Autismo e Tecnologia 3
Autismo e Tecnologia 3
Autismo e Tecnologia 3
DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE
APRENDIZAGEM E INCLUSÃO
TEA: INCLUSÃO E TECNOLOGIA DE MÃOS
DADAS
.03
TEA: INCLUSÃO E
TECNOLOGIA DE
MÃOS DADAS
Organização Autoras
Reitor da Pró-Reitora do EAD Edição Gráfica
Ana Clarisse UNIASSELVI e Revisão
Luciana
Alencar Barbosa Prof.ª Francieli Stano
Marcelo Martins Torres
Fonfoka
Prof. Hermínio Kloch UNIASSELVI
Valéria Becher Trentin Karen Sartori
Quem não gosta de ouvir uma música? Ver um vídeo ou até mesmo
se entreter com um aplicativo de perguntas? Fácil de responder! A grande
maioria adora esse colorido e a possibilidade de interação que esse mundo
tecnológico dos pixels e animações nos proporciona e com as crianças não
seria diferente.
Para que seja adaptado o uso das tecnologias ao processo de ensino é preciso
olhar para o currículo, esse deve viabilizar esse olhar e contemplar as diversidades
para que se possa fazer um trabalho com base forte, conforme explicitam Leite,
Borelli e Martins (2013 apud SILVA; ARTUSO; TORTATO, 2020, p. 171):
AUTISMO E TECNOLOGIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO
[...] as adequações no currículo podem ser entendidas como estratégia
didático-pedagógica que contemple a diversidade em questão e seja capaz de
oferecer respostas educativas aos alunos com deficiência que se encontram
distantes da apropriação de conteúdos curriculares para o ano ou ciclo de
ensino frequentado, convergindo para a proposição de um plano de ensino
que respeite as diferenças acadêmicas e os ritmos de aprendizagem de todos
os alunos.
Deli (2021, p. 4), no seu artigo, mostra que, segundo dados do IBGE de
2018, 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, ou seja: quase
1 em cada 4 brasileiros. Para muitos pode ser apenas um número, porém, é
algo significativo, como ele mesmo ressalta, “mesmo com universo tão grande,
ainda é comum encontrar pessoas que não compreendem o conceito de
inclusão. E a culpa não é delas! Muitos dos problemas são consequências da
falta de informação” (DELI, 2021, p. 4).
1. Ao se dirigir a uma pessoa com autismo, jamais use a expressão: “ele tem
um problema/probleminha, né?”. Problema temos nós, que temos contas
a pagar, pendências a resolver todos os dias. Longe de ser um simples
capricho nosso, usar o termo correto para se referir à condição de nossos
filhos significa empatia e respeito para com eles. Portanto, o termo correto
é Transtorno do Espectro Autista.
2. JAMAIS use expressões como “mal-educado”, “sem educação”, “birrento”
quando vir uma criança e/ou adolescente apresentando um comportamento
que você desconhece. Muito provavelmente, aquela criança/adolescente
que você insiste em rotular como mal-educado(a) tem autismo e você
perdeu um tempo precioso julgando uma situação que desconhecia.
3. Pessoas com TEA podem se desorganizar em lugares públicos por razões
sensoriais – em um shopping lotado e muito barulhento, por exemplo – e
apresentar alterações comportamentais. Se isso acontecer com alguém
próximo a você, em algum local público, não fique olhando, comentando,
cochichando e/ou criticando a ação dos pais. Atitudes como essas não
agregam em nada, apenas magoam a pessoa com autismo e seus familiares.
Em vez disso, aproxime-se e ofereça ajuda, perguntando se você pode ser
útil de alguma forma naquela situação.
4. Quando for falar com alguma pessoa com autismo, aja com naturalidade.
Não trate adultos com TEA de forma infantilizada. Lembre-se também de
que autistas não verbais compreendem o que falamos, portanto FALE com
eles. É muito comum as pessoas falarem sobre as pessoas com TEA na
presença desses, como se ali não estivessem.
5. Conselhos são bem-vindos, mas CRÍTICAS destrutivas NÃO!!! Não critique
uma realidade que você sequer sonha em conhecer, pois, justamente por
este motivo, terá dificuldades em opinar a respeito. Uma vez mais: o dedo
que se levanta para apontar seria melhor aproveitado caso se tornasse uma
mão estendida.
6. Evite julgamentos! Mães de autistas costumam ser julgadas e “condenadas”
com muita frequência, pelos mais diversos motivos: ora porque somos
Numa sociedade que cobra tanto das famílias, em especial das mães
que tenham filhos “perfeitos”, sob a ótica de uma padronização, quando
saímos desta “caixinha”, muitas vezes não somos vistos ou somos esquecidos,
acabamos sofrendo do capacitismo.
Essa figura nos mostra a união entre o que ouvimos nos relatos do
podcast e no conceito de capacitismo, que apontam para a importância do
uso da comunicação como base para a relação com o autista. As estruturas
organizacionais, ou seja, escolas, órgãos e políticas públicas acabam por falhar
na forma como chegar ao público. Muitas vezes, ao invés de incluir acabam
por deixar de lado o aluno com o transtorno, porque as formas de interações
não estão objetivando as redes de relações e as maneiras de como fazer
para que o processo seja na busca de trabalhar em cima das capacidades
dos indivíduos. A grande maioria das estruturas busca integrar, e veem isso
como um progresso na evolução da inclusão, porque hoje as crianças estão
dentro da escola e realizando as atividades sem aquela personalização e
entendimento de como realmente adaptar a instituição, a turma e as atividades
para a particularidade daquele aluno.
Vale ressaltar que o paciente com TEA não tem que apresentar todos
esses aspectos juntos, nem com a mesma intensidade. A criança com autismo
pode falar sem ter a real intenção de se comunicar. Algumas conseguem até
se comunicar bem, porém a dificuldade reside em entender o que o outro
quer falar.
Então, convidamos para viajarmos até o ano de 1994. Ano esse em que
a Declaração de Salamanca veio para mudar o cenário da educação mundial.
Sua elaboração ocorreu na cidade de Salamanca na Espanha. Segundo Santos
e Teles (2012, p. 81), “esse documento foi criado para apontar aos países a
necessidade de políticas públicas e educacionais que venham a atender
todas as pessoas de modo igualitário”. Essa declaração ainda enfatiza a real
necessidade da inclusão educacional das pessoas que apresentam quaisquer
necessidades educacionais especiais. Temos os documentos e não temos
políticas públicas, inclusive de diagnóstico precoce para as famílias.
O desafio que pode ser colocado é de discutir, nos mais variados âmbitos,
como a tecnologia pode melhor servir a sociedade e, assim, contribuir para
uma educação mais digna, humana e atenta às peculiaridades de cada aluno,
não somente dos autistas, mas de todos aqueles que precisem de uma ajuda
para se desenvolverem como cidadãos cônscios de suas responsabilidades,
de seus direitos e deveres. Assim, a utilização de recursos tecnológicos na
aprendizagem deve sempre objetivar o desenvolvimento da pessoa e de suas
habilidades buscando entender quem é o autista e compreender esse mundo
azul, como conhecemos socialmente.
O desafio que pode ser colocado é de discutir, nos mais variados âmbitos,
como a tecnologia pode melhor servir a sociedade e, assim, contribuir para
uma educação mais digna, humana e atenta às peculiaridades de cada aluno,
não somente dos autistas, mas de todos aqueles que precisem de uma ajuda
para se desenvolverem como cidadãos cônscios de suas responsabilidades,
de seus direitos e deveres.
Cabe enfatizar que os recursos tecnológicos não devem ser tidos como a
única solução e usados como a salvação para educação, mas sim, precisam
ser pensados como mais uma ferramenta de complementação do processo
educacional. Não basta implementar softwares, usar programas e aplicativos
com fins educacionais; é necessário acompanhar a evolução do conhecimento
das crianças autistas que os utilizam; avaliar e acompanhar o autista, de
maneira a construir respostas de acordo com as características de cada
aluno, “projetando instrumentos orientados para o domínio de processos de
conduta individuais e coletivos” a fim de que se identifique o que pode ser
melhorado e quais os erros que necessitam de correção, pensando sempre
na autonomia e no desenvolvimento do aluno.
A figura anterior aborda toda a estrutura que o aluno precisará para ser
incluído, ou seja, para ter acessibilidade. Esse trabalho não dependerá apenas
dos nossos legisladores, mas iniciará pelo poder legislativo de cada instância
(Federal, Estadual ou Municipal), que fará o seu papel social, ou seja, será a
nossa base compondo a sociedade que abraçará a família e consequentemente
os espaços de desenvolvimento dessa criança, como a escola. Ao percebermos
esse trio, família-sociedade-escola, é preciso colocar o aluno no meio e buscar
políticas públicas adequadas, investimentos para que sejam de qualidade
todos os serviços, normativas para garantir sua inclusão e pertencimento,
fiscalização para que não se perca a intenção dos projetos, leis e programas
como a formação técnica, não apenas dos agentes educadores, mas todos
os atores sociais.
Vamos assistir ao vídeo que resume o que buscamos discutir nesta etapa.
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/vlogger-em-ilustracao-de-midia-social_10079767.
htm>. Acesso em: 1° mar. 2021.