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Curso Online de Filosofia

OLAVO DE CARVALHO

Aula 113

09 de julho de 2011

[versão provisória]
Para uso exclusivo dos alunos do Curso Online de Filosofia.
O texto desta transcrição não foi revisto ou corrigido pelo autor.
Por favor não cite nem divulgue este material.

Vamos retornar brevemente ao comentário sobre o Fédon, agora até a linha 81a, mas não
comentaremos linha por linha porque este trecho tem uma unidade muito grande e trata
somente de um assunto.
Quando lhe perguntaram a respeito do pré-conhecimento, Sócrates introduziu um modo de
argumentação que hoje nos parece um pouco estranho: a idéia da preexistência da alma, ou
de uma existência anterior, que muitos interpretaram – de forma inadequada - no sentido
reencarnacionista.
Podemos colocar essa questão da seguinte maneira: a ideia da preexistência parece contrariar
a doutrina cristã, de que a alma é criada num determinado momento. A preexistência
reivindicaria então uma espécie de eternidade da alma num sentido absoluto. Ela teria
existido desde sempre, passaria por esta vida e continuaria existindo depois, despida do corpo
do qual se revestiu durante certo período.
Essa é uma daquelas questões que provocam e suscitam inúmeros raciocínios, perfeitamente,
inadequados, baseados na confrontação puramente literal de doutrinas. Sempre que se
compararem duas doutrinas, serão encontradas semelhanças e diferenças, certamente
irredutíveis, caso não exista um terceiro elemento ao qual ambas se reportem. Sem ele, a
comparação se torna automaticamente impossível e os antagonismos serão eternamente
insolúveis. Pessoas de mentalidade doutrinária vivem a encontrar contradições e dificuldades,
e trabalham nesse sentido para cavar novos abismos e tornar tudo cada vez mais difícil.
No caminho aqui para a aula, o aluno Moreno Garcia fez uma pergunta sobre o Empirismo,
que é aquela idéia da tábua rasa, ou seja, o ser humano nasce sem saber absolutamente nada e
todos os conteúdos cognitivos aos quais ele tem acesso se imprimem nele durante a Existência,
na medida em que ele tem acesso aos dados sensíveis. Bom, essa doutrina não somente é
errada, mas ela é auto-contraditória porque, se a alma humana ou o sujeito cognoscente, é
uma tábua rasa e não há nada nele, isso significa simplesmente que ele não existe enquanto
sujeito cognoscente. O sujeito não pode ser o sujeito do processo cognitivo se ele vem
absolutamente vazio. Se não há nada nele e tudo lhe será impresso desde fora, o sujeito
cognoscente não existe enquanto tal, o que, evidentemente, é um contra-senso. Alguma
estrutura ou forma este sujeito terá que ter. Não pode ser um vazio. Essa forma naturalmente
não pode consistir dos conhecimentos que mais tarde ele irá adquirir pelos sentidos. As
percepções que ele começa a ter no instante em que nasce não estavam lá antes; ao contrário,
elas acontecem no tempo. Então, a forma - que é a estrutura interna do sujeito - não pode
consistir da experiência que ele terá, mas também não pode ser um nada. Tem que ser alguma
coisa.
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Vamos entender isto logo de cara: “percepção” é percepção de semelhanças e diferenças


imediatamente. Se eu não sou capaz de distinguir, digamos, uma garrafa de um bode, então,
evidentemente, eu não sei nem que existe garrafa e nem que existe bode. Do mesmo modo, se
não sei distinguir uma bola branca de uma preta, então, é claro que eu não percebi nem uma
nem outra. Portanto, não há um salto entre a noção de percepção e a da consciência de
diferença. A percepção é a consciência imediata de semelhanças e diferenças; e não só delas,
mas de muitas outras coisas.
Se nascêssemos com todo o sistema das categorias e de distinções totalmente pronto, como
formas a priori, de modo que a experiência sensível somente acrescentaria elementos materiais
que preencheriam essas formas, teríamos a seguinte situação: já nascemos com a forma
inteira do mundo na nossa cabeça e a percepção sensível só coloca os elementos materiais - os
“tijolinhos” que vão preenchendo os buracos. Isto também é impossível porque, se viéssemos
com a forma inteira do universo na nossa cabeça pronta, esperando apenas para ser
preenchida com os elementos materiais que não a alterariam em nada, nada poderíamos
aprender ao longo da vida a respeito da forma do Universo. É óbvio que algumas coisas nós
aprendemos. Por exemplo, a nossa percepção de distância se aperfeiçoa com o tempo, temos a
capacidade de perceber posições diferentes em distâncias diferentes. Porém, essa capacidade
não vem totalmente pronta. Se viesse, não seria possível alterá-la e melhorá-la pela prática.
Nós nascemos numa espécie de sistema das formas e possuí-lo é o que nos torna sujeitos do
processo cognitivo. Somos capazes de conhecer porque nascemos com este sistema. Porém,
este não está completo. É como se fosse uma raiz, que tem de ser completada mediante a
experiência da forma do universo, do espaço, da distância, do peso, da cor etc.
Então acontece exatamente o que Sócrates diz aqui: vemos uma coisa no mundo sensível e a
entendemos porque ela recorda algo do mundo inteligível. Vamos chamar de “mundo
inteligível” este conjunto das formas cognitivas que você já tem ao nascer. Ele não pode se
referir diretamente ao mundo físico onde estamos, porque é anterior à experiência do mundo
físico - você já nasce com aquilo.
É um sistema de formas em abstrato, não de formas de coisas, mas de possibilidades. Nós
nascemos com toda a esquemática das possibilidades que reconheceremos depois no mundo
físico. Porém, quando a reconhecemos, elas se “retro-esclareceram” para nós..
Quando Sócrates fala sobre o conhecimento que tínhamos antes de nascer se refere ao mundo
das ideias ou formas. Ele faz questão de distinguir o “mundo das ideias ou formas” do
“mundo dos entes sensíveis”. Portanto, nós não tínhamos o conhecimento dos entes sensíveis,
mas somente o da esquemática da possibilidade universal. E para que a conhecêssemos seria
preciso que nós nos preexistíssemos, num sentido, digamos, substantivo da preexistência? É
claro que não. Preexistíamos na nossa existência terrestre como formas da possibilidade. Nós
mesmos éramos formas da possibilidade. E essas, por sua vez, eram eternas. As formas não
poderiam surgir num determinado momento e isto é importantíssimo. Eu posso ter nascido
num determinado momento, mas o esquema de possibilidades que constitui a minha pessoa
poderia também ter surgido num determinado momento do tempo? Não, pois podem existir
entes novos, mas não possibilidades novas.
Qualquer possibilidade que não estivesse na esquemática inteira da possibilidade universal
jamais existiria e jamais existirá. Podemos admitir as duas coisas ao mesmo tempo: a criação
da alma, como uma novidade cósmica - ou seja, um ato divino que convoca você a existência -
e, ao mesmo tempo, podemos admitir a preexistência da alma como forma dentro da
possibilidade universal. Não há contradição nenhuma entre as duas coisas. Muitos filósofos
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que ficaram por aí contrastando a noção platônica da preexistência com a noção cristã da
criação da alma perderam o seu precioso tempo, por uma inabilidade metafísica, que, às
vezes, poderia ser perfeitamente acompanhada das melhores intenções cristãs apologéticas
etc.
Nunca podemos esquecer que, muito antes que houvesse qualquer doutrina cristã, já existia
um treco chamado realidade ou universo - como você queira - e que este foi, de certo modo, a
primeira mensagem que Deus enviou ao ser humano, muito antes até de enviar a Torá e os
Evangelhos. É claro que eles têm que ser interpretados em função da realidade que os
antecedeu e isto para mim é a coisa mais óbvia do mundo. Onde houver uma aparente
contradição entre doutrina e a realidade, é porque, certamente, nós estamos entendendo a
doutrina de forma errada. Deus é que não vai fazer uma doutrina que contrarie a realidade
que Ele mesmo instituiu bilhões de anos antes do advento da doutrina.
Não há nenhuma necessidade de provar que uma determinada inteligência organizou este
universo, porque a organização deste universo já estava dentro da possibilidade universal,
desde sempre.
Como poderia esta inteligência criar este universo num determinado momento, se as séries
dos momentos são inauguradas, precisamente, com a criação deste mundo? Nós não podemos
entender isto no sentido de que existia uma possibilidade estática e, de repente, desta
possibilidade saiu um mundo. Não. O mundo continua dentro do esquema da possibilidade e a
série espaço-temporal nada acrescenta ao que existia antes; ao contrário, ela estreita as
possibilidades. Então, coisas ou fatos que, no esquema da possibilidade universal, são possíveis
e compossíveis, no esquema do espaço-temporal atualmente existente, se tornam
incompatíveis e tem que ser serializados.
Portanto, a criação do universo não pode ser vista como uma exteriorização, ou como um ato
diferente da própria existência da possibilidade universal, mas apenas como o estreitamento,
uma auto-limitação da possibilidade universal. Absolutamente nada foi acrescentado. De fato,
não precisamos conceber que uma inteligência tenha organizado o mundo a partir de um
determinado momento - esta é uma visão inteiramente coisificada do assunto.
Isto é mais do que suficiente para vocês entenderem que a chamada criação do universo —
criação que é na verdade uma figura de linguagem porque, para destrinchar o conceito de
criação, você precisaria de meses — não é a organização de um todo, de um sistema, exterior à
possibilidade universal. Quando você se refere a “possibilidade universal” não há necessidade
de introduzir a noção de uma inteligência e nem de um universo criado porque as duas coisas
já estão dadas nela. O que é a inteligência divina? É a própria possibilidade universal tomada
em toda a sua extensão, é o conjunto das relações lógicas, ontológicas, temporais, espaciais
etc., tomada na sua mais inesgotável totalidade. Para que conceber uma inteligência que cria o
universo? Isso aí é de certo modo fazer buraco na água. Se você fala em “possibilidade
universal”, está claro que todos os universos possíveis estão ali.

E como vamos “provar” que este conjunto não é apenas um sistema de possibilidades abstratas, mas
é um conjunto auto-inteligível, autoconsciente? Se existe um ser autoconsciente dentro do universo,
um único, é porque a autoconsciência é possível. E se ela é possível, já estava dada na possibilidade
universal desde sempre, eternamente. Nós sabemos que não existe somente um ente autoconsciente,
mas inúmeros. A totalidade da autoconsciência humana já estava dada na possibilidade
universal desde sempre. Como esta autoconsciência poderia estar dada a si própria
inconscientemente? Como poderia a possibilidade eterna da autoconsciência humana ser a
própria negação da autoconsciência? Isto é obviamente impossível. Então só podemos
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conceber a possibilidade universal como um todo autoconsciente, não há outra possibilidade.


Porque se a possibilidade universal não fosse autoconsciente, nada seria autoconsciente, nada
nunca seria autoconsciente. A possibilidade do surgimento, ao longo do tempo, de todos esses
momentos fulgurantes da sabedoria, da Filosofia etc., estava incluída dentro da possibilidade
universal. Para que conceber dentro dela uma inteligência separada que “cria” o mundo?

Por que no Genesis, a “criação” — que eu coloco entre aspas porque eu não estou
esclarecendo aqui a noção de criação, precisaria dar outro curso só a respeito disso — não
começa com Deus colocando nenhum elemento novo, mas apenas separando dois elementos,
luz e trevas? O primeiro ato do Genesis não é uma criação, é uma supressão. Deus separa uma
coisa da outra. Aquilo que está num, não está mais no outro mais, e o que está no outro, não
está mais no um. Este é o primeiro ato. Isto já mostra que a criação é uma limitação, e não
uma efusão, uma multiplicação ou uma inauguração de possibilidades que já não estivessem
na possibilidade universal. A partir dessa primeira separação ou divisão, seguem-se outras
divisões: as águas do seco, o homem da mulher, e assim por diante. É um processo claramente
dicotomizante. .

Esta imagem pueril cria problemas filosóficos monstruosos e insolúveis. Entre eles, a aparente
contradição entre a doutrina que Sócrates ensina ali na prisão, sobre a preexistência da alma,
e a noção cristã da criação da alma. Todas as almas foram criadas num determinado
momento e o que isso quer dizer? Elas preexistiam como possibilidades, estavam
perfeitamente distintas. Eu, por mais humilde e insignificante que pareça, já preexistia a mim
mesmo desde a Eternidade como possibilidade perfeitamente distinta e não estava misturado
com outras pessoas. Não havia um ser intermediário mesclado entre eu e o Morgenstern ou
qualquer outra pessoa mais ilustre ou mais inteligente. Nem mesmo entre eu e a Dilma
Rousseff. Cada pessoa estava perfeitamente individualizada desde a eternidade. Deus
conhecia você antes de criá-lo. “Criar” significa o quê? Colocá-lo no fio do tempo e estreitar
as suas possibilidades durante o período da sua existência terrestre, as mesmas que você
recuperará na sua extensão mais ampla no instante da morte e do retorno à eternidade. E é
exatamente isso o que Sócrates está dizendo.

Quando lhe perguntaram: “De fato, você provou o pré-conhecimento, a preexistência, mas
você não provou que esta alma continua existindo depois da morte”. Ele respondeu: na morte,
há elementos que se dissolvem. O corpo se dissolve, se desmembra, desfaz-se, porque é
composto de diversos elementos. A alma, porém, não é composta de diversos elementos, é uma
forma pura eterna. Se não fosse assim, uma alma não poderia ser distinta da outra
eternamente. A alma preexiste no mundo das idéias e das formas, ela mesma é uma das
formas. É isso que, mais tarde, John Duns Scot chamará de asseidade. A diferença essencial
desta forma essencial de cada alma sempre existiu. Se não existisse na possibilidade universal,
isto é, na inteligência de Deus, não poderia jamais existir no tempo e muito menos continuar a
existir depois da morte.

Para progredir nessa ordem de estudos, é preciso renunciar a esta maldita mania de discutir
as coisas a partir de uma impressão lógica que você tem num certo momento. Ou seja, “aqui
tem uma frase, ali tem outra frase, as frases não batem, não conferem uma com a outra”, e a
partir daí você levanta uma discussão. É anti-Filosofia, é exatamente a erística, é discussão
inútil. É o que a Bíblia chama de pensamento ocioso. O pensamento só não é ocioso quando
busca entrar na realidade das coisas, utilizando as várias formulações doutrinais diferentes
como se fossem superfícies de espelhos nas quais você pode observar as coisas por vários
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lados, e não como se cada uma delas fosse uma expressão da verdade total em contraposição,
em oposição, em conflito com outra expressão da verdade total. Isto é coisa de bobo.

Uma inteligência bem formada não procura o debate, a contraposição entre as doutrinas, a
unidade doutrinal ou a macro doutrina que abranja a todas, mas sim a realidade por trás
dessas várias imagens doutrinais.

O conhecimento da realidade nunca vai se expressar de maneira completa e perfeita. Isto é


absolutamente impossível. Você não pode sequer contar a sua própria vida com todos os
detalhes, nem a sua porca vida. Quanto mais a totalidade da experiência que você tem do
universo. Mais ainda: não é necessário você fazer isso. Por quê? Por que todos nós vivemos no
mesmo universo e ele é a chave que nos conecta uns aos outros. Estamos dentro da mesma
realidade, nos reportamos a ela e é porque a reconhecemos que podemos falar a respeito dela.
Nenhuma formulação doutrinal precisa jamais ser completa, todas elas são fragmentárias.
Não são elas que vão unificar o universo, é a experiência do universo que as unificará!

No entanto, hoje, através da bibliografia filosófica e científica internacional, o que se vê são


frases discutindo com frases o tempo todo, não precisa existir um ser humano por trás disso.
O elemento de experiência pessoal que fundamenta tudo aquilo é sempre colocado entre aspas
e deixado fora, e se faz isso por meio do uso de toda uma linguagem profissional que
neutraliza a presença do sujeito cognitivo real. É uma discussão de frases por trás das quais
existem apenas papéis sociais. Esta é a maneira segura de você jamais acertar. Só serve para
domínios do conhecimento que já estejam perfeitamente recortados, padronizados e
suscetíveis, portanto, de um estudo mediante um protocolo metodológico comum. Serve
apenas dentro de domínios muito restritos no âmbito de uma ciência especializada.

No entanto, quando se chega neste ponto de especialização, você já está muito longe da
experiência real. Você está falando de objetos hipotéticos recortados de acordo com a
perspectiva metodológica de uma determinada ciência. Objetos que não existem em si
mesmos, que são apenas a projeção de um ponto de vista científico determinado. Se formos
utilizá-los só para o diálogo entre essas perspectivas científicas, então a linguagem da filosofia
e da ciência acadêmica são perfeitamente adequadas. Porém, para nós, ela não basta, nós
temos de dominar esta linguagem e recolocá-la dentro do quadro da experiência real, sabendo
que, ao fazermos isso, a nossa expressão verbal ficará limitada. Porém ela não precisa ser
completa. Nós não somos a única pessoa inteligente que existe no mundo, outras pessoas vão
nos ouvir e elas sabem do que estamos falando.

Ignorar a existência do interlocutor inteligente já coloca você fora da realidade


automaticamente.

Algumas pessoas dizem ainda que a Filosofia existe para fazê-las aprender a pensar. Pensar
todo mundo já sabe. O que nós precisamos aprender é a saber, a conhecer. De pensar morreu
um burro. Quanto menos as pessoas sabem, mais elas pensam. Por exemplo, digamos que você
ouça um carro parando na frente à sua casa. Tem uns carros que costumam parar ali. Existe
a sua mulher, que chegou do supermercado, o cara do correio ou um vizinho — você
geralmente sabe de quem se trata. O que você faz para saber? Você abre a porta para saber
quem chegou. E se você se recusasse a fazer isso e ficasse pensando: “Será que é isso? Será
que é aquilo? Será que é aquilo outro?” Você fica doidinho da cabeça. E é isso o que essas
pessoas fazem.
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Olavo: A bibliografia inteira eu não tenho, mas eu tenho um livro absolutamente


indispensável que você tem de ler que é a Antropologia Metafísica do Julián Marías, que eu
considero um dos grandes livros de filosofia do séc. XX.

O Marías era um discípulo do Ortega y Gasset, que tinha uma série de descrições magistrais
sobre a estrutura da vida humana, compreendida no sentido biográfico. Por exemplo, todo
este jogo do que ele chama o “eu e a circunstância” — você está sempre em uma
circunstância, você nunca está no vazio — e esta circunstância já lhe dá uma série de opções
possíveis e impossíveis, uma série de possibilidades e impossibilidades. Porém a sua ação, o
capítulo seguinte da sua biografia, depende de uma decisão que não é totalmente livre. O
Ortega compara a decisão humana a um soneto que tem um verso final que está com o pé
quebrado. Você tem de fazer um verso que complete aquilo ali e não pode ser um verso
qualquer, não é o negócio da liberdade no sentido sartreano da coisa, uma coisa
absolutamente sem pé nem cabeça.

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