapucaí 1
SB.24-V-D-V Mombaça1 SC.24-Y-D-V Pintadas1 SF.23-X-B-I Mariana1
SB.24-X-B/D Areia Branca/Mossoró2 SC.S4-Y-D-VI Serrinha1 SF.23-X-B-II Ponte Nova 1
SB.24-Y-B Iguatu1 SC.24-Z-A-II Jeremoabo1 SF.23-X-B-IV Rio Espera1
SB.24-Y-B-II Catarina1 SC.24-Z-A-III Carira1 SF.23-X-C-III Barbacena1
SB.24-Y-C-V Patos 1 (PI) SC.25-V-A-II Vitória de Santo Antão1 SF.23-X-C-VI Lima Duarte 1
SB.24-Y-C-VI Simões1 SD.21-Y-C-II Pontes e Lacerda1 SF.23-X-D-I Rio Pomba1
SB.24-Z-B Caicó1 SD.21-Z-A Rosário do Oeste2 SF.23-Y-B-II-2 Heliodora1
SB.24-Z-B-II Currais Novos 3 SD.21-Z-C Cuiabá2 SF.24-V-A-II Afonso Cláudio1
SB.24-Z-B-V Jardim do Seridó3 SD.22-X-D Porangatu2 SF.24-V-A-III Domingos Martins1
SB.24-Z-C Serra Talhada1 SD.22-Z-C-V Sanclerlândia1(CD-ROM) SF.24-V-A-V Cachoeiro de Itapemirim1
SB.24-Z-C Serra Talhada1 (1999) SD.22-Z-B Uruaçu 2 SF.24-V-A-VI Piúma1
SB.24-Z-C-VI Afogados da Ingazeira1 SD.22-Z-C Ceres 2 SG.22-X-D-I Curitiba8 (CD-ROM )
SB.24-Z-D-I Patos 1 (PB) SD.22-Z-C-VI Itaguaru1 SG.22-Z-B Joinville 2
SB.24-Z-D-II Juazeirinho1 SD.22-Z-D Goianésia2 SG.22-Z-D-I-2 Botuverá
SB.24-Z-D-IV Monteiro1 SD.22-Z-D-IV Jaraguá1 SG.22-Z-D-II-1 Brusque1
SB.24-Z-D-V Sumé1 SD.22-Z-D-V Pirenópolis1 SG.22-Z-D-V Florianópolis1
SB.25-V-C Natal2 SD.23-X-B Ibotirama2 SG.22-Z-D-VI Lagoa 1
SB.25-V-C-IV João Câmara1 SD.23-X-C-V Coribe1 SH.22-V-C-IV Santa Maria
SB.25-Y-C-V Limoeiro 1 SD.23-X-D Bom Jesus da Lapa2 SH.22-Y-A Cachoeira do Sul2
SC.20-V-B-V Porto Velho1 SD.23-Y-C Brasília 2 SH.22-Y-C Pedro Osório1 (CD-ROM)
SC.20-V-C-V Abunã1 SD.23-Y-D Buritis 2 SH.22-Y-A-I-4 Passo do Salsinho1
SC.20-V-C-VI Mutumparaná1 SD.23-Z-D-II Monte Azul 3 SH.22-Y-B Porto Alegre1

Folhas em Editoração
NA.20-Y Serra Imeri1 SC.24-X Aracaju NE8 SH.22-X-B-IV Criciúma 1
NA.20-Z Caracaraí 9 SC.24.Y Aracaju SW8 SH.22-Y-A Cachoeira do Sul1
SA.23-V-C Castanhal4 SB.24-Y Jaguaribe SW8 SH.22-Y-C-II Piratini1
SA.23-V/Y São Luís SW/NW8 SE.23-Z-C-VI Belo Horizonte1
SB.22-Z-C Xinguara 4 SE.23-Z-D-IV Itabira1

1
Levantamento Geológico/Geoquímico/Metalogenético nas escalas 1:500.000, 1:250.000, 1:100.000, 1:50.000; 2Mapas Metalogenéticos e de Previsão de
Recursos Minerais escala 1:250.000; 3Mapas de Previsão de Recursos Hídricos Subterrâneos escala 1:100.000; 4Projeto Especial Mapas de Recursos
Minerais, de Solos e de Vegetação para a Área do Programa Grande Carajás – Subprojeto Recursos Minerais; 5Levantamento geológico visando ao meio
ambiente; 6Levantamentos aerogeofísicos; 7Integração geológica/geoquímica de regiões metropolitanas; 8Integração geológico/metalogenética nas escalas
1:500.000 e 1:250.000; 9Mapeamento Geológico/Metalogenético da Região Amazônica na escala 1:500.000.
Folhas Concluídas
Disponíveis para consulta
SC.24-V-B Salgueiro2 SE.24-Y-C Colatina2
NA.20-X-B Uraricoera 2 SC.24-X-A Floresta 2 SF.21-V-B Baía Negra2
NA.21-V-A Conceição do Maú2 SC.24-X-B Garanhuns2 SF.21-X-A Miranda2
NA.20-X-D Boa Vista2 SC.24-X-C Paulo Afonso2 SF.23-V-A-II.2 Rio São Lourensinho7
NA.20-Z-B- Caracaraí 2 SC.24-X-D Santana do Ipanema2 SF.23-V-A-III.1 Itanhaem7
NB.20-Z-B e SC.24-Y-A Mirangaba2 SF.23-V-A-III.2 Mangagua7
NB.21-Z-A Monte Roraima 2 SC.24-Z-A Jeremoabo2 SF.23-Y-A-V.4 Campinas 7
NB.20-Z-D Vila Surumu2 SC.24-Z-B/D Aracaju/Estância2 SF.23-Y-A-VI.3 Valinhos7
NB.21-Y-C Rio Maú2 SC.24-Z-C Tobias Barreto2 SF.23-Y-C-II.2 Indaiatuba7
NA.21-Z-B Rio Citaré2 SC.25-V-A Recife 2 SF.23-Y-C-II.4 Cabreúva7
NA.22-V-B Rio Oiapoque2 SC.25-V-C Maceió 2 SF.23-Y-C.III.1 Jundiaí 7
NB.22-Y-D Cabo Orange2 SD.20-V-B Príncipe da Beira2 SF.23-Y-C-III.2 Atibaia 7
NA.22-V-D Lourenço2 SD.20-X-A Pedras Negras 2 SF.23-Y-C-III.3 Santana do Parnaíba7
NA.22-Y-A Serra do Tumucumaque2 SD.20-X-B Vilhena 2 SF.23-Y-C-III.4 Guarulhos7
NA.22-Y-B Rio Araguari 2 SD.20-X-C Ilha do Sossego 2 SF.23-Y-C-V.2 São Roque7
NA.22-Y-D Macapá2 SD.20-X-D Pimenteiras2 SF.23-Y-C-V.4 Juquitiba7
SA.21-X-B Rio Maicuru2 SD.21-Y-C Mato Grosso 2 SF.23-Y-C.VI.1 Itapecerica da Serra7
SA.24-Y-A Parnaíba 2 SD.21-Y-D Barra do Bugres2 SF.23-Y-C-VI.2 São Paulo7
SA.24-Y-B Acarau2 SD.22-X-A Araguaçu2 SF.23-Y-C-VI.3 Imbu-Guaçu7
SA.24-Y-C Granja2 SD.22-X-B Alvorada 2 SF.23-Y-C-VI.4 Riacho Grande 7
SA.24-Y-D Sobral2 SD.22-X-C São Miguel do Araguaia2 SF.23-Y-D-I.1 Piracaia7
SA.24-Z-C Fortaleza2 SD.22-Y-D Barra do Garças 2 SF.23-Y-D-I.2 Igaratá7
SB.22-X-C Rio Itacaiúnas 2 SD.22-Z-A Mozarlândia2 SF.23-Y-D-I.3 Itaquaquecetuba 7
SB.22-X-D Marabá2 SD.23-V-A Arraias2 SF.23-Y-D-I.4 Santa Isabel 7
SB.22-Z-A Rio Paraopebas 2 SD.23-V-C Campos Belos2 SF.23-Y-D-II.3 Jacareí 7
SB.24-V-A Piripiri 2 SD.23-X-A Barreiras2 SF.23-Y-D-IV.1 Suzano (Mauá) 7
SB.24-V-B Quixadá2 SD.23-X-C Santa Maria da Vitória 2 SF.23-Y-D-IV.2 Mogi das Cruzes 7
SB.24-V-C Crateús 2 SD.23-Y-A São João d'Aliança2 SF.23-Y-D-IV.3 Santos 7
SB.24-V-D Quixeramobim2 SD.23-Z-A Manga 2 SF.23-Y-D-IV.4 Bertioga7
SB.24-X-A Aracati2 SD.23-Z-B Guanambi 2 SF.23-Y-D-V.1 Salesópolis 7
SB.24-X-C Morada Nova2 SD.24-V-A Seabra2 SF.23-Y-D-V.2 Pico do Papagaio 7
SB.24-Y-A Valença do Piauí 2 SD.24-V-B Itaberaba2 SF.23-V-A Franca 2
SB.24-Y-B Iguatu2 SD.24-V-D Jequié2 SF.23-V-B Furnas 2
SB.24-Y-C Picos2 SD.24-X-C Jaguaribe2 SF.23-V-C Ribeirão Preto 2
SB.24-Y-D Juazeiro do Norte 2 SD.24-X-A Salvador 2 SF.23-V-D Varginha 2
SB.24-Z-A Souza2 SD.24-Y-B Ilhéus 2 SF.23-X-A Divinópolis2
SB.24-Z-B Caicó2 SD.24-Z-A Itacaré 2 SF.23-X-B Ponte Nova 2
SB.24-Z-D Patos 2 SD.24-Y-C Rio Pardo2 SF.23-X-C Barbacena2
SB.25-Y-A Cabedelo2 SD.24-Y-D Itapetinga2 SF.23-X-D Juiz de Fora2
SB.25-Y-C João Pessoa2 SD.24-Z-C Canavieiras 2 SF.23-Y-A Campinas 2
SC.20-V-C Abunã2 SE.21-V—D-V Morraria do Ínsua1 SF.23-Y-B Guaratinguetá2
SC.20-V-D Ariquemes 2 SE.21-Y-B-II Lagoa de Mandioré1 SF.23-Y-C São Paulo2
SC.20-Y-B Alto Jamari2 SE.21-Y-B-III Amolar1 SF.23-Y-D Santos 2
SC.20-Y-D Serra dos Uopianes2 SE.23-V-A Unaí2 SG.22-X-A Telêmaco Borba 2
SC.20-Z-A Rondônia2 SE.23-V-C Paracatu 2 SG.22-X-B Itararé2
SC.20-Z-B Rio Branco2 SE.23-V-D João Pinheiro 2 SG.22-X-C Ponta Grossa2
SC.20-Z-C Presidente Médici 2 SE.23-X-A Montes Claros 2 SG.22-X-D Curitiba2
SC.20-Z-D Pimenta Bueno 2 SE.23-X-B Araçuaí2 SG.23-V-C Cananéia2
SC.21-Z-B Vila Guarita 2 SE.23-X-C Pirapora2 SG.23-V-A Iguape2
SC.22-X-D Miracema do Norte2 SE.23-X-D Capelinha2 SG.22-Z-D Florianópolis2
SC.22-Z-B Porto Nacional2 SE.23-Y-A Patos de Minas 2 SH.21-Z-D Bagé 2
SC.22-Z-D Gurupi 2 SE.23-Y-B Três Marias2 SH.21-Z-B São Gabriel 2
SC.23-X-D São Raimundo Nonato2 SE.23-Y-C Uberaba2 SH.22-X-B Criciúma 2
SC.23-Y-C Natividade2 SE.23-Y-D Bom Despacho 2 SH.22-Y-D Pelotas2
SC.23-Z-B Xique-Xique 2 SE.23-Z-A Curvelo2 SH.22-Z-C Mostarda2
SC.23-Z-D Barra2 SE.24-V-C Teófilo Otoni 2 SI.22-V-A Jaguarão2
SC.24-V-A Paulistana2 SE.24-Y-A Governador Valadares 2

Memória Técnica
• Mapas de serviço disponíveis para cópias heliográficas (*)
• Disquetes de computador com análises químicas, petrográficas, mineralógicas etc (*)
• Sistema de Informações em Recursos Naturais – SIR (**)
• Bases de Dados:
GEOB e GTM – Bibliografia SIGEO – Projetos de Geologia, Geoquímica e Geofísica
META – Ocorrências Minerais SISON – Dados de Sondagem
AFLO – Descrição de Afloramento DOTE – Acervo Bibliográfico da CPRM
PETR – Análises Petrográficas PROJ – Carteira de Projetos da CPRM

Locais de acesso: (*) DNPM: Brasília e Distrito Regional; (**) Brasília e Distritos Regionais e CPRM: Rio de Janeiro
Departamento de Apoio Técnico
Giuseppina Giaquinto de Araujo

Divisão de Cartografia
Paulo Roberto Macedo Bastos

Divisão de Editoração Geral


Maria da Conceição C. Jinno

EQUIPES DE PRODUÇÃO

Cartografia Digital

Carla Cristina M. da Conceição José Pacheco Rabelo


Carlos Alberto da Silva Copolillo Julimar de Araujo
Carlos Alberto Ramos Leila Maria Rosa de Alcantara
Elaine de Souza Cerdeira Luiz Guilherme de Araújo Frazão
Elcio Rosa de Lima Marco Antonio de Souza
Ivan Soares dos Santos Maria Luiza Poucinho
Ivanilde Muniz Caetano Marília Santos Salinas do Rosário
João Bosco de Azevedo Paulo José da Costa Zilves
João Carlos de Souza Albuquerque Risonaldo Pereira da Silva
Jorge de Vasconcelos Oliveira Samuel dos Santos Carvalho
José Barbosa de Souza Sueli Mendes Sathler
José Carlos Ferreira da Silva Valter Alvarenga Barradas
José de Arimathéia dos Santos Wilhelm Petter de Freire Bernard

Editoração

Antonio Lagarde Laura Maria Rigoni Dias


Edaloir Rizzo Marília Asfura Turano
Hélio Tomassini de Oliveira Filho Pedro da Silva
Jean Pierre Souza Cruz Sandro José Castro
José Luiz Coelho Sergio Artur Giaquinto
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA

Ministro de Estado Rodolpho Tourinho Neto


Secretário Executivo Helio Vitor Ramos Filho
Secretário de Minas e Metalurgia Luciano de Freitas Borges

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS – CPRM


Serviço Geológico do Brasil

Diretor-Presidente Umberto Raimundo Costa


Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial Thales de Queiroz Sampaio
Diretor de Geologia e Recursos Minerais Luiz Augusto Bizzi
Diretor de Administração e Finanças José de Sampaio Portela Nunes
Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Paulo Antônio Carneiro Dias
Chefe do Departamento de Geologia Sabino Orlando C. Loguércio

SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS

Superintendente de Belém Xafi da Silva Jorge João


Superintendente de Belo Horizonte Osvaldo Castanheira
Superintendente de Goiânia Mário de Carvalho
Superintendente de Manaus Fernando Pereira de Carvalho
Superintendente de Porto Alegre Cladis Antonio Presotto
Superintendente de Recife Marcelo Soares Bezerra
Superintendente de Salvador José Carlos Vieira Gonçalves da Silva
Superintendente de São Paulo José Carlos Garcia Ferreira
Chefe da Residência de Fortaleza Clodionor Carvalho de Araújo
Chefe da Residência de Porto Velho Rommel da Silva Sousa
ANEXOS

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