Autores Etnia
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Nas palavras de Adriano Moreira, a ideia de assimilação implicava a "adopção
por parte do africano da lei comum e da conduta nos moldes do povo
colonizador.
Nos anos que se seguiram ao deflagrar da luta de libertação nacional, muito de
stes
"mundelizados" eram vistos nas vilas e nas cidades do interior do país vestidos
na capa de
funcionários públicos da administração colonial que, em acções paralelas mas
perfeitamente concertadas, foi, por um lado, convertendo certos grupos, como
os Ovimbundu, em mão-de-obra barata, (utilizados maioritariamente na limpeza
da cidade
capital, nas roças de café, nas plantações de algodão e pescarias) e, por outro
lado, marginalizando outros grupos.
Os portugueses, diferentemente de outro tipo de colonização, iriam introduzir m
ais um elemento para baralhar jogo: o mestiço. Foi, de facto, este elemento
que, juntamente com as
elite africanas assimiladas viria, pela primeira vez, a pôr na ordem do dia, em A
ngola, a
problemática da crioulidade, de igual modo elemento chave na política colonial
cujo mote foi, como se sabe, "dividir para melhor reinar"
Qualquer ponto de vista, seja para defender uma acção unipolar, seja para
defender a acção bipolar, conflui sempre numa única ideia: a concepção de etn
ia e da raça, herdada da cosmovisão colonial, não permitiu dar, até ao moment
o, respostas às questões
que se levantam em torno da Nação para a adopção de estratégias que vão ao
encontro dos interesses, necessidades e expectativas dos angolanos.
Tal como se disse acima, as categorias como etnia e raça foram utilizadas pela
administração colonial da forma mais subtil para a manutenção do poder neste
território. Por um lado, as autoridades coloniais
direccionaram as suas acções em relação aos grupos
étnicos mais representativos, no sentido de agudizarem e amplificarem as quer
elas já existentes entre os mesmos. Por outro lado, foram privilegiando um e
outro grupo no sentido
de o apresentarem como uma "casta" superior dentro do complexo e contraditó
rio mosaico
etnolinguístico angolano. Foi neste sentido que enquanto a administração colon
ial se pugnava por acções de assimilação do grupo étnico Ambundu, que foi pr
aticamente o centro de assimilação ao ponto de os ambaquistas (de ambaca,
dialecto Kimbundu usado nas regiões entre o rio Cuanza e Dande) se (auto)
denominaram por "mudele", ia tratando outros grupos de maneira diferente.